You are on page 1of 471

COPYRIGHT © 2023 POR KARYELLE KUHN

Título original: O Contrato – Livro 2

Capa: @maridsigner
Revisão: Laila Nascimento
Diagramação: Grazi Fontes
Edição: Mari Vieira

Está é uma obra de ficção.


Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos
da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer forma
e/ou quaisquer meios existentes sem prévia autorização por escrito da
autora.
Os direitos morais foram assegurados.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº.
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Versão Digital — 2023.
Sinopse
Epígrafe
Alerta de Gatilhos
Nota da autora
Playlist
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
A G R A D E C I M E N TO S
Quando tudo parecia estar dando certo para Henry e Liz, o
inesperado aconteceu, o mais correto não seria um divórcio?

Não, isso não ocorreu, mas Liz estava correndo perigo, e


agora Henry teria que correr contra o tempo para salvá-la.

Entre idas e vindas, desavenças e acertos, segredos e

revelações, Liz e Henry deram um passo em sua relação, e estão


a um passo de descobrir quem é o traidor da Famiglia.

O que será que vai acontecer com este mafioso e a sua

ragazza?
When it's trouble in your paradise
All the girls get weaker just by looking at you
Those big brown eyes always take over the room
Yeah, you can make me laugh and cry just by being around
If heaven's door is open it's 'cause you kicked it down
Every word you say
Loving Caliber – Trouble In Your Paradise
Cada átomo do seu corpo veio de uma estrela que
explodiu.
Você acha que não cabe nos lugares...
São os lugares que não cabem em você.
- Lawrence M. Krauss.
Assassinato, tortura, abandono, assédio sexual, traição,

uso de drogas lícitas e linguagem imprópria.

Se em algum momento você se sentir desconfortável, peço


para que pare a leitura e, quem sabe, dê uma chance aos meus

outros livros. Sua saúde mental em primeiro lugar.


Oi, leitores!

Eles voltaram, afinal, ficaram algumas coisinhas

pendentes na história anterior. Henry, como vocês já sabem, não

é o típico mafioso que conhecem, tampouco a máfia descrita


nesta narrativa segue a fio as leis, fiz uso da licença poética

sem moderação alguma.

Não peço que passem pano para o Henry e suas atitudes,

mas peço que compreendam que isto é uma ficção, então aqui

ele pode ser exatamente como ele é: mau.

Já sabem, se encontrar um assim, 190 na hora.

Um beijo;

K. Kuhn
Ouça a playlist de O Contrato no Spotify. Para ouvi-la, basta
abrir o leitor de QR Code do aplicativo e apontar a câmera para
baixo:
Enquanto eu ouvia a voz da Sandra, minhas tentativas de

abrir os olhos eram quase em vão, tudo ao meu redor girava.

Um cheiro horrível invadia minhas narinas, sem conseguir

definir o que era, apenas sentia uma vontade imensa de vomitar.

— Menina. — A voz da Sandra começou a ficar cada vez

mais próxima.
Tentei assimilar onde eu estava quando enfim consegui

abrir meus olhos. Pisquei algumas vezes até me acostumar com

a claridade do local. A primeira coisa que fiz foi colocar as

mãos na minha barriga, buscando me certificar de que meus

gêmeos estavam bem. Senti um alívio ao perceber que nada


havia acontecido com eles.

Meus olhos espreitaram o lugar. Tinha apenas duas

lâmpadas e uma delas estavam bem acima de mim. O lugar era

gelado e úmido, as paredes feitas de pedras me fizeram

perceber que estava em uma espécie galpão. Havia uma goteira


em algum lugar, pois o barulho era alto o suficiente para que eu

percebesse a sua existência.

— Menina, você está bem? — Meus olhos encontraram os

da Sandra.

Escorria sangue pelo seu rosto, e meu coração despedaçou

vê-la daquele jeito.

— Sandra, o que fizeram com você? — Tentei me levantar,


mas algo me puxou para baixo. Estava acorrentada pelos

tornozelos e punhos, o meu vestido estava todo sujo de algo que

parecia lama.
— Eu estou bem, e você? Os bebês? — Sandra também

estava acorrentada.

— Estamos bem. — Tentou tranquilizá-la. — Vamos sair

daqui, está bem? — Ainda estava meio confuso, era difícil me

lembrar do que tinha acontecido.

— O menino não demorou para nos encontrar. — Ela

também tentava ser otimista.

— O qu-que aconteceu? — Tinha uma vaga lembrança de

ter visto Paola caída no chão.

— Depois que você desmaiou, eu estava prestes a sair do

banheiro para pedir ajuda. — Massageava as têmporas fitando o

chão, como se estivesse revivendo aquele momento outra vez.

— O que mais Sandra? — A confusão estampou em seu

rosto.

— E quando eu abri a porta… o… o… o senhor Ferrari

entrou com alguns homens. — Fez uma pausa, tomando fôlego.

— O que você disse? — Eu não podia acreditar no que

estava acontecendo. — Tem certeza foi o Ferrari que você viu?

— Sim, menina.
Logo minha mente voltou para a minha Bella.

Eu não tive notícias e estava aqui, impossibilitada de ir

atrás dela ou fazer qualquer outra coisa.

Nesse momento estava me sentindo uma inútil, uma

péssima mãe.
Enquanto Liz e Sandra foram para um lado, eu e Hendrick
fomos para outro.

— Você acha que Paola tem alguma coisa a ver com isso?
— Hendrick estava nervoso.

— Não sei, Hendrick. — Já estava muito alterado para


pensar nessas coisas. — Depois pensamos nisso — aviso.

Antes disso, Hendrick estava receoso com o John, pois ele

estava muito estranho, a todo momento ficava encarando a


Samantha e sorria para ela.

Me lembro de que em algum momento da festa Liz fez um


comentário sobre John e Samantha terem trocado olhares e

sorrisos o tempo todo. Para mim, aquilo era impossível, pois

ele amava Jo. O fato dele ter largado tudo por ela era a prova.

Ficava mais apavorado a cada porta que abria e cômodo


que entrava, sem ver ninguém.

Sem pistas.
— Vamos encontrar a Liz — sussurro para mim mesmo, na

tentativa falha de me convencer.

Seguimos em direção ao salão, onde acontecia a nossa

festa de casamento.

Procurei por Liz pelo local, mas não a encontrei.

— Sam, cadê a Liz? — Hendrick perguntou.

— Ela foi em direção ao banheiro com a Sandra. — Faz

uma pausa. — Aliás, já tem um certo tempo que as duas estão

lá. — Sorri.

Sem esperar por mais, Hendrick me acompanhou a passos

largos em direção ao banheiro.

Quando abri a porta do banheiro, me deparei com a Paola

caída no chão e havia sangue, muito sangue.

— Chame a equipe agora — ordeno entre os dentes.

Ouvi Hendrick no telefone.

Me aproximei da Paola e chequei seu pulso.

— Ufa! — Ela ainda estava viva. — Pediu discrição? —

pergunto quando ouço Hendrick se aproximando outra vez.


— Sim. — Hendrick desliga o telefone. — Em alguns

minutos estarão aqui.

Minutos depois, minha equipe enfim chegou ao local. Eles

levaram a Paola em busca de cuidados urgentes, e pedi-lhes

para que verificassem todas as câmeras de segurança do local.

Após lidar com a situação, voltei para a festa, tentando me

recompor.

Decidi dizer aos convidados que Liz precisou se ausentar

devido à gravidez, e todos compreenderam. Enquanto me

retirava, comecei a pensar em quem teria feito aquilo com

Paola, e onde estariam as minhas meninas.

Hendrick decidiu ir para casa, e pedi para ele inventar

qualquer coisa para o nosso pai, afinal não queria que ele

preocupá-lo.

Com menos de uma hora desde que cheguei na sede da

máfia, permaneci analisando as imagens das câmeras. Não


deixei que fizessem esse trabalho, pois tinha medo de que algo

importante pudesse passar despercebido.

— Nada ainda? — Hendrick perguntou enquanto entrava.

Ergui meu olhar antes de respondê-lo. Meu irmão estava

mais abatido do que nunca, as olheiras profundas mostrando

que algo o incomodava, mas agora preciso resolver uma coisa

por vez, e encontrar minha mulher e minha filha eram as

minhas prioridades neste momento.

— Não. Já tem algumas horas que estou analisando e nada

— sibilei.

— Como ele está? — Ele aponta para Petter, que estava

dormindo em uma das poltronas da minha sala.

— Arrasado — confesso.

— E você?

— Isso é o de menos. — Fui seco com a minha resposta.

Voltei a minha atenção para o computador. Hendrick puxou

uma cadeira e se sentou ao meu lado.

Na imagem da câmera de segurança vi Bella entrando com

Paola no banheiro. Segundos depois entrou um homem de terno


cinza, mas não consegui ver o seu rosto.

Algum tempo depois, entraram Sandra e Liz, sendo

seguidas por dois homens que também entraram no banheiro.

— Você viu isso? — Hendrick perguntou e ficou vermelho

de raiva. — Que porra é essa, Henry? — Se levantou com tudo

da cadeira e deu um soco na mesa. Petter deu um pulo na

poltrona. — Eu não posso acreditar nessa merda.

— Alguma novidade? — Petter perguntou enquanto coçava

os olhos.

— Calma. — Ignorei a pergunta do Petter e tentei acalmar


Hendrick. Segurei meu irmão pelos ombros e o abracei. —

Temos que descobrir se eles estão ou não envolvidos nisso. —

Seus olhos estavam marejados. Ver meu irmão desolado me

deixava muito mal.

— Cadê a Liz? — meu pai perguntou assim que passei

pela porta principal da minha casa.

Ele deveria ter ficado com Morgana em um dos

apartamentos, a sua saúde ainda estava debilitada devido ao

câncer.
— O que o senhor faz aqui?

— Vim ver se a Morgana estava aqui com a Sandra — disse

enquanto esperava por uma resposta. — O que aconteceu?

— Nada. — Tentei disfarçar. — Quando foi a última vez

que viu a Morgana?

— Eu não sei. — Encolhi os ombros. — Faz pouco tempo

que chegamos aqui.

— Quem te trouxe para cá? — Ouço a voz do meu irmão

invadir o hall da casa.

Me virei e troquei um olhar com ele, isso fez com a nossa

intuição ficasse mais certeira.

— O John Ferrari — meu pai disse. — Me conte o que está

acontecendo Henry, por favor? — suplicou.

— Já disse que nada pai. — Caminhei em direção às

escadas, pois iria trocar de roupa. Havia uma pessoa que


precisava ver.

— Olha só, a quem você quer enganar? — Parei no meio da

escadaria.
— Bella, Liz e Sandra, elas foram sequestradas — meu

irmão disse. Senti meu maxilar travar.

— Na festa?

Ao me virar, vi Hendrick colocar suas mãos no bolso

enquanto soltava o ar.

— Sim.

— Por isso que Morgana estava inquieta!

— Como assim? — sibilei.

— Ela ficou olhando o celular a todo momento, depois de


um tempo disse que ia tomar ar, pois não estava se sentindo
muito bem.

— Por que não a acompanhou? — Hendrick rebate.

— Eu ia... — encolheu os ombros —, mas aí ela pediu que


eu pegasse água.

— Essa foi a oportunidade — afirmei.

— Eu não posso acreditar que ela fez isso comigo. — Sua

voz estava embargada, mas ele não se deixou abater. — Já


acionaram a equipe?
— Sim, encontramos a Paola desacordada no banheiro.

— Ela está viva? — Franziu o cenho. — Acha que ela está

envolvida nisso?

— Eu não sei, pai. Eu não sei.

— Cadê a Sam e o Dante?

— El-eles… — Hendrick começou a gaguejar.

— Eles estão na Ana — menti.

— Isso — Hendrick concordou.

— Vamos para a sede, temos muito o que fazer.

— Vamos descansar, papai. — Terminei de descer as


escadas e me aproximei dele. — Precisamos. — Não queria que

ele se envolvesse, ainda mais se Morgana estivesse no meio de


tudo isso.

— Mas, Henry… — tentou argumentar.

— Vamos. Aliás, já está na hora do seu remédio.

— Mas está com a Morgana o meu remédio. — Droga.

— Vá com o Hendrick, vou preparar um copo de leite para


o senhor.
Fui à cozinha e esquentei o leite.

Antes de ir para o quarto de visita, peguei um sonífero que

tinha guardado no banheiro e misturei no leite. Estava sendo


egoísta? Talvez. Mas precisava mantê-lo distante e seguro.

Assim que meu pai adormeceu, decidi ir atrás de mais


informações.

Tomei um banho rápido, vesti um dos meus ternos

preferidos, peguei meu Rolex e percebi que passava das 8h da


manhã.

Pedi para Hendrick ficar em casa e manter a postura


quando Samantha voltasse.

Já tinha algumas pistas, decidi ir até a casa do John, pois

precisava de ajuda.

Estacionei na frente da casa deles, respirando fundo.

Precisava manter a postura, não podia demonstrar que


desconfiava do que havia acontecido.
Desci do carro, ajeitei meu terno e caminhei em passos

largos até a porta. Não demorou muito para que Joana abrisse a
porta, assim que toquei a campainha.

— Menino. — Me recebeu com os braços abertos. — Não

era para você estar em lua de mel? — Senti um alívio quando


ela me soltou.

Havia se passado quase 24 horas do momento em que disse


“sim” para Liz.

— Resolvemos adiar. —— Tentei manter a calma. ——


Devido às crianças.

— Ah, eu entendo. —— Sorri. —— Entre.

— Obrigado.

Joana me dá passagem para que eu entrasse.

Havia um certo tempo que eu não os visitava, mas tudo

parecia estar igual, nada fora do lugar.

Joana sempre foi uma mulher muito organizada e

ambiciosa. John sempre a tratava como uma rainha, por mais


que ela tivesse suas ambições, nunca foi soberba.

— Cadê o John? — Parei no meio da cozinha.


— Teve que viajar após o seu casamento. — Se voltou para

mim. — Sente-se — pediu. — Preparei um café para nós.

— Sabe me dizer aonde ele foi?

— Para Itália. — Não fiquei surpreso com a notícia.

— Algum evento? — perguntei, pois já tinha alguns anos


que John havia deixado a máfia e era muito difícil ele ir ao seu

país. O único motivo dele ter largado tudo era Joana.

— Eu não sei muito bem, menino. Ele não entrou em

detalhes. — Ela me serviu uma xícara com café. — Sabe o mais


engraçado?

— O quê? — Pegou a xícara das suas mãos.

— Ele não levou roupas.

Fiquei mais um tempo conversando com a Joana.

Ela era uma mulher muito doce, claro que eu não iria

contar que John a traía com a Samantha. Sabia que ela ia ficar
mais abalada do que Hendrick.

Me despedi dela e voltaria para a sede da máfia, mas antes


precisava saber se Hendrick tinha alguma novidade.
Peguei meu celular e conectei no som do carro, assim que
liguei o veículo.

— Hendrick, alguma novidade? — perguntei assim que

ouvi vozes no outro lado da linha. — Você está aí? — Ouvia


apenas alguém chorando. — Que porra está acontecendo? —

Minha paciência estava por um fio.

— A Samantha… — Ele começou a soluçar.

— Ela está aí com você? — Tentei me manter tranquilo.

— Estamos no hospital.

— Que merda aconteceu?

— Discutimos e ela caiu da escada.

— Porra! — Soquei o volante do carro. — Estão no


hospital de sempre?

— Sim — me respondeu entre soluços.

— Em alguns minutos, estarei aí.


Respiro fundo e acelero. Como se já não bastasse o que
havia acontecido e agora a Samantha.

Minutos depois, eu estava no hospital da máfia.

Entrei às pressas e vi Hendrick sentado em uma das

cadeiras com a cabeça baixa. Me recompus e caminhei até ele.

— Hendrick. — Ele ergueu a cabeça e me encarou, seus

olhos estavam vermelhos.

— Não foi minha culpa, Henry. — Ele voltou a chorar.

— Ei, fique calmo. — Sentei-me ao seu lado e o abracei.

— Ela vai ficar bem.

— Ela tropeçou nos próprios pés — contou entre um soluço


e outro.

— Tente se acalmar — pedi.

— Eu juro...

— Depois falamos sobre isso, agora se acalme. — Sabia

que ele jamais faria mal a alguém.


— Ela disse que nunca me amou.

— Cadê o Dante? — Tentei mudar de assunto.

— Eu não sei onde ele está. Ela não quis me contar.

— Vou mandar alguém o encontrar. — Peguei o celular no

meu bolso e enviei uma mensagem para minha equipe,


precisava saber onde o meu sobrinho estava.

Assim que enviei a mensagem, o médico apareceu.

— Senhor McNight. — Ele encarou o Hendrick. —

Fizemos tudo que foi possível.

— Como assim?

— Sua esposa está bem, mas terá que ficar em observação.

— O médico suspirou.

— E minha filha? — O médico não disse nada. — E minha

filha? — Hendrick perguntava aos gritos. Percebendo que o

médico não dizia nada, ele partiu para cima dele e o segurou

pela gola da camisa, começando sacudi-lo. — Fala, porra!

— Hendrick. — O puxei e consegui segurá-lo. — Se

acalme. Doutor? — Ele me encarou.


— O bebê não resistiu à queda. Sinto muito.

Hendrick estava sedado há algumas horas. Depois da


notícia, ele ficou descontrolado, até quis bater no médico e nos

enfermeiros.

Foi um pouco difícil contê-lo.

Já que algumas coisas estavam sob controle, decidi ver a

Samantha.

Segui para o quarto em que ela estava, abrindo a porta com

cuidado. Ela estava dormindo, então me sentei na poltrona ao

lado da sua cama.

Me perdi em meus pensamentos.

— Que susto, Henry! — Ouvi a voz da Samantha.

Me ajeitei na cadeira e cruzei minhas pernas.

— Tem algo para me dizer? — Apoiei um dos meus

cotovelos nos braços da poltrona e descansei meu queixo sobre

minha mão.

— Que o seu irmão é o culpado por perder a minha filha?

— contou, seus olhos ficaram marejados.


— Eu quero a verdade. — Senti o sangue fervendo pelo

meu corpo.

— Do que você está falando? — Se fez de desentendida.

— Qual foi o motivo da briga? — Respirei fundo.

— Hendrick disse que eu estava o traindo com o John.

— O que você disse a ele? — perguntei, sem paciência.

— Isso é mentira. Como ele pôde acreditar nisso? — falou

aos gritos.

— Mentira? — indaguei.

— Sim, Hendrick disse que eles conversaram ou algo do

tipo. — Secou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto.

Sem dizer uma palavra, me levantei e caminhei até a cama,


entregando meu celular a ela. Por um segundo, houve hesitação

de sua parte, mas por fim, Samantha acabou pegando o

aparelho.

Suas mãos estavam tremendo.

— Aperta o play — disse entredentes.

— Henry, isso é... — começou a gaguejar.


Samantha simplesmente estava vendo o vídeo em que

estavam ela e o John se beijando.

— É o quê, Samantha? — perguntei entredentes. — Quer

algo mais concreto que isso? — Me levantei e comecei a andar

de um lado para o outro.

— Eu… — As lágrimas escorriam pelos seus olhos.

— Cadê o Dante? — A minha paciência estava por um fio.

— Isso não é assunto seu — ela rebateu.

— Ele é um McNight. — Me aproximei da sua cama outra

vez. — E sim, é do meu interesse. — Segurei seus punhos

enquanto esperava por uma resposta.

— Está com a Ana — confessou enquanto tentava sair do

meu aperto. Percebi que a estava machucando.

Os seus batimentos cardíacos estavam se intensificando.

Alguns segundos depois, a equipe médica entrou no quarto

e a sedou.

Saí de lá sem que ninguém percebesse, fui até a recepção e

perguntei por Paola. A recepcionista me informou em qual

quarto ela estava, e fui direto para lá.


Abri a porta com cuidado, percebi que ela estava acordada

e olhando pela janela do quarto. Sua cabeça estava enfaixada.

— Henry. — Ela me encarou quando percebeu a minha

presença.

— Como você está? — Me sentei na poltrona enquanto

perguntava.

— Eu estava grávida. — As lágrimas começaram a escorrer

pelo seu rosto.

— Eu sinto muito. — Fiz uma pausa. — Lembra do que

aconteceu?

— Mais ou menos. — Franziu o cenho. — Estava comendo

uns docinhos com a Bella, e sem querer o John esbarrou em

nós. — Ela fez uma pausa também e mordeu os lábios, tentando

se lembrar do que tinha acontecido. — Fomos ao banheiro, pois

tinha derrubado suco no meu vestido, e nesse momento eu senti


uma cólica forte, mas ignorei. — As lágrimas voltaram a

escorrer pelo seu rosto. — Entramos no banheiro. Quando

peguei a Bella no colo, alguém abriu a porta com tudo. Só

lembro que senti uma dor na minha cabeça. — Nesse momento,

ela colocou a mão em sua cabeça, como se estivesse sentindo a


dor outra vez. — Minha visão ficou turva, e eu só queria

segurar a Bella... eu acordei aqui. — Ela riu sem entender.

— Alguém sequestrou a Bella — contei.

— A culpa é minha — sussurrou.

— Paola, no começo até pensei que você tinha algo a ver

com isso, mas agora, não mais. — Via sinceridade em seu olhar,

percebi que ela era apenas mais uma vítima.

— Já a encontraram? — Apenas balancei a cabeça em

negativa.

— Mas não se preocupe — tentei consolá-la. — Martin,

você sabe dele?

