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™ A Psicologia Social e uma nova concepcao do homem para a Psicologia Tatiana Maurer Lane si ‘Quase nenhuma agao humane tem por sujeito um ind vidwo trolado. 0 sujeito da aga0 € um grapo, um Nes’ Imesmo se estrutura atual da sociedade, pelo fendmeno tte reifcagan, tonde a encobrir este 'Nés' ea transformélo numa soma de ririas indivualidades distins « fochadas tumas de outra." Lucien Goldman, 1947 AA relagio entre Psicologia © Psicologia Socal deve ser enten ida em sua perspestiva histrica, quando. na década de SO se {nieiam sistematizages em termos de Psicologia Socal, dentro de dduas tendéncas predominaates: uma, na tradiglo pragmAtiea dos Estados Unidos, visando alterar e/ou evar stitudes, iterferir nas Felagées grupais para harmoniz4-las ¢ assim gacantir a produt tidade do gropo~ &uma atuagio que se caractriza pol cuoria de lima intervensdo que miniminaria confltes, fomando es homens elizes" reconstutores da humanidade que acabava de suir dt destraigio de uma Il Guerra Mondial. A outra tendéncia, que também procura conhecimentos que eviem novas eatistroes rmundias, segue a tradigfo fileéfica européia, com rales na enomenologia, buscando modelos eientificos totalzantes, como Lewin sua teria de Campo. : "A eufoia deste amo cientitico denominado Psicologia Social dura relaivamente pouco, pois sua efiicia comera a ser qustio- ftada em metdos da década de 60, quando as andises erteas Spontavar: para uma “crise” do conflecimento psicossocial que no sraooucio. uu conseguia intervie nem expliar, muito menos prever comporta- mentor rocii. As splices de perquleas eexperimentos no perm ths formar Ii, o¢ extudorintecultrais poatavam para uma complesidade de varlves que desnfiavam 0s pesqulsadores & Cslatisicos — #0 cetoo de anilesfatoriels e novas tcnicns do anise de moltvarincia, que afirramm sobre Felagsesexistetes, ‘as nada em termos de "como" e"por que Na Frangs, « tadiyzo pscanaica& retomada com toda a veeminclaspée o movimento de 68, e sob sua Otes & feta uma Crea psicologia sola! nort-americana como uma sicia ideo: ‘bgia,reprodutca dos interesse da classe dominant, e produto de condkeshistérieas especficas, © que invallda a transposieo tl ‘qual deste conhecimento para outror pases, em outras candies histrico-scais. Esse movimento também tem sss represses ma Inglaterra, onde Israel eTjfellanalisam a "erse”s0b 0 ponto de sista epistemic com os dileentes prsrupostos que embasamn 0 conhesiment centifico ~ €ertca ao positviamo, que em nome ‘da objetividade perde se humane. 'Na América Latin, erst Mundo, dependenteecondmica « cultoralmente, « Pucologia Soci orclla entre © pragmatism norte-americano e a visto ebrangente de wm homent que sb era ‘compreendio fosbfiea ou seciologicamente — ov ea, um homers strato, Os congressos interamercanos de Psicologia slo exce lentes termbmetts dessa otellso e que culminam em 1976 (Miamd, com criteas mals sistematizndas © novas proposes, Prineipsimente pelo grupo da Venezuela, que s= organiza numa ‘Associagto Veneraclana de Psicologia Sovil (AVEPSO) coeistindo ‘com a Associago Latine-Americana de Psicologia Socal (ALAP- SO). Nessa casio, psicloges brasleioe também fasiam suas exis, prosurando noves rumes para wma Paiclogia Socal que stendesse 4 nossa relidade. Esses movimentos culinary em 1979 (SIP — Lima, Peru) com propostas coneetas de umn Psiclog Social om bases materaitshistériess e voltadas para tabelhos comunitirios, agora com a paricipesse de pricslogos pervanos, tmeticanos outros © primeiro paso para a superaeto da crise foi consatar = ‘eadigtobiolégca da Psicologia, em que o individ era considers do tum organismo que interage no meio isco, sendo que ox procesos psioldpieos (0 que ovorre “dentro” dele) so asuiidos como faust, ou uma das causas que explicam 0 seu comportamento, On feje, para compreender © indiiduo bastaria conhecer 0” que quando ele se defronta com extimulos da Povém o homem fala, pens, aprende ¢ensin nature Se Sie am iaenieaenrneese an Scher eres a crane gear ae ne see en et eon ere eect cee ee eer lcd ce © ee me fcr haere eee ge meen eine Secor goa eet eo nmnee aetna