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bar Nie ROM OU sag ; GUILHERME SETOGUTI J. PEREIRA [esr earry eee ens ace Poe eieR as eens resets CoN anni hsee NT eet Pree ET eC rerun eatty fore need Peary Te NSICTS Pras crortm FRANCISCO ANTUNES MACIEL MOSSNICH Snes cnet ca Ture EE Prove eee y oe! eee cnt Soren ee ency {JOSE ALEXANDRE TAVARES GUERRERO Ter oec ae Miy Reena area Teste AN Cy restrict ec ena Ree eee os ee ens elena teed ere! RUS rT ee enc Sinem nesters conte rennin ed pret en ent oN) Renner Rem Meet) Reet n NEU Ng renee eatsr cy Ninn eee ACT eee ec ea tr) PO an eee as Pear ane Aca reroerace soa! Peco enced RODRIGO R. MONTEIRO DE CASTRO Res telear re eareC nes} Seer ean an) Sec cone Ss eRe QUARTIER LATIN Editora Quartier Latin do Brasil Roa Santo Amaro, 316 ~ CEP 01315-000 ‘Vendas: Fone (11) 3101-5780 Email: quartieratin@quartirlatn.art.be Site: www.quartirlatin art br ‘TODOS 0S DIREITOS RESERVADOS. Pro + mpdito wal opr orale 8 Foc, ltpeimente por sient gus, miei fob ergs, fog, dg Vad ‘renoriagee0aecpengi tl pies We onde ue ute eta crm uae ens ie procemmnt dene Eons bis spam tanner pas cm esa A ‘i i ets usa puted oo ee it 1848 pro Cg Pcp de tsi a, Unt penn ends daa 1012 10ch Le 0, de 1.02 98, bse Di Ae FLAvio Linz Yarsnett, (Gumerme Serocutt. PEREIRA (coordenadores) PROCESSO SOCIETARIO ‘Ada Pellegrini Grinover ~ José Rogério Crus e Tucci Arruda Alvim Leandro Aragio (Carlos Eduardo Jorge Bernardini Luis André Negrelli de Moura Azevedo Eduardo Secchi Mushoz Manoel de Queiroz Pereira Calyas Eduardo'Talamini Marcela Maffei Quadea Travasos Erasmo Vallio A.eN.Feanga Marcelo Guedes Nunes Fibio Ulhoa Coelho Marcelo José Magalhies Bonicio Felipe Amaral Matos Maroclo Vieit von Adamek Fernando Antonio Mais da Cunha Modesto Carvalhosa Francisco Antunes Maciel Massnich Nelson Fiirk Fredie Didier J. Newton Marzagio Helena Najjar Abdo Oreste Nestor de Sousa Laspro Humberto Theodoro Je. Paulo Henrique dos Santos Lucon Igor Bimkowski Rossoni Pedro A. Buista Martine Jodo Paulo Hecker da Silva Ricardo de Barros Leonel José Araldo da Cost elles Rodtigo Mendes de Araijo José Alexandre Tavares Guerrtiro Rodrigo Octivio Broglia Mendes José Carlos Baptista Puli Rodrigo R. Monteiro de Castro José Eugenio do Amaral Souza Neto Tasso Duarte de Melo José Marcelo Martins Proenga Tiago Asfor Rocha Lima ‘José Roberto dos Santos Bedaque Walftido Jorge Warde Jr. PrerAcio Do Ministro Luis FELIPE SALOMAO Editora Quartier Latin do Brasil ‘So Paulo, inverno de 2012 ‘quatticrlatin@ quartierlatin.artbr wonw.quartierlatin.artbr | EDITORA QUARTIER LATIN DO BRASIL Ruz Santo Amaro, 316 ~ Centro ~ Sto Paulo Coordenagio Biitorial: Vinicius Diagramagio: Victor Guimaries Syivio Revisio Gramatical: Studio Quartier ‘Capa: Eduardo Nallis Villanova YARSHELL, Flivio Luiz; PEREIRA, Guilherme Setogut J (coords) -Procerto Socctrio, So Paulo: Quarter Latin, 2012, ISBN 85-7674-634-4 4 Dirt Societitin, 2, Proceso Civil] Tito indices par catilogo sstemstico: 1. Bak Ditto Sots 2a Proceso Cl Contato: guartelatinpuartirlatn art br ‘uo uartotin art br SUMARIO Breves curticulos dos professores colaboradores desta coletanea.. Preficio (Ministro Luis Felipe Salomto) Apresentagio.. ‘Apa Pettzcamst GRIvovEr A tutela coletiva dos investidores no mercado de valores, ‘mobiltios: questes processuais. ar Arrupa Ati A posigéo dos sécios ¢ associados em relacio a ages movidas contra as sociedades e associacdes de que fagam parte 59 Epuarno Seccit Munsioz A importincia do sistema de solugio de confitos para 0 direito societiio: limites do instituto da arbitragem Euarpo TaLamint Lexitimidade, Interesse, Possbilidade Juridica ¢ Coisa Julgada nas Agoes de Impugnagio de DeliberagSes Societérias, 101 ERASMO VALLADAO A. EN. FRANCA ‘Maxceto Vieira von ADAMEK ‘Algumas Notas sobre o Exercicio Abusive da Agio de Invalidagio de Deliberagio Assemblear . 157 FAs10 Uttoa Corio Apuraglo de Haveres na Sociedade Limitada nse 185 Fravio Lanz Yarsiei. © Projeto de Novo Cédigo Comercial ¢ a Proposta de Permuta de Documentos entre as Partes: “Discovery” Brasileira? 203 Eouanoo Secew Munton - 77 os ¢ASSOCADOS BA RALAGAO A AGS MOOK. 76 APoxcso 005 $0 mata de isconséccio untirio, justamente porque, ness, a qualidade dos que ‘A IMPORTANCIA DO SISTEMA DE SOLUGAO DE CONFLITOS tao liconsortes unitérios € idéntic, 0 que nfo ocorre na espécie. PARA © DIREITO SOCIETARIO: LIMITES DO INSTITUTO DA ARBITRAGEM Eduardo Secchi Munboa 1. INtRoDUGAO. ‘Nos anos 1990 e 2000, intensificaram-se os estudos sobre direito societario comparado, Como corolirio natural do fendmeno da globalizacio, que ampliou 0 exercicio das atividades econdmicas ¢ 0s fluxos financeiros para dimensio mundial, era de se esperar a convergéncia dos modelos societirios de pafses com nivel semelhante de desenvolvimento cconémico'. Ao contritio do que se poderia esperar, porém, verificou-se a sélida resisténcia de dois modelos distintos: (i) capieal disperse, caracterizado pela presenga de mercado de capitas fort ¢ pela dispersio da propriedade acionéria, dominante nos Estados Unidos e no Reino Unido; ¢ (i) capital concentrade, caracterizado pela presenga de acionista (ou bloco de acionistas) controlador (4g, familias ou grupos financeiros), dominante na maioria dos paises da Europa Ocidental e no Japio. Para determinada corrente da literatura juridica e econémica, 0 sistema bbaseado em dispersio acionéria € superior, favorecendo o crescimento das empresas ¢ o desenvolvimento econémico social”. Dai uma série de estudos que ‘buscaram analisar os fatores que contribuem para o florescimento da dispersio Aciondria ¢ 0 consequente desenvolvimento do mercado de capitais. Dentre os fatores apontados, a presenga de um sistema legal que confira protegio adequada os investidores assume especial relevincia! "CERRARRNAN etalon. the ansomy of comport lana compat and uncon approach 2k. Orr: Oxon Univers Pes, 2009" HANSMANN © KRAAKMAN, The ed fy fer eorprste nw. Geog fau fora x89, p 433-46, 2001 ‘teste do tema ef MORCK, RANDALL, SHLEIFER e VISHNY. Nanagement ovnenhip and ‘marker valuation an ompiea rays ounal of Financial noms 20, 293-316 1988, MCCONNELL ¢ SERVAES.Addtonal evidence on equity oumerehip ad frm perfomance Journal of Fran! Economics v.27, p595612, 199, HIMBIELBERG, HUBBARD « PALA Understanding te deena of ranger omerhip athe ink been nethip 2d perfomance. our of Financial Economics 3, p93 34,1908 ES'TAPOnTA, LOPEZ-DESHANS, SILIIFER UISINY Lag deteminants fetal nance Joural of France, vol. 52, p. 1II-50, 1997; LAPORIA, LOPEZOESUANES, SHLEIFER 78 - Aluroxsinca bo Sioa oe Souucho ot Coneuros pata © Distro SocerARo, PPor sistema legal deve-se entender, potém, ndo apenas o direito material, 0410 conjunto de normas que conforma o direito societério propriamente dito, mas também o direito processual eas instituiges encarregadas de assegurar 0 ‘cumprimento das regras de protegio aosinvestidores. A auséncia de um sistema ¢ficiente de cumprimento das normas societirias enforcement) & um dos fatores impeditivos do desenvolvimento do mercados de capitais, que pressupde nivel ‘minimo de dispersto da propriedade acionAria E interessante verifier que estudo mais recente reconhece a possibilidade de cstruturas eficientes de