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A pratica do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervengao profissional* The social worker practice: knowledge, instrumental- ity and professional intervention Charles Toniolo de SOUSA* Resumo: Este artigo tem por finalidade apresentar uma reflexao sobre a pratica pro- fissional do Assistente Social, reconhecendo suas dimensées, com o objetivo de situar a instrumentalidade do Servigo Social bem como seu arsenal técnico-operativo. Em seguida, serao apresentadios, de forma sucinta, alguns dos principais instrumentos de trabalho utilizados pelos Assistentes Sociais no exercicio da pratica profissional, bem como algumas consideragées finais. Palavras-chave: Servico Social, Instrumentalidade, Instrumentos de trabalho do As- sistente Social Abstract: This article has in view to introduce a reflection about the Social Worker professional practice, recognizing dimensions, in order to situate the Social Work ins- trumentality and the technical-operation that the professionals use. After, will be intro- duced, succinctly, some principal tools used for the Social Workers in their professional practice, and also some final considerations. Keywords: Social Work, instrumentality, Social Workers tools. Recebido em: 07/04/2008. Aceito em: 30/04/2008, * Este texto &fruto das refiexdes e estudos reaizados a parir das diferentes experiéncias adquirdas durante a vida profissional,e, sobretuco, da experiéncia com a cscipina de Técnicas de intervened Social, minisrada para as turmas do cursa de Sewiga Social da Universidade do Grande Rio. produgao deste artgo teve como objet norear a Semana do Curso de Service Social da UNIGRANRIO, reaizada em setem- bro de 2006, a tm de orientar estidantes do 1° ao &° periods letwos, culminando em atldade de avallagaa conceltual requerda &totaiiade dos alunos do curso ~ Assistente Socal do Miistéto PGblico do Estado do Rio de Janeiro, Mestrando em Senco Soclal da Unversidade Federal da Rio de Janeiro € Professor da Escola de Senvico Socal da Universidade do Grande Ria Emancipacéo, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008, Disponivel em Charles Toniolo de SOUSA Na trajetoria historica do Servico Social, po- demos identificar varias correntes que discutem ‘a questo da sua instrumentalidade, que trazem consigo um corpo conceitual especifico que da a esse tema um determinado significado. Entende- mos por instrumentalidade a concep¢ao desen- volvida por Guerra (2000) que, a partir de uma leitura lukacsiana da obra de Marx, constrdi o de- bate sobre a instrumentalidade do Servico Social, compreendendo-a em trés niveis: no que diz res- peito @ sua funcionalidade ao projeto reformista da burguesia; no que se refere a sua peculiarida- de operatéria (aspecto instrumental-operativo); € como uma mediacao que permite a passagem das andlises universais as singularidades da interven- do profissional. Desde 0 periodo em que o Servico Social ainda fundava sua base de legitimidade na esfera religiosa, passando pela sua profissionalizacdo ‘0s momentos histOricos que a constituiram, a di- mensao técnica-instrumental sempre teve um lugar de destaque, seja do ponto de vista do afirmar de- liberadamente a necessidade de consolidacao de um instrumental técnico-operativo “especifico” do Servigo Social (falamos aqui em especial da tradi- co norte-americana, que teve forte influéncia so- bre o Servico Social brasileiro, sobretudo entre os anos 40 e 60), seja no sentido de afirmar o Servigo Social como um conjunto de técnicas e instrumen- tais — em outras palavras, uma tecnologia social’ Em outros momentos, no sentido de atribuir & ins- trumentalidade do Servico Social um estatuto de subalternidade diante das demais dimens6es que compéem a dimensio historica da profissao Esse debate ¢ apenas introdutorio para loca- lizarmos as razGes que fazem da instrumentalidade do Servico Social uma questdo tao importante a profissao, digna de um real aprofundamento teo- rico. Nao nos caberé neste artigo aprofundar, do ponto de vista te6rico-flos6fico, o debate sobre a 1 Essa visto pode Ser identficada como uma componente da cor- rente denominada por Netto (2004) de “modemizagao conservado- ra’, hegemdnica no cenéro proissional brasiero durante o periodo da ditadura mitre do movimento de renavagie do Seago Socal no Brasil 2 Novamente nos reportamos ao chamado Movimento de Recon- ceituagao do Serica Sacial, em que algumas correntes tentavam Atif 20 Senigo Social o staus de Ciéncia, questionand sua d ‘mensie interveniva. 120 instrumentalidade. Porém, nao é possivel falar se- Tiamente sobre a questo se no sitamos o debate em alguns de seus fundamentos cientificos mais, elementares — caso contrario, caimos nas “teias” do senso comum Ora, 0 debate sobre a instrumentalidade do Servigo Social percorre a historia da profissao em razo da propria natureza desta: 0 Servico Social se constitu como profissao no momento historico em que os setores dominantes da sociedade (Es- taco e empresariado) comecam a intervir, de for- ma continua e sistematica, nas conseqiiéncias da “questo social’, através, sobretudo, das chama- das politicas sociais. Segundo Carvalho & lama- mato (2005), 0 Servico Social é requisitado pelas complexas estruturas do Estado e das empresas, de modo a promover 0 controle e a reproducao (material e ideoldgica) das classes subaltemas, em um momento historico em que os conflitos entre as classes sociais se intensificam, gerando diver- sos “problemas sociais” que tendem pdr a ordem capitalista em xeque (Netto, 2005). Toma-se mister situar essa questo, pois ela revela um dado que é crucial para 0 debate sobre a instrumentalidade: 0 Servico Social surge na historia como uma profissdo fundamentalmente interventiva, isto é, que visa produzir mudangas no cotidiano da vida social das populacdes atendidas —0s usuarios do Servico Social. Assim, a dimensao pratica (técnico-operativa) tende a ser objeto privt- legiado de estudos no ambito da profissao Mais ainda: no momento de sua emergén- cia, 0 Servico Social atua nas politicas sociais com fungdes meramente executivas, também chama- das de funcdes terminais. A concepcao e 0 pla- nejamento das politicas socials ficavam ao cargo de outras categorias profissionais e dos agentes governamentais — ao Servico Social cabia apenas executa-las, na relagao direta com os “individuos, grupos e comunidades” que de algum modo eram atendidos pelos servigos sociais publicos. Temos. aqui a classica separagao entre trabalho intelec- tual (quem pensa as politicas sociais) e trabalho ‘manual (quem executa as palticas sociais)’. Nesta 3 Guerra (2004), a0 pensar o Serica Social como uma profsso insenta na divsae social do trabalho, apropria-se do debate mari ro sobre a dvisio entre trabalho manual eintelecwal para pensar a piotssdo. Emancipacso, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponivel em A pratica do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervencdo profissional analogia, ao Assistente Social caberia a tarefa