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LAZER/RECREACAO E FORMACAO PROFISSIONAL LEISURE/RECREATION AND PROFESSIONAL FORMATION Suelly Therezinha Santos Moreno! Nelson Carvalho Marcellino* RESUMO: Nosso objetivo com o desenvolvimento deste artigo é verificar qual © grau de entendimento que o aluno ingressante nos cursos de Graduagao em Educagao Fisica, possui sobre as questdes referentes a Lazer/Recreagio, e quais seriam as modificagdes ocorridas durante o curso, com relago a essas concepgées, comparativamente ao ingresso, ao seu final, e quando atuando no mercado de trabalho. Para poder contextualizar essas questées, tivemos que buscar, também, © entendimento da situagio dominante na literatura disponivel na Area, sobre 0 assunto, e como ele é compreendido pelas Instituigdes formadoras © empregadoras. Para o primeiro caso, empreendemos uma pesquisa de campo; para o segundo, usamos a bibliografica, ¢ para o terceiro, a documental. O entendimento que o aluno ingressante tem da area é 0 do senso comum, com algumas especificidades da realidade da sua urbe (atividades efetivamente realizadas, limitagio de entendimento etc.), € nao so verificadas alteragdes significativas comparativamente aos concluintes.Quanto aos _profissionais, entendimento permanece limitado, ainda que mais articulado, e sem a percepeo da possibilidade de "desenvolvimento" do Lazer/Recreagao. PALAVRAS-CHAVE: Lazer. Recreagiio. Educagio Fisica. Formagio Profissional. Atuago Profissional. Lazer/Recreacao: Mercado de Trabalho, Formacao e Atuacao Profissional para a Educagio Fisica © lazer tem despertado interesse no ensino, na pesquisa ¢ na extensio, nas Instinatgses de Ensino e Pesquisa de todo jaispartoulammenteme tree da Educagiio Fisica. Mas isso nao se restringe ao ambito da formagio profissional ¢ académica, atingindo também o mercado de trabalho da rea, que vem sendo a eee eet 1 Mestre em Educagdo Fisica (Corporeidade ¢ Lazer). Membro do GPL (Grupo de Estudos em Lazer-Unimep-CNPq, € docente do UNISALESIANO ~ Lins-SP. 2 Livre docente em Estudos do Lazer. Docente do Mestrado em Educagio Fisica, da FACIS/UNIMEP. Pesquisador do ‘CNPa, Lider do GPL. 3A "Indistria do Lazer", um dos produtos da sociedade industrial, considerada hoje como a segunda maior indistria do mundo, perdendo somente para a chamada "Indistria da Guerra", sendo o turismo considerado 0 seu maior representante, seguido pelos lazeres eletrénicos, (FRANCESCHI NETO, 1993. p. 73) 108 Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 Lazer/Recreago e Formagao Profissional _souncind samo um dos mais promissores do Saul’ como campo de intervengio multiprofissional, para varias dreas do conhecimento, dentre as quais a Educagiio Fisica (WERNECK, 2003). Perguntando-se sobre 0 porqué do interesse da 4rea pela tematica, Werneck (2003, p. 17), remonta ligagiio_hist6rica da Educagio Fisica brasileira com a Recreagiio: "o tradicional envolvimento da Es fo Fi ‘a recreaco, o que vem ocorrendo ha bastante tem ontexto brasileiro". A partir de abordagem hist6rica sobre a andlise curricular dos cursos de Educagao Fisica no Brasil, a mesma autora verifica que.a recreagao se constituiu : Hint disciplinas que integram os saberes de fc 40 io ~ptofissional ¢ que, somente nas duas Ultimas décadas, as discussdes, em algumas Universidades, tém ocorrido a partir dos -fundamentos do lazer e que, apés a’ reformulagiio curricular (Resolugao 03/87), a palavra Lazer foi inclusive incorporada 4 denominagao de disciplinas, ementas e programas de cursos. Wemeck (2003), constata, também, analisando as publicagdes sobre o assunto na drea da Educagio Fisica que: 7 ecsocingoemie a recrengio © 9 tee . Basta verificar os estudos de diversos autores dessa 4rea (BRAMANTE, 1998; BRUHNS, 1997; PINTO, 2001) para constatar como_boa parte de andlises sobre o lazer, no contexto da Educagao Fisica, parecem evocar — a recteacio (p. 17). E ainda que, Essa aproximagio entre a recreagio e o lazer é uma resposta histérica a forma como a Educacio Fisica vem lidando com esses saberes na formagiio profissional e no mercado de trabalho em_ nosso pais, expressando ainda uma_ambigilidade presente na area: recreagao ¢ lazer sigifeam a mesma coisa ou so objets dsintos?"(p, T7=18). Para Bramante (1998), recreagao ¢ lazer implicam dois conceitos distintos, embora muitos autores os utilizem indistintamente. Para ele, os dois termos sao distintos em sua génese, visto que o movimento em prol da recreacéio. data do inicio do sécalo.