capital concentrado. Propde-se, entio, uma nova tipologia que divide os sistema de controle concentrado em eficientes © ineficientest.O elemento principal adistinguir esses dois sistemas é x capacidade deo acionista controlador extrair beneficios particulares do controle, ou seja, desviar para si siqueza da companhia, em detrimento dos demas acionistas ¢ stakeholders. O sistema de capital concentrado é eficiente sempre que € baixa 2 capacidade de o controlador extrair beneficios privados do controle, situasio em que 0 exercicio do seu poder dirige-se a0 atendimento do fim social, nfo a consecusio de seu interesse pessoal. A existéncia de um regime adequado de ‘monitoramento do controlador ¢ de protecio aos investidores e stakebalders aparece, novamente, como o fator-chave a determinar a eficitncia do modelo de capital concentrado. A qualidade do regime legal constitui, portanto, fator de primordial importincia: (i) é condigio necesséria, ainda que nio suficiente, para 0 desenvolvimento do mercado de capitais ¢ o florescimento da dispersio aciontia;e (i) determina a eficiéncia, ou ndo, do modelo de capital concentrado. ( sistema de soluglo de conflits societirios,voltado a assegurar 0 cumprimento das normas de protesio aos investidores, & parte indissociavel dessa equasio, exercendo papel absolutamente central. "NoBrasil no inicio dosanos2000, muita atengo foi dedicada ao aprimoramento das normas societirias com o objetivo de estimularo desenvolvimento do mercado ‘Caspar owparip around the world Joumal of France 5, pp 471-518, 19H; GORDON, | ‘© ROE, M. lrg] Caneence and parence in comparatsgoremance. Cambie Cbg Univer Pes 2004 ROE, Ke BEBCHUK Leary path epandenceincoporse ovemance andoneshp Sand Lv Reve .82p. 7B, 199; ROEM Pole derrinans of cope {govenance: Cnlod Osos Univerily ess, 3; BEBCHUK, L.A enpotecton then 0 operate owneshp and conto. Natona Bureau oF eoname Research Working Pape. 7203, 1398 Dsponvel am: cipslevinbecopapent7203> Ace ean 2011 4 GILSON Conrlingshoreholsand oporategovemance complica the compare taxonomy, Hanan Ln Reve, 9 19, 6, M4267, 005 Eouna00 Steere Manor 79 de capitais. Esa foi a principal justificativa para a reforma da Lei n? 6.404/1976 (‘Leidas S.A"), promovida pela Lei n° 10.303/2001, ea que determinou iniciativa dda Bolsa de Valores de Sto Paulo (“BM&¢FBOVESPA) de eriar 0 Novo Mereado ce demais segmentos especiais de govenanga corporativa. E fato que, nos iltimos anos (especialmente a partir de 2004), o Brasil vviveu notivel periodo de desenvolvimento do mescado de capitais, tendo o Novo Mercado assumido papel preponderante nesse movimento. Para qie cane processo de desenvolvimento, porém, ultrapasse sua fase inicial e continue em marcha, é fundamental a existencia de um sistema eficiente que assegure 6 cumprimento das normas societéris. Nese contexto, o estudo do sistema brasileiro de solugdo de conflitos societirios assume especial relevancia. Muito embora a reforma de 2001 da Lei das S.A. 0 Regulamento do Novo Mercado tenham se preocupado em ampliaro papel da arbitragem no direito societério, parece inegavel que «© foco de preocupagio de ambos os diplomas foram as normas de dircito ‘material, endo ficedo em segundo plano a preocupago de eriar um sistema cficiente de solusao de confitos, voltado a assegurar o cumprimento dessas Este trabalho propde-se a analisar essa questio, sem 0 objetivo de aprofundar-se em cada um dos aspectos que a envolvem, mas com o firme propdsito de identificar aqueles que parecem constiuir os principais fatores a determinar as qualidades ¢ deficiéncias do sistema. Embora a anilise que se seguiré possa aplicar-se, em muitos aspectos, as companhias fechadas, este trabalho tem por objeto o estado do sistema de solugdo de conflitos socitiios especifico das companhias abertas. Tem, portanto, o mercado de capitais como foco de sua atengao, Por isso, sempre que se fizer referéncia genérica a direito societério, regime legal soietario ou regularto scietaria, deve-se tet em conta ‘um sentido mais restrito para abranger tio somente a regulagfo juridica das companhias abertas. trabalho se organiza da seguinte forma. Na primeira parte, sera evidenciada a importincia do sistema de solugio de conflitos para determinar a eficiéncia do sistema societério. Em seguida, sera analisada a realidade brasileira a espeito dessa matéra, identficando-se a posicao crucial assumida pelo instituto da arbitragem. Serio, entio, analisados os limites do instituto da arbitragem que, na visio deste trabalho, tornam-no insuficiente para | 80 - Alrortinci 00 SisTena ve SoLUcho De Conrunos rata 0 Dato SociTANO. assegurar,por si 86, x eficiéncia do sistema de solusio de confits societitios. ‘Ao final serio sugeridas as diretrizes que poderiam ver seguidas visando 20 apecitigoamento do sistema brasileizo de slugto de confitos scietrios. II. QUALIDADE DO SISTEMA DE SOLUCAO DE CONFLITOS E [DESENVOLVIMENTO DO DIREITO SOCIETARIO [Em obra seminal sobre o mercado de capitas brasileiro, eserta sinda ina década de 1980, Ledes afirma que o sistema de mercado s6 funciona se bowser onfanra nas regras do jogo ¢ na condata ds jogadore. Basa € a pedra angular ddo mercado de capitais. Sem 0 elemento confianga, 0 sistema entra em colapsot Nessecontexto, a boa qualidade do modelo legal, no qual se inserers ‘os mecanismos de solucio de confites, é crucial para o desenvolvimento do mercado de capitis. ssa constatagio foi evidenciada a partir de dados empiricos no trabalho seminal de La Porta, Lopez-de-Silanes, Shleifer e Vishny’. Segundo tais autores, presenga de um sistema legal adequado de protesso aos investidores 6 fator determinante para possibilitar a dispersto da propriedade acionaria ¢ 0 consequente desenvolvimento do mercado de capiais. ‘Ainda que outros autores tenham reltvizado a importincia jolada deste {ator apontando outros de naturezapotica, cultural, soca econdmica justice a ressténcia das estruturas baseadas em concentrasio da propriedade acionériat, ‘uninime o entendimento de que boa qualidade do sistema legal ¢ for elevante, ainda que no suficiente, para 0 desenvolvimento do mereado de capita. Seguiram-se, entio, interessante estudos com 0 objetivo de cassifcar 0 modelo societirio dos diversos paises, identificando-se as espectivas virtudes deficitncas. La Porta, Lopez-de-Silanes e Vishny, em Corporate ownership ‘around the worl, avaliaram ali de diversos patses, concluindo que adispersio lacioniria eo desenvolvimento do mercado de capitais encontram-se presentes TEES Lee de copia & inside trading, So Paul: Revita dos Wana, 1982 Peres ey Catkerpers~ the protesions and corporate governee, Ono Univers Pres 2006. ‘agldetemnants Sel tra Athcory of pth dependence. cs ROE, M, Pica determina oan eee dapened cvmenip reals ola ae tate the sepa ‘Foe and Cnt, Yle aw fourm 11, 2001. 