do “trabalho manual’, ‘© Movimento de Reconceituacao do Servi- 0 Social, com toda a diversidade que Ihe foi pr prio, criticou duramente essa divisio, e propor- cionou um aprofundamento tedrico-metodol6gico (principalmente a partir do dialogo com a tradi¢aio marvista e, sobretudo, com a obra marxiana) que possibilitou a profissdo romper com esse carater meramente executivo e conquistar novas funges e atribuigdes no mercado de trabalho, sobretudo do ponto de vista do planejamento e administra- co das politicas sociais. Assim, essa dicotomia {foi superada no ambito profissional, e tal conquis- ta encontra-se expressa no Art. 4°, Inciso 1! da Lei de Regulamentagao da Profissao (Lei n° 8662 de 07/06/1993). Art.4?,So competéncias do Assistente Social: 1, elaborar, coordenar, executar e avaliar pla- nos, programas e projetos que sejam do émbito de atuagao do Seivico Social com participagao da sociedade civil (CFESS: 2002: p. 17). Ambas as dimensées previstas no inciso ci- tado — elaboracao, coordenacdo e execucao ~ e que so uma tealidade do mercado de trabalho do Assistente Social na atualidade, requerem o dominio de um instrumental técnico-operativo que possibilite a viabilizacao da intervencao a que 0 Assistente Social foi designado (ou se designou) a realizar. Porém, ele nao € 0 suficiente para ga- rantir 0 objetivo final da intervencao profissional, conforme veremos a seguir. 1 As competéncias do Servico Social na con- temporaneidade: politica, ética, investigacao e intervencao ‘Se no momento da origem do Servigo Social como uma profissao inscrita na diviséo do traba- Iho, era apenas a sua dimenso técnica que Ihe garantia os estatutos de eficacia e competéncia profissional (isto é, era a forma e os resultados imediatos de sua acao que Ihe garantiam legitimi- dade e reconhecimento da sociedade), o Movimen- to de Reconceitua¢ao buscou superar essa viséo unilateral. No universo das diversas correntes que Emancipagao, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponivel em atuaram nesse movimento’, a principal motivacéo era dar ao Servigo Social um estatuto cientifico. E mais propriamente, no ambito da corrente que Netto (2004) denominou de “Intengaio de Ruptu- ra’ (que para ele significa 0 rompimento com as ‘visdes conservadoras da profissao), foi levantada anecessidade de que a profissao se debrugasse sobre a producéo de um conhecimento critico da realidade social, para que 0 proprio Servigo So- cial pudesse construir os objetivos e (re)construir objetos de sua intervencdo, bem como responder s demandas sociais colocadas pelo mercado de trabalho e pela realidade. Assim, pode o Servico Social aprofundar o dialogo critico e construtivo com diversos ramos das chamadas Ciéncias Hu- manas e Sociais (Economia, Sociologia, Ciéncia Politica, Antropologia, Psicologia). A partir de entao, entramos no perfodo em que os autores contemporaneos da profissao cha- mam de “matutidade académica e profissional do Servico Social” (Netto, 1996), que procurou defi- nir novos requisitos para o status de competéncia profissional. lamamoto (2004), apés realizar uma analise dos desatios colocadios ao Servico Social nos dias atuais, apontou 03 dimensdes que devem, ser do dominio do Assistente Social *Competéncia ético-politica — 0 Assistente Social nao € um profissional “neutro”. Sua pratica se realiza no marco das relacdes de poder e de forgas sociais da sociedade capitalista —relaces essas que so contraditérias. Assim, é fundamen- tal que 0 profissional tenha um posicionamento politico frente as questées que aparecem na rea- lidade social, para que possa ter clareza de qual € a direcdo social da sua pratica. Isso implica em assumir valores ético-morais que sustentam a sua pratica— valores esses que estao expressos no C6- digo de Etica Profissional dos Assistentes Sociais (Resolugao CFAS n° 273/93)", e que assumem claramente uma postura profissional de articular 4 Uma siniéica andiise desse movimento to plural e complexo se encontra em Netto (2004), 5 0 Cétigo de E8ca prafisional vigente defence 0 reconhecimenta a Gefesa de 11 principios fundamentals. Sa0 eles iberdade, c~ reitos humanos, cidadania, democracia, equidade @ justia socal combate 20 preconcetn, pluralism, cansiucto de uma nova orem Social (sem domnagao-exploracao), artculagao.commovimentas de trabatadores, qualidade dos servgos prestados e combate a toda espécie de disnminacdo, 121 Charles Toniolo de SOUSA sua intervenco aos interesses dos setores majo- ritarios da sociedade; ‘= Competéncia tedrico-metodolégica —o pro- fissional deve ser qualificado para conhecer a re- alidade social, politica, econdmica e cultural com a qual trabalha. Para isso, faz-se necessério um intenso rigor teGrico € metodol6gico, que Ihe per- mita enxergar a dinamica da sociedade pata além dos fenémenos aparentes, buscando apreender sua esséncia, seu movimento e as possibilidades de construeao de novas possibilidades profissio- nais; + Competéncia técnico-operativa — o profis- sional deve conhecer, se apropriar, © sobretudo, criar um conjunto de habilidades técnicas que permitam ao mesmo desenvolver as ages profis- sionais junto & populagao usuaria e as instituigdes contratantes (Estado, empresas, Organizagées Nao-governamentais, fundacdes, autarquias etc.) garantindo assim umainser¢ao quaificada no mer- cado de trabalho, que responda as demandas co- locadas tanto pelos empregadores, quanto pelos objetivas estabelecidos pelos profissionais e pela dinamica da realidade social. Essas trés dimensdes de competéncias nunca podem ser desenvolvidas separadamen- te — caso contrario, cairemos nas armadilhas da fragmentagao e da despolitizacao, téo presentes no passado histérico do Servigo Social (Carvalho & lamamoto, 2005). Contudo, articular essas trés dimensdes co- loca um desafio fundamental, e que vem sendo um tema de grande debate entre profissionais e estudantes de Servico Social: a necessidade da articulagao entre teoria e pratica. Investigagaio e intervengao, pesquisa e agao, ciénciae técnicanao devem ser encaradas como dimensées separadas, —poisisso pode gerar uma inser¢ao desqualificada do Assistente Social no mercado de trabalho, bem como ferir os principios éticos fundamentais que norteiam a acao profissional © que se reivindica, hoje, 6 que a pesquisa se afirme como uma dimensao integrante do exer- cicio profissional, visto ser uma condicao para se formular respostas capazes de impulsionar fa formulagaio de propostas profissionais que tenham efetividade e permitam atribuir mate- fialidade aos principios ético-politicos nortea- 122 dores do projeto protissional. Ora, para isso é necessério um cuidadoso conhecimento das situagGes ou fenémenos socials que sao objeto de trabalho do assistente social (AMAMOTO: 2004; p. 56) Pensar sob esse ponto de vista significa colocar 0 Servigo Social em um lugar de desta- que, tanto no plano da producao do conhecimen- to cientifico (rompendo com o discurso do senso comum) como no ambito das instituigdes ptiblicas e privadas que, de algum modo, atuam sobre a “questao