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BStADODE SANTACATARINA \) PRIBINAL DEIUSTICA CERTIDAO DE JULGAMENTO Processo: Agdio Direta de Inconstitucionalidade 2003.010671-5 Origem: Sao José/I? Vara Civel Certifico que 0 TRIBUNAL PLENO, em sesso ordindria hoje realizada, + julgou os presentes autos, tendo decidido, por maioria de votos, afastar as preliminares de iHegitimidade ativa ad causam do representante do Ministério Pablico, vencidos os eminentes Desembargadores Francisco Oliveira Filho, Newton Trisotto ¢ Edson Ubaldo, ¢ do Coordenador-Geral do Centro de Controle de Constitucionalidade, vencidos os eminentes Desembargadores. Francisco Oliveira Filho, Amaral e Silva, Newton Trisotto, José Volpato de Souza, Marcus Tulio Sartorato, Cesar Abreu, Ricardo Fontes ¢ Edson Ubaldo. No mérito, por maioria de votos, julgar improcedente 0 pedido. Vencidos os ‘eminentes Desembargadores Newton -Trisotto, Nelson Schaefer Martins, Sérgio Baasch Luz, Fernando Carioni e Trindade dos Santos. Tomaram parte no julgamento: Desembargador Alcides Aguiar - Relator, Desembargador Amaral € Silva, Desembargador Jorge Mussi, Desembargador Carlos Prudéncio, Desembargador Gaspar Rubik, Desembargador Orli Rodrigues, Desembargador ‘Trindade dos Santos, Desembargador Souza Varella, Desembargador Claudio Barreto Dutra, Desembargador Newton Trisotto, Desembargador Sérgio Paladino, Desembargador Mazoni Ferreira, Desembargador Volnei Carlin, Desembargador Luiz Cézar Medeiros, Desembargador Elédio Torret Rocha, Desembargador Wilson Augusto do Nascimento, Desembargador Nelson Schaefer Martins, Desembargador José Volpato, Desembargador Sérgio Roberto Baasch Luz, Desembargador Monteiro Rocha, Desembargador Fernando Carioni, Desembargador Torres Marques, Desembargador Luiz Carlos Freyesleben, Desembargador Gastaldi Buzzi, Desembargador Marcus Tulio Sartorato, Desembargador Cesar Abreu, Desembargadora Salete Silva Sommariva, Desembargador Ricardo Fontes, Desembargador Nicanor da Silveira, Desembargador Edson Ubaldo, Desembargador Cid Goulart e Desembargador Francisco Oliveira Filho. Presidiu a sessio 0 Exmo, Sr. Desembargador Elidio Torret Rocha. Funcionou como Representante do Ministério Péblico, o Exmo, Sr. Dr. Aurino Alves de Souza, Observagdes: Impedida a Exma, Sra, Desembargedora Matia do Rocio Luz Santa Ritta. Para constar, lavro a presente certiddo, do que dou fé. Plorianépolis, vinte de dezembro de dois mil e seis. Syure Suzanlt Suds Bruna B@vanello Fabris Secretaria, e.c. jms 3792 ESTADO DE SANTA CATARINA of TRIBUNAL DE JUSTICA \ Aco direta de inconstitucionalidade n, 2003.010671-5 de Sao José. Relator: Des. Alcides Aguiar. AGAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE — LEI MUNICIPAL ~ CONTRIBUIGAO PARA CUSTEIO DOS SERVICOS DE ILUMINACAO PUBLICA ~ INEXIS- TENCIA DE INCOMPATIBILIDADE VERTICAL A CARTA ESTADUAL — AFRONTA AOS PRINCIPIOS DA IGUAL- DADE E DA ISONOMIA TRIBUTARIA PREVISTOS NOS ARTS. 4° E 128, Il, DA CONSTITUIGAO BARRIGA VER- DE NAO CARACTERIZADA ~ ART. 149-A DA CF/88 QUE EXIGE OBSERVANCIA APENAS DOS INCISOS 1 E Ill DO ART. 150, DO MESMO DIPLOMA, SEM INDICAGAO DO INC. II DESTE DISPOSITIVO, QUE PERTINE AO PRIN- CIPIO DA ISONOMIA, QUANDO DA INSTITUIGAO PE- LOS MUNICIPIOS E PELO DISTRITO FEDERAL DA “COSIP” - IMPROCEDENCIA. “2. Conforme se depreende do texto constitucio- itorizagao para que os municipios e o Distrito tituam a contribuigdo para o custeio do ser- vigo de iluminagao publica esté subordinada exclusi- vamente a observancia dos mandamentos inscritos no art. 150, incs. |e Ill da Lei Maior. “Logo, nao procede a assertiva de afronta ao art. 128, inc. Il, da Constituicéo Estadual, que corresponde exatamente ao art. 150, inc. Il, da Constituicao Federal. Se este Diploma nao determina que seja observado o principio da igualdade, a Carta Estadual nao poderia fazé-lo, como na verdade nao o fez, até porque sequer regula a nova modalidade de contribuigo.” (ADIN n. 2004.007822-6, Quilombo, rel. Des. Luiz Cézar Medei- ros). Vistos, relatados e discutidos estes autos de agao direta de inconstitucionalidade n 2003.010671-5, da comarca de Sao José, em que sao ~ & ESTADO DE SANTA CATARINA Y TRIBUNAL DE JUSTICA ‘Ago dlreta de inconstitucionalidade n. 2003.010671-5 2 requerentes os Representantes do Ministério Piblico - 2° Promotor de Justiga da comarca de Sao José e 0 Coordenador-Geral do Centro de Apoio Operacio- nal do Controle da Constitucionalidade - CECCON, sendo requeridos o Munici- pio de Sao José e outros: ACORDAM, em Tribunal Pleno, por maioria de votos, afastar as preliminares de ilegitimidade ativa ad causam do representante do Ministério Publico e do Coordenador-Geral do Centro de Controle de Constitu- cionalidade, no mérito, por maioria de votos, julgar improcedente o pedido. Custas na forma da lei Trata-se de ago direta de inconstitucionalidade proposta pelos Exmos. Srs. Procurador de Justica Coordenador-Geral do Centro de Apoio Operacional do Controle da Constitucionalidade - CECCON - e Promo- tor de Justica da comarca de Sao José relativamente 4 Lei Complementar mu- nicipal n. 007, de 30 de dezembro de 2002, que instituiu a contribuigao para o custelo dos servigos de iluminagao publica - COSIP. XN Defendem, inicialmente, a legitimidade ativa - arts. 85, VII, da CE/89; 82 € 99, da Lei Organica do Ministério Publico do Estado de Santa Catarina. Argumentam que referida norma municipal possui vicio material de inconstitucionalidade, pois afronta os principios da isonomia e da igualdade tributaria, previstos nos arts. 4° e 128, II, da Constituigao Estadual ‘Apés destacarem a falta de conformidade da COSIP com 0 