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LN" ee artigos:203 } DL n.* 4/2015, de 07 de Janeiro (versao actualizada) CODIGO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO (NOVO) CContém as seguintes alteracies; Lein.* 72/2020, de 16 de Novembro Din." 11/2023, de 10 de Fevereiro SUMARIO, No uso da autorizacdo legislativa concedida pela Let n.* 42/2014, de 11 de julho, aprova o novo Cédigo do Procedimento Administrativo Decreto-Lei n.* 4/2015, de 7 de janeiro 1 0 Cédigo do Procedimento Administrative foi aprovado pelo Decreto-Lei n.* 442/91, de 15 de novembro, tendo sido revisto pelo Decreto-Lei n.* 6/96, de 31 de janeiro. Desde 1996, nunca mais foi ‘objeto de revisio. No entanto, essa revisio foi-se tornando necessaria & medida que tempo passava. Por um lado, alguns preceitos do Cédigo revelavam uma desconformidade com alteracdes entretanto trazidas ao texto Constitucional e ao direito ordinario. Por outro lado, novas exigéncias que neste intervalo de tempo foram colocadas & Administracao Pablica e, mais do que isso, ao exercicio da funcao administrativa, © a alteracao do quadro em que esta iltima era exercida, por forca da lei e do direito da Unio Europeia, Jimpunham que essas exigéncias tivessem correspondéncia no texto do Cédigo. ‘Além disso, a experiéncia acumulada ao longo de mais de 20 anos de apticagao do Cédigo e a vasta doutrina e jurisprudéncia entretanto formadas em torno de matérias nele reguladas forneciam contributes para o enriquecimento de Cédigo que, na sua revisio, nao podiam ser ignorados. Por fim, 0 direito comparado sugeria algumas solucdes que nesta matéria podiam ser dteis & ordem juridica portuguesa. Foi por todas estas razdes que se procedeu & elaboracao do presente diploma. 2.- Para o efeito, foi constituida uma comissao de especialistas, que preparou um anteprojeto de revisdo. Esse anteprojeto fof submetido a discussdo pablica, que se revelou extremamente rica, com ampla participacao de interessados dos mais diversos setores, desde a Administracdo Publica as universidades, passando por advagados e magistrados, A mesma comissio incorporou depols, ne projete final, multas sugestées que resultaram desse debate, Contudo, o projeto final revelou uma profunda transformacao do Cédigo do Procedimento Administrative fem vigor. ‘Assim, 0 Governo, constatando tal transformacio, e apesar de reconhecer que o projeto néo efetuou um Corte radical com 0 Cédigo do Procedimento Administrative aprovado pelo Decreto-Lei n.* 442/91, de 15, ‘de novembro, entendeu que as solucdes propastas para institutos tio importantes no direlto administrativo, como sejam o regulamento ¢ o ato administrativo, eram de tal forma inovatérias que se estava perante um novo Cédigo, ‘Acstas solugdes inovatérias acrescem outras propostas que iro transformar profundamente o modo de funcionamento da Administracao Piblica nas suas relages com os cidadaos, como € 0 caso do novo regime das conferéncias procedimentais, pelo que, em face de tudo isto, se justifica que o projeto de revisio do anterior Cédigo do Procedimento Administrativo seja agora assumido pelo Governo como . Divides se em tr&s secces: seccio I: «Dos sujeltos do procedimento~; seccio ll: -Dos interessados no procedimento»; secgdo Il: »Das garantias de imparcialidade>. A matéria das Seccdes |e Il étratada sob uma perspetiva procedimental, que coloca em paralelo a Administracao, 0s particulares e as pessoas de direito privado em defesa de interesses difusos, como simultaneos titulares de situacdes juridicas subjetivas que disciplinam as situacdes da vida em que todos intervém e que séo objeto das relacoes, juridicas procedimentais. Na seccio |, procede-se, em primeiro lugar, & qualificacio dos sujeitos da relacio juridica procedimental. No tocante aos sujeitos piblicos, parte-se do elenco de drgios constantes do artigo 2.° e apuram-se, de ‘entre esse panorama global, aqueles que sejam detentores de competéncia para a tomada de decisdes e ‘ou para a pritica de atos preparatarios no ambito do procedimento administrativo. No n.* 2 do artigo 65.*, manteve-se, para a parte que se posiciona perante 0s sujeitos piblicos da relacéo Juridica procedimental, a tradicional designacéo de ~interessados» (interessados na relacao juridica pracedimental). Foi uma opcio consciente. Cam efeito, nao basta para identificar os sujeitos de situacdes juridicas procedimentais que o particular seja titular ou portador institucional de interesse ‘envolvido na materia decidendi. Como a doutrina tem notado, a essa posi¢do substantiva tera de se ‘somar uma interven¢ao formal, por iniciativa prépria ou por convocagao da Administracao. Por outro lado, & democratizacao do procedimento importa que os particulares e a Administragao nele aparegam face’a face, enquanto titulares de situacGes subjetivas ativas e passivas reciprocas. Isso nao significa uma ‘igualizacao, porque, ao passo que os particulares detém direitos, a Administracao exerce um poder publico. Mas 0s particulares nao sao reduzidos a objeto daquele poder, nem meramente afetados, positiva ‘eu negativamente, pelo modo como sobre eles se refletem as consequéncias da respetiva concretizacao. Pelo contrario, a par de efeitos materiais, existem efeitos juridicos, bem como pretensdes de estofo Juridico quanto ao modo do respetiva exercici. Na alinea d) do n.