social”. O Assistente Social ocupa um lugar privile- giado no mercado de trabalho: na medida em que ele atua diretamente no cotidiano das classes e grupos sociais menos favorecidos, ele tem a real possibilidade de produzir um conhecimento sobre essa mesma realidade. E esse conhecimento é, sem dilvida, o seu principal instrumento de traba- Ino, pois ihe permite ter a real dimensao das diver- sas possibilidades de intervenc&o profissional Assim, 0 processo de qualificacao continua- da é fundamental para a sobrevivéncia no merca- dode trabalho, Estudar, pesquisar, debater temas, reler livros e textos nao podem ser atividades de- senvolvidas apenas no perfodo da graduacao ou nos “muros” da universidade e suas salas de aula. Se no cotidiano da pratica profissional o Assistente Social nao se atualiza, nao questiona as demandas institucionais, nao acompanha o movimento e as mudangas da realidade social, estara certamente fadado ao fracasso e a uma reproducao mecanica de atividades, tomando-se um burocrata, e, sem davidas, nao promovendo mudangas significati- vas seja no cotidiano da populacdo usuadria ou na propria insergao do Servico Social no mercado de trabalho. 2 Teoria e pratica, método e metodologias Estudar a realidade social nunca foi tarefa facil Desde a Antigtiidade, filésofos, cientistas pensadores, de um modo geral, se debrugam so- bre as diferentes formas de organizacao social, de modo a conhecé-las. Mas, para além disso, 0 conhecimento é uma poderosa arma para quem Emancipacso, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponivel em A pratica do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervencdo profissional © detém, pois € ele que fornece as bases para qualquer proposta de mudanga ou transformacaio dessa mesma tealidade. Se atuar no e sobre 0 cotidiano das populagées menos favorecidas um componente fundamental do Servigo Social, é com vistas a transformacGes nesse cotidiano que a pratica profissional deve se dirigi. Contudo, o cotidiano cria armadilhas as quais © Assistente Social deve estar atento. O profissi nal trabalha com situagGes singulares, isto é, situ- ac6es que, a principio, podem parecer exclusivas daquele(s) sujeito(s) que esta(@o) sendo o alvo da intervenc&o do Assistente Social. E nesse sentido, ele (0 Assistente Social) até pode produzit um co- nhecimento pratico dessa situagdo imediata que aparece no dia a dia do seu trabalho. Mas nem tudo que aparece é 0 que realmente é Os seres humanos sao seres essencialmen- te sociais, ou seja, vivem em uma determinada sociedade. E essa sociedade é uma totalidade. Nenhuma situacdo pode ser considerada apenas em sua singularidade, pois sendo corre-se 0 serio risco de se perder de vista a dimensao social da vida humana. Portanto, qualquer situagao que che- gaao Servico Social deve ser analisadaa partir de duas dimensdes: a da singularidade e a da univer- salidade. Para tal, € necessario que 0 Assistente Social tenha um conhecimento teérico profundo sobre as relacdes sociais fundamentais de uma determinada sociedade (universalidade), e como elas se organizam naquele determinado momento hist6rico, para que possa superar essas “armadi- lhas* que 0 senso comum do cotidiano prega ~ e que muitas vezes mascaram as reais causas e determinacées dos fendmenos sociais. & na rela- co entre a universalidade e a singularidade que se torna possivel apreender as particularidades de uma determinada situagao. © que acabamos de afirmar nada mais é do que chamamos de método de investigacao—e mais especiticamente, de método dialético®. Existem va- Tias formas de se pesquisar a realidade. Se acredi- tamos que os fendmenos sociais sao fragmentados € ocorrem sem nenhuma relacdo com a totalidade 5 Uma recomendével leitura sobre © método dialética na tterats- ra da Servigo Social, inclinda a relagaa sngulardadehniversal- dadeiparicularidade @ encontrada em Pontes (2002), aproprian dose do debate metodelégico desenvolvio por Luciks (1968). Emancipagao, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponivel em social (isto é, ele se explica em si mesmo), estare- mos adotando uma determinada postura politica € teorica, e utilizando uma determinada forma de conhecer a realidade. Porém, essa forma tende a empobrecer esse conhecimento, pois considera as individuos como seres atomizadios, € nao como seres sociais. Todavia, o que se propde hoje no Ambito do Servico Social é ustamente a produgao de um co- nhecimento que rompa com a mera aparéncia & busque aprender 0 que esta "por tras" dela, sua esséncia. Paraisso, é fundamental que o profissio- nal sempre mantenha uma postura critica, questio- nadora, nao se contentando com o que aparece a ele imediatamente. De posse desse conhecimento, 0 profissional pode planejar a sua ago com muito mais proprie- dade, visando a mudanga dessa mesma realidade. Assim, no momento da execugao da aco profissio- nal, oAssistente Social constréi suas metodologias de a¢ao, utilizando-se de instrumentos e técnicas de intervengao social. A diferenga entre método de investigagao e metodologias de aco poe uma reflexio fundamen- tal para quem se propée a construir uma pratica, profissional competente e qualificada: so os ob- jetivos profissionais que definem que instrumentos € técnicas sero utiizados — e nao contrario. E esses objetivos, planejados e construidas no plano politico e intelectual, s podem ser expressos se o Assistente Social conhece a realidade social sobre a qual sua ago vai se desenvoiver’. Ou, como diz Guerra (2002): Se 6 correto que o valor do trabalho do As- sistente Social reside na sua utlidade social, que & medida em termos de respostas con- cretas que venham produzir uma alteracao imediata na realidade empirica (..), 0 seu resultado final, 0 produto do seu trabalho passa a sero fator determinante da for- ma de realizéo (GUERRA: 2002; p. 157) 7 Guerra (2002) @ Neto (4994) detinem esse processo como a Felacdo entre causalidade (descobrr as causas de detetminado fe- rimeno),teleologi (capacidade racional e da conscigncia humana ‘e antevorplanejar 0 produto final da sua agdo) e prébis (a capaci dade do ser humano intorvr na realdade a fm de Wansformsa), 123 Charles Toniolo de SOUSA E apenas a partir dessa reflexao que se faz possivel discutir a instrumentalidade do Servigo Social 3A instrumentalidade do Servico Social Expressar os objetivos que se quer alcan- car nao significa que eles necessariamente sero alcangados. Nunca podemos perder de vista que qualquer aco humana esta condicionada ao mo- mento hist6rico em que ela é desenvolvida. A rea- lidade social é complexa, heterogénea e os impac- tos de qualquer intervengaio dependem de fatores que séo externos a quem quer que seja— inclusive a0 Servico Social. Como analisa lamamoto (1995), reconhecer as possibilidades e limitacGes histori- cas, dadas pela propria tealidade social, é funda- mental para que 0 Servico Social nao adote, por um lado, uma postura fatalista (ou seja, acreditar que a realidade ja esta dada e nao pode ser mu- dada), ou por outro lado, uma postura