regime juridico constitucional, sustentam que, por ser a hipotese de incidéncia do tributo 0 consumo de energia elétrica, restringindo, assim, o sujeito passivo da obrigacao aos respectivos consumidores, ha violagao ao principio da igual- dade tributaria, porquanto os beneficidrios do servico de iluminag&o publica nao so apenas aqueles; a distingdo entre os contribuintes residenciais e os nao > af Des. Alsies Aguiar ae ) 793 ESTADO DE SANTA CATARINA \ TRIBUNAL DE JUSTICA Agdo direta de inconstitucionalidade n. 2003,010671-5 3 residenciais importa em ofensa ao principio da isonomia ante a auséncia de faz4o plausivel para diferenciac&o na distribuigao do énus do pagamento, pois © servico € prestado indistintamente a todos os cidadaos. Salientam que “o fato de um contribuinte consumir mais ou menos energia elétrica nao significa que ele sera mais ou menos beneficiado Pela iluminagao publica, néo hé nenhuma relagdo entre o que a lei chama de ‘niveis individuais de consumo mensal de energia elétrica’ com o custo do ser- vigo de iluminagao publica’. Pugnam, porque presentes os requisitos autorizadores, pela concessao da medida cautelar, com a procedéncia do pedido ao final para declarar-se a incompatibilidade vertical da norma impugnada. © Relator origindrio, Desembargador Anselmo Cerello, im- primiu 4 ago 0 procedimento previsto no art. 12, da Lei Estadual n. 12.069/01 ~ despacho de fis. 32. As fis. 38/49, o Prefeito Municipal de Sao José prestou in- formagdes “conclamando pela néo concessao da liminar pela total auséncia de a5 qualquer requisito que a justifique e pela total improcedéncia da presente Agao Direta de Inconstitucionalidade”. Por sua vez, 0 Procurador-Geral do citado Municipio mani- festou-se em defesa da lei impugnada — fls. 64/74. Alegou que a contribuigao {oi instituida em atendimento a Emenda Constitucional n. 39/02; sua natureza juridica 6 diversa daquela da taxa de iluminago publica; inexiste afronta aos. Principios da igualdade e da isonomia tributaria; “a contribuigao precisa onerar © individuo mais rico para conseguir arrecadar o montante necessario para o servigo, sob pena de ver a igualdade substancial arrepiada, com a oneragao excessiva dos pobres para que se pudesse atenuar o valor devido pelos mais abonadbs financeiramente” wi Des. Alcides Aguiar ESTADO DE SANTA CATARINA ox TRIBUNAL DE JUSTIGA ie ‘Ago direta de inconstitucionalidade n. 2003.010671-5 4 Instada, a douta Procuradoria-Geral de Justiga opinou pela procedéncia do pedido. E orelatorio. Objetiva-se com a demanda em exame a deciaracao de in- constitucionalidade da Lei Complementar n. 07/02, do municipio de S40 José, que “institui a contribuigao para custeio dos servigos de iluminagao publica — COSIP, e da outras providéncias”. Inicialmente & de se firmar a legitimidade dos Represen- tantes do Ministério Publico - 2° Promotor de Justiga da comarca de Sao José © Coordenador-Geral do Centro de Apoio Operacional do Controle da Constitu- cionalidade ~ CECCON ~ para ingressarem com a presente ago direta, na esteira de diversos precedentes deste Orgao, verbis: “1. ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE — CONTROLE CONCENTRADO ~ PRELIMINAR DE ILEGITIMI- DADE ATIVA AD CAUSAM DO CECCON - INOCORRENCIA — DELEGAGAO DE FUNCAO DO PROCURADOR-GERAL DE JUSTICA A MEMBRO DO MINISTERIO PUBLICO DE SEGUN- DO GRAU - POSSIBILIDADE — EXEGESE DO ART. 125 DA CF; ART. 85, INC. Ill, DA CE; ART. 93 DA LOMPSC E ART. 29 DA LOMP. “Além das atribuigées previstas nas Constituigdes Federal e Estadual, compete ao Procurador-Geral de Justia delegar a membro do Ministério Puiblico de segundo grau suas fungées de 6rgao de execugao, dentre elas a de ajuizar Acdo Direta de In- constitucionalidade” (ADI n. 2005.007821-1, da Capital, rel. Des. Mazoni Ferreira) Cita-se ainda os seguintes julgados: ADI n. 2004.028305-3, de ltajai - Medida cautelar ~ rel. Des. Luiz Carlos Freyesleben e ADI n. 2005.031021-2, de Sao Francisco do Sul, rel. Des. Nicanor da Silveira. E relativamente ao Representante do Orgao Ministerial de 1° Grau tem-se: “4. ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. - CONTROLE CONCENTRADO - MINISTERIO PUBLICO DE 7 Des. Alcides Aguiar i) ESTADO DE SANTA CATARINA ob TRIBUNAL DE JUSTIGA \ Acdo direta de inconstitucionalidade n, 2003.010671-5 5 PRIMEIRO GRAU - ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM - PREFACIAL AFASTADA. “O representante do Ministério Publico de primeiro grau tem legitimidade para deflagrar agao direta de inconstitucionali- dade, consoante estabelecem os arts. 85, Vil, da CE; 2° da Lei Estadual n, 12.069/01 e os precedentes jurisprudenciais desta Corte de Justica (TJSC - ADIn n, 96.004208-3, de Ararangua, rel. Des. Sérgio Paladino, j. 05.06.02; TJSC - ADIn. n. 2001.010282-0, de Pinhalzinho, Des. Anselmo Cerello, julgada em 05.06.02; TUSC - ADIn n. 02.020477-9, de Campo Eré, rel. Des, Silveira Lenzi, j. 16.10.02)” (ADI n. 2003.007030-3, de Ita- pema, rel. Des. Mazoni Ferreira). Passa-se, pois, a andlise do mérito da demanda. Os Requerentes entendem ter a Lei Complementar n. 007/2002, do Municipio de Sao José, violado dispositivos constitucionais da Carta Estadual Referida norma municipal foi editada em consonancia com a Emenda Constitucional n. 39/2002, que acrescentou a Constituigéo Federal 0 art. 149-A e seu paragrafo ni Pios e 0 Distrito Federal poderdo instituir contribuigao, na forma das respectivas leis, para 0 custeio do servigo de iluminag&o publica, observado 0 disposto no art. 150, |e III"; @ “E facultada a cobranga da contribuigaio a que se refere 0 ca- put, na fatura de consumo de energia elétrica’. Ressalte-se