9 Jaomaler nance, va 54 p.A71-51, 1988 Fourepo Stcou Murwioz 81 em um pequeno ntimero deles, dada justamente a uséncia, na sua maior parte, cde modelo legal adequado & protegio dos acionistas minoritarios. : A respeito do tema, também merece destaque o trabalho © Zingales” que estudou a realidade de 39 paises. Segundo os Hs ice tmaior a diferenca entre o valor das apes integrantes do bloco de controle em relagio as demais, maior a capacidade de o acionista controlador extrair para si beneficios privados do controle ¢, por consequéncia, menor a fcienia do modelo societério. Na mesma linha, o estudo de Tatiana Nenova', que identfcon signifcatia vasiagao entre o valor das ayes integrates, o0 do bloco de controle nos diversos paises. : Esse critério ~ capacidade de o acionista controlador extrair beneficios privados do controle ~ é 0 elemento principal a dividir os modelos de capital concentrado em eficientes ¢ nao eficientes, segundo ntes, segundo a tipologia proposta por Ronald Gilson" O antor propée que o modelo de capital concentrado oe ‘to eficiente quanto o bascado em dispersio acionsria, Aponta ainda que, diante cde modelos de capital concentrado efcientes, hé maior variagio na estrutura de propriedade acionéria, propiciando-se o florescimento do mercado de capitais € ‘osingimenta de companhias com capital disperso, ainda que estas nfo venham ‘arepresentas,em um dado momento histético, a maioria, Vale dizer,o modelo de capital concentrado efiente permite a bos convivencia entre companhias com acionista controlador e companhias com dispersio acionéria, criando um ambiente que propicia ao empreendedor a possbilidade de buscar com lberdade ‘a estrutura de capital que Ihe parega mais adequada as suas necessidades © is caracteristicas de seu negocio". Em todos esses estudos, que tornam inquestiondvel a relevancia Fle a peal scraper bear se ‘modelo voltado a asseguraro cumprimento das normas societéras, je que € parte integrante o mecanismo de solucao de confiitos. Numa palavra, info se toma o sistema legal apenas como o conjunto de normas de di ‘material, ou seja, 0 direito societirio propriamente dito. Tal ideia abrange 0 ‘to DG GENES rue te ton ent conn a of 11 NEMA, the val oma veting ight [inal ovens enip aes aes n= ecm ares oma 12 GUSON’R-Conroingsheoldes et 13 GLeNSON ie comoling sheds, pp. 1658-1659, £82 - Alwonrancis 00 Sis De So.ucko oe Consus rata © Dusin0 SOCATARO. dircito processual eo conjunto de instiuigses encazzegadas de dar cumprimento £ natural que seja assim, pois as normas de dircito material nio fincam saizes na realidade, se nio forem acompanhadas dos instrumentos necessérios para assegucar o scu cumprimento. Por isso, além da qualidade do direito societirio (direito material) é imprescindivel analisar a eficiéncia do sistema que se destina a assegurar 0 cumprimento de suas normas. O sistema destinado a assegurar o cumpsimento das normas societérias, € integrado por diferentes elementos. Primeiro, 0 chamado dirito procesual societdrio, assien entendidas as medidas previstas especificamente pelo direito societirio para assegurar o cumprimento das garantias nele previstas. Um bom cxemplo, na realidade brasileira, é a legitimacio extraordindria conferida a acionistas minoritirios para a propositura de acSo de responsabilidade contra administradores de companhia, prevista no art. 159, §3° e §4°, da Lei das S.A. Segundo, o direito processual em sentido amplo, que hé de assegurar os principios do devido processo legal, a possibilidade de produgdo adequada Drovas, entre outros requisitos que dizem com a instrumentalidade! do processo, ‘Texceito, as instiruicdes encarregadas de fiscalizar e aplicar sansSes no cato de violasio das normas societérias. Quarto, os mecanismos de solugio dos confltos societirios. Quanto a este titimo elemento, objeto deste trabalho, assume especial relevo o grau de especializagio e a honestidade dos juizes, bem como © tempo médio para a solugio dos processos. Para demonstrar a importancia do sistema de curaprimento das normas societérias, ao lado da boa qualidade destas, é interessante o exemplo citado por Gilson, a partir da pesquisa de Dyck e Zingales". A Itilia, no estudo de Dyck « Zingales aparece entre 0s paises com maior diferenga entre o valor das ages de controle e as demais ag6es da companhia, sendo, por isso, classificads por Gilson como exemplo de sistema de capital concentrado altament ineficiente ‘Uma reforma promovida na lei italiana em 1998, ampliando a possibilidade de acionistas minorititios proporem ago derivada de responsabilidade contra administradores eleitos pelo controlador, teria acarretado uma significativa redusio da capacidade de 0 controlador obter beneficios particulates. Ou 14 O im & empresa segundo a acepo que Ihe oi confi por Credo Dinanaco em DINAMARCO, CA insumeriade do process. 14 San Pols Malolos, 203, 15 Ch DYCKe ZNGALES. Prat beets. 6.370, GILSON. Crling shred. Enunsno Secchi Munvior - 83 seja,o aprimoramento de uma regra processual, ampliando a legitimidade dos acionistas minoritérios para tomar medidas judiciais com o objetivo de tutelar ‘0 seus direitos e o da companhia, teria contribuido para o aprimoramento do modelo societério. Lamentavelmente, segundo relatam Dyckee Zingales, dado ‘o pequeno niimero de casos analisados, essa conclusio no pode ser assumida ‘como absolutamente segura. ‘A elevincia do sistema de soluglo de confltos para a eficéncia do modelo socitirio é bem ilusrada, também, pela experigncia bem-sucedida do Estado de Delaware, nos Estados Unidos. Hi algumas décadas, Delaware afirmou-se, € assim tem se mantido, como o Estado-lider 20 sediar as principais companhias norte-americanas. A. preferéncias das companhias para se constituirem em ‘Delaware encontraexplicaglo, em boa medida, na larga experiéncia e crediblidade das cortesjudiciais daquele Estado, incumbidas de julgaras questdes societirias, ‘Ascortes de Delaware conferem aos acionistas ¢ demais stakeolders a seguranga de que os confitos societirios sero decididos, em prazos reativamentecéleres, ‘por juizes com elevada repurago e excelente nivel de formario ¢ especializago. ‘A jurisprudéncia de Delaware, por essa razio, tem sido um dos elementos conformadores do dircito societiio norte-americano™ ‘As consideragées anteriores evidenciam a importincia do sistema de solugio de conflitos para a eficiéncia do sistema societirio. As regras de ireito material podem ser de excelente qualidade, mas desacompanhadas dos instrumentos necessérios para asseguraro seu cumprimento,resultam em modelos caraeterizados por alto grau de inefciénei nos quas € ampla a possiblidade de ‘ acionista controlador extrair beneficos privados do poder de controle. IIL. A REALIDADE BRASILEIRA, © Brasil, tanto no estudo de Dyck e Zingales" quanto no de Nenova™, aparece como exemplo de modelo de capital concentrado altamente ineficiente, para empregar a tipologia proposta por Gilson”. A enorme diferenga de valor entre as ages integrantes do bloco de controle e aquelas de titularidade dos nao controladores, identificada na realidade brasileira, Te EF CART, Wr Federalism anc comport ave reliant upon Delaware. he Yale aw Jour ol 3p. 663, 1974 17 rate ene. che 1a Thevalue et 15) Conwoling sharehoies.e {84 - Alwrorancas 00 Sis OF SoLucho 0¢ Consuos rata o Dist SocerAO.. demonstra a enorme capacidade de o acionista controlador extrair beneficios privados do controle no Brasil Esse resultado € incoerente com a ideia, bastante difundida entre os doutrinadores, de que a Lei das 8.A., editada em 1976, consiste em uma das Jeis mais avangadas em matéria