messianica (achar que 0 Servico Social € o “messias”, que € a profisséo que vai transformar todas as relacbes sociais). E importante ter essa compreensdo para localizarmos 0 lugar ocupado pelos instrumentos de trabalho utilizados pelo Assistente Social em sua pratica. Se S40 0s objetivos profissionais (constru- dos a partir de uma reflexao tedrica, éticae politica e um método de investigacao) que definemos ins- trumentos e técnicas de intervengao (as metodolo- gjas de ago), conclui-se que essas metodologias ndo esto prontas e acabadas. Elas sao necessa- rias em qualquer processo racional de intervencao, mas elas sao construidas a partir das finalidades estabelecidas no planejamento da acao realizado pelo Assistente Social. Primeiro, ele define “para qué fazer’, para depois se definir “como fazer’ Mais uma vez, podemos aqui identificar a estreita relagdo entre as competéncias tedrico-metodol6- gica, ético-politica e técnico-operativa. Em outras palavras, os instrumentos e téc- nicas de interveneao nao podem ser mais impor- tantes que os objetivos da agao profissional. Se partirmos do pressuposto que cabe ao profissio- nal apenas ter habilidade técnica de manusear um instrumento de trabalho, 0 Assistente Social perdera a dimensao do porqué ele esta utiizan- 124 do determinado instrumento. Sua pratica se tor- na mecanica, repetitiva, burocratica. Mais do que meramente aplicar técnicas “prontas" — como se fossem “receitas de bolo", 0 diferencial de um profissional é saber adaptar um determinado ins- trumento as necessidades que precisa responder no seu cotidiano. E como a realidade € dinamica, faz-se necessario compreender quais mudangas so essas para que o instrumental utilizado seja 0 mais eficaz possivel, e, de fato, possa produzir as mudangas desejadas pelo Assistente Social ~ ou chegar 0 mais préximo possivel. ra, isso pressupde que, mais do que copiar e seguir manuais de instrugées, 0 que se coloca para 0 Assistente Social hoje é sua capacidade criativa, 0 que inclui o potencial de utilizar instru- mentos consagrados da profissao, mas também de criar outros tantos que possam produzir mudangas na realidade social, tanto em curto quanto em mé- dio e longo prazos. Isso € primordial para que possamos de- sempenhar com competéncia as atribuicdes que foram definidas para 0 Assistente Social na Lei de Regulamentagao Profissional ~e que foi citado na Introdugao desse texto. Vejamos: se o Servigo So- cial, em sua trajetoria hist6rica, ndo tivesse criado novos instrumentos e novas técnicas de interven- co, teria conseguido sair da condigao de mero executor das politicas sociais e hoje desempenhar fungdes de elaboragao, planejamento e geréncia das mesmas? Certamente nao. Assim, pensar a instrumentalidade do Servi- 0 Social pensar para além da “especificidade” da profissao: € pensar que S40 infinitas as possi- bilidades de intervencao profissional, e que isso requer, nas palavras de lamamoto (2004), “tomar um banho de realidade". Guerra (2004) resume, em poucas palavras, o sentido dessa teflexao: A clara definigéo do ‘Para qué’ da profissao, possivel desde que iluminada por uma raciona- lidade (como forma de ser e pensar) que seja dialética e critica, conectada a capacidade de responder eficazmente as demandes sociais, se constituirao na condicaio necessatia, talvez nao suficiente, @ manutengao da profissao. Aqui se coloca a necessiciade de dominar um repertério de técnicas, legada do desenvolvi- mento das ciéncias sociais, fruto das pesqui- sas e do avango tecnolégico e patriménio das Emancipacso, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponivel em A pratica do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervencdo profissional profissdes sociais (nao exclusividade de uma categoria profissional), mas também um con- junto de estratégias e taticas desenvolvidas, ctiadas e recriadas no proceso historico, no movimento da realidade (GUERRA: 2004; p. 115-6), 4 Instrumentalidade e linguagem(ns) E sabido que o estudo sobre linguagem é bastante amplo no ambito das Ciéncias Sociais. Contudo, esse ainda é um tema pouco explorado na literatura do Servio Social — classica ou con- tempordnea®.A titulo de referéncia, usaremos aqui 0s conceitos trabalhados por Magalhdes (2003). Para ela, segundo os lingiiistas, © homem se comunica através de signos, ¢ estes sao organizados através de codigos linguagens. Pelo processo socializador, ele de- senvolve @ amplia suas aptidges de comunica- ‘540, utlizando os modos e usos de fala que es- {0 configurados no contexto sociocultural dos diferentes grupos sociais dos quais faz parte (MAGALHAES: 2003; p. 22). Assim, os seres humanos dao significados as categorias que existem na realidade (ontolégicas) através de c6digos-palavras. Portanto, uma palavra 86 tem significado se compreendida no contexto social e politico no qual ela é utilizada. Indo mais além, a autora afirma que as lin- guagens construidas sdo produtos do processo de socializagao dos seres humanos, o que remete a uma concepcao social das diferentes linguagens existentes em uma mesma sociedade: elas (as lin- guagens) indicam modos de ser e de viver de clas- ses € grupos sociais diferentes entre si. Em outras palavras, a linguagem possibilita a construcao da identidade de um determinado grupo social. 5 Algumas iniciatvas estao sendo tomadas no sentigo de levantar esse debate. A titulo de exemplo, o Conselho Regional de Serv- 2 Social (CRESS) do Ria de Janeio realizou, no més de juho de 2008, um evento coma titulo "Comunicagaa e Serviga Socia o que indica uma preocupagio da categoria em aprofundar a discussa0 sobre a tematiea.Enirelanto,é de nosso conhecimente que o debate sobre 0 tema ¢ exttemamente complexo, pois coloca no centro da polémica a propria condigao do ser socal. Sobre esse debate, ver Lessa (1996) Emancipagao, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponivel em Considera-se que a iinguagem € 0 instrumen- to ntimero um de todos os profissionais, pois ela possibilita a comunicagaio entre estes e aqueles ‘com quem interagem. Ou, como afirma lamamoto, no nosso caso: “0 Servico Social, como uma das formas institucionalizadas de atuacao nas relacdes entre os homens no cotidiano da vida social, tem como recurso basico de trabalho a linguagem” (\A- MAMOTO: 1995; p. 101). E é a partir das formas de comunicagao que se estabelecem no espago das instituigSes onde trabalha o Assistente Social que este profissional podera construir e utilizar instru- mentos € técnicas de intervengao social Segundo Martinelli & Koumrouyan (1994), define-se por instrumental 0 conjunto articulado de instrumentos e técnicas que permitem a ope- racionalizacao da aco profissional. Nessa idéia, © instrumento estratégia ou tatica por meio da qual se realiza a aco; a técnica é a habilidade no uso do instrumento. ‘Ouso do instrumental pressupde interacdes. de comunicacao, isto , do uso de linguagens por parte do Assistente Social. Se a linguagem é um meio através do qual um determinado grupo social cria uma identidade social, nao sera diferente