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S@i@qd co Walie ea Di Geeverc ss Pe 32 edi¢do - Revisada e Ampliada fooled MMe ROM Canto lee 7. eee — ‘Copyright © 2009 de Editora Miisiea de Teenologia Ltda, Diagramagio ilustragao da capa Clheat By ~ ellentby.com be Revisios Ligia Diniz Impressio ¢ acabamseato: Geiica Stamippe Dados Intemacionais de Catalogagio na Publicagio (CIP) Valle, Son to Manual pritice de acustica Sten do Valle. - ed, - Rio de Janeiae ; Miisica & Tecoolegia, 2009 388p.c ih Inclal bibtiografia ISBN S7R-85-H9402- 14-9 {Engenharia de acisticn 2 Avistica. 3. Som. 4 Esti de 0m - Projet e plantas, 1 Tinta, 109.3390, eDD 620.23 COU ORLA, 09.07.09 14,0740 913733, 2009 Proibida a reprodugo total ow parcial, ‘Os infeatores sero processavio na forma da be. ‘itoea Msiea & Tecnologia Lida, Estrada de Jacarepagud, 7655, sala 704 Rio de Janeiro - RJ = CEP 22 753.045 Sumario Defini¢ées Fundamentais 9 ntinnos ea Frequéncias e Notas Musicais 23 ) Obecibet a A Audi¢ao Humana 45 | Propagactio de Som ao Ar Livre cen | Fundamentos da Acistica te | Pardmetros Acisticos 7 Diretividade das Fontes Sonoras 105 | Acistica de Ambientes Fechados 1 ‘Ondas estacionarias e Modos 143 E |solamento acustico Medidas de Audio 181 Portas, janelas, visores e dutos: es | Condicionamento acustico 215 Calevlando a Aciistica me 255 © condicionamento do ar Estidios pora ensaio Estidios de gravagdo 287 Mirotones se Pré-amplificadores & mesas 331 Equipamento bésico de gravacao im | Monitoragao 363 a Introdug¢do ‘Conhego bons livros sobre Acistica, Teatros, templos, paldicios, centros do ‘oxponig6as silo vistos, de um ponto de vista muilo estética, mas... powea prition, Oa autores nao chegam a sugerir uma espécie de rotina de procedimentos para estudar cada ambiente quentoa seu tamanho, aplicagées, caracterlsticas ‘especiais, muito menos 4 vontade de dono au administrador de que funciona desta ou daquela maneira, Em outras palavras, ha muito saber descentralizado, muita cullura, mas powca objetividade em meio a essa riqueza de conhecimentos, Por quire fade, vejo obras sando realizadas sem um estudo adequado caso & caso, “Receltas de bolo” sendo aplicadas com resultados quase sempre aquém do desojado... ¢ custos nem tanto, Seriam estes casos de excesso de cbjetividade? ‘Certamante, Aqui faltau atengao ao detalne, faltou sensibilidade artistica, taltou ‘oque eu Chamaria de sensibilidade técnica - uma capacidade de transpor, nos dois sentides, a ponte entre a arte @ a tecnologia, Este livro se origina de textos que escrevi a0 longo de varios anos, sempre buscando oferecer um tipo de informagao de fato util para quem quer se desenvolver no projeto de ambientes acusticamente corretos. Evitel certas. equagdes ¢ férmulas dignas de doutorandos em Fisica, pois elas no tornariam @ tarefa mais simples nem mais perfeita para o usuario médio. Mas entrei com @ Matematica onde quer que ela se mostrasse util, Procural buscar na Musica inspiragdo para explicar muitos fendmenos fisicos, trazendo-os para mals perto da artista do que do clentista, ‘Se vood esta interessado em montar seu home studio, sonorizar a igreja de sua comunidade, corrigir a actistica do principal teatro do pais, adquirir canceitos sonoros para a produgao de COs de sucesso, embarque comige nesta viagem, t Manual PRATICO OE AGOSTICA we Capitulo 1 Definigdes Fundamentais © que é Audio? Audio, palavra que existe em Portugués e am muitas outras linguas, vem do Latim audio, primeira pessoa do presante do verbo audire, que significa ouvir. Entao, Audio quer dizer “ougo”, Na sentide técnico, entende-se por Ausio qualquer fenémeno no qual acormam: de 20-2 20 mil andes por segundo. O ouvide humano 4 capaz de perceber sons que contenham numeros de ondas por sagundo dentro dessa faixa, O que sao ondas? Ondas sic fenémenos de repeti¢ao clelica, isto 6, onde se varia desde um valor de repouso até chagara um valor maximo posilivo, descando-se de novo, passando pelo valor de rapouso, desce-se até um valor maximo negativo, voltande-se novamente ao ponte de repouse, ¢ iniciando-se outra onda semelhante, A esta ‘ida e volta” completa da onda, damos.o nome de ciclo, Representagio grifica de uma onda a MANUAL PaATICO DE ACOSTICN Frequéncia Afrequénca é uma das caracteristicas mais importantes do Audio. Frequéncia 6-0 numero de cisos que ocorrem & cada segundo da tempa, Portanto, a0 se dizer que a frequéncia (1) 4 de 1000 cictos porsegundo, queremos: dizer que a cada segundo, acontecem 1000 ciclos de onda. Unidade de Frequéncia; em vez de ciclos por segundo, utilizamos 0 Hertz, unidade de frequéncia que corresponde a 1 ciclo por segundo. Esta unidade fol assim denominada em homenagem a Heinrich Hartz (1857-1894), descebridor das ondas de radio, também chamadas ondas hertzianas. Exemplo: 250 ciclos por segunda = 250 hertz ov 250Hz (abreviatura) §.000 ciclos por segundo = 5.000 hertz ou 5 kilohertz = kHz Periodo Para certas aplicagSes, tomna-se mals util especificar o tempo de duragaiode um ciclo. Este tempo chama-se Periodo da onda, sendo expresso em segundes. 0 periode (1) & exatamente o inverso da frequéncia, isto 6: 1 1 nO “a 1 Hertz Exemplo: ‘Qual o periodo de uma onda de 200Hz? Resp.: perlodo = sae = 0,005 segundos = 5 milissegundos ou Sms MANUAL PRATICO OF ACGBTICX Spas ttn a As ondas de hudio podam apareder de 18s formas diferanten: + Nos compos silos, sendo chamadas de VIBRAGAQ, + No ar, sando chamadas de SOM, + Nos eiroultos elétrices, sendo chamadas de SINAL DE AUDIO. Nos sdlidos, a8 ondas sonoras se apresentam como deformagdes dos compos, na frequéncia (fig, 2). AMPLITUDE VIBRAGAO MINIM ‘Vibrag8o de um corpa sdlide 1 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA No ar, a8 ondas sonoras séio variandes na pressfe do ar, acima ¢ abaixo da pres- ‘Sfio atmosférica, que no caso é o valor médio da onda (fig. 3). AR MAIS RAREFEITO ONDA SONORA YALOR MINIMO PRESSAQ ATMOSFERIGA NORMAL _ VALOR MEDIO \ Aft MAIS DENSO * WALOR MAXIMO: ~~ Aen, / ay Onda senara no ar Nos circultos elétricos, as ondas se apresentam em forma de variagSesna tensio (voltagem) e/ou na correnta elétrica, nos diversos pantos do circuito; isto é, a tenso e/ou a corrente varia acima e abslxo de seu valor médio ou de repouso, © qual pode ser zers, ow outra tansSo ou corrente qualquer. ‘Onda ne circuito elétrico Ve MANUAL PAATICN DE ACOSTICA Valocidade do Som 7 Conforme o meio & a aspicie de onda, varia a volocidede dé propagagdo {vs ‘fot beh, 8 Valockdnde com que as endas se deslocam. Em um meio mais dena, fi velocidade aumenta, Nas sdlidos @ nos liquidos Nos sélidas 6 nos liquides, a velocidade depende da densidade do material « da temperatura, sendo sempre superior a velocidade no ar, No Ar Avelocidade do som no ar (v,_.) depende da temperatura, podenda ser calculada (a0 nivel do mar) pela expressdo: onde Té a temperatura am graus Celsius, Exemplo: Calular a velocidade do som, ao nivel do mar, 4 temperatura de 21°C: Resp.: V,.., = 20,06 « y/21+ 273 = 344 mis No Circuito Avolocidade das ondas no circulto é a mesma da eletricidade, e da luz; 300.000.000 metros por segundo. Existem cerios tipos de circuitos que provecam retardo dos sinais que o9 alravessam. Isto no quer dizer que a velocidade tenha variado: na verdade, esses cirouilos “detent” ou “quardam’ os sinals por algum tempo. por meios que por ora no nos interassam, mas @ velocidade da eletricidade, fora ou dentro is MANUAL PRATIEG DE ADBSIICA desses circuitos ¢ sempre a velocidade da luz ou 300,000,000 mvs. Devido 4 altissima velocidade dos sinals elétricos, os comprimentos de onda no circullo se tomam extremamente longos. Por axemplo, para uma frequéncia bem alfa de audio de 15 kHz, 0 comprimento de onda elétrico seré de 20 km! importante observagao sobre velocidade Com relagdo & velocidade das ondas de som no ar, devemos notar que nde 6 oar quem se desioca, mas apenas as ondas que se movem, Som no é arem movimento de vaivém; as compressGes © descompressées da atmosfera é que se movem, afastando-se da fonte sonora, Da mesma maneira, o mavimento das cangas elétricas no circuito é que transporta © sinal, ¢ noo circuito se movendo! ‘Quem S¢ movimenta sempre so as cndas, nunca o meio de propagacao. Comprimento de onda ‘Se uma onda se desioca através do at com certa velocidade, com frequéncla ‘sonstante, existe uma distancia oxata entre pontos similares (como, por exemplo, © inicia) de ondas consecutivas. Para exerplificar, imaginemos ondas no ar, se deslocando para a frente; qual seré a distincia, por exemplo, entre os maximos de duas dessas ondas? Sera uma dislncia, em metros, denominada Comprimento de Onda, designada pela letra grega ). (lambda). Esie comprimente é calculado pela expresso: », - Exemplos: Qual o comprimento de onda corespondente 4 frequéncia de 1kHz 7 aa Resp: A= 0,344m = 344mm 