societiria, quando comparada a disciplina legal vigente em outros paises. Tomando-se, ainda que parcialmente, como verdadeira tal assertiva, 0 que justficaria que o Brasil fosse tio pobremente classifcado nos referidos estudos, aparccendo dentre os paises em que se verifica maior capacidade de 0 acionista controlador desviar para si riqueza da companhia? Em boa medida, a resposta a essa indagagio pode ser encontrada nas substanciais deficigncias do sistema brasileiro de solugfo de confitos em matétia. societiria™, Ainda que a Lei das S.A. estabeleca direitos aos acionistas nto controladores, parece ineggvel que, no Brasil, éaltamente ineficiente o sistema de solugio de confltos societirios, A lei brasileira, como nenhuma outra, definiu com clareza 0 status de acionista controlador e conferiu-Ihe papel central no comando das companhias”. Como contrapartida do reconhecimento desse poder, definiu deveres responsabilidades espeviais ay contuulador pars com os demair acionisras da ‘empresa os que mela trabalbam e para com a comunidade em gue atu Essa definigao de deveres e responsabilidades, porém, nao deitou raizes na realidade”, Por exemplo, ao longo das iltimas décadas, foram raros 0s casos de condenagio de acionista controlador por exerccio abusivo do poder de controle. Isso se deveu tanto falta na lei de mecanismos especificos que permitam aos ‘inoritérios iscalizay,identificar os abusos e buscar a respectiva puniclo, como, sobretudo, A auséncia de instituig6es fortes capazes de concretizar os deveres « responsabilidades estabelecidos na lei societéria™ 3 CLBIAGK 6, Sreighenng Bais secures make, Revita de Dita Mercantil indsa Econdmico @ Paneer 120, p. 41: MB ASSOCIAOOS ~ BARROS, |y SCHEIOMAN, f= CCANTIDIANO, L Desfise opomunidades para © Mereado de Capita branlia, Sones, 2000, Diponvel en: chtpanbmbovesp.combr>. Aces en an 2072. 21 CLAM FILHO, Ae BULHOESPEDREIRA, | L. Det cs eomaanarata coat, Ria de Janet: Foren, 2008, 22, ALT, pag nico, Lei das S.A 23 CL-CONPARATO. O poder de contole mn soled antnms 3 Re de ani, Forense, 1983, 308. 24 Sobrearlacioemteosmecanimosde ligt de confit se ot sae valor de mercado as empress, evdencando a Importinca da eicincn do sstema de sola de confi. HASLEM, Managerial oppotunien aring copa ton The auma of ince Up 2015-2041, 2005, Founnoo Seccia Munioe - 05 Hé estudos realizados pelo proprio Poder Judiciério demonstrando a cexisténcia de nivel indesejado de morosidade, de falta de especializasio dos ‘magistrados, de problemas de infraestrutura, sem considerar a ocomréncia de atos de improbidade®. Em tema de diteito socictirio, porém, o desempenho € ainda mais alarmante. Sio poucos os Estados brasileiros que dispOem de jufzos ‘especializados em matéria scietitia. No estado de Sto Paulo, por exemplo, onde seencontra a sede da BM&FBOVESPA, nio cxistem juizos especializados em materia empresaial, quanto mais em mercedo de capitais. Também em Si0 Paulo, em virtude do enorme niimero de processos em curso, veifica-se um dos mais altos indices de morosidade. A solugio de uma ago pelo procedimento ordinério no Judici de Justisa) nfo costuma levar menos do que cinco anos. Ao considerar-se que cspecializagio e celeridade na solugto de conflitos so atributos essenciais para conferir seguranga e credibilidade ao sistema de mercado, tomna-se irrefutavel aconclusio de que o Judicirio brasileiro, 20 menos no momento stual, nfo se encontra aparelhado para exercer esse papel, paulista (até o segundo grau de jurisdigao ~ "Tribunal ‘Tanto no bastasse, para o ajuizamento da acéo judicial por exercicio busivn dle poder cle controle ou de responsabilidade contra os administradores, verifica-se um sério problema de concentracéo de custos e de dispersio de ‘eneficoe.O acionista que pretender ingressar com agio de responsabilidade contra o controlador ou contra os admministradores incomre em todos os custos do processo (contratagio de advogados, pagamento de custas e despesasjudicias, honoririos e custos da pericia, contratacao de assistentes técnivos etc) €s€, 20 final for vencedor, a indenizagao correspondente éatribuida & companhia. Na tentativa de equilibrar essa equacio, cuidando-se de sociedade controladora, a Lei das S.A.estabelece um prémio de5% ao acionista ¢ honorétios de advogado de 20%, calculados sobre o valor da indenizaglo, no caso de a ago ser julguda procedente™, Esse beneficio, porém, nfo se tem mostrado suficiente para compensar 0s custos e adversidades antes referidos. 3 O Contho Nacional det ter labora relatos anuais com dado etatiticos ore 0 Fadi co que bem vlan esa ena reais sual pokem sr enon 10 "haga um Naretor: Diponel ene shtphcn >. ces ey jun, de 2072 26 Emrecenteprsqizareaizads pot Banco Muni, mm univers de 18 pases pegs, ‘ral acu 296% pongo em eto de went para grr 0 cumprreno de cones Comers Cl WORLD BANK. Doing fsinese 2011 Braz Dsponvel em he ‘ings olstatesploreconomiestrar enforcing contac. cess un 2012 27 GEMUNHOZ,€ Empres conteparinea e deo oot ~ poder de contol egpos de ocedades Sao Paso: are de Olvera, 2002. 280 28 MLM, 8F Le dan SA. [86 ~ A Ivrorrancs 00 Sisex DF SOLUCKO be Conruos rata © Dato SociTARO. A.CVM, de seu tuo, no exereicio do seu poder disciplinar, dispunha, como ainda dispbe (embora 0 quadro tenha melhorado significativamente nos ‘dtimos anos), de poucos meios téenicos para fisalizare punir os controladores” Por isso 0 ntimero de processos ¢ relativamente pequeno, levando-se também tempo excessivamente longo para o respectivo julgamento e eventual punigio de acionistas controladores ¢ administradores. Para lidar com esse quadro,areforma da Lei das S.A. de 2001 ca disciplina do Novo Mercado socorreram-se do instituto da arbitragem”. A Lei n® 10.303/2001 estabeleceu, no §3° do seu artigo 103, a possibilidade deo estatuto da ociedade estabelecer que as divergncias entre os acionistas ea companhia, ‘ou entre © acionista controlador ¢ 0s nfo controladores” sejam resolvidas por arbitragem. De forma mais radical, o Regulamento do Novo Mercado tornou “obrigatéria para todas as companhias que se listarem nesse segmento a adocio da arbitragem como meio de solugio de confitos, conferindo-se & Camara de ‘Arbitragem criada pela prépria BM&FBOVESPA (“Camara de Arbitragem do Mercado CAM") 0 monopélio para o julgamento de tais confltos®, (vecaesed saSlexegern toeion-¢ pool echretudes paryues apr edit a Lei u°9.307/1996 (“Lei da Arbituageu), o Supremy Tribunal Federal ein 2001, julgou constitucionais diversos dispositivos de seus dispositivos, pondo fim a polémica que caracterizou a jurisprudéncia brasileira anterior a respeito do instituto™. A conjugagio desses tts fatores~ decisio do Supremo Tribunal Federal, previsio legal quanto a possibilidade da adogio da arbitragem no estanuto social de companhia ca obrigatoriedade do insttuto em relagio a companhiias listadas no Novo Mercado ~alcaram a arbitragem a um papel proeminente no mercado de capitais brasileiro BB GLARAGAG, P. A CVM em jo: ites possildades. Revise de Dio Baesrio do ‘Meads de Cpt 3p 8-49, 2006 30 _-Arepetodaimportnciada afivagem pars Novo Mercado cf SALOMAO FILHO, Ono ‘rato socetin S30 Palas Malte, 2006, p 81-53. 31 Ae 3.0.) 