para uma profissdo que tem a linguagem como o prin- cipal recurso de trabalho. O que queremos dizer é que 0 Assistente Social diz quem ele é, seja para a populacdo atendida ou para quem com que esta- belecer alguma rela¢ao, a partir das formas de co- municaciio e de interagao que ele estabelece com esses sujeitos. Assim, a definigéo do instrumental a ser utilizado naintervencao profissional deve sem- pre levar em consideragao o agente receptor da mensagem, ou seja, 0 destinatario da mesma. Assim, para além da linguagem que € propria da matéria de Servico Social, isto é, aquela que € utlizada quando a "questo social” esta sendo re- fletida e trabalhada, nunca nos esquegamos que 0 Assistente Social € um profissional de nivel supe- rior. Com tal grau de escolatidade, "é de esperar que sigam a norma culta da lingua [portuguesa] e nao adentrem seus escritos [e falas] para uma linguagem coloquial ou do senso comum” (MAGA- LHAES: 2003; p. 32). Nesse sentido, é primordial que o Assistente social saiba falar e escrever cor- retamente, bem como comunicar-se articulada- mente. Isto € criar uma identidade social de um profissional competente, que articula teoria e pra- 125 Charles Toniolo de SOUSA tica, e que detém uma forma coerente de pensar e de expressar 0 pensamento, Definido isto, podemos identificar duas ca- tegorias de linguagens comumente utilizadas pelo Servico Social: a linguagem oral ou direta e a lin- guagem escrita ou indireta, e com elas, estabelecer as interagdes. Desse modo, podemos ciassificar ‘os instrumentos de trabalho como instrumentos diretos (ou “face a face’) e instrumentos indiretos (ou “por escrito’) Nao 6 possivel aqui esgotar todas as possibi- lidades de utlizagao dos instrumentos de trabalho, pois cada um deles possui caracteristicas muito peculiares, O que sera aqui desenvolvido € uma breve apresentacdo dos principais instrumentos. utlizados pelo Servico Social no cotidiano de sua pratica? - e nunca perdendo de vista que se trata de alguns instrumentos, uma vez que a definigo dos mesmos depende do objetivo estabelecido pelo profissional 4.1 Os instrumentos de trabalho diretos ou “face a face” ‘Sobre a interago face a face, esta (.) permite que a enunciagao de um discurso Se expresse nao 56 pela palavra, mas também pelo olhar, pela linguagem gestual, pela ento- nagao, que vao contextualizar e, possivelmen- te, identificar subjetividades de uma forma mais evidenciada. Sob esse enfoque, pode-se dizer que o discurso direto expressa uma interagao dinamica (MAGALHAES: 2003; p. 29). Assim, podemos identificar alguns instru- mentos de trabalho “face a face” consagrados na hist6ria da profissdo, e que abaixo apresentamos de forma bastante sucinta: 4.1.1 Observacio participante Observar é muito mais do que ver ou olhar. Observar ¢ estar atento, € direcionar o olhar, € sa- ber para onde se olha (Cruz Neto, 2004) 9 Cabe rossaltar quo nao se trata de instrumentos de uso exclusive do Assisiente Social - € 0 objeto do trabalho, suas atbuighes e Ccompeténcias que definem a forma cama o Assistente Social deverd blza-las, a saber, a imtervengao sobre as diferentes expressbes da, “questo social", nasintoragdes ont universaidade esingularidades, 126 Na definicao classica, a observacao € 0 uso dos sentidos humanos (visao, audigao, tato, olfa- to e paladar) para 0 conhecimento da realidade. Mas nao um uso ingénuo dos sentidos, e sim, um uso que tem como objetivo produzir um conhec!- mento sobre a realidade — tem-se um objetivo a aleancar. Porém, o Assistente Social, ao estabelecer uma interagao face a face, estabelece uma rela- co social com outro(s) ser(es) humano(s), que possui(em) expectativas quanto as intervencdes que serao realizadas pelo profissional. Assim, além de observador, o profissional também é ob- servado. E ainda: na medida em que oAssistente So- cial realiza interveng6es, ele participa diretamente do processo de conhecimento acerca da realidade que esta sendo investigada. Por isso, nao se trata de uma observagao fria, ou como querem alguns, “neutra”, em que 0 profissional pensa estar em uma posi¢dio de ndo-envolvimento com a situa- Ao. Por isso, trata-se de uma observacao partici- pante —o profissional, além de observar, interage com 0 outro, e participa ativamente do processo de observacao. 4.12 Entrevista individual e grupal ‘entrevista nada mais é do que um dialogo, um proceso de comunicagao direta entre o Assis- tente Social e um usuario (entrevista individual), ou mais de um (entrevista grupal). Contudo, o que di- ferenciaa entrevista de um didlogo comum é o fato de existir um entrevistador e um entrevistado, isto é, 0 Assistente Social ocupa um papel diferente — e, sob determinado ponto de vista, desigual ~ do papel do usuatio. © papel do profissional entrevistador é dado pela instituigdo que o contrata ~ no momento da interago com 0 usuario, o Assistente Social fala em nome da institui¢dio. Ambos os sujeitos (Assis- tente Social e usuario) possuem objetivos com a realizago da entrevista —objetivos esses necessa- riamente diferentes. Mas o papel de entrevistador que cabe ao Assistente Social coloca-the a tarefa de conduzir 0 dialogo, de direcionar para os obje- tivos que se pretendem alcangar. Emancipacso, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponivel em A pratica do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervencdo profissional Nem sempre € possivel conciliar os objetivos do usuario e os do Assistente Social (e alcangar essa conciliac&o néo é uma regra). Entretanto, estabelece-se uma relacao de poder entre esses dois sujeitos — relagao essa em que o Assistente Social aparece em uma posicdo hierarquicamen- te superior. Mas se defendemos a democracia e © respeito a diversidade como valores éticos fun- damentais da nossa profiss4o, o momento da en- {revista é um espago que 0 usuario pode exprimir suas idéias, vontades, necessidades, ou seja, que ele possa ser ouvido (em tempo: ser ouvido nao é concordar com tudo 0 que usuario diz). Estabele- cer essa relacao é fundamental, pois se o usuario ndo € respeitado nesse direito basico, ndo apenas estaremos desrespeitando-o, como prejudicando © proprio processo de construgao de um conheci- mento sélido sobre a realidade social que ele esta trazendo, comprometendo toda a intervengao. Importante ressaltar que, por ser um obser- vador participante, 0 Assistente Social também emite suas opinides, valores, a partir dos conhe- cimentos que j4 possul. Desse modo, entrevistar & mais do que apenas “conversar": requer um ri- goroso conhecimento te6rico-metodol6gico (Silva, 1995), a fim de possibilitar um planejamento sério da entrevista, bem como a busca por alcancar os objetivos estabelecidos para sua realizagao. 