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CAPITULO PROMOCAO DE SAUDE BUCAL - DEFINICOES SIMONE TetTu Moyses Rictarp Watt 9099899 GG7HGGHHOQHHOHOOD Intropucao Promogio de sade é uma drea empolgante da interfa- ce entre side e sociedade. Atualmente, grande énfase em sido dada, internacionalmente, &estratégias voltadas para a ‘melhoria das condigdes de sade através de mudangas dos pdides e modos de vida da populagio. O movimento de promogio de satide tem avangado, tanto em paises de- + senvolvides quanto em paises “emergentes’, e aleancado ganhos reais em satide coletiva, Neste contexto, a oportu- de para promogio de satide no Brasil é grande. Em relagio A sate buea, a promogio de saide oferece um potencial de combate a0 desconforto, dor € softimento associados as doengas bucais; portanto, tomando-se esta tégia impoirance na reduggo do impacto que estas docngas tem na vida da populagio brasiira. Melhorar as condi- Ges de satide bucal e reduzir desigualdac plica, necessariamente, sm satide im (0 envolvimento ativo da profissio ‘xiontoldgiea em estratégias de promogio de suide bucal Este capitulo expde os prinefpios bisicos de promosio de satide bucal, fornecendo desta forma, uma introdusi para os capfculos seguintes deste live. | Contexto DE pROMOCAO DE SAUDE BUCAL NO Brasit Um dos principios fundamentais da promogio de satide € 0 desenvolvimento de agbes destinadas ’s neces- ¢P0.0 12 anos Ano. sidades da populagio. Uma breve avalia de necessidades de sa da situagio. de bucal no Brasil ser com o objetivo de destacir os desafios a serem enfienta- dos pelo sistema odontolégico nas proximas décadas Uma rfpida andlise dos padrées de saiide bu Brasil pode ser baseada -m trés principais estudos epide- miol6gicos desenvolvidos no pais durante os anos 80 ¢ 90°38, Inicialmente, importantes limitagies destes es tudos precisam ser resaltadas:foram’circunscrtos ae as urbanas; os dois estudos mais recentes foram restitos a0 exame de criangas; e centrados exclusivan perspectiva profisional par liar as condigdes de sai- de bucal (definigio normativa da presenga de doenga € respectiva necessidude de tratamento), no considerando © modo com que tais condigées sio perccbidas ¢ expres sas pela populagio, Porém, uma breve anilise das infor- nniagbes por eles produzidas pode sugerit 0 que provavel mente vem acontecendo em relagio & satide bucal de alguns grupos de brasileiros nas ilkimas déeadas. Apesar de notadamente eriticado por apresentar pro blemas metodoligicos, 0 mais fecence levantamento epi- demiolégico em satide bitcal realizado no pais em 1996 sob condugio do Ministério da Saiide, evidencia uma notivel tendéncia de redugio de ciie demtiria em esco: lares, quando tais dados so comparados aos produzidos nos estudos de 1986 ¢ 1993. Tomando como exemplo 0s dados de criangas de 12 anos, a Figura 1.1 demonstra a redugio no indice CPO-D para esta idade, no interva- lo de 10 anos decorridos entre os estudos citados. FLFIGURA 1.1 Comparagio do indice CPC no Brasil nos anos de 1986, 1993 e 1936, PROMOGAO DE SAUDE Embora a média nacional de cdtie dentiria seja declinante, desigualdades regidnais sio claramente discerniveis quando uma andlise mais apurada é con- duzida (Fig. 2.2). Desigualdades so evidentes, por exemplo, comparando o menor CPO-D em criangas de 12 anos (1,47 no Espirito Santo) com o maior CPO-D para esta idade (6,30 em Roraima). Nio s6 08 dados de prevaléncia indicam desigualda- des, como também diferehgas na sevetidade da doenga podem ser identificadis. Como mostra a‘Tabela 1.1, a0s 6 anos de idade, criangas em Vitra, capital do Espirito Santo, partem da_média de menos de wm dente com experigncia de cirie (CPO-D de 0,09), alcangando a imiédia de 1,47 aos 12 anos. Por outro laclo, tiangas em Boa Vista, capital de Roraima, saltam de um CPO-D de 0,84 aos 6 anos, para 6,30 aos 12 anos; mais de 4 veres ‘0 aumento observado para as criangas de Vitéria. Aprofundando um pouco mais a compreet dos dados, é possivel vislumbrar alguns aspectos das neces- sidades imediatas de tratamento clinico desta popula- fo. Na perspectiva tradicional do planejamento em codontologia, a porcentagem de dentes classificados CPO-D 12 anos FLFIGURA 1.2 como catiados ¢ com indicagio para extracio (C+Ei) pode sugetir necessidades deste tipo de tratamento ds populagio estudada. Novamente, utilizando os dados de criangas de 12 anos, desigualdades em necessidads de tratamento podem ser identificadas observando que em Porto Velho, Ronddnia, 79,32% dos dentes exami- nados foram considerados como cariados oti indicados pata extragio. Por outro lado, 24,1596 dos dees esta vam nesta condigio em Curitt » Parad Informagdes em nivel nacional sobre a pre de citie para populagio adulta, bem como a preva lencia de outras patologias bucais e necessidades de te tamento, foram fornécidas apenas pelo estude realizado em 1986, Também neste fort, desigualdades em sade Ducal eram evidentes cm relacio & experigncia de cite doengi periodontal, edentulismo e necessilade de trata ‘mento protético ¢ restaurador, quando tais aspectos eran analisados por idade, cio, rertda¢ local ce moradis ‘Além disso, recentes pesquisas regionais ¢ locais também tém reforgado evidéncias de desigualdades em satide bucal entre diferentes grupos populaciomais no Brasil (ver Capfeulo 4), [E)Regiao Sul Pi regido Sudeste Bl regido Centro-Oeste EGregiao Nordeste Saree FE Regiao Norte Capital/Estado Desigualdades em CPO-D de criangas de 12 anos por Capitais, Estados ¢ RegiGes do Brasil, 