¢ 0 conceit de laser aparebe Goat maior forge come Tenbmeno-soe Ro Yolin-dos anos cinaenes. ‘autor também ressalta que o lazer vem sendo confundido em seu conceito, ao longo do tempo, com ‘outros_derivados, lentre os quais 0 jogo e a recreacdo. Para o mesmo autor, 0 lazer possui um amplo € interdisciplinar campo de estudos, pesquisas e aplicac%o, ao passo que a recreagao esta atrelada ao conceito de atividade, como, por’exemplo, um programa de atividades recreativas para pré-escolares. A concepeai omo 0 conjunto de atividades de: idas no lazer é, também, defendida por Brunhs (1997). O lazer, por sua vez, pode ser entendido como a expresso da cultura, constituindo um elem ie conformismo ou de resisténcia 4 ordem social estabelecida. A recreacao (ou atividade de lazer) — ieee 109 Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 Suelly Therezinha Santos Moreno, Nelson Carvalho Marcellino aproxima-se do Iiidico e "as vezes, corre uma certa confusao de termos e objetivos, sendo 0 jogo visualizado como “recreacdo". (BRUNHS, 1997. p. 39). Essa visio de Recreagio como atividade tem seu fundamento histérico na propria constituigio dos significados dos termos Tecreagdo e lazer no mundo modero. Segundo Dumazedier (1975), embora a necessidade humana de lazer sempre existisse, os conceitos de lazer ¢ recreagdo, como os conhecemos hoje, Si frutos da moderna sociedade urbano-industrial, Originalmente, Recreagio significava a atividade ocorri zer. Dessa perspectiva, para Guerra 85), por exemplo, a Recreaciio compreenderia: todas as atividades espontineas, Prazerosas e criadoras, que o individuo waa melhor ocupar seu tempo livre. Deve principalmente atender aos sf . ferentes interesses das diversas faixas etdrias e dar liberdade de escolha las atividades, para que o ieja gerado (p. 12). enquanto o Lazer seria: © espago de tempo livre entre o trabalho e o repouso. isto 6, as horas anuais, tempo “este em que se faz 0 que se quer , Porque se quer fazer", E claro que esse “querer fazer" aqui, é dispor do écio de uma mancira espontai inteligent iadora, eliminando todas as Preocupagdes rotineiras" (p. 12) (grifos nossos), Dumazedier (1) fi jue 0 conceito Fi ceu nos Estados Unidos, e tomou fora a partir do século XIX, época em que a deslocou para as grandes cidades, deixando muitas terras abandonadas, que fora nsformadas em parques nacionais, para evitar a destruigao daqueles espacos” As animagdes que aconteciam nesses parques_nacionais com o intuito de reserva-los € que deram (origem ao conceito de 1 i9."O conceito de lazer também foicriado nos Estados Unidos, mas foi na Euro; ssenvolveu ¢ predominou sobre a recreacdo. O lazer tem um conceito muito mais amplo que o de recreacao e segundo—o autor "Inclui uma fun Ao_re iva". Entretanto, “0 soctbloge atta que, com o desenvolvimento histrico, hoje os conceltes tory € recreagdo "sio a mesma coisa", colocando o termo recreacdio como insuficiente para. atender as mudangas das necessidades sociais e valores da populagio, com a progressiva tendéncia do termo lazer absorvé-lo, Da mesma forma, Parker (1978), depois de apresentar e analisar diversos conceitos de lazer, apresenta Recreacio como sendo: um termo freqitentemente usado_para designar algo semelhante ao lazer. Arrecreagio sempre indica algum tipo de atividade €, assim como o lazer €0 jogo, ido possui uma forma Unica. Em seu sentido literal (re-criagio), 110 Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 Lazer/Recreagéo ¢ Formagio Profissional pode ser.visto cot 1a das fungdes d a de fenovar p ego ou preparar para o trabalho. Esse elemento da recreagio que mais a recomenda Aqueles que desaprovam o lazer “inutil" ou "dissipado", uma atitude sem divida bem retratada na expressiio "recreagio sadia (p. 22, 23). Para Camargo (1998), os conceitos.de lazer e recreagio em. nada se diferenciam do ponto de vista da dinimica sociocultural que produziu o divertir-se moderno. De acordo com o autor, as duas expressdes surgiram mais em decorréncia _ de um problema lingijistico do que de um problema socioeconémico, pois nem todas as linguas modemas dispdem de palavra equivalente ao licere latino (lazer em portugués, loisir em francés, leisure em inglés). O espanhol, 0 italiano ¢ o alemio nao possuem palavra correspondente, adotando os termos de raiz igual a recreago, com a mesma finalidade e praticamente o mesmo sentido. De fato, é possivel verificar essa afirmagao, no trabalho do autor de lingua espanhola Pablo Waichman (1997), o qual destaca que todas as abordagens existentes nesse campo, admitem que "o recreativo" tem lugar no "tempo livre" (p. 128), diferenciando, assim, a idéia original entre a atividade eo tempo, jé referida anteriormente por Dumazedier. Tudo isso faz com que mui es sejam imprecisos no uso dos dois termos_ separadamente. Assim, Cul. shri (990) por exemplo, apresentam conceitos de dificil entendimento para. a jitagao entre Lazer e Recreagio, assim "explicitados": : EaZER)s 0 estado de espe em. qut_o_st_butnano_se-salas instintivamente (nao deliberadamente), dentro do seu tempo livre, em busca do _Tiidico (diversio, alegria, entretenimento); (--) RECREACADY € 0 fato ou 0 momento ou_a circunstincja . que o_individuo_escolhe espontan: ie, através do qual ele satisfaz (sacia). seus + eee anseios_yoltados ao lazer (p. 13, 14). ‘Ao relacionar as caracteristicas basicas da recreac3o, Cavallari; Zacharias (1994) as "especificam" como sendo cinco: a 1, Ser encarada pelo participante como um fim em si mesma, sem que se esperem beneficios ou resultados especificos; 2. Ser escolhida livremente praticada espontaneamente, segundo. os -interesses de cada um; 3. Levar o praticante a estigios psicolégicos positivos, pelo carater hedonistico, por estar sempre ligada ao prazer; 4. Propiciar a0 praticante estimulos para © exercicio e desenvolvimento da criatividade até sua plenitude;, 5. Ser escolhida de acordo com os interesses comuns dos participantes de cada grupo nas socicdades organizadas nos niveis econémicos, sociais, \ oliticos e culturais em geral (p. 16-17). Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 nt Suelly Therezinha Santos Moreno, Nelson Carvalho Marcellino Assim, é preferivel, ao invés de tentar caracterizar artificialmente cada uma das suas esferas, entendermos Lazer e Recreag%o como outro grupo de estudiosos © faz, dentre eles Pinto (1992), para os quais Lazer e/ou Recreagiio representam espagos privilegiados para a vivéncia do lidico*. Dessa forma, os termos lazer € recreagao sao bastante abordados conjuntamente, sendo compreendidos como uma area de conhecimento "cuja preocupagao central é a vivéncia de contetidos culturais qui ibilitem ao sujeito experic ico vida" (p. 291). Os dois termos so concebidos com o mesmo sentido conceitual. Da mesma forma, Marcellino (2000, p. 3), ao abordar o assunto, baseia-se em Dumazedier, explicitando que Lazer e Recreagio, inicialmente se apresentavam como atividades distintas, sendo quée-o Primeiro era visto como o tempo onde a segunda ocorria; porém, hoje, a recreagao @ considerada um componente do lazer © significa criar de novo, Tecriar, dar vida nova, com mais vigor. Assim 0 autor, Nos seus escritos, prefere usar Lazer/Recreagao ou simplesmente lazer’. Sendo assim, ao se estabelecerem os qQuestionamentos sobre Lazer/ ~Recteaciio em nossa sociedade, é necessario que se considerem os seguintes pontos: a cultura vivenciada no tempo disponivel ¢ que possa combinar os aspectos tempo eatitude, tura aqui como os diversos conteidos culturais, nfio apenas sob 0 ponto de vista dos contetidos artisticos e, a0 vivenciar a cultura, estamos enfocando o lazer, além da pratica de suas atividades, como o conhecimento “e a assisténcla quel, ssas atividades podem ensejar, tendo como uma de suas possibilidades, olécio, desde que 0 mesmo seja visto como opgiio de lazer. Segundo o mesmo autor, o lazer historicamente situado, estabelece uma telaco dialéti a sociedac ‘ou, podendo assim emergir dessa relagao, valores questionadores dessa sociedade como um todo, Em seu duplo cardater educative — é veiculo e objeto de educagio e pode ser considerado-assim nao apenas pelas suas possibilidades de descanso e divertimento, mas também de desenvolvimento pessoal e social. BONS 4 Quais os elementos que caracterizam esse componente lidico? HUIZINGA ( 1971), encontra-0s no jogo, eo desereve [..] uma atividade livre, conscientemente tomada como "ndo-séria" ¢ exterior & vida habitual, nas 20 mesrao tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa ¢ total, E uma atividade desligada de todo e qualquer interesse ‘material com a qual nfo se pode obter qualquer luero, pratcada dentro de limites espaciais e temporais Proprios, (. 16). Porém, essas caracteristicas mio se encontram somente no jogo, mas também no bringuedo| a brincadeira, na festa, ¢ até mesmo na esfera das obrigagGes, em algumas oportunidades. Desse modo, para ¢efeité do nosso estudo, optamos por uma abordagem do lidico ndo “em si mesmo", ou de forma isolada nessa ou naquela atividade (brinquedo, festa, jogo, brincadeira, ct), mas como um componente da cultura historieamente sitada, ave encontra no lazer, na nossa sociedade, um espago privilegiado para a sua manifestagdo, exatamente, pelo lazer Permiti, mais do que outras esferas de atuagio humana, oportunidades de expresso autSnome lime (MARCELLINO, 1999), 50 lazer & entendido aqui ".. como a cultura ~ compreendida no seu sentido mais amplo fruida), no ‘tempo disponivel’. £ fundamental, como trago definidor, o cariter ‘desin ‘Nio se busca, pelo menos basicamente, outra recompensa ale TOV ‘de tempo" significa possibilidade de opgdo pela atividade pritica ou contemplativa”™ vivencisda (praticada ou sado’ dessa vivéncia, pela situagio. A “disponibili (MARCELLINO, 1987. p. 112 Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 Lazer/Recreagdo e Formagio Profissional 9 lazet deve set_considerada_ como 2 couch WiuenSet (praticada, fruida ou conhecida), no tempo disponivel das obrigagdes rofissionais, escolares, familiares, sociais, compinando_05_aspestosiempe-2 ating, gerado historicamente e dele podendo emergir valores que possam questionar a sociedade como um todo, recebendo também influencias da estrutura social vigente. Essa relagio