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148 ean Side i | Guilhermina ou a arte we easmeress alarm de escutar as aves Beatriz de Mendonsa Lima Pia Mora Guts Renat Pe de Used Feral o Ri ene "Neahur home ua Sha. compet em mee mead: honem & pede de wm content, pate eum todo2e um peguen cto é led pelo sma x Europa menor a, emo = promontiio feo em ca det tgs own; sqalqee morte de met edn, orque steno bumaniae;e portance ranct made: hs Fesuno © titulo © 2 sobrecapa de Guilhermina? de Oremarctinzts Gate dec “Mirio Cliudio,parecem anonciat mais uma biografiaorientada peo culto da personal dade, como tants ouras que te tém escrito de misicos famotos. A reproducio do retra~ to, pertencente 3 Tate Gallery em Londees, ‘em que Guilhermina Sugg aparece rocan- ete ao fa wera tn do violoncelo, estabelece deide logo 0 ogre equi scores eis dominio da imagem como veiculadora da Foden atc verdade (ratificada pela colegio de fotogra- fas e ouxos retatos apresentados no inte Palaraschve slot do lvto,além de endossr 0 poder que este merenioetbiogsie M0 800, 1 Prins retin bogies TW ADORNO, Melo: one plone min, Pac, Mimi 1976 1 ADORNO, Es hp: ait, Gli, 1966 H_ BERLIOZ, Mr wenris Bares Ai Shp dO. Aistost eee ofthe Contin pat of he maine if CCARPEAUX Mic det enh 2 Ri de nen, Allan, 1982 LV: S FREUD, Ob onl io Cos nity Gaerne ‘lol bee wate say by the Se, Earp de le de Bote Nomad tVGE-FUBINL Le i ple XVI ome: i, alos, Ba viet a eck fitrogsptic meften tees el fa Fromonte wee wel a {971 WFORTWANGLER, Dig sb mis, Liha Miata H. GAL (Te mr lee tm ewwee be icy of en meine: Manno of ty fader thine ewe wee: Ay {fe gst eons, Ladies Thames of dio, 1978; C. GOUNOD, Monti, St Pre, Elin Cla rote yee Galeria Ss Mack eth init me, ects Ua ered rsdn. (Copa Codes Masa HAUSER, Ht lor ot 3. Mai Grp, 2 cortated ih at of Po Cit —tvo0 in Micknd:And ere ser sen to kao for 99) (Clo Pasta Omegs, 19). KIEFER, Miss lem: i aud Porto Neate Ea do Ls ted mare Ma Clad tt ope whoo the ball ell fe als fr thee” John 1958 (Cadets do Rin Gd; R,LEIBOWI2, edn 2a med dae wn, Pais Ashe, 199 (es marron he pa while DONNE, 17 median ie Dosis, tage (Caleio Reeoce, A SALAZAR, Le mii e elapse XIX, Méxca,Fodo de Culnen falegg te yer Fever Sn inti. corde, 1M6,CERSAVERS,"A ci de rye isc obra de Mach de A” Resi ip fanless 2 ico CLAUDIO, Gian, Los, tapeess ss, ss lore, Clanbia Unive at0 OOK, 2 3, jal ou. 1966 M.STEINITZER, Bene, Mexico, Fondo de Cals Ecndni, 158 1 STRAVINSRY, Poe mail Lon, Dm Quist, 197 (Dig, :R. WAGNER, Ear, alors Labor 15753: WALTER, Cu Mal Madi Ans ioral 1983 (Cole Alana Masi) Nacional. dt Moni, 1986, Ted caer ssa obra se Gio pore ei, com aimee 4 pina ind enue pues no expo do 150 erates Soa sroiionalmente a arbi a0 espagn do tanagene hitéricne™ = pardon qe ruscu, a0 dls de concertos €40 64 enc refete ma inevitvel oposigio entee Sto € dlopédia? fio: Contudo © narador aio esamoteia at conuadicSes ineretes 20 modelo de bi sala tradicional, pois questona a posible dade de fazer esusccar alguém que ee capa como "ineivel pis" (p34), "imace= Sve toda a mazagio" (17) cyjo pass- do & como “magma sobre oor magmas, espana soprada 30 venta" (p18). Em suas indagagbes, sponta aucoconcientemeate pr of Limite do cinone historic: consinus relevinca de uma aporigio des se tipo, mesmo que seja uma oposicio problemitica. Bases romances insalam, e depois indeinem, 2 linha de sepaacio enue a gio e hisSria! Pretendo, neste trabalho, buscar no romance de Mirio Clindio os posiveis sentdos produsidos, no pela deseuigo, E io a biogrtis, um salmo penitencial? mas pelo deiao e questionamente de mio © delose istisigbes cular, i luz do con- ‘eito de metaicgio hisoriogrfia formulae ‘do por Hutcheon, ebservando como, par~ tie dos ftos ¢ documentos apesentados 0 ‘omitidos no texto, nova vsbes do pasado se tornam possives, Que fiemos ads, enteetnto,da exten aque fca © prosegue + congemina ¢ s€ Iiguidou? (26) ara esa busca das mos, 0 desenconto dels, 2 que solugSes poders recorrer 0 bide? (9.48) Guithermina tem at caracteriticas da Owvindo 0 Cant dels ocells* retaficgio historiogifica observadas por Lind: Hutcheon 20 se seferir 2 romances (que io “intensmente auto-relexivos mesmo assim, de maneia paradox, tim- Dim se apropriam de acontecimentos © per- “A arte da intexpretagio no é toeat 0 que ‘th escrito”, lembrava Pablo Caras seus unos? B acrescentava,lamentando aqueles ‘qoe nada busesvam para além da patitra ~ 3 Uns mga do mem deo de Augusta Sg 1h wate vs, em doin speci. Sadie STANLEY, Tic Nw ie arf ia ins London, Mac, 18,8, {umf RU ILHEON, eu rane, ti Sind Rae Cs, Ried ne ge 1, de 150, Co der psn tl de cago do cre xi, ue Pa Ca cone sca 20 al apt sexs. CEJ Gar BORRAS Fle Ch prin en Aria Mes 1957 p.102."Conl po ae pris compan de ce dl ls (© cto dps ngs media al, ects den ede mong a Pi mais, “hino do mew exo" oma di © Maso, Caan flo ences equ pasos paride 1939, com es deloraa cxgo cae tte hemenige we Coty AulsyasEparha” (aca de oe indir to ends ih} 7 "The at ieee ato ay wha i writen” Apa Did BLUM, Cal ad te a of nop, ‘Beialey/s Angels Uses of Caos Pre, 180» 6. Germ oe a te extra a0 mera piaina de signos sem vids onde a mises 56 existe em estado de Inténci cou de plus que a dernitrel yen avait. donc une que je alavis pas entendve, (quelque chove ui srt eu lew n'ai pst eu Hew pour moi ince de ba Hecrse, rmagique comme un profond some svait danné le change & mes ores hal lucinges et efficé la cloche dor sur r= face azure de silence” “Existem tantos instruments excelentes que sdo completamente obcocados pela ots iempresia, 20 passo que ela tm ura poder muito Himitado de expresue 0 que 4 iccareslmente signiiea* A primeira pigina de Gulherina (p11) coferece ua expresiva mosta da visio poe tiea com que se pode abordir 0 passa, contuariando a expectatia ciada a3 sobre capa quanto 20 modelo tradicional de bio gifs. Pela inserpio do ficcionl, provoca uma brusaalteraf0 no rumo da leita, 20, sbesiuie um dor elementos fundamenais not relatos histéricas~ tempo = pela evo cagio dos sinos das igreas do Porto que, assim como os do campanirio da igreja de Santo Hilirio em Combray? fornecerio a ponte entze o tempo paiado ~ tempo cro- nolégico, exterior ~ ¢ 0 tempo migico da cscritur, apontando, asim, 0 caminho da leivara, Em Du ct de chez Susan, 0 som 40 ‘ampanirio de Sant® Hilii, alm de id car 3 patsagem das hom, eet axociado ‘experiéneia da leitua, quando 0 nareador, por cls sedurido, ce transports para outrs dimensio temporal e sensorial: Na seqincia do romance de Mirio (Cliudio,o tempo seri crterisamente indi do (ano, més, dae, 3s wezes, a hora dos acontecimentos narades). No entanto,a di- rmensio magica da escriura se fi Sentir na esorginizagio temporal que it subverter 2s indiapSes faces (Os campanirios do Porto também esta- belecem o discurso da meméria ativada pels sensagdes, tal como na obra de Proust Ao iniciarse a narratva, Guilhermina j& tem seis anos, ¢ &2 vor dos sinos do Porto (eno a palavea oficial dos regisoshistéri- cos) que evoca o seu nascimento¢, no final do romance, a sua morte ("Por laf repi- «ar 03 sinos do Porto, os de Sio Francisco & (05 de Sio Nicolau” p. 116). Marea tam- bém o espaga~ a origem portuense~ ¢,por ser uma “estanha vor", sugereo destino de “estngeirada” da personagem. Quando coment 2 solidi de Guilhermisa em Pars, 0 nareador imagina s nostalgia de uma portuguesa em outras terms, expresando-a arnavés da Jembanga desses mesmas sons: “Ouvies acsso of sinos do Porto, na manhi shafads de nevoeio morse?” p41). ‘Or sont dos