que eventual dis- cussao acerca da constitucionalidade desta Emenda deve se dar, se for via , que dispdem respectivamente: “Os Munici- controle concentrado, no ambito do egrégio Supremo Tribunal Federal A alegada afronta, com a edi¢o da norma impugnada, aos Principios da isonomia e da igualdade tributdria, previstos nos arts. 4° e 128, Il, da Constituigao Estadual, ja foi alvo de inumeros julgados neste Orgao, que deliberou pela auséncia do apontado vicio material de inconstitucionalidade. A propésito: “Tributério. Lei municipal. Contribuig&o para custeio da ilu- minago publica. Legitimidade. Art. 149A da Constituigéo Fede- Des. Alcides Aguiar ) J ESTADO DE SANTA CATARINA o> TRIBUNAL DE JUSTICA \ Agao cireta de inconstitucionalidade n. 2003,010671-5 6 SE. Wn STS 1798 ral. Alegagao de ofensa aos artigos 4° e 128, !I, da Constituigo Estadual. Nao ocorréncia “Observa-se a competéncia desta Corte para o exame da alegagao de inconstitucionalidade, no controle abstrato, quando alegada contrariedade a Constituicao Estadual “Consoante precedentes desta Corte, sedimentado a partir da vigéncia do art. 149A da Constituig&io Federal, nao afronta a Carta Estadual a norma que cortelaciona o valor da contribuigao para custeio da iluminagao publica ao montante cobrado em fa- turas de energia elétrica” (ADI n, 2003.013758-0, da Capital, rel. Des. Pedro Manoel Abreu) E mais: “AGAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI QUE INSTITUI A CONTRIBUICAO PARA CUSTEIO DE SER- VIGO DE ILUMINAGAO PUBLICA NO MUNICIPIO DE CAPIN- ZAL - NAO CABIMENTO PERANTE ESTA CORTE, POR SE TRATAR DE CONTROLE CONCENTRADO DA CONSTITUI- CAO FEDERAL. 7 “ALEGADA AFRONTA AOS PRINCIPIOS DA ISONOMIA E DA ISONOMIA TRIBUTARIA PREVISTOS NOS ARTS. 4° E 128, INC. II, DA CONSTITUICAO ESTADUAL - INOCORREN- CIA - ART. 149-A DA CF QUE MENCIONA SOMENTE A OB- SERVANCIA AOS INCISOS | E ill DO ART. 150 DA CARTA MAGNA, EXCLUINDO 0 INCISO II QUE PREVE O PRINCIPIO DA ISONOMIA - CONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA - IMPROCEDENCIA DO PEDIDO” (ADI n. 2004.012843-6, de Capinzal, rel. Des. irineu Joao da Silva). Ainda: “CONSTITUCIONAL - LEI MUNICIPAL - CONTRIBUIGAO PARA CUSTEIO DE ILUMINAGAO PUBLICA. - CONSTITUCIONALIDADE - OBEDIENCIA AOS PRINCIPIOS DA LEGALIDADE, ANTERIORIDADE E IRRETROATIVIDADE “1. A contribuig&o para custeio de iluminacao publica nao tem previsdo na Carta Estadual, justamente por configurar uma Nova modalidade de contribuigao especial, conforme previséo do art. 149-A da Constituigao Federal, introduzida pela Emenda Constitucional n. 39/2002. “2. Conforme se depreende do texto constitucional, a auto- rizagao para que os municipios e o Distrito Federal instituam a contribui¢o para 0 custeio do servigo de iluminacdo publica Des. Aleides Aguiar ESTADO DE SANTA CATARINA ie TRIBUNAL DE JUSTIGA ‘Acao direta de inconstitucionalidade n. 2003.010671-5 7 esta subordinada exclusivamente a observancia dos manda- ‘mentos inscritos no art. 150, incs. | ¢ lil da Lei Maior. “Logo, nao procede a assertiva de afronta ao art. 128, inc. Il, da Constituigéo Estadual, que corresponde exatamente ao art. 150, inc, ll, da Constituigaéo Federal. Se este Diploma nao determina que seja observado o principio da igualdade, a Carta Estadual nao poderia fazé-lo, como na verdade nao o fez, até ‘ porque sequer regula a nova modalidade de contribuigao. . *3. Desse modo, nao padece de inconstitucionalidade lei municipal que se ajusta aos termos do art. 149-A da Constitui- go Federal e respeita os principios da legalidade, irretroativida- de e anterioridade” (ADI n. 2004.007822-6, de Quilombo, rel. Des. Luiz Cézar Medeiros). Por ultimo: “CONSTITUCIONAL. ACAO DIRETA DE INCONSTITUCI- ONALIDADE. LE] COMPLEMENTAR N. 30/2003. MUNICIPIO. DE CURITIBANOS. CRIACAO DE CONTRIBUIGAO PARA O CUSTEIO DE SERVICO DE ILUMINAGAO PUBLICA (COSIP). OFENSA AOS ARTIGOS 4° E 128, I, DA CONSTITUIGAO ES- TADUAL. INOCORRENCIA’ (ADI n. 2004.006582-5, da Capital) Ante 0 exposto, por auséncia de violacao aos dispositivos constitucionais apontados, julga-se improcedente 0 pedido de deciaracdo de inconstitucionalidade da Lei Complementar n. 07/02, do Municipio de Sdo José. Participaram do julgamento, os Excelentissimos Senhores Desembargadores Amaral e Silva, Jorge Mussi, Carlos Prudéncio, Gaspar Ru- bik, Orli Rodrigues, Trindade dos Santos, Souza Varella, Claudio Barreto Dutra, Newton Trisotto, Sérgio Paladino, Mazoni Ferreira, Volnei Carlin, Luiz Cézar Medeiros, Eladio Torret Rocha, Wilson Augusto do Nascimento, Nelson Scha- efer Martins, José Volpato, Sérgio Roberto Baasch Luz, Monteiro Rocha, Fer- nando Carioni, Torres Marques, Luiz Carlos Freyesleben, Gastaldi Buzzi, Mar- cus Tullo Sartorato, Cesar Abreu, Salete Silva Sommariva, Ricardo Fontes, Ni- canor da Silveira, Edson Ubaldo, Cid Goulart e Francisco Oliveira Filho. Venci- dos os eminentes Desembargadores Francisco Oliveira Filho, Newton Trisotto e Edson Ubaldo relativamente a preliminar de ilegitimidade ativa ad causam de Cita os. ates Aguiar imu? ESTADO DE SANTA CATARINA \v TRIBUNAL DE JUSTICA Ago direta de inconstitucionalidade n, 2003.010671-5 8 fepresentante do Ministério Publico. Quanto preliminar de ilegitimidade ativa ad causam do Coordenador-Geral do Centro de Constitucionalidade, ficaram vencidos os eminentes Desembargadores Francisco Oliveira Filho, Amaral e Silva, Newton Trisotto, José Volpato de Souza, Marcus Tulio Sartorato, Cesar Abreu, Ricardo Fontes e Edson Ubaldo. No mérito, vencidos os eminentes De- sembargadores Newton Trisotto, Nelson Schaefer Martins, Sérgio Baasch Luz, Fernando Carioni e Trindade dos Santos. 