1000 ‘Qual o comprimento de onda correspondente a 50Hz ? it MANUAL PRATICO OF ACUSTIGA Reap. b= >< 6.0m 60 ‘Obs.; Deve=se notar que, quanto maicr a fréquéncia, manor comprimento de onda. Comprimanto de onda (A) Esta observagéo é de grande importincia, e sera itil mais tarde no nosso estudo. Fase ‘A fase € um pardmetra relative de Audio. Sé tem sentido se falar em fase quando hd mais do que uma onda, seja eldirica ou scnora. Para comegar a entender o que 4 fase, vamos primeiramente entender exatamente © que é uma onda senoidal (onda de frequéncia pura). Sabemos que uma circunferéncia (a curva que envolve 0 cifculo) tem um 4nguio total de 360 graus. Ou seja, 360° so uma volta completa, 180° sho mele volta, 90" séio um quarta de volta, etc., Um dngula é representada por duas linhas, que se encontram no canto 15 Manual PRATICO OF AcOSTICR do um arco de clrculo, ¢ tém a mesma medida em graus que o arco. Repare que um fingule pode ter mais de 360°. Neste caso, o dngulo 4 dito congruente de outros. Angulos, cuja diferenga ¢ um miiltiplo inteiro de 360°, e graficamente aparece no mesma lugar, Por exemplo, a Angulo de 405° (= 45" + 360") 6 congruente com o de 45°, @ 08 Singulos de 0", 360° @ 720° também so congruantes entre si. Para maiores detalhes sobre este assunto, leia a Apandice 1, no final do livro -— a a / *, a as" art Pale | \ —tr | y : y / f / ae, ae Me agit ry Anguios @ arcas. 16 MANUAL PRATICR OF AGUSTIER Agora, imaginernns Uma circunfordncia, da rele, @ varios marcarum panto sobre: ala, Com a rotagdo da cireunforéncla, © ponta marcada val, entio, descrever um curva ondulada, que é a sendide. Uma onda de frequéncia pura é formada por um momento simples come oste, ¢ 6 uma sendide também, A O° Ma" Co 90" 420" aor tan Zim ar 27H" 900" 390" ‘Correspondéncia entre o circulo © o cicto Quando temos duas ondas da mesma frequéncia, mas uma nao coincide coma outra, existe uma diferanca em Angulo entre as ondas. Esta diferanga ¢ 0 dnguio de fase entve as ondas. Entre ondas coincidentas, a fase 6 zero. Quando a fase éde 180°, diz-se que as. ondas esto em contrafase. Quande a fase ¢ um Angulo fato (90° ou 270°), diz-se que as ondas estdio em quadrature. 7 MANUAL PRATICO BE ACOSTIER Angulas de fase de 90° a 360° 18 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA CAPITULO 2 Como Sentimes As sengagdes humanas s4o traduzidas dos 6rgios dos sentidos para o cérebro de um modo nada linear. Se temos uma Limpada, digamos, de 60 walls, acesa, ¢ fazemos acendor Junto uma outra igual, o ambiente nde parecer duas vezes mais daro, embora evidentemente tenhamos 0 dobro da luz! ficaré um pouco mais claro. Se estamos sequrande um peso de meio quilo @ a trocamos por outro de um quilo, ‘este nos parecard um pouco mals pesado, mas nao duas vezes. mais pesado, Se aumentamos para o dobro a poténcia de um equipamenta, 0 som parecarih ligeiramente mais alto. Se formes aumentando o volume até sentirmos “o dobro” do som, leremos aumentado dez vezes a poténcial Mas nde é 56. Para tarmos a sensagSo de que a iluminag’o, 0 peso ou o volume de. som solreu outro aumento igual, teremos que multialicarnovamente a poténcia ‘ou a massa pela mesma proporgao, Isto é, para nossos sentides, muftiplicagdes iquais na amplitude dos estimulos (luz, peso, som) sio imerpretadas camo acréscimos iguais, Multiplicames, mas parece que somamos. Esquegamos agora a8 outros sentidos, @ vamos nos concentrar na audi¢ao. Duas sf0 as grandezas qué o ouvido precisa perceber: & amplitude e a frequéneia. Ja dissemos que, para acréscimos iguais no volume, precisamos de multiplicagées iquais na potncia sonora. Se, por exempio, vacé tem um airiplificadar de 10 walts @ o {roca por outro de 100 watts, percebs uma boa diferenga de volume entre eles. Se, agora, vocé quiser outro aumento de volume igual, ter. que usar um amplificador de 1000 watts — porque, nas duas Irocas, a poténcia foi multiplicada por 10. 