— Brigamos no dia do seu casamento, a ex dele ligou


pedindo ajuda. —— Paola encarou o nada. — E ele foi correndo

ajudá-la, disse que depois mandava uma mensagem se


desculpando. — Ela seca as lágrimas. — Você acredita nisso?

— Sorriu, sem ânimo. — Ele foi ajudar a mulher que o só fez


sofrer, que não se importava com ele, e me deixou aqui, sozinha

com o nosso filho. Mas não posso culpá-lo pela nossa perda, ele
também não sabia — justificou.
— Ele falou o que havia acontecido?

— Não, só disse que não podia esperar. Liguei para ele

várias vezes, mas só dava caixa postal.

— Obrigado, Paola. Vou ver se consigo saber o que


aconteceu com ele — falei e me levantei.

— A Liz está com raiva de mim?

— Ela também desapareceu — disse, dando um sorriso

forçado.

— E você acha que o Martin fez isso? — Paola precisava


descansar para se recuperar do que havia acontecido.

— Eu não sei. — Minha vontade era de sair gritando e


quebrando tudo, não sabia o porquê tudo isso estava

acontecendo, nunca quis prejudicar ninguém, mas negócios são


negócios. — Fique tranquila, assim que eu souber de algo, te

aviso.

— Obrigada.

— Se quiser, pode ficar lá em casa, até se recuperar. —

Sabia que ela não tinha ninguém aqui, além do Martin.


— Você não sabe o quanto sou grata. — Sorriu, um sorriso
perdido.

— Preciso ir. Tente descansar.

Saí e voltei para o quarto do Hendrick. Ele já estava

acordado e mais calmo.

— Podemos ir para casa? — perguntou assim que me viu.

— Claro. Vou chamar uma enfermeira — respondi, me

virando para fora do quarto.

Assim que a enfermeira voltou, checou os sinais vitais dele

e nos liberou.

Hendrick se recusava a ver Samantha, pois ela o ocupava


por algo que não havia feito.

Perder sua filha o deixou arrasado.

— Sabe onde está o Dante?

— Sim, vamos buscá-lo agora — afirmei enquanto

caminhávamos em direção ao carro.

Petter já nos esperava na entrada do hospital.


— Deixa que eu dirijo Petter. — Sem hesitar, ele desceu do

carro e foi para o banco de trás.

Entramos no carro e saí em direção à casa da Ana.

— Menino.

— Sim, Petter. — Encarei pelo retrovisor.

— Como a dona Paola está?

— Abalada, ela estava grávida e não sabia. — Apertei

minhas mãos no volante.

— Oh, meu Deus. — Petter coloca as mãos na boca, com a

notícia.

— Ela não é a única que está sofrendo — Hendrick


rebateu. — Perdi minha filha, Petter. — As lágrimas começaram

a escorrer pelo seu rosto.

— O quê? — Olho pelo retrovisor e Petter fica ainda mais

surpreso com a notícia.

— Sinto muito, menino.

Continuamos o trajeto em silêncio.


Hendrick respirou fundo quando o carro parou na frente da

casa da Ana.

— Fique aqui — pediu com calma.

— Eu o acompanho, menino.

— Não, Petter, pode deixar que vou sozinho — disse, já


saindo do carro.

Que dia. Que merda de dia.

Como fui me deixar ser enganado pelo John e Samantha?

Fiquei muito perplexo que fui passado para trás justo por

uma das pessoas que eu mais confiava.

Apertei a campainha e segundos depois, uma senhora abriu


a porta com o Dante em seus braços.

— Zio. — Sorriu e ergueu os braços em minha direção.

— Rapaz, venha cá. — O peguei em meus braços. —

Obrigado por cuidarem dele.

— Imagina, ele é uma criança muito agradável. — Sua voz


soava doce.

— Elizza, quem está aí? — Ouvi a voz da Ana.


— Preciso ir, mais uma vez obrigado.

Sem muitos rodeios, peguei o Dante e voltamos para casa.

Meu pai já estava acordado quando chegamos, expliquei a

ele tudo o que estava acontecendo de verdade e as pistas que


tínhamos.

— Senhor, conseguimos mais algumas pistas.

— Fred, onde elas estão?

— Em um galpão, aqui mesmo em Nova York. — Pensei

que estivessem na Itália, foi então que me dei conta de que


John tinha inventado aquela viagem para perdermos o foco.

— Me envie a localização — ordeno.

— Feito, senhor.

— Reúna a todos.

— Considere feito, senhor.


Ouvia a voz da Sandra, as tentativas de abrir meus olhos

eram quase em vão, minha cabeça girava.

Sentia um cheiro horrível, não sabia definir o que era,

apenas sentia uma vontade imensa de vomitar.

— Menina. — A voz da Sandra começou a ficar cada vez

mais próxima.
Tentei assimilar onde eu estava quando consegui abrir

meus olhos, pisquei algumas vezes até me acostumar com a

claridade, a primeira coisa que fiz foi colocar minhas mãos em

minha barriga. Senti um alívio, pois sabia que os gêmeos

estavam bem.

Meus olhos varreram o lugar, tinha apenas duas lâmpadas e

uma delas estavam bem acima de mim, o lugar era gelado e

úmido, as paredes eram de pedras, havia uma goteira em algum

lugar, pois o barulho era alto o suficiente para saber da sua

existência, percebi que estava em um galpão.

— Menina, você está bem? — Meus olhos encontraram o

da Sandra.

Escorria sangue pelo seu rosto, meu coração despedaçou

vê-la daquele jeito.

— Sandra, o que fizeram com você? — Tento me levantar,

mas algo me puxar para baixo, só aí percebo que estou

acorrentada nos tornozelos e pulsos, o meu vestido está todo


sujo de lama.

— Eu estou bem, e você? Os bebês? — Sandra também

estava acorrentada.
— Estamos bem. — Tentou tranquilizá-la. — Vamos sair

daqui, está bem? — Ainda estava meio confuso saber lembrar o

que tinha acontecido.

— O menino não demorou para nos encontrar. — Ela

também tentava ser otimista.

— O qu-que aconteceu? — Tinha vaga lembrança de ver a

Paola caída no chão.

— Depois que você desmaiou, eu estava prestes a sair do

banheiro para pedir ajuda. — Massageava as têmporas fitando o

chão, como se estivesse revivendo aquele momento novamente.

— O que mais Sandra? — A confusão estava estampada em

seu rosto.

— E quando eu abri a porta… o… o… o senhor Ferrari

entrou com alguns homens. — Faz uma pausa, toma fôlego.

— Quem você disse? — Eu não podia acreditar no que

estava acontecendo. — Tem certeza foi a Ferrari que você viu?

— Sim menina.

Logo minha mente volta para a minha Bella.


Eu não tinha notícias dela e estava aqui, impossibilitada de

ir atrás dela ou fazer qualquer outra coisa.

Nesse momento estava me sentindo uma inútil, uma

péssima mãe.

— E nada da Bella — disse e começou a chorar.

— Calma, Sandra. Logo Henry vai nos encontrar e...

Não terminei a frase e Morgana entrou.

Sandra e eu nos entreolhamos sem entender o que estava

acontecendo.

— Comam. — Ela foi ríspida e nos entregou um pote de

comida.

— Morgana. — Ela me ignorou como se não estivesse ali.

— Você nunca me enganou — Sandra rebateu.

— Se você não fosse tão enxerida, não estaria aqui.

— Do que estão falando? — perguntei sem entender nada.

— Não contou para sua menina? — Podia ouvir o deboche

em suas palavras.

— San? — a chamei.
— Eu estava desconfiada dela. — Sandra me encarou. —

Teve um dia que eu estava indo no mercado e a vi conversando

com um homem jovem, todo tatuado e pele clara. Ele era

barbudo e usava óculos escuros.

Sandra mal terminou de falar e o mesmo homem entrou no


lugar em que estávamos.

— O chefe está lhe chamando. — Sua voz era grossa e me

deu calafrios.

Morgana não disse nada, apenas saiu do local.

— San? — Ela tinha um olhar perdido. — Me conta o que


viu — pedi.

— Eu o vi entregando um frasco para ela. — Respirou

fundo. — Algumas horas antes da Kevlin invadir a mansão. Ela

estava no jardim, com alguém no telefone, e disse: “Já está tudo

pronto, quando o senhor quiser.” — Fiquei surpresa com a

revelação. — Perguntei o que era, e ela falou que era a respeito

de uma reserva que Hendrick tinha pedido a ela para fazer.

Deixei passar, mas, no fundo, meu coração sabia que tinha algo

de errado, pois o menino Hendrick sempre fez as suas próprias

reservas. E depois a vi saindo da sala de câmeras.


— E você não me falou nada?

— Não queria lhe preocupar, o menino Henry ainda estava

em coma e você estava muito arrasada.

No fundo, eu sabia que Sandra apenas queria me proteger.

— Teve outro dia que eu a vi colocando algo na bebida do


senhor Rodolfo — continuou.

— Sandra? — Tudo indicava que Morgana não era

confiável e ela simplesmente não me disse nada.

— Me desculpa, menina, mas ela me ameaçou no dia em

que a vi saindo da sala de câmeras. Ameaçou matar você, o

menino Henry e o meu Petter. — As lágrimas começam a

escorrer pelo seu rosto.

Sempre soube que o amor que Sandra sente por mim era de

mãe, então eu não a julgava, pois estava passando pelo mesmo

que ela.

Minha barriga roncou, e fui obrigada a comer aquela

comida. A aparência não era nada boa, mas o gosto era bom.

Permanecemos por um longo tempo em silêncio. Estava

muito frio, esfreguei minhas mãos em meus braços para tentar


me aquecer, Sandra fez o mesmo.

Vencida pelo cansaço, acabei adormecendo.

— Mamãe. — Ouvia a voz da Bella.

A que ponto havia chegado? Já estava delirando.

— Mamãe. — Tentei abrir meus olhos.

— Menina — Sandra sussurrou. — Acorda. A sua menina.

A voz da Bella e da Sandra se misturaram na minha cabeça.

Abri meus olhos e a minha pequena correu em minha


direção.

Ela usava uma calça de moletom preta e uma camiseta

rosa. Seu cabelo estava todo bagunçado, e sua boca toda suja,
talvez de chocolate.

— Bella, minha filha. — Não contenho as lágrimas.

— Mamãe. — Ela se jogou em meus braços.

Meu coração sentia um alívio tão grande em saber que ela


estava bem.

— Vamo, mamãe, vamo binca. — Ela saiu dos meus

abraços e começou a me puxar pelas mãos.


— Minha princesa, agora a mamãe não pode. — Tentei me
controlar.

— Pu que? — perguntou, toda confusa.

— A mamãe está brincando com a vovó San, agora é a vez


dela, depois a mamãe brinca com você — respondi, abraçando-a

outra vez.

— Venha, Bella — Morgana a chamou.

— Vai com a tia, depois a mamãe vai com você, tá?

— Vamos. A tia tem mais chocolate para você. — Bella


correu toda saltitante na direção de Morgana.

Morgana apenas me encarou e riu.

— É dinheiro que você quer? É isso? — perguntei, mas não


obtive nenhuma resposta. Simplesmente saiu com a Bella em

seus braços.

Assim que elas passaram pela porta, John entrou.

— John. — A minha voz saiu em um sussurro. — O que

você faz aqui? — Ele usava um terno preto, estava impecável


como sempre, mas segurava uma pistola em uma das mãos.
— Vim agradecê-la pela visita. — Olhou entre mim e
Sandra, rindo. — Não seria nada educado da minha parte não

vir aqui pessoalmente. — Ele deu passos largos em minha


direção e se agachou, ficando na mesma altura que eu. — Quero

ver a derrota da família McNight na primeira fileira. —


Simplesmente me deu um tapa no rosto, senti a minha alma

arder e o gosto de sangue na boca.

— Menina — Sandra gritou.

— Cale a boca, sua bastarda — John rebateu.

— Então sempre foi você? — Sandra perguntou.

Ele tirou um lenço do bolso e o jogou em mim.

— Limpa, está sangrando. — Ouvi o sarcasmo em sua voz.


— Demorou para descobrir, dona Sandra. — Ele riu. — Achei
que essa aí descobriria tudo, mas a superestimei. — Estava se

referindo a mim.

— Por que está fazendo isso?

— Por quê? — Ele começou a rir de forma descontrolada.

— Porque o Rodolfo tirou o que eu mais amei na vida, e agora


chegou o momento de ele pagar por tudo o que me fez.
— Do que você está falando? — perguntei sem entender

nada.

— Ele me tirou a única mulher que já amei. — Ainda


continuava sem entender, pois ele tinha saído da máfia para

ficar com Joana, mãe do Pedro. Até onde eu sabia, ela era o
amor da vida dele.

— Mas e a Jo? — Sandra perguntou.

— Ela sempre foi um estepe, foi fácil enganá-la. — Ele

começou andar de um lado para o outro. — Estela sempre foi o


meu grande amor.

— A mãe do Henry? — sussurrei.

— Se Rodolfo não tivesse aparecido naquela noite, ela


teria me escolhido. — Seu olhar ficou vazio, distante.

— Ela nunca te amou — Sandra gritou e John apontou a


arma em sua direção.

— Cale a boca, sua maldita. — gritou e atirou. Fechei

meus olhos com o susto e quando os abri outra vez, para o meu
alívio, ele havia atirado do lado da Sandra, que estava intacta.
— Essa família era para ser minha, Henry era para ser meu

filho e não daquele idiota.

— Isso é entre ele e você. A menina não tem culpa de nada

— Sandra tentava argumentar.

— Isso é verdade, Sandra. — Ele pegou um banco de

madeira que tinha lá e se sentou. — Desculpa pela morte dos


seus pais, Liz.

— O quê? — Parecia que um buraco tinha se aberto

naquele instante. Havia anos que os meus pais tinha partido,


mas toda vez que tocavam naquele assunto, o meu mundo

desmoronava. Ainda não sabia como lidar. — Não foi o Patrick?

— Sim, mas ele não faria aquilo tudo sozinho. Apenas dei

um empurrãozinho nele e no Eric. — Ele usou a arma para


coçar a cabeça. — Eric até que era inteligente, mas o Patrick

não. Com o Eric, simplesmente precisei alimentar o seu ego e


coloquei ele contra o Henry. No começo estava fácil destruir o
seu marido, mas as coisas se complicaram quando descobri que

vocês eram casados. — Ele cuspiu no chão.

— O que eu tenho a ver com isso?


— Pedro era um idiota apaixonado, e eu não podia destruir
o coração do meu filho. Não queria que ele passasse pelo que

passei — sibilou. — Não foi fácil fazer com que ele se


apaixonasse pela tal de Ana, outra supérflua. — Bufou. — Mas
agora é mais fácil matá-la e não sentir remorso.

— Ainda não estou entendendo. — Precisava de mais


tempo, tinha certeza de que logo Henry nos encontraria.
— Achei que você era mais esperta Liz. — Ri mais uma
vez e apontei a arma em sua direção. — Vou te contar a minha

história, acho justo você saber de tudo antes de morrer. — Ela

não falou nada, apenas esperou que eu continuasse. — Tinha


apenas 17 anos. Meu pai e o Rodolfo eram amigos, muito mais

do que amigos, e fazia pouco tempo que tínhamos nos mudado

para a Itália. Em umas das festas da máfia, eu a vi e foi amor à

primeira vista. Eu nunca senti aquilo por nenhuma mulher,


aqueles olhos verdes me encantaram. Ela usava um vestido

verde que realçava a cor dos seus olhos; seu cabelo era claro e

longo, cheio de ondas; e o seu sorriso era perfeito. Para a

minha surpresa, ela era filha do maior mafioso da Itália. Quem

se casasse com ela, herdaria quase todo o país. Mas eu tinha um


pequeno problema: a timidez. Meu pai sempre brigava comigo

por causa disso. — Fiz uma pausa e imitei a voz dele ao

continuar: — Ele cochichou em meu ouvido: “John, ela é filha

do dono de toda a Itália, se você a conquistar, tudo isso será

seu”. Para o meu pai, tudo era negócios. Ele matou minha mãe
afogada, pois ela o estava irritando. Ele era um monstro. Tudo

o que eu não queria, era ser igual a ele, e no fim que eu fiz? —

Rio, sem emoção, ainda me cortava o peito me lembrar de como

ela morreu. — Acabei matando a Estela — confessei.

— Como você pôde fazer isso com a menina? — Sandra

gritou. — Seu monstro. — A encarei.

Claro que a ignoro, apenas voltei minha atenção para Liz e


continuei.

— Aos poucos fui conversando com ela. Que mulher

incrível! Ela era doce e gentil. Rodolfo sempre em cima, e para


a minha sorte, ela nunca se insinuava romanticamente para

alguém. Começamos a namorar, meu pai ficou feliz com a

notícia. Ele disse: “ aprenda uma coisa, John, após o casamento

na primeira oportunidade, você tem que matá-la, quero a Itália

só para os Ferrari”. É claro que eu não disse uma só palavra,

pois eu iria fazer o contrário, mataria o meu pai e não a Estela.


Noivamos, e marcamos a data do nosso casamento, antes do

nosso casamento, Estela se entregou a mim. Foi a melhor noite

da minha vida. — Suspirei fundo. — Dois dias antes do nosso

casamento, Rodolfo preparou uma despedida de solteiro, e eu

fui um idiota em aceitar a festa, mal eu sabia que ele tinha

planejado tudo para nos separar. Para o Rodolfo, tudo era

negócios. Bebi demais e acabei dormindo com outra. O pior de

tudo é que Estela nos pegou na cama. Tentei explicar, mas ela

não aceitou e me disse que estava grávida, teríamos um filho do

nosso amor. Só que ela ficou tão cheia de ódio, que saiu
dirigindo feito uma louca e bateu com o carro, e isso provocou

o aborto. Isso só alimentou o meu ódio pelo Rodolfo. — Sentia

o meu sangue fervendo. — Estela não queria mais me ver, fiz

de tudo, mas ela sempre me ignorava. Enfim, não consegui

conquistá-la outra vez, ela acabou se apaixonando pelo


Rodolfo, me senti traído pelo meu melhor amigo. É claro que o

meu pai não perdeu tempo, ele apenas alimentou o meu ódio.

Jurei para mim mesmo que Estela não seria do Rodolfo, não por
muito tempo. Mas toda vez que eu tinha a oportunidade de

matá-la, eu fraquejava. Engraçado como ficamos quando

amamos alguém. — Fiz uma pausa, me recuperando do peso das

lembranças. — O tempo foi passando e acabei conhecendo

Joana. Eu estava em um dos meus bordéis, em que ela

trabalhava como strippe. Já fazia tempo que ela estava lá e

tinha me chamado a atenção. Mas o meu amor por Estela tinha

me fechado para outros relacionamentos. Até que transei com a

Jo, e ela era maravilhosa na cama. — Liz apenas me observava.

— E como ela não era boba, me fez uma proposta.

— Qual foi a proposta? — Liz perguntou.

— Se eu a tirasse daquela vida, ela me ajudaria com a

Estela. Claro que não aceitei de cara. O tempo foi passando,

Estela se casou com aquele bastardo. Joana sempre persistente,

sempre que a via era a mesma proposta, até que aceitei, mas

depois que aceitei, Estela descobriu que estava grávida e meu

mundo desmoronou. Toda vez que olho para o Henry, sempre a


vejo. Ele é a cara da minha Estela. — Não consegui me conter e

as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.

— Onde está o Eric? — Sandra perguntou e Liz parecia

estar petrificada.

— Aquele idiota? — Ri, mas ri com gosto, e me lembrei

daquele cheiro de podre com carniça. — Está ali? — Apontei

em direção a um saco preto. Aliás, já fazia alguns meses que

ele estava lá dentro, por isso daquele cheiro. — Liz começou a

vomitar. — Desculpa, a senhora está grávida, não é? Vou pedir

para alguém retirá-lo daqui.

— Ah, meu Deus. — Sandra ficou desesperada, até

entender sua dor, pois ela praticamente o criou.

— É isso que acontece quando alguém tenta me trair.

— Como você teve coragem de matar a menina Estela?

Como pôde? — Sandra berrou. Para que ela calasse a boca,

atirei mais uma vez acima da sua cabeça, atingindo a madeira.

— Quer saber como foi? Vou te contar. Eu relutei, mas

relutei tanto que uma hora me achei um fraco. E como um

homem fraco poderia comandar a máfia italiana? Quando fiquei


sabendo que eles iriam para Grécia, para ter mais uma lua de

mel, decidi agir. Soube que aquele era o momento. Tracei um

plano perfeito.

— Seu maldito! — Sandra proferiu, e eu a ignorei outra

vez, apenas continuei.

— No começo fiquei sabendo que os pirralhos iriam junto.

Convenci o Rodolfo que não os levassem, pois não

aproveitaram os passeios. Nesse meio tempo, Joana me deu o

Pedro, e ele já estava com quase 9 anos. Disse que também


viajaria, queria comemorar o aniversário do meu garoto. Ele

deixou o pai do Eric no comando de tudo. Andrew sempre foi

um homem de confiança, desde quando eu o conhecia, ele nunca

havia traído ninguém. — Fiz uma pausa. — Por mais que ele

estivesse casado com a minha Estela, consegui manter o meu

autocontrole, eu precisava. Tinha momentos em que eu sentia

vontade de matá-lo toda vez que ele a beijava. Toda vez que

tinha uma festa ou evento da máfia, eu relutava em ir, mas

precisava. Meu pai me ensinou a manter meus bons modos.