entre lazer e sociedade é dialética, ou seja, a propria socicdade que o gerou, exerce influéncias sobre aseu desenvolvimento, mas, ao mesmo tempo, pode ser questionada por ele (MARCELLINO, 2000. p. 3). Ainda ao se referir 4 problematica do Lazer e Recreagio (MARCELLINO, 2000), o faz-inserindo-a como uma "Area de Estudos do Lazer" e defende ‘© conhecimento niio em si mesmo, ou algo isolado, nessa ou naquela atividade, mas como componente da cultura historicamente situada: O entendimento do lazer nao pode ser efetuado "em si mesmo", mas como uma das esferas da ago humana historicamente situada. A disponibilidade de tempo significa a possibilidade de op¢ao pela atividade ou pelo dcio. E preciso pois ressaltar que outras abordagens sobre © lazer 0 colocariam em uma visio parcial e abstrata das questdes que 0 envolvem. Nao é possivel assim, abordar as questées do lazer de forma isolada das questdes do trabalho da educagao uma vez que © lazer seria 0 espago de tempo entre 0 trabalho e 0 Fepouso, as horas disponiveis apés as atividades didrias, o descanso semanal ou as férias anuais. See ee possibilidades de éxito sao inimeras. Este setor favorece a 0} ortunidat OS regécios, de emprego e de geragao de renda, passando a ser objeto de substanciais jnvestimentos profissionais. Mundialmente, o lazer vem ocupando a pauta de projetos de investidores, tanto no setor privado quanto por parte dos governos e até mesmo dos fundos de penso (WERNECK, 2001. p. 14). —Quanto_ao_ Brasil, este potencial_do lazer ainda_é pouco explorado, embora nosso pais seja privilegiado com as inimeras caracteristicas que apresenta para a instalagio de “equipamentos de entretenimento", destacando-se as belezas naturais de que dispomos (WERNECK, 2001). Mesmo assim, o crescimento do mercado de trabalho no campo do lazer vem oferecendo oportuni aos pre i fio Fisica de ampliarem suas praticas pedagogicas (entre outras competéncias) em diversos segmentos, e essa lideranga recreacional devera estar apta a atuar em diversas esferas da sociedade, entre elas os hotéis, resorts, acampamentos, agéncias publicas, clubes, parques tematicos, agéncias de turismo, dentre outros. Como “profissional de lazer", podemos qualificar o especialista capacitado em nivel superior, para atuar de forma fundamentada e transformadora na prestagiio de servigos demandados pela sociedade.’ Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 N3 Suelly Therezinha Santos Moreno, Nelson Carvalho Marcelino Essa atuagao do profissional de Educagio Fisica no Ambito do lazer tem origens remotas e, ao nos reportarmos a elas, é possivel verificar que os Profissionais que militam na 4rea, até mesmo no mundo ocidental; a partir do momento histérico’ da diferenciagio lazer/trabalho, Ppossibilitam encontrar as mais variadas denominagées para sua atuagdo, dentre as quais "chefes de prazer", "consultores. de lazer", “recreacionistas", "lideres recreacionais", "monitores", "animadores", "agentes", demonstrando assim “uma forte tradigo ao praticismo", 0 que acaba culminando no cumprimento de tarefas, ou seja, o chamado "tarefismo", gerando assim uma visio parcial e limitada da abrangéncia do lazer. Tsayama (2003), ao discutir a atuagdio do profissional de Educago Fisica em relagéo ao_Lazer,’ escreve que necessario se faz -entendé-lo como um campo de atuagio multidisciplinar, que favorece a concretizagaio de _propostas “jnterdisciplinares, pois, nesse campo, € possivel verificar-se a atuagio de “profissionais- de diferentes formagées, o que enriquece a atuagZo nessa drea. E possivel verificar que a atuacdo no ambito do lazer requer do profissional uma formacio es; i sua atuagéo necessita da compreet questes_gerais sobre a temitica, pois, ao contrario do que muitos Ppensam a esse respeito, quando colocam que a esse Profissional basta apenas conhecer um vasto ‘repertério de atividades para que possa aplicd-las de maneira a entreter os ‘individuos que nelas buscam o prazer, preocupando-se apenas em tomar agradavel sua participagio, ele necessita do conhecimento tedrico para efetivar 0 seu trabalh BEE EEE EEE See SEE EEE EEE R EEE Segundo o mesmo autor, apesar de as questées sobre a atuacao profissional no lazer serem tratadas de maneira ampla, podem ser pensadas por profissionais de diferentes formagées. Assim é necessirio relacionarmos essa discussio especifica- mente a area da Educagfio Fisica que como uma area do conhecimento que trata da cultura corporal do movimento, que sistematiza e critica estudos cientificos e filos6- ficos, apresentando uma relagdo dialética entre a pratica, as ciéncias e a filosofia, © promove a interacao Lazer/Recreagdo, devendo para isso langar mio e pesquisas cientificas, Ao se ampliarem as ofertas de trabalho, a Possibilidade de diversidade de fungées também cresce, podendo estes profissionais assumir Tungdes que vio desde @administragao até a o1 anizacdo e execugao das vivéncias, Dentre as varias fungdes cue 0 protissonal do lazer pode desemeenite atte mais especificamente: nejamento, organizacio, : execugio e avaliagio das vivénci: er; gerenciamento, coordenagio, supervisdo ¢ avaliagio de projetos ¢ agées de lazer; assessoramento na elaboragao, na implementagio e na avaliacdo das politicas de lazer; viabilizagio de projetos € recursos; Tealizagao, registro e socializagao de pesquisa; docéncia, entre outras. Essa diversidade de fungées envolve um dominio amplo de fundamentos, competéncias e habilidades e que nem sempre sao trabalhados de maneira apropriada na formagao desses profissionais (ISAYAMA, 2003. p. 63). 