4.13 Dinamica de Grupo Descendente da Psicologia Social, a dinami- ca de grupo surgiu como um instrumento de pes- quisa do comportamento humano em pequenos grupos (NESC/UFRY, s/d). Em seguida, tomou-se um instrumento bastante utilizado na area social = em especial na satide mental ~ e hoje é muito utilizada em empresas. A dinamica de grupo foi amplamente usada como uma forma de garantir controles coletivos, manipular comportamentos, valendo-se das relacdes grupais. Contudo, a dinamica de grupo é um recurso que pode ser utiizado pelo Assistente Social em diferentes momentos de sua intervengao. Para le- vantar um debate sobre determinado tema com um ntimero maior de usuarios, bem como atender um maior ntimero de pessoas que estejam vivencian- do situagées parecidas. E nunca é demais lembrar que € 0 instrumento que se adapta aos objetivos Emancipagao, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponivel em profissionais — no caso, a dinamica de grupo deve estar em consonancia com as finalidades estabe- lecidas pelo profissional Sucintamente, a dinamica de grupo é uma técnica que utiliza jogos, brincadeiras, simulacdes de determinadas situages, com vistas a permitir que os membros do grupo produzam uma reflexaio acerca de uma tematica definida. No caso do Ser- vigo Social, uma tematica que tenha relagaio.com 0 objeto de sua intervenco — as diferentes expres- ‘sdes da “questao social". Para tanto, 0 Assistente Social age como um facilitador, um agente que provoca situacGes que levem a reflexdo do grupo. Isso requer tanto habilidades tedricas (a escolha do tema. como ele sera trabalhado), como uma pos- tura politica democratica (que deixa o grupo produ- ir), mas também uma necessidade de controle do processo de dinamica —caso contrario, a dinamica ‘ira uma “brincadeira” e nao alcanca os objetivos. principais: provocar a reflexéio do grupo. 4.1.4 Reuniao Assim como a dinamica de grupo, as reuni- Ges so espacos coletivos. Sao encontros grupais, que tém como objetivo estabelecer alguma espécie de reflexéo sobre determinado tema. Mas, sobre- tudo, uma reuniao tem como objetivo a tomada de uma decisao sobre algum assunto. As reunides podem ocorrer com diferentes sujeitos ~ podem ser realizadas junto a populacaio usuatia, junto a equipe de profissionais que traba- Iham na instituigao. Enfim ela se realiza em todo espaco em que se pretende que uma determinada decisdo nao seja tomada individualmente, mas co- letivamente. Essa postura ja indica que, ao coleti- vizar a deciso, o coordenador de uma reuniao se coloca em uma posi¢aio democratica Entretanto, colocar-se como um lider de- mocraitico nao significa nao ter firmeza quanto a0 cumprimento dos objetivos da reuniao. O espaco de tomada de decisdes € um espaco essencial- mente politico, pois diferentes interesses esto em confronto. Saber reconhecé-los e como se re- lacionar com eles requer uma competéncia teorica politica, de modo que a reuniao possa alcancar 0 objetivo de tomar uma decisao que envolva todos os seus participantes. 127 Charles Toniolo de SOUSA 4.1.5 Mobilizacao de comunidades Muitos Assistentes Sociais desenvolvem tra- balhos em comunidades de um modo geral. Con- tudo, faz-se necessario clarficar o que se entende por comunidade. Segundo a definigdo de Souza (2004), comunidade é um Conjunto de grupos e subgrupos de uma mes- ma classe social, que t8m interesses e preo- cupagies comuns sobre condicées de vivencia no espao de moradia © que, dadas as suas condic6es fundamentals de existéncia, tendem a ampliar continuamente o Ambito de repercus- so dos seus interesses, preocupagdes @ en- frentamentos comuns (SOUZA: 2004; p. 68). Assim, temos algumas caracteristicas que definem 0 que entendemos por comunidade: fa- lamos de um territério geograficamente definido, mas ao mesmo tempo, entendendo que a divisao geografica do espago territorial reflete as diferentes, divisdes da sociedade em classes sociais e seg- mentos de classes sociais. Assim, trabalhar em uma comunidade significa compreendé-la dentro de um contexto econémico, social, politico e cultu- ral de uma sociedade dividida em classes sociais —e que ela ndo esta descolada da totalidade da realidade social. Trabalhar em projetos comunitérios na pers- pectiva ético-politica defendicla pelo Servico Social, hoje, significa criar estratégias para mobilizar € envolver os membros de uma populacao situada historicamente no tempo e no espaco nas decisdes. das aces que serao desenvolvidas, uma vez que so eles 0 puiblico-alvo do trabalho do Assistente Social. Assim, trata-se de um processo de mobili- zacao comunitéria Paratal, é necessario que oAssistente Social conhega a comunidade, os atores socials que lé atuam: os agentes politicos, as instituigdes existen- tes, as organizagées ('eligiosas, comerciais, poli- ticas) e como se constroem as relagbes de poder dentro da comunidade. Mas também é necessa- rio conhecer quais so as principais demandas e necessidades da comunidade, de modo a propor agdes que visem ao atendimento das mesmas. 4.6 Visita domiciliar Trata-se de um instrumento que tem como 128 principal objetivo conhecer as condicdes e modos de vida da populacao usuaria em sua realidade co- tidiana, ou seja, nolocal onde elaestabelece suas relagdes do dia a dia: em seu domicilio. Avisita domiciliar 6 um instrumento que, ao final, aproxima a instituigao que esta atendendo ao usuario de sua realidade, via Assistente Social Assim as inslituigdes devem garantir as condicdes para que a visita domiciliar seja realizada (trans- porte, por exemplo). Como os demais instrumentos, a visita do- miciliar nao é exclusividade do Assistente Social: ela s0 € realizada quando 0 objetivo da mesma é analisar as condigdes sociais de vida e de existen- cia de uma familia ou de um usuario — pois é esse “olhar" que determina a inser¢éio do Servigo Social na divisao social do trabalho. Contudo, a visita domiciliar sempre foi um dos principais instrumentos de controle das classes populares que as instituicées utilizavam. Uma vez que 0 usuatio esta sendo atendido na instituigao, ele esta acionando um espaco pubblico: quando a instituicdo se propée air até a casa do usuario, ela esta adentrando no terreno do privado. A residén- cia é 0 espaco privado da familia que la vive. Ter essa dimensao fundamental para que o Assis- tente Social rompa com uma postura autoritaria, controladora e fiscalzadora”®, Porém, € de suma importancia que o pro- fissional que realiza a visita tenha competéncia tedrica para saber identificar que as condicdes de moradia nao estao descoladas das condi¢bes de vida de uma comunidade onde a.casa se localiza, € que, por sua vez, nao esto separadas do contexto social e hist6rico. Assim, o profissional consegue romper uma mera “constatagao” da singulardade, ‘mas situa no campo da universalidade, ou seja, no contexto s6cio-econémico vigente. 