Com o tempo, meu pai faleceu e Rodolfo me apoiou em tudo o

que eu precisava, nem parecia ser um inimigo. — Respirei

fundo. — É claro que viajei com a Joe o Pedro. Fomos para


Alemanha, precisava de um álibi se o Rodolfo desconfiasse de

alguma coisa. Antecipamos nossa volta, Jojá sabia o que iria

fazer. Se eu a amasse, ela seria a parceira perfeita, sempre me

apoiou em todas as minhas loucuras. Assim que chegamos na

Itália eu fui para a Grécia. Olha, que país lindo! Perfeito para

uma lua de mel. Meus homens os estavam seguindo, recebi

algumas fotos deles dois apaixonados, e como sempre a minha

Estela estava linda, com aquele sorriso radiante. Após alguns


dias, bebi muito, mas muito mesmo, meus homens ligaram para

o Rodolfo e disseram que tinham uma proposta que o


interessava. Como a ambição sempre o dominou, ele não pensou

duas vezes para encontrar “os seus novos negociantes.” —


Bufei ao relembrar. — Ah, Liz, faltou um detalhe. Já que você é

mulher do maior mafioso da Itália, vocês já sabem que o seu


sogro tem alguns bordéis e que a Morgana trabalhava em um

deles?

— Do que você está falando? — ela perguntou, incrédula.

— Estou falando que o seu sogro é um monstro e que

nunca amou ninguém. Ajudei a Morgana sair de lá, é claro que


ele não a reconhece, mas é só você perguntar se ele se lembra

da jovem que ele espancou e achou que a tinha matado. Sabe


aquelas notas dos cassinos? Nunca achou estranho o valor alto
que rende? Dê uma pesquisada. — Dei uma risada antes de

continuar: — Mas vamos voltar para o nosso foco: Rodolfo foi


e deixou minha Estela no hotel, me concentrei e me lembrei do

meu objetivo. Precisava me vingar dele, por mais que meu


coração sangrasse, eu precisava. Fiquei de olho na entrada do

hotel. Assim que ele saiu, eu entrei, minhas mãos estavam


suando, meu coração estava acelerado, e a incerteza apenas
crescia dentro de mim. Cheguei até o seu quarto e a porta

estava apenas encostada. Entrei e a encontrei na banheira,


estava linda como sempre, sua pele parecia seda, podia ver o

quão macia era, seus cabelos estavam presos em um coque. —


Me lembrei com exatidão do diálogo que tive com ela. — Estela

me perguntou “esqueceu alguma coisa?”, achando que era o


Rodolfo. “Foi a carteira? Deve estar em cima da cômoda”. Ela

falava com os olhos fechados, de tão relaxada Que estava, mas


ficou sem reação quando me viu parado em sua frente. “John, o

que você faz aqui?”, foi o que ela disse enquanto puxava a
toalha e se levantava depressa da banheira. “o que você quer? O

Rodolfo saiu”, ela conseguiu afirmar, como se eu não soubesse.

— Você é mesmo um monstro — Liz sussurrou.


Continuei o diálogo que tive com a minha Estela.

— Eu disse a ela que eram negócios que agora, aliás, se

tornou negócio. Rodolfo me machucou muito quando me traiu,


ele sabia que eu amava Estela, e mesmo assim armou para mim.

Ela tentou argumentar, dizendo que era passado e que não valia
mais a pena lembrar disso, pois eu já estava casado e tinha um

filho lindo. Mas não adiantava estar casado e amar outra, para
mim. Entre um soluço e outro, minha Estela disse: “mas você

me traiu. Eu estava grávida de você, íamos ter a nossa família,


faltava apenas dois dias para o nosso casamento”. Sabe o que

mais me doía Liz? — Liz apenas balançou a cabeça em


negativa. — Saber que ela ainda achava que eu a tinha
enganado e o Rodolfo nunca lhe contou a verdade. Meu ódio

por ele só aumentava. Eu confirmei que ele nunca contou a


verdadeira história para ela, que foi tudo uma armação e que,

na verdade, ele queria a máfia para ele. Para Rodolfo, Estela


era apenas o prêmio. Mas ela apenas me disse: ?“para de

mentir, você não me engana mais. Rodolffo me falou que você


estava tramando alguma coisa e que cedo ou tarde mostraria

suas garras, até que demorou”. Ouvir aquelas palavras saindo


da sua boca foi como levar uma facada. Eu lembro de ter dito
“tudo bem, Estela, como queira. Eu vim mostrar as minhas

garras”. Ela ficou toda apavorada quando me viu segurando a


faca. Tentou correr, mas caiu assim que passou pela porta do

banheiro, esbarrando em mim. Ela começou a chorar e tentou se


arrastar pelo chão, dizendo que eu estava louco. Mas eu apenas

queria honrar o meu nome. Me agachei, segurando-a pelos


cabelos e de forma automática ela colocou suas mãos em cima
das minhas. Lembro de a ter escutado dizer: “não, John, por

favor. Meus filhos, John… Eu quero vê-los crescer.” E eu


apenas respondi que chorei e supliquei pelo perdão dela, do

mesmo jeito que ela estava fazendo naquele momento, e que


não adiantava insistir, pois qualquer argumento que ela usaria,

seria inválido. Queria que ela soubesse que eu sempre a amei.


Ela sempre foi e será a mulher da minha vida. As suas últimas

palavras, antes que eu cortasse o seu pescoço, foram o meu


nome. Meu coração sangrou junto. Vê-la se afogando no seu

próprio sangue foi a pior coisa que já vi.


— Quer saber qual a sensação de ver alguém que você ama

morrer? — Liz apenas me encarou e colocou as mãos na

barriga. — Ah, esqueci que está grávida. Sabe o que vai ser

melhor?

— Não. — Sua voz saiu em um sussurro.

— Henry ver a família dele morrer.

— O quê?
— É isso mesmo que você ouviu, a família dele morreu,

mas acho que vou ser bonzinho com ele. — Cocei minha cabeça

com a arma. — Vou deixar a Bella viva, acho que ele merece

ficar com alguém. Não serei tão severo com ele como o Rodolfo

foi comigo. Pensando bem, ele me deu o Pedro, e agora a


Samantha vai dar a minha filha.

— Você e a Sam?

— Sim, Liz. A Sam é minha amante.

— Mas e o Hendrick?

— Ele foi apenas uma peça para o meu quebra-cabeça.

— Não pode ser… e o Dante?

— Precisávamos de uma garantia, e ela teve que engravidar

dele. Para nossa tristeza, você engravidou.

Sandra ainda estava calada, apenas absorvendo cada

palavra minha.

— Aí eu fiquei indeciso se mataria você ou a Bella, mas a

pequena me lembra a minha Estela. É… você destruiu o coração

do meu menino. Mas só pelo fato dele estar apaixonado pela


Ana, me conforta. Ah! Já estava me esquecendo, lembra

daquela invasão na sua casa? Fui eu, desculpa pela perda.

— Você não tem direito de fazer isso! Henry não tem culpa

pelo que pai dele fez — Liz disse, segurando o choro.

Nesse momento, Morgana entra.

— Falei que não quero que me interrompam — gritei.

— Mas é importante, senhor.

— O que mais poderia ser importante?

— A dona Samantha.

— O que aconteceu com ela?

— Podemos falar a sós?

— Não tenho tempo para isso, desembucha logo.

— Ela está internada. — Morgana fala com a voz trêmula.

— E a minha filha?

— Ela perdeu.

— O quê? — E mais uma vez, meu mundo desmorona. —

Como isso aconteceu?


— Ela discutiu com o Hendrick e caiu da escada.

— Tinha que ser aquele bastardo. Maldição! Ele vai me

pagar.

— Não — Sandra gritou e, no impulso, eu atirei em seu

braço. — Ai!

— Sandra, você está bem? — Liz perguntou.

— Cale a boca se não quiser ser a próxima. — Liz ficou

quieta. — Não ouse trocar uma palavra sequer com essas duas.

— Ela está sangrando, senhor — Morgana rebateu.

— Qual parte você não entendeu? — perguntei, me

aproximando dela, e quando estava bem próximo, coloquei

minha arma em sua cabeça. Ela não disse uma só palavra. —


Foi o que pensei. Já volto.

Saí de lá às pressas. Ainda bem que aquele lugar não

ficava muito longe da cidade e para confundi-los, usei uma

fazenda abandonada da família McNight. Assim ficaria mais


difícil de me acharem.

Antes de ir até o hospital, passei no shopping e comprei

um boné, peruca e uma jaqueta preta. Precisava me disfarçar,


sabia que os capangas do Henry estariam lá.

No meio do caminho, decidi ligar para Joana.

— Oi, amor.

— O que você está aprontando? — Sabia que ela estava

chateada.

— Nada. Quer me perguntar alguma coisa?

— Henry acabou de sair daqui.

— O que ele queria?

— Ver você. Precisava de ajuda, mas não me lembro bem

para o que era.

— E como ele estava?

— Parecia preocupado com algo, mas nada de mais.

— Estou indo para o hospital.

— O que aconteceu?

— Samantha caiu e perdeu o bebê.

— O quê? Eu não posso acreditar. A nossa menina! — Ela

começa a chorar.
— Fique calma, meu amor. Podemos ter outra.

— Eu não acredito, John, não pode ser. Como isso

aconteceu?

— Parece que tem dedo do Hendrick no meio.

— Faça ele pagar.

— É claro que farei, depois nos falamos.

— Até, amor.

Joana sabia que Samantha era minha amante, foi difícil

quando ela descobriu. Como ela não podia me dar mais filhos, a

convenci de ter uma “barriga de aluguel”, e assim que a neném


nascesse, eu largaria a Samantha e iríamos embora daqui. Claro

que eu iria fazer o contrário.

Como uma boa “esposa”, ela aceitou.

Assim que cheguei ao hospital, entreguei uma identidade

falsa. A princípio, a recepcionista me encarou, parecendo estar

desconfiada.

— Qual o nome mesmo da paciente?


— Andressa. — Disse o primeiro nome que me veio à

cabeça.

— Desculpa, senhor. Não tem nenhum paciente com esse

nome — disse com um tom de superioridade.

— Olhe direito. — disse e entreguei um maço de dinheiro

para ela.

— Vou pedir para o senhor se retirar.

— Qual é o seu problema? — perguntei entredentes.

— Vou chamar a segurança — afirmou, se levantando.

— Algum problema? — Bingo! Salvo pelo gongo.

— Esse senhor quer ver uma paciente que não está em

nosso sistema.

— Pode deixá-lo entrar.

— Mas, senhor… — A recepcionista tentou argumentar.

— Qual parte você não entendeu?

— Obrigado, Francesco. — Agradeci e a moça assentiu


com a cara fechada.
Percebi que havia uma pequena movimentação próximo ao
quarto da Sam, me aproximei e vi que ela estava tendo uma

parada cardíaca.

— Porra! — Eu não podia perdê-la.

E em seguida vi Henry saindo do seu quarto e indo para o

final do corredor.

Os médicos ficaram ali por um tempo, usando o

desfibrilador cardíaco, e quando seus sinais vitais voltaram,


senti um alívio.

Tudo ficou sob controle. Samantha já estava mais calma.

Esperei que os médicos saíssem e entrei no quarto. Ela

estava serena e abatida, mas bem.

Passei a noite com ela, e apenas recebia notícias de como a


Sandra e a Liz estavam.

Não podia negar que por alguns segundos, me peguei


pensando em levar a Bella conosco, seria perfeito.

— John… — Ouço, lá no fundo, sua voz. — John…

Acorda.
Abri meus olhos e Samantha estava acordada.

— Meu amor, como você está? — Me levantei com tudo da

poltrona, só aí percebi que tinha cochilado.

— A nossa menina… — ela murmurou.

— Fique calma, tudo bem. — Depositei um beijo em sua

testa. — Ainda podemos ter mais uma.

— Quero sair daqui, quero ir embora — disse.

— Você tem que ter calma. — Respirei fundo. — Eles não


sabem que eu estou aqui, por isso eu não posso te levar, não

agora.

— Me deixa sozinha — pediu.

— O quê?

— Me deixa sozinha, você não ouviu? — Ela foi áspera

com as palavras.

— Sam, podemos... — Tentei argumentar.

— Saia daqui — gritou.

Para que não houvesse um escândalo, saí de lá.


Ela deveria estar tendo uma crise, aquilo era normal depois

de tudo o que tinha passado.

Agora eu precisava voltar para a fazenda e colocar o meu


plano em prática: devolver o corpo da Liz sem vida para o

Henry.
As revelações de John mexeram muito comigo, eu nunca

imaginei que ele tivesse passado por tudo aquilo e que muito

menos seria capaz de fazer coisas terríveis, pois sua família

sempre pareceu ser bem estruturada. E só de pensar que o


Henry estava desconfiado do Martin, me fazia sentir um pouco

mal.
Minha mente estava a mil, estava pensando em um

turbilhão de coisas.

Por que a Morgana o estava ajudando?

Como a Samantha estava? Não sei se deveria sentir raiva

ou pena dela, mas ela também foi usada pelo John. O que ele
ofereceu a ela para que fizesse isso?

Nem imaginava como o Pedro ficaria quando soubesse de

tudo isso.

Hendrick devia estar tão mal, e com certeza ficaria pior

quando ele souber que a filha não era dele.

Rodolfo tinha alguns bordéis e Henry não sabia disso.

Que porra estava acontecendo?

— Toma. — Saí do meu devaneio quando ouvi Morgana


falando com a Sandra. Estava sentada no chão ao seu lado. —

Anda, toma isso antes que ele apareça. — Ela empurrava um

comprimido na boca de Sandra.

— O que é isso? — perguntei.

— Remédio para dor — disse, sem me olhar. — Vamos,

Sandra. — insiste.
— Por que você fez isso? — Sandra perguntou.

— Eu precisava de dinheiro — confessa.

— Era só pedir — rebati.

— Você o ama? — Sandra questionou.

— Isso não importa. — Encolheu os ombros. — Nada mais

faz sentido.

— Claro que sim — Sandra murmurou.

— Vamos, Sandra, tome. Você está com febre.

Sandra havia perdido muito sangue, por mais que estivesse

parada.

— Você precisa fazer um torniquete, se não ela vai morrer.

— Morgana me encarou, assentindo, e rasgou uma parte do

vestido da Sandra, fazendo o torniquete. — Obrigada. Sandra,

por favor — suplico. — Por fim, ela tomou o remédio. Morgana

ficou ao seu lado, até que ela dormiu.

— Por que você fez isso? — Minha voz saiu em um

sussurro. — Rodolfo te ama, e você fez isso com ele.


— Você tem filhos, não é? — Apenas a encarei, pois ela já

sabia a resposta daquela pergunta. — Você não faria de tudo por

eles?

— Daria minha vida pela deles.

— Tenho um filho, e ele tem um transtorno psicológico. Os

seus remédios são caros, e eu trabalhava em um dos bordéis do

Rodolfo. — Seca uma lágrima que ameaça cair. — Com o

dinheiro que ganhava, dava para pagar o básico e os remédio do

meu filho. Teve um dia que Rodolfo chegou alterado, ele estava

bêbado ou drogado, e eu tinha acabado de atender um cliente.

— Ela começou a chorar. — Do nada ele veio para cima de


mim, começou a gritar e dizer coisas sem sentidos, a única

coisa que eu entendi foi “Ela não, por que ela? Eu não aguento

mais.“ Ele me bateu tanto que acabei em coma. Fiquei vários

dias internada, e o John foi a única pessoa que cuidou do meu

menino. Ele pagava uma mulher para cuidar dele e dar seus

medicamentos. — Tentou controlar o choro e suspirou fundo. —

Devo minha vida a ele. Depois que saí do coma, ele me ajudou

a fugir de lá, e me ofereceu trabalho em sua casa, como

governanta. É claro que aceitei, e sabia que em breve deveria

pagar o favor. Foi aí que tive que trabalhar para os McNight.


Agora as coisas faziam sentido, Morgana estava no lugar e

na hora errados. Rodolfo tinha acabado de perder a mulher, mas

isso não justificava se embriagar e sair batendo em alguém que

não tem culpa, sendo que ele foi o único responsável pelos seus

atos.

— Agora você vai se vingar? — perguntei com medo da

resposta.

— Eu não imaginava que as coisas tomariam rumo

diferente. — Morgana massageia as têmporas, começa andar de

um lado para outro. — Não era para vocês estarem aqui, e

muito menos a Bella.

— Nos ajude a sair daqui — implorei com lágrimas no

rosto.

— Eu não posso. Se eu fizer isso, ele mata o meu filho. —

Ela fala e o seu celular toca. — Preciso ir. — Sem olhar para

trás, Morgana se levantou e saiu depressa daquele lugar.

Precisávamos sair dali. Olhei em volta do lugar, precisava

encontrar algo que abrisse aquelas algemas. Me lembrei de que

tinha alguns grampos no meu cabelo, devido ao meu penteado

para o casamento.
Meus pensamentos se voltaram para o dia em que nos

casamos, foi então que percebi que ainda estava com o meu

vestido de noiva. As lágrimas voltaram a escorrer pelo meu

rosto, eu não fazia ideia de quanto tempo estávamos aqui, a

única certeza que tinha era a de que Henry nos encontraria.

— Você precisa ser forte, Liz — murmurei para mim

mesma. — Você consegue.

Tirei o grampo do meu cabelo e tentei abrir uma das

algemas.
— Tem certeza de que esse plano dará certo? — Hendrick
perguntou.

Estávamos na sede da máfia, em minha sala. Havíamos

traçado um plano, e hoje resgataríamos as mulheres da minha


vida. Fui idiota em não perceber que o John estava por trás de

tudo isso. Por que ele ainda não tinha tentado contato ou algo

do tipo? Aquilo estava muito estranho. Me senti um fraco, o

inimigo estava ao meu lado e eu não tinha percebido.


— Por que não daria? — sibilei.

Me levantei e caminhei até ele.

— Não sei, continuo confuso com tudo o que aconteceu.

— Acho melhor você ficar aqui. — Coloquei minhas mãos

em seus ombros, tentando confortá-lo.

— Também acho, menino — Petter concordou.

— Não sei — sussurrei.

— Fique — insisto. — Você passou por muita coisa. — Me

afasto, caminhando em direção à janela.

— Tudo bem — Sem dizer uma palavra a mais, ele sai.

— Fred, quantos homens temos?

— Senhor, temos… — Antes mesmo de terminar a frase,

somos surpreendidos com a chegada do meu pai.

— O que faz aqui? — perguntei, segurando a raiva que

emanava em meu corpo.

— Quero ajudar — disse, fechando a porta logo atrás.

— Pai, não deveria estar aqui!

— Henry, posso...
— O senhor pode ficar no carro cuidando das câmeras —

Petter disse.

— Ficar o quê? — Coloquei uma das minhas mãos na

minha cintura e com a outra esfreguei meu rosto. Andando de

um lado para outro, respirei fundo.

— Os coletes têm câmeras e precisamos que alguém

monitore — Fred fala.

— Mas eu não quero.

— Pai, ou é isso, ou não é nada. — Fui ríspido com as

palavras, pois já estava perdendo muito tempo. — Cada minuto

aqui é uma tortura para elas.

— Ok — aceitou, sem hesitar.

— Fred, quantos homens temos? — Espero que ninguém

mais nos interrompa.

— Temos… — E mais uma vez fomos interrompidos, mas

agora era meu celular que estava tocando.

— Porra! — gritei aos quatro ventos.

Olhei no visor, era uma chamada de vídeo, porém o número

era desconhecido.
— Pode atender, senhor. — Um dos agentes me falou.

Apenas concordei com a cabeça.

— Henry, como você está? — John perguntou entre risos.

John estava sentado em uma cadeira, o lugar tinha pouca

iluminação.

— O que quer?

— O que eu quero? — Ele era debochado com as palavras.

— Não imaginava que essa seria a sua primeira pergunta. —

Rio e virou o celular na direção oposta. — Viu, Liz? É por isso

que ele não te merece.

— Eu vou te matar se encostar um dedo nela.

— Ah, é?

Liz, estava sentada no chão, ainda com o vestido de

casamento, com os braços acorrentados, e com uma marca de

sangue nos lábios.

— Liz... — Foi a única coisa que consegui dizer enquanto

observava o lugar, apenas para ter certeza de que era a fazenda.


— Vamos, Liz, responda ao seu maridinho. — Estava

quieta e não dizia uma palavra. Ele simplesmente deu um tapa

no seu rosto.

— Seu monstro. — O ódio me dominou. — Vou te matar,

seu fodido de merda!

— Henry, sabe o que é mais curioso? Seu pai está aí, não

está? — John voltou a câmera para si, coçou a cabeça e sorriu

outra vez. — Seu papai tem todas as respostas.

Simplesmente desligou. Encarei meu pai, esperando por

respostas, mas ele apenas abaixou a cabeça.

— Essa é a hora. — Dei passos largos para fora da sala, e

meus homens apenas me seguiram. — Quero 8 carros com 5

homens em cada — ordenei quando chegamos no

estacionamento. — Vamos fechar as ruas em volta de toda a

fazenda. Considere-se morto quem deixá-lo escapar.

Alguns deles se entreolharam ao ouvirem as minhas

ordens, mas era assim que funcionava quando se trabalhava

diretamente com o Capo: 8 ou 80.


— Menino... — Petter tentava dizer algo, mas o

interrompi.

— Isso vale para todos.

Todos estavam equipados com suas armas, lanternas e

algumas granadas. Quando entrei no meu carro, meu pai, Petter

e Fred me acompanhavam. Liderei o caminho e, enquanto

seguimos em silêncio,

fiquei me perguntando, o que o John quis dizer com “ele

tem todas as respostas.” No que o meu pai havia se metido?