20 de dezembro de 2006. 2 Eladio Torret Rocha Des. Alcides Aguiar I ESTADO DE SANTA CATARINA \v TRIBUNAL DE JUSTIGA ADI n. 2003.010671-5 1 Declaragao de voto vencido do Exmo. Sr. Des. Francisco Oliveira Filho: EMENTA ADITIVA ~ CONTROLE CONCENTRADO - ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE — ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DO PROCURADOR DE JUSTIGA TITULAR DO CECCON E DO PROMOTOR DE JUSTICA - ROL DE LE- GITIMADOS ATIVOS AUTORIZADOS NA MAGNA CARTA ~ PRECEITO INSUSCETIVEL DE ALTERACAO NA CAR- TA POLITICA DOS ENTES FEDERADOS OU POR LE- GISLACAO INFRA CONSTITUCIONAL - VOTO VENCIDO RECONHECENDO A CARENCIA DE ACAO. “I = Os legitimados para propor arguiao de descum- primento de preceito fundamental se encontram definidos, em numerus clausus, no art. 103, da Constituig&o da Re- publica, nos termos do disposto no art. 2°, |, da Lei n. 9.882/99. II — Impossibilidade de ampliagdo do rol exausti- Vo inscrito na Constituicéo Federal. II! - Idoneidade da de- cisdo de nao conhecimento da ADPF" (Ag. Reg. na Argui- ne 0 de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 75-1, SP- Ministro Ricardo Lewandowski). Trata-se na espécie de veredicto prolatado em 3 de maio de 2006, confirmando deciséo monocrdtica da Exma. Sra. Ministra Ellen Gracie Mutatis mutandis, na ago direta de inconstitucionali- dade, incide esse precedente, porque a legitimidade ativa conferida constitucionalmente nao pode ser modificada por Consfituigao do ente federado ou através de lei infra cons- titucional. A taxatividade néo comporta ampliacao. Registra a Certidaéo de Julgamento que ousei dissentir do respeitavel voto majoritério, por entender que ha ilegitimidade ativa ad causam dos Exmos. Srs. Coordenador-Geral do CECCON e do Promotor de Justiga, os quais subscrevem a inicial (fl. 26). Nao obstante 0 inciso Vil, do art. 85, da | Carta Politica Catarinense, autorizar 0 parquet de primeiro grau invocar a juris- i ty 1788 | I Des, Francisco Olvera Fiho | : » ESTADO DE SANTA CATARINA \ TRIBUNAL DE JUSTICA ADIn, 2008.010671-5 2 digao constitucional no egrégio Tribunal de Justica, enquanto o CECCON & Coordenadoria interna da Procuradoria-Geral, a realidade é no Ag. Reg. na Ar guigéo de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 75-1, do Estado de S80 Paulo, o Exmo. Sr. Ministro Ricardo Lewandowski, foi categorico: “I - Os legitimados para propor argligéo de descumprimento de preceito fundamental se encontram definidos, em numerus clausus, no art. 103, da Constituig&o da Repiblica, nos termos do disposto no art, 2°, l, da Lei n. 9.882/99. II - Impossi- bilidade de ampliagao do rol exaustivo inscrito na Constituigao Federal. Ill — Idoneidade da decisdo de nao conhecimento da ADPF”. Este veredicto é de 3 de maio de 2006, e confirma deciséo monocratica da Exma. Sra. Ministra Ellen Gracie. Ora, mudando 0 que,deve ser alterado, em se tratando de de oficio. in —. ESTADO DE SANTA CATARINA \ TRIBUNAL DE JUSTICA \ Acao Direta de Inconstitucionalidade n° 2003,010671-5, de Sdo José Declaragao de voto do Desembargador Newton Trisotto EMENTA ADITIVA Por violagao aos principios da igualdade tributéria (CF, art. 150, ll; CESC, art. 128, Il) - que “é particulariza- 40 do principio fundamental da iqualdade” (ADI n° 3.105, Min. Ellen Gracie; CF, art. 5°, caput) — e da razoabilidade (CF, art. 5°, LIV; CESC, art. 4°), 6 inconstitucional lei que estabelece o valor da energia elétrica adquirida pelo con- tribuinte como base de calculo da contribuigéo para o custeio de iluminagao publica (COSIP) e aliquotas pro- gressivas proporcionais ao consumo (TJRJ, Representa- 40 por Inconstitucionalidade n° 116/2003; TJGO, ADI n° 236, 267; TJSP, ADI n° 116.867, 116.949, 117.103 e 127.431). 1. No tocante @ legitimidade ativa ad causam do Promotor de Justiga, divergi da douta maioria pelos fundamentos expostos no voto — vencido, registre-se — que inseri no acérdao da Ag&o Direta de Inconstitucionalidade n° 2008.014965-1, os quais reproduzo: “1. Quanto a legitimidade para propor ago direta de inconstitu- cionalidade (ADI), prescrevem a Constituicdio da Republica e a Constituicao do Estado de Santa Catarina, respectivamente: ‘Art. 103. Podem propor a agao direta de inconstitucionalidade ¢ a ago declaratoria de constitucionalidade: 1-0 Presidente da Reptilia, 1 a Mesa do Senado Federal; Mesa de Assembiéia Legislativa ou da Camara Legislativa do Distrito Federal; sits 1798 ESTADO DE SANIA CATARINA \? TRDUNALDE IUSTICA ‘Aco Diteta de Inconstitucionalidade n? 2003.010671-5 2 V—0 Govemador de Estado ou do Distrito Federal; Vi- 0 Procurador-Geral da Republica: Vil - 0 Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil Vill partido politico com representagao no Congresso Nacional; 1X— confederac&o sindical ou entidade de classe de mbito nacional.’ “Art, 85. Séo partes legitimas para propor a agéo direta de inconsti- tucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal contestado em face desta Consttuigao" 10 Governadir do Estado; I~ a Mesa da Assembléia Legislativa ou um quarto dos Deputados Estaduais; 1 ~ 0 Procurador-Gerat de Justica; IV 0 Conseiho Secional da Ordem dos Advogados do Brasi; V — 08 partidos politicos com representagéo na Assembiéia Legislatva; VI— as federagdes sindicais @ as entidades de classe de ambito es- tadual; Vil - 0 Prefeito, a Mesa da Camara ou um quarto dos Vereadores, © representante do Ministério Publico, a Subsegao da Ordem dos Advo- gados do Brasil e as associagées representativas de classe ou da comu- nnidade, quando se tratar de lei ou ato normativo municipal Conforme a doutrina (Celso Ribeiro Bastos, Comentérios 4 constitu- ido do Brasil, Saraiva, 1997, 4° v., tomo Ill, p. 247-8; J. Cretella Junior, Comenté- rnos 4 constituigéo brasileira de 1988, Forense Universitaria, 1992, 1* ed., v. VI, p. 3.107; Zeno Veloso, Controle jurisdicional de consttucionalidade, Del Rey, 2003, 3* ed,, p. 72; Marcelo Colombelli Mezzomo, introdugao ao controle de constitucionali- dade, difuso e concentrado, em Jus Navigand) ¢ a jurisprudéncia (ADPF-AgRg n? 75, Min. Ricardo Lewandowski, ADI-QO n? 353 ¢ Rcl-QO n° 397, Min. Celso de Mello), ‘o circulo de sujeitos processuais legitimadas a intervir na acéo direta de in- constitucionalidade revela-se extremamente limitado, pois nela s6 podem atuar aqueles agentes ou instituipdes referidos no art. 103 da Constituipao [e no art. 85 da Constituigao do Estado de Santa Catarina, quando se tratar de impugnagao ‘de Jei ou ato normativo estadual ou municipal em face da Carta Estadual], além dos Orgdos de que emanaram os atos normativos questionados’ (ADI-MC-AgRg n° 1,254, Min. Celso de Mello. 2. Também estatui a Constituigso da Republica: ‘Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Republica: J Paragrato tnioo, O Presidente da Republica poderé delegar as ai- bulges mencionadas nos incisos VI, Xi e XV, primeira parte, aos Mi- nistros de Estado, a0 Procurador-Geral da Republica ou ao Advogado- Geral da Unido, que observaréo os limites tragados nas respectivas dele- gagdes.' terizando-se como privativa a competéncia do Presidente da ADI € ndo havendo na Constituigdo expressa autorizacdo, Des, Newton Trisotto ‘Ago Direta de Inconstitucionalidade n° 2003.010871-5 3 do Ihe € permitido delega-la. \Valho-me da doutrina para reforcar a assertiva: ‘As delegagdes sé podem existir, em nosso sistema, com estrita observancia do preceito pertinenie da Constituico’ (Geraldo Ataliba, Re- vista de direito processual 98/50}. ‘Outra restrigéo @ delegagao é a de atribuigéo conferida pela lei es- pecticamente a determinado orgao ou agente. Delegéveis, portanto, so a8 alribuigdes genéricas, nao individualizadas nem fixadas como privati- vas de certo executor (Hely Lopes Meirelles, Direito adminisirativo brasi- Joo, Malheiros, 2003, 28" ed. p. 119), ‘Nenhuma norma infraconstitucional pode subtrair competéncias que foram entregues pelo constituinte’ (Michel Temer, Elementos de direito constitucional, Malheiros, 2005, 20* ed., p. 121) ‘A delegagao intema obedece a um rol exaustivo, mencionando a Constitui¢éo a matéria suscetive! de delegacéo, nao permitindo ter outras ‘malérias como objeto’ (Pinto Ferreira, Comentérios 4 constitui¢ao brasi- Ieira, Saraiva, 1992, 3° v., p. 592). ‘A matéria a ser alvo de delegacao restringe-se aos incisos VI, Xi! XV, deste art. 84 (Uadi Lammago Bulos, Constitui¢do federal anotada, Saraiva, 2003, 5* ed., p. 893) Sobre o tema, ao julgar 0 Habeas Corpus n° 84.630, decidiu 0 Su- premo Tribunal Federal: ‘Provindo de lei complementar a reserva da atribuigdo questionada 20 Procurador-Geral, so 4 lei complementar mesmo caberia autorizar, disciplinar e limitar a delegaeao dela: fé-1o 0 paragrato Unico do art. 48 da LOMPU, que, de um tado, facultou ao Procurador-Geral delegar a atribul- 40 que Ihe conferira, e, de outro, 86 a permit a Subprocurador-Geral de Repiiblica. 3. A delegagso, quando autorizada por lei, é forma indireta de exercicio de atribuicéo do delogante, conferida igualmente por lei desse modo, sé a fei, que a confere, seria dado restringi-a: de todo ocio- sa, por conseguinte, a inexisténcia, a respeito de resolugao do Conseiho ‘Superior do Ministério Publico Federat (Min, Sepulveda Pertence) Por anaiogia e simetria, & forgoso concluir que também é indelegd- vel a competéncia cutorgada pela Constituig&o do Estado de Santa Catarina ao Procurador-Geral de Justiga para ‘propor a aed direta de inconstitucionalidade de ‘ei ou ato normativo estadual ou municipal contestado em face desta Constituicao. 3. Nos memoriais relativos & Aco Direta de Inconstitucionalidade n® 2006.010176-4, inscreveu 0 Procurador de Justiga Gilberto Callado de Oliveira: ‘A excecao do Ministério Publico, os demais casos do art. 85 so de legitimagao indelegavel, porque no possuem no sistema positive da Constituigo @ no ordenamento infraconstitucional disciplina propria para institut la delegagSo, a exemplo do que sucede com 0 chefe do Minis- tério Put No &mbito do Ministerio Puiblico Federal a legitimagao se distancia Des. Newion Trisotto st n705 ‘Ago Diteta de Inconstitucionalidade n° 2003.010871-5 4 dos Ministérios Publicos Estaduais, n&o propriamente em raz da limita- ‘¢40 constitucional, mas em virtude de lei prépria, Com efeito, reza 0 art, 46 da Lei Complementar n° 75/1993 (Dispée sobre a Organizago, as Atribuigdes e 0 Estatuto do Ministério Publica da Unido), que ‘incumbe a0 Procurador-Geral da Republica exercer as funcdes do Ministerio Publica junto ao Supremo Tribunal Federal, manifestando-se previamente em todos os processos de sua competéncia’, ~ Nao ha, aqui, possiblidade de delegagao, porque a lei complemen- tar federal da forma escalonada na atuago do Ministério Publico da Uni- o junto aos tribunais superiores, quando o art. 47, § 1°, dispde que ‘as fungées do Ministério Publico Federal junto aos Tribunais Superiores da Unido, perante os quais Ihe compete atuar, somente poderdo ser exerci- das por titular do cargo de Subprocurador-Geral da Republica’ Nos Estados, os niveis de atuagao cifram-se na Unica jurisdigao constitucional do Tribunal de Justiga, perante © qual 0 Procurador-Geral de Justia serd sempre um dos legitimados ao exercicio da ago direta de inconstitucionalidade. Nao sera, contudo, 0 tinico a poder exercé-la, ‘em