1996. Fre MS, 1996 PROMOGAO DE SAUDE BUCAL - DEFINIGOES TABELA 1.1: CPO-D NA FAIXA ETARIA DE 6 A 12. ANOS EM ESCOLARES, POR CAPITAL, ESTADO E REGIAO NO BRASIL, 1996, fEstados ldades pee = ___Toal & anos | T anos | 8 anos | 9 anos | 10 anos | 11 anos | 12 anos Porto Yelho/RO 076 1,66 104 248 ay 436 49 LIS Rio Branco/AC 076, 136 192 159 289 322 437 144 Manaus/ AM 013 031 O78 128 1B 14 19 } Boa WistaRR 084 1.66 233 3,16 437 630 | 31 | Belém/PA 0,66 425 1,92 3,36 449 13 | Macapa/AP Ot 128 1,90 248 1,56 ior Palmas/T0 042 1B. 1,66 346 462 |) 236 Regiao Norte 0,55 1,25 1,82, 3,30 4,27 2,30 ‘SGo Luia/MA 039 0,63 ) La in 1B 270 | ~ SL 1,80 | | Teresina/Pl am | um | a | 186 231 283 | 34 1a Fortaleza/CE 0,04 0,38 059 0,93 ial 1,06 24} 0 Nata/RN 038 | al 185 | 201 14 38 378 | 204 | Joo Pessoa/PB Ole 0,66 128 18h 1,09 al 3,94 182 | Recife/ PE 022 058 1,08 155 1,86 148 1,96 153 Haceié/AL 037, 098 138 198 104 118 189 1,69 Aracaja/SE 022 0,26 056 063 O75 1,05 1,50 ol | Salvador’ BA OL 038 0,82 0,88 1,09 1,60 1,53 O91 Regido Nordeste | 0,24 | 0,64 iz | 4a | es | 231 | 2,88 | 150 Campo Grande/HiS Oly 043 420 134 236 295] 184 Cuiabi/tt ol | 020 49 4 226 3m | 13 | Goiania/GO O16 057 154 1,88 ail 307 i | Brasiia/DF O10 036 | 0,89 1,08 14 1,90 092 | 2 Re Centro-Oeste | 0,14 0,39 Pal 1,50 222 1,85 1 | e Belo Horizonte/ MG 014 O51 09 18 1,62 ral | nn @ Vindria/ES 0,09 070 130 092 141 073 '@ Rio de Janeiro/R) 023 0,89 1,05 20 | 209 AOL | 2 Sio PaulofSP On ina 134 185 18 1s | i. Regio Sudeste | 0,15 093 | 1,28 | 460 | 2,06 | 1,00 | 9 Curitiba/PR O14 038 092 1B 143 114 1B 14 @ Florianopolis/SC | 0,09 057 089 134 149 | 283 128 Porto Alegre/RS | 023 0,54 085 Att 138 154] 216 Wl fu) Regio Sul 0,15 | 0,50 0,89 | 1,19 1,43 1,67 | 2,41 | 118 Brasil 0,28 0,70 1,15 1,53 ‘187 2,38 3,06 1,57 OTE A, 198. z na = vi - Durante as tltimas décadas, estudos internacionais _¢_sociais (alguns exemplos de estudas nesta area’ >" tém apontado algumas razGes para a variagio da savide 122") bucal entre. pessoas e sociedades. Diversas circunstan- Analisando como a vida cias podem influenciar a satide bucal, desde caracteris- ticas individuais ligadas a estilo de vida e consumo, € diversa entre pessoas ‘que vivem em diferentes regides do Brasil ow diferen- tes cidades, bairros, ou até mesmo em diferentes casas no mesmo bairro, rorna-se evidente a necessidade de cireunstincias socias, tais como caracteristicas geo- ampliar 0 espectro de consideragies quando nos pro- SoVG0vSeaeedO Promo, pomos a resolver desigualdades e alcangar mudangas positivas na satide das pessoas. O impacto da imensa variagio em termos de oportunidades, cscolhas € su- porte provido por redes sociais, nos espasos onde se vive, deve necessariamente ser reconhecido. Além disso, altos custos ¢-intervengées ineficazes associadas a uma pritica odontolégica individualista, tém sido relacionados com desigualdades em satide ¢ controle de doengas. Novas demandas por ampliacéo de servigos odontoldgicos para tratar doengas e doen- tes tém conduzido a investimentos significativos na ctiagio de.infra-estruturas ¢ servigos de intervencio codontolégica, baseados em, complexas tecnologias ¢ terapias. Potém, todos estes esforgos “parecem ofe cer tetornos progressivamenie marginais & satide da populacio, além de néo oferecerem resultados eqiita- © DE Saupe B tivos a diferentes grupos populacionais”™, No Brasil onde a pritica privada e curativa ainda é dominante, estima-se que a0 redor de 70% do tempo ¢ dinhciro gastos em satide bucal sio consumidos no setor priva- do. E ainda, em torno de 67% da populagio total tem limitado ou nenhum acesso a este sistema de atengio odontolégica”’ Por outro lado, a “prevengio’ tuma longa his: téria na profissio odontoldgica, embora a Odontolo- gia mundial e brasileira, como sugerido previamente ainda seja dominada por uma abordagem voltada a0 tratamento curative. Porém, a abotdag sm preventiva praticada por muitos elinicas tem apresentado certas limitagdes (Fig. 1.3). Una nova abordagem & recess ria, englobando prineipios de promo. edo Novo Movimento de Satide Publica" io de sa FIGURA 1,3: LIMITAGOES DA ODONTOLOGIA PREVENTIVA 1. Dependente de controle ¢ estimulo profissional - “pacientes passvos 2. Foco individualista - alta-demanda de tempo e dinheiro 3. Isola sadide bucal da satide geral 4. Nao é voltada para desigualdades em satide bucal 5. Centrada no fornecimento de informagées na expectativa de mudangas de comportamento - limitada consideracio a inluéncias mais amplas sobre satide bucal | O aconselhamento ¢ educagio em satide voltados 20 individuo tem sido o elemento fundamental da odontologia preventiva. Esta forma de educasio em savide tem se mostradlo incficaz em aleangat mudan- «as sustencéveis em tide bueal. Recentemente, vé- tias revisdes sistemsticas em efetividade de promo- ao de satide bucal tm destacado as limitagbes desta abordagem educacivnal tradicional. Achados co- muns destas revisfics incluem: inadequado modelo ‘operatério de muitas intervensics; limitadas referén: cias tedricas televantes para a definigio de’ est gias; ¢ inadequada avaliagio dos efeitos dos progra- mas desenvolvidos”)*, Nesta situagio,“@ que parcee claro é que precisa- mos avangar. A luta por eqiiidade reforga a consolida- ‘slo dos Sistemas Locais de Sattde, onde abordagens ais inclusivas, baseadas em uma nova perspectiva de prevengio ¢ promogio de satide, podem oferecer es- tratégias potencialmente iais custo-efetivas e eficazes, No alcanca mudangas sustentiveis em saiide bucal Intervengdes