Não fazia sentido John se vingar de mim, exceto se ele

quisesse o meu cargo da máfia. Ele e meu pai poderiam ter tido

algum desentendimento no passado, o que era estranho, pois os

dois se davam muito bem. O John era um ótimo ator.

Mil coisas se passavam em minha cabeça.

Meia hora depois, paramos próximo à fazenda. Dava para

ver que o local era bem isolado e havia muito mato ao redor.
Posiciono meus homens, e seguimos nosso plano.

Entramos pela porta dos fundos da casa, e não havia

ninguém. A casa estava abandonada, os móveis cheios de pó e

teias de aranha. Seguimos para o galpão que havia nos fundos e


encontrei a minha pipoquinha sentada no chão, toda

descabelada brincando com uma boneca de pano.

— Pa… Papai … — resmungou entre risos, enquanto

tentava caminhar em minha direção.

A única coisa que consegui fazer foi cair de joelhos no


chão e abraçá-la.

— Meu amor. — A enchi de beijos. — Você está bem? —


Procurei em seu corpo se havia alguma marca de machucado, ou

qualquer outra coisa que indicasse que ela havia sido mal
tratada.

— Sí — falou e riu. — A mamãe. — Bella apontou em

direção da casa.

— A mamãe está lá? — perguntei.

— Sí — respondeu, com muita inocência.

Peguei-a em meus braços e a entreguei para o Petter.


— Acabamos de sair de lá e não tinha ninguém —
murmurei para mim mesmo.

— Eu sei onde ela está — meu pai disse, saindo do galpão.

Meus homens esperaram o meu sinal.

Seguimos meu pai.

Ele entrou na casa e seguiu em direção a um corredor. No


final dele, começou a bater nas madeiras do chão. Assim que

encontrou uma tábua solta, ele a tirou e destravou alguma coisa,


fazendo com que as tábuas fossem erguidas.

Ele desceu, logo em seguida eu o segui. Pisei em um

degrau da escada, que quebrou e eu quase caí. Quando desci o


último degrau e liguei a lanterna,

havia alguns ratos, o cheiro ruim impregnava o lugar, meu


pai liderava, pois conhecia o caminho melhor que ninguém.

Quando fizemos a curva do túnel, havia um homem caído

no chão, estava desacordado. Chequei seu pulso e percebi que


estava morto, tinha uma poça de sangue próximo ao seu peito.

Segundos depois, estávamos na frente de uma porta de


madeira.
— Cada um em seu posto — avisei. — Vou entrar.

— Ok — Fred respondeu, ficando logo atrás de mim.

Chutei a porta com tudo. Assim que ela foi para o chão,
meus olhos encontraram a minha amada.

Liz ergueu seu olhar e quando me viu, sorriu Percebi que o

seu riso era fraco.

Olhei em volta e vi Sandra desacordada, e acorrentada.

Nenhum sinal do John.

— Liz — disse, correndo em sua direção. Tentei tirar suas


algemas, seu cabelo estava bagunçado, seu rosto estava cheio

de hematomas.

As lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.

— Eu estou aqui... Estou aqui... — disse, abraçando-a.

Agora, sim, o meu mundo estava completo.

— A Sandra precisa de um médico — Liz disse enquanto

tentava ficar em pé.

Quando olhei para o lado, Petter estava abraçado com ela.

— Ajudem-no — ordenei.
— Que cheiro horrível — murmurei para mim mesmo, mas

Liz ouviu.

— É o Eric — disse entredentes.

— O quê? — Não consegui acreditar.

— Ali. — Apontou na direção de um saco preto. — John o


matou.

— Ele está naquele saco preto? — perguntei, perplexo.

— Sim.

— Me perdoa, Liz. Me perdoa. Eu tinha que te manter em

segurança e fodi com tudo. — Ela me abraçava assim que me


desfiz das algemas.

— A culpa não é sua.

— É, sim.

— A culpa é toda do seu pai.

Encarei meu pai, que não dizia uma palavra sequer.

Peguei Liz em meus braços e saímos de lá. Assim que


chegamos próximo ao meu carro, meu celular tocou, e mais uma
vez era o número desconhecido. Coloquei a Liz em pé no chão e

atendi.

— Já vai assim, sem se despedir?

Ele desligou antes que eu conseguisse responder.

— Henry — Liz sussurrou o meu nome, seus olhos estavam


marejados.

Ouvimos o disparo de uma arma, o tiro veio do alto da


casa.
O John apareceu todo descontrolado, não sei o que

aconteceu entre ele e a Samantha, mas a única coisa que ele


gritava era:

“Maldito, Maldito, Maldito.”

“Ele vai pagar por cada lágrima sua.”

“Minha filha... Eu te odeio.“


— Sabe, Liz… — Ele me encarou aos gritos. — Vamos

ligar para o seu maridinho. — Não respondi uma palavra

sequer, apenas o observava. Ele pegou o celular do bolso da

jaqueta, apertou alguns números e em seguida começou. —

Vamos ver qual será a reação dele.

Após a ligação, John parecia atordoado, ele passava as

mãos no rosto descontroladamente. Sandra começou a

murmurar, a febre deveria estar alta. Mais uma vez, John ligou

para alguém.

— Eles já estão a caminho… — Fez uma pausa. — Isso,


vamos recuar e depois continuarmos com o plano… — Mais

uma vez ele fica em silêncio. — É hoje. — O sorriso toma

conta do seu rosto assim que desliga o celular. — Precisamos

nos retirar, mas antes que você vá — se levantou e guardou o

celular —, te mandarei um presente — disse e voltou a rir feito

um louco em direção à porta.

— Sandra… Sandra… — Ela apenas murmurou algumas

palavras que eu não conseguia entender. Meu coração ficou

apertado, e havia passado da hora de afrouxar o torniquete que

a Morgana tinha feito.


— Você é forte, San. Você aguenta — disse, sentindo

minha visão ficar turva.

Acordei com o barulho da porta. Para a minha alegria, a

porta estava no chão e o meu Henry ali, parado em pé me

encarando. Ficamos assim por uma fração de segundos. Logo

em seguida, ele checou o perímetro e correu em minha direção.

Sentir seu toque em minha pele me deixava viva, renovada.


Pude ver a tristeza em seus olhos quando disse a ele que no

saco de lixo era o Eric. O mundo do Henry desmoronaria

quando ele soubesse que seu pai era culpado por tudo que

estava nos acontecendo.

Nunca imaginei que estávamos no subsolo de uma casa,


não desconfiei devido à claridade que vinha em um dos lados da

parede de metal. Quando saímos de casa, senti um aperto no

meu peito, comecei me lembrar da ligação que John fez. O

celular do Henry tocou e então ele me colocou em pé. Assim

que atendeu, senti seu olhar se perder e o celular cair no chão,


meus olhos já estavam marejados. Começou um tiroteio, a única

coisa que consegui pensar era em salvar o Henry. Eu não podia

perdê-lo.

— Henry… Fica comigo — gritei enquanto tentava segurá-

lo.

— Calma, meu amor. — Sorriu. — Só acertou o meu

ombro, mas ainda assim, eu consigo atirar. — Fui muito

precipitada quando achei que ele estava quase morrendo. Com

tudo que já nos aconteceu, não seria surpresa, né?! — Se

abaixe. — Saí do meu devaneio quando Henry me empurrou

para o chão e me entregou uma arma. — Atira, te dou cobertura


— disse, me dando um beijo, assim que me soltou, começou a

atirar.

E com todo ódio e raiva que estava sentindo, começou a

atirar.

— Liz, cuidado! — Petter avisou e acertou um dos

atiradores.

Olhei para Henry, que me fuzilava com os olhos.


Tá! Eu sabia que vacilei. Ainda estava um pouco

debilitada devido aos dias nesse lugar.

Olhei para o alto da casa e avistei o John, simplesmente me

concentrei e mirei em sua direção. Sabia da distância em que

estava, era quase impossível acertar. Atirei, e errei. Apenas


senti uma bala passando próximo ao meu ombro. Claro que ele

iria revidar. Me sentia fraca e enjoada, quase caí, mas respirei

fundo e mirei mais uma vez em sua direção.

Bingo! O acertei. Ele se escondeu.

— Ótimo! — Henry disse, sorrindo.

Segundos depois havia vários corpos ensanguentados,

caídos no chão. Apenas dois dos que estavam baleados ainda

não estavam mortos.

— Os levem para sala de tortura — Henry ordenou.

— Quantos homens? — Fred perguntou.

— Um morto, e 3 feridos. — Respirou fundo. — Cuide

deles, vou atrás do meu prêmio.

— Eu vou junto — gritei.

— Não. Você está grávida e precisa de um médico.


— Não, Henry, só estou um pouco… — Comecei a vomitar

antes de terminar a frase. — Droga, Liz! — murmurei para mim

mesma.

— Já volto. — Henry disse, correndo na direção oposta.

Limpei minha boca com a barra do meu vestido.

— Petter, a sua arma. — Franziu o cenho. — Anda, Petter.

— Mas, menina. — Percebi a dúvida em seu olhar.

— Mas nada! Anda. — Estendi minha mão e ele me

entregou a arma. — As munições. — Me entrega a contragosto.

Rasguei um pedaço da barra do meu vestido para não


atrapalhar e corri atrás do Henry, descalça mesmo. Reclamei

quando pisei em uma pedra pontuda, mas nada que me impedia

de continuar correndo.

Cheguei bem próximo à casa e me encostei na parede.

Verifiquei a quantidade de balas que havia guardado no meu


decote, só esperava que não caíssem.

— Vamos, John! Conte — Henry gritou.

Me aproximei mais um pouco e consegui ver que John

estava agachado no chão com o braço sangrando e Henry


próximo a ele apontando a arma em sua direção.

Tinha muito mato e três carros na parte de trás. Percebi

que em um dos carros tinha dois homens mortos dentro e os

vidros estavam quebrados. Os outros dois carros estavam cheios


de marcas de tiros e alguns vidros também estavam quebrados.

John estava próximo de um dos veículos, e só aí eu percebi

que o Martin estava dentro do automóvel. Sua expressão era de

pavor.

— Pergunta para o seu pai — John dizia entre risos. — Ele


sabe o motivo de tudo isso. Se ele não tivesse roubado a minha

Estela, a minha Estela. — gritou. — Nada disso teria


acontecido.

Henry vacilou quando ouviu o nome da sua mãe, era como


se ele tivesse entrado em um transe. Foi quando John

aproveitou para correr e se jogar em um dos carros.

— Corre, Henry! — Saiu do transe quando gritei por ele.

— Liz!

— Ele vai escapar. — Corri em direção aos carros,

puxando Henry pelo braço. — Vamos!


Entramos no carro e, enquanto procurava pela chave,
Henry fez uma ligação direta.

— Precisa me ensinar. — Simplesmente sorriu, arrancando


com tudo.

Segundos depois estávamos próximos e continuamos

tentando entender o porquê do Martin estar com eles, não fazia


sentido.

— E a Paola?

— Está no hospital — disse, apertando os dedos no


volante. — Ela estava grávida do Martin e teve um abordo

espontâneo.

— Quantos dias fiquei aqui? — Era muita informação.

— Dois.

— Dois? Parecia mais uma eternidade. — Agora a minha


mente estava voltando ao passado, os dias antes do meu

sequestro.

— A Bella já deve estar em casa. — Senti um conforto.

— O que o Martin está fazendo com ele? — Henry

perguntou.
— John manipulou muitas pessoas à nossa volta.

— O que você sabe?

— Depois te conto — prometi, dando um beijo em sua


têmpora, e me seguro na porta do passageiro. Retribuí o tiro

que John tinha acabado nos “mandar”.

Henry também começou a tirar, o pneu do carro deles


furou, e nesse momento John vacilou, quase caindo da janela do

carro.

Estávamos no meio do mato, não fazia ideia de que lugar

era este.

Segundos depois, o carro em que o John estava saiu

arrastando uma cerca pelo caminho e entrou em uma estrada de


asfalto. Ainda assim, só tinha mato em volta da estrada.

— Até que ele está atirando bem para quem levou um tiro

no braço — Henry murmurou.

Dessa vez, o Martin começou a atirar. Mas que porra ele


estava fazendo? Que merda ele tinha na cabeça? Claro que

continuei atirando.
A bala deles deveriam ter acabado, pois os tiros cessaram.

Henry conseguiu se aproximar e ficamos lado a lado. Neste


momento, apareceu um caminhão, vindo em nossa direção e

buzinando feito louco, Henry voltou para trás com o carro.

Mais uma vez, estávamos lado a lado quando John ergueu a


arma, e por instinto atirei, acertando sua cabeça.

— Oh, meu Deus! Eu o matei — sibilei, espantada, mas


não senti nem um pouco de culpa.

— Claro que não!

— Vamos fazer uma aposta? — propus.

— Qual? — Ele ficou curioso.

O carro perdeu o controle e eles acabaram batendo em uma


árvore.

— Se ele estiver vivo, eu me afasto dos negócios por uns

dois anos — provoquei.

— E se estiver morto? — Henry insistiu.

— Eu decido o tanto de tempo que ficarei longe. — Fui

autoritária.
— Fechado — Henry disse, enquanto descia do carro. —

Fique aqui — ordena.

— Tá de brincadeira, né? — zombei, saindo do carro.

— Que porra, Liz! — resmungou, por ser contrariado.

Chegamos próximos ao carro e Martin está gemendo de


dor.

Me aproximo dele e sua cabeça está sangrando.

— Liz… Liz… —me chamou.

— Estou aqui — falei e tentei tirar o seu cinto.

— Me perdoa. — Sua voz saiu em um sussurro.

— É, você o matou. — Henry está parado na porta do


motorista e apenas confirma que o tiro que dei em John foi

certeiro.

— Ganhei — disse, voltando minha atenção para o Martin.

— Você vai ficar bem.

— A Paola, cadê ela? Ele a soltou?

— Fique calmo. — Havia sangue na sua cabeça, suas

pernas estavam presas nas ferragens, e alguns hematomas em


seu rosto provavam que ele havia se envolvido em uma briga
recentemente. — Não durma. — Sei que Martin tinha seus

motivos para ficar ao lado do John, não iria julgá-lo, pois o


amava e muito. O amor que sentia por ele era como o de um
irmão. Querendo ou não, ele foi o único que ficou ao meu lado

nos momentos mais difíceis.

— Ufa! — Soltei o ar que estava preso em meus pulmões,

sentindo um alívio grande ao ver que segundos depois nossa


equipe chegou.

— Ele vai ficar bem — Henry afirmou e me abraçou.

— Promete não o torturar?

— Prometo — ele murmurou em meu ouvido.

— Certeza? — Ainda sentia uma pequena dúvida em sua


promessa.

— Sim. Você está bem? — Henry perguntou e senti meu


corpo ficando mole.
Estávamos no hospital.

Precisei fazer alguns exames, e por sorte meus meninos

estavam bem.

— Liz? — Henry me chamou e quando olhei para porta.

Ele estava com a nossa pequena nos braços, e ela está


segurando uma das suas bonecas. Percebi que havia tomado

banho, seus cabelos estavam molhados. — Diga “oi, mamãe”.


— Ele a colocou em meu colo, senti o cheiro do seu perfume.

Abracei minha Bella, e só por saber que ela estava bem,

não consegui conter as lágrimas.

— Oi, mamãe. — Murmurou quando a soltei do meu

abraço. — Nu chola — disse enquanto passava uma de suas

pequenas mãos em meu rosto.

— É que a mamãe estava com muita saudade de você. —


Seu riso me confortava. — Como você está, minha pequena? A

mamãe estava com muita, mas muita saudade de você. — A

abraçei outra vez.


— Adê a vovó? — perguntou da Sandra, Henry e eu nos

entreolhamos.

— A vovó saiu com o vovô, mas logo eles estarão de volta.

— Henry se sentou ao nosso lado da cama enquanto dizia.

Bella continuava em meu colo e começou a brincar com a


sua boneca.

— Como ela está? — perguntei.

— Ela perdeu muito sangue e acabou de sair da cirurgia.

— E Petter? Por quanto tempo fiquei desacordada?

— Quase 8h. — Henry suspirou fundo. — Petter está

abatido, Hendrick está com ele.

— A Paola e a Sam, estão aqui?

— Sim.

— Quero vê-las.

— Liz… — Henry franziu o cenho.

— Morgana? — interrompi.

— Foi encontrada morta, ainda não sabemos se foi

proposital ou um acidente.
— E seu pai?

— Já tem algumas horas que ele foi para casa e se trancou


no quarto. Ele não quer falar com ninguém.

— Até eu faria isso.

— O que você sabe? — Henry perguntou com um certo

receio. — Eu preciso saber, Liz.

— Henry. — Coloquei uma das minhas mãos em cima da


sua. — Isso é entre seu pai, você e o Hendrick. Eu não sei o

lado da história dele, por isso eu não posso julgá-lo ou ao

menos me intrometer. — Ele me encarou. — Tenha paciência,

essa a única coisa que posso lhe dizer.

— Tentarei, tentarei…

— Agora me leva ao quarto da Samantha. — Respirou

fundo. — Anda Henry, não adianta me olhar desse jeito. Você

sabe que querendo ou não, eu irei vê-las — disse em um tom de

autoridade.

— Epa! Cheguei em uma péssima, hora? — Hendrick

apareceu na porta.
— Como você está? — Henry pergunta para ele, mudando

de assunto.

— Melhor, depois que soube de tudo.

— Como assim? — perguntei sem entender nada.

— Fui conversar com a Sam outra vez.

— Eu não acredito que…

— Henry, Hendrick já é bem grandinho — o repreendi. —

Continue.

— Então. — Hendrick deu um meio-sorriso. — Sam disse

que já chegou a se apaixonar por mim, mas John era o seu

grande amor. — Ele se sentou na poltrona que tem no quarto. —

Não sei o que ela achou naquele velho. Mas, enfim. — Ele
massageou as têmporas. — Ela me pediu perdão por me usar, e

que não poderia me contar o motivo de tudo isso, mas o nosso

pai tem todas as respostas, ou quase todas. — Ele riu. — Ela só

me contou isso depois que contei para ela que o John morreu.

Percebi que o seu mundo desmoronou. — Hendrick bufou. — A

minha filha, corrigindo a filha dela com o John, não morreu.


Ela quis que tudo parecesse real, e fez uma Cesária de

emergência, isso é verdade.

— Cadê a neném? — perguntei.

— Ela deixou para a adoção. — Os olhos do Hendrick se

enchem de lágrimas.

— Por que ela fez isso?— Henry rebate.

— Ela sabia que, se algo acontecesse com o John, Joana

viria atrás dela e faria de tudo para a ter.

— Então a Jo sabia de tudo o que estava acontecendo?

— Sim, a Jo sempre foi cúmplice do John. Sempre o amou

loucamente — Henry falou.

— Será que o Pedro sabe de algo? — Ele não deveria saber

de nada, Pedro era ingênuo.

— Não, Liz, provavelmente não. — Henry me encarou. —

E com certeza eles vão mentir para ele o que causou a sua

morte — disse, como se isso fosse um problema futuro.

— Enfim, eu fui ver a neném, ela é linda. Não quero que

algum estranho a adote. — Hendrick seca suas lágrimas.


— Por que você não a adota? — Sugiro.

— É arriscado demais.

— Eu sei quem a adotaria sem pensar em hesitar.

— Quem, Henry?

— A Paola, ela teve um aborto espontâneo.

— Mas você acha que ela vai aceitar criar a filha do

homem que a fez perder o próprio bebê?

— Paola é uma pessoa difícil de guardar rancor — avisei.

— E a bebê não tem culpa.

San estava melhor, já havia saído da UTI, mas teria que

fazer fisioterapia para ter de volta o movimento do braço.

Martin também ganhou alta, mas ainda não tive a

oportunidade de conversar com ele, e de realmente entender o

que estava acontecendo.

— Sério?
Estava no quarto da Paola, ainda não consegui falar com a

Samantha.

— Sim, Paola, não há ninguém melhor para ser a mãe dela

— afirmei.

— Mas tenho uma condição.

— Qual?

— Que mais ninguém saiba que ela é filha deles, e que a


Samantha não saiba que fui eu quem a adotei.

— Prometo, faremos de tudo para manter esse segredo.

— Obrigada, Liz, e me perdoa por ter deixado eles terem


levado a Bella. — Ela me abraçou.

— A culpa não foi sua.

— E aí? — Hendrick entrou todo eufórico no quarto da


Paola. — Você aceitou?

— Calma — ela falou e riu. — Sim.

— Sério? — E mais uma vez, os olhos dele se encheram de

lágrimas. — Você não imagina o quanto sou grato por isso.


Os dias passaram, Sandra ganhou alta, e Petter não saiu do
seu lado por nem um segundo. A fisioterapia estava dando

resultado. Bella ficava o tempo todo ao lado dela, falando que


queria ajudar a vovó.

Memories On

— Mamãe, telo uda a vovó. — Ela sempre falava a mesma


coisa quando a fisioterapeuta chegava.

— Claro que você pode me ajudar com a sua vó. — E para


a nossa sorte, a fisioterapeuta era maravilhosa. Além de fazer

um ótimo trabalho com a San, ela interagia com a Bella.

Memories Off

Quando voltamos para casa do hospital, Rodolfo não estava

mais lá, apenas deixou um bilhete para o Henry e Hendrick.

“Sim, tenho todas as respostas, mas preciso de um tempo

para absorver tudo que aconteceu.