face do desdobramento da tarefa conferida ao Ministério PUblico pelo art. 94 da CE. O principio da unidade permite que outros érgaos da instituicao 0 fagam. Ele é absolutamente incompativel com a legitimag&o fechada ou legitimagao personalissima, porque, enquanto predicado histérico do Mi- nistério Publico, tem significagSo propria e traz consigo a idéia de uma organizacdo hierarquizada e, com ela, a de certos poderes de delegacao e de designacéo. ~ No ol de legitimados para aforamento de adin, estereotipaco nos incisos do art. 85 da CE, no encontramos outro érgo ou entidade que tenha 0 poder de designar sendo 0 Ministério Puiblico, Este poder é deri- vag direta da hierarquia institucional que esta presente na sua estrutura. O controle de constitucionalidade no Ambito estadual é funcdo insti- tucional do Ministério Publico, sendo cogente que a Constituicso Estadu- al tenha instituido nao s6 a legitimidade ad causam (tituiaridade da aco — art, 85, Ill), sendo também a legitimidade ad processum (titularidade do. ‘exercicio da agdo ~ arts. 94 e 97). O principio da unidade autoriza essa divis4o, no sentido de integrantes do Ministério Publico exercerem, por delegacao, atribuigdes inerentes ao Procurador-Geral de Justica, Por isso que na Portaria 0715/2004, o que se delega é o exercicio da funcdo - ou mais especificamente: 0 exercicio da aco direta de inconstitucionalidade =, porque a portaria ndo faz cessar a legitimidade ordinaria (ad causam) do Procurador-Geral de Justia. Note-se que a possibilidade de delega- ‘980 depende de norma expressa que a autorize (art. 97, CE), estando in- Sita e inseparavel da norma constitucional que define o principio da uni- dade (art. 94). Esse principio traz consigo acentuado grau de imperativi- dade, exigindo a necessdria conformagao de qualquer norma especifica aos seus ditames. Nad\na, portanto, excluir de controle jurisdicional in abstracto da ‘ighalidade das leis o poder de exercer a ago entregue as mos > Dos. Newion Trisotto \b ‘Ago Direta de inconstitucionalidade n° 2003.010671-5 5 do Coordenador-Geral do Ceccon, que age como representante e inte- grante de um sé organismo, desempenhando uma fungéo delegada que Ihe fora atribulda pelo texto constitucional.” Pelas raz6es que passo a alinhar, divijo de Sua Exceléncia: 3.1. Repetindo, com alteragdes insignificantes, as disposicées da Lei 8.625, de 1993 (Lei Organica Nacional do Ministério Publico), no art. 18 a Lei Compiementar 197, de 2000 (Lei Organica do Ministério Publico do Estado de Santa Catarina), descreve as ‘atnbuigées do Procurador-Geral de Justiga, como Chefe do Ministério Piblico’, no art. 93, as suas ‘atribuiedes processuais’, estas Tos termos que seguem: ‘Art. 93. Além de outras previstas em normas constitucionais ou te- gais, sé0 atribui¢ées processuais do Procurador-Geral de Justica: 1 propor agao nos casos de infragées penais comuns @ de crimes de responsabildade, nas hipsteses de competéncia originaria do Tribunal de Justica; 1! = impetrar, no interesse do Ministério Pablico, mandados de se- guranga e habeas data contra atos do Governador, da Mesa e da Pres déncia da Assembiéia Legislativa, da Presidéncia do Tribunal de Justica ou de algum de seus membros, do Presidente ou de membro do Corpo Delierativo do Tribunal de Contas do Estado e dos Secretarios de Esta- do; 11 = impetrar, no interesse do Ministério Publico, mandados de in- Junge, quando a ‘inexisténcia de norma regulamentadora estadual ou municipal, de qualquer dos poderes, inclusive da edministracao indireta, tome invidvel 0 exercicio de direitos assegurados em normas constitucio- nais ¢ infraconstitucionais; iV = impetrar, além de mandado de seguranga, qualquer outro pro- cedimento judicial para a defesa dos direitos e interesses do Ministério Pabiico; V— exercer as atribuigdes do art. 129, incisos II ¢ Il, da Constitui- 980 Federal, quando @ autoridade reclamada for 0 Governador do Esta- do, os Presidentes da Assembiéia Legislativa, do Tribunal de Justica ou do Tribunal de Contas, bem como quando contra estes, por ato praticado em a de suas fungées, deva ser ajuizada a competente ago; ~ propor acéo de inconstitucionalidade de lei ou ato norma- tivo pial 14 municipal, contestados em face da Constituicao Es- fadual e aco de inconstitucionalidade por omissao em face de pre- ‘ceito da Constituicao Estadual; Vil = propor representacao para fins de intervengo do Estado nos Municipios para assegurar a observancia dos principios indicados na Constituigéo do Estado, bem como para prover a execugso de lel, de or- dem ou decisao judicial: Vill ~ propor, nas hipéteses previstas em lei, acoes rescisérias de nos casos em que a deciséo rescindenda tiver sido proferida em de competéncia origindria dos Tribunais; ~ propor, perante 0 Thbunal de Justica, acdo civil destinada a jul Des. Newton Trisotto sy 1798 Y ESTADO DE SANIACATAKINA \ THINUNAL DE stsTICA ‘Ago Direta de inconstitucionalidade n* 2003.010671-5 6 decretagao da perda do cargo @ de cassagao de aposentadoria ou de disponibilidade de membro vitalicio do Ministério Pablico, nas hipéteses previstas nesta Lei Complementar, X ~ exercer as atribuigdes do Ministério Pilblico nos processos re- foridos neste artigo e seus incidentes, bem como nos casos previstos nos incisos |, V, VI, Vile Vill, quando a aco tiver sido proposta por terceiros; XI ~ recorrer, pessoaimente ou por membro do Ministério Pablico designado, nos processos de sua atibuicdo © também nos demais pro- cessos, sem prejuizo, nesta tiltima hipdtese, de igual airibuicao do Pro- curador de Justiga oficiante, cujo recurso prevaleceré se mais abrangente