sio freqiientemente desenhadas e avaliadas de forma inadequada . Abordagem nao efetiva em termos de alcancar muclangas comportamentais na tentativa de modificar o quadro de desigualdades de saide bucal no Brasil iedade brasi- (Conferéncias Nacionais ¢ Locais de Satide e owtras areas sociis), bem como pela comunidad ligada & satide Recentes discussées condusidas pela so lei bucal coletiva’, tém apontado para a necessidade de mudangas qualitatvas no setor odontoldgico. [so impli ©, por exemplo, no desenvolvimento de agies integradas onde todos os profsssnais da Odontologia estejam en- gajados em amplas intervengées mulkisseroriais ata pr mover satide, participando no planejamento de coletivas ou influenciando decisies de sae pria comunidade. Isto inclui, também, a reformulagio na definigio de necessidades, rompendo com a restrta visio técnica ¢ individualista das causis de saide ¢ doen «@ bucal, ca implementagio de uma pritica odontolégi «@ fundamentada em evidéncias cientificas de e de, Todos estes principios sio parte de estratég de pro mogio de satie discutidas neste livro. 2200000008000 8000080 PROMOGAO DE sau [J Oricens Da pRomocao DE SAUDE Com um pouco de histéria é possivel entender como promogio de satide passou a ser considerada uma estratégia apropriada para tentar resolver desi- gualdades de saide. © conceito de promogio de sati- de é marcado pelo proceso histérico de reconheci- mento das limitages da abordagem tradicional em lidar com 0 proceso satide e doenga e de mudanga na compreensio dos determinantes de sade, am- pliando a importincia das condigGes de vida para a realizagio da satide. Durante grande parte do século XX, parecia que os avangos na area da Medicina lato sensu (incluindo a Odontologia), seriam suficientes para proporcio- nar satide para todos. Porém, a’ partir dos anos 60 e 70, 0 modelo biomédico de ttatar e prevenir doengas comecou a ser seriamente questionado® *, Um dos mais importantes eriticos deste modelo foi MacKeown, seado em informagées sobie mortalidade e morbi- dade na Inglaterra do século XIX até o presente, MacKeown examinou varios fatores, incluindo 0 progresso da ciéncia médica, que poderiam ter con- tribuido para a redugio no impacto de doengas in- fecciosas na populagio. Partindo desta andlise, cle demonstrou que os fatores mais imporcances foram: higiene publica (suprimento, de dgua limpa, destina- go adequada do lixo e melhor moradia); maior con- trole e cuidado na atengio 20 parto (significando que menos mulheres morreram durante ou depois do parto, ¢ que os bebés receberam mais atensao); € nuttigio (uma dieta melhor, além de mais disponibi- lidade de alimentos, 0 que teve grande impacto na resisténcia & infecg6es). Para MacKeown, os fatores E BUCAL - DEFINIGOES chave para a melhoria da saide na Inglaterra foram sociais € ambientais, nio médicos. Baseado nestas conclusées, seu argumento cra que a alocagio de re cursos voltadas prioritariamente a servigos médicos - especialn snte hospitais, & maldirecionada, porque estes sio baseados numa idia errénea sobre os deter- minantés da sade e da doenga ‘As principais caracteristicas do modelo biomédico em compreender ¢ tratar 0 processo satide/doenca auto-impuserant suas limitagées em termos de efetivi dade € custos. Seis dos principais problemas aponta- dos aos sistemas de cuidado de saide basendo neste modelo esto listados na Figura 1.4 defi ante, é a “auséncia de doenga.” Como conseqiién- cia, servigos de satide sio criados principalmente para tratar pessoas doentes com 0 propésito de ali- Viar as conseqiiéncias da doenga ou, se possivel, curi-la, Além disso, doengas sio explicadas com én- fase em uma perspectiva biolégica, no levando em Realmen io de side, ainda predomi- conta a interagio di logicos, além de fatores fisicos, que influenciam a satide e a doenca de pessoas. Problemas ambientais, entre fatores sociopsico- como a auséncia de alimentos saudiveis na dieta, sio considerados problemas de étilo de vida pessoal, re- solvidos por educagio para a satide, Mais ainda, a idéia que satide pode ser conitrolada pelo individuo e, portanto, melhorada como resultado de téerticas educacionais simples ¢ intervenes individualistas tem sido, de fato, um dos marcos do modelo cofbioligico desde 0 comego do século”. Por um lado, eriangas recebendo instrugdo sobre higiene pes- soal ¢ sobre como ¢ o que comer na escola, enquanto que por outro, espera fe que as mies controlem os maus hébitos de seus filhos em casa, FIGURA 1.4: PROBLEMAS NO SISTEMA DE CUIDADOS EM SAUDE BASEADO NO MODELO BIOMEDICO 1. © modelo biomédico € inadequado, uma vez que equaliza cuidados médicos a | cuidados em saiide (considera-os equivalentes) 2. Objetivos nfo definidos - uma ampla mas errénea consideracio sobre a concordincia geral a respeito do que é sade MA distribuigdo de recursos em relagio as necessidades, enfatizando | |. Servigos inacessiveis . Desigualdades em oferta e ut tratamento sobre prevensdo, especializagao sobre pritica geral e hospitas/clinicas privadas sobre servigos comunitérios ignorando acesso, adequacio, capacidade de consumo ¢ aceitagao anejamento facado somente em disporilidade, lo as que mais deles necessitam e, a0 mesmo tempo, as que menos os utlizam Desconsideracao ou falta de qualquer meio formal que viabilize a influéncia dos pacientes no planejamento de cuidados em saide. acao de servigos - onde pessoas mais: pobres Jacob € Plamping, 1989 PROMOGAO DE LimitagGes funcamentais também foram apontadas em relagio as estratégas