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C} Complexo Juridico DrnEeikecs eat CURSO DO PROF. DAMASIO A DISTANCIA MODULO I PRATICA DE PROCESSO CIVIL Orientagées Gerais Rua da Gloria, 195 — Liberdade — Sao Paulo ~ SP ~ CEP: 01510-001 Tel./Fax: (11) 3164-6624 — www.damasio.com.br PRATICA DE PROCESSO CIVIL Roteiro de Sentengas Vitor Frederico Kiimpel 4. SENTENGA CiVEL 1.1. Conceito O Cédigo de Processo Civil (CPC) contempla a matéria no Capitulo VIII, Segao I, do Livro I — Proceso de Conhecimento. Os artigos fundamentais sfio os 458 a 466. A sentenga era, anteriormente 4 Lei n. 11.232/2005, definida como o ato pelo qual 0 Juiz punha termo ao processo, decidindo ou nio 0 mérito da ¢ausa. Com a reforma, passa a ser definida como ato do Juiz que implica alguma das hipéteses do art. 267 (extingao do processo sem resolugao do mérito) e dojart. 269 (tesolucao do mérito).. ‘A expresso julgamento do mérito passa a ser “‘resolugdo de mérito”, tanto no art. 267 como no 269. Note-se que o processo nio mais se encerra com a sentenga que resolve 0 mérito, uma vez que posteriormente a ela poderd surgir 0 incidente do “cumprimento da sentenga”, dentro do mesmo processo de conhecimento, que assim mantera seu curso até a satisfagdo do exequente. 1.2. Classificagao Didaticamente, convém observar dois critérios de classificagio de sentengas: 1) quanto a resolugdo do mérito; 2) quanto a finalidade do mérito. 1.2.1. Quanto a resolugao do mérito. A sentenga pode ser ferminativa ou definitiva. Terminativa & sentenga que poe fim 20 processo (termina) sem resolver 0 mérito (ndo define). Definitiva ¢ sentenca que resolve © mérito (define), terminando ou nao o processo (no termina necessariamente). a) Sentengas definitivas Sentenga definitiva, como dito, julga o pedido (resolve o mérito) sem necessariamente extinguir 0 processo. Ela regra e define a controvérsia, sendo a tinica apta a formar coisa julgada material com seu atributo de imutabilidade. Processualmente, termina a insténcia, salvo quanto aos atos executivos e de cumprimento de sentenga. Sao as hipéteses do art. 269, CPC, a saber: + declaracao (pelo juiz) de procedéncia ou improcedéncia; + reconhecimento (pelo réu) da procedéncia; + remincia (pelo autor) ao direito; + transagdo (entre autor e réu); + prontincia (pelo juiz) de decadéncia ou prescrigao. Nestas cinco hip6teses, a lide é resolvida de modo definitivo pelo ataque do mérito: ou ele é declarado procedente ou improcedente, ou o autor cede (renunciando), ou o réu cede (reconhecendo), ou os dois cedem (transacionando), ou o tempo resolveu (caducou 0 direito ou prescreveu a agéio). De toda sorte, o mérito é resolvido. Qualquer outra hipétese de sentenga & ferminativa, b) Sentengas terminativas Sentenga terminativa, por outro lado, p6e'fim ao processo sei resolver o meérito. Nao ha julgamento da controvérsia. O que se tem é apenas uma eficécia processual: a extingio do processo — tanto que ela ndo impede a repropositura’ da agdo ou demanda (mesmo que idéntica, salvo havendo perempgao). Sua eficdcia é meramente processuial, ou Seja, gera apenas coisa julgada formal pela presenga de algum vici a) ou por auséncia de pressupostos da acdio (de existéncia ou de validade); b) ou por auséneia de pressupostos do processo (também de existéncia ou de validade). Agiio é 0 direito obtengao de uma resposta quanto a um mérito. Processo é 0 instrumento para obtengao desta resposta. Tanto a ago quanto o processo dependem de pressupostos, e 0 vicio nestes pressupostos implica fim do processo sem resolugdo de mérito pela chamada sentenga terminativa. Sao pressupostos necessirios para existéncia de ago: partes, pedido causa de pedir (também chamados elementos da ago). Sao pressupostos necessdrios para validade da ago: legitimidade de parte, possibilidade juridica do pedido, ¢ interesse de agir (também chamados condigdes da agiio). A titulo de exemplo, sdo pressupostos necessarios para existéncia do processo: jurisdigao, citagao, capacidade postulatéria, etc. E so pressupostos necessérios para validade do processo: inicial apta, juizo competente, juiz imparcial, no haver coisa julgada, etc. De qualquer modo, so 0s vicios nos pressupostos da ago ou do process que fundamentam a sentenga terminativa. E 0 art. 267, CPC, elenca exemplificativamente alguns destes vicios. Vejamos rapidamente cada um dos elencados. a) Indeferimento da inicial (art. 267, 1) A petig&o inicial pode ser indeferida tanto por vicios da ago (auséncia de pedido, auséncia de causa de pedir...), quanto por vicios do processo (auséncia de procuracao, 0 Brasil nao ter jurisdi¢do sobre a matéria, etc). E hipétese genérica de sentenga terminativa. b) Perempgéo da instincia (art. 267, II) processo fica parado por mais de um ano por negligéncia das partes. Nesse caso, 0 Juiz deve intimar as partes para se manifestarem em 48 horas. ©) Abandono da causa (art. 267, II) autor fica inerte, e, mesmo intimado para se manifestar em 48 horas, continua inerte. d) Pressupostos do proceso (art. 267, IV) Causa também genérica que demonstra como 0 rol ¢ exemplificativo. Na auséncia de pressupostos para existéncia do processo que nao os elencados nos outros incisos, ou de pressupostos para validade do processo que ndo possam ser sanados, deve haver extingio sem resolugao. do mérito. Exemplo cabivel na hipétese é a auséncia de jurisdigao suscitada em preliminar e acolhida pelo juiz. e) Perempeiio (art. 267, V) De acordo como art. 268, par. tin., ocorre quando 0 processo, por trés vezes, é extinto sem resolug&o de mérito, pelo fato de o autor té-lo abandonado por mais de 30 dias, sem promover as diligéncias necesséiias. £) Condigdes da agao (art. 267, VI) Sao os pressupostos para validade da agdo: legitimidade de parte, interesse de agir, possibilidade juridica do pedido. g) Convengio de arbitragem (art. 267, VII) B a adogdo da Lei n. 9.307/96. Se ha cléusula compromisséria pela qual se convencionou a submissdo a arbitragem dos conflitos que surgissem daquele contrato, deverd haver extingdo do processo sem julgamento do mérito. hy Desis féncia da ado (art. 267, VIN) © autor abre mao do proceso. Transcorrido © prazo para resposta, o autor precisa da anuéncia do réu para a desisténcia. i) Intransmissibilidade da ago (art. 267, IX) E 0 caso de morte do autor ou de cessao de direitos incessiveis. i) Confusao entre autor e réu (art. 267, X) Ea regra do art. 381 do Cédigo Civil (CC), pois as partes se tornam uma s6. k) Demais casos (art. 267, XI) Como dito anteriormente, 0 rol exemplificativo: quaisquer prejuizos insanaveis aos pressupostos da ago ou do processo autorizam sentenga terminativa, sem resolug&o do mérito. Podemos citar como exemplo de casos no presentes no rol a auséncia de capacidade postulatéria (265, § 2°) ¢ a falta de citagdo de todos os litisconsortes (47, p.u.). Visto 0 primeiro critério ‘de classificagdo (quanto A resolugo do mérito: sentenga definitiva, sentenga terminativa), vejamos 0 segundo critério: quanto a finalidade do mérito. a 1.2.2. Quanto a finalidade do mérito De acordo com a finalidade a ser obtida com o pedido, a§ sentengas podem ser: + Declaratorias: a finalidade é declarar a existéncia ou nfo de uma relagéo juridica. + Condenatérias: 0 objetivo é a aferigao de uima lesio, estabelécendo uma sangéo correspondente. + Constitutivas: trazem uma novidade ou modificagao para o universo juridico. + | Mandamentais; 0 Estado-Juiz, ao sentenciar, desempenha ato de autoridade, emitindo uma ordem a ser cumprida. + Executivas lato. sensu: aptas’ a levar a efetiva satisfagio do oredor, independentemente do proceso de execusao. Toda sentenga forma um juizo de concregio ou subsungdo. Trata-se de uma operagdo ldgica em que a regra abstrata vai ser aplicada ao caso concreto. Tal fendmeno ¢ 0 silogismo, no qual a premissa maior é a Lei; a premissa menor sao 08 fatos e as circunstncias do caso concreto; ¢ a conclusio € 0 dispositivo da sentenga. 1.3. Requi fos da sentenca Sao requisitos essenciais da sentenga (art. 458 do CPC): + Relatério £0 resumo do processo e deve, obrigatoriamente, conter: — o nome das partes; —o resumo do pedido; ~ 0 resumo da contestagdo, reconvengaio ou excegao: ~ 08 principais incidentes no andamento do proceso. + Fundamentagio Aqui, 0 Juiz analisa todos os pontos controvertidos alegados pelas partes. E 0 ponto vulnerdvel da sentenga e, por-conseguinte, sempre expressa (art. 93, IX, da Constituigao Federal) os motivos de acothida ou nao da pretensao do autor. + Dispositivo E 0 decisuan, acolhendo ou rejeitando 9 pedido do autor. E a conclusao da sentenga. 1.4, Observagées + A sentenga em que faltar qualquer das trés partes em qualquer dos requisitos € nula, + A sentenga sem assinatura é nula ou inexistente, + Orelatério incompleto toma a sentenea nula. + Orelatério deve conter o nome expresso das partes, Sob pena de nulidade. « Enulaa sentenga omissa a respeito de ponto relevante da defesa. Todos os pontos da defesa deve ser atacados. + A fundamentagio ndo deve ser extensa e, sim, suficiente. + A invocagdo da jurisprudéncia como razdo de decidir nao viola o principio da legalidade. + © Juiz nfio pode apenas aderir a uma das teses apresentada por uma das partes ou pelo Ministério Publico, sob pena de nulidade. + Mesmo no caso de revelia, é indispensavel a fundamentagaio da sentenga. + Enulaasentenga que: — no julga a reconvengao; - no julga a denunciagao da lide; - no aprecia a prescrigao ou decadéncia; - decide apenas um dos pedidos cumulados; rejeita o primeiro pedido sucessivo, mas ndo aprecia o segundo; ~ nao aprecia pedido sobre litigdncia de mé-fé; - outorga de oficio os direitos disponiveis nao pleiteados. 1.5, Modelos de dispositivos 1.5.1. Separagdo judicial — revelia “Ante 0 exposto e considerando tudo mais que.dos autos consta, DECRETO A SEPARACAO DO CASAL FULANA e SICRANO, reconhecendo culpado o cénjuge [...