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Ficha de Educação Literária 4

Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos (Álvaro de Campos)

Nome___________________________________ N.o _____ 12.o _____ Data ____/ ____/ ____

Avaliação ____________________ E. de Educação _____________ Professor/a ____________

Unidade 1 (Subunidade 1.2)

Texto A
Lê o poema seguinte e responde às questões.

Depus a máscara e vi-me ao espelho


Depus a máscara e vi-me ao espelho. –
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
5 É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
10 Assim sou a máscara.
E volto à personalidade como a um terminus de linha.
Frida Kahlo, A máscara, 1945.

18-8-1934

Fernando Pessoa, Poesias de Álvaro de Campos,


Lisboa, Ática, 1944, p. 61.

1. Explicita a dicotomia presente ao longo do poema.


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2. Comenta o valor simbólico da «máscara», tendo em conta a questão da heteronímia pessoana.


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3. Seleciona a opção adequada para completar a afirmação.


O ritmo deste poema é marcado pela utilização de processos, como a
A. anáfora e a repetição de versos.
B. anáfora e o esquema rimático.
C. irregularidade métrica e as repetições lexicais.
D. irregularidade métrica e a repetição de versos.

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano 43


Texto B
Lê o poema seguinte e responde às questões.

Datilografia
Traço sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano,
Firmo o projeto, aqui isolado,
Remoto até de quem eu sou.

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,


5 O tic-tac estalado das máquinas de escrever.
Que náusea da vida!
Que abjeção esta regularidade!
Que sono este ser assim!

Outrora, quando fui outro, eram castelos e cavalarias


10 (Ilustrações, talvez, de qualquer livro de infância),
Outrora, quando fui verdadeiro ao meu sonho,
Eram grandes paisagens do Norte, explícitas de neve,
Eram grandes palmares do Sul, opulentos de verdes.
André Mare, A datilógrafa, 1922.
Outrora.

15 Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro.


O tic-tac estalado das máquinas de escrever.

Temos todos duas vidas:


A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos num substrato de névoa;
20 A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.

Na outra não há caixões, nem mortes.


Há só ilustrações de infância:
25 Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes páginas de cores para recordar mais tarde.
Na outra somos nós,
Na outra vivemos;
Nesta morremos, que é o que viver quer dizer;
30 Neste momento, pela náusea, vivo na outra...

Mas ao lado, acompanhamento banalmente sinistro.


Ergue a voz o tic-tac estalado das máquinas de escrever
Fernando Pessoa, op.cit., p. 301.

1. Relaciona o espaço em que o sujeito poético se encontra com o seu estado de espírito.
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2. Interpreta o sentido do verso 17, «Temos todos duas vidas».


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3. Explica a temática do poema, associando-a à dicotomia do passado/presente.


44 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano
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Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano 45

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