usadas, pela Odontologia para tratar e prevenir doengas bucais*%, Em um exemplo de ‘como uma visio biologicamente restrtiva mostra sa in- fluéncia, na explicagio da cfrie dentitia, pode-se observar 6 seguinte reducionismo: seres humanos complexos tor nam-se “hospedciros” de doengas; ambientes tomam-se “substrato” (ou mesmo “alimento”); agentes sio consid dos, predominantemente, como “mictorganismos” causa- dores de doenga; ¢ 0 tempo perde sua dimensio histérica, tomando-se apenas dimensio “cronoligica. ‘Nem regimes disciplinares baseados em estratégias para manusear, treinar,-corrigir ¢ controlar 0 estilo de vida de pessoas ¢ suas bocas < higiene, dicta, fumo - nem mesmo a absorgio“de novas tecnologias ¢ trata- mentos parece ter provocado o impacto esperado em satide bucal para diferentes grupos da populagio. © predito colapso do sistema de satide baseado neste modelo, no apenas em patses emergentes como Brasil Influéncia ambiental Inudncia genética e biolégica FIGURA 1.5 © conceita de “campo da sade’ Fortes LALONDE, 1974 Em 1977, sob nftida influencia do Relatério La- onde, foi langado pela Organizagio Mundial da Sai de (OMS), durante a 30* Assembléia Mundial de Satide, 0 slogan de *Satide part'Todos no Ano 2000“ Como uma proposta politica, a OMS sugeriu uma ampla agenda envolvendo mudangas socioecondmicas, cestabelecendo precondigées para aleangar sade para todos: climinagio do medo de guerra; oportunidades: iguais para todos; satisfagio de necessidades bisicas tais como alimento e renda, educagio, Agua segura € saneamento, habitagio; além de vontade politica ¢ apoio puiblico®, SAUDE BUCAL mas também em sociedades rica, servi como a para uim novo pensamento no planejamento de estra tem satide que pudessem englobar condiges sociais, estr turais, poiticas ¢ econdmicas relacionadas & sae influente Relatério LALONDE®, produzide ‘em 1974 pelo governo canadense, direcionou a aten- gio para a interagéo entie as pessoas ¢ seu ambiente total, cm suas esferas bioligicas, pico politieas, econdmieas, culturais ¢ ambientais. Lalonde expressou 0 reconhecimento de que muitas mortes € doengas sio resultado de desigualdades em cuidados de satide, estilo de vida ou fatores comportamentais, poluigio a biental © caracteristicas hiofisieas, Desta forma, identificando os campos dentro dos quais a saiide poderia ser promovida, langou 0 conceito de promogio de satide ¢ influencio a nova perspectiva na compreensio de que mudancas no estilo de vida € no ambiente como um todo seriam necessirias melhorar a condicio de saide das pessoas (Fig. 1.5 Extenso © natureza dos servigos de sade Estes pteccitos foram ainda reforgados € esteridos pela Deckaracio de Alma Ata (Fig. 1.6), a qual desta cou a contribuigio que outros setores da economia, como agricultura, educagio, habitagio e inchistei, deriam dar para melhorar as condigies de s: mundo. A Conferéncia Internacional sobre Cuidados Primérios em Sai ide, em Alma Ata‘, teve um papel importante na ampli modificar prioridades do setor satide, enfatizando a ao de esforgos no sentido de promagio de sade e prevencio em lugar de servisos diinicos ¢ curativos, apoiando comunidades locais em ages voltadas para a melhoria de sua saide. PROMOGAO DE SAUDE BUCAL DEFINIGOES FIGURA 1.6: DECLARACKO DE ALMA ATA - ELEMENTOS CHAVE PARA MELHORIA DA SAUDE | Oreortednewo de ue side & um enire pases © populasBes especticas (© uo de tecnologia apropriada, adequada as necessidades coletivas e adequacio dos custos da tecnologia isponivel + A Enfase na oferta de servigos promo eit, ang tment aves dared de esigaléades | nais € preventivos, ao lado de servigos curativos e de rebitasto] (© enwolvimento, em conjunto com o setor sade, de todos os setores relacionados em colaboragio multissetorial Jp essencal amplago da participagio popular no planejamento e implementacio de agbes de cuidados | fem sade Entretanto, 0 enfoque desta conferéncia mundial eta- va principalmente centrado no papel da educagfo em sai dee cuidacos primsrios em saiide hs paises em desenvol- vimento. Como conseqiiéncia, maior énfise foi dada aos servigos médicos de atengio bisa, incluindo servigos pre- vyentivos e sinititios, ofereeidos por trabalhadores de side em lugar de “douores”altamente qualificados, e na me- Ihoria de educagio em. sade para permi mudangas de comportament € participagio da populagio na tomada de decisio sobre saide local. Na reaidade, consideragSes sobre eqiidade, intersecoraldade ¢ envolvimento da co- rmunidade foram nepligenciadas em favor da vibilidade técnica ¢ custo-cfetividade de programas. Nao obstante, 0 impacto desta declaragdo pode ser observado em muitos paises, incluindo o Brasil, no s6 na pritica, mas também em pesquisa © educagio odontoldgicas. Adequagio tecnolégica e educagio em saiide tornaram-se um modo de alcangar viabilidade ¢ custo-cfetividade de programas coletivos. Novas toc- nologias foram desenvolvidas para “simplificar” proce- dimencos e equipamentos, diminuindo custos, Novos profissionais odontolégicos, como técnicos em higie~ ne dental e auxiliares de consultério dentitio, rorna- ram-se parte da equipe odontolégica, e a educagio em saide foi definitivamente reconhecida como um modo para melhorar as condigbes de satide bucal de individuos e populacies. ons. | 1 parti de meados dos anos 80, o papel da promogio de sade, como um movimento para mudangas sociais € polttcas foi sendo definido em uma sétie de con! «e declaragdes em promoyio de saice (Fig. 1.7). ‘Ao mesmo tempo, tornou-se amplamente reco- nhecido