} e DECLARO cessados 0s deveres de coabitagdo e fidelidade recfproca, e o regime matrimonial de bens, como se o casamento fosse dissolvido, e determino a partilha dos bens que o casal possui. Em relago aos filhos, mantenho a guarda com o cénjuge mulher, fixando alimentos no montante de [...], distribuindo-os entre a mulher e 0 filho em igual proporeao. A mulher voltaré a usar 0 nome de solteira. Condeno 0 cénjuge varéo no Pagamento das Gustas e despesas processuais, e em honordrios advocaticios, que fixo em [...] (X saldrios minimos). Apés 0 trénsito em julgado, expea-se mandado de averbagao a0 Cartério de Registro Civil das Pessoas Naturais de (indicar 0 Cartério de acordo com a certidao de casamento). Ap6s, se 0 caso, A partilha. P.RLC.” 1.5.2. Conversao de separagdo em divorcio “Ante o exposto ¢ considerando tudo mais que dos autos consta, CONVERTO EM DIVORCIO a separag&o judicial do casal FULANO e SICRANA, fundamentando no art. 35, da Lei n. 6.515/77..Condeno a requerida nas custas e despesas processuais, e em honorarios advocaticios que fixo em [...]. Apés 0 transito em julgado, pagas eventuais custas, expega-se mandado de averbaco ao, Cartério de Registro Civil das Pessoas Naturais do Municipio de Sao Paulo, arquivando-se os autos, observadas as formalidades legais. P.R.I.C.” 1.5.3. Usucapiéo “Ante o exposto e considerando tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a presente ago de Usucapidio ajuizada por FULANO em face de SICRANO, para declarar 0 dominio do requerente sobre a area descrita na inicial, conforme preceitua o art. 1.238 do Cédigo Civil. Apés 0 transito em julgado, servira esta de titulo habil para a matricula junto ao Cartério de Registro de Iméveis da Comarca. Oportunamente, expega-se mandado para registro, pagas as despesas pelo requerente. P.RILC” 2. SENTENCA CRIMINAL 2.1. Conceito e classificagao A sentenga criminal vem estabelecida pelo Cédigo de Processo Penal (CPP) no Titulo XII, Da Sentenga, sendo a matéria tratada pelos arts. 381 a 393. Relembrando, conceituamos sentenga como ato de prestagao da tutela jurisdicional no qual o Juiz pde termo ao procedimento em primeiro grau, decidindo ou nao o mérito da causa. ‘A sentenga penal pode ser classificada em sentengas definitivas ou em sentengas com forga de definitivas. As sentengas definitivas sao todas as que pSem termo ao processo de primeiro grau. Sao decis6és finais de primeira instfincia. As decisées com forga de definitivas so aquelas que influem sobre a questo principal'do litigio sem pér termo a0 processo. Entre as. sentengas definitivas temos as sentengas de absolvigdo ou de condenagao e as decisdes terminativas. Estas iltimas so aquelas que encerram 0 processo sem Ihe decidir o mérito. ‘As sentengas definitivas no processo penall, portanto, sto: + Sentengas de mérito: — sentenga de absolviedo; ~ sentenga de condenagao; — sentenga. interlocut livramento condicional; ia mista. Exemplo: a sentenga que concede ou nega 0 ~ sentenga terminativa de mérito. + Sentencas processuais ou terminadivas em sentido estrito. 2.2. Requisitos De acordo com 0 art. 381 do CPP, a sentenga deve, obrigatoriamente, conter: + Os nomes das partes ou, quando nao for possivel, as indicagdes necessérias para identificé-las. + A exposigdio sucinta da acusaco ¢ da defesa. + A indicagio dos motivos de fato e de direito em que se fundaram a decisdo. + Aiindicagiio dos artigos de lei aplicados. + O dispositive. + A data e a assinatura do Juiz. Na realidade, a sentenga possui trés partes distintas ~ 0 relatério, a fundamentagao ou motivagao € 0 dispositive ou conchusdo — é inquestiondvel que precisa haver uma coeréncia légica entre essas trés partes. 2.3, Sentenga condenatéria A condenago, como ja sabemos, visa ao juizo de concreedo, isto é, visa transformar a sango abstrata da lei em sano concreta, impondo ao réu a pena legalmente cominada para o crime que praticou. O contetido é o pronunciamento jurisdicional de procedéncia da dentincia. objetivo maior é, além da decisdo do litigio penal, por meio do julgamento de procedéncia da pretensao punitiva estatal, estabelecer o titulo penal executério, a fim de dar inicio ao processo de execugdo. Visa, portanto, declatar existente o direito de punir em face da violagdo do preceito primério da norma penal e ordenar a aplicagaio da sangao adequada na execucao penal. Para que a sentenga penal condenatéria subsista, ¢ indispensavel que a imputagao reste amplamente demonstrada. O fato tipico, antijuridico e culpavel deve estar provado por todos os meios licitos admitidos pelo sistema. Uma vez provada a pritica dos fatos delitivos atribuidos ao réu, na denincia ou na queixa-crime, vai o Juiz ao preceito primério da norma incriminadora e ao preceito secundario sancionador, estabelecendo e graduando as penas e sangdes a serem impostas ao réu. Todas as circunsténcias do delito sdo consideradas para a correta conexio entre a norma priméria e a secundaria, para que sejam garantidos os prineipios constitucionais, principalmente o da ampla defesa. © Juiz. no pode fugir, na sentenga condenatéria, dos’limites que Ihe séo tracados para a imputacdo. Os limites nao dizem respeito somente a pena principal como também as penas acessérias e as medidas de seguranga. Embora 0 Juiz. possa dar definigdo juridica diversa da que constar da dentincia ou queixa, ainda que tenha de aplicar pena mais grave (art. 383 do Cédigo Penal), no pode ir além do delineamento tragado no pedido acusatério. Inclusive, quanto as penas acessérias, sabemos que séo corolatio do julgamento do crime. Pela graduagdo da pena principal, temos a base e 0 fundamento das penas acessérias. ‘A motivagao da sentenga condenatéria é fundamental ¢ deve ser precisa e clara, tanto no que diz respeito a imputagaio como na aplicago da pena (principal ¢ acesséria). ‘Numa visio pritica, temos: 10 2.3.1. Relatério Deve conter o resumo da pega acusatéria, os principais incidentes do processo ¢ 0 conteiido das alegagdes finais. a) Resumo da pega acusatéria O Juiz deve apresentar uma narrativa do fato e da sua qualificagao juridica, além do pedido e da causa de pedir de maneira harmoniosa. “0 réu foi denunciado pela Justiga Publica como incurso nas sangdes do art. 000 do Cédigo Penal, porque no dia 00/00/00, por volta das 00h0Omin, na Rua Tal, n. 00, Bairro Tal, deste Municipio e Comarca de Sao Paulo, (descrever os fatos).” Exemplo: art. 157, § 2.9, 1 e IIfd0'Cédigo Penal ~ “{...] agindo em concurso de agentes, com os adolescentes José de Tal e Fulano de Tal, subtraiu para si, mediante grave ameaga, uma carteira contendo documentos pessoais e RS 500,00 (quinhentos reais) em dinheiro, pertencentes a Ant6nio de Tal. Consta dos autos que 0 acusado ¢ os adolescentes, enquanto caminhayam pela mencionada Rua; depararam-se com ‘vitima, dentro do veiculo GM Monza, cor azul, placa HHH 0000 — Sao Paulo’— SP, estacionado, oportunidade em que 0 acusado entregou o revélver Taurus, calibre 38, nimero ‘de série obliterado, capacidade para cinco tiros, ao adolescente José de Tal, determinando que atacasse a vitima. Os adolescentes, ento, aproximaram-se da vitima, subjugando-a com o uso da arma de fogo, fazendo-a entregar sua carteira ¢ as chaves do veiculo. Enquanto isso, 0 acusado permanecia nas imediagdes, vigiando eyentual aproximagao de terceiros. Ocorre que a vitima,conseguiu acionar o sistema de seguranga do veiculo, impedindo que este fosse levado. Tal ago motivou a fuga do acusado dos adolescentes do local na posse da carteira, dos documentos e do dinheiro. Decorridos aproximadamente 30 minutos, o acusado foi detido e preso em flagrante delito, na posse da carteira ¢ dos documentos da vitima, por Policiais Militares, que, apés receberem a informagio, via radio, do assalto, diligenciavam pelas redondezas.” b) Principais incidentes do proceso 0 Juiz deve apresentar todas as fases do procedimento, demonstrando que nao ocorreu nenhuma nulidade ou vicio, e que todas as regras processuais foram rigorosamente obedecidas. Recebimento da dentincia: “Dentincia recebida aos 00/00/00. O réu foi citado aos 00/00/00, ¢ interrogado aos 00/00/00. Defesa prévia foi ofertada aos 00/00/00. Durante a instrug&o, foram ouvidas as testemunhas arroladas na deniincia (fls.) e as testemunhas de defesa (fls.). Encerrada a instrug&0, abriu-se prazo para requerimentos de diligéncias (art. 499 do Cédigo Penal). © Representante do Ministério Publico requereu a vinda de certiddes complementares (fls.). A defesa nada requereu (fls.)”. n ©) Contetido das alegagdes finais O Juiz nao deve copiar, na sentenga, as alegagGes finais das partes. Precisa apenas, de maneira sucinta, apresentar as teses da acusago e da defesa, para, na fundamentagao, corroboré-las ou rebaté-las. Da acusagao: “O Representante do Ministério Publico requereu a condenagao do réu, nos moldes da dentincia, ressaltando os maus antecedentes e a reincidéncia, pugnando pela elevagio da pena acima do minimo legal e fixago do regime inicial fechado para cumprimento” Da defesa: “A defesa, por sua vez, pugnou pela absolvigiio, argumentando que as provas colhidas sio insuficientes para édito condenatério e, subsidiariamente, pela desclassificago do delito, para a forma tentada, uma vez que os bens foram recuperados pouco tempo apés a subtraciio”, 4d) Observagdes + No relatério, no deve o Juiz estabelecer nenhum juizo de valor, ou seja, néo deve motivar nada, Deve, antes, limitar-se a narrar aquilo que aconteceu durante © procedimento, de maneira sucinta ¢ objetiva. : + O Juiz deve indicar as folhas em que estéo registrados os principais atos do proceso. a + 0 rélatério bem elaborado é aquele que pode ser lido ¢ gera compreensao da fundamentago, ou seja, o leitor nfo precisa ter acesso aos autos para entender as motivagdes da deciséo. 