4.17 Visi institucional Assim como a visita domiciliar, aqui se fala de quando o Assistente Social realiza visita a institui- 10 Uma interessante reflexdo sobre 0 papel histrico que a visita A pratica do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervencdo profissional Oes de diversas naturezas — entidades publicas, empresas, ONGs etc. Muitas podem ser as motivagées para que oAssistente Social realize uma visita institucional. Enumeramos trés delas 1. Quando oAssistente Social esta trabalnan- doem um determinada situa¢ao singular, e resolve \isitar uma insttuigéo com a qual o usuario mantém alguma espécie de vinculo; 2. Quando oAssistente Social quer conhecer um determinado trabalho desenvolvido por uma instituigao; 3. Quando o Assistente Social precisa reali- zar uma avaliagao da cobertura da qualidade dos servicos prestados por uma instituigao. Em todos os casos, sobretudo nos 02 tlt- mos, 0 que se quer fazer 6 conhecer e avaliar a qualidade da politica social ~ 0 que requer do pro- fissional umintenso conhecimento tedrico.e técnico sobre politicas sociais Pode-se perceber, a partir do elencado aci- ma, que os instrumentos de trabalho nao sao ato- mizados ou estaticos: eles podem co-existir em um mesmo momento. A observacao participante esta presente em todos os demais; em uma visita domiciliar a entrevista pode ser utilizada; no traba- tho de mobilizagio comunitaria, reuniées podem ocorrer, além de visitas institucionais, dentre ou- tras situagdes. Varias combinaces entre eles po- dem ser descritas, porque a realidade da pratica profissional € muito mais dinamica e rica do que qualquer tentativa de classificagao dos instrumen- tos de trabalho. 422 Os instrumentos de trabalho indiretos ou “por escrito” Sobre os instrumentos de trabalho indiretos, eles necessariamente sao utiizados apos a utii- zagdo do instrumental face a face, que é caracte- rizado por uma forma de comunicacao mais ativa. o registro do trabalho direto realizado. Assim, no caso da interacao por escrito, esta “(..) tende a ser mais passiva. A comunicagao que se estabelece entre locutor @ interlocutor, embora possibile reagdes e interpretacOes, no conta com a presenga fisica do seu au- Emancipagao, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponivel em tor que, nessa forma de didlogo, fica a merce da unilateralidade de interpretacéo” (MAGA- LHAES: 2003; p. 29). Enquanto a comunicacao direta, como 0 pré- prio nome diz, permite uma intervengao direta junto a0 interlocutor, a comunicagao escrita possibilita que outros agentes tenham acesso ao trabalho que foi desenvolvido pelo Assistente Social. Sen- do assim, os instrumentos de trabalho por escrito, nao raramente, implicam que outros profissionais e/ou outras instituigdes desenvolverao agdes in- terventivas a partir da intervengao do Assistente Social. Por isso a necessidade do texto estar bem escrito, claro e coerente, para que nao haja duvi- das quanto a mensagem que o Assistente Social quer emitir. Contudo, a utiizagéo dos instrumentos de trabalho por escrito também possui uma funda- mental importancia: 6 aqui que se torna possivel ao Assistente Social sistematizar a pratica. Todo processo de registro e avaliagdo de qualquer aco € um conhecimento pratico que se produz, e que nao se perde, garantindo visibilidade e importancia a atividade desenvolvida. E mais: sistematizar a praticae arquiva-la, € dar uma hist6ria ao Servigo Social, uma histéria ao(s) usuario(s) atendido(s), uma historia da insercao profissional do Assisten- te Social dentro da instituigao - é essencial para qualquer proposta de construeao de um conheci- ‘mento sobre a realidade social Assim, podemos identificar alguns instru- mentos de trabalho “por escrito” consagrados na historia da profissao, e que abaixo apresentamos de forma bastante sucinta 4.2.1 Atas de reuniao E 0 registro de todo o processo de uma reunido, das discusses realizadas, das opiniées emilidas, e, sobretudo, da decisdo tomada- e da forma como 0 grupo chegou a ela (por votagao, por consenso, ou autra forma). Geralmente o relator de uma ata de reuniao designado paratal. Pode ser um membro do gru- po ou um funcionario da instituigao. Comumente, as atas de reunides so lidas ao final da mesma, €, apds sua aprovagao, todos os participantes as- sinam — com garantia de que a discussao realiza- 129 Charles Toniolo de SOUSA da assim como a decisao tomada € de ciéncia de todos 4.2.2 Livros de Registro O Livro de Registro é um instrumento bas- tante utilizado, sobretudo em locais onde circula um grande ntimero de profissionais. Trata-se de um livro onde s&o anotadas as atividades realiza- as, telefonemas recebidos, questdes pendentes, atendimentos realizados, dentre outras questdes, de modo que toda a equipe tenha acesso ao que esta sendo desenvolvido. 4.2.3 Didrio de Campo Como afirmamos anteriormente, 0 pro- fissional esta em constante transformacao, em constante aprendizagem e aperfeigoamento. Contudo, ele precisa se reconhecer no trabalho — identificar onde residem suas dificuldades, e lo- calizar 08 limites e as possibilidades de trabalho. diario de campo um instrumento que au- xilia bastante o profissional nesse processo. Trata- se de anotacées livres do profissional, individuais, em que 0 mesmo sistematiza suas atividades suas reflexes sobre 0 cotidiano do seu trabalho. CO diario de campo ¢ importante porque o Assisten- te Social, na medida em que vai refletindo sobre © processo, pode perceber onde houve avancos, recuos, melhorias na qualidade dos servigos, aper- feicoamento nas intervengGes realizadas — alémde ser um instrumento bastante interessante para a realizagaio de futuras pesquisas. Ele é de extrema utilidade nos processos de analise institucional, © que fundamental para localizar qualquer pro posta de insergo interventiva do Servico Social 4.2.4 Relatorio Social Esse instrumento é uma exposigao do tra- balho realizado e das informacées adquiridas durante a execugao de determinada atividade Semanticamente falando, é o relato dos dados coletados e das intervengées realizadas pelo As- sistente Social O relatorio social pode ser referente a qual- quer um dos instrumentos face a face, bem como pode descrever todas as atividades desenvolvidas 130 pelo profissional (relatorio de atividades). Desse modo, 0 diferentes relat6rios sociais so os ins- trumentos privilegiados para a sistematizacdo da pratica do Assistente Social. Os tipos de relatorios produzidos pelo Assis- tente Social séo téo iguais a quantidade de possibi- lidades de realizar diferentes atividades no campo de trabalho. Assim, qualquer tentativa de classifica- 40 dos relatorios € téo-somente uma breve apro- ximac&o com essa gama de probabilidades Nao € nosso objetivo aqui descrever deta- Inadamente como se produz um relatério. isso de- pende do objetivo do trabalho, do tipo de atividade desenvolvidaete. Entretanto, retomando adiscus- so de Magalhaes (2003), um dado é fundamental para qualquer elaboracao textual: 0 destinatério do texto — 0 agente interlocutor. E importante sa- ber para quem se escreve (e, portanto, escrever bem). € um outro Assistente Social, um gestor, um profissional da area juricica, um profissional da Area médica, um Psic6iogo, um Administrador”. Qu também 0 relatorio pode ser produzido para 0 proprio Assistente Social — ou para a prépria equipe de Servigo Social de onde o Assistente Social est desenvolvendo trabalho. Nesse sentido, cabe uma breve classificacao entre relatorios internos (que sero de uso e manuseio do Assistente Social ou da equipe que ele compée) e relatérios externas (que serdo de uso e manuseio de agentes exte- Tiores a equipe) Um outro dado também é fundamental nes- sa discuss sobre 0 relato do trabalho. Nao se trata de qualquer relatorio, e sim, de um relatorio social. Isso repée 0 debate sobre a insergao do Servico Social na diviséo do trabalho — um profis- sional que trabalha com as diferentes manifesta- Bes, na vida social, da “questo social”. Desse modo, os dadios relatados sao de natureza social, isto é, as informagdes que dizem respeito a esas, caracteristicas. 