9*O esa disciedae poe etabelce quran acon {22 companhia ent os acionias controladores eas aconias mines, patio Set solucionides mediante abiagem, stron er que expen 32 hem 31 liv am 8 eter 1: Repulaent de stage do Novo Mead, 33 Ag Reg. naSE 5.2007, Rena da spon, Dice 18.08 2001 34 _e 2 etigao da Le 9307/1986, dois era os grandes abstculos qu el beast cava para S allagae da atagem: ns ecorinciment da lsulacorprminéra =a exgeels de homologarao do laudo atral. CL CARMONA CA. Aritageme proceso um comento 2316151307865 Pauls Maes 1998, p17 Eouaano Siccin Munoz - 87 Esse papel tende a se acentuar, na medida em que o desenvolvimento do mercado de capitais, observado de forma muito intensa no Brasil desde 2004, tem se verificado primordialmente no ambito do Novo Mercado, justamente ‘a segmento de listagem no qual a adoro da arbitragem & obrigat6ria, Pasa itustrar 0 protagonismo do Novo Mercado no desenvolvimento do mercado de capitais brasileito, basta mencionar que, no periodo de 2003 a 2010, 90% das ofertas pblicas iniciais ocorreram no ambito desse segmento™. A medida que novas ofertas piblicas de aybes ocorrem, a maior parte delas no ambito do Novo Mercado, a arbitragem obrigatoriamente passa a ser adotada como meio de solugio de confltos por um maior némero de companhias. Pode-se afirmar, nessa medida, que @arbitragem, no Brasil, acompanhao desenvolvimento do mercado de capitais. A ligagdo entre arbitragem e mercado de capitaisé de tal ordem que se pode reconhecer a experiéncia brasileira como ‘inica no contexto internacional. Viu-se na arbitragem o remédio para solucionar as deficiéncias da jurisdigZo estatal, 0 que explica a defesa praticamente inconteste do instituto, recomendado pelos principais guias e regulamentos de governanga corporativa”. Por meio da arbitragem, pretende-se garantie (i) especializacin formnagin adequada dos julgadores (érbitros); (i) celeridade nos julgamentos; (ii) menor seo de atos de improbidade, Como se veri, porém, 2 arbitragem apresenta limites importantes, que evidenciam a impossibilidade de tomé-la como panaceia para a solugio das deficiéncias do sistema estatal de solusio de confltos no ambito societério. Cabe, por isso, analisar as principais dificuldades enfrentadas pelo instiuto para cumpriro relevante,¢ talvez. por demais alargudo, papel que hoje ocupa SE rrepet ds desvoimeno do mead decals vero no Bra, sobre, a prc : Aces en de 2012 Po eae do Coli de hoes Prices de Covernanga Corporat {tam 1.8) do fio Basler de Goveranca Copa BCC], ambim, do documento Recomenstos de {CiMtsoreGovenanqn Corpora ter da ards epladora do edo devas ‘robs no Bas ou sea Como de Vlres MaBiisis (CV 188 - A neorrinc no Sis De SoLUcKO ve Comrutos rata 0 Duero SoceTARO. no direito societirio brasileiro, bem como apontar as dicetrizes que podem ser seguidas para o seu aperfeigoamento. IV. Limites DA ARBITRAGEM COMO INSTRUMENTO DE SOLUGAO DE CONFLITOS SOCIETARIOS (Os conflitos societatios, em boa medida, tém caréter coletivo ou, mesmo quando assim nao seja, eavolvem pluraidade de pessoas (confltos multipart). E 0 que ocorre, por exemplo, nos seguintes casos: () ago por exercicio abusivo de controle (a Lei das S.A. confere legitimagio extraordinéria a acionistas minoritirios para a propositura da agio em defesa e beneficio da companhia); (i) ago de responsabilidade contra administradores (a Lei das S.A. também confere legitimasio extraordindria para acionista minoritirio); (Gi) ago que visa & condenasio do controlador ou de adquirente do controle 0 langamento de oferta piblica de aquisigfo de agbes dos demais acionistas (OPA) (iv) aco de anulasio de deliberagio da assembleia geral de acionistas, () ago de dissolucio, Essa ecpécies de ages nfo se compadecem facilmente com o instituto da arbitragem, que tem como caracterstica fundamental o seu carter contratual, tendo como pressuposto a anuéncia expressa da parte com respeito & chiusula compromisséria™, Por isso, em matéria societiria, logo surgiram questOes controvertidas quanto & aplicacio do instiruto, IVA. Limimes SUBJETIVOS DA CLAUSULA COMPROMISSORIA, ‘Uma primeira dificuldade diz respeitoeficdcia da cléusula compromissiria em relagio a: (i) novos acionistas; (ii) acionistas dissidentes ou ausentes: (iii) membros da administrago (conselho de administragio ¢ diretoria) € cconselheiros fiscais. Fe ene repel ¢ tava a segue passage do vtovita dominio Nerd Sivin do ‘ene Psoralea "08 Bam dare ce dpa no ar XY, da Conus, parece dence ee nam a clases Components emo comeromiso arial, ean er Sidadeaecomengs ce sltages pooner ings pel equ cn # AE ‘lng sar oder dca © pasta, hd res da esprsavntate a See ated longo ds Cry nao caer tar se je bal eS COM enc nto ro de ar igs aco eth oe pi era coat pea vote exports ire segundo acon 30 ‘Sinameocds 2a aay aenthnenra onde ds pares” WGRSE eoeet eat ase, Dapenel em cww ges Asem un de 2012) Eountoo Stcort Muntiog - 89 ‘A introdusio da cliusula compromisséria no estatuto de uma companhia pode contar com a aprovacio expressa apenas da maioria dos acionistas ‘que comparecem a assembleia geral. Os acionistas ausentes e os acionistas que adquirem ag6es posteriormente nio manifestam expressamente sua concordncia em relagio & clausula compromisséria. © mesmo ocorte com os administradores ¢ conselheiros fiscais, que nfo votam na assembleia geral de acionistas. Ainda mais controvertido, ¢ 0 caso dos acionistas que comparecem assembleia e votam contra insergio da clausula compromiss6ria. A pergunta ‘que se pde &: estariam esses acionistas, administradores ¢ conselheiros fiscais vinculados & cléusula?” ‘Tendo em conta o cariter contratual da arbitragem ea restrigio ao direito constitucional de acesso 20 Judicidrio que ela representa, renomados juristas posicionaram-se no sentido de que os efeitos da cldusula compromisséria ficam adstritos aqueles que expressamente concordaram com sua introdugdo no cstatuto da companhia. Assim, apenas os acionistas que votaram favoravelmente a cliusula ¢ 0s acionistas, administradores e conselheiros fiscais que a ela expressamente tenham aderido ficam sujeitos aos seus efeitos. De outra parte, ni ficam vinculados 3 cl4usula compromiss6ria 0s novos acionistas, os ausentes, 0s dissidentes e os administradores e conselheiros fiseais que nfo manifestaramn expressamente sua adesio aos seus termnos, Esse entendimento, embora bascado em respeitiveis findamentos juridicos, acaba por restringir de forma relevante 0 papel e, portanto, a eficiéncia da arbitragem como meio de solugio de conflitos no mercado de capitais. O espago de atuagao da atbitragem ficaria signficativamente reduzido. Além disso, o tratamento distinto entre acionistas sujeitos a cléusula compromisséria acionistas nfo sujeitos poderia ensejar uma série de dificuldades processuais, notadamente 0 risco de decisées (arbitrais e judiciais) antagénicas, 0 que nna pritica inviabilizaria que o instituto exercesse papel relevante para 0 desenvolvimento do dircito societério. Pelo contrétio, poderia contribuir para 1 introduglo de ainda maior nivel de inseguranga ¢ incerteza TEEEARVAIFIOSA. M. EIZIRK, N. Anoua Ll ds SA S80 Poo: Sarva, 2002p. 178.207 [ERTOLDA M, Rei dn Let ce Socaades Annies ~ Comets Ll 1.303 de 200 20. (cord) S80 Pao: Revista dos Tribunals, 2002p 1; CANTIDIANO, 14s 5A Rio de ana: Renovar, 2002p. 11120; PLA, l. Neat sb ompominern ets, Reva de Deo Mean Indust, Eeandmeae Franca. 