19 WaalUAl PRATICO DE AcOSTICR Paraa frequéncia, vamos recomer a mdsica para entender como o ouvido funciona. ‘Sabo-se que existem notas mais. graves e outras mais agudas como mesmo nome. Unt dé patie ser uma note grave, uma nota média ou uma nota aguda: de qualquer ‘maneita, nds a identificaremos como um dé, e poderemos alé cantar a mesma ‘nota junte, numa altura (frequéncia) que se adapte ao nosso tom de voz. Se medirmos as frequéncias de todas.as notas d6, loge descobriramos que unas ‘840 0 dobro das outras, desde os graves alé os agudos: 32,70Hz; 85,41H2: 190,01Hz; 261,63Hz; $23,25Hz; 1.046 5Hz; 2.093Hz; etc. Para qualquer outa nota, isto também acantece, Na misica ecidental, o conjunto de notas entre duds notas do mesmo nome contém aito notas— por exemplo: 46, ré, mi, fé, sol, 18 si, d. Porisso, o intervalo- entre duas notas do mesmo nome $a chama Uma oitava. Mas acabamos de ‘ver que entre notas seguidas do mesmo nome ha uma razSo de 2 para 1. Por isto, uma razao de 2 vezes (0 dobro) na frequéncia 6 chamada de uma oitava acima. Pela mesma ligica, uma raz8o de 1/2 (a metade) na frequéncia chamada de uma oilava abaixo, Continuande com esta ldgiea, duas oitavas acima serio 4 vezes, trés oftavas acima sero 8 vezes, quatro oilavas acima serio 16 vezes, elc.; e duas oltavas abake serdo 1/4, irés oltavas abaixo sero 1/8, ¢ assim por diante, Existem outros intarvalos menores que a oilave, que estudaremos mais 4 frente, Mas, por enquanto, o importante @ saber que intervalos iguais entre notas seam para os ouvides como diferengas iguais de alinagde (pitch), Novamente, multiplicagées so percebidas como somas, e divistes sao pereebidas como diferengas. Vemos, enldo, que existe no cérebra um processo matematico de conversao d@-valores das sensacées, que nog ajuda a lidar com enormes (des}proporeses: de valores como se nie fossem diferengas tio grandes assim. Esse ¢ 0 precesso do logaritmo. 20 MANUAL PRATIEO DE ACUSTICA Logaritmo, um processo humane Deve ter ficado claro, a esse allura: nossos processos de percepydo sho Jogaritmivos, Somas e sublragdes pouco representam, mullipicapoes silo wentidas como somas, divisSes como diferengas e poténcias como multinlicagbes, ‘Aaseala musical, por exemplo, @ claramente uma escala logaritmica de base 2: +2 vezes a frequincia = log, 2= 1 oitava “4 vezes.a frequéncia = log, 4 = 2 oltavas log, 4 = -2 citavas + M4 da frequéncia = log, 141,95 vez a frequéncia = log, 1.9 = 0,585 cltava citova (uma quinta’) (Quito tipo de aplicagiio para a escala logariimica s8o as escalas de frequéncias vistas nas especificagies de equipamentos de audio e em estudes acisticas. Para nossa audig4o, as frequancias de 10kHz @ de 20kHz estéo proximas — ambora a diferenga entre elas seja melade do espectra de audio, o intervalo é de apenas uma oitaval As frequéncias de 20Hz e 40Hz, com sua diferenga de apenas 20Hz, também 16m uma oltava de intervalo entre ets. E claro que um grafies linear, com 10kHz praticamente no meio, e 20Hz e 40Hz quase no mesrho lugar, representaria possimamente © espectra de audio que foot" 6 retativamente plano. Mas s@ passarmos a usar uma escala logaritmica de frequéncias, 0 visual do grafico ird condizer perfaitamente com o que ouvimas., Os intervals musicals iguais ficam todos de mesmo tamanho no grafico, a frequénca de 10kHz fica quase no final do espectro, © as frequéncias médias (para 0 ouvido) ficam também no meio da escala, see "ser estudado adianta, 21 Manual PRATICO OF AGOSTICA !_!£&_=_<_con CAPITULO 3 Frequéncias e Notas Musicais Funcionamento do Ouvido em Relagao as Frequéncias: Frequéncias Musicals Embora sejamos, em média, capazes de ouvir entre 20Hz @ 20kHz, nas extramilades desta faixa, principalmente ecima de GkHz, toma-se dificil percebar as ondas sonoras camo notas musicals; a sensagaio é de um “sivo" nas fraqionclas muito alla. As freqiéncias mais baixas, menores que 200Hz, embora sejam bern identificdvels como notas musicais, #¢ apresentam mais como um som “de peso", mais adequado a6 acompanhamento do que 80 $010, Escala linear: péssima ropresentagao do que ouvimes Dadas estas caracieristicas do quvitio humano, podemas separar as freqiéncias: de Audio. em trés importantes grupos: + graves, ou frequéncias baixas, de 20Hz até 200Hz; + médiog, ou frequéncias médias, de 200Hz alé BkHz; » agudos, ou frequincias altas, de GkHz até 20kHz. ‘Notemos que a ragilc-de graves se astende numa propon-ao de 7 para 10 (chamada uma década): a regio de médios por urna proporgda de t para 30 (carca de uma decade e meiay; e-a regidio de agudes por apenas mein década, logarilmicamente falando. Na_extensa e importante regio de médios é que se processa & maior parte da magia da musica, magia essa que, através de algumas relagdes matemalicas muito simplas, fica bem facil de se analisar - 0 que nao significa que 0 talento @ a inspiragao nao sejam fundamentals. Escala logaritmica: representa bem methar a que ouvimos. 