2.3.2. Fundamentagao A motivacao da sentenga é a parte fundamental, erigida a princfpio constitucional conforme 0 art. 93, IX, do Texto Constitucional, que determina que todas as decisdes do Poder Judiciério serio fundamentadas, sob pena’de nulidade. I na fundamentag&o que 0 Juiz realiza 0 juizo de subsungao, incidindo o fato a norma. a) Preliminares da acusagao Muitas vezes, o Orgdo do Ministério Pablico (MP), no bojo de suas alegagées finais, requer prestagao jurisdicional que antecede o mérito. Pode, por exemplo, requerer uma nova definigdo juridica ao fato, em face da prova produzida, nos moldes do art. 384 do CPP. Pode, também, requerer a conversdo do julgamento em diligéncia para oitiva de novas testemunhas mencionadas no curso da instrugio. “Requereu o Orgdo do Ministério Publico, em preliminar de alegacdo final, a converséo do julgamento em diligéncia, para que sejam ouvidas outras duas testemunhas, ndo arroladas na deniincia, mas que foram referidas no curso da ago penal pelas testemunhas FULANO (fls. x) e BELTRANO (fis. y). Nao € caso de acolhermos a 2 preliminar do parquet tendo em vista que 0 conjunto probatério € suficiente para prolagiio de édito condenatério.” b) Preliminares da defesa ‘A defesa, muitas vezes, requer preliminar de nulidade do processo, visando ao restabelecimento de fases do procedimento. “Requereu a defesa, em preliminar, a nulidade do feito por ndo ter apresentado defesa prévia. Impossivel acolhermos a preliminar, ante 0 fato do triduo legal ter sido regularmente concedido, tendo, porém, a defesa deixado de se manifestar no prazo concedido. Rejeito a preliminar por no haver fundamento para que seja acolhida.” ©) Autoria Iuiz precisa estabeléder a responsabilidad pelo, crime, quer por meio de uma autoria singular, quer por meio de uma autoria coletiva, na qual diversas pessoas, simultaneamente, participaram da idealizagao e da execugao do delito. “A autoria esta presente, na medida em que. todas as testemunhas ouvidas neste juizo foram undnimes em confirmar os fatos e a efetiva participagio do acusado no delito. ‘Vejamos.” (Faz-se um pequeno resumo da fala das testemunhas). d) Materialidade ‘A prova' material, por meio do exame de corpo de’ delito, direto ou indireto, € indispensdvel para a condenagao do réu: “A materialidade est consubstanciada pelo laudo' (de exame de corpo de delito; auto de apreensio de arma de fogo, ou drogas; auto de constatagéio; auto de entrega; auto de avaliagdo dos bens; exame quimico toxicolégico; exame na arma de fogo que atestou estar apta para disparo etc:).” ©) Teses da acusagao Na andlise das provas, 0 érgdo do Ministério Publico apresenta suas teses, para embasar o seu pedido, como, por exemplo, quando requer a condenagdo do réu com base no depoimento de uma testemunha apenas, ou mesmo quando requer a inverstio do énus da prova em delitos patrimoniais. “Requereu 0 érgao do Ministério Piblico a condenagao do réu por furto qualificado, sob a alegacdo de que, muito embora as testemunhas no tenham presenciado referida subtrago, pois a casa estava desvigiada quando o meliante ali adentrou, através da tese da inverstio do énus da prova. E caso, realmente, de acolhermos a inverséio do énus da prova, e atribuirmos a autoria ao réu, pois a ‘res furtiva’ foi encontrada na sua casa eo mesmo nfo apresentou nenhuma versdo verossimil para tal fato.” B f) Teses da defesa A defesa, quanto ao mérito, também apresenta teses, pleiteando no $6 a absolvigao, como também a aplicagdo da tentativa, por exemplo, ou a minimizagao da pena pela confissao. “A fala da defesa no prospera, na medida em que alega auséncia de provas. As provas ndo sao somente os depoimentos dos Policiais Militares, que afirmam a participagao do acusado, bem como houve o reconhecimento pessoal nesta audiéncia, Afirmam, ainda, 0s Policiais Militares, que eles mesmos fizeram a apreensio da ‘res furtiva’. Portanto, as provas colhidas nos autos, sdo suficientes a embasar édito condenatério, estando a fala da defesa desprovida de fundamentagao fatica.” 2.3.3. Aplicagdo da pena A aplicagao da pena ¢ feita com base no art. 68 do CP, no critério trifésico, no qual, na primeira fase, s&o” consideradas as circunsténeias judiciais, na segunda fase, as circunstncias agravantes atenuantes, e, na tiltima, as causas de aumento e de diminuig&o. a) Critério trifésico Primeira fase As circunstincias judiciais estao estabelecidas no art. 59 do CP, cabendo ao Juiz verificar, para cada réu, todos os quesitos ali elencados. “Na aplicagdo da pena para o réu FULANO DE TAL, verifico que 0 mesmo no possui antecedentes, possui conduta social regular, ndo tendo sido visto clementos gravosos de sua personalidade, nem motivos, circunstanciasou consequéncias do crime que possam aumentar a pena base, de forma que mantenho a mesma no seu patamar minimo, a saber, quatro (4) anios de reclusio, por incurso'no ‘caput’ do art. 157 do CP.” a.2. Segunda fase Na segunda fase, so consideradas as circunstincias agravantes (arts. 61 a 64) e as circunstncias atenuantes (arts. 65 € 66). Muito embora néo haja uniformidade, o ideal é que 0 Juiz agrave no principio, para depois atenuar, pois se primeiro atenuar, a pena jé esta no minimo e sé agravaré, 0 que em nada beneficia o réu. “Agravo a pena do réu em face a sua reincidéncia (art. 61, 1), em um (1) ano, porém, diminuo a mesma para o patamar minimo, pela incidéncia da circunstancia atenuante da sua menoridade (art. 65, I), remanescendo a pena no seu patamar minimo de quatro (4) anos de reclusdo, pelo roubo acima mencionado.” 4 a3. Terceira fase Na terceira fase, so considerados os aumentos e a diminuigdo de pena, os concursos (arts. 69 a 71) e, por fim, a tentativa. “Tendo em vista o fato do roubo praticado ter sido praticado pelo réu com emprego de arma, conforme j4 amplamente demonstrado acima e em concurso de trés pessoas, aumento a pena do roubo, na terceira fase, em um tergo (1/3), totalizando cinco (5) anos & quatro (4) meses de reclusio.” “Tendo em vista também ter restado demonstrado que o roubo foi apenas tentado, conforme entendimento do proprio érgo do Ministério Publico, diminuo a pena de metade, em face ao ‘iter criminis’ percorrido pelo agente, j4 que o réu foi preso na esquina da casa assaltada (art. 14, Il, pardgrafo tinico).” b) Regime de cumprimento da pena Juiz considerara 0 regime de cumprimento da pena nos moldes dos arts. 32 ¢ ss. do CP. “O réu éreincidente (fls. x), o crime praticado € de extrema gravidade, trazendo alta temibilidade social, sendo inclusive equiparado a hediondo, de/forma que o regime de cumprimento sera integral fechado.” ©) Apelo em liberdade 0 Juiz, na sentenga, deve estabelecer se 0 réu aguardard o recurso solto, ou deveré ser recolhido, dando ou néio efeito suspensivo a sua decisao. “© réu, que jé vem cumprindo prisdo cautelar, foi condenado a uma sentenga, em regime fechado, de sete anos de reclusio, de forma que nada justifica que venha aguardar solto eventual recurso interposto pela defesa. Dessa forma, deverd iniciar 0 cumprimento de pena no regime indicado, nao podendo apelar em liberdade.” d) Beneficios ao réu “Aplico ao réu os beneficios dos arts. 77 e ss. do CP, isto é, a suspensdo condicional da pena pelo periodo de dois (2) anos, devendo, no primeiro ano de cumprimento, prestar servigos & comunidade, cujos critérios sero estabelecidos pelo Egrégio Juizo das Execugdes Penais da Comarca, em regular audiéncia admonitéria.” ©) Aplicagao de pena de multa nas duas fases ‘A pena de multa vem estabelecida nos arts. 49 e ss. do CP, adotando, fundamentalmente, um critério bifisico, considerando-se, na primeira fase, as circunstncias judiciais e a dosimetria da pena privativa de liberdade, ¢ na segunda fase, a condig&o econémica do réu. O Juiz pode, ainda, aplicar uma terceira fase, e multiplicar até o triplo, caso a multa, ainda que no maximo, se torne ineficaz (art. 60, § 1.°). “Na aplicago da pena de multa, considero na primeira fase as circunstancias judiciais favoraveis, de forma que mantenho a mesma no patamar minimo de dez (10) dias- multa, considerando, porém, o fato de o réu ter confessado, ter excelente condi¢ao econémica, além de ter sido juntado aos autos comprovante de rendimentos (fis. x), de forma que aumento a segunda fase de 1/30 para 1/10 do salério minimo, totalizando a pena de multa em um salério minimo da época dos fatos, corrigindo-se monetariamente quando do cumprimento.” Observagées: + Por se tratar de concurso piiblico, 0 candidato, obviamente, deve ultrapassar as preliminares, j4 que 0 objetivo do examinador € verificar se 0 candidato sabe fundamentar ¢ aplicar pena. A preliminar s6 pode ser acolhida se for parcial, no comprometendo a decisdo meritéria da sentenga no concurso. + A motivagao do Juiz, subsumindo o fato a tiorma, é imperiosa sob pena de nulidade. Deve realgar a autoria e a materialidade. + Caso 0 Juiz. deixe de apreciat algiimas das teses da defesa, 0 processo estaré eivado de nulidade. + A dosimetria da pena deve ser feita na fundamentagao. No dispositive deve apenas conter o resumo dessa dosimetria. Em alguns Estados, & orientac&o para 0 concurso que a dosimetria seja feita no dispositivo, o que nao é 0 mais correto, uma yez que dosimetria também € fundamentagao, porque exige valoragao do Juiz, Sendo, ainda, que o rund recor do dispositive, j& que ele apenas retata tudo 0 que foi estabelecido na fundamentagao. + O Juiz deve deixar clara a adogao do critério trifasico, pois, caso misture as fases, incidiré em nulidade da sentenca. + Ocritério de aplicacao da pena é individualizadory sendo que, para cada réu, deve apresentar particularmiente o critério trif’isico: £) Dispositivo O