que agies efetiv ncias tem satide significam *fa- zer das escolhas saudiveis as escolhas mais ficcis", através da modificagio de circunstinciés, ambientes politicas nos espagos onde as peésoas conduzem suas vidas, de forma que elas tenhant-oporcunidade de escolher um estilo de vida saudavel®. Sendo as- sim, em vee de “culpar a vitima’” por seu fracasso em controlar 0 consumo de aciicar, por exemplo, cessirio considerar 0 apoio provido pelo ambiente fonde esta pessoa vive, estuda ou trabalha, Pressio positiva de colegas, redugio da ansiedade, disponibi lidade de bebidas ¢ lanches livres de agicar ¢ a um custo acessivel, apoio psicoldgico dado pela familia © amigos, tudo afeta a possibilidade de assumir um comportamento saudavel A Primeira Conferéncia Internacional de Promogio de Snide, cm Ourawa, 1986", explictot uma definisio ‘extremamente ampla de satide, englobando educagio em satide, thudansa de politicas piblicas, enfoque ambici lista € agéo comunitiria, sco refletiu na revisio do con- ceito tradicional da Organizagio Mundial de Satide so- bre 0 que sade: para além de “um completo estado de FIGURA 1.7: PROMOGAO DE SAUDE - UMA BREVE HISTORIA 1974 Lalonde Report, Uma Nova Perspectiva na Satide dos Canadenses Satide para Todos no Ano 2000, Assembieia OMS, \97 1978 1986 1987 Declaragdo de Alma Ata Carta de Ottawa para Promogio de Saude Projeto Cidades Saudaveis 1988 1991 Conferéncia de Sundswall em Ambientes "Suportivos" 197 Ctrenca de Adeaig em Pots ibis en Sade | Declerario de Jakarta pra Promos de Sai bem-estarfisico, mental ¢ social”, indicando como este estado de satide pode ser atingido, Nesta coriferéncia, havia uma intengio clara de relacionar ganhos de sate com mudangas politieas,sociais e econémicas. A aborda~ gem ambiental para promogio de saide foi expressa na Carta de Ottawa para Promogao de Satide, como “cons- twuindo politicas piblicas saudéveis, € amplos termos ecoldgicos, como “criando ambientes de suporte”, que PROMOGAO DE SAUDE BUCAL Reorientando a compreensio d a Carta de Ottawa influenciou & subseqiiente pes- quisa de satide, a qual reforgou conceito de qu fatores sociais ¢ culturais por um lado, e fatores idde/doenga materiais, ambientais ¢ estruturais, por outro, so inter-relacionados ¢ interdependentes!”. Muitos modelos explicativos dos determinantes da saiide surgiram a partir dali. Um destes modelos ¢ ex- assegurem satide global (Fig. 1.8). posto na Figura 1.9. FIGURA 1,8: CARTA DE OTTAWA PARA PROMOCAO DE SAUDE Criando ambientes que apsiem escolhas saudiveis (‘‘suportives”): isto cbjetiva promover sade alia vés da eriagio de condigdes de vida e trabalho que conduzem a satide © bem-estar + Construindo politicas piiblicas em satide: isto cria um espago na agenda de todos os formul politics, dentro e fora dos servicos de satide para fazer das escolhas saudiveis as escolhas mais ficeis Fortalecendo ago comunitari 1ide 58 pode ser assegurada e sustentada quandg 0 individuo © a comu ridade adquirem controle sobre sua satide. Os profissionais de saide tém um importante papel na faciltacio no desenvolvimento de recursos comunitirios Desenvelvendo habilidades pessoais: responsabildade por satide é compartihada entre indviduos fe governos, Promagio de satide estimula 0 desenvolvimento pessoal profisional através do forn informacdes, educagio para salide e ajudando as pessoas a deserwolverem habilidades para fazer escothas Reorientando servigos de satide: melhoria em satide bucal requer que a predominincia de “tratame’ | servigos de sade seja questionada, E necessdria uma mudanga de recursos, pessoal, hablidades diregio da prevengio de doencas e promosio da saide. OMS, 1986 * CondigBes socioeconémicas, ultras ambientais Condigbes de vida e trabalho Ambient oe ‘rabaho Eoveagho aD Deserpreso este iG horedita edad BLFIGURA 1.9 (Os principais determinantes da sade, Fonte: Osten «Vien. 1992, eo MOGAO DE SauD Neste modelo, o circulo interno sugere que satide é, em parte, determinada por fatores de estilo de vida individuais, ais como tabagismo, atividade fisica e die~ ta, Avangando para fora, © diagrama chama atengio para relagées com a familia, amigos e outros elementos significantes dentro da comunidade local. O préximo circulo enfoca as condig6es de vida e trabalho - renda, habitasio, emprego, acesso a servigos ¢ assim por dia te. O circulo mais externo destaca forgas socioecondm cas mais amplas como desenvolvimento econdmico, nudangas politicas, forgas socias e estruturais. Embora nfo seja mostrado no diagrama, ha uma influéncia de tum circulo para outro. Por exemplo, redes de apoio sociais sio importantes na manutengio da saiide © bbem-estar das pessoas’ e podem ajudar a amenizar os efeitos adversos do desemprego na sate. ‘As subseqiientes Conferéncias em Promogio de Sai de de Adelaide, Sundsvall ¢ Jakarta, ampliaram a discus- sio sobre influéncias ambientais na satide®“, Nestas conferéncias foi enfatizada a importincia de atuar no apenas sobre doengas e estilo de vida considerados de risco na promogio da saiide, mas também com organiza lo social ¢ estruturas definidas por politicas de sade. Destaque também foi dado ao papel de ambientes “su- portivos", explorando modos priticos para criar ambien- tes fisicos, sociais © econdmicos adequados & satide € compativeis com desenvolvimento sustentivel. Cidades, sender 0 espaco onde as pessoas vive a vida cotidiana em sociedades usbanizadas, com sua diversidade de espagos sociais - casas, escolas,locais de trabalho ¢ comunidades - tornam-se o lugar adequado