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lad José Afonso Botura Portocarrero habitac em Mato Grosso Tecnologia indigena nq entrelinhas José Afonso Botura Portocarrero Bem mato cece NaADItaGao 23 edicao Dentetas] Apresentacao [1¥ediga0] Prof Dre Maria Fétima Roberto Machado Departamento deAnropologia/Museu Rondon -UEMT (Coenéenadica do niceo Teena Quando olhamos 8 nossa volta, temos a sensago de que quanto mais avangamos no domi- rio dos complexos sistemas de comunicagéo, quanto mais possibilidades de integracéo entre os setes humanos, mais a convivéncia entre os que pensam diferente parece cada vez mais listante. Por isso, talvez uma das mais importantes contribuicdes de um intelectual comprometido com o mundo em que vive seja colocar a sua energia criadora disposigdo do entendimento en- treas pessoas, considerando as mais diferentes culturas eas mais diferentes condig6es materiais, de existéncia. Esse 6 0 grande desafio que tem invadido de modo intenso as eflexdes e a pratica profssio- nal do Prof. Dr. José Afonso Botura Portocartero, 0 longo de pelo menos mals de duas décades, desde que ele se tornou um arquiteto, com mestrado em Historia pela UFMIT e doutorado pela Fa- cculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Sao Paulo de cuja banca eu tive o prazer de participar juntamente com o seu orientador, Prof, Carlos Roberto Zibel Costa, eos professores Rafael Antonio Cunha Perrone, Renate Brigitte Vertler e Cléudia Terezinha de Andrade Oliveira, Seu coracéo mato-grossense fol desde cedo, ainda nos tempos do Colégio Sto Gongalo,con- ‘quistado pela exuberancia cultural do softido povo Bororo. Seus trabalhos académicos tém re- vvelado isso de maneira inovadora, através da proposicéo de uma arquitetura que é, 20 mesmo tempo, bela em suas formas de inspirago nativa e preocupada em dialogar com esse novo sé- ‘culo, tanto na apropriagéo das inovagées tecnolégicas quanto nas urgentes respostas&s exigén- eredes socias (YouTube, Facebook, ‘Twitter, Instagram); além do tour virtual no link ; + Selo PROCEL Edifica Nivel A em projeto ‘ edificaca0 construida, em 2013; + Prémio COBEE (Congresso Brasileiro de Eficiéncia Energética), em 2014; + Prémio ISWA (international Solid Waste Association) para 0 Guia Prtico para _ Sustentabilidade nos Pequenos Negécios, em 2074; + Finalista do Prémio Fecomérco de Sustentabilidade, em 2014; + Certificagéo BREEAM In-use, classficaso “Excelente” do Building Establishment Environmental Assessment Method (BREEAM), em 2016; + Prémio 152 Benchmarking Brasil do Instituto Mais, em 2017; + Certiicagao Greenbuilding Council Zero Energy (GBC), em 2017; + Finalista na categoria Novas Construgdes em Uso da premiagso BREEAM Awards 2018 como representante do continente suk americano. ‘Tudo isso vem ocorrendo nesse ecificio re conhecido e premiado, que desperta cada vez ‘mais atengSo e Interesse, especialmente de em- presirios e empreendedores de Mato Grosso € de todo 0 Brasil © projeto arquiteténico da sede do Cen: tro, de auitotla do arquiteto José Afonso Boturs Portocarreto, & nosso grande aliado no caminho que estamos trilhando com muita conviccso, dedicacao e comprometimento de estarmos no rumo certo para‘ continuidade da vida em nos- soplaneta. Adufmat Obra construida em 1992 no campus da UFMT, em Culabé. Projeto estrutural de autoria do engenheito e Prof. Dr, Manoel Santinho Rodrigues Jénior. Os pilates e as vigas do prédio receberam grafismos indigenas, impressos em baixo relevo no concreto, executados pela arquiteta Maria Clare Migliaccio. Pode ser tomada como uma expresso da casa Xavante, por sua planta de forma circular. Iniciaimente foi proposto que o auditéro, localizado no pilots, conformasse uma praca, espaco aberto que posteriormente foi sacrificado e fechado @ pedido da Associagao. Atualmente encon- tra-se em desenvolvimento um estudo para que a “oca" passe a desempenhar apenas funcdes culturais ¢ que a administragao passe a ocupar um prédio anexo a ser construido, conforme se pode ver na Figura 70.2. , ua 701. Cogus ateesquensico oy ‘Tecotglalndgena em hate Geos | Habito fio 703, Ada vita Gn, mao 200, ano ,n.2) agra 704 Detaled teri da Adtnat Memorial Rondon Obra executada pelo Governo de Mato Grosso, de 2000 a 2016, no distrito de Mimoso, local de nascimento do Marechal Rondon, municipio de Santo Anténio de Leverger. Coautoria do arquiteto Paulo César Molina Monteiro, projeto de estrutura em ago do engenheiro José Jairo Sales concreto do engenhelro Licio Roberto de Almeida. Oprojeto apresenta a configuragao espacial de uma aldeta com 63 m de didmetro. 