114 Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 Lazer/Recreacio ¢ Formagiio Profissional Para que os profissionais de Educacio Fisica possam ter uma boa atuaco ou mesmo um bom desenvolvimento das atividades propostas para os programas de lazer, é_necessario_ que possuam conhecimentos especificos sobre_o lazer ou telacionados a ele, Ainda existem, em nosso contexto, poucos es! especificamente a atuagdo no campo do lazer, ¢ a énfase desses estudos, geralmente, limitam-se ao mapeamento das _caracteristicas_necessdrias_ 4 atuagio. desse profissional do lazer em um contexto sociocultural mais amplo. Assim, a busca de uma stunglo que posse ecorrer com competéncia 09 esfera do lazer, é necessirio que a formago desses profissionais esteja alicergada na ‘constmugaio de saberes e competéncias, que se devem aos valores de uma sociedade democritice; compreender © papel social da eduoagio para o laze der o papel social da educagdo para o lazer; dominar. os conteidos que devem ser socializados, procurando entender seus sij nificados em diferentes contextos e articulagdes para que eles tenham representatividade ¢ para “que as pessoas que se utilizam dessa pratica possam usufruir, também, dos seus beneficios; e, finalmente, nheci} investigacao uxiliem_no_aperfeigoamento da_priati dgi gerenciamento do proprio desenvolvimento de agdes educativas lidicas, trabalhar com competéncia proporcionar prazer, descontraciio, alegria, desprendimento para a clientela com a qual ele atua (ISAYAMA, . p. 63). Para contribuir na transformacfio da _sociedade, pelo desenvolvimento pessoal e social, é necessario que os profissionais superem as velhas concepges que possuem do senso comum e de mundo. Assim, é necessdrio_para_os animadores socioculturais, trabalhar incessantemente para promover, além do descanso ¢ do A animag3o sociocultural pode ser caracterizada como uma_agio desenvolvida_por diferentes liderangas, abrangendo_profissionais_com_formacdo geral ou especifica e ainda até mesmo por voluntirios, por meio‘de liderangas eepoutancas das comunidades que colaboram com o desenvolvimento, organizagao, planejamento e execugiio das atividades de lazer. O profissional da area da Educagao Fisica pode atuar tanto no Ambito que diz respeito 4 formagao geral, desde que este procure ampliar os seus estudos e possua experiéncias mais abrangentes, como também pode ocorrer na direg&o da -formagio especifica, através dos conhecimentos e das vivéncias sobre o lazer, partindo da especificidade da Educagao Fisica; assim a finalidade da animaco sociocultural é a de promover nos grupos e nas comunidades, uma atitude de participagio.ativa no processo_do desenvolvimento social e cultural. (SAYAMA; STOPPA, 2001. p. 75). ———nernet (1977), para falar da_animagio sociocultural, afirma que cla tem como finalidade promover nos niicleos e nas comunidades uma atitude de participacao ativa no proce: © se constitui em um dos nicleos centrais da atuaciio dos profissionais de lazer, que se preocupam com a animagio sociocultural, nao restringindo essa participago apenas ‘as atividades, mas sim procurando despertar nessas pessoas a nogo da importancia da Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 M5 Suelly Therezinha Santos Moreno, Nelson Carvalho Marcellino | ’ atitude participativa. O Autor concebe a animagao sociocultural como uma agio educativa, orientada para o entendimento dos sujeitos no como clientes dessas “atividades, mas como cidadios ativos de seus grupos ou comunidade. A nogio da animagio sociocultural encaminha para a autonomia dos sujeitos, que poderdo, até mesmo sem a participagao do profissional que atua na perspectiva de autogestio, dar continuidade aos seus projetos de lazer. Mas, embora possa parecer que a agiio desse profissional do lazer passe a ser desnecessdria a partir do momento que os sujeitos envolvidos alcancam sua autonomia, a realidade nos mostra um trabalho que pode ser de importancia fundamental para a construgio de uma nova dinamica sociocultural, ¢.ainda hé muito que se fazer nesse sentido, pela intervengao desses profissionais (ISAYAMA, 2003. p. 72). Todas as anilises feitas, apontam- ssidade. profissionais reflexivos, que analisem sua propria pratica, poi: era ibuir significativamente na sua