22 23 MANUAL PAATICO DE ACUSTICA MANUAL PRATICN OE ACUSTICA Elementos Principais da Musica Molodia Moiodia @ 8 sequéncia, ordenada de forma estética, mas livre dentro de cerlos principios, das notas musicals. Quando alguém assebia uma cangio, estamos ouvindo a sua melodia. As notas tém altura cu “pileh” (frequéncia), intonsidade (amplitude ou nivel) ¢ valor (tempo de durag4o) diferentes, formande sequéncias bonitas ¢ variadas. Ritmo ‘Ao assoblarmos a cangio, o fizemos segundo uma certa velocidade ou “cadéncia”, Essa cadéncia, que ag pessoas com sensibilidade musical identificam facilmente @ podem mesmo marcar batendo o pé, s¢ chama ritmo. Tecnicamente dizendo, o ritina é a base de tempo segundo @ qual se desenrola a melodia. ‘0 andamento ou fempo musical & a rapidez com que $2 manifesta o ritmo, E ‘contado €m seminimas por minuto (logo saberemos © que 340 sem/nimas), ‘Tempos va, geralmente, de 30 (muito lento) a mais de 200 (muito rapido), As seminimas so apelidadas de beats (*batidas"). Por isso, a unidade preferida de andamento ¢ a BPM - beats per minute, ou “balidas por minuto” Harmonia Alien do rime ¢ da melodia, ouvem-se varias outras notas musicals, produzidas, Para acompanhar a melodia dentro do ritmo. Por exemple, quando um canter interpreta uma cangao, ele emite a melodia combinada com a letra (poesia), Os instruments marcam o ritmo e formecem a harmovia, que se combina com a melodia gerando a musica completa. Embora, no-exemplo acima, a misica tenha poeska, melodia, harmonia e ritmo, pode: a4 MANUAL PRATICN BE AGUSIICA - —_ huvar minion sor todos aes akementos’ a monica iatrumental nao ter letra; o JAP (Ahythm And Pootry = ritmo @ poosia) niko lem malodia, 0 canta gregoriena: ne tor harrmonia nem ritmo; certos formas de jazz niio thm harmonka expticita, Ajém du harmenia, pode haver também o contraparito, que é uma espécie do molodia secundinia qua completa ou substitul a harmania, Escala Para elaborar uma melodia, nao basta tomar arbitrariamante nolas de ‘allura (frequéncia), intensidade ¢ valor diferentes, e agrupatas: o resultado difciimente seria musica de qualidade. A razio disto é que as notas devern, além de formar um ritmo, ler entre suas frequéncias certas proporgies numdricas, obedecendo a uma sequéncia denominada escala musical. Na mésica ocidental, existem dois modos principais: 0 maior e 0 manar, 0 modo maior apresenta sonoridade mais “viva” ou “alegre”; a menor parece mals “doce” ou “sentimental”, Na Alemanha, esses modos sfo chamados “dur” 9 "moll", sugerinde “duro” ¢ "mole". A escala se compe de sete nolas,.as quals se chamam a 1*,a 2°, 3*,4°, etc., até a 7*. A 1" ou (nica @. quem da o tom: por exempta, no tom de Dd, a tonica é 0 DO. Logo, apés a 7*, vem uma nota que tem o mesmo nome que a 1", 6 que se chama bogicamente a 8". Porisso, éque uma relago de duas vezes a {reqdéncia 3e denomina uma oitava, Avescala se caracieriza por relagdes numeéricas simples entra as freqdéneins @ ‘suas notes. Chamamos um acorde @ emissdo simultanea de trés ou mais freqdencias ou nolas que se combinem agradavelmante (ou née), O matemdtico grogo Pitagoras descobriu que, quanto mais simples 6 a relagzio numérica entre as notas, mais agradavel 6 a sua combinagdo. Duas notas iguals de citavas seguidas, por exemplo, tam uma proporgao expressa por dois nimeros pequenos: 2/1 — © nao pode haver combinagio mais facil entre notas. 25 MANUAL PRATICO DE ACOBTICA A Escala Malor Para exemplificar, usar hos a escala de Dé maior, que todos conhecem bem. # 2 e e |e 0 RE i SOL [ea | st [bo Podomos notar que entre a 3"¢.24*hd um intervalo de apenas um semitom: assim como entre a 7" ¢ a 8", O Semitanr é a menor intervalo (razio de freqdéncia) usado ha misica ocidental, ou carca de 1,06 vezes. Dois semitons formmam o intervalo de Um TOM, Como, nesta escala, o intervalo entre a tOnica (06) aa terceira nota (Mi) do uma terga maior, ou seja, de dois tons inteiros, ela @ uma escala maror, A Escala Menor ‘Aescala menor ascendenta (chamada hanndnica) sa diferencia da maior apanas pola 3" nota, localizeda a.uma targa menor acinia da tonica: Otero bemal (b) significa a redugaa de 1 semitom na nota. O Ml bemol, ou Mlb, fica entre 0 RE @ o MI. O.terma sustenide (#) significa o aeréscimo de 1 semitom fa nota. © FA sustenido, ou FA#, por exemple, fica entre. o FA.e o SOL. ‘Aescala menor descendente (chamada melddica) 6 diferente da ssrendente no sexto no sétimo graus (isto 4, na escala menor descendente, o “caminho de ida” & diferente do “caminho de volta"): Obs.: a abreviatura din (diminuta) corresponde ao abaixamento de um semilom na escala. 