126,539 Paulo, Malte. 130, 2002, ‘90 ~ A vrokrancis 00 Sistema OF SOLU be CoNruTOS Pata © Dinero SOCITARO. Nesse contexto, ganhou forca uma segunda corrente de entendimento, que reconhece a incidéncia da cliusula compromisséria em relagdo aos novos acionistas, aos dissidentes e aos ausentes. Para essa corrente, a introdugio da cléusula de arbitragem no estatuto ¢ suficiente para vincular todos os acionistas a companhia inclusive, ausentes, dissidentes e novos), tomando-se necessiia a adesio expressa apenas dos administradores ¢ conselheirosfiscas, desde que no ostentem também a condiglo de acionistas! (Os defensores dessa tese argumentam que a sociedade € um contrato plurilateral, sendo, portanto, proprio da natureza de tal espécie contratual 0 fato de a eficicia de suas cléusulas produzir-se em relagdo a todos os sécios, inclusive, aqueles que eventualmente foram dissidentes da deliberagio, haja vista.a prevaléncia do principio majoritrio, como ocorre no caso das sociedades anénimas, Acrescentam que o contrato de sociedade nio pode ser considerado tum contrato de adesfo, a que se refere 0 artigo 4, §2°, da Lei da Arbitragem, 20 exigir manifestagio expressa e especifica da parte aderente em relaclo & ‘liusula de compromisséria", Parte dessa concorrente entende que a cliusula compromiss6ria inserida no estatuto social no vincularia apenas os acionistas ‘que expressamente votarem contra a sua inclusio. Dadaarelativanovidade do instituto no direito socictirio brasileiro, nfo hum “universo de casos najurisprudénciacapaz de indicar com seguranca oentendimento dominante®, Importa o reconhecimento de que, a prevalecer a interpretagio Tia pinot isa rt Suaianen ane eneae nao techies aes eectaas acme rea Sarees ae ag a Sot eet rc ascetic Si an ace Sige eaten near cea eer cemeteries mma esas een a eee erent een cee Deir Serene te eae Neco caso cinoma donee eel ‘usu compromissoria esata em ela0aacionsta que no anesou expressamente ancora com a blrcio a binge come meade lv de enor NO ca, ‘Enbors ncalmare tives sdoveconhacia a csi a lisa compris constant fo esa da BOVESPA, epoca ume asincocao ctl posteriormereo Tibynal de usta de So Paulo dels errs ora deco cso ao vresea asancade anne press cla contra que era prema aco em relag alls Eounnoo Sécent Munson - 91 restritiva, antes descrta, o papel da arbitrage como instrumento de soluso cficiente de confitos em matéria societiria estaria seriamente comprometido Haja vista « natureza coletiva ou multiparte dos conflitos societrios, é fandamental que todos os acionistas ¢ edministradores estejam vinculados & clfusula arbitral. A existéncia de incerteza quanto ao Srgio competente para dirimir 0s conflitos ou, pior ainda, a segmentagio dessa competéncia entre instituto da arbitragem © a jurisdigdo estatal, com o consequente risco de decisbes antindmicas, so absolutamente incompativeis com o objetivo de jmplementar um sistema eficiente de solugao de confltos. ‘Acesse respeito,é interessante observar a orientagao adotada pela CAM, apés a reforma de seu Regulamento implementada em 2011. O Regulamento da CAM, ao prever que a cliusula compromisséria aplica-se aos Partcipances des mercades regulados pela BMESEBOVESPA S.A. (tern 1.1) filia-se cortente que defende a aplicagio mais ampla da cliusula compromiss6ria estatutéria. Entende-se que a insergo da cliusula compromisséria no estatuto social 6 suficente para vincular todos os acionistas da companhia, o que se pode concluir pela eliminagéo da exigéncia, contida no Regulamento anterior, de que 05 acionistas no controladores assinassem individualmente termo de adesio B arbitragem, Em conclusio, a corrente de interpretagio mais ampla, que reconhece a eficécia da cliusula compromisséria estatutiria a todos os acionistas da ‘companhia, apresenta-se, de fato, como a solugio mais coerente com a natureza © 05 efeitos do contrato de sociedade, dada sua caracteristica de negscio plurilateral. Ademais,é a tnica interpretacio condizente com o protagonismo conferido ao instituto da arbitragem no ambito do mercado de capitais brasileiro. IV.B. Sicito DO PROCEDIMENTO ARBITRAL (O sigilo € um dos principios universalmente adotados nos procedimentos arbitrais,o que vem a stendes, muitas vezes, ao melhor interesse das partes. ‘Contudo, no caso do mercado de capitais, a aplicacdo absoluta da regra de sigilo impede que os julgamentos dos casos concretos componham um conjunto de precedentes que venham a iluminar a interpretagio e a estabelecer modelos de comportamento, indispensaveis para a evolusio do dircito societétio. Destarte, para que a arbitragem cumpra adequadamente sua fungi0 no mercado de capitsis, é de fundamental importincia excepcionar a regra do 92 - Alwwosraniaa 00 Ssremn o€ SOLUCKO OF ConmuTos rans 0 Diao Sock. sigilo do procedimento, seja para permitir que o mercado seja devidamente informado sobre fatos que possam vir a influenciar as decis6es de compra ¢ de venda de valores mobilirios, seja para tomar possivel a formagio de um conjunto de precedentes. © Regulamento da CAM, apés a reforma de 2011, cuidou da questio do sigilo, xo menos no que diz respeito & possibilidade de formagio do conjunto de precedentes. A CAM poderd elaborar ¢ publicar um Ementirio das Sentengas Arbitrais proferidas, agrupadas por temas, de modo que possam servir de referéncia (item 7.10). Deverd ser suprimido do Ementirio, porém, qualquer elemento que possbilite a identificagéo do procedimento especifico no qual cada sentenca foi proferida, o que acabarf por limitar, excessivamente, ‘a compreensio das razdes juridicas adotadas em cada julgado, Quanto a questdo da informagdo ao mercado sobre fato relevante que decorra da arbitragem, deve prevalecer sobre aregra do siglo do procedimento © dever, previsto na lei societéria, de a companhia e seus administradores divulgsrem ao mercado todo e qualquer fato que possavira influenciar a decisio «de comprar ou vender valores mobilidrios, Prevalece, no caso, o principio do fill disclosure. Sfnal,aassimetria de informagbes € principal causa ce manipulagia. do mercado e de outras formas de violagéo aos direitos dos investidores. Esse ‘specto nfo fojenfientado pelo Regulamento da CAM, que se imitou a adotar, ‘como principio geral,o sigilo do procedimento arbitral (item 9.1). IV.C. LirisconsORCIO UNITARIO & DECISOES CONTRADITORIAS ‘Muitos conflitos societirios caracterizam situagées de litiscons6rcio Uunitério no polo ativo da relagio juridica processual®. Sio agées que dizem reapeito a relagbes juridicas incindiveis, que devem ser decididas de forma uniforme para todos e que, por outro lado, podem envolver pluralidade de partes no polo ativo da relagdo processual. Vale cuidar de alguns exemplos: () agdo de anulagio de deliberagio de assemblcia de acionistas**~a ago pode ser proposta por qualquer acionista, mas evidentemente poderia sé-lo pelo conjunto de todos ou de virios acionistas da companhia; 3 CLDINAWARCO, C. Lisconstcia 8 ed S80 Paul: Mahon, 2009; BARBOSA MOREIRA, I iiconséeo unt. Rio de ano: Frese, 1972 IEBMAN, .Efeata = autora 0 Sentena ed (Wa, BUZAD, Ae AIRES, Rode Janes Fornse, 2006. CRINOVER, A "Notas wads brasil, IN LIEBMAN, E. fc atid deserter eR Jo Ieper: Foren, 2006, 44 CEDINAMARCO. Ltsconstci ck. 228 Eouaroo Secon Munror - 93 (i) aso de dissolugio de sociedade® ~ igualmente, a agfo pode ser proposta por um tinico acionista, ou por todos cles; (i) agao de responsabilidade contra administrador de companhia ~ pode sec proposta por qualquer acioista (art. 159, §3,L¢i das S.A.), se aassembleia tiver aprovado a propositura da ago, mas tier transcorrido in albis 0 prazo para a compashia props como também pode ser proposta por aioness que eepresentem 5% do capital social no easo de a assemble ter rejeitado 2 propositura da ago (art. 159, 64°, Lei das S.A.)