0 Memo- rial esté localizado na borda do pantanal mato-grossense, junto das lagoas de Chacororé ¢ Si Mariana e do Rio Mutum. Quando em uso abrigaré um espaco comunitério no seu piso interme- didrio, destinado as atividades de venda de artesanato e apoio de conveniéncias para turistas. No piso superior est localizada a sala de exposicbes, onde serdo expostas periodicamente atra- vvés de mostras itinerantes partes do rico acervo do Marechal Rondon espalhado pelo mundo; possui ainda neste piso um laboratério de campo para estudantes e pesquisadores do pantanal, joteca e a rea administrativa, que também funcionara como ponto de apoio para o.ge- renclamento do Plano Diretor do Distrito de Mimoso. O piso térreo ou pilotis pode ser acessado rnaturalmente por terra na estagdo da seca e se prestard para festas tradicionais mimoseanas. Na cestacdo da dguas, ou na cheia, sera proporcionado 0 acesso 20 Memorial também por pequenas ‘embarcagées, Uma estrutura porticada pars jazigo est situada no rumo oeste. uma Finva71. oq cote esxquentio 20 “Tectia braigenaem Mate Groso | Hbiacio ae EE AR TE ETE ay a Wee bi : ' = Mee fia 2Coqusdengac, wb Fipso7 13 Montage nl esta meta do emorl Rardn, em Meso. In Plo Det oso de Mineo Cab: Exel 2005 Fay ase igo 2016) gua 715, eta acobetu (2016) a Base Avancada de Pesquisas do Pantanal / UFMT Executado em 2007 na dtea do Hotel Sesc Pantanal em Porto Cercado, municipio de Poconé. Base de pesquisas construfda com recursos da Finep - Financiadora de Estudos e Projetos -, destinada a abrigar equipes de pesquisadores na regio do pantanal. Tratam-se de cinco casas interligadas por passarelas que permitem a ligagdo entre elas na época das chelas pantaneiras. A tipologia indigena com pé-direito alto proporcionou a execugdo de um mezanino nas casas-dor- it6tio. O conjunto & constitufdo por uma casa-laboratério, uma casa-administrago/zelador & trés casas-dormitério, todas dispostas em semicirculo e construidas sobre palafitas. A cobertura foi executada em telhas onduladas do tipo termoactisticas e foram recobertas por uma trama de ‘madeira Itauiba certiicada, funcionando como com um pergolado afastado cerca de 40 cm da cobertura e propiciando sombra; a concepcao estrutural é semelhante & do protétipo construido nna UFMT e que abriga o Nicleo Tecnoindia, Fi 721. Caaemerecario m Tenslegiindlgen em ata Gato | Habtagio Figws 723 Vado pti dabasenaépca da chia Ncleo de Estudos e Pesquisas Tecnologias indigenas =Tecnoindia Construido em 2007 no campus da UFMT, em Cuiabs. A concepgéo estrutural fol estabelecida através de estudos desenvolvidos em parceria com ‘otecnélogo Amilton Machado. Construida originalmente sob regime de comodato para funcionar como um ponto de apoio do Banco Real para os estudantes do campus da UFMT, em Cuiabé, sua execugo pode ser to- mada como um protétipo do projeto Tecnoindia, uma vez que seu original desenho fol apenas adequado as necessidades propostas, Posterlormente, em virtude de um incéndio ocorrido, f- ‘cou sem operat por alguns meses, quando foi entdo autorizado seu uso como sede do Nucleo Tecnofndia, onde atualmente se desenvolvem projetos de pesquisa ¢ extensio sobre tecnolo- ‘jase design indigenas.O Nacleo é vinculado a0 Departamento de Arquitetura e Urbanismoeao Museu Rondon e sua coordenacéo é hoje exercida pelo arquiteto e Prof. Dr. José Afonso Botura Portocarrero e pela antropéloga e Prof, Dre, Maria Fétima Roberto Machado, Fina. Ni de stdese Pesqs enlarges Tecra. Na fot, os artes Cars ibe exude os aso 2 Tecetogininaigensem Nite Goto | Hobie Fiyo733 ein, stata do ald V- Tanstempe 2s Reitoria e Administracéo Central da UFMT (campus Cuiaba) Projeto de arquitetura em coautoria com Pedro de Abreu Lima Portocarrero. Projeto estrutural dos engenheiros e professores Manoel Santinho Rodrigues Jinior Alberto Dalmaso. Desde a fundagao da UFMT a reitoria esteve abrigada provisoriamente em diversos locals a0 longo de trinta anos. A construgéo de um prédio exclusivo paraaareitoria e pré-reitoriaslibe- +a 0s espacos administrativos cedidos pelas vérias éreas einstitutos em diversas edificacées no ‘campus da UFMT. O projeto da reitoria