Sei que não fui sincero com vocês, mas não achei que o
John seria capaz de tudo isso.”

Henry estava tentando ser forte e controlar a ansiedade.


Joana está desolada e veio até a nossa casa para nos ameaçar, e
claro que Pedro ainda não sabia o que haviaacontecido.

Samantha decidiu ir embora, para a casa de alguns parentes

em Toronto, e entrou em um acordo com o Hendrick a respeito


do Dante. Tinha certeza de que ele não suportaria ficar tanto

tempo longe do seu filho. Sabia que ele ainda amava a Sam, e
era uma pena não ser recíproco.

Samantha não quis saber quem adotou sua filha. Por um


lado, ficamos aliviados, pois também era o desejo da Paola; por
outro lado, ficamos tristes, pois ela nunca vai saber que sua

filha estava quase ao seu lado.

Martin estava bem. Ele e Paola reataram, pois ele explicou

que John havia ameaçado matar a Paola se ele não o ajudasse.

Na verdade, ele conhecia o John desde o começo, e foi

manipulado. Quando sua ex o deixou, ele ficou no fundo do


poço, sem dinheiro algum e com a sua reputação manchada

devido à traição dela, e o John se aproveitou da situação.


Martin quis desistir de tudo quando me conheceu, tive certeza
disso quando a Bella nasceu. Mas ele já tinha um acordo com

John e tudo piorou quando ele se apaixonou pela Paola.


Senti um alívio com a morte do John. Pelo menos, por

enquanto estaríamos em paz, até a Joana descobrir que fui eu


quem o matei.
— O que faremos quando ela descobrir a verdade? —

Henry e eu estávamos sentados na banheira cheia de espuma,

comigo entre suas pernas.

— Redobraremos a segurança — ele falou e enquanto


ensaboava as minhas costas.

Estava frio em Nova York, não queria voltar para Itália,

pelo menos até que os gêmeos nascessem.


— Você acha que ela vai querer vingança?

— O que a faz pensar ao contrário? — Henry me puxou

para que eu encostasse minhas costas em seu peito.

— Eu não sei. — Respiro fundo. — Meu medo maior é que

ela queira fazer algo contra as crianças, e ainda mais quando


souber que a Jenny está viva.

— Não vamos nos precipitar. — Ele beija meu ombro. —

Agora a equipe está reforçada. Meu único medo é o Hendrick

não dar conta.

— Podemos cuidar disso por enquanto, ele poderia tirar


umas férias. — Sugiro.

— E a nossa lua de mel?

— Até tinha me esquecido.

— Precisamos de um tempo para nós — Henry falou.

— Eu sei, mas seu irmão precisa mais do que nós.

— Não sei se ele vai aceitar, ainda mais com o sumiço do

nosso pai. — Henry bufou.


— Sabe que ele não sumiu, apenas precisa de um tempo —

afirmei.

— Se você me contasse o que sabe, me deixaria mais

calmo. — Henry estava tentando tirar as palavras da minha

boca.

— Você sabe que isso é entre vocês, não vou dizer nada. —

Me virei e fiquei de joelho na banheira. — Mas posso te ajudar


a relaxar — falei e sorri.

— O médico disse que você precisa ficar de repouso por

alguns dias.

— E quem falou que eu preciso fazer algum esforço?! —

brinquei em um tom sexy, segurei seu pau em minha mão e ele

sorriu, com aquele sorriso que eu amo.

Coloquei seu pau na minha boca, ou parte dele. Sentir seu

gosto era perfeito. Comecei a sugar com força e usei minhas

mãos para ajudar a masturbá-lo. Henry gemeu.

Passei a língua na sua cabecinha rosada, ele segurou meus


cabelos e começou a fazer movimentos de vaivém com o

quadril. Quando percebeu que gozaria, ele parou e comecei a


chupar as suas bolas, mas não parei de masturbar seu pau com

uma das minhas mãos.

— Porra, Liz. — Ele suspiou fundo. — Como estava com

saudades dessa sua boquinha — proferiu com uma certa

dificuldade.

Ouvir ele dizendo isso me deixava com mais tesão.

Acelerei meus movimentos e ele gozou em minha boca. Claro

que enguli tudo.

— Minha diabinha — falou, me beijando.

— Quem disse que não posso dar prazer para o meu

marido? — Precisava ficar de repouso devido à gravidez, ou

seja, sem sexo, o que me deixou um pouco frustrada, mas sabia

que precisava manter a saúde dos meus pequenos, e claro que a

minha também.

— Agora é minha vez. — Henry ficou em pé na banheira.

E eu apenas me deliciei com a visão maravilhosa, meu

marido era uma obra-prima.

— Droga. — Alguém bateu na porta quando ele se ajoelha

entre minhas pernas. — Volte mais tarde — ele gritou.


— É urgente, senhor.

— Merda — murmurou.

— Não se preocupe, teremos muito tempo. — Tentei

confortá-lo.

— Você sempre tem a resposta certa no momento certo. —

Ele riu.

— Vai lá. — Beijei-o, nosso beijo foi demorado e

profundo.

Ele vestiu o roupão e saiu do banheiro.

Segundo depois, ele voltou todo apavorado.

— O que aconteceu? — perguntei, já saindo da banheira.

— A Bella caiu e cortou o queixo.

— Ela está bem?

Depois daquele susto com a Bella, as coisas estavam

voltando ao normal.

Ainda precisava ficar de repouso, pois tive um pequeno

sangramento esses dias.


Essa gravidez estava bem diferente do que a da Bella. Na

dela, eu não senti nada, apenas os enjoos matinais no começo e

algumas vezes ficava muito emotiva, nada de estresse ou

desejo.

Agora precisava ficar de repouso e isso me deixava muito

estressada. Henry até pensava no que iria dizer quando estava

perto de mim. A única pessoa que não me estressava e com

quem eu tinha toda a paciência do mundo era a Bella.

Até com o Petter eu havia brigado esses dias, a nossa briga


foi devido a uma fatia de bolo, e depois dela, eu fui para o

quarto chorar.

A única coisa que não mudou foi meu desejo pelo Henry,

mas não podíamos fazer nada devido ao meu repouso. Isso me

deixava muito, mas muito frustrada.

Hoje tínhamos consulta com o médico, e eu esperava que

conseguíssemos saber o gênero dos pequenos.


Teríamos que nos mudar, a casa já estava pequena e eu

queria um quarto para cada, para que eles já se acostumassem

desde pequenos, assim como a Bella.

— Vamos, meu amor. — Henry estava encostado na soleira


da porta do nosso quarto.

— Só mais um momento — pedi enquanto terminava de

passar um batom vermelho.

Me olhei no espelho e fiquei satisfeita com o meu look de

inverno. Não via a hora desse frio passar, faltavam só mais duas
semanas para primavera chegar e depois seria o verão.

— Você está linda — Henry disse quando me aproximei


dele.

Henry vestia um terno cor grafite e um sobretudo preto por


cima.

Que homem, hein.

— Não mais do que você — afirmei e me ergui nas pontas

do pé para beijá-lo. — Estou com saudades. — Comecei a


passar minhas mãos pelo seu corpo, até chegar na melhor parte.

— Vamos nos atrasar.


— Desde quando você nega fogo? — Me sentia frustrada.

— Desde quando a senhora está em repouso. — Ele me deu

um beijo na testa. — Agora vamos.

— Tudo bem — falei e baixei o olhar.

— Parabéns, é um casal. — Nem precisava dizer que meus

olhos estavam cheios de lágrimas, e os do Henry também.

Ele ficou tão emocionado quando descobriu que seria pai.

Estava liberada, não precisava mais ficar em repouso, mas

tinha que me cuidar, nada de emoções fortes ou algo do tipo.

Seria impossível não ter esse tipo de sentimento com esses


acontecimentos.

Tentaria me controlar.
Hoje Samantha viria deixar o Dante para ficar com a gente
no final de semana.

Depois desse fim de semana com o Dante, Hendrick


decidiu passar alguns meses no Brasil. Eu esperava que isso o

fizesse bem. Até agora o Rodolfo não havia voltado.

Kevlin não apareceu, Ketlin não se pronunciou sobre os

acontecimentos. Até fiquei com medo, pois elas não davam


ponto sem nó. Apesar da Ketlin dizer que não quer mais saber
de rixas, não me sintia confortável com o silêncio dela, ainda

mais com o sumiço da Kevlin.

Ana e Pedro se casaram, mas não fizeram festa. Não fomos

nem no jantar, a desculpa que demos foi que eu estava internada


e que precisava de repouso. Do mesmo jeito que enviamos

nosso presente, a lua de mel no Brasil, qud era o sonho da Ana,


e tinha certeza de que isso ajudaria o Pedro a ficar mais leve,

depois da morte do seu pai.

— O Henry está? — Samantha pergunta assim que Dante


sai correndo para brincar com a Bella.

— Sim, eu estou. — Ele apareceu logo atrás de mim.


— Podemos conversar? — Eu e ele nos olhamos. Samantha

era minha amiga, não sei bem se algum momento nossa amizade
foi verdadeira, eu não a conhecia mais.

— Sim — ele respondeu e segurou minha mão enquanto

caminhávamos até o escritório. — Sente-se. — Ele indicou a


poltrona e Samantha se sentou.

— Quero pedir desculpas por tudo o que aconteceu. Sei


que não fui uma boa pessoa e que os enganei. — Nos sentamos

no sofá e ficamos frente a frente. — Eu não te usei, Liz, e sabia


sobre o seu casamento com o Henry desde o começo. Precisava

de dinheiro para terminar a faculdade, não queria ser igual aos


meus irmãos — ela explicou e eu a encarei. — Sei que sempre

falei que minha família era rica e essas coisas, mas era tudo
fachada, tudo o que tenho foi o John que me deu.

— Sempre foi ele?— perguntei.

— Sim e o foco sempre foi você. Ele queria se vingar da


família McNight devido à Estela. — Henry congelou quando

ouviu o nome da sua mãe. — Nunca suportei a Ana, ainda mais


naquele dia, no bar, quando ela beijou o Henry. Não sei como

você se conteve.
— Era só isso? — Henry perguntou e se levantou.

— Não — ela respondeu. O segurei pela mão e ele se


sentou outra vez. — Acredito que você tenha se esquecido, mas

foi o John que subornou uma enfermeira para te manter em


coma.

— O quê? — perguntei. — Você sabia disso desde o


começo?

— Sim. — Ela baixou a cabeça e encarou as mãos.

— Você viu o meu sofrimento e não fez nada? — perguntei


com a voz alterada.

— Eu não podia intervir. — Ela me encarou. — Não


parecia, mas o John era perigoso, não mais que a sua mulher.

Respirei fundo e me levantei.

— Saia da minha casa agora.

— Liz, por favor. — Ela se levantou e uma lágrima rola


pelo seu rosto.

Ela continuou me encarando, não senti pena ou nojo dela.


Tentei me controlar, mas simplesmente dei-lhe uma bofetada no
rosto. Minha mão chegou a arder. Com o impacto, Samantha
caiu sentada na poltrona outra vez.

— Isso é para você aprender a nunca mais se meter com a

minha família.

— Liz. — Henry me abraçou.

— Me perdoa — ela pediu e colocou as mãos no rosto.

— Fique feliz por eu não ter uma arma aqui.

Sam se levantou e saiu do escritório.

— Você está bem? — Henry perguntou assim que a porta


foi fechada.

— São os hormônios da gravidez.

— Uau. — Ele riu.


O que ainda não saiu da minha cabeça era saber que a

ganância levou o Eric à morte. Vê-lo naquele plástico, como se

fosse um nada, me deixou muito abalado. Não sabia como

contaria isso ao pai dele.

John o tratou como um nada, um lixo.

Memories On
— Não, Henry, só estou um pouco… — E como sempre a

Liz foi forte. Vê-la fraca e abatida não me fazia bem, mas ela

sempre foi teimosa, não seria agora que iria me ouvir.

— Viu? Liz já voltou. — Correu na direção em que John

estava.

— Cadê o seu pai? — John perguntou enquanto tentava

correr.

Ele já estava ofegante.

— O que o meu pai tem a ver com tudo isso? — perguntei

quando ele parou e colocou as mãos nos joelhos.

Aproveitei o momento e me aproximei dele aos poucos.

Quando ele menos esperava, passei uma rasteira e ele caiu de

bunda no chão. Dei três socos em seu rosto.

— Não adianta, seu pai é o único que tem todas as

respostas — ele falou enquanto ria igual a um louco.

Desisti de bater nele, tentando lembrar de tudo que já

aconteceu, puxei lá no fundo das memórias, mas era difícil me

lembrar de algo que ligasse John ao meu pai.


— Pergunta pra vadia da sua mulher. — Me virei com tudo

quando ele falou isso, meu sangue ferveu.

— Vamos, John, me conte — gritei.

John já estava agachado no chão, com o braço sangrando,

então apontei a arma em sua direção.

Ele me encarou, respirou fundo e por fim, falou.

— Pergunta para o seu pai. Ele sabe o motivo de tudo isso.


Se ele não tivesse roubado a minha Estela, a minha Estela —

gritou —, nada disso teria acontecido.

Perdi o chão quando ele falou o nome da minha mãe.

Esperava que ele não fosse responsável por sua morte, senão

ele…

Se não fosse a Liz, ele teria escapado ileso.

Saber que o John sequestrou minhas meninas me deixou

com um pé atrás, pelo passado e por ainda não saber o que

deixei passar.

Ver a Liz atirando para valer me deixou orgulhoso dela.

Sim, minha mulher agora era da máfia e eu tinha que aceitar. Se


eu soubesse que ela atirava tão bem, não teria aceitado aquela

aposta. Agora me controlava para não ficar pedindo para que

ela tivesse cuidado com a gestação.

O sumiço do meu pai ainda me deixava abalado, por ele

ainda não ter me dito a verdade. Hendrick estava abalado, e eu

esperava que suas férias no Brasil o ajudassem a esquecer esse

tormento.

O melhor de tudo era saber que a Sandra estava se

recuperando. Depois de tudo que aconteceu, o cuidado com a

segurança foi redobrado.

Liz perdoou o Martin, e eu? Continuava com um pé atrás.

Um não, os dois, pois não sabia se acreditava que ele havia sido

realmente ameaçado.

Tínhamos uma nova babá cuidando da Bella, e a princípio,

estava tudo bem nossas vidas.

Fazia poucos minutos que havia chegado em casa. Depois

do episódio com a Samantha, fui para a sede da máfia,


precisava resolver alguns problemas e estava pensando em

marcar uma viagem para nós. Ainda queria conhecer o Brasil.

Fui até o quarto da Bella e ela já estava dormindo. Olhei

no meu relógio de punho e já passavam das 22h, o tempo

passou tão rápido que nem havia percebido.

Minha Pipoca estava tão serena. Queria que sua vida fosse

assim para sempre, mas fazíamos parte da máfia, e ter paz era

um luxo. Dei um beijo em sua testa e fui para o meu quarto.

Assim que abri a porta do quarto, me deparei com aquela

cena linda e sexy.

Fiquei feliz que a médica a tivesse liberado, podíamos

fazer amor, mas tinha que ser algo mais básico, sem muitas

aventuras, por enquanto.

Liz estava deitada na cama, já dormindo. Ela usava um

conjunto de lingerie vermelha, com alguns detalhes em tule e

um sutiã meia taça. Sua barriga tinha uma leve curva, que só a

deixava mais sexy.

Tirei meu sapato e enquanto caminhava em direção à cama.

Tirei meu blazer e o coloquei pendurado na poltrona, afrouxei


minha gravata até tirá-la. Desabotoei as mangas da minha

camiseta e por fim tirei o cinto da minha calça.

Me aproximei da cama com todo cuidado para não fazer

barulho. Observei seu lindo corpo, me ajoelhando na cama e

começando a dar leves beijos em um dos seus pés. Fui fazendo

uma trilha de beijos, passando pela sua perna até chegar entre

suas coxas, e ela gemeu.

Coloquei minha mão por baixo do algodão da sua linda

calcinha, e deslizei meus dedos naqueles lábios macios e sem


pelos. Sim, Liz estava do jeito que eu amava.

— Hmmm — ela gemeu mais uma vez. — Henry… — Ela

murmura o meu nome.

— Estava com saudades. — Tirei meus dedos dos seus

lábios e coloquei na minha boca. — Molhada — sussurrei.

— Estava te esperando — ela falou e se espreguiçou.

Eu a encarei e sorri, me sentindo o homem mais sortudo do

mundo por ela ter me escolhido, ou melhor, pelo destino ter nos

unido e ela não ter desistido de nós por momento algum.


Não falei nada, meus dedos voltaram a passear pela sua

intimidade. A cada toque minha Liz gemia, sabia que ela estava

mais sensível devido à gravidez.

A cada gemido seu, meu pau latejava mais e mais.

Encontrei o seu clitóris, e comecei a massageá-lo. Liz

segurou firme nos lençóis da cama, seu corpo acompanhou

meus movimentos. Percebi que o seu orgasmo estava bem perto

e eu parei, a encarando.

— Por favor — ela sussurrou.

— Por favor, o quê? — Gostava desses joguinhos.

— Vai me fazer implorar? — Sua voz era sexy, ela falava e


mordia os lábios inferiores, me deixando mais excitado. Apenas

concordei com a cabeça, e ela simplesmente se apoiou na cama


com um dos cotovelos. — Foi você que pediu.

Agora eu sei que a noite vai ser uma criança.

?Liz colocou dois dedos na boca, lambeu-os e os passou

em seu corpo. Ela os passou delicadamente na curvatura dos


seus seios, então ela lambeu os lábios e me olhou com a cara

mais safada do mundo.


Liz me levava aos céus e ao inferno ao mesmo tempo.

— Não. — Ela me parou quando tentei me aproximar. —

Tem que esperar que eu termine o show.

Seus dedos continuaram passeando pelo seu corpo. Ela foi


descendo bem devagar, até chegar na sua linda calcinha. Agora

ela se ajeitou na cama e se deitou mais para trás. Abriu suas


pernas outra vez e com uma das mãos, puxou sua calcinha para

o lado. Com a outra, ela começou a se masturbar.

— Liz… — Minha voz saiu entredentes.

— Vamos, Henry, tire a sua calça — ordenou e começou a

acelerar os movimentos. Fiquei de pé e tirei minha calça. Ela


sorriu quando abaixei minha boxer branca e meu pau pulou para

fora…
— Comece — pedi com a voz mais manhosa que tinha.

E o meu Henry começou a se masturbar enquanto me comia

com os olhos.

Acelerei meus movimentos, meu corpo começou a dar

espasmos, sabia que estava perto do meu orgasmo. Fechei meus


olhos, e antes que ele chegasse, senti Henry subir na cama.

Ele me puxou com uma certa delicadeza e me penetrou com

tudo.

— Ah! — gritei com o susto e com o prazer.

— Gostosa! — ele sussurrou em meu ouvido.

Henry distribuiu vários beijos nos meus ombros e pescoço,


até que chegou em meus lábios. Segurei seu rosto entre minhas

mãos, sua barba estava por fazer, o que particularmente eu

achava um charme.

Ele sorriu e acelerou os movimentos. Seu olhar era de

prazer, fechei meus olhos e saboreei o nosso momento.


— Liz… — Abri meus olhos e ele me encarou. Meu

orgasmo estava mais próximo que nunca. — Liz…

No quarto, ouvia-se apenas o barulho dos nossos corpos se

chocando.

— Cala a boca e me beija. — Não o deixei terminar a


frase, e o beijei.

E pareceu como a primeira vez que nos beijamos, seu beijo

era único, cheio de emoção, um beijo que renovava cada batida

do meu coração.

— Te amo — Henry gritou quando atingi o meu orgasmo e


segundos depois, ele gozou.

Nossa respiração continuava ofegante.

Ele se deitou na cama e me puxou para me deitar em seu

peito, me aninhando nele.

Henry me deu um beijo na testa e adormecemos.


Acordei com a claridade que vinha da janela do nosso

quarto.

Havia poucos dias que nos mudamos e hoje iríamos decorar

o quarto dos gêmeos e o da Bella, que era algo simples para

eles. Henry continuava dormindo, saí do seu abraço com

cuidado para não o acordar. Tomei um banho refrescante e

relaxante. Para a minha alegria, a primavera havia voltado.

Desci para tomar café, mas antes passei no quarto da Bella,

e ela continuava dormindo como Henry. Os dois tinham o

costume de dormir virados para o lado direito e com uma das

mãos embaixo do rosto, e o mais engraçado era que, quando

eles começavam a pegar no sono, eles tinham uns espasmos e

davam alguns pulinhos.

Dei um beijo nela e desci.

— San, Petter. — Eles estavam sentados à mesa. — Como

vocês estão? — Abracei-a.

E nada mudou, seu abraço era a coisa mais reconfortante

que existia nesse mundo.


— Estamos bem, minha menina — respondeu enquanto me

aninhava em seu abraço.

— Petter. — O abracei.

— Cadê o menino? — Sandra perguntou.

— Continua dormindo. — Sorri para mim mesma quando

me lembrei da noite passada. — Ele chegou tarde.

— A Sam veio buscar o Dante — Petter avisou. — E ela

estava acompanhada de um homem.

— Sabe quem é? — perguntei.

— Não faço ideia, nunca tinha o visto.

— Pelo menos o Hendrick não está aqui — Sandra rebateu.

— Pior de tudo é que ele ainda a ama, e muito. — Fiquei


triste em ver que o Hendrick foi usado, tudo devido ao pai dele.