tuagiio, visando 4 utilizac3o dessa reflexio como instrumento de desenvolvimento do Pensamento e da acao. Assim, podemos dizer que o saber fazer do profissional, adquirido Por intermédio do seu conhecimento na agio, compreende 0 conhecimento técnico ou a solugdo dos problemas € a possibilidade de explicar 0 que faz. Essas duas capacidades sfo distintas, De um lado est4 o conhecimento e de outro a capacidade que cada profissional tem ¢ utiliza na aco que desenvolve, O profissional ja possui este conhecimento, ainda que se tenha cristalizado em ages automaticas ou rotineiras (SHIGUNOY, 2002). Essa capacidade de reflexio na aio é um Processo mediante o qual os profissionais praticos devem aprender a partir da andlise e interpretacio de sua propria atividade. No dia-a-dia, 6 comum pensarmos sobre 0 que fazemos ao mesmo tempo em que atuamos. Mas essas reflexdes nfo se baseiam em um tinico conhecimento, tendo em vista que se sobrepée a elas um conhecimento de segunda ordem, ou seja, um processo de didlogo com a situagio problematica e uma intervengo particular que exige uma intervengao concreta. O profissional do lazer. dentro deste contexto, mantém uma relagio profunda com a situagio problematica que deve enfrentar, para modificd-la, © por isso sabe que haverd pela frente uma série de obstaculos, resisténcias ¢ limitages 4 sua intervengio. A reflexiio na ag&o é de extrema importancia na formagao desse profissional ¢ é também um importante instrumento de aprendizagem. Quando o profissional se mostra aberto a sua pratica pedagégica, A situacio pritica que vivencia, abrem-se-Ihe possibilidades de discutir, adquirir e produzir novas concep¢ées tedricas, novos esquemas, novas Posturas ¢ esse novo situar, possibilita-The alcangar a compreensao de como se dé o seu proprio processo de aprendi: , facilitando assim a sua atuacho. Deve ainda esse profissional refletir sobre a agio e sobre a reflexfo na agiio, que € 0 processo do pensamento que ocorrera de forma retrospectiva sobre uma situagio considerada importante para estudo, assim como sobre as reflexdes na agdio produzidas por ele (SHIGUNOV, 2002). 116 Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 Lazer/Recreagio ¢ Formagio Profissional Entre Documentos: Em Campo Se, no primeiro tépico, nossa fonte de pesquisa foi o material bibliografico disponivel sobre 0 tema, no segundo, fomos a campo, em busca de documentos ¢ dados diretos, colhidos junto a nossos informantes, quando alunos e ja profissionais atuantes no mercado de trabalho, na 4rea de Lazer/Recreagiio. Os Caminhos Para as pesquisas documental e de campo foi selecionada uma cidade do interior do estado de Sao Paulo’, de médio porte, com Instituigao de Ensino Superior particular, com curso de Educagao Fisica, de repercussio em toda circunvizinha regidio. Configurou-se, assim, um estudo de caso (BRUYNE, et al, 1977). A amostra foi estabelecida de forma nfo probabilistica, por critérios de representatividade e acessibilidade. De acordo com os objetivos da pesquisa, além da Instituig%o formadora, deveriam ser investigadas, também, organizagdes do mercado de trabalho, onde os egressos desempenhassem fungdes ligadas 4 drea de Lazer/Recreagaio. Como na cidade escolhida para a pesquisa, nfio existe Politica Publica em desenvolvimento na area, os érgiios pesquisados ficaram Testritos ao setor privado — dois (2) Clubes e um (1) Hotel, A pesquisa documental foi realizada junto a Instituigfio de Ensino ¢ Pesquisa definida por critérios de representatividade acessibilidade e 4s Organizagées que desenvolvem atividades na drea de Lazer/ Recreaco em que os profissionais formados por essa TEP atuam, englobando Projeto Pedagégico e Programas das disciplinas, no primeiro caso, e Documentos Gerais, Planejamentos e Programagées, no segundo. Apés a fase de coleta de documentos, procedeu-se a anilise de contetido (GIL, 2002). A pesquisa de campo foi realizada junto 4 Instituigdo de Ensino e Pesquisa, e aos mesmos locais (clubes e hotel)’ onde os documentos foram levantados configurou-se como um estudo de caso (BRUYNE et al, 1977),uma vez que os profissionais eram egressos da IEP. Como técnicas de coleta foram aplicados questiondrios para os alunos ingressantes © concluintes da IEP, e para os profissionais das Organizages que desenvolvem agGes na area da Recreagiio e Lazer. Procuramos atingir o maior néimero de ex-alunos da IEP, do curso de Educagiio Fisica. Para a definigfio dos profissionais utilizamos a amostragem nao probabilistica intencional, por critérios de representatividade e acessibilidade, ¢ 0 numero foi fixado por saturag’o de dados. GA nogio de cultura deve ser entendida em sentido amplo, consistindo "... sum conjunto de modos de fazer, ser interagiee representar que, produzidos socialmente, envolvem simbolizago ¢, por sua vez, definem o modo pelo qual a vida social se desenvolve (MACEDO, 1982. p.35). Implica, assim, no reconhecimento