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Aula Presencial – O que é conhecimento e saber?

Leonor Natividade de Medeiros Campos

Iniciaremos Conhecimento e Saber refletindo sobre como organizamos os


conhecimentos. Cientes de que o saber representa o recorte dado pela ciência
no conhecimento, buscaremos ainda identificar quais são os parâmetros que
limitam essa ciência e o que caracteriza a postura investigativa. Aqui
ressaltaremos o valor da postura ética como princípio básico a serem por nós
observados quando nos envolvemos na produção de conhecimento.

Que conhecimentos são esses?

Qual é o papel da curiosidade e da observação nesse processo?

Qual a diferença entre Conhecimento e Saber?

A disciplina Conhecimento e Saber está estruturada


em quatro Unidades:

Módulo I – A infraestrutura do conhecimento – como e para quê saber?

Módulo II – A microestrutura do conhecimento: quem é o sujeito do Saber?

Módulo III – A macroestrutura do conhecimento: quando e onde está o Saber?

Módulo IV – A superestrutura do conhecimento: qual é o sentido do Saber?

como e para quê saber?


Por meio da história da humanidade, podemos de alguma forma, percorrer
outra história: a história da curiosidade do homem. A curiosidade – instigada
pela busca de respostas e pelo desejo de dominar o universo, além de nos ser
específica, é necessidade nossa.

ELEMENTOS
O sujeito – aquele que pensa que
reflete que sistematiza o que
apreendeu sobre seres e fenômenos
do universo.
O ser/fenômeno – alvo do interesse,
da curiosidade do sujeito.
CONHECIMENTO
A imagem – representação dada pelo
Para que o conhecimento possa ser sujeito ao ser/fenômeno e alvo de
nosso interesse.

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gerado, é necessária a articulação de
três elementos:

Como somos peças determinantes desse processo, nem sempre – por nossa
natureza curiosa – satisfazemo-nos com o conhecer. Isto é: com a simples
apreensão de informações do real. Ao contrário, dedicamo-nos, com
freqüência, a traçar relações, a comparar, a analisar, a generalizar essas
informações.

A Fonte da produção de conhecimentos é também a realidade e ao longo


dos tempos, esses conhecimentos retornam a ela para torná-la menos inóspita,
mais adequada a nossas necessidades.

No entanto, à medida que dominamos e transformamos a realidade, criamos


para nós novas necessidades. Não há como cessar esse círculo vicioso, pois,
desse círculo, emerge nosso espírito científico. É essa nossa inquietação que
possibilita a produção de conhecimentos.

Como um dos focos da ciência é o mundo real, ela tem como meta o estudo
dos fenômenos/eventos que podem ser vistos, sentidos e tocados.

Dessa forma, aguçamos nossa sensibilidade para observar. A observação


nada mais é do que a utilização de nossos canais sensoriais a fim de filtrarmos
da realidade informações de nosso interesse.

Contudo, a observação não serve apenas à ciência. Como não podemos


observar tudo ou muitas coisas ao mesmo tempo, temos de limitar, definir
cuidadosamente aquilo que queremos estudar.

O ponto de partida de um estudo.

O meio para verificarmos e validarmos


novos conhecimentos.

Dada sua importância, as observações


feitas no âmbito das atividades
científicas também devem ser
validadas.
No plano da ciência – motivada pela
curiosidade –, a OBSERVAÇÃO é:
Isto é, devem ser criteriosamente
descritas.

A descrição exata de nossas observações possibilita que: qualquer


pesquisador possa repetir, de forma adequada, um experimento do qual a
observação científica seja um dos procedimentos.

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O conhecimento é apenas provável. Certezas são raras. Apreendemos a
realidade por meio dos canais sensoriais. Conhecemos seres, objetos e
fenômenos pelo olhar, pelo cheiro, pelo tato.

O conhecimento – como
Conhecimento: compreensão da realidade – é
produzido no momento de nossa
confrontação com a realidade.

Apesar do volume de conhecimentos


produzidos pela humanidade ao longo
de sua história, conhecemos muito
pouco sobre a realidade, o mundo e o
universo que nos cerca.

O conhecimento é efêmero. Sua


validade cessa no momento em que
novos conhecimentos destituem seu
valor.

Ao ser apreendida, a realidade passa a ser simbolizada por nós por meio de
imagens mentais. As quais nos possibilitam reconhecê-la e falar sobre ela.

Conhecer não se limita à relação


Conhecer: entre um sujeito – aquele que
conhece – e um objeto – aquilo que é
conhecido.

Esse processo é bem mais complexo,


já que o sujeito se apropria do objeto
– criando, a partir dele, uma imagem
particular, uma imagem que só ele
tem daquele objeto.

Sob esse ângulo, o conhecimento é


singular e próprio de cada um de nós.

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Diferentemente do conhecimento que é resultado da busca individual de
compreensão da realidade, o saber:

O saber corresponde ao conjunto de conhecimentos


que são metodicamente transmitidos por meio de
processos de ensino.

Ao ser incorporado pelo sujeito, os saberes


manifestam-se nos grupos sociais por meio de
habilidades, de atitudes e de valores.

Contudo, nem todo conhecimento se transforma em


saber.

Diferenças Entre: São os interesses de determinadas classes sociais


– em um momento histórico específico – que irão
segmentar o conjunto de conhecimentos que deverá
SABER ser transformado em saber.

O conhecimento é individual. O saber é coletivo.


E
A posse do conhecimento é voluntária. A posse do
saber depende de processos formais de ensino.
CONHECIMENTO

No curso de nossas vidas: vivenciamos situações ímpares. Presenciamos uma


multiplicidade de fenômenos. Deparamo-nos com uma diversidade de seres e
objetos.