Pensando bem, não deveria ficar julgando o Rodolfo. Talvez ele

realmente tivesse amado a Estela. — Mas logo ele encontra

alguém que realmente o ama.


— Mamãe. — Meu coração se encheu de alegria quando

ouviu a voz da minha pequena. Me virei e ela estava no colo da


Jess, que era a nova babá.

— Meu amor. — Jess a colocou em meu colo. — Está com

fome?

— Sí, telo mama — ela falou enquanto eu a enchia de


beijos.
— Vou preparar — Jess informou e foi preparar a

mamadeira.

— Dê o papai? — ela perguntou e fez um gesto com as

mãozinhas.

— O papai está…

— O papai está aqui, minha pipoquinha — Henry falou

assim que apareceu na entrada da cozinha.

— Papai. — Sim, a Bella trocava qualquer pessoa pelo

Henry, até eu que a carreguei por nove meses.

Nos últimos dias, nossas manhãs eram assim, tudo

tranquilo, os negócios estavam indo bem. Henry estava

derrubando os bordéis que o seu pai ainda mantinha. Sabia que

algumas delas estavam lá porque realmente precisavam, mas


outras ficavam por prazer, o que era meio estranho, apesar de

que acontecia.

— O que vamos fazer com essas mulheres que não tem

nada, nem um familiar? — Henry perguntou enquanto

estávamos no shopping comprando roupas para os gêmeos.


— Podemos abrir uma casa de abrigo e ajudá-las até que

consigam algum emprego.

— Liz, tem muitas mulheres que não sabem ler e escrever.

— Henry massageia as têmporas enquanto fala.

— Ensinaremos, então. Podemos contratar algumas

professoras para ensiná-las nem que seja o básico.

— Não é uma má ideia. Só precisamos de alguém para

cuidar de tudo isso.

— A Sandra e eu podemos fazer isso — falei enquanto

segurava um macacão cor-de-rosa para bebês nas mãos. —

Gosta desse?

— É lindo, mas ainda não escolhemos o nome deles.

— Pensei em Estela e Roman.

— Meu deus, Liz. — Ele fez uma careta.

— Eu gosto.

— Mas eu não. Sei que é o nome da minha mãe, mas não

quero — falou e rimos.

— Eu escolho o nome dela e você o dele, pode ser?


— Não, você escolheu o nome da Bella, e dessa vez vamos

escolher o nome dos dois juntos.

— Ísis e Antoni? — perguntei e ele fez mais uma careta.

— Eu gosto, mas quero nomes mais fortes.

— Mais forte que isso? — perguntei enquanto escolhia a

cor dos cobertores. — Azul, verde, amarelo, rosa ou branco?

— Amarelo e verde — falou e apontou para eles. —

Stefano.

— Esse é lindo.

— Mas não sei se gosto.

— Como não, “homi ”? — Fiquei perplexa. — O nome é

forte e lindo, e você vem com essa de não saber?

— Tá, então vai ser Stefano. Podemos o chamar de Tefo.

— Pronto, problema resolvido. — Peguei uma chupeta. —

Será que eles vão usar? —Ele encolheu os ombros.


— Estefane, o que você acha?

— Não, eu não gosto.

— Podemos a chamar de Tefé. — Comecei a rir.

— Ah, tá. Então fica Tefé e Tefo?

— Por que não? — Ele colocou as mãos no bolso da calça

jeans.

E por incrível que pareça, Henry estava de jeans e com

uma camiseta polo azul-marinho. Claro que ele estava um gato.

— Que tal Jessica? — sugeri.

— Não.

— Então decidimos o nome quando ela nascer, pode ser?

— Não, Liz, vai ser muito empenho.

— Tudo bem. — Continuamos a olhar mais algumas coisas.

— Precisamos comprar a tinta para os quartos deles.

— Branco com papel de parede?

— Pode ser. — Passei as mãos em minha barriga, que doía

um pouco, já não tinha espaço para eles. Na verdade, o espaço

estava limitado. — Donatella — falei.


— Eu gosto.

Depois de muito discutir, escolhemos os nomes dos

gêmeos: Donatella e Stefano.

— Henry… — gritei por ele. — Henry…

— O que aconteceu? — Ele subiu as escadas escorrendo,

ofegante.

— Está sangrando… — Minha voz saiu em um sussurro.

Mais um sangramento, minha gravidez começou a se

complicar após o meu sequestro.

Não negaria que havia ficado com um trauma. Havia dias

em que sonhava com o John e que ele estava matando a Bella,

Henry e os gêmeos. Sempre acordava ofegante e minha sorte

era que meu marido dormia como uma pedra.

Henry me pegou nos braços e desceu as escadas às pressas


para irmos direto ao hospital da máfia.
Ficaria alguns dias internada. Precisava ficar de repouso e

Henry sabia que se eu fosse para casa, isso não aconteceria,

então o médico decidiu me manter aqui.

O que mais me deixava chateada era não estar perto da


Bella. Sabia que o Henry iria trazê-la todos os dias, mas não

gostava que ela viesse ao hospital sem necessidade. Eu prezava

pela sua saúde.

**

Os dias estavam passando mais lentos do que o normal.

A maioria do tempo, passei internada, o que me deixava

mais estressada, pois queria ficar com os meus três filhos em


paz, mas não podia.

Bella já estava indo para creche. Ela ia acompanhada da


babá e de mais três seguranças, essa foi uma das condições que
Henry impôs.

“Assim ela vai se acostumando com a nossa vida”, esse foi


o seu argumento. Por um lado, ele estava certo.

Hoje completava seis meses de gravidez. Minha barriga

parecia que explodiria e meu coração também. Bella estava


cada dia mais esperta e Henry mais e mais amoroso e dedicado.

Hendrick ainda não voltou da sua viagem. A princípio, ele

estava se divertindo, o que era para ser um mês de férias


estava se tornando uma de quase quatro meses, mas Henry já
estava ficando incomodado, pois ele começou a ligar e pedir

dinheiro.

Guilherme estava de olho no Hendrick. Henry decidiu

contratar seus serviços depois que Hendrick começou a fazer


isso, e descobrimos que ele estava se drogando e saindo com

várias mulheres.

— Quero que você o traga ainda hoje.

Foi o que Henry ordenou ao Guilherme.

Rodolfo ainda não apareceu, apenas mandou um cartão


postal dizendo que estava bem e que em breve voltaria. Isso

deixou Henry muito incomodado. Ele falava que não se


importava, mas eu sabia que, no fundo, isso o estava

aborrecendo. Querendo ou não, era o seu pai.

Ana e Pedro voltaram da lua mel há alguns meses, apenas


me comuniquei com eles por telefone. Depois da morte do John,
eles decidiram morar com a Joana, e sim, esse era o motivo de
eu ter adiado a minha visita.

Sandra já estava recuperada quase por completo. Ela


ajudava a cuidar da Bella, pois tinha ciúmes da babá, e eu

esperava que isso não fosse nada de mais.

Depois que ela melhorou, Petter começou a trabalhar com o

Henry. Ele não era mais o motorista, agora era oCEO, cuidando
da parte da empresa que era apenas uma fachada.

Paola e Martin se separaram. Fiquei triste com a notícia,

mas ela me falou que os dois já não estavam dando certo. Ele só
continuou em Nova York pela Jenny, a quem eles registraram

como filha, e até então Samantha ainda não tinha ido atrás dos
pais adotivos da Jenny.

A única pessoa que mantinha contato com ela era a Sandra,


que tinha o coração de ouro. Agora Dante só vinha para cá nas

férias, pois ele também estava indo para a escolinha. Bella


matava a saudade dele por videochamada, os dois conversavam,
mas eu não entendia nada. Era até engraçado de ver.
Estava no escritório da minha casa. Meu pai desabafava e
me contava várias coisas. Eu, particularmente, estava um pouco

nervoso com tudo que ele estava falando. A Liz estava lá em

cima, e eu prefiria que ela não escutasse essa nossa conversa.

Aliás, era um assunto que ela não quis me contar. E a cada


palavra do meu pai, meu sangue fervia. Fiquei irritado com a

Liz, eu sabia que a sua gravidez era de risco e eu queria tentar

me controlar quando estivesse com ela, mesmo sabendo que


isso poderia ser bem difícil. Se tinha uma coisa que eu não

conseguia controlar quando estava com raiva eram as minhas

ações. Isso era um sinal de que o antigo Henry estava voltando,

o que não me alegrava nem um pouco.

A Bella continuava sendo muito novinha, precisava de


cuidados. Com a chegada dos gêmeos, o cuidado seria

triplicado. Teríamos três filhos para tomar conta, e isso

requereria tempo, cuidado e muita paciência. Eu já me

machuquei demais com palavras. Saí dos meus pensamentos e

voltei a escutar o meu pai.

— Depois do nosso casamento, eu a amei. Ela me ensinou a

me tornar um homem melhor. No começo, eu confesso que me

casei por puro interesse. Eu só queria assumir o cargo da máfia

italiana, não queria nenhuma mulher no meu pé. Mas depois que

passei a conhecer a sua mãe… — Ele parou e olhou para o

nada. — Ela foi me fazendo ficar apaixonado. Foi aí que

descobri o que era amor, ela me fez conhecer esse sentimento.


Fiquei muito triste com a partida dela. — Meu pai estava

sentado ao meu lado no escritório. À cada palavra dele, o meu

coração ardia. — Se antes eu me considerava um homem frio,

eu me tornei mais gélido ainda depois que ela faleceu, e agora


eu me sinto um lixo em saber que tudo isso foi minha culpa. —

Ele secou uma lágrima que ameaçava escorrer pelo seu rosto. —

Eu não sabia nem como olhar na cara de vocês, ou como

aconselhar você e o Hendrick.

— E como você me explica a porra daqueles bordéis? Isso

é se tornar um homem melhor? É assim que você a amava de

verdade? Não importa quanto tempo passe, pai. Se a gente ama

uma pessoa, nunca vamos fazer algo que a magoaria, se ela

estivesse viva. — Me levantei da poltrona e comecei a andar de

um lado para o outro. — O senhor deveria ter feito o contrário

de tudo que fez. Deveria ter se aproximado da gente e ter nos


ajudado a lidar melhor com a dor do luto. Isso, sim, faria com

que a mamãe se orgulhasse. Seria uma prova de amor. Os

bordéis não irão ocupar o vazio que ela deixou. ME FALA SE

VOCÊ IA GOSTAR DE VER A MAMÃE LÁ, OU ATÉ MESMO

A MINHA MULHER, OU ALGUÉM PRÓXIMO A VOCÊ? —

perguntei aos gritos. — VOCÊ IA GOSTAR DISSO? ME

RESPONDA, SEU MERDA!

— CALA A BOCA, HENRY! — gritou e me deu um soco

— Como ousa me desrespeitar dessa maneira e cuspir essas

palavras horríveis para mim? Só eu sei o quanto eu sofri


quando vi a sua mãe morta na nossa lua de mel. Foi um choque

para mim. Você tinha apenas 12 anos e o Hendrick menos ainda.

— Ele afundou o rosto nas mãos. — Vocês não entendiam nada


do que estava acontecendo. — Como eu não esperava por essa

reação, quase caí no chão com o soco que levei. — Olha o que

você me obrigou a fazer — falou, começando a andar de um

lado para o outro dentro do escritório.

— Quer mesmo falar de desrespeito, pai? — retruquei

entredentes. — Como quer que eu te respeite depois de tudo

que já aprontou desde que a mamãe se foi? RESPEITO É O

CARALHO0!

— O que está acontecendo aqui? — Hendrick entrou

eufórico e confuso no escritório. Eu sabia que ele voltava hoje

do Brasil, mas não me recordava do horário.

— Pai, o senhor está bem? — perguntou, indo até ele.

— Ah, ele está muito bem — cuspi as palavras. — Quem

não está bem sou eu, que acabei de levar um soco na cara.

— Henry, não queira comparar a sua força com a minha. A

diferença de idade é gritante — meu pai falou e massageou a

mão. — Você é novo e forte, eu não.


— O que aconteceu entre vocês dois? — Hendrick

perguntou. — Acabo de chegar de viagem e é assim que vocês

me recepcionam? — Ele me encarou. — Fui surpreendido com

gritos que dá para escutar lá de fora e me deparo com o meu pai

e meu irmão brigando dentro do escritório. Isso é uma

maravilha, não acham?

— Hendrick, já está bom. Pode parar de fazer drama!

Ninguém aqui se importa com isso. — Tentei não ser grosseiro

com ele. — Não está vendo que estou no meio de uma

discussão? Você quer mesmo dar continuidade a ela? —

questionei.

— E vocês não vão mesmo me contar o que está

acontecendo aqui? Que pouca vergonha é essa? — E como

sempre Hendrick era o apaziguador das brigas, aliás, das

minhas brigas.

— Vamos, papai! Conte tudo para ele. — Joguei tudo o que

tem na minha mesa no chão e ainda dei um soco na superfície.

— Pare com isso! — Hendrick tentou me controlar, mas a

raiva e o ódio só aumentavam dentro de mim.


— Fala logo, seu fodido. — Peguei a cadeira e lancei

contra a janela do escritório, quebrando a janela. Podia

enxergar com clareza os estilhaços do vidro indo direto para o

chão. Meu pai se assustou e arregalou os olhos.

— Henry! — Liz entrou desesperada no escritório. — O

que está acontecendo?

— Você sabia de tudo isso e não me contou nada. — A essa

altura, eu já estava ajoelhado no chão, chorando.

— Você sabe o porquê eu não te falei nada — ela falou,

caminhando em minha direção.

Eu estava me sentindo muito transtornado em saber que a

pessoa que eu amava me escondeu isso. A Liz errou, e errou

feio. Eu esperava isso de qualquer pessoa, menos dela. Nós

éramos casados, tínhamos filhos juntos e estávamos

reconstruindo nossa família, não dava para ter segredos na

nossa relação. Ela tinha que compartilhar tudo comigo,

absolutamente tudo.

— Porra, Liz! — Meu inconsciente gritou para mim. Dessa

vez, não dava para defendê-la. Ela me devia isso. Era pedir
demais? — Eu esperava mais de você, bem mais. — A encarei

enquanto cuspia as palavras.

— Henry, por favor — ela sussurrou.

Eu não queria conversar com ela sobre isso, mas já que ela

veio até aqui, nós teríamos que conversar. Ela não deveria ter

se metido nisso. Lamentei saber que a Liz iria se arrepender,

pois apareceu na hora errada e no lugar errado. Depois de tudo

o que meu pai falou, seria difícil eu olhar na sua cara, e ela não
sabia o quanto havia me magoado ao esconder isso de mim.
Estava no quarto do andar de cima com a Bella nos braços,

a balançando e tentando fazê-la dormir. Fazia pouco tempo que

havia chegado do hospital e ela não desgrudou de mim.

Esperava não voltar tão cedo para lá. Odiava hospitais, aquele
cheiro me incomodava e a comida era horrível.

Mas estava escutando alguns barulhos vindo do andar de

baixo, e isso me desconcentrou por inteira. Talvez o Henry

estivesse consertando algo, era até engraçado imaginar a cena


dele mexendo com marcenaria. Ele tinha me dito que ia resolver

algo. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas não deve ser

nada de mais e eu podia estar me preocupando à toa. Fazia

pouco tempo que ele havia descido.

Depois de algum tempinho balançando a Bella, eu a


coloquei deitada na minha cama e a ajeitei com alguns lençóis e

travesseiros, para que não caísse caso virasse para o lado.

Passei a mão em minha barriga, que já estava enorme e sorri,

me lembrando dos meus gêmeos. Estava tão ansiosa para vê-los.

Já conseguia imaginar o rostinho da Donatella e do Stefano.


Meu sorriso foi desfeito aos poucos quando escutei gritos. Não

poderia ser só algum conserto do Henry, devia ter mais alguma


coisa acontecendo lá embaixo.

Saí do quarto e fui até a porta. Reconheci outra voz, a do

Rodolfo. Merda! Henry devia estar muito, mas muito furioso

com ele. Fui até as escadas e, chegando no topo, vi o Hendrick

correndo para o escritório. Acabei me lembrando de que ele


estava para chegar de viagem hoje. Desci a longa escada com

dificuldade devido ao meu barrigão e andei rápido até o

escritório. Entrei de uma só vez.


— Henry — o chamei assim que passei pela porta do

escritório. Tinha vários estilhaços de vidro no chão, estava uma

bagunça. — O que está acontecendo?

— Você sabia de tudo isso e não me contou nada. — Ele se

ajoelhou no chão e começou a chorar. Eu senti um nó enorme na

minha garganta ao vê-lo assim.

— Eu não queria me envolver nisso. — Respirei fundo. —


Eu juro que não te contei porque sabia que você ia ficar mal. Eu

não queria que as coisas desandassem entre a gente.

— Como é? Você ouviu o que acabou de dizer? — retrucou,

se levantando do chão. — Tem noção da merda que está

dizendo? — Ele colocou as duas mãos na cabeça e caminhou em


minha direção. Caralho, o antigo Henry voltou. — Foi muito

pior saber isso por esse fodido. — Eu conseguia ver o fogo em

seus olhos. — Muito pior, Liz! — gritou e deu um soco na

mesa. — Você deveria ter me dito assim que soube. Você é

minha mulher e me traiu, porra! — gritou, apontando o dedo na

minha cara, e eu senti os meus olhos marejarem em uma fração

de segundos. — Ainda acha que fez certo, senhora McNight? —

Ouvi o deboche em suas palavras.


— Para com isso, Henry. — Hendrick entrou no meio de

nós dois para apartar a briga e por consequência, abaixou o

dedo do Henry, que estava espumando de raiva. — Vocês não


vão me falar o que a Liz sabia e que o Henry não podia saber?

Estou sem entender nada nessa história. — Henry continuou me

encarando. — Quem vai se prontificar para falar? — Por fim,

ele apontou o dedo em direção ao Rodolfo, que parecia estar

vendo uma assombração. Claro, o Henry se transformava em um

animal selvagem quando ficava bravo. Nunca tinha presenciado

ele com raiva, pelo menos não ao extremo.

— Pergunta para aquele fodido!

Henry saiu do escritório e bateu a porta com tudo. O

impacto foi tão forte que, por um segundo, eu pensei que a

porta quebraria. Fiquei sem saber o que fazer, e caí aos prantos,

começando a chorar desenfreadamente ao me ajoelhar no chão.

Hendrick me abraçou, tentando me consolar.

— Liz, me desculpa por você presenciar todo esse dissabor,

mas saiba que o culpado disso tudo foi o seu marido. — Não sei

se ria ou se chorava com ele colocando a culpa apenas no

Henry. — O escândalo foi inteiramente armado pelo Henry.


Você o conhece como ninguém, então nem preciso te dizer do

que ele seria capaz de fazer.

— Tudo bem, Rodolfo. Eu entendo o temperamento dele, e

espero que isso possa se resolver em breve. — Ele saiu do

escritório.

— Pai. Pai. — Hendrick caminhou até a porta, mas ele o

ignora. — Aonde vai? Diga o que está acontecendo. — Mas foi

em vão.

Hendrick voltou para o escritório e nós começamos a

arrumar a bagunça que o Henry fez. Era complicado esse jeito

dele de sempre explodir e não querer ouvir ninguém. Quando

estava com raiva, o Henry sempre queria fazer tudo do jeito

dele. Se não fosse feito do seu jeito, era motivo de brigar com

todo mundo. Ninguém conseguia controlar os seus surtos de

raiva. Eu preferia me afastar um pouco nesses momentos,


porque poderia sobrar para mim, aliás, já sobrou.

Eu estava grávida e não podia ter muito estresse, então

tudo que eu pudesse evitar, teria que evitar. Enquanto Henry

não estivesse tranquilo para que nós dois tenhamos uma

conversa civilizada e resolver o nosso problema em um diálogo,


eu preferia manter distância, por mais que isso me doesse.

Preferia simplesmente dar o tempo dele e não me meter nesses

surtos. E depois ele ainda falava que não era bipolar.

Tinha mais com o que me preocupar. A minha Pipoca e os

meus gêmeos precisavam de mim. Se o Henry perdesse a cabeça

nesses momentos, eu teria que ser a pessoa oposta, aquela que

tentava tranquilizar as coisas e manter a calma. Não sabia se

iria conseguir, mas tentaria. Enxuguei as minhas lágrimas e me

sentei na cadeira.

— Vou pegar água para você — Hendrick falou e saiu. Em

alguns segundos, voltou com um copo d’água e eu agradeci,

bebendo tudo em seguida. Ele se sentou ao meu lado e tocou no

meu ombro. Eu abaixei a cabeça e passei a mão em meus

cabelos.

— Vai ficar tudo bem — ele tentou me tranquilizar.

— Assim espero — respondi em um sussurro.

— Volte para o seu quarto, tente descansar um pouco.

— Tudo bem. Obrigada, Hendrick. — Ele me abraçou outra

vez, e quando saí de seu abraço, fui para o meu quarto.


Observei que a Bella estava dormindo do mesmo jeitinho

em que a deixei. Me deitei ao lado dela e passei a mão em seus

cabelos. Antes de entrar, pude escutar o Henry murmurando e

falando sozinho no quarto ao lado. Fechei os meus olhos e

tentei dormir um pouco, estava cansada e triste.


Subo as escadas correndo.

— Menino. — Sandra estava no topo da escada. — Henry.

— Ela me chamou, mas a ignorei, não queria falar com


ninguém. Entrei no quarto ao lado do nosso e bati a porta com

tudo. Andei de um lado para o outro, tentando digerir cada

palavra que o meu pai disse, e gritei para ver se conseguiria

aliviar a raiva.
A única coisa que conseguia pensar era que eu que deveria

ter matado o John. Ele merecia ter sofrido, assim como eu

estava sofrendo. Ele tinha que ter morrido do mesmo jeito que a

minha mãe morreu, ou até pior.