Soom kee San eee sore ane ar na rn tl sel Sore cae rs ee cone ne der me og, eaten enna Soe banot aan a ei pe ent [A ideologia nas ciéncias humanas firmativa de que o pstvismo, ma procara de objtiade on ne mana Sexe de ue end ea Se ito ercero minucioso enquanto desrqho do comport: mes os que, no entanto, nilo dava conta do ser humano agente de and ‘ajeito da histéria. © homem ou era socialmente deter- smudanct, sufi tty de si mes: sociologisno vs bnlogsno? Se ermoDucho 7 por um lado a psicanilize enfstzava a histrin do indlvideo rocologia recuperara, através do materialismo histo, a epe ‘ificidade de uma totlidade histriesconcreta na andlise de cada fociedade. Portanto,caberia& Psicologia Social resupera o ink ‘iduo na interseopo de 0a histrla com a histria de su vciedade ‘Tspenas este conhecimento nos pemnitia comprecnder 0 homer ‘enquante produtor dahistiria, Na medida em que © conbecimento posivists descreia, ‘comportamentos restrito no expago eno tempo, sem cousiderar @ interrelagto infra © superesutural, estes comportamentos, me- iador plas institulges socal, reproduziam a ideologia domic ‘ante, om termos de freqdncla obserada, ovando a considerdlos como "natural", mulas vezss, "universas". A ideoogi, como produto histrico quer rstliza nas isttulgbe, raz consigo ume Soncepeio de hontam necesiria para reproduc relagbes socas, ‘que por rua ver sto fondamentals para a manutengio das rlapbes de produgio de vide material da socledads como tal. Na medida fm que histnla se produz dialeticamente, cada sociedade, na forgunizapto da prodogto de sua vida material, gera wma contr Aigho fundamental, que a0 ser superada produs uma nova soce- ‘de, quatativamente diferente de anterior. Porém, para que esa ontfadigSo nto negue a todo momento a sociedade que se produz, & nocesiria a mediagto ieoligea, ou sea, valores, expicnbesfias como verdadeiras que reproduzam as solagBes Socais ncestrias Dara amanutensio de lags de produgio. este modo, quando as cléncias humanas se atm apenas na escrito, seja macro ou micrssocal, das relagées entre os homens © das instuigoes socials sm considerar a sociedade camo produto Nistricodiléico, elas no conseguem eaptar a medlagio kdeo lbgice ea reproduzem como fates inerentes 2 "natureza” do hhomem E a Psicologia nto foi excego, prineipalmente, dada a sua crigem biolégica naturalists, onde © comportamento humane ecorze de um organismo fisilépico que responde a estimates. Lembramos aqui Wundt ¢ sea laboratrio, que, objetivando construir uma psicologa centfiea, que ve dlereniase da especu- ligt iors, s preacupa em deserverprocessospscofisilbgicos ‘em termos de estimloserespotas,decausas--feits. Nesta tradgfo ¢ no eatusiasmo ‘de desrever © homem enquanto um sistema nervaso complexo que o permitia dominar © fransformar a naturera, eriando condibes su-geners para a 4 SLMIAT LANE sobrevivéacia ds expési, os psicblogos se esqueceram de que este Thomem, junto com outros, 20 tanslormar natureza, se trans formata ao longo da historia. ‘Como exemplo, podaines citar Skinner, que," sem divida, ‘emusou uma revolugto na Pacologla, mas as condigteshistrco. Socials que o cxream, impedizam-no de dar um outro salto qual- fativo, Ao tuperar o'esquema S:R, chamando ateugbo para {elagto homem-ambiente, para o controle que este ambiente exerce obre o comportamento; encando 0 reducionismo. biologico, Permitu a Skinner ver © homer como produto das suas relastes ovals, porém nto chega a ver estas relagBes como produzidas a partir da condigio hirérioa de uma sociedade. Quando Skinner, Eravés da andlise experimental do comportamento, detecta oF controls ute que, através das institugter, os homens exereem uns sobre of outros, ¢ define nie de aprendizagem — e alo podemos negar que reforgos puniges de ato controlam comportamentos — temos uma deseriao perfeita de um organism que se transforms fem funglo das consegdéncas de rua agio, também a anilise do ttuocontrote se aprosima do que cossderaros conscénca des eo Contracontrole desereve agBer de um individoo em processo de sonacientizagao socal, Skinner aponta para a complexidade das ‘elagiessocnis as implicagtes para a andlise dos