dispositivo é a parte final da sentenga que contém 0 resumo, com qualificago completa do réu, condenagao total, parcial, ou absolvigo, a pena cominada a cada tipo, os beneficios concedidos ao réu, o regime do cumprimento, a incidéncia imediata ou nao da condenagao e, para alguns Estados, as custas e as despesas processuais, 16 £.1. Modelo de sentenca condenatéria “Ante © exposto e considerando tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a pretensio punitiva estatal através da dentincia de fls., para CONDENAR, como de fato condeno, FULANO (nome completo, RG, data e local de nascimento, nacionalidade, estado civil, filiag40), & pena de -x- de reclusdo e -y- dias- multa, em regime fechado, nao podendo apelar em liberdade, por incurso nas sangdes do art. -x- do Cédigo Penal. Apés 0 transito em julgado, lance-se o nome do réu no Rol dos Culpados. Expega-se mandado de prisdo. P.RI.C.” £.2. Modelo de sentenga de pronincia “Ante 0 exposto ¢ considerando tudo mais que dos autos consta, com fundamento no art. 408 do Cédigo de Processo Penal, PRONUNCIO FULANO (nome completo, RG, data ¢ local de nascimento, nacionalidade, estado civil, filiagao), para que seja submetido a julgamento pelo Egrégio Tribunal do Jari da Comarca, por incurso nas sangdes do art. -x-, ‘do Cédigo Penal. Por no possuir bons antecedentes, ante a)noticia de ja ter cumprido pena, nao poderd aguardar 0 julgamento em liberdade. Recomende-se o réu na prisdo em que se encontra. P-R.LC.” £3. Modelo de sentenga de desclassificacao “Pelo exposto, e considerando tudo 0 mais que dos autos consta, & luz do art, 419 do Cédigo de Processo Penal, com redag&io dada pela Lei n, 11.689/2008, convencido de que o réu ; qualificado nos autos, deve ser julgado por delito diverso do capitulado na dentincia, excluindo-se a competéncia do B. Tribunal do Juri, desclassifico do delito do art. ___ do Cédigo Penal para 0 delito do art. ___ do mesmo Cédex. Decortido 0 prazo para recurso contra a presente sentenca, remetam-se os autos ao juizo competente, com a§ Cautelas do parégrafo tinico do art. 419 do Cédigo de Processo Civil.” “[..] Ante © exposto considerando tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a preterisio punitiva estatal através da denincia de fils., para CONDENAR, como de fato eéndeno, FULANO.(riome completo, RG, data ¢ local de nascimento, nacionalidade, estado civil, filiagdo), & pena de -x-, em regime [...] por incurso nas sangées do art. -y- do Cédigo Penal. /Apés 0 transito em julgado, lance-se o nome do réu no Rol dos Culpados. P.R.LC.” 7 £4. Modelo de sentenga condenatéria (crime culposo com suspensio condicional da pena) “Ante 0 exposto ¢ considerando tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a pretensdo punitiva estatal através da deniincia de fis. para CONDENAR, como de fato condeno, FULANO (nome completo, RG, data e local de nascimento, nacionalidade, estado civil, filiagao), & pena de -x-, por incurso nas sangées do art. -x-, do Cédigo Penal, aplicada a suspensdo condicional da pena, conforme dispéem os arts. 77 e ss. do Cédigo Penal, pelo periodo de dois (2) anos, devendo prestar servigos comunitirios no primeiro ano de cumprimento, cujos critérios sero estabelecidos pelo Egrégio Juizo das Execugdes Penais da Comarea, em regular audiéncia admonitéria. Apos © transito em julgado, lance-se o nome do réu no Rol dos Culpados, P.R.I.C.” £.5. Modelo de sentenca — Substituicaio da pena de prisio pela de multa “Ante o exposto_¢ considerando tudo mais que, dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a pretenstio punitiva estatal atrayés da. deniincia de fis, para CONDENAR, como de fato condeno FULANO (nome completo, RG, data ¢ local de nascimento, nacionalidade, estado civil, filiago),.4 pena de -x- de prisdo simples, em regime aberto e/-y- dias-multa. Substituo a pena de pristo pela de multa, ¢stabelecendo-a em -2- dias-multa, totalizando as penas em _\_ dias-multa, cada um no valor de 1/30 do salério minimo vigente & época dos fatos, corrigindo-se monetariamente quando do seu cumprimento. Apés 0 transito em julgado, lance-se 0 nome do réu no Rol dos Culpados. PRIC.” £.6. Modelo de sentenga — Substituigao da pena por multa “Ante © exposto e considerando tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a pretensdo punitiva estatal através da deniincia de fis., para CONDENAR, como de fato condeno Fulano (nome completo, RG, data e local de nascimento, nacionalidade, estado civil, filiagao) 4 pena de trés meses de detencdo, substituindo-a pela pena de multa, nos termos do art. 60, § 2.°, do Cédigo Penal, pela pena de --- dias-multa, cada um no valor de 1/30 do valor do salario minimo vigente a época dos fatos, corrigindo-se monetariamente quando do seu cumprimento. Apés o transito em julgado, lance-se o nome do réu no Rol dos Culpados. P.R.LC.” £.7. Modelo de sentenga — Prestacio de servicos 4 comunidade “Ante 0 exposto ¢ considerando tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a pretenso punitiva estatal através da denincia de fis. x, para CONDENAR como de fato condeno, Fulano (nome completo, RG, data e local de nascimento, nacionalidade, estado civil, filiagdo), & prestagao de servigos & comunidade pelo prazo de -x- meses, na forma acima estabelecida. Oficie-se ao (Entidade na qual os servigos sertio prestados), intimando-se o condenado para iniciar 0 cumprimento da pena. PRIC” 18 2.4. Sentenga absolutoria Dificilmente, num concurso piiblico, cairé uma sentenga puramente absolutéria, tendo em vista que o examinador precisa verificar se 0 candidato sabe condenar e aplicar 0 critério triffisico de pena. O que poder cair num concurso é uma sentenga parcialmente condenatoria e parcialmente absolutéria. A sentenga em questiio absolve o réu da causa, declara infundada a acusagdo e sem procedéncia a pretensdo punitiva. A grande preocupagaio do Juiz é utilizar adequadamente as disposigées do art. 386 do CPP. Diz 0 mencionado dispositive processual:“O juiz absolvera 0 réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheya: ~ estar provada a inexisténcia do fato; II nao haver prova da existéncia do fato; TI — nao constituir o fato infragao penal; TV - estar provado que o réu ndo concorreu para a infragdo penal; V —nio existir prova de ter o réu concorrido para a infragao penal; VI-— existirem circunstancias que excluam 0 crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 €'§ 1.° do art. 28, todos do Cédigo Penal), ou mesmo se houver fundada duvida sobre sua existéncia. VII — nao existir prova suficiente para condenagao”. Juiz, ainda, adotara trés medidas fundamentais: + mandard pér o réu em liberdade, se, obviamente, nao estiver preso por outro processo; + ordenard a cessagiio das penas acessérias, provisoriamente aplicadas; + aplicara medida de seguranga, se cabivel. ‘Vejamos as hipteses de absolvigao: + Estar provada a inexisténcia do fato. Aqui, 0 Juiz deve ter certeza absoluta, por meio de provas cabais, de que o fato embasador da dentincia nunca existi 19 + Nao haver prova da existéncia do fato. E 0 caso de um estelionato em que esté demonstrada a autoria; 0 meio empregado, porém, é ineficaz para induzir ou manter a vitima em erro, em face de uma grosseira adulteragdo de documento. Nesse caso, ndo ha prova de que o fato existiu. + Nao constituir 0 fato infragdo penal. E a auséncia de tipicidade para a conduta. ‘Temos como exemplo uma lesio corporal em que nao hd les nenhuma, jé que nao podemos visualizar 0 machucado, + Nao existir prova de ter o réu concorrido para a infragiio penal. E a hipotese na qual, no concurso de pessoas, nao ha indicios de que um dos agentes tenha praticado 0 delito. E 0 caso do furto em que quatro pessoas stio denunciadas, porém, quanto a uma das pessoas, nJo ha qualquer prova de que tenha concorrido, havendo condenago das outras trés. + Existir circunstancia que exclua ou isente o réu de pena. 6 a hipétese, por exemplo, da incidéncia do art. 26, caput, do CP, no qual o réu é absolutamente inimputavel em razAo de oligofrenia, por exemplo. + Nao existir prova suficiente para a condenagao. Sao todas as demais hipsteses por exclusdo nas quais ha divida, aplicando-se o principio in dubio pro reo. 2.41. a) Absolvicdo sumaria (Jtiri) ispositivos de sentencas absolutorias “Ante 0 exposto ¢ considerando, tudo mais que dos autos consta, com fundamento no art. 411 do Cédigo de Processo Penal, reconhecendo a ocorréncia da legitima defesa, na forma dos arts. 19, TI, e 21, do Cédigo Penal, ABSOLVO FULANO (nome completo, RG, data e local de nascimento, nacionalidade, estado civil, filiagao), da acusagio que lhe é feita do cometimento do delito do art. -x- do Cédigo Penal. Recorro de oficio ao Egrégio Tribunal de Justiga, conforme dispée o art. 411, parte final;'do Codigo de Processo Penal, e determino a remessa dos autos, apés o decurso do prazo para eventual recurso. P.R.LC.” b) Insuficiéncia de provas “Ante 0 exposto e considerando tudo mais que dos autos consta, JULGO IMPROCEDENTE a pretensao punitiva estatal através da dentncia de fls. x, para ABSOLVER, como de fato absolvo, FULANO DE TAL, da imputagdo que Ihe é feita do cometimento do delito disposto no art. 157, § 2.°, Ie II, do Cédigo Penal, fazendo-o com base no art. 386, VI, do Cédigo de Processo Penal. P.R.I.C.” 20 ©) Absolvigdo por inimputabilidade com aplicagio de medida de seguranga “Ante 0 exposto e considerando tudo mais que dos autos consta, DECLARO ABSOLUTAMENTE INIMPUTAVEL, na forma do art. 26 do Cédigo Penal, FULANO DE TAL (qualificar), e JULGO IMPROCEDENTE a pretensdo punitiva estatal através da dentincia de fls. x, ABSOLVENDO-O da imputago da pritica do delito disposto no art. 000, do Cédigo Penal, com fundamento no art. 386, V, do Cédigo de Processo Penal, e IMPONHO-LHE MEDIDA DE SEGURANCA, conforme dispde 0 art. 96, I, do Cédigo Penal, consistente em internagao, por, no minimo, trés (3) anos, conforme art. 97, § 1.