4.2.5 Parecer Social Um parecer social é uma avaliacao teorica e técnica realizada pelo Assistente Social dos dados {LE nesse sentido, &de fundamental importnca lcalizar a dimen= ‘to ética, egulamentada pelo Céaigo de Etca Profesional do AS sistente Social. Emancipacso, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponivel em A pratica do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervencdo profissional coletaclos. Mais do que uma simples organizacao de informagdes sob a forma de relatério, compete ao Assistente Social avaliar essas informagées, emitir uma opiniéo sobre elas. Uma opiniao que deve estar fundamentada, com base em uma pers- pectiva tedrica de analise. Assim, o parecer social € crucial, pois é ele que da ao Assistente Social uma identidade pro- fissional — a inexisténcia de um parecer reduz 0 relat6rio a uma simples descricao dos fatos, nao permitindo nenhuma analise profunda sobre os mesmos. Ora, todo 0 processo de formagao profis- sional do Assistente Social, bem como o seu lugar na diviséo social do trabalho, demanda que esse profissional se posicione diante das situagGes veri- ficaclas na realidade social. isso requer um posicio- namento politico claro do Assistente Social — que possui, no Cédigo de Etica Profissional, os pilares basicos para tal posicionamento. A emissao de um parecer social pressupde a existéncia de um relatério social (interno ou ex- temo). Por razdes Obvias: um profissional so pode emitir uma opiniéo sobre um fato que foi dito, no caso, escrito. Assim, o parecer é a conclusao de determinado trabalho ~ seja de um atendimento individual, seja de um conjunto de instrumentos uitilizados durante determinado proceso de inter- vencao”. Apreender a realidade nao é apenas des- crevéa. £ um produzir um conhecimento sobre a mesma. E é no momento do parecer social que esse conhecimento € elaborado a partir da reflexo racional do profissional um conhecimento pratico, que visa compreender a singularidade da situago estudada pelo Assistente Social, a luz da universa- lidade dos fenémenos sociais (descobrindo entéo a particularidade dos fendmenos) e assim, criar alternativas visando sua transformacao. Mas para além de uma avaliacéo do pas- sado, 0 parecer social também deve realizar uma 22 ineratura mais recente do Setvigo Social tem se debrucado sobre essa questo, ¢ algumas polémicas ji se colocam. Alguns autores afmmam que 0 canjunto relaldrioparecer socal, consti Uumfaud social -© que remete a uma outra polémica: 0 Assistente Social realiza estudo social ou pericia social? Nao entraremos no méro dessa discusséo aqui. Somente fazemos tals apontamentos, devando registrado que, independente das poBmcas, para todos fs autores, 0s momentos 6o relatrio e do parecer social dover txistr em todo processo de sistematizagao da prtica, Emancipagao, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponivel em analise prospectiva, isto €, apontar que desciobra- mentos determinada situagao podem tomar. Com 0 rigor tedrico necessario, conhecendo profun- damente a realidade social na qual determinada situagao esta sendo avaliada, 0 Assistente Social tera a capacidade de levantar hipdteses sobre possiveis conseqiiéncias da situagao. Assim, 0 parecer social deve também conter sugesi6es de novas agdes que precisam ser desenvolvidas junto aquela situagao — agdes estas que serdo desen- volvidas ou pelo proprio Assistente Social, ou por outros agentes profissionais (dai anecessidade de se pensar a produgao da escrita tendo como pa- rametro 0 destinatario do texto, isto é, para quem se escreve). Consideracdes finais Cada um desses instrumentos de trabalho, ou dos espagos e fungdes que ocupam e desem- penham o Assistente Social nos espacos institu- cionais, poderiam ser objeto, individualmente, de um artigo proprio. Ou até mesmo de um livro, de um Trabalho de Conclusao de Curso, de uma mo- nografia, de uma dissertagao de Mestrado ou de uma tese de Doutorado. Nosso objetivo, aqui, foi apresentar, de forma bem sucinta, os principais instrumentos e técnicas de intervengéo utilizados pelo Servico Social no cotidiano de sua pratica. Contudo, voltamos a afirmar: ndo é possivel pensar um instrumento de trabalho como se ele pudesse ser mais importante do que os objetivos do Assistente Social. O instrumental é 0 resultado da capacidade criativa e da compreensao da rea- lidade social, para que alguma intervencao possa ser realizada com o minimo de eficacia, responsa- bilidade e competéncia profissional Mas € importante ressaltar que, indepen- dente do instrumento que se utilize, a dimenso €tico-politica deve ser constantemente refletida e pensada. A instrumentalidade da nossa profissao, conforme toda a reflexao de Guerra, € a da ma- nutengdo e reprodugao da ordem burguesa, com vistas ao controle e reprodugaio dos segmentos pertencentes a classe trabalhadora. Se 0 nosso ‘modus operandi nao estiver em plena sintonia com © projeto ético-palitico que, hoje, defende o Servi- ¢o Social, podemos cair nas teias do conservado- 131 Charles Toniolo de SOUSA rismo € do tecnicismo, tao presentes na trajetoria, histérica da nossa profissao. Certamente existem centenas, milhares de metodologias de aco sendo construidas e utili zadas por muitos Assistentes Sociais. — no Brasil ‘ou em qualquer outro pais. Isto porque, conforme explicitado, os instrumentos nao sao estaticos, estanques: eles respondem as necessidades dos profissionais a partir de diferentes contextos e re- alidades sociais. Cabe a nés, Assistentes Sociais, e sobretudo, pesquisadores, ter a capacidade de conhecer essa pluralidade de praticas ~ e isso sO sera possivel quando todos nés entendermos a necessidade e a importancia da sistematizagao de nossas praticas — porque ¢ através disso que podemos sempre reconstruir a histéria da nossa profissdo em nosso pais e aperfeigoar seus modos de intervengao social. Referéncias CARVALHO, Raul de & |AMAMOTO, Marilda. Rela~ bes sociais e servico social no Brasil: esboco de ma interpretacao histbrico-metodolégica. 17. ed. S40, Paulo: Cortez, 2005. CFESS. Em questio: atribuicdes privatvas do assis- tente social. Brasilia, Distrito Federal: CFESS, 2002, CRUZ NETO, Otavio. 0 trabalho de campo como des- coberta ¢ ctiaco. In MINAYO, Maria Cecilia de Souza (01g). Pesquisa Social: teoria, método e criativida- de. 23, ed, Petropolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2004. GUERRA, Yolanda. Instrumentalidade do processo de trabalho e servico social. 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