comportamentos ‘envolvidor, desfiando of psctlogss para a claborapio de uma tecnologia de sndlie que dé conta desta complexidade, enguanto contingéncias, presents em comunidades. A histria individual € onsiderada enquanto istrin social que antecede © sucede 2 [stiri do Indivdvo. Nesta linha de racioeinio eaberia question por que alguns comportamentor so reforgados © outros puntos ‘Sent de um mesmo grupo social. Sem responder estas quests, Dassamos a descrever 9 status quo como imutévele, mesmo qe endo tanslormar © home, como 0 proprio Skinner propée, jamais oconseguiremos uma dimensiohistrico sci Tmpasie semelnante podemos abserar em Lewin, que prosurs setectar os “easor pros” A maneira gallica e assim precisar ai Pricoldgicss. Também para ele Iodvidvo e Meio so indissocieis, un medida em que 0 meio 6 social e se caracteriza pela ‘compleidade dereidese sub-epiese seus respetivos sistemas de foreis, se vé num impaste para a comprovagio e previo de comportamentoe. Este impase surge, entre outros, na descrigho de rocessos grupais sob liderangas. autoeriticas, democrticas laisse fare, quando, entendendo sero process democritico 0 mals snerRopUCKO 1s criatvo © produtho, prope ume “lideranga demoeritica forte” ome forma dese chogar acta cela erupal. ‘Tamibém a prcanalise, em suse varias tondéncias, enfrenta cate problema, desde as cidcas de Polite a Fred até as anilises ‘et dor freaceses, que procuram fszar uma releitura da obra de Freud numa perspectiva histérico-social do ser humeno. ‘No negamos palcabiologla nem as grandes contribugSes da pslconeurologis. Alina, elas descrovern a materilidade do orga Esme humeno que se transforma através de sua propria alividade, mat clas pouco contribuem para entendermos 0 pensamento hu mano. que se desenvolre através da elagdes entre os homens, pars Compreendermaos 0 homem crave, transformador — syeito da Pistia rocial do seu grupo. ‘Se Pacologia spenss desrevero que é observade ov enfoear oIndividuo como causn «efit de sua individualidade, ela tera uma ‘elo conservadora,etaizante — ideologica — qusisquer que sejam { prltear decorrentes. Se 0 homem nao for visto como produto © produto, nBo s8 de sua histicia pessoal mas da historia de soa {oeiedade, = Palcologia etaré apenas reproduzindo as condigbes ‘neceusrins para impedir a emergencix das contradigbes ea trans- formas soca. A psicologia social e © materialismo histérico Seo positnismo, a entetar contradic entre obeidade « subjetade,porden sor human, prodto © predsor Tis, se tornon necessrio recuperar © mubjtismo enguanto mnaeriadadepatoligice. A daidade fico % place implica ts coneogt enlist o ser humane, na velha ag anime {iced poli, o entocaimor num organics onde mem & ompatador to imagem smelhang un do otro, Nenuma das shan enn ts Ge xa «oem tate ane nado. Tomnov-se necestra uma nova dimensio eoparo em tral para se aprender 0 Tadniuo’ como um ser concrt, Ianilestacto de Ua otaidae istreo-setal~ daa procure de tne pskologia socal que pertise da matrinidads istrcn rode ore prodtors de homens dentro do materia histo © da ica daldca que vamos encontrar ob presuparts pitemoliices para a reson Sercunate eae BE i cee tm ee ar pest st igi sou Rien tat perce ee seer tte ccs pine stanton ss ae een a Soetoro aenoee Soe manana eee cee eee casera foc! tees neem eas seit ea Soot greece ares rae en nee See ee ean er ee me eeeie nance cae i te ets pals rae pee resuate destes dos fatos emptrcos permite ao piclogo mine teen cna atten mos oes scien onan ee mecca Fea mc wrt is iil te fe ra at con ar seein gece we mr eat ez i en some eee ac Siac tna eos rRoDUGKO i. sock nesta reflex se process a conzeidnea do individao, que & Indsocifvelenquante de socal Leopticv inti ainda a persoulidade como categoria, desu rente do principio de que © homem, a0 agi, teansformando 0 sea ‘uci se transforma, erando caasteretias prdprias ques tora esperadas plo se grupo no desenvaver de suas ativdadese de suas felagdes cm cutee ndltduos Caberia ainda, na especifiidade pscosocel, uma anise das relagdes prupais enquanto mediadas plas imstiuigoes socials © ome tal exercendo uma mediagio ieolégiea na. atibugaa de DaptissociiserepresentacSes