* 1 do artigo 65.* e no n.* 4 do artigo 68.*, so, entretanto, reconhecidas como uma das modalidades das relagdes juridicas procedimentais as relagées procedimentais entre érgaos da ‘Administracao Piblica, respetivamente, nos papeis de exercerem poderes pablicos e de figurarem como titulares ou defensores de situacdes juridicas conformadas através do exercicio de tais poderes. Assim sendo, e ndo sendo apropriado incluir estes érgaos no conceito de sujeitos privados, pareceu, apesar de tudo, preferivel enquadré-1os no conceito de interessados na relacao juridica procedimental. 9 - O artigo 66," & dedicado & figura do auxilio administrativo, No seu n.* 1, estabelecem-se pressupostos ‘que, embora sob uma formulacao simplificada, se inspiram no n.* 1 do artigo 5." da lel alema do procedimento administrativo. 0 artigo 92.* do anterior Cédigo é eliminado porque, na realidade, ele Fespeita ao auxilio administrative, mas apenas no ambito demasiado restrito da realizagao de diligéncias de prova. Nonn.* 2 do mesmo artigo 66.*, estabelecem-se as garantias de siglo, por remissio para o regime de acesso aos documentos administrativas, Nonn.* 3 ainda do mesmo artigo, prevé-se a situagio de recusa do auxilio administrativa solicitado ou de dllacdo excessiva na sua prestagao. Sem uma solucdo para o efeito, 0 auxilio administrativo nao passaria dde uma intengao piedosa. Mais uma vez, em lugar de conceber um regime ex novo, remeteu-se para a competéncia decisria que 0 Cédigo define no dominio dos conflits de urisdigao e de competéncia. Por seu tuo, 0 artigo 53. do anterior Cédigo surge agora como artigo 68.°, com alteracdes. No n.* referéncia as associacSes é reelaborada. Por um lado, deixa-se cair a exigéncia de que nao possuam ‘rater politico ou sindical, porque o Tribunal Constitucional se pronunciou no sentido da Jnconstitucionatidade da recusa da legitimidade as associagdes sindicais para iniciarem procedimentos ou neles intervirem, tanto em defesa de interesses coletivas como em defesa coletiva de Interesses individuais dos seus representados. Por outro lado, explicita-se agora a admissibilidade de as associagdes procederem, tanto a defesa de interesses coletivos, como a defesa coletiva de interesses individuals, desde que no ambito do respetivo escope institucional. No n.* 2, harmaniza-se o ambito material dos interesses difusos com as qualificacées levadas a cabo na alinea a) do n.° 2 do artigo 53.° da Constituicao, e no n.° 2 do artigo 9.° do Cédigo de Processo nos ‘ribunais Administrative, Nonn.* 3, define-se, também em termos mais precisos, a legitimidade para a participac3o popular procedimental supletiva. 410 - As «Garantias de imparcialidade» surgem agora integradas na nova secgao Il (artigos 69.° a 76. deste capituto Il, Trata-se de uma recolocacao (e nao refundigao) dos artigos 44.° a 51.° do anterior Cédigo. A principal novidade reside no aditamento de um n.° 4 ao artigo 76.” (anterior artigo 51."), na matéria tratada tradicionalmente como ~suspeicio~. A ideia subjacente aquele preceito é a de que, independentemente de se estar fora de casos de presuncao legal inlidivel de parcialidade, sera de todo o modo preciso, & luz das circunstancias de cada caso, assegurar a credibilidade da decisio administrativa, Cabe ao legislador, no apenas neutralizar e reprimir situacGes mats ou menos declaradas de parcialidade subjetiva, mas ‘também assegurar um clima na preparacao e tomada das decisdes que nao favoreca a divida sobre a respetiva seriedade. Por iss0, em vez de «suspeicao-, passa a falar-se da «razoabilidade de divida séria sobre a imparcialidade da atuagio do érgio~. 0 juizo néo respeita tanto as condigdes subjetivas do agente, mas, mais, aos requisites objetivos de confianca por parte da opiniao publica. 14- O capituto Ill («Da conferéncia procedimental») do titulo I da mesma parte Ill abrange os artigos 77.* 81." Aexpressao conferéncia procedimental afigura-se preferivel & de conferéncia de servicos, de inspiragao italiana. Na verdade, quem conferencia sao érgaos e nao ~servigos» & maneira italiana. Por ‘outro lado, a conferéncia, quando tenha lugar, torna-se numa fase do procedimento administrativo, que ‘tem caracteristicas préprias e assume grande relevo. Caracterizam-se, desde logo, non.” 1 do artigo 77.°, dois tipos distintos de conferéncias procedimentais: conferéncias para o exercicio de competéncias em comum e conferéncias para 0 exercicio conjugado de ‘competéncias. Tal caracterizaco é completada no n.* 3 do mesmo artigo 77.°: no caso das primeiras, uma conferéncia deliberativa assume-se como contexto para o exercicio conjunto, através de um sé ato,

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