E eu sempre confiei naquele merda e ,a Joana, não


conseguia acreditar que ela foi capaz de tudo isso, de encobrir

cada passo dele. Mas isso não ficaria assim, tinha certeza de

que ela se vingaria. Claro que estaria preparado, esperando por

isso.

— Droga! Droga! Droga! — A cada palavra eu dava um


soco na parede, o sangue começou a escorrer pelas minhas

mãos, mas não senti dor alguma.

Depois de algum tempo, ouvi a Liz entrando no nosso

quarto.

Me controlei para não ir conversar, ou melhor, discutir com

ela. Não sabia exatamente o que estava sentindo por ela neste

momento, não sabia se era ódio, raiva, compreensão, ou sei lá.


Estava tentando entender o lado dela, mas essa revelação

despertou o pior de mim.


— Precisa controlar Henry — disse para mim mesmo. —

Você consegue. Você a ama.

Decidi tomar um banho para esfriar a cabeça.

Tirei minha roupa e a joguei no chão do quarto. Caminhei

até o banheiro, liguei o chuveiro, deixei a água bem fria e

entrei. A água começou escorrer pelo meu corpo, só aí eu

comecei a sentir a minha mão arder.

Depois de um longo banho, fui até o banheiro principal da

casa e procurei pelo kit de primeiros socorros, limpei minha

mão e a enfaixei.

Desci até a adega e peguei uma garrafa de uísque e um

copo. Melhor pegar duas garrafas de uísque, talvez uma só me

derrubasse.

Voltei para o quarto e comecei a beber.

Acordei com a claridade que vinha da janela. Minha cabeça

estava doendo, eu não deveria ter secado as duas garrafas.


Tomei um banho gelado e demorado, troquei o curativo da

minha mão e desce para tomar café.

— Bom dia, menino. — Sandra falou assim que entrei na

cozinha.

— Bom dia. — Olhei para o lado e Liz estava sentada com

a Bella no colo.

— Papai — Bella me chamou assim que me vê.

— Meu amor — falei e a peguei do colo da Liz.

— Está bem, menina? — Sandra perguntou quando a Liz

fez uma cara de vômito.

— Sim, só senti enjoo com esse cheiro de álcool. — Ela me

encara. — Andou bebendo outra vez?

— Como você está, meu amor? Já tomou o seu mama? —

perguntei, ignorando a pergunta da Liz.

As semanas passaram, Liz tentou falar comigo, mas eu a

ignorei. Não queria ser explosivo e me arrepender depois,


zelava pela vida dos meus filhos.

Claro que não deixei de ver minha Pipoca, ela estava

dormindo no mesmo quarto que a Liz, e fiz questão de passar lá

toda noite para lhe dar um beijo antes de dormir. Meu coração

se apertou quando a Bella tentou falar o nome da Donatella e


saiu “Tella”. Me controlei para não passar a mão no barrigão da

Liz.

Não era fácil ficar longe da minha mulher, não poder sentir

seu cheiro, toque e muito menos abraçá-la.

A minha sorte era que Sandra e Petter me contavam como

eles estavam, se Liz estava bem, como estava sendo suas

consultas e tudo mais.

Mas tudo isso ficou mais fácil depois que decidi passar a

maioria do tempo na sede da máfia ou na outra casa que

tínhamos. Levei todas as minhas coisas para o quarto do lado.

Agora comecei a ignorar o Hendrick, mas antes disso

contei tudo o que tinha acontecido, e que se não fosse por causa

dessa porra de máfia, era para nossa mãe estar aqui.


Toda vez que me lembrava dessa situação, meus olhos se

enchiam de lágrimas e meu coração se apertava. Apenas sentia

vontade de socar a cara do fodido do Rodolfo. Falando nele, o

bonito sumiu depois daquele show que dei.

Hendrick estava melhor que eu. Sabia que ele também

amava nossa mãe, ele dizia que não tínhamos o que fazer, pois

isso já havia acontecido, que não tinha como voltar para o

passado e consertar tudo. Eu tinha que apenas perdoar nosso pai

e, claro, a Liz.

O argumento dele era que ela havia passado por muita

coisa quando foi sequestrada, e eu tinha que entender o lado

dela.

Eu iria perdoá-la, mas só quando estivesse bem perto do

nascimento dos nossos filhos. Queriao que ela aprendesse a

nunca mais fazer isso comigo e ser transparente.


Estava tentando ser indiferente com o Henry, mas não
estava sendo fácil. Sua frieza me magoava e muito.

— Liz, que horas a sua consulta?— Hendrick perguntou


assim que nos sentamos no banco do parque em que a Bella

estava brincando.

Henry contou tudo para o Hendrick e depois começou a

ignorá-lo, assim como estava fazendo comigo.

— É às 8h. — Agora era ele quem estava me


acompanhando nas consultas, Henry nem perguntava como eu e

as crianças estávamos.

Pelo menos ele ainda passava no nosso quarto toda noite

para ver com a Bella estava.

Como sempre o Hendrick era um cavalheiro, não sabia

como a Samantha teve a capacidade de enganá-lo.

— Ele continua te ignorando?


— Você não imagina como. — Respirei fundo e tentei não

me deixar abalar.

— Sério, eu não faço ideia do que o meu irmão tem na

cabeça. — Ele estava fazendo um desenho na areia com um

graveto que segurava nas mãos. — Eu sei que o nosso pai errou
e errou feio, mas isso não vai trazer a nossa mãe de volta. No

começo, eu também culpei o nosso pai pela morte da nossa mãe.

— Ele largou o graveto e encarou o desenho que acabou de

fazer. — E não adianta ele ficar desse jeito, pode acontecer

alguma coisa com o nosso pai e ele se arrepender por estar


gélido dessa maneira.

— O que é isso? — perguntei.

— Um desenho. — Ele encarou o seu próprio desenho no

chão. — Acho que um unicórnio. — Ele riu.

— Parece haver alguns riscos, não se parece com nenhum

animal, muito menos com unicórnio — falei e caímos na

gargalhada. — Aí — reclamei, sentindo uma pontada forte na


barriga quando os gêmeos resolveram se mexer.

— Você está bem? — Hendrick parecia preocupado.


— Sim, acho que aqui está muito apertado para os dois. —

Comecei a me mexer de um lado para o outro para ver se eles

sossegarim.

— Vamos para casa — Hendrick falou assim que eu me

levantei. — Vem com o zio, Bella. — E ela veio sem reclamar.

Caminhamos de volta para casa, andar estava me ajudando,

mas era cansativo.

As semanas estavam voando. Daqui uns dias, completava

nove meses, e já havia quase 3 meses que o Henry não dirigia a

palavra a mim. Estava até pensando em me mudar. Sim, pedi

para o Hendrick comprar uma casa para mim, e antes dos


gêmeos nascerem, eu me mudaria.

— Tem certeza do que está me pedindo? — Hendrick

estava receoso em me ajudar.

Estávamos sentados na sala, assistindo ao filme.


— Sim, é o melhor a se fazer. Já estou de saco cheio das

atitudes do seu irmão.

— Menina. — Sandra me encarou. Sabia que eles ficariam

surpresos com a minha atitude.

— Olha, Liz…

— Hendrick, se você não quer ficar em maus lençóis com o


seu irmão, pode deixar que eu peço ajuda para o Bruno.

— O Bruno? — Ele ficou surpreso.

— Sim. O Bruno. — Fazia tempo que não falava com ele,

mas ele continuava sendo o meu advogado.

— Faz assim, eu te ajudo a procurar o lugar, aí o Bruno faz

os trâmites, pode ser?

— É claro que pode. — Joguei um beijo para ele de longe.

Depois de uma semana procurando a casa, enfim a

encontramos. A minha sorte foi que não precisava reformar

nada nela, era perfeita com seis quartos e alguns banheiros. A


cozinha era enorme e a sala de jantar e a de estar mais ainda.

Tinha um jardim amplo na parte de trás, a Bella iria amar ter

todo esse espaço para ela.

Há dois dias, uma empresa foi montar os móveis, até no

quarto dos gêmeos.

— Essa é a última, menina — Sandra falou quando

terminou de fechar a última caixa. Estava levando apenas as

minhas roupas e as da Bella, assim como os seus brinquedos.

Não levaria nada que não fosse meu, ainda que fôssemos

casados, ou pelo menos eu achava que éramos.

Se eu estava sendo infantil? Talvez, mas ele merecia esse

gelo.

— Perfeito — falei e senti uma pontada no peito em deixar

o Henry mais uma vez.

— Tem certeza? — Petter perguntou.

— Tenho. — Segurei na mão da Bella e caminhamos para

fora do meu antigo quarto.

Assim que chegamos na porta principal da casa, vi um

carro preto passando pela entrada.


Merda, esperava que não fosse ele.

“Que não seja ele.”

“Que não seja ele.”

“Que não seja ele.”

Essa era a única coisa em que conseguia pensar.

Meu coração quase pulou para fora da boca quando o vidro

começou a baixar aos poucos.


Senti um alívio tão, mas tão grande quando percebi que ele

não estava no carro.

— Bom dia, senhora McNight. — Para minha sorte, era o

Fred. Ufa!

— Bom dia, Fred. — Tentei manter a minha voz firme.

— Vim buscar a mala de viagem do senhor McNight. —

Fred se direcionou para o Petter.


— Viagem? — repeti e olhei para o Petter.

— Vou buscar a sua mala. — Petter entrou em casa outra

vez e não me olhou.

— Vamos, San. — Caminhamos em direção ao meu carro.

Nos acomodamos no veículo e, segundos depois, Petter


apareceu, deixando a mala no banco ao lado do motorista ao vir

para o meu carro.

Ele se acomodou no lugar do motorista e olhou pelo

retrovisor.

— É uma viagem de emergência. — Ele sorriu para quebrar

o gelo, mas foi em vão, estava muito chateada com o Henry.

Não falei nada, apenas concordei com a cabeça e lancei um

sorriso amarelo.

Então ele ligou o carro e deu partida, assim seguimos para

minha nova casa.


Há três dias, estávamos na minha nova casa. Henry ainda

não sabia da minha mudança, e já ficava nervosa só de pensar

no que ele faria quando soubesse. Minha casa não ficava tão

distante do centro da cidade.

Estávamos no quintal, o dia estava ensolarado, bem do

jeito que eu gostava. Bela estava brincando na sua piscina com

Sandra. Estou sentada em uma cadeira, aproveitando para ler

um livro chamado “Meu Vizinho Ao lado”. A todo momento

tomava água e ia ao banheiro. Não via a hora dos meus bebês

nascerem.

Ouvi a campainha tocando e tive certeza de que era o

Hendrick. Desta vez, contratei uma segunda governanta para

ajudar, pois, na verdade, a Sandra só me ajudava com a Bella, e

Joy cuidava da casa.

— Oi, Liz. — Ouvi a voz do Hendrick.

— Oi, como você está? — perguntei assim que ele me deu

um beijo na testa.

— Bem e tenho novidades — declarou, sorrindo.


— Nossa, viu o passarinho verde? — perguntei enquanto

ele se sentava na cadeira ao meu lado.

— Foi bem mais que isso. — Ele parecia estar eufórico. —

Hoje eu vou sair com a Paola e a Jenny.

— Sério?

— Siiiiiiim. — Ele estava mesmo animado e ansioso.

— Eu ouvi direito? — Sandra perguntou enquanto se

aproximava de nós.

— Você ouviu, sim, San — afirmou e deu um pulo da

cadeira, correndo para abraçá-la. Ele não fez só isso como

também a pegou no colo e saiu rodando com ela pelo quintal.

— Calma, meu filho — ela exclamou entre um riso e outro.

Sim, vê-lo feliz era ótimo. Hendrick merecia alguém que o

amava, e tinha certeza de que Paola conseguiria fazê-lo feliz.

— E tenho más notícias — ele falou assim que soltou a

San.

— Merda — falei.
— Sim, Henry volta em um ou dois dias. — Ele respirou

fundo. — Tenho certeza de que ele vem direto para cá.

— Ele já sabe que nós mudamos?

— Não sei. Ele ainda me ignora. — Hendrick encolheu os

ombros.

— Apesar de que todos os dias ele liga para a San e

pergunta como estamos.

— Só isso?— Ele fica surpreso.

— Ele não pergunta nada além disso. — Rimos.

— Como sempre, Liz sendo Liz — ele debochou.

— Mas mudando de assunto, você consegue alguns

seguranças?! — Ri, sem esperança.

— Até conseguiria, mas ele é o chefe, ou seja, eles iriam

deixá-lo entrar de um jeito ou de outro.

— Que porra. — Joguei o meu livro em cima da cama.

— Não tem muito o que fazer — Sandra declarou.

— Eu sei, só não quero me estressar. — Passei a mão na

minha barriga, já imaginando o caos que o Henry iria causar.


— Tenta ficar tranquila. — Hendrick tentou me consolar.

— Sempre estarei aqui.

Ficamos a tarde toda no quintal, foi relaxante nas horas em

que eu não pensava no Henry. Hendrick nos acompanhou no

jantar. Bella mal conseguiu comer e pegou no sono. Tentei

dormir a noite toda, mas foi impossível. Eu sabia que uma hora

ou outra Henry voltaria e bateria na minha porta, ou melhor,

iria quebrá-la.

Acordei pela manhã e estava tudo calmo, até estranho.


Tomei um banho e fiz minhas higienes pessoais antes de descer.

Assim que cheguei no último degrau, ouvi a risada da

Bella. Senti arrepios por todo o meu corpo, pois, apesar dela ter

dormido com Sandra essa noite, eu estava ouvindo a voz do

Henry.

— Porra, Liz! — meu inconsciente gritou.

Respirei fundo e entrei na cozinha.


— Bom dia, San — falei e dei um beijo na sua bochecha.

— Mamãe — Bella me chamou assim que me viu, e ela

estava sentada no colo do Henry.

Merda, mil vezes merda!

— Oim meu amor. — Me aproximei deles e peguei a Bella

nos meus braços com uma certa dificuldade.

Me sentei ao lado oposto da mesa e Sandra apenas nos


observou. Sabia que Henry me encarava, mas o ignorei. Não era

ele quem gostava desse joguinho?! Então iríamos jogar.

Tomamos nosso café em silêncio, a não ser por Bella que a

cada cinco minutos, queria ficar com Henry e comigo.

— Vamos com o papai? — Henry perguntou para a nossa


filha, que apenas sorriu para ele. — Sandra, pode desfazer a

minha mala, amanhã eu peço para alguém buscar o restante.

Quando ele terminou essa frase, comecei a tossir


desenfreadamente, me engasgando com o café.

— Menina, menina. — Sandra ficou apavorada.

— Estou… — Tossi mais um pouco. — Estou bem. —

Respirei fundo e tentei me recompor.


Henry apenas me encarou. Assim que me recompus, ele
subiu as escadas com a Bella.

— O que deu nele? — perguntei depois de um tempo que


ele saiu da cozinha.

— Eu não sei, menina — Sandra cochichou. — Quando

desci para preparar o café, ele já estava aqui, sentado e lendo o


jornal.

— Ele não perguntou nada?

— Não, apenas falou que a casa é linda e ele já não queria


morar na antiga, devido aos acontecimentos.

Fiquei em choque, Hendrick disse que ele estava furioso,


ou seja, eu esperava por um Henry enfurecido, igual ou pior da

outra vez, no dia em que seu pai contou toda a verdade.

— Em qual quarto ele vai ficar? — perguntei.

— No que fica ao lado do seu.

— O quê?

— Ele não quis outro quarto devido aos gêmeos, ele tem
medo de que você passe mal e ninguém ouça — San falou e deu

de ombros.
Nadei, nadei e voltei para o mesmo lugar. Saí de uma casa
por não querer ficar na situação em que estava, e o que me

aconteceu?! Henry querendo jogar e sendo orgulhoso.

Se eu dissesse que as coisas mudaram por aqui, eu estaria

mentindo. Estava tudo igual, só mudava uma coisa: a casa.

Henry continuava saindo cedo e voltando bem tarde. Havia

dias em que ouvia ele chegar e sair, pois ele passava no meu
quarto para dar um beijo na Bella, tanto de dia quanto à noite,
em momentos que estava tão cansada que nem via nada.

Passei o dia todo com dor, esperava que dessa vez eu


pudesse ter o parto normal em vez da cesárea.

Não contei para ninguém a respeito das minhas dores. Já


era noite, tomei um banho quente que ajudou a melhorar as

minhas cólicas, que já estavam evoluindo para uma contração.


Depois disso, voltei a deitar na cama com a Bella. Resolvi

deixá-la dormir comigo até os gêmeos nascerem, depois cada


um iria dormir em seu quarto.

Acordei no meio da noite com muita, mas muita dor. Me

sentei na cama e respirei fundo. Ufa! A dor foi embora.


Tenteo dormir sentada, mas quando estava pegando no

sono, mais uma contração.

— Droga! — Respirei fundo mais uma vez.

Decidi descer e tomar um copo de água.

Desci as escadas com uma certa dificuldade, e quando


cheguei no último degrau, mais uma contração.

Agora elas estavam ficando mais fortes.

Fui até a cozinha, tomei água, e mais uma contração


chegou.

Só que essa veio mais forte. Me recompus quando ela


passou e voltei para o meu quarto.

Me deitei do lado da Bella e comecei a fazer carícias em

seu cabelo que está cada vez maior. Minha menina estava
crescendo muito rápido.
Já havia algumas horas que estava deitada tentando dormir,

mas essa dorzinha chata não deixava.

Fiz as contas e as contrações estavam vindo em um

intervalo de dez minutos. Eu iria esperar mais um pouco antes

de ir ao hospital, sabia que lá teria que ficar andando de um


lado para outro. Decidi tomar mais um banho quente.

— Ah! Que alívio! — Era reconfortante.


Saí do banho um pouco mais aliviada, eu queria mesmo era

ficar o tempo todo no banho, na verdade, na água quente.

A noite foi longa, passei a maioria do tempo acordada.

Ouvi a Sandra descendo as escadas para preparar o café, pois

sempre preparava tudo para depois me chamar, caso eu perdesse


a hora. Sempre gostei de acordar cedo.

Agora o intervalo das contrações era de cinco minutos.

Iria deixá-las me vencer. A dor estava quase insuportável,

sentia as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Teria que ceder e


chamar o Henry, e esperava que ele ainda estivesse em casa.

Ameacei a me levantar da cama e bingo! A bolsa estourou.

— Henry, Henry. — Fiz uma pausa. — Henry, Henry.

Acabei acordando a Bella.

— Mamãe. — Ela sorriu assim que me viu.

— Oi, meu amor. — Ela se arrasta em minha direção.

— Num chola — falou e abraçou o meu braço.


— A mamãe não está chorando. — Ela sorriu mais uma

vez. E então chamo por ele. — Henry, Henry.

— Papai, papai. — Ela acha graça.

Segundos depois Henry apareceu na porta do meu quarto

todo eufórico, com o cabelo bagunçado e apenas de cueca, se

fosse em outra ocasião, eu até acharia sexy.

— O que está acontecendo? — ele perguntou assim que

nossos olhares se encontraram.

— A bolsa estourou — falei e mais uma contração chegou.

— Porra. — Ele ficou sem reação.

— Agora não é hora de showzinho, Henry. — Ele saiu do

seu transe. — Chama a Sandra, ela precisa ficar com a Bella. —

Minha voz saiu em um sussurro.

Segundos depois, ele voltou com a Sandra.

— Henry, no closet tem a bolsa dos gêmeos e uma da Liz.

— Ela o direcionou enquanto pegava a Bella no colo.

— Qual o intervalo?

— A cada cinco minutos, Sandra. Aiii — resmunguei.


— Liz, respira fundo — Sandra pediu. — O Petter já ligou

o carro, logo ele sobe para pegar as bolsas.

— Droga! Mais uma contração.

— Anda logo, Henry — Sandra disse.

Henry pegou as coisas e as entregou assim que o Petter

apareceu na porta.

— Consegue descer as escadas? —ele me perguntou.

— Acho que sim. Só pega o meu robe antes. — Ele me

alcançou o meu robe de plush branco. Ainda bem que continua

cedo, pois se fosse de dia iria me torrar com o calor que estava

fazendo nos últimos dias.

— Vou te levar no colo. — Apenas o encarei. — O que foi?

— Pode trocar de roupa antes? — Ele parou e olhou para

si, só aí ele percebeu que estava apenas de cueca boxer. Ainda

bem que Sandra o considerava como filho.

Algum tempo depois, ele entrou no quarto usando um

conjunto de moletom cinza e um tênis para corrida.

Ele deu um beijo na testa da Bella e da Sandra, e me pegou

nos seus braços.


O jeito como ele me pegou em seus braços e o seu perfume

tomou conta do “meu espaço”. Me lembrei da vez em que fiquei

doente e não quis ir ao médico, logo depois de toda aquela

perseguição que houve e que isso foi um dos motivos da sua

distância. Ele queria a todo custo se afastar e olha aonde

chegamos: com 3 lindos filhos. E eu, com um homem bem

bipolar.

— O que foi?

— Nada. — Ele franziu o cenho.

— Por que está rindo? — Agora, ele me acomodou no

carro. — Ai — ele resmungou quando apertei o seu braço.

— Desculpa, uma contração. — Ele riu. — Vamos logo —

pedi. Ele se acomodou ao meu lado, e Petter acelerou.