para o desenvolvimento de agées que suportem esco- Ihas positivas ¢ saudiveis. © movimento mundial de Cidades Saudiveis tem crescido no Brasil em muitos ‘outtos paises, indicando a direco para decisses polit cas, agbes intersetoriais, participagio comunitiria € inovagio, onde todos tém seu Ingar num trabalho conjunto voltado para o alcance da satide. Redes de Escolas Promotoras de Satide e Hospitais Saudiveis, apoindos pela Organizagio Mundial da Savide, igual- mente tém construido experié inseitucionais sig- nificativas na promogio de Rio estou eu, na margem inferior de um rio caudaloso, quando ougo © grito de uma pessoa se afogando. Eu para dentro do rio, ponho meus bragos ao redor desta pessoa, puxo-a para a margem e aplico resprasio artical Assim, satide bucal torna-se parte integrante e in- tegrada a0 cidadio saudével, e 0 papel de profissionais ligados & saiide bucal tem ainda maior importancia nos diferentes espagos sociais interconectados com sua prsvica (ver Capitulo 2). ConsTRUINDO A DEFINICAO ATUAL E OS PRINCIPIOS DE PROMOGAO DE SAUDE BUCAL Partindo deste processo hist6rico, vitias definigbes de promogio de satide foram sendo propostas, des cando sutis diferengas em termos de abordagem fase. A definigio da Organizagio Mundial da Said porém, captura bem o seu espitito é significado: “Promosio de satide represénta um conceito tunificado para agueles‘que reconhecem a ne- cesidade de mudanga nos modos e condigies de vida para promover satide. Promogio de saitde represenea uma estratégia. mediadora entre pesoas ¢ ambiente, simetieando escolha ‘pessoal responsabilidade social em satide ‘para criar um fiauro mais saudivel” i (OMs, 1987) Promogio de satide enfoca os determinances da sati- de, fatores socioeconémicos e ambientais, além da sate individual relacionada a elementos comportamentais. Fla pretende, portanto, evitar uma abordagena de “culpa bilizagio da vitima’, através do reconhecimento do limi« tado controle que fregiientemente muios individuos tém sobre sua satide, No passado, profissionais de satide ignoravam a complesa determinam 6 comport: ie de Farores que influenciam & nento humano ¢, como resulta do, supunham erroneamente que os individuos sempre sio capazes de modificar elementos de seu estilo de vida Na maioria das vezes, tal abordagem restitiva e estreita no resultou nas mudangas de comportamento deseja- das. Uma maior énfase em promogio de satide é, porcan- to, fazer das escolhas saudiveis as escolhas mais voltando a atengio para a “ma rem superior do tio” ulo No momento em que ela comega a respirar, uso outro grite por ajuda, imediatamente, eu pulo para dentro do ric, encontro aquele que pede por Socorro, puxo-o para a margem, aplico respiracao afta, e ent omega a resprar, 0uG0 utra grito por ajuda. Dentro do rio novamente indefinidamente, a cena se logo que ele ete, Sabe, eu estou tio ocupado pulando para dentro do rio, puxando-os para a margem, aplicando respiraglo artifical, que eu no ‘tenho tempo para ver quem, afnal, estd na margem superior empurrando-os para dentro do ria! (Mekinlay, 1974) PROMOGAO DE SAUDE BUCAL As variveis mais comumente relacionadas com satide bucal sio consumo de agticares extrinsecos nao- licteos ¢ 0 controle efetivo de placa denciria. Outros fatores que influenciam a saiide bucal incluem exposi- sf0 a fluoretos e 0 uso apropriado de servigos de aten- Go & satide bucal de qualidade. Os efeitos do consu mo excessivo de élcool e fumo na°satide bucal ram- bém precisam ser reconhecidos. Embora todos estes facores possam ser modificados em nivel individual para promover satide bucal, eles sio claramente influen~ ciados por fatores sociopoliticos complexos que esto fora do.controle de muitos individuos. Participagéo da comunidade & um clemento essen- cial de promogio de satide. O envolvimento ativo da comunidade local em todos 0s aspectos da promosio de satide, desde a idencificagio de temas de savide até formas de iniciar mudangas, € um prinefpio central. Um dos -papéis-chave dos profissionais de satide & portanto, o de viabilizar e reforgar a promogio de satide nas comunidades, Através do reconhiecimento dos amplos ¢ diversos, dexerminantes de satide,-a ‘atuagio multissetorial & cconsiderada mais um elemento-chave de promogio de satide, Muitos setofes da sociedade; por exemplo, se- tores governamenta ligados & educagio, agricultura € satide, servigos sociis e setores voluntitios, tm influén- cia significativa. essencial que estas diferentes agéncias atuem em conjunto para assegurar que poli- ticas de promogio de satide sejam estabelecidas, im- plementadas, monitoradas' e avaliadas. ‘Considerando especificamente a promogio de sat de bucal, muitos setores e agéncias tém uma influén- cia importante. Estrcitos vinculos de trabalho tém sido estabelecidos entre departamentos de scrvigos piiblicos odontoldgicos e escolas, departamentos de setvigos sociais ¢ alguns grupos voluncirios. Ha tam- ‘bém necessidade de trabalhar em conjunto com a diistria de alimentos, comerciantes, fabricantes © for- ncedores, jf que estes grupos podem ter uma influ- éncia significativa na disponibilidade, prego ¢ comercia- lizagio de alimentos saudiveis. Também de funda- mental importin a necessidade do envolvimento aside bucal nos processos politicos gue tém impacto na satide. Um exemplo disto poderia incluir 0 “lobby” local com autoridades relevantes quanto aos beneficios de fluoretagio das dguas de abastecimento piblico. ‘Uma abordagem estratégiea é requerida para o de- senvolvimento