Desde que o conceito de sustentabilidade se tornou tópico de discussão entre as entidades

ambientais e maiores nações do planeta, a preocupação com o meio ambiente e com a

racionalização dos recursos vem crescendo, não somente na sociedade como um todo, mas
principalmente nos âmbitos da construção civil, uma das áreas que mais geram resíduos sólidos,
proveniente de reformas, obras e demolições, em nosso ecossistema. Uma vez que, as
mudanças no modo de vida da sociedade resultaram no aumento do uso de equipamentos e
tecnologias, e por conseguinte, maior consumo energético nos países, cabe ao engenheiro,
arquiteto e/ou designer o olhar clínico e a busca constante por alternativas que contemplem os
pilares sociais, econômicos e ambientais do desenvolvimento sustentável na elaboração de seus
projetos. É nesse contexto que se introduz os dispositivos inteligentes, sistemas que objetivam
a redução no consumo de água e energia, como por exemplo, através da adoção de peças e
aparelhos economizadores.

Para começar, pode-se citar as torneiras acionadas por sensor infravermelho, que são aquelas
que funcionam através de um sensor óptico, por meio da captação de calor e movimento, sem
contato direto com a peça. Dessa forma, somente ao levar as mãos próximo a bica da torneira,
a água é acionada. Com o sensor, não há risco de que a torneira permaneça aberta por horas
sem que ninguém note. Da mesma maneira, para evitar o desperdício, as torneiras com tempo
de fluxo determinado, funcionam por um período estipulado, através de um dispositivo que
aciona e interrompe o fluxo de água em alguns segundos. Basta apertar seu botão, na parte
superior, ou aproximar as mãos, e a água será acionada e interrompida automaticamente. Além
da economia, esses modelos de torneira ajudam na higienização do ambiente, e
consequentemente na saúde dos usuários, especialmente no contexto de preocupação com
contaminações pós pandemia. Ademais, são muito práticas e costumam ser bastante duráveis,
justamente por não serem manuseadas o tempo todo. Assim sendo, são uma solução
sustentável, que ajudam a reduzir o desperdício de recursos naturais e a economizar na conta
de luz e água, podendo ser utilizadas em banheiros públicos, dentro de empresas e em banheiros
residenciais, como os lavabos.

De igual modo, pensando na racionalização do consumo de água, há disponível no mercado os

vasos sanitários com caixa acoplada, onde a bacia vem acompanhada de um pequeno
reservatório em sua parte traseira. Seu funcionamento ocorre por meio de um botão que,
quando acionado, a água é liberada na quantidade existente dentro da caixa e se enche
automaticamente após a descarga, possibilitando a redução no consumo, visto que as descargas
convencionais utilizam 30% da água reservada nas casas brasileiras. Por esse motivo, é cada vez
mais comum à sua adoção nos projetos e a cada dia novos modelos surgem no mercado.
Algumas bacias possuem descarga com acionamento duplo, que oferecem ao usuário duas
opções de descarga, parcial ou total, de acordo com a necessidade. Nesse sentido, despejam 3
litros de água para resíduos líquidos e 6 litros de água no caso de resíduos sólidos. A adoção do
sistema fracionado de descarga na bacia com caixa acoplada proporciona uma economia de 35%
da água utilizada nas descargas. E além de sua fácil manutenção, que não ocorre com frequência
pois possui uma longa vida útil, seu design é moderno e atende aos critérios de um dispositivo
inteligente e sustentável.

Outra alternativa no controle e limitação do escoamento da água é a adoção dos sistemas

reguladores de vazão e arejadores. Os redutores de vazão ou reguladores de fluxo são
instalados na base da torneira ou do chuveiro e como o nome já diz, regulam o fluxo de água
que sairá da tubulação. Sua função é manter um funcionamento adequado, sem a sensação de
que a saída de água é insuficiente. De maneira geral, os reguladores podem ser instalados em
qualquer torneira ou chuveiro, sendo facilmente encontrados no mercado. Já os arejadores são
peças instaladas nas saídas de água, que adicionam ar durante o escoamento e, dessa forma,
provocam uma sensação de volume maior do que realmente está escoando. Essas peças podem
já vir acopladas nas torneiras e chuveiros ou compradas e instaladas separadamente.
São dispositivos acessíveis, de baixo investimento e com diversos modelos no mercado, que
garantem o controle e a racionalização, visto que diminuem de 30 a 80% a utilização do volume
de água. São mecanismos simples que podem fazer muita diferença tanto no dia a dia, quanto
a longo prazo.