de que a atividade humana esti ‘Vinculada & construgdo de significados que dio sentido A existéncia. A andlise da cultura, pois, no pode ficar restrita do “produto” da atividade humana, mas tem que considerar também 0 "processo dessa produgao"- "o modo como esse produto é socialmente elaborado” (MACEDO, 1982. p. 35). ‘7 meidade ni & identificada aqui, por questBes de étiea, uma vez que nos comprometemos com a Instituigo de Ensino ¢ Pesquisa, ¢ com as demais Organizagbes investigadas a mantermos o sigilo, Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 7 Suelly Therezinha Santos Moreno, Nelson Carvalho Marcelino Analise de Conteido A escolha da Instituigfo de-Ensino e Pesquisa deu-se por critérios de representatividade e acessibilidade, uma vez que a mesma é responsdvel pela formagio profissional em Educagiio Fisica de toda a Tegido e os seus egressos ocupam as fungdes ligadas a Lazer/Recreacao, na cidade, formando assim, uma seqiiéncia entre formagiio e atuagio profissional, necessaria ao nosso estudo. Tivemos acesso ao Projeto Pedagégico do Curso de Educagio Fisica, aos Curriculos.I (de 1972 a 1989), II (de 1990 a 1993), IT (de 1994 a 1998 e IV (de 1999 a 2005), e aos Programas de todas as disciplinas do Curriculo vigente a época (.....). O Projeto Pedagégico enfatiza a satide, a educago e o esporte, mas, em alguns itens, menciona 0 Lazer/Recreagio: 7 - Nos Objetivos Gerais do Curso, entre outros, destaca: "favorecer, por meio de aulas tedrico-praticas, a construgéio de conhecimento cientifico adequado para o aluno atuar com competéncia nas dreas de educagio, satide, desporto e recreagiio" (grifo nosso); - Nas Competéncias ¢ Habilidades Gerais, registra: "Educagdo e satide: atividades esportivas e recreativas: cada profissional deve assegurar que sua pratica seja realizada de forma continua ¢ integrada com as demais instancias do sistema de educagio e satide, esportes ¢ Tecreagao, sendo capaz de pensar criticamente, analisar problemas da sociedade e Propor solugSes para os mesmos" (grifos nossos); ~ Nas Competéncias e Habilidades Especificas, inclui: "Promover a alegria da vida, através do exercicio do profissionalismo competente, atingindo © desenvolvimento de potencialidades e criando um ambiente agradavel de Promogao e desenvolvimento das pessoas; valorizar as praticas esportivas, recreagio, dangas e jogos, que representam a tradigao do patriménio cultural do pais e de suas regides" (grifos nossos); - No perfil do.egresso, entre outras caracteristicas, destaca: “Dominar técnicas € taticas esportivas e recreativas" (grifo nosso); - Nas Cargas hordrias das atividades didaticas e da integralizagao do curso, ainda que enfatize mais uma vez, a Preocupacdo com a atengiio a satide, e em menor escala com a educagdo, também informa que: "O Curso de Educagao Fisica, nesta Instituigao, tem como proposta focalizar a atividade escolar, esportiva e recreativa, a atengiio a saiide e a pesquisa para o desenvolvimento das ciéncias do esporte e das ciéncias da satide. Esses campos sao interdependentes nos seus processos de consecugao e evolugao. Sendo assim, as atividades curriculares devem enfatizar € catalisar as agdes de ensino-aprendizagem para promover o bem-estar e a satide humana (grifos nossos). Percebemos, assim, em todos os itens do Projeto Pedagégico, a mengao a Recreagiio, embora'a énfase do documento seja para a satide e educacio. Vemos, ainda, que o documento prega a necessidade de interdependéncia entre arcas ¢ contetidos, E' importante frisar que a palavra utilizada & sempre recreagéio e nunca Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 : Lazer/Recreagdo e Formacio Profissional lazer, j4 denotando o tratamento dado na grade curricular que analisaremos em seguida (mais focado nas atividades), incompativel com as Competéncias e Habilidades Gerais e Especificas colocadas acima, relacionadas 4 Recreagao, como por exemplo a capacidade de"... pensar criticamente, analisar problemas da sociedade e propor solugdes para os mesmos". , -O Curriculo I (72/89) contemplava duas disciplinas relativas a Lazer/Recreagio: Recreagdo 1 ¢ Recreagao II, com 30. H/aula, cada uma. Percebia-se.um grande nimero de disciplinas voltadas para modalidades esportivas. O Curriculo IT (90/93) inclufa bom niimero de disciplinas relacionadas a Area de Humanas, além de disciplinas optativas ligadas a Lazer/Recreagao. A disciplina especifica era Recreagdo LI, com 60 H/aula. No Curriculo III (94/98), a disciplina especifica Recreagao I-II, passou para 72 Hiaula, e¢ deixaram de ser oferecidas disciplinas optativas ligadas a Lazer/Recreagiio. 