°, em hospital de cust6dia e tratamento psiquidtrico. Expega-se mandado de captura e, transitada esta em julgado, expega-se carta de guia. P.R.LC.” ai Complexo Juridico ® CURSO DO PROF. DAMASIO A DISTANCIA PRATICA DE PROCESSO CIVIL Ago Anulatoria de Casamento Rua da Gloria, 195 — Liberdade — Sao Paulo ~ SP : 1510-001 Tel/Fax: (11) 3164-6606 — www.damasio.com.br PRATICA DE PROCESSO CIVIL Acao Anulatoria de Casamento Joana ingressou com inicial de ago de anulago de casamento em 25.10.2003, alegando ignorar a condenagio de seu marido, Calipso, pela pritica de crime contra o sistema financeiro, Segundo 0 relato da inicial, 0 casamento aconteceu no dia 5.1.2002, tendo seu marido praticado o fato tipico e antijuridico no dia 25.12.2001, ou seja, no Natal. A condenasio definitiva, porém, ocorreu apenas em margo de 2003, tendo transitado em julgado em setembro de 2003. Joana saiu do lar, de fato, em junho de 2002. Joana, por conseguinte, aguardou 0 transito em julgado para intentar ago. Requer a mulher, portanto, o desfazimento do vinculo conjugal com a anulagdo do casamento, a partilha dos bens pelo regime da comunhdo parcial de’bens;"a guarda dos filhos, tendo um nascido antes do casamento, a condenago do réu'no pagamento de pensdo alimenticia para os dois filhos menores impiiberes e para a requerente no importe de 40% dos vencimentos liquidos do vario. Requer, ainda, a fixagio de visitas. variio Calipso contestou a ago, alegando, ém preliminar, faltade'interesse de agir, j4 {que sua condenagio foi posterior a celebragio do casamento, nao tendo a mulher interesse de agir. Alegou, ainda, impossibilidade juridica do ‘pedido, sob 0 argumento de que a hipdtese no se subsume no texto legal, pois o crime em questo nfo € inafiangdvel. Requereu, ainda em preliminar, a adogao do novo Cédigo Civil, visto que sua condenagio se deu na égide da nova lei e esta s6 autoriza a anulagdo se o crime for incompativel com 0 casamento, o que niio é 0 caso. No mérito, afirma o vartio que a mulher nio provou a insuportabilidade da vida em comum, até porque conviveu normalmente com o requerido até sair do lar, em junho de 2002, ou seja, meses depois da ciéncia do fato. Requer 0 vario a improcedéncia da ago ¢ condenagéo da mulher na verba sucumbencial. Requer, alternadamente, em caso de procedéncia, a guarda dos dois filhos ¢ a condenagdo da mulher no pagamento de alimentos para os filhos no importe de 25% dos seus ganhos liquidos, tendo em vista ter tido a guarda de fato dos filhos durante esses quase dois anos. ‘Ademais, a mulher no tem vida compativel com a figura de mae. Requer, ainda, a improcedéncia do pagamento de pensio alimenticia para a mulher, pois entende que a igualdade constitucional ndo autoriza a condenagdo em alimentos. © Juiz saneou 0 proceso, alegando que as preliminares seriam apreciadas na sentenga, designando audiéncia de instrugo e julgamento. Na audiéncia, as partes nao arrolaram testemunhas, tendo sido ouvido apenas o depoimento pessoal de cada uma delas, corroborando cada qual a inicial e a contestagao. Em alegagées finais, as partes reiteram manifestagdes anteriores, requerendo 0 vartio a conversio do julgamento em diligéncia para a realizagao de estudo social da familia, a fim de ‘melhor decidir o Juiz sobre a guarda dos infantes. 28 Sentencie. FOLHA DE RESPOSTA PRATICA DE PROCESSO CIVIL 28 29 30 31 2 PRATICA DE PROCESSO CIVIL Vara Civel da Comarca de Autos n. JOANA ingressou em 25 de outubro de 2003 com ACAO DE ANULACAO DE CASAMENTO em face de CALIPSO, alegando, em sintese, que contraiu matriménio com o requerido, todavia, desconhecia 0 fato de ele ter praticado crime contra o sistema financeiro, em data anterior ao casamento. Pleiteou, a autora, o desfazimento do vinculo conjugal, com a consequente anulagdo do, casamento, partilha de bens, regulamentagao da guarda dos filhos do casal e, por fim, requereu penst alimenticia para os filhos ¢ para si © requerido, em sua contestagdo, _alegou preliminarmente falta de interesse de agir, impossibilidade juridica do pedido, que a ago deve ser julgada com base no Cédigo Civil em vigor, isto é, nos termos da Lei n, 10.406/2002, ¢, ainda, que a natureza do crime por ele cometido ndo teve reflexo na vida familiar, requisito exigido pelo novo Cédigo Civil; j4 no mérito, alegou nao estarem presentes os pressupostos necessérios ao desfazimento do vinculo conjugal. 31 Requereu a improcedéncia da ago ¢ a condenagiio da autora nas verbas de sucumbéncias ou, no caso de esta ser julgada procedente, requereu a guarda dos filhos para si, pensdo alimenticia para eles e, ainda, 0 nfo pagamento de alimentos a autora. Petigao inicial e documentos as fls. Citagdo do requerido as fls. Contestagdio as fis. Os autos’ foram saneados « is... fls. > as preliminares foram deixadas para andlise oportuna. Audiéncia de instrucdo e julgamento, fls. ___, na ocasido, foram ouvidos os depoimentos pessoais. Nao foram arroladas testemunhas pelas partes, . Alegagdes finais'da autora e do requerido, respectivamente, as fls. e fs. tendo 0 vardo protestado a conversio do julgamento em diligéncia a fim de realizar estudo social da familia para melhor definig&o da guarda. E orelatorio. DECIDO. A agdo é procedente em parte, Nao é caso de converter o julgamento em diligéncia, conforme pleiteou 0 vardio em suas alegagdes finais, pois, muito embora seja relevante a 32 sua preocupago em bem delimitar o interesse dos filhos, para fins de guarda e visita, restou assentado que os filhos esto, de fato, com o pai, j4 h4 quase dois (2) anos, alids, matéria ndo rebatida pela autora, de modo que nfo cabe, por ora, a alteragao dessa situago. Outra questo que jé deve ser resolvida de plano diz respeito ao direito intertemporal, ou seja, a questo sobre qual Cédigo deve incidir no presente caso: o velho Cédigo de 1916 ou 0 novo Cédigo de 2002. © casamento ocorreu em 5 de janeiro de 2002, tendo, ali, se tomado um ato jurfdico perfeito, muito ates, portanto, da publicagtio da Lei n. 10.406/2002, qué s6 ocorreu em 11 de janeiro de 2002. Ademais, 0 fato ensejador da anulagdo também ocorreu muito antes da vigéncia da nova lei, sendo irrelevante tanto em matéria de direito civil quanto em matéria de direito penal o evento condenagao — este, sim, posterior ao novo Cédigo Civil, que entrou em vigor no dia 12 de janeiro de 2003. Dessa forma, deve ser aplicado apenas e tio somente 0 Cédigo Civil de 1916, em todas as questdes a serem ora tratadas. Uma vez rebatidos os incidentes, comporta a andlise das preliminares, sendo 0 que. interessa por questo de Iégica formal o que diz respeito a de incidéncia do novo Cédigo Civil, que alterou os requisitos do erro essencial pela p crime. Realmente, a nova disposigao legal do art. 1.557 passou a exigir que a natureza do crime tenha incompatibilidade com a vida conjugal. Nessa linha de raciocinio, para a nova disposigao, uma falsidade de documento publico dissociada da vida familiar nfo pode interferir na inviolabilidade do casamento. 33 Como ja mencionamos, porém, essa norma ndo pode ser aplicada no caso em questéio, de maneira que somos obrigados a aceitar 0 pensamento do legislador, por forga do art. 219, I, do Cédigo Civil de 1916. A alegagdo de falta de interesse de agir é impertinente, pois a literalidade do art. 219 fala em ignordncia de crime e no ignorancia de condenagao. Dessa forma, pouco importa o momento da condenagéo, imprescindivel que 0 crime (fato tipico,e antijuridico) seja anterior ao casamento; ¢ tal ocorreu, tendo em vista que o'delito contra o sistema financeiro se deu no Natal de 2001, ¢ © casamento, no inicio de 2002. © pedido ¢ juridicamente possivel, pois 0 crime contra 0 sistema financeiro ¢ inafiangavel, art. 31 da Lei n. 7.492/86. No que diz respeito a questo de mérito, além da insuportabilidade ser presumida pela separagao de fato do casal, desde margo de 2002, a disposigao do art. 219, II, do Cédigo Civil, presume, de maneira absoluta, a referida insuportabilidade. E de rigor, portanto, a anulagdo do casamento por incidéncia do art. 219, II, ou seja, erro essencial sobre a pessoa do outro cénjuge. ‘No que tange aos consectérios, temos: GUARDA Muito embora o vardo tenha dado causa 4 anulaco do casamento, a guarda dos dois filhos, conforme ja dito anteriormente, a ele pertence 34 Isso porque os dois filhos so menores impiberes ¢ jé esto por longos dois (2) anos na companhia do pai, sem qualquer insurgéncia mais séria da mae, de modo que se conformou a mulher com a forma de criag&o e cuidados do pai, nao cabendo alteragdo sem uma andlise mais aprofundada em sede propria, o que podera ser solicitada a qualquer momento. A propria Lei n. 6.515/77 estabelece, no art. 10, em suas disposigdes, que, muito embora 0 vardo tenha dado causa ao desfazimento da sociedade conjugal, compete ao Juiz evitar prejuizo moral para os filhos, regra corroborada pelo art. 13 do mesmo diploma. As visitas ‘ocorrerao de maneira liyre, conforme j4 vem acontecendo. ALIMENTOS No que tange aos alimentos para a mulher, so estes absolutamente impertinentes, visto que 6 art. 19 da Lei n. 6.515/77 determina que o cénjuge, além de inocente na separago, tem que necessitar dos alimentos. ‘A mulher, no caso; Saiu do domicilio conjugal sem os filhos ¢, em nenhum momento, durante os dois (2) anos em que permanece apartada deles mesmas apresentou qualquer necessidade, até porque em nada contribuiu para a criagdo dos filhos, ferindo a isonomia do art. 226, § 5.°, da Constituigao. E de bom alvitre que a mulher contribua efetivamente para a manutengdo dos filhos, conforme requerido pelo vardo, no montante de 25% dos seus vencimentos liquidos, pois, muito embora o tema no tenha sido tratado com acuidade no transcurso desse processo, o referido indexador mantera sempre paridade, independentemente da atividade desempenhada pela mulher. 