26 MANUAL PRATICN OE ACUSTIC O68 nomes das notas Nos paises de linguas anglo-saxdnicas (Inglés, Alemao, etc), raramente sa usam os nomes de origem Haliana (D6, RG, Mi, etc.) das notas. Ao invés, tsam-ne as primeiras letras do alfabato—A, B,C, 0, &, F, G, correspondanda respectivamonte a La, Si, D6, Ré, Mi, Fé, Sol. Em algumas publicagées antigas, via-se o SI bemol representade pela letra B, enquanto 0 SI natural aparecia ropresentado pela letra H. Notagao Musical ‘As potas musicais nfo sdo representadas, na pritica, por nomes escritos, como vimos acima, mas pela nota¢de musical, que é um conjunto de simbolon adotada pelos misicos para simbolizar as notas, os acidentes (bemol @ sustenido), e varias outras informagGes relativas @ execugao. A base da representagdo é 0 pentagrama, oconhecide diagrama em cinco linhas, sobre © qual se escrevem as nolas e autros simbolos. As duragSes das nolas so representadas em relagdo ao comprimento do compasso, que é a unidade: basica de ritmo. No pentagrama abalxo, vemos iniclalmente a clave de sol, a qual indica que a nota sobre a segunda linha € o Sol. Note que foram usadas linhas suplementares para escrever o Dé mais grave ¢ 0 La mais agudo, 05 quails, de outra forma, no caberiam no pentagrama. Existem ainda as claves de Dd ede Fa, utilizadas para escrever nolas mais graves. DO RE Mw FA SQ LA Sf OO RE MP FA SOL LA Pause 27 MANUAL PRATIEG OF ACOSTICM Compassos « Duragao das Notas Conforme » duracSo relativa das notas, o aspacto delas varia na notaglo. A repretentagio se baseia no compasso chamade quatermdarie (4/4), qua se chama ssi por se contar “um, dois, trés, quatro, um, dois, trés, quatro...”. AS notas, conforma tua duragsa, recebem nomes especiais, e simbolos diferentes: Notas pontuadas / colocagéo de um ponte apés uma nota aumenta sua duragdo pela metade. Por exemplo, uma seminima pontuada tam duragdo equivalente a de uma seminima mais uma colcheia, ou seja, 4. Escala Cromatica Falamas até agora das escalas maior e menor, que so escalas formadas por sete notas, com intervals variaveis de um ou dois semitons, Ha, alémdessas dues mais comuns, muitas outras, seja incluindo notas diferentes daquelas tue ja vimos hé pouco, seja simplismente usando menos notas, como ¢ o caso da escala pentatinica. 28 MANUAL PmAnce DE AcORTICR Existe, lambém, misica atonal, isto é, sem tom nenhum, que no sa prende a qualquer escala convencianada, mas que tem um tipo de beleza aspacial, uma outra estética. ‘Se, tomarmos todas as notas de uma oitava, teremos um total de 12 notas, ‘com intervaio sempre de 1 semitom, fermando aquilo qué se chama uma ascala cromatica. Esta é a base da musica ocidental, embora alguns estilos, coma 6 blues, usem notas. intermediarias © porlamentos ou bendings, que sido notas variando de altura durante sua duragao. Escala Nao Temperada Pitagoras descobriu que as notas das escalas maiot e menor se caracterizam por razdes numéricas (fragSes) de pequenos numeros: Intervaio Fragio — Razdo qi _= 4,0000 =1,2000 “84 = 1.2500 43 21,3333... Na verdade, cada razéio pade ser obtida alravés da multiplicago ou da diviso de outras raz6es. Exemplo: Da 1* a 5', temos 7 semitons. Estes 7 semitons podem ser decompostos ‘am uma 3" menor (3 semitons) + uma terga maior (4 semitons), Efetuando a multiplicagiio, temas: 6.5 3 am 3M exes OS) Manuay PaATiCO Of ACOBTICA Exomplo: Obter a relagie comespondente is 7* menor. Resposta: Considerande a 7m come 1 quinta acima da 3* manor, obteremos: 3.6 B+ 1 tor aed a menor —» Se Galculemos agora qual sera a relagao de 1 semitom, por exemplo, de D6 para DOM ou de D6 para Reb: ‘Se sublmos uma quarta € baixarmas uma terga maior, a diferenga sera de: 4 (5. semitons) — 3°M (4 semitons) = +1 semitom, Em razdes numéricas, teremos’ 5 4.4 16 473" 5g” 4.5.4.4 3 5 Agora, vamos fazer o mesmo calculo, porém subindo uma 3*M e@ baixando uma 38m: 3° M (4 semitons) — 3* m (3 samitons) = +1 semitom também, Em raz6es numéricas: Essa diferanga ¢ ocasionada pela maneira de calcular os intervalos através de tragbes simples. Na musica escrita para instrumantos da afinagaio definida palo masico, como o violino, 0 violoncele e o trombone de vara, existe