de polticas efetivas de promogio de saiide. Tal estratégia deveria estar baseada numa avalia- s40 apropriada de necessidades ¢ recursos locais, que viabilizem o desenvolvimento de uma visio estratégiea de promotores de com objetivos claramente estabelecidos. Muicos pro- blemas de satide compartilham fatores de risco co muns. Por exemplo, uma dieta nao saudavel, com alto teor de gordura ¢ acticares e pobre em fi conduzir a0 desenvolvim cardiacas e diabetes, além de lesies de citric. Estraté gias de promogio de satide baseadas na abordagem d as pode nto de obesidade, docngas favor de tisco comum, oferecem a oportunidade de se atuar efeti mente sobre uma combinagio de proble mas de satide®, Nao somente esta abordagem prova ser mais efetiva a longo prazo, mas t eficiente no uso de recursos. Promotores de satide bbuca precisam atuar em conjunto com aqueles liga dos A promosio de satide geral_e, além dis penham papel essencial na inclusio de fide bucal na ampla agenda de promogio de side, Promogio de satide envolve a populagio como um todo no contexto de sua vida cotidiana, em lugar de ditecionar atengio apenas & pessoas em tisco para doen- as expecificas. Pode implicar na tentativa de influen Giar normas sociais, promovendo os beneficios posit vos de comportamentos saudhiveis. Pata promov satide € possivel, portanto, utilizar uma estrat nada voltada para a popula em conjunto com uma estratégia de alto risco com 0 objetivo de habilitar as pessoas a controlar ¢ assumir responsabilidade sobre a prépria Promosio de satide bucal € qualquer esforgo plane: jado para construir politicas ptiblicas saudaveis, criar ambientes suportivos, fortalecer agio comunitiria, d senvolver habilidades pessoais ou reorientar servigos de saiide na busea de metas em savide bucal''. Promosio de satide bucal no € igual a educagio em satide buical Educagio em saiide € 0 processo pelo quial as pessos ganham conhecimento, se conscientizam € desensoh vem habilidades necessirias para alcangar saxide bucal. Educagio em saide é, porranto, focada em oportunida- des de aprendizagem. Promogio de satide, x0 contritio, ‘engloba uma variedade de medidas, incluindo ativida des educacionais, com 0 objetivo de promover satide Promogio de sade é um termo “guarda-chuva” aside para descrever agies coletivas para promover satide [7] Base ciENTiFICA PARA PRomoGAo pe Saupe Bucat E extremamente importante que politicas de pro- mogio de satide bucal sejam desenvolvidas a partir de uum conjunto de mensagens consistentes e embasadas cientificamente, Sem este conjunto de mensagens tanto 0 publico quanto outros profissionais confun eeaaeane a. sina eet ate i imma a rn nara PROMOGAO DE Sale BUCAL dem-se ¢ deixam de acrediar nos aconselhamentos de saiide bucal. Confusio puiblica sabre, por exemplo, 0 papel de asicares na etiologta da cétie & causada, em parte, pelas técnicas de “marketing” de alguns sctores da indstria de alimentos, Profissionais de satide bucal tém 0 dever profissional de apresentar a0 priblico a base objetiva de promogio de saiide bucal. ‘No Reino Unido, em reconhecimento 3 importin- cia da unificagdo das mensagens em saiide bucal, a Auvoridade de Educagio em Satide publicou A Base FIcuRA 1. Slime nivel de ior + Freqiiéncia de vi EFINIGOES Giemtffica de Educagdo de Saiide Bucal®, Este docu- mento ¢ uma destilagio de evidéncias cm estratégias preventivas efetivas, publicadas dentro de uma vatie- dade de ages que podem ser realizadas para promo- ver satide bucal. E um relatério de consenso, finaliza- do somente apés uma vasta e completa consulta com especialistas em cigncias de satide bucal. O conterido deste documento é resumido na Figura 1.10. Estas mensagens centtais sio perfeitamente aplicaveis ranto zo Brasil como na Inglaterra : MENSAGENS CENTRAIS PARA A PROMOCAO DE SAUDE BUCAL Dieta: Reduza o consumo e} especialmente, a freqlincia do consumo de agicar contido em alimentbs e bebidas Escovagio dentaria: Limpe seus dentes duas vezes por dia com um dentificio fluoretado Fluoretagiio das aguas de abastecimento: Solcite 3 sua autoridade local 0 provimento de dgua com © a0 servigo odontolégico: Faca uma consulta anualmente. Levine, 1995 TFIGURA 3.24 | Promocao bE Saupe BUCAL NA PRATICA EstRaticins DE SUSTENTAGA A partie do esquema proposto pela Carta de Orta- wa, pode-se identificar cinco estratégias que podem ser reunidas para construir um modelo para a promo- fo de satide bucal (Fig. 3.24) POUITICAS PUBLICAS SAUDAVEIS AMBIENTES: FAVORAVESS COMUNITARIA, Estratégias para a promogdo de sadide bucal PROMOGAO DE 1. ConstRuindo UMA POLITICA PUBLICA SAUDAVEL Politica € um consenso de idéias que formam as bases para coordenar ages, as quais, por stia vez, asse~ guram que os servigos sfo ofertados de modo justo ¢ que um meio ambiente saudavel sera mantido. Os go- vernos sio os responsiveis finais pela satide da popuila- ‘qio,_ através das condig6es que eles criam ou avalizam, Politicas de promogéo de saide bucal que sio recomen- dadas pela comunidade e pelos profissionais para serem objeto de legislagéo governamental, inchindo: + Uma politica naci I de alimentagio, que controle a produgio de alimentos processados com adigio de agticar e apoie © aumento e dis- tribuiggo de alimentos tradicionais.>* Uma politica nacional sobre mamadeiras de be- bés, restringindo sua compra & mulheres que no podem amamentit. Uma politica nacional sobre a Muoretagio do sal ¢ da Agua, e sobre fluoretos nos cremes dentais.