35 PARTILHA DOS BENS Determino ainda a partilha dos bens existentes no periodo de convivéncia do casal, conforme podera ser apurado em liquidago de sentenga. Ante 0 exposto e considerando tudo mais do que dos autos consta julgo PROCEDENTE EM PARTE A ACAO ANULATORIA, movida por JOANA DE TAL contra CALIPSO DE TAL, desconstituo 0 vinculo conjugal, anulando a sociedade firmada em 5 de janeiro de 2002, gerando, por conseguinte, os seguintes efeitos: A guarda dos filhos ficard com o requerido e as visitas sero livres a autora. Condeno a autora a pagar 25% dos seus vencimentos liquidos aos filhos impiberes NUNCIO DE TAL e APOLONIO DE TAL, qualificados nos autos, a serem descontados em folha de pagamento, nas datas fixadas pela empregadora. Deixo, de condenar 0 requerido a0 pagamento de alimentos a autora, conforme fundamentacao. Expegam-se oficios ao Cartério de Registro Civil para a referida averbagao. Por ter havido procedéncia parcial, deixo de condenar as partes com verba sucumbencial, arcando, cada qual, com a sua parte. P.RLC. ¢ oficie-se 4 empregadora de fls._, para as providéncias cabiveis. Local, data Juiz de Direito 36 CURSO DO PROF. DAMASIO A DISTANCIA Rua da Gloria, 195 - Liberdade — Sao Paulo — SP ~ CEP: 01510-001 Tel./Fax: (11) 3164-6624 — www.damasio.com.br PRATICA DE PROCESSO PENAL Denuncia: o Sistema dos Quatro Corpos Prof, Luiz Fernando Vaggione Primeiro corpo: eabegalho. Prefira a redago por extenso: Segundo corpo: legal e agregue 0s comportamentos, deixe para ementa de acérdao. ‘Obs.: vocé pode iar sua dentincia diretamente com “Consta dos inclusos autos de inquérito pol Ministério Piblico do Estado de Sao Paulo, por seu Promotor de Justiga que esta que, no dia [...]". Se preferir, embora seja um mero adoro: “O subscreve, vem, a presenga de Vossa Exceléncia para oferecer dentincia contra [...]” ou “O representante do Ministério Publico que esta subscreve, no uso de suas atribuigdes legais (...”. Terceiro corpo: deserigio do comportamento tipico. Baseando-se na indicagao dos crimes realizada no corpo anterior, descreva 0 comportamento dos agentes. Evite, simplesmente, copiat 0 texto da questio apresentada. A descrigéo & a parte fundamental da deniincia. Seja sucinto e claro. Exemplo: Primeiro corpo Excelentissimo Senhor Doutor Juiz de Direito da_ Vara Criminal da Comarca de Sao Paulo Autos n, Segundo corpo Consta dos inclusos autos de inquérito policial que, no dia__de__de __, por volta das 22h00, na Avenida 23 de Maio, nas proximidades do Viaduto Pedroso, nesta cidade e comarca de Sao Paulo, ROBERVAL TAYLOR, filho de Homero Taylor e Sabastiana Taylor, devidamente qualificado nos autos a fls. 13, conduziu veiculo automotor, em via publica, estando com concentragdo de Alco! por litresdessangue superior a 6 (seis) decigramas. ‘Apuro iciais militares Feali Slizaglo na Avenida 23 de Maio, quando & : i iat Mille, placa XPO 3000. Dada a ordem de tratava do indiciado. Aparentava embri constatou-se a taxa de 7 ( 0 indiciado nao tinha permissdo ou habi dirigir vefculos automotores. Quarto corpo Ante o exposto, denuncio ROBERVAL TAYLOR, RG n. , SSP/_, como incurso no art, 306, combinado com (ou se preferir: c.c.) 0 art. 298, inciso Ill, ambos do Cédigo de Transito Brasileiro (Lei n. 9.503/97) e com o art. 61, inciso I, do Cédigo Penal, requerendo que, autuada esta, seja © denunciado citado para responder & acusagio, recebendo- 5 se, em seguida, a deniincia, observando-se 0 rito sumério previsto nos arts. e 531 a 538 do Cédigo de Processo Penal, para a final ser julgado e condenado. Testemunhas: 1. Eufrésio Pontes, SdPM, fls. 02, requisitar; 2. Constantino Prioli, CbPM, fls. 03, requisitar. priso preventiva ou de 5 (Lei dos Juizados Especiais Criminais), muitos fazem na cot condicional do processo ou a recusa em fazé-la, ambas devidamente fundamentadas. Na manifestag&o de oferecimento da dentincia so também apresentados os requerimentos ao juiz de provas complementares 4 autoridade policial; de folha atualizada de antecedentes e certidées do que nela constar; de cépias de ‘outros processos, especialmente no procedimento do Jiri; remessa de c6pias a Vara da Inféincia eda Juventude etc, Exemplo: Autos n. MM. Juiz: 1. Oferego dentincia em separado contra ROBERVAL TAYLOR, imputando-lhe 0 crime previsto no art. 306, c.c. o art. 298, inciso III, do CTB e c.c. o att. 61, inciso I, do CP (considere que hé, nos autos do inquérito policial, certidio comprovando o transito em julgado de crime anterior); 2, Requeiro nova le ciadp bem como certiddes criminais do que nela event " s do processo n. 0000334- 90.2010.8.26.0000, A : © denunciado é 646 e a0 pagamento de jou em julgado em nos do art. 89 da Lei Promotor de Justiga Complexo Juridico ® CURSO DO PROF. DAMASIO A DISTANCIA MODULO IT PRATICA DE PROCESSO CIVIL Agao de Nulidade de Casamento Rua da Gloria, 195 — Liberdade ~ Sao Paulo - SP - CEP: 01510-001 Tel./Fax: (11) 3164-6624 ~ www.damasio.com.br PRATICA DE PROCESSO CIVIL Agao de Nulidade de Casamento O representante do Ministério Publico (MP) ingressou, em maio de 2003, com uma ago declaratéria de nulidade de casamento, alegando que chegou ao seu conhecimento, por meio de atendimento ao publico, que os cnjuges Astragildo de tal e Big6nia de tal, na qualidade de irmfos, teriam se casado. Afirma o representante do parquet que 0 variio Astragildo de tal foi adotado pelo casal Yan e Zina e se casou, em fevereiro de 1963, com a mulher Big6nia, filha natural do casal Yan e Zina. Narra, em sua inicial, que a filha Bigonia, do casal Yan ¢ Zina, estava com.trés anos de idade quando adotaram 0 menino Astragildo, que estava com seis! anos de it a 0 representante do MP que o casamento realizado em 1963 € nulo por tniringir: dimento absoluto do inc. V do art. 183 do CC. Requer a procedéncia da ago, a declaragao de mlulidade do casamento com a aplicagdo de retroatividade de todos os-efeitos, nio aplicands»o regime de comunhiio universal, mas, sim a dissolugio dos bens comdima sociedadefeitil, nos moldes do art. "aplicagaio de qualquer de familia para 0 casal. Requer, ainda, 0 cancelamento do r il e do registro de iméveis para os bens imévei Sr 0s, deixa de requerer disposigao sobre guarda e visita, ez fe O casal Astragildo e Bigonia contestou, alegando, em preliminar, ilegitimatio ad causam ativa do MP. para intentar aga de nulidade de casamenio. Ainda em preliminar, requer a impossibilidade juridica do pedido ante a nao incidénci age V do art. 183 do CC, j que 0 adotado sé.casou com filho ite NAO super inte dos pais. Informa que 2 inicial ¢ inepta, pois a incidéncia se da gom base no novo Cédigo Civil (CC), o que inviabiliza a causa de pedir femota. Requer, ainda em preliminar, falta de interesse de agir, alegando que o pedido é inadequado diante da,nfio:ineidéncia de qualquer norma legal sobre a hipdtese em questa érito, requer a prescrigdo diante do fato do casamento ter sido reali (vinte) anos, com aplicago do art. 205.do novo CC. Ainda no mérito, requerem jas'partes a aplicacao da putatividade, com pedido alternativo, sob a alegacio de que estavam de boa-fé e que ocorreu um erro de direito (error in iuris) no presente caso, pois desconheciam completamente a norma do art. 183, V, do CC, sendo 0 fato de total responsabilidade da Serventia extrajudicial. Requerem, portanto, em caso da nfio manutengdo do casamento, a aplicagao da putatividade em todos 08 seus efeitos, ficando ao arbitrio do julgado o alcance da disposicao. As partes, tanto o autor quanto os réus, requereram o julgamento antecipado da lide ante 0 fato de a matéria ser exclusivamente de direito e ser desnecessaria a dilagao probatéria. Sentencie. FOLHA DE RESPOSTA PRATICA DE PROCESSO CIVIL 10 PRATICA DE PROCESSO CIVIL Vara Civel da Comarca de Autos n. ym! ship DECLARATORIA DE Sie, 1 gm do, aos 6 anos de Pleiteou' a procedéncia da ago, com a consequente declaraciio de nulidade do casamento com efeitos:rétroativos, ndo se aplicando o regime da comunhao universal, mas, sim, a dissoluieao dos.ber ‘como uma sociedade civil. Requer, por fim, o cancelamento do registro civil € de iméveis, estes referentes aos bens comuns do casal. Em contestagio, os —_requeridos__alegaram, preliminarmente, ilegitimatio ad causam ativa, impossibilidade juridica do pedido e falta " de interesse de agir, além de inépcia da inicial ante o fato da nao incidéncia do Cédigo de 1916. No mérito, requereram 0 reconhecimento da prescrigiio e, como pedido alternativo, a aplicacao da putatividade, alegando a ocorréncia de erro de direito, e estarem de boa-fé. . a pari’ egyereram julgamento de direito e ser desnecesséria antecipado da lide, por entend a dilagdo probatéria. Eo relatério. DECIDO. A agéio é improcedente. Muito embora seja atribuigdo do érgio do MP a tutela das relagdes de familia, nao tem sido essa a melhor orientagao adotada pela propria 2 ctipula do “parquet” que tem entendido que a nova configuragdo constitucional fez com que o MP deixasse a tutela individual como parte, ainda que de ordem publica, para agir apenas como fiscal da lei. No presente caso, estamos diante de um casamento que vem vigendo até a propositura da agiio, de maio de 1963 a maio de 2003, ou seja, por exatos 40 (quarenta) anos; ¢, até a lavratura desta sentenga, quase 41 (quarenta e um) anos. re Ta pela je*desse longo vinculo conjugal o a ndo ser que fosse Daflgprélazer esse vinculo que perdura, apel d&teritiinads "pelo art. 226, caput, a) eagee|® | de’ ratiocinio, a! agio em questo é algo que o Estado protege ha mais de fa do art. 183; ¥, hoje, no art. 1.521, V, visa proteger a familia, de: ulafido que as pessoagique ‘convivam como irmaos venham a se : Sale. tornar cénjuges, ou seja, visa evitar promiscuidade no seio familiar. No presente caso, porém, esse bem juridico nao existe e, a0 que tudo indica, nunca existiu, até porque nem foi alegado na inicial. Rebatendo as preliminares, compete, desde 0 inicio, mencionar que a incidéncia normativa se da por forga do Cédigo Civil (CC) de 1916 € nao com base no Cédigo de 2002, tendo em vista que 0 ato que gerou a nulidade ocorreu sob a Egide do CC de 1916, no cabendo retroatividade do novo CC na hipétese em questiio. 