for, Xil — deierminar 0 arquivamento de representagao, noticia de cri- me, pecas de informagéo, inquérito civil ou inquérito policial, nas hipéste- 808 de suas atribuigdes legais: Xill - representar, de oficio ou por provocagéo do interessadio, aos Orgéos censorios competentes, sobre faltas discipinares ou incontinéncia de conduta de autoridades judiclarias; XIV ~ representar 0 Ministe Tribunal de Justiga; XV = promover a agdo para declaragao da indignicade ou incompa- tibilidade para o ofcialato e perda do correspondente posto ou patente, € ara perda da graduagao dos pragas da Policia Miltar, XVI - delegar a membro do Ministério Publico suas funcées de Srago de execucao’ [os destaques nao constam do original ‘Tenho que a delegagZo para o exercicio de ‘fungdes de drgao de ‘execugo’ no aleanga a ‘atribuigao processuet — privativa no ambito do Ministerio Publico do Estado de Santa Catarina — conferida ao Procurador-Geral de Justica para aforar ADI. Leciona Osério Silva Barbosa Sobrinho: ‘De alguns dos legitimados ativos — caso do Procurador-Geral da Repiiblica - 6 exigido, pensamos, a assinatura pessoal, independente- ‘mente de assinar em conjunto com um Subprocurador-Geral da Repibli- ca’ (Comentarios 4 lei n° 9.868/99, Saraiva, 2004, p. 13 ~ 0 destaque nao consta do original). Piblico nas sessées plendrias do Cumpre-me destacar que desse entendimento diverge Hugo Nigro Mazzilli. Ensina ele que: ‘Estruturado em careira, com autonomia funcional, administrativa e financeira, 0 Ministério Publico dos Estados 6 integrado por diversos rgaos. A atual LONMP procura enumeré-los: a) 6rgdos de administragéo superior; b) érgaos de administragao, simplesmente; c) érgdos de exe- cugao; d) érgaos auxiliares. [-] ‘os promotores e procuradores de Justica séo por exceléncia os Grgady de execugéo. a Des. Newton Trisotto srg 1783 Ago Direta de Inconstitucionalidade n° 2003.010871-5 7 Assim, entre outras hipdteses, cabe a0 préprio procurador-geral, pessoalmente ou por delegagéo: propor agao direta de inconstitucional- dade ou nela ofciar, funcionar nas sessdes plendrias dos tnbunais; ajui- Zar ou atuar nas agées penais de competéncia originaria dos tribunais; dar decisdio final sobre o arquivamento do inquérito policial: propor a agao civil para perda do cargo de membro do Ministério Piiblico’ (Regime juri- ico do ministério piiblico, Saraiva, 2000, 4* ed., p. 446 e 449). 3.2. A competéncia do Procurador-Geral de Justiga para aforar ADI no provém da Lei Complementar 197/2000, mas da Constituigdio do Estado (art 85, iN). 3.3, Excluidas as competéncias decorrentes das fung6es institucio- nais do Ministério Publico (v.g., CR, aft. 36, Il; art. 84, VI, XI, XXV e pardgrafo Gni- 00; art. 103-B, Xe XI: art. 109, § 5° art 130-A, |; CESC, art 50; art. 71, IV, aed, XX e parégrafo Unico; art. 97; art. 101), a Constituigdo da Repiblica e a Constitui- ¢40 do Estado de Santa Catarina néo contém qualquer outra disposigao relaciona- da com as ‘atribuig6es processuais' do Procurador-Geral da Republica e do Pro- curador-Geral de Justiga afora aquela concemente a legitimidade para intentar aco direta de inconstitucionalidade. Seria inconstitucional, portanto, a disposi¢&o conti- da no inc. XVI do art, 93 da Lei Compiementar Estadual 197/200, se entendido que compreende a delegagdo para ofertar ADI. Reafirmo: ‘Nenhuma norma infra~ constitucional pode subtrair competéncias que foram entregues pelo constituinte’ (Michel Temer), 3.4, Se admitida como valida a delegagao ter-se-ia que reconhecer legitimidade ad causam para ajuizar ADI, por delegagao do Procurador-Geral, tam- bém aos Promotores de Justiga, pois so ‘membros do Ministério Publica. 3.8. Os defensores da tese da validade da delegacio em comento evocam as disposigbes do inc. XVI do art. 93 da Lei Complementar Estadual 4197/2000, acima reproduzido, e da Constituigéo da Republica, Esta prescreve que ‘so fungées institucionais do Ministério Publica’ (art. 129), dentre outras, ‘promover a ago de inconstitucionalidade ou representagao para fins de intervengao da Uni- 40 e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituigé0’ (ine. IV). indago: se assim fosse, por que os constituintes catarinenses atri- buiram competéncia para propor ADI ao Procurador-Geral da Justiga e n3o ao Mi- ristério Publico ou a0 ‘representante do Ministério Pablico’ (CESC, art. 85, VIl) como poderiam té-lo feito (CR, art. 125, § 2°)? ‘Ademais, no ha que se confundir a ‘funcdo Institucional do Minis- tério Publico para 'promover a agdo de inconstitucionalidade’ com a legitimaco pa- ra ofertar ADI; nao ha que se confundir fungo, competéncia ou atribuicéo. A fungao esta relacionada ao 6rgao: a competéncia ou atribuigéo, com o agente que, na estrutura do 6rg0, detém o ‘poder atribuido’ para o ‘desem- penho especifico de suas fungées' (Hely Lopes Meirelles, Direito administrativo brasileiro, Malheiros, 2003, 28* ed., p. 147) 3.6, A Lei 6.625/1993 dispde que aos Procuradores de Justica cabe fexercer as atnibuig6es junto aos Tribunais, desde que néo comelidas a0 Procura- dor-Geral de Justica @ inclusive por delegacao deste’ (art. 31), a Lei Complementar Estadk que Ihes ‘cabe exercer as atribuigdes de Ministério Puiblico jun- Dos. Newton Trisotto Si 1793 ESTADO DE SANTA CATARINA ‘TRIBUNAL DE JUSTICA ‘Ago Direta de Inconstitucionalidade n® 2003.010671-5 8 to ao Tribunal de Justi¢a, inclusive a de interpor recursos aos Tribunais Superiores, desde que néo privativas [os destaques no constam do original] do Procurador. Geral de Justiga' (art. 96). ‘Como se vé, dentre as ‘atribuigdes processuais’ do Procurador- Geral de Justia ha