*s (iv) agi por exercicio abusive do poder de controle no caso de sociedade controladora, por qualquer acionista ou por acionistas que representem 5% do ‘capital social (art. 246, "2" “b", Lei das S.A.) (©) asdo condenatéria ao langamento de oferta publica de aquisigto de agbes (OPA) ~ hd diversas situagses prevista na Lei das S.A. que obrigam 0 ‘cionista controlador, ou o adquirente do controle, ao langamento de oferta pblica de aqusigo de agbes (4, art.254-A, Lei das S.A.) cabendo em todos fsses casos a propositura da aco a qualquer acionista da companhia. , .m alguns dos exemaplos citados acima, 0 acionista ou 0 conjunto de propio part 0 qual todos eto coegtimados.E o que sed em stato 8 aslo condenatéria ao langamento de OPA, A agio de dssolugdo de sociedad, 2 agio de anulasto de deliberasio da assembleia de acionistas. Em outros casos, a lei confere ao acionista, ou ao conjunto de eee aprdinéria (ast. 62, Cédigo de Processo Civil) para a defesa de interesse da es aeeaenn geome na apo derivada de esponsabilidade conta dministradorese na ago por exercicioabusivo de poder de controle. Importa, porém, que, em todos os exemplos acima referdos, a relagSo juridica seré jnvariavelmente uma s6, ndo comportando solugses diferentes para os diversos colegitimados. Po isso, originam o chamado lticonsrcie unitdrio, “Tratando-se de litiscons6rcio unitério,em que ha incindibilidade da selagto controvertida, a regra bisica é também a da necessariedade do litisconséreio (art. 47, Cdigo de Processo Civil) Por se tratas, porém, de litisconsércio no polo ativo da relagSo procesual, 0 direito processul brasileiro abreexces#0 a tessa regra, com o objetivo de ampliar o aceso a jurisdito, tornando faculativa io CLDINAMARCO. Liticonsrci hp 230 a 94 - Alworrinew vo Sis ot SoLucKo DF ContuTos mR © Dito Soca. 0 litiscons6rcio. Assim, a demanda proposta individualmente por algum dos colegitimados pode ter o seu mérito julgado. O risco de confito entre julgados fem torno dessas relagies ¢ resolvido, entio, por outras regras processuais, notadamente por meio da extensio dos efeitos da coisa julgada”. Segundo a posicio defendida por Dinamarco*, no caso de colegitimados cotdinérios (rg, agfo de anulacio de deliberagio assemblear), a coisa julgada que se forma sobre a sentenga que julga improcedente a pretensio de um nfo atinge o poder de ago dos demnais(limitagio subjetiva da coisa julgada ~ art 472, Cédigo de Processo Civil); mas, julgada procedente a demanda de algum deles, 0 ato se desconstituie os outros carecerio de interesse processual para 0 ajuizamento de novas demandas. Por outto lado, no caso de demandas proposta por legitimado extraordindtio (vg. agio de responsabilidade civil contra administrador; ago por abuso de poder de controle), a sentenca que julgara demands procedente ou improcedente ‘ter eftito sobre todos os demais, por ser inerente 20 instituto da substituiso processual fcaro substituido vinculado 20s efeitos da sentenga e coisa julgada ‘material produzida na ago proposta pelo substituto”. Seos problemas queslrivam do liissonssrciosunitirio no polo ative darelagso processual sio complenos quando se cuida da jurisdigio estatal, pode-seafiemar ser ainda mais dificil sua superast0 quando se trata de procedimento arbitral No dircito processual brasileiro, sendo proposta a agio por um dos colegitimados, os demais poderio ter noticia do ajuizamento da demanda (a regra bisica é a da publicidade dos atos processuais) e passar a integrar a relagio processual. Se, por outro lado, duas ages com o mesmo objeto forem ppropostas por diferentes colegitimados, caberi so juz a reuniio dos proceseos por conexio, ficando prevento aquele que despachow em primeiro lugar (arts. 108 ¢ 105, Cédigo de Processo Civil). Se, no futuro, nova acio for proposta com 0 mesmo objeto, o juiz. deverd extinguir © processo sem apreciagio do mérito, se werficar que o colegitimado, autor da nova demanda, esti vinculado 208 efeitos da sentenga proferida em demanda proposta por outro colegitimado (vg sentenga de procedéncia da demanda, no caso de colegitimasio ordinaria, 7 CLDINAWARCO. Liiconsyca ch, pp.222291 251-264, $8 Cl Litscoserel et pp. 228-229 89° CLDINAMARCO, Lieconvo, ep. 225, Eauanoo Secert Munnice - 95 ce sentenca de procedéncia ou de improcedéncia, no caso de colegitimagio extraordinaria). [A despeito das perplexidades e difculdades que o litiscons6rcio unitirio- -ativo susita no direito processual, ae, doutrina ¢ ajurisprudéncia incumbirarn- se de construir principios que visam a oferece solugdes coerentes ¢ harménicas. (© mesmo nio se pode afirmas, porém, em tema de arbieragem, instiuto que, como afitmado, no se compadece naturalmente com confitos coletivos. Pode-se chegar facilmente a essa conclusfo, quando se analisa a abordagem conferida a0 tema pelo Regulamento da CAM. (© Regulamento da CAM nao cuida do litisconsércio diretaments, mas, apés a reforma de 2011, procura enderesar os problemas a ele correlatos em Segio intitulada Intervenpto de Tereiras e Conexdo (item 6). Por meio da intervende de tereeros, permite-se que qualquer das partes no procedimento, antes da nomeagio do arbitro, posse chamar um terceiro ppara o procedimento, admitindo-se, ainda, que o proprio terceiro tome essa iniciativa. Haveri, entio, decisio a respeito da integrasio, ou nio, do tereeiro ao procedimento arbitral (item 6.1.4). Ense iictauisniy peimite que um dos colegitimados para determinada demanda (ug., acio por exercicio abusivo do poder de controle) possa integra © procedimento arbitral iniciado por outro colegitimado, Essa integrasao & altamente desejavel nas situagées de litisconsércio unitirio em que ocorre 4 legitimasio extraordinéria, de que se cuidou anteriormente. Contudo, a rcgra de sigilo que prevalece em selacio ao procedimento arbitral difculta 0 conhecimento da demanda proposta pelos demais colegitimados, impedindo aque estes venham a aderir ao procedimento iniciado por um deles. Ji por meio da cones o Regulamento da CAM pretende evitar a superveniéncia de decisdes contraditérias, Para evitar a ocorréncia dessas situagées, 0 Regulamento estabelece que o presidente da CAM poder determinar a reuniéo dos procedimentos coneses para julgamento conjunto (item 6.2). Nesse caso, se nfo tiver havido a constituigio do Tribunal Arbitral ‘no momento da reunito dos procedimentos, as partes deverio consensualmente ‘nomet-los (item 6.2.2). Nio havendo consenso,o presidente da CAM nomeari todos os Arbitros (item 6.2.2). Por outro lado, se jé houver Tribunal Arbitral consttuido 20 tempo da reunito, este seré competente para o julgamento de todos os procedimentos conexos (item 6.2.3). 