** + Politicas que induzam os profissionais da Odon- tologia a gastar metade.de cada dia em programas de promosio de savide fora das consulkérios. ‘Uma politica nacional de merenda escolar que apoie a distribuicgéo de alimentos sem agticar nas escolas piblicas. 2. CRIANDO_AMBIENTES DE SUSTENTAGAO © objetivo da segunda estratégia ¢ de contribuir para a melhora de ambientes que apoiem a satide bu- cal, incluindo: ‘+ Encorajar armazéns e similares prdximos a ¢s- colas e centros de satide a estocar, promover € expor alimentos sem agticar. Petiodicamente colher amostras da Agta potével € pedir que sejam analisidas quanto & contami nagio € a ocorréncia de fluoretagio natural Encorajar atitudes que apoiam a amamentasio. + Participar de programas-comunitirios cujos ob- jetivos sejam melhorar as vidas das mulheres, criangas ¢ adolescentes. ‘ncorajat 0 uso de alimentos alternatives cm escolas piblicas ¢ creches. 3. FORTALECINENTO DE AGOES COMUNITARIAS 7 E importante envolver mais pessoas em anilises de situagdes de planejamento e projetos especificos e sas conseqiientes ages. Os dentstas podem: SAUDE BUCAL Juntar-se aos ativistas comunitirios em redes € aliangas e trabalhar juntos em questdes comu, nititias de interesse. Apoiar a criagio de hostas e pomares, como eios de encorajar ages cooperativas ¢ o cres cimento e consumo de alimentos saudiveis Associar-se a grupos comunititios ativos promosio de programas de alfabetizagio © mogio de saide para mies e ctianca + Criar um grupo de planejamento em satide b cal - dentro de estruturas jx existentes, de modo a envolver membros lei 5 ¢ possibilitar a0 grupo a tomada de decisdes significativas em relagio & saride bucal 4. DESENVOLER HARIIDADTS PARA HIDAR COM, DIFICULDADES ‘A intensgo é aumentar « habilidade das pessoas pata controlar as doencas bucais © methorar a sade bucal. Para tal, & fundamental 0 fortalecimento da autoconfianga, de forma que sintam um elemento de controle sobre as opinies que estio sendo apresenta das c, conseqiientemente, sobre sua prdpria satide ‘al. Pata isso, os profissionais da Odonto assumit 0 papel de modelos para os membros da fa- miflia ¢ vizinhos, em termos da alimenta sendo cultivada, comprada ¢ ingerida, bem como quanto &s priticas de higiene bueal. Estes profistionais também podem ajudar outras pessoas 2: + Diferenciar crengas tradicionais que podem ser prejudiciais aiide, de pravieas cuja manuten- fo é boa e vilida. Com isto, as primeitas serio isoladas ¢, por serem prejudiciais, fieats claro que precisam ser mudadas, Examinar em casa a boca das eriangas, identifi- car problemas que est se desenvolvendo, ¢ saber quando e onde procurat ajuda, + Escolher dentifricios Auoietados, bem como, gua porivel que contém uma concentragio étima de aor 5. REORIENTAR SERVIGOS DENTARIOS CuRRICULOS DAS FACULDADES DE_ObC A ajuda através dos servigos de saiide ¢ essencial para a satide bucal da comunidade. Servigos odonto- logicos sio potencializadores, quando prestados por pessoas cuidadosas e empiticas. Neste caso, 0s profis- sionais se esforgam para entender as pessoas na ampli tude de vitios aspectos de sua vida, mais do que ramente como um conjunto de sinais ¢ sintomas. Os DESAFIOS EF OPORTUNIDADES PARA scurrfculos das escolas de Odontologia sém que ser feformulados para permitir 0 treinamento de seus es- sudantes em promogio da satide bucal. Aumentar as oportunidades dos estudantes crabalharem com co- smunidades os ajudaré a mudar seu foco, do trabalho som pacientes para trabalho com pessoas. Existem mais dois objetivos relacionados, Um é sfiar uma pritica mais integral de Odontologia, reco- ahecendo a importincia do bem-estar social, cultural -emocional das pessoas. A segunda é desafiar 0 “sta- fs quo” c reorientar os sistemas estabelecidos, de modo que estes possam set mais consistentes com os Principios de cuidados primirios de satide ¢ de pro: imocio de satide?*”” Um caso exemplar € 0 de um assentamento dos Sem-terra” do sul do Brasil. Um grupo de estudantes de Odontologia e sua professora, vinculada a Univer- Sidade Federal do Rio Grande do Sul, rem visitado 0 Scampamento durante os iltimos cinco anos, com o ‘bjetivo de promover a sade bucal, Na tentativa de akeancar um cquilibrio entre abordagens curativas ¢ reventivas, eles tém feito terapias restauradoras Straumiticas (ART) a0 lado das priticas da educagio fem satide”. i Movimentos neste sentido sio possiveis quando 0 ‘grupo de profissionais da Odontologia accitam para 81 mesmos os principios dos cuidados primérios de Gtengao em saiide bucal, capacitando os auxiliares através de treinamento ¢ apoio no trabalho comuni- trio para * Alcansar pessoas desfavorecidas levando seus servigos a elas, € ndo esperar que elas procurem: © servigo odontoldgico. Fazer um equilibrio entre prevengio © cura, utilizando procedimentos bem pesquisidos como ART, ¢ assegurando que esses procedi- mentos, € 0 programas, sejam implementados com 0 mais alto padrio. Deliberadamente solicitar a opiniéo piblica, para demonstrar transparéncia, ao invés de no ser avaliado pelas pessoas a quem serve. Promover priticss de autocuidado © preparar ‘utras pessoas para serem professores informais de satide bucal. : Nio trabalhar isoladamente, mas em conjunto com outros profisionais que também estejam procurando melhorar a satide da comunidade e um desenvolvimento coral Enyolver-se na linha do pensamento crftico, so- bre doengas bucais e os determinantes da sade bucal, ¢ fazé-lo participativamente com as pes- soas do local DMOCAO DE SAUDE nucaL

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