competéncias privativas, as quais, segundo as leis referidas, no podem ser delegadas 4. A Constituigao do Estado de Santa Catarina confere legitimidade a0 'representante do Ministério Publico’ para ajuizar ‘agdo direta de inconstituciona- Jidade de fei ou ato normativo estadual ou municipal (art. 85, VII). ‘Sdo representantes do Ministério Publico estadual todos os que in- tegram a carreira: 0 Procurador-Geral, os Procuradores de Justiga e os Promo- tores de Justica (CESC, art. 96, caput) Indago, uma vez mais: todos eles detém legitimidade para promo- ver ADI? Penso que a resposta é negativa. Se aos Procuradores de Justica 6 vedado ‘exercer as atribuigdes de Ministério Publico junto ao Tribunal de Justica’ quando privativas do Procurador-Geral de Justiga (Lei Complementar 197/200, art. 96), a toda evidéncia carecem de legitimidade para subscrever peticdo inicial de ago direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou munici- Pal em face da Constituigao do Estado. Infere-se da Lei 8625/1993 que aos Promotores de Justiga nem sequer é permitido postular perante os tribunais, salvo para impetrar habeas cor- pus e mandado de seguranga, e para requerer correigao parcial (art. 32, Da doutrina e da jurisprudéncia colaciono julgados que, mutatis mu- tandis, respaldam a tese: ‘Falece, a0 membro do Ministério Public que oficia perante o pri- meiro grau de jurisaigéo, legitimidade para impetrar mandado de segu- ranga perante 0 Tribunal de Justica, contra ato praticado por um de seus Desembargadores’ (ROMS n° 13.568, Min. Nancy Andrighi}. ‘A atuagao do promotor de justia perante os tribunais estaduais li mita-se a impetrar ‘habeas-corpus’ ou mandado de seguranca’ (ROHC n° 5.563, Min. Edson Vidigal). ‘Estabelece o artigo 32, 1, da Lei 8.62593 (Lei Organica Nacional do Ministério Puiblico), que a atuagao dos Promotores de Justica perante os tribunals estaduais limita-se a impetragao do pedido de habeas ‘corpus ou mandado de seguranga. O acompanhamento e a eventual interposicéo de recurso é ainibuigéo dos Procuradores de Justica, @ teor do art. 31, da ‘mesma norma legal (ROHC n° 4,730, Min, Cid Flaquer Scartezzii). ‘1. Da Deciséo que denega, indefere, considera prejudicado ou ju ga extinto 0 mandado de seguranga, cabe o recurso ordinério. 2. O Ministério Publico tem legitimidade para impetrar mandado de seguranga no 4mbilo de sua atuacéo @ em defesa do suas atnibuigdes ais, A Constitvigéo (art. 103, § 1°) dispde que tem competéncia priva- tiva pata oficiar perante o Supremo Tribunal Federal, exclusiva e unica- Des. Newton Trisotto STI 1798 ESTADO DE SANTA CATARINA \* ‘TRIBUNAL DE JUSTICA J ‘Ago Direta de Inconstitucionalidade n® 2003.010671-5 9 mente, 0 Procurador-Geral da Repiiblica, seja como custes legis seja come parte. Perante este Superior Tribunal de Justice atuam o Procura- dor-Geral ou os Subprocuradores-Gerais, com proibicéo de outro repre- ssentante do Ministério Publico. Assim, cabe ao Procurador-Geral de Jus- tiga exercer as suas atribuigées junto aos Tribunais de Justica, podendo delegé-las aos Procuradores de Justiga. Os Promotores de Justiga care- cem de capacidade postulatoria junto aos tribunais e, pois, para requere- em em mandado de seguranca perante 6rgo superior de jurisdido. 4, Incensuravel a decisao recorrid entendendo carecer ao repre- sentante do Ministério Publico, no primeiro grau, legitimagao ativa ad ‘causam para postular, via mandado de seguranga, na segunda instancia, no resguardo de competénoia decorrente da aplicagao do Estatuto da Crianga e do Adolescente’ (ROMS n° 1.456, Min. Jesus Costa Lima). 8. Dispée a Lei Estadual 12.069, de 2001 ‘Art, [0] LJ Paragrafo Gnico. A peti¢éo inicial, acompanhada de instrumento de procuragéo, quando subscrita por advogado, ser apresentada em duas vias, devendo conter copias da lei ou do ato normativo impugnado e dos documentos necessérios para comprovar a impugnacao.’ Conquanto sem relevancia no caso em exame, deixo registrado 0 entendimento de que: a) 'O Governador do Estado e as demais autoridades e entidades referidas no art. 103, incisos | a Vil, da Constituicao Federal, além de ativamente legitimados 4 instauragéo do controle concentrade de constitucionalidade das leis € atos normativos, federais @ estaduais, mediante ajuizemento da acao direta peran- te 0 Supremo Tribunal Federal, possuem capacidade processual plena dispéem, ex vi da prépria norma constitucional, de capacidade postulatéria, Podem, em con- segiiéncia, enquanto ostentarem aquela condigao, praticar, no processo de acao direta de inconstitucionalidade, quaisquer atos ordinariamente privativos de advo- gado’ (ADI-MC-QO n® 127, Min. Celso de Mello; ADI n° 120, Min. Moreira Alves; Zeno Veloso. Controle jurisdicional de constitucionalidade, Del Rey, 2003, 3* ed., p. 79), b) quando indispensavel, 'é de exigir-se, em agdo direta de inconsti- tucionalidade, a apresentacdo, pelo proponente, de instrumento de procuragao 40 advogado subscritor da inicial, com poderes especificos para atacar a norma im- pugnada' (ADI n® 2.187, Min. Octavio Gattott; Ives Gandra Martins, Controle con- centrado de constitucionalidade, Saraiva, 2001, p. 154). 6. Pelas razGes expostas, revendo entendimento sufragado quando {0 julgamento da Ago Direta de Inconstitucionalidade n° 2005.007821-1, tenho que 0 Procurador de Justiga Coordenador do Centro de Controle de Constituciona- lidade e o Promotor de Justiga no detém legitimidade para aforar agdo direta de inconstitucionalidade.” Relativamente ao mérito da quaestio juris posta nos autos, Des. Newton Trisotto sits 179,

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