dacorentes Je atvdades e lade fials das como "adequades, corretas, experadas", ete. ‘A consignca da reprodusto ideolépien incente aos papis soclalmentadefinidos permite aos indivduos no grupe superarem ‘sas indvidualidade ¢ se conscontizarem das condioeshistricas fomune aos membror do grupo, levando-os a um processo de identifoagdo © de atvidades conjustas que carcterizam © gropo emo unidade. Este process pode ororerinividualmeate e cone fatariamos o desnvavimento de uma conscléncia de s iéniea sconseldacia social. Na medida em que o proceso & grup, ou sl, ‘corre com todos of membros, ele tende a caracterizar 0 desea~ tolrimento de uma cosseiénia de classe, quando. grupo se pereebe {nserido no procs de produto material de sua vida epercebe a8 contradigee geradar hctricamente lerando-o « aeldades que visum A-superagdo dst contradigoes presentes no sev cotiiano, tora-se um grupesujelto da transformagto histrio-soci ‘esta form, a anise do process grupal nos permite captar ialéicn individvo-gropo, onde a dupla uegagio carateriza & superagio da contradioo eistantee quando o indviduoe grupo se fomam agentes da histéria socal, membros indisociveis a totalidedehistrca que os produ © qual eles transormam por ‘uaz aividades também indssocidvels. sta anilise das categoriasfundamentais para compreenston 48 ser bomano nos lara constataplo dn impossibidade de delmitarmos conhecimentos em Areas estanques que comporiam 0 Conjunto das Ciéncias Humanas. Psicologia, Sociologia, Aatropo- fogia, Economia, Histri, Pedagoga, Lingaistic slo enfoques a parte dos quais todas ag Areas contrbuem para o conbecimento profundo e coneret do rer humano. Suas fronteiras devem ser hecessariamente permeivels, ampliando o conhecments, seis do Indiv, do grup, da sociedad © prac desu existcia ‘material ¢conereta, Decorréncias metodoligicas: 1 pesquisa-acio enquanto praxis, A partir de um enfogue fundamentalmenteinterdisciptina ‘9 pesqulsador-produt historic parte de uma visto de mundo edo mente comprometida e neste sentido no hé Possbilidade de se gerar um couhecimento “nedtrs, tem vm ‘conhecimento do outro que ndo interfirana sua existéncia,Pesqul existencia. Pes Saud e pesquisado se efinem por relagbes se ‘onde ambos se inserem: desta forma, conscentes cu no, sempre a pesquisa implica imerveneao, acto de uns sbre outros. A pesquisa ems! uma prtica social onde pesquisader « pesquisado fe apresentam enquanto subjetividades que se maleializam nat felagies desenvolsidas, ¢ onde os paplis se confundem © se iternam, ambos objetor de andes © portanto deseitoy empiri fcamente. Esta relagdo — objeto de anise — & captada em seu ‘movimento, 0 que implica, necessariamente, pesquisa ag. Por outro lado, a condiqaeshistirieas socials da pesquisador de pesquisadon que respondem pelas telagbes sociis que os ientifcam como indivlduos permltem a acumulacto de conheci> ‘mentor na medida em que as condigdes sto as mesmas, one as ‘ipecificdades individuais apontam para o comuen grupal e soa fou ja, para o processo hstrico, que, captado, mos propcia a ‘compreenslo do Individuo como maifestaclo da toalidade socal, ‘eu sja, 0 Individuo conereto. Este eariter acumulativo da pesquisa far do conhecimento ‘uma praxis, onde cada momento emplrin &repensado no contronto ‘com outros momentos ea partir da fflexdo erties novos earinkos te investgugto sto tragados, que por sua vr levam ao reexame de todos os empiricor e andlites fetas, ampliando sempre a com preenstoe 9 Ambito do conhecdo, Pesquist-acdo & por exeléncia a praxis centfc etR00v¢A0. ” ‘Toda a psicologia é social Fo ang si cia hes eps d rac es ca ca matte de reteset nature ts! oot oman, Dest SSSESSMNG Tin a ar pela © ten e tucreme, teceeas a pucog deve emai Sccaneme eS cone de mane der de Scr alot poe aha gulquerconportamento humo a Mutelce femmenande sve ete ei mas por a “rambo ea fiat is npn sexes de bicaags Sosa secon teat por ovo coe Tet p coe ses eles sci ot ago Go he trapectco come nngtocm see € ants goal eso Fort tat Pcop Sel eer repens uss Scone home fro da tre anlrndor de pri in ‘a's mde, sm se quiron he de Polo

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