realmente a diferanga entre essas duas notas: 30 MANUAL PRATICO OF AGOSTICA Boi = OHS * 1,041666, Rob = Dé = 1,066668, ‘Se continuassemos calculando dessa forma, encontrartantos diferencas também: entre o RE# © 0 Mib (respeativamente 752,= 11719 @ %% = 1.2000 enire o Mi ¢ 0 FAb (respectivamente 94 = 1.2800 @ 9254 = 12800 ), entra o Mi#e o FA (respectivamente 128/56 =13021e , = 1,5335. © assim por diante, conforme se usasse o bemol Gu o sustenido. Existem, entio, dois lamanhos diferentes de semitom? Certo. ‘© menor intervale {relagaio de fregiitneia) perceptivel pelo euvide humano normal é de cerca de 1/9 de tom, e ¢ chamado de 1 coma ; isto 6, 1 Tom = 9 comas. Como fica, entiio, o semitom, que ¢ a metade de um tom??? ‘Quo semitam tem 4.comas, ou tem 5 comas, Como vines anteriormente, existe um semitom que vale 25/24 = 1,0417 (correspondendo a 4 comas), ¢ outro semitom que vale 16/15 = 4 0667 (correspondendo a 5 comas). Assim, temos uma escala cromatica de diferentes semitons, denominada nao temperada. Existem ainda outros graus, 08 duplos bemdis e os duplos sustenidos, calculados por aplicagdo dupla destas relagées matematicas. Decidi no mosiri-los aqui, para simplificar, Escala Igualmente Temperada Para simplificar a escrita musicale a afinacdo de instrumentos de notas fixas cI ManUAL PRATICO DE AGOETICA oa como 0 piano, decidiu-se adotar u do olfava, que & de 2+ 1= 2, emitom Gnico, baseado apenas na relacho Como jal sabemos, uma oftava se compte de 12 semitons. Uma citava comesponde 4 relago de 2+ 1 =2. Entéo, se 0 semitom é 2 12° parte desse intervalo, raciocinando: ha forma exponencial, a relagao correspondente ao semétom serd a raiz 12° de 2, into 6 = 1-semitom = @/2 = 1,0595. E evidente que (usando as propriedades) 12 somitons comespondem a 1,0595" = 2.0000, ou seja, uma oilava exata. Semelhantemente, podemos agora pensar nos outros intervatos como poténcias fraciondrias: Por exemplo: a S* corresponde 8 7 semitons; logo, a relagdo numérica da S* sera de 2, que calculands resulta 1,4983, Este valor esta razoavelmente préximo da rolapao pitagdrica, que @ de 1,5000 (igual a 3/2). Enarmonia Tomos agora a escala cromatica dividida om 12 intervalos exatamente:iguais. O Sernitom tempered fica a menos de uma coma acima e abaixo dos semitons ‘deslemperados*. Para comparagio: Semitom de4comas 25/24 = 1,0417 Somitom Temperada «24/12 = 1,0595 Semitom de Scomas 16/15 = 1,0667 Deixa de existir, lambém, a complicada diferanga entre os bemis de cima ¢ os sustenidos de baixo, ou seja. por exemplo, o Fa sustenido 4 igual a0 Sol bemol, sendo ambos eqiidistantes do Fa e do Sol. Isto se chama enarmonia, Todos 08 instrumentes musicais modernos, daqueles que tém notas fixas, como © piano, a viokio, o sax, o trompete, a trompa, a flauta, 0 oboé, os teclados, 32 MANUAL FRATICO DF ACBBTICA Frequéncias das Notas Musicais arra.at 372.44 2959.96 2889.02 2217.48, 1864.66 1661.22 1478.98 1244.51 1108.73 982.33 820.84 730.90 22.25 58.37 455.16 415.30 300.99 311.13 277.18 293.08 207.65 185.00 155.56 198.89 16.54 103.63. 92.50 1778 69.20 5B27 S491 46.25 38.89 34.65 29.18 2E% NA zee g €5 tbe ae ee z 2 e ao egperecepeze ogeerg epgerg & 444 NN WNR UY vee Meebo OM ae ea SR AO PS GO e Gs dee 88 fee Fs gee FE Tee FF Fee z ® Eegetrgoeggereseezeag Fw Me atna.ov 9081.07 5820.00 A188 2703.63 2637.02 2349.2 2no3.00 1975.53 1760.00 1587.58 1306.97 1918.51 1174.65 106.50 997.77 880,00 783.99 698.46 689.28 587.33 523.25 493.88. 440,00 392.00 923 320.63. 293.66 261.63 286.04 220.00 196.00 174.64 164.81 146.83, 130.81 123.47 30.00 98.00 a7.3t B24t 7342 6541 6174 55.00 48.00 43.65 41.20 36.71 32,70 30.87 27.60 Frequéncias das notas da escala temporada MANUAL PRATICH BE ACOSTICA —_ —_— © boixo elétrice com Wastes, a tuba, @tc.. 540 temperados, isto 4, produzem Nolas segundo a escala temperada. Os instrumentos de notas varidveis, que podem ser regulados na execugdo pelo misico, como o violin, a viola, o vieloncelo, 0 contrabaixe sedstice, o baixo elétrice sem trastes (“fretless”), 0 trombone de vara, etc., permitem qualquer nota, Por fim, os cantores, pelo mesmo motive, se servem da escala lemperada ou da destemperada, conforme 0 tipo de interpretagao, Desvantagem Para es pessoas de ouvide muito apurado, as nolas igualmente temperadas nunca satisfazem totalmente quanto a afinagao. Os paquenos erros intraduzidos slo bercebidos pelo ouvido, ¢ tem-se a impressdo de “algo