Dessa riqueza de experiências, de nossa curiosidade e observação, geramos


conhecimento.

Naturezas distintas caracterizam tipos distintos de conhecimento. Tipos


distintos de conhecimento, por sua vez, agregam-se a nosso cotidiano.
Instrumentos de nossa compreensão e transformação da realidade na qual
estamos inseridos. O modo como o conhecimento foi produzido e a maneira
como foi por nós incorporado irão definir sua natureza.

As naturezas dos conhecimentos se distinguem pelo grau de sistematicidade,


de exatidão, de subjetividade nelas registrado.

Situações misteriosas e aparentemente inexplicáveis sempre nos colocaram


diante de impasses. Respostas a questões como essa geram um tipo singular
de conhecimento: o conhecimento teológico.

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Reconhecemos o mundo, assim como
tudo que o constitui como resultado
do ato de um criador divino.

Não questionamos a existência de


entidades divinas.
Aceitamos como verdades
A partir do conhecimento indiscutíveis, as revelações postas em
teológico: nome de entidades divinas.
Concebemos os textos sagrados
como expressão do conhecimento
divino.
O conhecimento teológico não discute
a existência divina, uma vez que
aceita, sem restrições, os dogmas de
fé.

Os desejos de conhecer, de compreender, de desvendar o universo e de


dominar a natureza sempre foram necessidades nossas.

Como resultado desse processo – transformação das dúvidas em certezas –,


temos o conhecimento científico.
Ampliamos ou desfazemos verdades
por meio da comprovação direta dos
A partir do conhecimento fatos.
científico: Fragmentamos o real para
compreendermos a função de cada
um de seus constituintes.
Buscamos, por meio da confrontação,
descrever a realidade para podermos
agir sobre ela
Preocupamo-nos em explicar porquês
e comos na tentativa de melhorar as
condições da vida humana.
O conhecimento científico – de cunho
racional, sistemático, exato e
verificável – resulta de nossa tentativa
de reconstituir teoricamente o
universo.

Ao descobrirmos e compreendermos uma realidade: quase sempre nos


deparamos com a necessidade de descobrirmos e compreendermos novas
realidades. E, cada vez mais, a validade de um conhecimento dependerá de
novos conhecimentos, de novas investigações.

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A produção do conhecimento – como tentativa de descrição do real – não é um
processo definitivo e, por ter um caráter histórico, o conhecimento tem de ser
revisto, retificado e substituído.
Transformação social é o resultado de uma estratégia complexa, avassaladora,
mas que encontra na educação e na ciência, seu móvel principal.

Em nosso mundo – cada vez mais barbaramente capitalista –, os benefícios da


educação, do progresso científico e do progresso tecnológico estão cada vez
mais distantes de um número proporcionalmente maior de seres humanos.

A ciência possibilita uma intervenção


controlada e organizada no universo,
obtendo, com isso, resultados
determinados.

Contudo, nem sempre o


conhecimento produzido sobre a
realidade beneficia a todos.
Antes de qualquer coisa, um cientista
concentra-se na evidência dos fatos
Pregamos que a ciência busca
para estabelecer verdades.
conhecer o universo de forma a
Contudo, ele não se contenta apenas
beneficiar o homem. Tal premissa se
em identificá-las. Sua meta é observá-
centra no fato de que:
las, analisá-las, questioná-las, julgar-
lhes a validade.
Tal conduta caracteriza o espírito
científico, que resulta de: precisão;
curiosidade; observação;criatividade;
discernimento.

As hipóteses formuladas por um estudioso equivalem a interpretações prévias


da realidade, as quais orientam, em determinada direção, seus estudos e suas
experimentações.

Como qualquer direção pode ser válida, desde que fatos a validem, o espírito
científico é marcado ainda pela prudência e pela cautela.

É a objetividade que torna o trabalho científico impessoal. Possibilitando que


uma mesma experiência possa, a qualquer tempo, ser repetida várias vezes,
apresentando sempre um único resultado.

Da mesma forma, é a racionalidade que determina uma postura que, na


interpretação da realidade, prioriza a observação, a formulação de hipóteses, a
análise e a teorização.

A objetividade e a racionalidade são básicas para a ciência. O que importa para


a ciência não é o que um determinado cientista imagina de uma determinada
realidade.

O que interessa para a ciência é o que a realidade realmente é. A realidade,

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em si mesma, não é falsa nem é verdadeira. A realidade é o que ela é. Falsos
e verdadeiros são os julgamentos que fazemos dessa realidade.

Por nossos próprios limites, não


conseguimos apreender a totalidade do real. Enquanto não há certeza, resta a
dúvida:

Dúvida que resulta da análise incipiente de prós e contras. Dúvida enquanto


ponto de equilíbrio entre afirmação e negação de alguma verdade.

Para inspirarem certeza, os julgamentos devem traduzir uma conformidade


entre: aquilo que pensamos sobre a realidade; aquilo que a realidade
evidencia; aquilo que a realidade é.

Nesse sentido, a certeza resulta: da evidência enquanto manifestação da


realidade; da evidência determinante do grau de adesão aos julgamentos feitos
sobre a realidade.

Havendo evidências, o real se manifesta e podemos fazer, sobre ele,


julgamentos que irão gerar certezas.

Para esta primeira aula de Conhecimento e Saber


concluímos com a música de Lulu Santos:

Como Uma Onda (Lulu Santos)

Nada do que foi será


De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas


Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é


Igual ao que a gente
Viu há um segundo

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Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir


Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar

Nada do que foi será


De novo do jeito
Que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas


Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é


Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir


Nem mentir pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre

Como uma onda no mar


Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar

Referencias:
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 4. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

DEMO, Pedro. Conhecimento moderno: sobre ética e intervenção do


conhecimento. 4ª.ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

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