3 Nao ha que se falar em ilegitimidade ativa do MP, pois 0 proprio CC de 1916 estabelece, no art. 208, II, que a declarago de nulidade poderd ser feita pelo MP, servindo o dispositivo legal para a norma do art. 207 que trata dos impedimentos. Muito embora possa incidir a impossibilidade juridica do pedido por fora dojart. 183, V, V, j8 Gue'o, gijowdo Astagildo € fhe adative superveniente a fia nairal Bigdnia, jéexistindo esta qui as da adogao do menino. cd interpretacdo restritiva, 0 casamento valido. Tal questio, iporém, ndo é fal na hipotese. preliminar, e, sim, meérito, cabendo ci i uma inadequago do pedido @sim, uma ios concessiio meritéria deste. ‘ie ie rie ‘nao hd que se falar em prescri¢do visto ser 0 ato nulo imprescritivel, quer sob a dtica do art. 205 do:novo CC, ou mesmo sob o fundamento do art. 177 do CC de 1916. A aplicagdo de putatividade ¢ desnecessiria, pois esta implica extingdo do vinculo conjugal, muito embora os efeitos produzidos nos 40 (quarenta) anos sejam validos. E mais do que pacifica a admissdo de erro de direito por desconhecimento da norma, matéria ja acolhida pelo Supremo Tribunal Federal, desde a época em que o Min. Nelson Hungria fazia parte daquela casa. Como dito, logo no inicio da fundamentagio, o casamento em questo é vélido e regular ¢ assim deve ser mantido, no podendo restar 4 ferido o principio da inviolabilidade da sociedade conjugal, a nao ser que um bem juridico mais relevante venha a gerar a exting0, 0 que nao é 0 caso dos autos. sigan ae ¢ Ant iderando tudo mais que dos TORIA DE NULIDADE me : Condens a Sto Paulo em honorérios advoeaticios, que arbitro em RS 2 v 20, § 48, do crc.* Juiz de Direito * Outra posigao possivel: deixo de condenar a Fazenda em verbas sucumbéncias por auséncia de previsao legal. CURSO DO PROF. DAMASIO A DISTANCIA MODULO IT PRATICA DE PROCESSO CIVIL Agao de Separagao Judicial Litigiosa Rua da Gloria, 195 ~ Liberdade ~ Sio Paulo — SP — CEP: 01510-001 Tel./Fax: (11) 3164-6624 — www.damasio.com.br PRATICA DE PROCESSO CIVIL Agao de Separagao Judicial Litigiosa Ant6nia de Tal ingressou com ago de separagao judicial litigiosa, alegando que seu marido, Benedito de Tal, praticou grave violagtio dos deveres do casamento, consistindo no fato de ele tolher sua liberdade pessoal para pritica dos atos cotidianos. Afirma que 0 marido, apesar de bom pai e cumpriddfdé!seus:deveres, proibe sua livre circulagéo em shopping centers e supermercados por ser um individuo ‘extremamente ciumento, de modo que a mulher s6 pode saif acompanhada de um de seus dois filhos, menores piiberes (14 15 anos de idade). Amputa ao réu, portanto, 0 descumprimento do dever de miitua assisténcia imaterial do art. 1.566, Ill, ec, 0 att.1.572, caput, atibos do CC. Requer, I at 20%,dos rendimentos liquidos do vardo, até que eles completem a maiori se formem em curso universitario; 4) a manutengo do nome de casada, ante 0 fato de os filhos 56 terem 0 nome do pai (art. 1.578 do CC); e) o desfazimento d minigipleia ekistent yeritre os cénjuges, tendo em vista que s&éio casados desde 1973, portanto,. sob o regime da comunhio universal de bens; fa fixago de visitas apenas nos fins de semana. O marido B contestou o pedido, alegando, em preliminar, caréncia de ago por falta de interesse de agir. Afirma que a hipétese ndo se subsume no art. 1.566, III, do CC Requer, ainda, em preliminar, a exting&o do processo por impossibilidade juridica do pedido, tendo em vista que o art. 1.572, caput, exige grave violagio no dever do casamento, sendo que a hipétese em questio ndo possui qualquer gravidade, até porque alega ndo ser verdadeira. No mérito, afirma que sua conduta é escorreita e que a mulher quer a separagao por estar interessada em outro homem. Pede, portanto, a improcedéncia da agdo e condenaco da requerida nos énus sucumbenciais. O varao B reconviu a agao em face de sua mulher, A, alegando que esta descumpriu gravemente os deveres do casamento, pois abandonou o lar e esté sendo infiel nos moldes do art. 1.566, Ie II, do CC. Afirma que a mulher, apés ter abandonado o lar, tendo : 3 decorrido apenas 90 (noventa) dias do fato, conheceu outro homem e passou a ter encontros amorosos com ele, de maneira notéria, fato de conhecimento dos filhos, pois, muitas vezes, 0 homem passou a pemoitar no novo domicilio da mulher. Requer, por conseguinte: a) a guarda dos filhos (art. 1.584 do CC); b) a concessio de visitas para a mie (art. 1.589 do CC); ©) a volta do uso do noi de solteira da mulher (art,1.578 do CC); ne d) a nao concessao de pensio alimenticia para a muther, ante o fato de esta ter dado causa a separagao (art, 1.572 do CC); Coritestou, alegando, em requerendo a imediata exting%io da recon’ : -pleteando a omens estes estarem re: 20% dos seus vencimentos liquidos. A mulher agravou tho do Juiz, req fixacdo de alimentos para si, pois alega que © casamento é antigo’ que nao tem suporte. sobreyiver. O Tribunal nao concedeu a liminar e nfo chegou a decidir 0 mérito. Foi designada audiéncia de tentativa de conciliagao, que restou infrutifeta. O feito foi instruido, tendo as testemunhas da mulher corroborado 0s fatos alegados:na inicial €as testemunhas do varo corroborado os fatos narrados na reconvengao. Em alegagées finais, as partes reiteraram as manifestagdes anteriores, tendo apenas © patrono da autora requerido © desentranhamento do documento juntado pelo varao na audiéncia de instrugao, no.qual os filhos declaram que preferem residir com o pai. O representante do MP, em sucinto parecer, opinou pelo nao acolhimento de nenhuma das preliminares, e, no mérito, em tese no defendida por nenhuma das partes, na aplicago do pardgrafo tinico do art. 1.572 do CC, por entender que, até a data do ingresso da agio, 0 casal ja estava separado de fato hd mais de um ano e que no poderia mais discutir a hipétese de culpa, muito embora nenhuma prova tenha sido produzida no sentido da anilise do lapso temporal. Entende que a guarda deve ficar com a mie, com direito de visitas do pai nos finais de semana, a fixacdo de alimentos na base de 30% dos rendimentos liquidos do varao, a concessdo de pensao 4 mulher na base de 10% como divida de valor. Sentencie. FOLHA DE RESPOSTA PRATICA DE PROCESSO CIVIL CURSO ANUAL un Sgt 2 PRATICA DE PROCESSO CIVIL ‘a Civel da Comarca de Autos n. ANTONIA DE)TAL ingressou com ACAO DE SEPARACGAO, JUDICIAL em face de BENEDITO DE TAL, alegando, em sintese, que o do casamento, consistentes em tolher sua pritica dos atos ootidianos, descumprindo, assim, o dever de mitua requerido praticou grave violagao dos liberdade pessoal assisténcia imat Pleiteou, a autora, a.guarda dos dois filhos, pensio alimenticia para si, no valor de 10% dos rendimentos'liquidos do requerido, e para os filhos do casal, no montante de 20%. Requer, ainda, a manutengio do nome de casada, 0 desfazimento do condominio pleno existente entre os cOnjuges ¢ a regulamentacdo das visitas dos filhos do casal. © requerido, em sua contestagdo, alegou, preliminarmente, caréncia de agiio e impossibilidade juridica do pedido; ja no mérito, alegou ser sua conduta escorreita e que a requerida feriu deveres ‘do matriménio. Requerendo, assim, a improcedéncia da ago e a condenagao da requerida em énus sucumbenciais. As fls. ____, apresentou, 0 —requerido, reconvengao, alegando descumprimento dos deveres do casamento por parte da autora- reconvinda, pois alega ter ela abandonado 0 lar conjugal e ter infringido 0 dever de fidelidade. Requereu, assim, a guarda dos filhos, concesstio de visitas livre para a autora-reconvinda e que esta voltasse a usar 0 seu nome de solteira. Requereu, também, a ndo concessdo de pensio alimenticia para a reconvinda e a dissolugdo da comunhao universal de bens. ; contestou a reconvengdo a fis. Contestagao a reconvengio 4 fis. As fls foram concedidos alimentos provisérios aos filhos do casal, no montante de 20% dos vencimentos liquidos do requerido- Teconvinte. Agravo de instrumento interposto a fis. pela autora-reconvinda, pleiteando fixagdo de alimentos provisérios para si. Os autos foram saneados as fils » as preliminares foram deixadas para andlise oportuna. Audiéncia de instrugio e julgamento, fls. tendo a conciliago restada infrutifera; na ocasiao, foram ouvidas testemunhas arroladas pelas partes. & » to de nenhuma das preliminares, e, no mérito, a aplicagao do art. 1.572 do Cédigo Civil. Seu parecer foi favoravel A concessao da guarda a autora-reconvinda, com direito de visitas ao requerido-reconvinte nos fins de semana, fixagaio de alimentos, na base de 30% dos rendimentos liquidos, do requerido aos filhos, e de 10% a mulher, nesse caso, como divida de valor. Eo relatério. DECIDO. Tanto a ago quanto a reconvengao so procedentes. ‘Apés andlise detida do conjunto probatério contido nestes autos, pode-se concluir que 0 vario Benedito praticou uma grave violagiio ao dever de respeito e consideragao para‘com sua mulher, conforme disposto no art. 1.566, V, do Cédigo Civil, assim como suassinlher, nia, também praticou uma grave violacdo quando se mostrou infiel ¢ Aandonou © lar, por forga do art. 1.566, Ie II, do Codex. assisténcia moral como hipoiiea alta de 0e mnsideracio, chamados deveres implicitos sob a ética do Cédigo anteriot. Também é impertinente a preliminar de exceptio non adimpleti contractus, pois, a excecao do contrato nao cumprido, em que uma das partes requer a extingo do processo tendo em vista nao ter a outra cumprido anteriormente a sua obrigago, em sede de familia nao é preliminar e, sim, questo de mérito, e gerando como efeito a niio concessio de alimentos regulares as partes, conforme farta orientagio jurisprudencial. 