196 - Alurosranca 00 Sistima DF SoLUcAo 8€ Consus pata © Dao Soca, ‘A solugio de confer ao Presidente da CAM a competéncia para 4 reuniso de processos contribui para mitigar 0 risco de solug6es contraditriag ‘em caso deltisconsércio unitirio. Contudo, o siglo do procedimento as regra préprias para indicasio de srbitros dificultam o bom fancionamento dessa sola, que, no caso de conexio, ou o Tribunal Arbitral seri constitido por aquele que primeiro ingressou com a arbitragem, o que pode dar margem a _manipulagies (vg, grupo de acionistas ingressa com procedimento arbitral precipitadamente com o tinico objetivo de indicar determinado érbitro) ou, caso ainda nfo tenha sido constituido, seré decidido unilateralmente pelo Presidente da CAM. Ambas as solug6es parecem inferiores as preconizadas pela jurisdigto estatal, ao tutelaro principio do juiz natural Tnfece-se dai que a regra de (i) sigilo do procedimento arbitral e (i) paticipagio das partes na indicagio dos érbitros conflitam com as solusées ~ integragio de colegitimados ao procedimento e reuniio de procedimentos~ preconizadas para lidar com o risco de decis6es contraditérias que deriva das situagoes de litisconsércio unitério, muito comuns, como se vi, em se cuid de liigios socieeirios. ‘Ainds mais problemética, porém é a extonsfo dos efeitos da sentenga arbitral. Jé se viu que o dircito processual mitiga o risco de decis6es contraditérias no caso de litiscons6rcio unitirio-facultativo no polo ativo d relacio processual por meio da extensio subjetiva dos efeitos da coisa julgad Essa solugio € compativel com a sentensa arbitral, proferida em procediment ddo qual néo participaram alguns dos colegitimados? Os limites subjetivos da cliusala compromisséria, de que ¢ cuidou anteriormente, sio compativeis com a extensio da eficécia da sentenga arbitra a esse ponto? Ainda a esse respeito ‘como estender os efeitos da sentenga arbitral aos ttulares da relagio jurid de direito material de natureza incindtvel, por ela decidida, se prevalece a reg 4e sigilo quanto 20 procedimento? Essas questées, a todo sentir, encontram- se abertas no diteto brasileiro, nfo se encontrando na lei, na doutrina ou ma jurisprudéncia diretriz clara a respeito. Certo éque, para assegurar&arbitragem ‘a possibilidade de exercer o papel que lhe foi reservado no mbito do mercado. de capitais brasileiro, a resposta a ser dada deveria ser necessariamente 90 sentido da extensto subjetiva dos efeitos da sentenga arbitral Em suma, no caso de litiscons6rcio unitisio, o Regulamento da CAM parece insuficiente, sendo recomendavel a sua revisio no sentido de: (i) Eouasoo Stoo Munton - 97 ‘onferir publicidade quanto aos procedimentos arbitras iniciados ao todos (0s acionistas, no caso de litisconsércio unitirio entre eles; (ii) ampliacio das hripéteses de integragio de colegitimados a procedimentos em curso; (ii) definisio de critérios claros que determinem a obrigatoriedade da reuniio de procedimentos na hip6tese de litisconsércio unitério, especialmente em felacio aquele decorrente de colegitimagio extraordinari; (iv) definigio de regras quanto 4 composicio do Tribunal Arbitral, de forma andloga as regras processuais que visam a tutelar o principio do jui2 natural, definindo-e, por txemplo, sistema de distribuigao por sorteio entre os arbitros integrantes da CAM, no caso de nao haver consenso entre as partes em processos que envelvam {nteressescoletivos;¢ (v)discipfina da extensio dos efeitos da sentenca arbitral ‘em relagio 20s que néo participaram do procedimento. (O quadro atua, pelas razdes anteriormente exposta, parece nao oferecer sespostas suficientes para eliminarasincertezas insegurangas quanto i matéra, suscitando, ainda, espago para manipulasio dos procedimentos arbitrais que afetam interesses coletivos dos acionistas. V. ConctusAo, Como se procurou demonstrar nos t6picos anteriores, a existencia de um meio eficiente de solugto de confltos ¢ essencial para o desenvolvimento do ‘mercado de capitais,O sistema de mercado exige confianca nas regras do jogo ‘ena conduta dos jogadores,o que impoe a existéncia de um mecanismo capez de dar respostasripidas e adequadas para os eventuais desvios. Sto pressupostos ess cficiéncia: (i alto nivel de especiaizagao e de conhecimento dos juizes; (i) atta reputagao e probidade dos juizes; (ii) celeridade do procedimento; © (iv) efetividade das decisdes tomadas. Em paises como o Brasil, em que as deficiéncias da jurisdic estatal sto patentes, a abitragem surge, talvez, como a melhor resposta a essa exignci. Para assegurar que a arbitragem exersa a relevante funcio que Ihe é atibuids no mercado de capituis brasileiro, importante, porém, que alguns obsticulos remanescentes sejam superados. E preciso que a jurisprudéncia solucione a controvérsia atual sobre © alcance subjetivo da cliusula compromissra em relagfo aos novos acionistas, 0s ausentes e aos dssidentes. F necessirio aperfeigoar o Regulamento da CAM para engientar questSes como: (i) sgil das decisses, (i) itiscons6xcio 198 - AlvroxrAnci 00 SisveMa be SoLUCKO Be ConFiOS PARA © Dito SOLETARD. unititio e decisdes contraditéria; (ii) extensto dos efeitos da sentenga arbitral ‘a terceiros; (iv) composigio do Tribunal Arbitral no caso de contfitos coetivos seas questdes, ainda que venham a ser adequadamente enffentadas, demonstram que 0 insttuto da arbitragem apresenta limitagées natura, que 0 impedem de oferecerresposta amplamente satisfatéria a todos os problemas aque decorrem dos confltos no mercado de capitis. Em uma palavra, arbitragem no constitui mecanismo capaz de substituir Funcionalmente de modo completo, a ineficiéncia da jurisdicko estatal Porisso,o aperfeigoamento da jurisdisao estatal, ao lado da arbitrager, € fandamental para asseguras que 0 movimento de notivel evolusio do mercado de captais brasileiro, verifcado nosiltimos anos, passa seguir o seu curso, Neste sentido, a recente criagdo da Camara de Direito Empresarial pelo Tribunal de Justiga do Estado de Sto Paulo em 2011, estado da Federagdo onde se localiza ‘a BM&FBOVESPA, consttui, sem diivida, noticia auspiciosa. Bspera-se que coutrasiniciativas semelhantes venham a ocorrer no fururo préximo. Bie.ioGRaria ACER, AA comnts doe fe a clini compro ox nao wc ER A ghia de wba ind ~ 12 oe a ee Se Pas Mai p18 BERCOUIUN Rb de tr Soda dntine~ Cmenrio Li 0308, 08 Aro Sus Pu avs dor Ubu 200 BEDCHI L.A narprctn tory oforpntc omen an onl, Nona Baa Er Pg Pager TUR, 9 Dayton prea e ee eam emp % BLACICB Suighenng Br ein et, Revi de ii Maran I \Sednin Peenea 28 p4 CCANTIDIANO LR daa ds Ri i: Reso, 202 3 Sn Near ibn’ s cet de cand compromise, Rv de Dil i) Naa th nie Pn 26 ie Pa Malo p30, 20 CARREIRA ALNIM td el de riage, Bo Hoszone Manat, 2000, CARMONALC Aang ruc omnia ei9 0776S Pa! oe CCARALHOSA.M cEIZIRIK,'.A noe Ld 4 Sto Pal: Sui, 202. COFFEE JR}. Gap heprfein: n erp roca rio Oxo Pret 68. COE J) -The ce of pred owner ofow a he ste inthe ee Rd cn La foal 1.120 DINAMARCO, trie So Pak Madeira, 209, DINAMARCO, CA incrumentaldade de procs 14 ed. 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