E, se tratando de sistemas de redução de consumo de energia, o mais usual e conhecido é a

lâmpada de LED. A lâmpada LED é um dispositivo eletrônico que gera luz, ao mesmo tempo que,
consome pouca energia, apresentando uma vida útil mais longa e um menor impacto ambiental.
Diferente das lâmpadas comuns, as lâmpadas LED não possuem filamento, o que faz com que
elas durem mais por não produzirem tanto calor quanto as lâmpadas que usam estes filamentos.
Por dentro dessa lâmpada existe uma fita de LED que produz luz (e não calor) quando por ela é
percorrido energia elétrica. Apresentam menor consumo energético para gerar a mesma
iluminação que os outros tipos de lâmpadas. Além disso, possuem maior durabilidade e não
emitem raios infravermelhos e ultravioletas, o que oferece mais segurança para quem as utiliza.
Logo, além dos benefícios apresentados ao consumidor, a lâmpada LED também apresenta
vantagens ao ambiente. É um produto ecologicamente correto, pelo que pode ser facilmente
descartado, tanto em lixos comuns como nos coletores de lixos recicláveis.

Ao passo que as tecnologias avançam, também surgem novos equipamentos, muitas vezes mais
rentáveis que os já disponíveis no mercado. É o caso do ar condicionado inverter. Diferente dos
modelos convencionais, o ar condicionado inverter possui um dispositivo eletrônico que ajusta
a velocidade do compressor conforme as mudanças de temperatura do ambiente. Esse aparelho
conta com uma tecnologia que mantém a temperatura ambiente mais constante. A rotação
contínua do compressor garante maior conforto e menos ruído. Não apenas possui maior
durabilidade em relação aos outros modelos tradicionais, como também, devido ao recurso
tecnológico de sempre manter-se ligado, ocorre um desgaste menor das peças. É uma excelente
possibilidade de sistema de controle nas despesas de energia elétrica, visto que, o aparelho leva
menos tempo para atingir a temperatura desejada. Com ele, é possível desfrutar de uma noite
de sono fresca e silenciosa.

E apesar de, no Brasil, a matriz elétrica ser composta em 50,6% pela fonte hídrica, uma das
fontes mais promissoras no cenário atual é a fonte solar fotovoltaica. O sistema fotovoltaico de
geração de energia elétrica, capta a energia da luz solar, através do uso de placas de energia
fotovoltaicas, a convertendo em energia elétrica. Quanto maior a incidência de radiação solar
sobre as placas solares, maior será a quantidade de energia elétrica produzida. Sua vantagem é
que não ocupa espaço útil, sendo geralmente instalado nos telhados das casas ou prédios, ou
seja, em espaços não utilizados das construções. Seu sistema modular permite adição de mais
painéis solares, quando for necessária a ampliação da geração elétrica. Além disso, sua
manutenção é baixa, pois os equipamentos e componentes do sistema são de tecnologia
simples. Em resumo, a energia fotovoltaica é considerada uma fonte de energia renovável, limpa
e sustentável e é eficiente mesmo em dias chuvosos e nublados.

Outra forma de utilização da captação da energia solar é no aquecimento de água fria, tanto
em banhos quanto em piscinas. No sistema de aquecimento solar para banhos, a água fria passa
pelos coletores(placa), onde é aquecida e devolvida para o boiler, o reservatório onde fica
armazenada para uso. Já o método de aquecimento solar para piscina é um pouco diferente.
Nesse sistema o próprio reservatório é a piscina, que recebe a água quente aquecida pelos
coletores, sendo circulada através de bombeamento. Por ser uma fonte de energia
ecologicamente correta, os aquecedores solares não trazem nenhum prejuízo ao meio ambiente
Como o processo não depende da distribuição de um sistema de aquecimento, como o da
energia elétrica, o uso do aquecedor solar proporciona maior independência aos usuários, já
que ele mesmo gera e armazena sua própria energia. Além disso, traz economias durante o uso,
já que a fonte de aquecimento da água é o sol, fazendo com que a conta de luz diminua
significativamente no fim do mês.

Dado o exposto, pode-se perceber que existem diversas possibilidades quanto à especificação e
escolha de materiais e equipamentos na concepção e execução de um projeto de interiores, seja
ele residencial ou comercial. Convém ao projetista considerar elementos como custo, instalação,
inovação, funcionalidade e sustentabilidade, de forma a combinar tudo isso em um só
dispositivo. Em outras palavras, ele deve conceber um projeto socialmente justo,
economicamente viável e ambientalmente correto, ajudando então, a preservar o mais
importante tesouro do planeta Terra, a vida.