7 7 Finalmente, no Curriculo atual, vigente a partir de 1999, as disciplinas especificas da area, passam a ter as denominagées de Recreago e Lazer I e Il, mantendo a carga horaria de 72 horas — 36 cada uma. Portanto, hé um longo percurso histérico, até a incorporagao da palavra Lazer As disciplinas especificas da area, mas 0 que veremos, mais adiante, & que isso pode ser verificado de modo efetivo, ainda, apenas no titulo. Por outro lado o numero de disciplinas permanece o mesmo, ¢ a carga horaria também nao acompanhou a importéncia que a drea vem ganhando no mercado de trabalho e como campo de pesquisa. O Projeto Pedagégico di destaque a formas de realizagio da interdisciplinaridade, modos de integragio entre teoria e pratica, e projeto de acompanhamento de egressos, embora nio mencione, em nenhum desses tépicos, as palavras Lazer/Recreagio. .Elas, também, ndo sio mencionados nos. seguintes jtens: formas de avaliag3o de ensino/aprendizagem, avaliagao do curso, modos da integrag3o entre graduagiio ¢ pés-graduagao, cursos de pés-graduagao lato sensu, incentivo A pesquisa como necessirio prolongamento da atividade de ensino e como instrumento para a iniciagio cientifica, concepgao e composigiio das atividades de estagio curricular supervisionado (...) ¢ outras atividades priticas integradas ao ensino teérico e trabalho de conclusao de curso (TCC). No item-"Concepgao e composigio das atividades complementares", © Lazer/Recreagao figura entre as atividades permanentes de extensao,;:na: sua articulagdo com o ensino, em trés (3), dos seis (6) projetos apresentados. ‘Na andlise de contetdo dos Programas. das disciplinas, centramos nossos esforgos no curriculo vigente nos itens: objetivos, ementas, contetidos e bibliografia, isso porque os demais itens - estratégias e avaliagdo - ndo fogem a6 tradicional. Com relagio aos objetivos das disciplinas, observamos que, apenas em poucas, existe algum tipo de enfoque com relagdo ao: Lazer/Recreagao, sempre destacando a atividade lisdica ou recreativa como recurso de aprendizagem.: Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006 u9 Suclly Therezinha Santos Moreno, Nelson Carvalho Marcellino Na sua grande maioria, og Programas das disciplinas contemplam apenas os saberes especificos de cada uma delas, dando maior énfase aos objetivos espectficos da area, Quando analisamos as ementas das disciplinas que compéem o curriculo atual, algumas se referem As atividades de Lazer/Recreagio como recursos para trabalhar determinados conteiidos, ainda que de maneira Pouco significativa, Enfase maior é observada, quando a abordagem é feita com relagao a organizagao de competigdes esportivas, & utilizagdio dos pequenos ¢ grandes jogos, e ainda ao enfoque liidico das atividades, visando a sua aplicabilidade, principalmente nas escolas, Existem poucas disciplinas que enfatizam os conteiidos da Tecreagao. Entre elas o Handebol, que destaca em sua ementa: "o handebol, sua origem, evolucao, suas regras e técnicas que o diferenciam das demais praticas desportivas, demonstrando uma linguagem Itdica que tem caracteristicas recreativas e de gindstica", que parece enfocar a Tecreagao € o liidico em scu conteiido, para fins de aprendizagem. A disciplina Administrag30 ¢ Marketing Desportivo, também registra em sua ementa algumas caracteristicas pertinentes ao Lazer/Recreagio, no que se tefere As fungdes do profissional do lazer: "As empresas na era da globalizagao, suas obrigages legais. Qualidade - Clientes-Marketing de forma global e negociagao." Ja a disciplina Organizagio de Competigées Esportivas, inclui em sua ementa: "A organizacio: finalidades e objetivos; elaboragdo de Projetos e tabelas; tematizagao da organizagiio e realizagio de eventos esportivos nos diversos tipos de instituigdes, sejam cles torneios, campeonatos, gincanas, colénias de férias, entre outros". Observamos, pela ementa dessa disciplina, assim como na de Administracio e Marketing Desportivo, que ambas contemplam as fungdes que os profissionais do lazer, os animadores socioculturais podem desenvolver no seu trabalho, 7 A primeira disciplina especifica aparece no 5° semestre letivo, com. a -denominagio de Recreagio e Lazer I ¢ apresenta na sua ementa: "Conceitos de Recreagio e Jogos Recreativos." J4 no 6° semestre letivo, sua denominagio é Recreagiio e Lazer II e sua ementa contempla: "Estagios e Planos de Aula." Os contetidos das disciplinas, também dio enfoque especifico a cada uma delas, no se referindo aos contetidos do Lazer/Recreagio como parte das mesmas, exceto em algumas que se utilizam de atividades recrcativas como parte deles, enquanto recurso de aprendizagem. Jé a disciplina Recreagio e Lazer I, coloca em seu contetido: Conceitos de Recreacao; Tipos de jogos; Fases dos jogos; Organizacao dos jogos; Papel do lider; Aulas Praticas, A disciplina Recreagio e Lazer II, contempla no seu contetido programitico: Estagios em Entidades. Assistenciais;Elaboragiio de Planos de Aula;Aulas expositivas pelos alunos;Entrega do oficio pela Entidade Assistencial, apés o cumprimento de 30 (trinta) horas de estgio, 120 Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p.108-134, 2006

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