16 Ultrapassada essas questdes preliminares ¢ tratando da questo de mérito, em audiéncia regular, tanto as testemunhas do varo quanto as testemunhas da mulher confirmaram os fatos alegados pelas partes, de modo que ambas praticaram condutas reprovaveis e que geram como consequéncia a extingdo do processo com julgamento de mérito, além da extingo da sociedade conjugal pela via da separacao culposa bilateral. _Temos os seguintes consectarios: apego natural com o genit conduta da mae. No que tange as visitas, deixou de haver litigio entre as partes na medida em que 0 varao, com bastante consciéncia e “sponte prépriapropria”, concedeu a mais ampla liberdade para a mae visitar os filhos da forma e no hordrio que melhor Ihe conviesse. ALIMENTOS ‘No que tange aos alimentos para os filhos, restou sem justa causa 0 pedido da mulher, pois a guarda tem de ser deferida ao pai. Dessa forma, muito embora no tenha havido requerimento expresso por parte do vardo, por forga do art. 7.° da Lei n. 8.560/92, fixo de oficio alimentos a serem pagos pela mulher aos filhos, 7 caso venha a exercer atividade laborativa comprovada, no montante de 33% dos seus vencimentos Iiquidos. ‘No que tange Apensio alimenticia para a propria plicado o disposto no art 1.702 do Cédigo Civil,juma vez nao ser nenhum dos ddis, conjuges inoceniés. Devemos aplicar 0 pardgrafo unico do art. 1.704 do CC, pois Iher declarada culpada realmente necessita de alimentos, mas apenas o suficiente para a evivéncia enquanto no se comprova lo culpa recfproca, nfo deve s mulher, por ter para a sua irestrita “DO NOME E.DOS BENS ABS SCE ‘No que tange a0 nome, conforme nova orientagdo do Cédigo, no disposto do art. 1.578, caput, muito embora 0 varao tenlia requerido a perda do nome pela mulher, verifica-se a incidéncia do ine. Il, pois haverd distingo de seu nome e dos filhos, de maneira que mantenho o nome da mulher assim como esté. Por fim, no que tange aos bens, determino a dissolupdo da comunhao universal de-bens a sér realizada em liquidagto de sentenga, remanescendo o condominio de 50% para cada uma das partes. Ante © exposto, considerando tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE ACAO e RECONVENCAO movidas por ANTONIA DE TAL e BENEDITO DE TAL para declarar dissolvida a uniao conjugal entre as partes. Atribuo a guarda dos filhos do casal ao varao, sendo franqueado 4 mulher, Anténia, o direito de visitas. Condeno a’ muther,.Anténia, ao pagamento de Ppensao alimenticia aos filhos do casal, ¢ por forga do art. 7.° da Lein. 8.560/92, fixo-os de oficio, caso venha a exercer atividade laborativa poo no - montante de 33% dos seus vencimentos liquidos. No que tange : ao nome, conforme nova orientagao do Cédigo, no disposto do art. 1.578, ote ‘Mantenho o nome da mulher assim como esté. Quanto ‘aos bens, determino a dissolugio da comunhao universal de bens a ser realizada em liquidaglo de sentenga, remanescendo 0 condominio de $0% para cada uma das partes. Apés 0 trinsito-em julgado, expegam-se oficios & mandado de praxe ao Cartério de Registro Civil das Pessoas Naturais da Comarca de ... incumbindo a parte sua instrugao ¢ encaminhamento. Oficie-se ao Egrégio Tribunal de Justica encaminhando-se c6pia dessa decisdo, a fim de ser juntada nos autos de Agravo de Instrumento. Deixo de fixar honordrios advocaticios tendo em vista a sucumbéncia reciproca das partes. P.RIC. ws Complexo Juridico Peteeoke ce te CURSO DO PROF. DAMASIO A DISTANCIA MODULO IV PRATICA DE PROCESSO CIVIL Sentenga Civel Rua da Gléria, 195 —Liberdade ~ Sao Paulo ~ SP — CEP: 01510-001 Tel./Fax: (11) 3164-6624 — www.damasio.com.br PRATICA DE PROCESSO CIVIL Sentenga Civel No dia 08.08.2003, Mévio de Tal encontrava-se na Av. Hélio Pellegrino, esquina com a Ay. Santo Amaro, quando, ao partir com seu veiculo, colidiu com o de Semprénio da Silva, que vinha pela Santo Amaro. Seis dias depois, Mévio faleceu em razao das sequelas do acidente. Seu pai, Ticio de Tal, demandou agao de reparagdo de danos por entender ser, Semprénio, culpado pelo acidente que vitimou seu filho. Na inicial, Ticio afirma que Semprénio, em alta velocidade, nao obedeceu A sinalizagao de transito, em especial ao seméforo favordvel ao veiculo de seu filho. Além disto, afirma que, apés a colisdo, 0 réu tentou evadir-se do local, mas foi interceptado por duas testemunhas. Juntou documentos, dentre eles: - Boletim de ocorréncia, assinado pelos. depoentes, no qual o policial declara que o condutor do veiculo Citrogn Xantia, placas CAI-3111, ora averiguado, vinha trafegando pela Avenida Santo Amaro em alta velocidade e, ao cruzar o sinal que estava vermelho, veio a colidir com o veiculo Suzuki Swift, placas 4042, conduzido pela vitima, sendo que 0 condutor do veiculo Citron nao parou para socorrer a vitima, tendo continuado em alta velocidade, o que fez. com que a testemunha fosse em seu encalgo, logrando deté-lo, a aproximadamente 500 metros a frente e imediatamente acionando a Policia Militar. Semprénio, no mesmo boletim, e em suas palavras, “estava voltando para casa, dirigia na Santo Amaro, sentido Itaim, e, no cruzamento, me distrai e passei no sinal vermelho. Bati no carro e perdi o controle da diregao, e parei metros depois”. - Comprovantes de tratamento médico intensivo, de remogo entre hospitais, de despesas com ébito (incluindo remogao, funeral, ¢ cremagao), ¢ de despesas com atos religiosos do 6bito — comprovantes referentes & reparagdo por danos materiais. - Paginas de jomais da época com o valor de mercado do veiculo, e comprovantes da venda do que se salvou ~ para reparagiio da diferenga. - Poucos documentos mostrando que Mévio tinha futuro promissor, embora dependesse de auxilio do pai (o autor alega relagao de dependéncia financeira em relagdo ao filho). No mérito, requer reparagiio dos danos materiais (R$ 14.341,37 e pensdo mensal a titulo de lucros cessantes) ¢ morais (no minimo, mil salérios minimos) decorrentes da perda do filho. Requereu o beneficio da justica gratuita, no que foi concedido. Citado, Semprénio apresentou contestagaio. Opds-se & gratuidade processual concedida ao autor. Narrou os fatos dizendo que imprimia velocidade aproximada de 60 Km/h quando, no cruzamento da Av. Santo Amaro com a Av. Hélio Pellegrino, distraidamente, nao atentando para a sinalizago local, veio a colidir com o veiculo da vitima. Tendo perdido o controle da diregdo, tentou parar 0 veiculo mas no conseguiu. Logrou éxito em parar aproximadamente 500 metros frente, momento em que foi abalroado pela testemunha Thiago, o qual perguntou-lhe se estava se sentido bem e que, em seguida, 0 conduziu até 0 local do acidente, momento em que Mévio estava sendo socorrido pelo resgate. Negou a culpa dizendo que Mévio, talvez. com medo de permanecer parado no cruzamento, aproveitou-se do sinal amarelo para a via oposta e partiu antes que a sinalizagdo Ihe fosse favordvel. Afirma ndo ter tentado evasio, apenas estacionando poucos metros adiante. Alega que boletim de ocorréncia, produzido fora do processo, ndo pode ser utilizado para formagao de convencimento quanto a culpa. E impugnou o pedido de indenizagaio. Houve réplica, seguida de outras manifestagdes. Houve audiéncia com produgao de provas, na qual foram ouvidos: = 0 policial condutor da ocorréncia, que confirmou o declarado no B.O. ~ a testemunha Thiago, que declarou estar, na ocasio dos fatos, no cruzamento da Av. Hélio Pellegrino com a Av. Santo Amaro, esperando a abertura do semaforo, sendo que, quando esta ocorreu, 0 veiculo Suzuki Swifit, placas BUC-4042, que estava ao seu lado, conduzido pela vitima, ao tentar efetuar cruzamento, foi colidido pelo veiculo Citrogn Xantia, conduzido pelo averiguado, o qual vinha pela Av. Santo Amaro em alta velocidade, cruzando o sinal vermelho. Esclarece que 0 averiguado reduziu a velocidade, porém no 4 prestou qualquer socorro & vitima, vindo novamente a acelerar seu veiculo, fato que fez com que 0 seguisse por aproximadamente 500 metros, logrando deté-lo e, em seguida, acionando a Policia Militar. - ¢ outra testemunha presencial, que fora ouvida pela autoridade policial, relatando a mesma versio, inclusive quanto ao detalhe da velocidade desenvolvida pelo automével conduzido pelo acionado ¢ o fato de ndo ter parado seu automével logo apés o acidente. E 0 autor juntou laudo pericial, de perito seu, baseado na declaragao das testemunhas, com trechos dos depoimentos em destaque repetindo o que se ouviu em audiéncia. ‘Apés a produgio de provas, encerrou-se a instrugao, com apresentagtio de memoriais. SENTENCIE. FOLHA DE RESPOSTA PRATICA DE PROCESSO CIVIL 10 n PRATICA DE PROCESSO CIVIL __ Vara Civel da Comarea de Autos. n. Vistos. TICIO DE TAL demandou agao de reparacdo de danos contra SEMPRONIO DA SILVA alegando que, no dia 08.08.2003, na esquina das avenidas Santo Amaro e Hélio Pellegrino, 0 requerido colidiu 0 carro que estava conduzindo com 0 de Mévio de Tal, filho do autor, que veio a falecer, em razio das seqilelas, apés seis dias. Por atribuir a culpa do acidente ao réu, pretende a reparacdo dos danos materiais (R$ 14.341,37 e penstio mensal a titulo de lucros cessantes) e morais (no minimo, mil salétios minimos) decorrentes da perda do filho. Citado, 0 acionado apresentou defesa opondo-se A gratuidade processual concedida ao autor. No mais, negou a culpa pelo acidente.

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