sinos, jf produzidor pelo Jhomem mas ainda nfo aticulados de forma a obverem uma sigifcasSo musical, sio cevocados em substicucio 20 relato ds pri ‘meieainfincia da violoncelista,antecipando Bc 3 chaque heure il me sembbit que était quelques instants seulement aypi savant que la peécédenteavsit sonné la plus récente vensit cinscrive cout prbs de Taare dans le ciel et je ne pouval croire ‘que tobiante minutes ewzent tom dane ce ett arc Bleu qui sit compris entre Tears deux marques d'or. Quelquefis méme ceite hevre prématurée soumit deux 1 Thc ro many exe inruentlits who ae comply obese bythe pied ae whee at sey ited pet exe wht he mas eal men iden, 27. 9 CE Mice PROUST, dl he eg pr, Cllr 198, ote, 88 re Sc 4 imporeSoris que a misicaverin om ea vids, numa pigina jf permeada de termos relacionados com 2 arte da pettonagem Diograids, tas como “concerto”, “éepio! “‘sibragio, “siléncio", “cordas", “mésiea", “compas ee ‘0 campinirio de Santo Hiro, porém, focupa posizo dominante em termos de tempo © espaso (Cieuit b clocher de SaineHibice qui onmait 3 rouss les occupations, d tower Tes heres tous les pois de oe de a ale, Teor Bgus, leur courosnement, le con Mme dirs les courses qu'on nat ire deride él, 08 on ne a voy pas ‘out sont ononné par rapport au ccher surgh ici ou entre les maions, peu-itze plus émouvant encore quand il epparis- sit sin sans Peis" Ji em Guilermina nio bi apenas umm, ppocém dois campanérios ~ 0 de Sio Ni= cou € 0 de Sto Francisco ~, sempre mencionados em conjunto, como indice ‘metaficional da auséncia de wnivocidade fe de uma atiude caracteristca do ps ‘modernisma ~arejigio de posigies cen- tralizadorss. Por outr lado, a intertextuaidade con ceibui para svar 2 meméria cultural que, desde Cesiio Verde®, nos permite asociat ‘ figar das vacinas 3 da miller coms per Sonagem asinalads, prenvnciando 4 natu teza insubacsss de Guihermina ¢ insta len. er men. sando 0 tema da marginslitesto de mulher ‘como questio a ser levantada no texto, Por fim, as imagens telacionadat 20 mar (avios, diss sano, © io que chegs até 0 mara sirene do nevoeiro ete) spontam para 4 imporcincia de Portugal e sua hisnia na nacrativa que se seguit Nessa pigina estio representadoy dite rentes niveis de percepeio sensorial audi- (lo (0 som de sinose stenes € 08 termos -musicsis inclusive o silicic): visio ( pexs~ cruaar a aida dos navios) elite, mesclado a visio e paladae (os dss sslinos, of peines oferecdos peas varinas)e tto (dedos exer- citando-se conta a superficie de mesis © vidrags). Sdo sensagdes que se orgenizam na escritura, ese “drglo gigantesco orde~ nando © c20s, dando corpo a aglometados ‘que os homens compdem”, em busca do trecho que "ji esti escrito, que no desferie ‘das condas se descobre, mas arestas em que a anisicase debate o céu fica coalhado de eros amarelos” . © nacrador de Guihernsing parece entender sua prépria arte da mesma forma que Casals, identifieando-se com o intér- rete musical pelo modo como traduz 25 informagées de que dspde. Para ambos, a arte da intespretagio conzesponde a um tipo de leitura andlogo aot vaticinios de Rom, feito amavis ds observagio do v0 ¢ do canto dos pisos!” Ao. chamsr a atengio para Arsfanes (Tecuta as Aves” =p. 73),0 narrador mostra conhece im sguagem dos pisaros, 205 quais constante- ‘mente associa a personagentttul, identi 2A rerpeto de somes dum oie, ngs Sena ome“ ‘na i ans ote pat ‘un memo gn Can” Cede SENA, “Soe ons d Caso Vere, End rt pie so, aie 76,181. 1 Jan CHEVALIER & Alin GHEERBRANT, Dinh de sn, ers Costa Si et ae 2c Rin ets, nt Obmpin 1980p 687: "Gudnon ail) o ao dos ans de Rom A aia pee tio do en is 2m vem ade cer ane coer hen dp, eon (i bagugim elese™ Geando-se nbs cael, com verds=

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