buscou atentar para o caréter regional da UFMT, conheci- da inicialmente como Uniselva, procurando explicitar em sua arquitetura um desenho capaz de distingui-lo como referéncia entre as demais construcdes do campus. Através da economia de energia na edificagao, incorpora conceitos de eficiéncia energetic, de conforto ambiental e sus- tentabilidade, Materiais e tecnologia disponivels de dltima geragSo foram avaliados e aplicados na arquitetura e estrutura do prédio. © projeto faz referencia as construcbes dos povos que habitavam ancestralmente 0 vasto territorio mato-grossense. Sua estrutura linear de cerca de 90 m de comprimento por 30 m de largura assemelha-se mais propriamente ao desenho das casas indigenas xinguanas, pelas pro- porgées alongadas que as caracterizam. Fav 741, Cogs corte exquemitico 26 ‘Tecnlogiaindigeraem Met Geso | Hobo 0744 isa latent Museu de Historia Natural de Mato Grosso Estudo preliminar para o campus da UFMT, em Culaba (2010). Este projeto é coordenado pelos professores Drs. Edward Bertholine de Castro (Vava)} Alexandre Ribeiro, do Departamento de Biologia da UFMT. ‘A proposta de sua arquitetura procura fazer referéncia & casa Yanomami, com seu vo cen- tral aberto, por onde atravessam aqui as Srvores nativas do cerrado mato-grossense. Sua original proposta de localizacao coloca o museu na érea de influéncia do parque z00-botanico da univer- sidade e préximo da grande érea de esportes do campus, Constituido por um subsolo onde deverdficar a reserva técnica e laboratérios, possui oni vel intermediario no terteno natural, que é parcialmente configurado por um pilots circular. No piso superior, acessado por rampa, estardo 0 acervo e a rea principal de visitacao e demais par- tes do programa, como administraco, em mezanino, e café, loja e outros. A ideia é que possua colegdes permanentes, possa abrigar exposicdes periddicas e seja um espaco de apoio na for ago académica, V0 Figua75..Cnte esque CPT aT Fia752 planta Fioua 733. Detahe doptomere do muse qua .mplatagi esquemsta do Museu de sta ata de Mat Gro Casa de Satide indigena - CASAI Projeto de pesquisa Funasa/UFMT, CV 161/2000, concluido em 2010. Pesquisa coordenada pela antropéloga Prof. Dr. Maria Fatima Roberto Machado. A pattir das pesquisas realizadas, das visitas de campo nas CASAls existentes e nas aldeias dos povos atendidos por essas instalacdes, na medida em que ficava claro que as atuais instala- «Bes de CASAls mais apontam parametros de como nao devem ser construidas do que referén- las para novas possiveis construcdes, foram sendo definidas as opcbes de se buscar apropriar das vantagens construtivas das habitacées indigenas, de seu peculiar desenho cultural, conside- rado aqui o desenho como parte da tecnologia. 0 projeto fol pensado para atender as diversas situagdes e populagbes dos povos indigenas, nas diferentes regioes de Mato Grosso, a partir de um médulo constituido por uma casa. O con- junto de 8 casas constitul uma CASAI bésica,disposta em forma de aldeta circular com didmetro de 36 m. A esse conjunto pociem se juntar até mais 5 médulos-casa, permitido CASAls variadas de9,10,11,12.0u 13 casas, dependendo das necessidades da regido onde for construlda. A cons- ‘truco modular permite também sua insergo em ambientes jé construidos, proporcionando a ampliagéo de numero de leitos das CASAls existentes sem prejuizo de seu funcionamento, no «aso das cidades que possuem as CASAIs construidas em chacaras. Da mesma forma é possivel ‘uma montagem répida de médulos para situacbes de emergéncia, quando necessério, ou para ‘cumprir com necessidades de ampliacéo de CASAIsjé existentes. Fu 6. mpl esuemstica da CASA Figura 75.2 Vita da platagso 20 Teenologlindgena em Mato reso | Habhacio Fin 763. Bevaioesqpendta do OSH {A disposicio bdsica dessa forma pode ser construida nas cidades, em terrenos de 10.000 mr’, conformando uma quadira de 100x 100 m, comuns na maioria das malha urbanas. As indicacdes dda pesquisa obtidas através das entrevistas com pacientes e corpo técnico das CASAls visitadas apontam que a localizacéo Ideal para essasinstalagbes situa-se numa faixa intermedistia entre a zona central das cidades eos limites do perimetro urbano, com possibilidades de acesso a trans- porte coletivo. Fig 64 Dea deuma cosa Fi 765. Detahe da cela coberta

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