esta errado”, E comum, por exemplo, vermos viotonistas guitarristas esticando muita ligeiramente uma corda, para alcangar uma afinagio mais parfeita (ndo confundir com 9 efeito da bending, com que se sobe um semitom ou mais). Outros instruments, como o lrompets #0 sax também permitem este bonito efeita. ‘Comparagdo entre a Escala Igualmente Temperada ¢ a de Pitagoras ‘Abaixo, lemos as freqdéncias correspendentes escals temperada e 4 escala phtagérica. Podemos comparar estas razes, comprovando que o semitom temperado fica entre os dois no-temperados: 34 MANUAL PRATICO BE ACOSTICA enuol ee A ahd aco] [Restoco| Potinee|Resutco| ero Como se pode notar, em alguns graus, como o semitom de 4 comas, a 4* aumentada, 3 5* aumentada & a 7* maior de 4 comas, os eros 880 grosseiras @ perfeitamente audiveis, Além dos exemplos de escalas que vimos, ha inimeros outros tipos, baseados em diferentes relagSes matemdticas ou simplesmente baseades na audigsa humana. Nossos ouvidos dapendam de muitos fatores para a perfeita percepedo da altura das notes, ea maioria das pessoas tem também a sensago de que intervalos muito grandes parecem menores do que realmente 830. Os afinadores (seres humanos) da pianos costumam “exagerar” ligeiramente a afinagdo do Instrumente (que abrange mais de 7 oitavas), afinando as notas mais graves ligeiramente abaixo do valor tedrico, e as mais agudas ligoiramente acima, dando aos ouvidos a sensagdo de uma afinagdo mais convincente, 35 MANUAL PRATICD OF ACOSTIEA — a CAPITULO 4 © Decibel Funcionamento do Ouvido em Relagao ao Nivel Como estudamos no capitulo 2, todas as sensag6es humanas so processadas pelo cérebro de forma logaritmica. O que nos impression s4o razes, que parecem diferencas. Como jd vimos também, uma variagSo de 10 vezes na poténcia sonora, para ns, soa coma “o dobro do som’, E natural, entdo, que a base 10 seja a mais conveniente pare medidas de nivel sonoro, © legaritmo decimal da razSo entre duas poténcias surglu, eniSo, como primeira allernaliva para expressar de uma maneira “humana” a grandeza da variagio. Como unidade de medida, 0 nome de Alexander Graham Bell fol escalhido, & assim nasceu 0 Bel, abreviado B. Uma razo entre duas polincias Pe P, pode, entdo, ser expressa coma: A, = 10. logE+B, onde, representa a variago de paléncia, Exemple: a poténcia subiu de 250W para 1000W. Quel a variagda, em bel? 4-102 oor na Porém, logo se percebeu que o usa do bel era um powco inconveniente, produzinda nimeres muito pequenos. Era como expressar 0 comprimento de uma folha de papel em metros: muilas vezes, o resultado seria um nimaro menor qua 1. a7 MANDAL FRATICO BE AcstiCA Adotou-se, entao, um submidltipio do bel, o decibel, igual a 0,1 bel, Muito ‘mais pritico @ intuitive, o decibel, abreviada dB, ¢ usado no mundo intairo, inclusive fora do audio, P, =10-log Es. 4, = 10, lea ghdB Repetindo o exemple anterior com o decibel, teremos: A, 10-4og =e =10-lop4 = 608 Fatos sobre o decibel Varios fatos explicam a conveniéncia do decibel como unidade de medida de variapbes para nés, seres humanos: * Amenor diferenga de nivel sonora que o cuvide humana consegue parceber & de aproximadamenie 108. + Uma variagao para um valor maior produz um niimero positive de dB, & uma variagSo para um valor menor produz um nimero negative de dB, * OdB significa que no houve variagse alguma. * Se a varia¢do for para zera dé paténcia (sinal completamente retirada), teremos -c0 dB, O Ouvido e o Decibel ‘Vejamos quanta as vanagSes de nivel em dB representam para a nossa audigaio, Para isto, consideremos niveis ralativamente altos (confarlaveis) de audiglo « frequéncias bem audiveis, tats qua qualquer detalhe seja bem percebido, a8 MaMUAL PRATICN DE ACUSTICA Ge ee acme Tensdo ¢ presse ‘A varlagSo da tensfo eldtrica ¢ da pressiic do ar produzem variapSes de poténcia quaditicas, isto &, proporcionais ao quadrade da variagao da tens3o ou press, 2 A polancia elétrica é calculada pela formula Peva=X onde a resaténcia R 4 uma constante @ a tensdo V aparece elevada ao quadrade. Portanto, uma variagdo na tensio produz 0 quadrade dessa variagso na poténcia: Sejav, =~, #. portato, so 2 (variagao da tensa). 4 : Fh Ba Mea { Ma) a (variaglio da poltneis Enito, B= B= Hf (¥] x (va poténcia) R 2 Se jd estamos a um nivel relativamenta alto, nio podemos subir 60dBi!t 39 MANUAL PRATICN OE ACOSTICA

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