Chegamos ao hospital há alguns minutos e já pedi para o

Henry não entrar gritando, como da última vez.

Ele fez cara feia, mas aceitou.


— Não é porque você é o Capo da máfia que tem que ter

prioridade em tudo. — Ele bufou.

— Vamos fazer um ultrassom para ver como eles estão —

A enfermeira falou, me trazendo a cadeira de rodas. Me sentei

na cadeira de rodas e a enfermeira me levou para sala do

exame. — Eles estão bem, mas vamos interná-la.

A enfermeira me deixou no quarto com o Henry e saiu.

As dores começam a ficar mais fortes e eu não me

aguentei. As lágrimas começaram a escorrer.

— Já tem mais de dez minutos que estamos no quarto e

ninguém veio te ver. — E como sempre, Henry estava mais

eufórico do que eu.

— Calma. Estamos bem. — Não fazia nem cinco minutos

que a enfermeira veio me ver. — A enfermeira acabou de sair

daqui. Ai — reclamei quando uma contração chegou, só que


com mais força.

— Oi, mãezinha. Como você está? — a médica pergunou

quando entrou no quarto.


— Bem. — E me retorci quando mais uma concentração

pareceu.

— É forte. — Ela riu. — Os exames estão todos perfeitos.

Qual o intervalo das contrações? — perguntou para enfermeira


que entrou em seguida.

— A cada cinco minutos. Não tem dilatação o suficiente,

mas a bolsa rompeu há quase uma hora.

— Ah, não. Cesárea, não.

— Liz — Henry me repreendeu.

— Vou te dar o prazo de uma hora. Ande pelo quarto,

corredor. Se eu voltar e não tiver evoluído na dilatação, vamos


fazer cesárea.

— Tudo bem — concordei, e elas deixaram o quarto.

— Ela só está fazendo o seu trabalho. — Dessa vez, foi ele


quem me falou isso, pois na primeira vez, fuieu quem o adverti
com essa frase. — Viu como eu lembro das coisas?! — Ele riu e

se aproximou de mim. — Vamos, se apoie em mim.

— Que autoritário. — Nesse momento, veio uma dor forte

e me agarrei em seu braço. — Merda! — exclamei quando a dor


passou.

Quase duas horas depois que cheguei aqui, ainda estava

andando de um lado para outro, com Henry sempre me


abraçando e me beijando quando via que a dor era intensa.
Ninguém diria que algumas horas atrás, ele apenas me ignorava.

— Acho que vai ser cesárea — disse quando percebo que


meus esforços não adiantaram.

— Tem certeza? — Henry arqueou uma das sobrancelhas


enquanto perguntava.

— Acho que não estou evoluindo em nada — reclamei.

Fui para o banho e a água quente me aliviou, Henry sempre


ao meu lado.

— Como está, mamãe? — a médica perguntou assim que


entrei no quarto.

— Com muita dor — falei, quase sem forças.

— Você já perdeu muito líquido, teremos que fazer uma


cesárea — ela declarou, toda calma. — Se a sua bolsa não

tivesse rompida, você poderia ficar até três dias em trabalho de


parto. — Eu apenas concordei. — Vamos preparar a sala.
— Vai dar tudo certo, ragazza — Henry afirmou e me
abraçou. — Você é a mulher mais forte que já conheci.

Era por isso que me apaixonava por esse homem todos os


dias.

Algum tempo depois, os enfermeiros me levaram para a


sala de parto e Henry foi com eles à outra sala para se trocar. A

equipe médica se apresentou, em seguida aplicaram anestesia


em mim. O pior de tudo era sentir a agulha acompanhada de
uma contração.

Minutos depois, Henry entrou na sala e segurou minhas


mãos ao se sentar ao meu lado. A médica pergunto se eu queria

ver meus pequenos. Claro que eu queria. Ela achava que eu ia


passar por toda essa dor e não ia vê-los? Até parecia que estava

vivendo um déjà-vu.

Eles ergueram um pano e começaram a cirurgia, apenas

senti que estavam mexendo comigo, mas não tive dor alguma.

— Mãe, vai nascer — a médica avisou. Eu e Henry já


estávamos ansiosos, as lágrimas já escorriam pelos nossos

rostos.
Quando o pano se abaixou, pareceu que o mundo parou e

que nele só existia eu e o Stefano, meu filho. Comecei a chorar


igual a uma criança, e em seguida, ouvi o choro da Donatella. O

meu coração se encheu de um amor, um que era inexplicável,


não era igual ao que eu sentia pela Bella, mas sabia que não

havia diferença entre eles. A única coisa que eu tinha certeza


era de que eu sempre iria cuidar deles, até o meu último
suspiro.

— É o Stefano? — a médica perguntou.

— Sim. — A voz do Henry saiu em um fio.

— Vamos, Stefano, chora — a médica falou em seguida e


começou a chorar. Em compensação, a Donatella não calou a
boca.

Nunca imaginei que eu fosse achar um choro de bebê tão


lindo.

Eles enrolaram a Donatella no pano e a aproximaram do


meu rosto. Dou um beijo em sua bochecha, e só aí me lembrei

do Henry, quando ele também a beijou. Em seguida, veio o


Stefano e também o beijei. Eles estavam sujos de sangue, mas

isso era o que menos importava.


Tive que fazer uma viagem de emergência, Guilherme me

ligou dizendo que Ketlin recebeu uma mensagem da Kevlin, e


que ela precisava me ver. Ela passaria pela Itália, e esse seria o

momento para conversarmos. Fui às pressas para Itália, não

contei nada para ninguém, não queria preocupá-los, ainda mais


que Liz estava prestes a dar à luz.

Só de pensar nela, meu corpo todo estremecia. Já havia

mais de dois meses que a estava ignorando. Não sabia como eu


conseguia fazer isso. Me machucava e muito, mas precisava ser

firme e forte.

Pedi para o Fred buscar minha mala reserva.

Algum tempo depois, ele entrou na minha sala.

— Está tudo pronto senhor. — Apenas concordei com a


cabeça.

— O que foi? — Fred me encarava.

— Somente o senhor que vai viajar? — Fred gaguejou

enquanto perguntava. Até senti vontade de rir quando ele veio

falar comigo. Ainda não houve uma vez em que ele não tenha

gaguejado ou se atrapalhado.

— Não, o Guilherme vai comigo. — O encarei. — Por quê?

— Por nada.

Não insisti e fui direto para o terraço, onde o helicóptero

já me esperava.
Há algum tempo que cheguei na Itália. Como eu estava

com saudades do meu país. Estava exausto. Como eu ficaria no

centro da cidade, ecidi ficar em um hotel. Ninguém além de

Fred sabia que vim para cá.

Apenas falei que iria tratar de negócios, o assunto

“Kevlin” preferi manter em segredo. Pelo menos, até os gêmeos

nascerem.

Assim que cheguei no hotel, tomei um banho demorado.

Depois que me seco, decidi ligar para Sandra, precisava de

notícias da minha família.

— Alô.

— Sandra.

— Menino, como você está?

— Com saudades.

— Mas já? — Ela riu.


— Sabe que já faz um tempo desde a última vez que viajei

sem vocês.

— Sei, sim.

— Como a minha menina está?

— Ela está bem, correndo pela casa toda. Bella, papai. —

Ouvi Sandra a chamando. — Ih, menino, ela não quer falar com
você. — Sandra riu e escutei a Bella reclamando de algo. —

Disse que está ocupada. — Minha filha estava crescendo rápido

demais, ela já fazia as suas escolhas.

— Tudo bem, eu a perdoo. — Rimos. — Preciso ir.

— Não quer saber de mais ninguém? — Respirei fundo e

meu inconsciente me repreendeu, pois estava morrendo de

saudades da Liz.

— Não. — Tentei ser indiferente com as minhas palavras.

— Ok, se cuide.

— Obrigado, Sandra. Até mais.

Me troquei e fui até o local combinado com a Ketlin, e

claro que Guilherme me acompanhava.


Fiquei receoso com cada palavra que saiu da sua boca, não

sabia se ainda podia confiar nela. Tinha pouco tempo que tudo

aconteceu, por isso que pretendia ficar com o meu alerta ligado.

— Vamos pernoitar aqui? — Guilherme perguntou assim

que saímos do restaurante.

— Infelizmente, sim. Preciso resolver mais algumas coisas.

Estava voltando para casa depois de dois dias na Itália,

com um pouco de ódio no coração. Sim, fiquei sabendo que a

Liz simplesmente saiu de casa e levou a minha filha e a Sandra.

Petter ficou na nossa antiga casa. Claro que quando o Fred me

contou, eu gritei, xinguei e senti muita, mas muita raiva.

Mas se ela pensava que eu iria perder o controle, estava

muito enganada.
Estava indo direto para nossa nova casa. Já havia pedido

para o Petter buscar as minhas coisas. Iria até ser melhor essa

mudança, aquela casa não me trazia boas lembranças.

Me aproximando da nossa casa, percebi que ela era enorme

e que o quintal era muito espaçoso, quando me aproximei a

porta principal.

Respirei fundo e toquei a campainha. Estava tendo bons

modos.

— Me… Menino — Sandra gaguejou quando abriu a porta.

— Sandra, estava com saudades — falei e a abracei.

— Quando chegou?

— Acabei de chegar. — Pegou minha mala, foi andando na

frente e eu a acompanhei. — Até que a casa é bonita.

Passamos pelo corredor e fomos até a cozinha.

— Achei que você estaria furioso.

— E você acha que não estou? — Arqueei uma das

sobrancelhas enquanto falava. — Mas se a Liz acha que vai se

livrar de mim, ela está muito enganada.


Sandra e eu começamos a falar sobre coisas aleatórias, o

que me fez bem, pois me deixou mais leve e meu pensamento se

desligou da Itália.

— Papai — Bella me chamou assim que passou pela porta


da cozinha correndo, e logo atrás dela havia uma mulher, um

pouco mais jovem do que a Sandra.

Também senti muita falta da minha pequena, ela era tudo

para mim. Era a única que eu pretendia nunca deixar que visse
o meu lado ruim, pelo menos por enquanto. Sabia que uma hora
ou outra, ela teria que saber de tudo. A Bella era dócil,

carinhosa, e me amava muito, eu onseguia reconhecer isso de


longe. Qualquer pessoa que fosse próxima de nós, conseguiria

enxergar o quanto somos grudados um no outro, até a própria


Liz já notou isso várias e várias vezes, o que não era novidade

para ninguém.

— Joy, esse é o senhor McNight. — Sandra nos apresentou.

— Menino, ela é a nova governanta da casa.

— Prazer! — cumprimentei e peguei minha menina no


colo.
Sandra terminou o café, Joy nos acompanhou, e Bella não
parou por um segundo, o que me deixava feliz. Ela estava

falando de tudo, a maioria das palavras eu não entendia, Sandra


era a sua tradutora.

— Daqui a pouco Petter traz o restante das minhas coisas.

— Ela me encarou.

— Qual quarto você quer?

— Ao lado da Liz. — Sandra sorriu. — Tenho medo de que


ela precise de ajuda e ninguém ouça. — Sabia que a minha

desculpa era esfarrapada.

— Como quiser.

Algum tempo depois, senti o seu perfume e sabia que ela

estava parada na entrada da porta.

Ver a minha mulher ali foi o mesmo que me acalmar por

inteiro. Depois de dois dias fora, eu estava em abstinência de


ver a Liz. Só de olhá-la, eu já me sentia melhor. Claro que eu

queria me aproximar, beijá-la, abraçá-la, passar a mão em sua


barriga e falar o quanto eu sentia saudade dela, mas preferi me
afastar um pouco. Talvez seja pelo meu orgulho, ou
simplesmente pelo fato de não querer perder a educação e
magoá-la mais ainda.

A princípio, nada tinha mudado após a minha mudança


para nossa nova casa.

Minha rotina era a mesma, passava pela manhã e à noite no


quarto da Liz, dava um beijo na minha Pipoca e ia trabalhar.

Fiquei receoso em uma das manhãs que fui ver a minha

filha e Liz estava gemendo de dor. Não eram gemidos


constantes, mas fiquei em alerta, sabendo que a qualquer

momento os gêmeos podiam nascer. Pedi para Sandra ficar de


olho nela, sabia que ela iria se fazer de durona como da

primeira vez. Me lembrava como se fosse hoje o sentimento e a


emoção de ver a Bella pela primeira vez e ainda era igual, nada

mudava a lembrança mais linda da minha vida. Não iria negar


que estava ansioso com a chegada deles. E vi que Liz caprichou

na decoração do quarto deles.

Sandra passou a maior parte do dia me dando notícias da


Liz, sabia que logo meus bebês iriam chegar.

Cheguei tarde em casa, me perdi no horário enquanto


resolvia alguns problemas e por esses dias, o Hendrick não
estava me ajudando. Na verdade, ele tentou e eu o ignorei.

Sabia que estava sendo muito severo com isso, sabia que ele
havia ajudado a Liz na mudança, mas essa era a forma de eu

retribuir sua traição.


Acordei com a voz da Liz me chamando, corri para o seu
quarto e dei de cara com ela apoiada na cama. Havia poça de

água entre suas pernas e Bella estava fazendo carinho no seu

rosto enquanto ela me chamava. Eu a levei às pressas para o

hospital.

A Bella ficou com a Sandra, e eu vim acompanhando a Liz,

junto do Petter. Estava bem nervoso com isso. Esperamos tanto

pelos gêmeos, e enfim chegou a hora de conhecê-los. Chegou a


hora de colocá-los no mundo. A nossa família estava mais

ansiosa do que nunca os conhecer, e eu mais ainda. A Liz

estava morrendo de dor, mas tinha certeza de que estava tão

ansiosa quanto a gente, ou até mais, para ver o rostinho dos

nossos filhotes.

Os dias em que passei fora, fiquei pensando neles. Na

minha mulher, na minha pipoquinha e nos meus gêmeos. Tive

medo da bolsa da Liz estourar e eu não poder vivenciar esse

momento ao seu lado. Mas pelo visto, o universo conspirou a

meu favor, pois os gêmeos decidiram vir depois que voltei de


viagem. Isso só mostrava ainda mais o quanto eu deveria

presenciar a cena. Eu ficaria louco se meus filhos nascessem e


eu não pudesse assistir ao parto.

Se eu já surtei com outras coisas, nem imaginava o quanto

eu não surtaria por não ter podido ver os meus filhos nascendo.

Eu iria ficar me culpando por vários dias, isso era certeza. Saí

dos meus pensamentos com os gemidos de dor da Liz, não


estava sendo fácil para ela e eu poderia imaginar muito bem. Se

com a Bella já foi difícil, eu não imaginava com os gêmeos... A

dor era duplicada.


Descemos do carro e fomos direto para a sala do hospital.

Liz passou um bom e longo tempo caminhando pelo hospital,

até se dilatar. Pela demora, a médica resolveu dar início ao

parto. E lá fomos nós, para mais uma cesárea. Eu já estava

suando como nunca, pois ficava bem nervoso nesses momentos

de tensão. Segurei a mão da Liz e percebi o quanto estava


trêmula. Ela já estava chorando, e os meus olhos estavam

cheios de lágrimas também.


A médica obstetra, junto da a equipe de enfermagem,

arrumou a maca para que o processo do nascimento dos nossos

filhos começassem, uma seringa com um líquido que presumi

ser a anestesia foi aplicada, e todo o trabalho de parto foi


iniciado.

Meu coração estava batendo descompassado, tamanha a

ansiedade de que tudo ocorresse bem com meus filhos e com a


minha mulher, a minha Liz. Com carinho segurei a sua mão

direita e a beijei, ela precisava saber que eu estaria ao seu lado

em cada momento.

O nascimento dos gêmeos foi um evento com o qual eu não

esperava me emocionar tanto. Donatella e Stefano nasceram


saudáveis, a nossa menininha com um choro forte mostrou que

veio ao mundo geniosa, e que a gente teria muito trabalho. Já o

nosso menininho veio silencioso, com um choro contido, era

como se já nascesse sabendo lidar com suas emoções.

Quando encarei os olhos dos meus filhos pela primeira vez,


o encanto me encontrou, uma experiência transcendente, igual a

que tive quando vi os olhinhos da Bella pela primeira vez.

— Você já sabe quem vai mandar na casa, não é? —

declarou a médica sorridente, segurando Donatella que berrava.

Enquanto uma das enfermeiras fazia a higienização do

Stefano que como um lorde, chorava baixinho.

— Sim. — respondi para ela com um fio de voz embargado

pelo choro.
Nunca imaginei que eu fosse achar um choro de bebê tão

lindo.

Eles enrolaram a minha menininha em um pano e

aproximou-a do rosto de Liz, que a beijou, com os olhos

marejados de emoção, em seguida fizeram o mesmo com o meu

garoto.

**

Após fazerem os testes rápidos nos meus pequenos, eles os

levaram para fazer mais alguns exames e como da última vez,

eu os acompanhei, deixando a Liz na sala de parto.

Já deveria ter um pouco mais de duas horas que ela estava

no quarto.

— Diga "oi" para a mamãe. — Percebi que ela estava

sonolenta. Entrei segurando Donatella em um dos braços e o

Stefano no outro, a enfermeira me acompanhou.

— Oi? — falou, sentando-se na cama com um pouco de

dificuldade devido aos pontos. — Oi, minhas vidinhas.

— Eles não são lindos?! — afirmei.


Stefano tinha os traços da Liz, e a Donatella era uma

mistura nossa.

— Obrigado — falei, me sentando ao seu lado .—

Obrigado, pela nossa família. Obrigado. — Tentei lhe beijar,

mas ela se esquivou.

— Eu te amo, Liz. — Ela não disse uma palavra, apenas me

fuzilou com os olhos. — Me desculpa, sei que fui muito

infantil, grosso e gélido com o que aconteceu. — Baixei meu

olhar enquanto falava. — Sei que apenas o meu pai tinha direito

de me contar tudo o que tinha acontecido e foi apenas uma

consequência você saber de tudo antes de mim, mas fiquei


chateado por não te me contado nada. Estou tentando aceitar

isso.

— Da próxima vez, você não vai nem ouvir o meu nome,

ninguém vai saber que é a Liz Navarro McNight e muito menos

quem são seus filhos. — Seu tom de voz foi calmo, mas

intimidador.

— Uau! Eu prometo. Me desculpe, eu te amo.

Falei e a beijei, e dessa vez ela retribuiu.


— São as coisinhas mais lindas do mundo! Mamãe vai

mimar muito vocês, meus amores — declarou, emocionada.

— Eu não esperava menos, vindo de nós dois, minha

pequena — falei depositando mais um beijo em Liz, percebi que

ela está deveras cansada.

— Acho que fizemos um bom trabalho, né? — confessei,

sorrindo de orelha a orelha.

— Juro que esse chorinho está me conquistando — falei.

— Esse choro é bom de escutar, e eu espero que a gente

pense dessa forma nos próximos dias, quando fomos acordados


por esse mesmo chorinho — Nós rimos.

— É uma situação à parte, minha ragazza. — respondi,

risonho.

E chegou o momento da primeira amamentação dos

pequenos.

Stefano foi o primeiro a mamar, mas a Donatella começou

a ficar mais agitada, então eu a coloquei no colo da Liz. Agora,

os dois estavam mamando ao mesmo tempo, e eu estava

achando isso uma cena fofa demais.


Eu não era o tipo de pessoa que expressava muito as

emoções, nem costumava achar as coisas fofas, mas uma cena

como esta, não tinha como amolecer meu coração.

Meu coração se encheu de alegria, pois a sensação que habitou

dentro de mim foi gratidão, por saber que agora a minha família

estava completa. Claro que ainda faltava a minha Pipoca aqui,

mas logo estaríamos bem juntinhos, curtindo o nascimento dos

irmãozinhos que ela tanto esperou. Eu não podia estar mais

feliz do que estou. Os meus olhos brilhavam de felicidade e o

meu coração acelerado só confirmava ainda mais o quanto eu

amava a minha família.

Por incrível que pareça a Liz conseguiu dormir por

algumas horas. Fiquei cuidando dos pequenos, a princípio eles

eram bem tranquilos, assim como a Bella.

— Hora do banho dos bebês — a enfermeira declarou

assim que entrou no quarto.


Entregamos nossos gêmeos para duas enfermeiras e elas

saíram da sala com eles. A cara da Liz transbordou de

felicidade, mas eu sabia o quanto ela estava suportando a dor.

Não podia negar que ela era uma guerreira. A minha guerreira.

A minha Liz. Ela pediu para que eu fosse acompanhar o banho

dos gêmeos.

Fui todo babão acompanhar meus gêmeos tomarem o

primeiro banho deles, e até ajudo em algumas coisas, como


enxugá-los com bastante cuidado e colocar as roupinhas.
Ficamos três dias no hospital.

E por incrível que pareça, consegui amamentá-los sem

nenhum problema, o que foi muito satisfatório para mim.

Henry estava melhor do que nunca. a cada segundo ele me


pedia desculpa. Já havia aceitado, mas iria torturá-lo. Sabia que

assim como eu, Henry adorava sexo, e era aí que iria me vingar.

Só vou esperaria alguns dias, e ele que se preparasse.


Os dias estavam passando, já estávamos em casa e tudo

estava tão perfeito que me deixou um pouco assustada.

Rodolfo nunca mais deu sinal de vida, nem um telefonema,

carta ou mensagem. Por um lado eu o entendia. Até eu ia querer

distância após a maneira como o Henry o tratou. Ele também


foi frio comigo e até me mudei, mas não adiantou nada.

Sandra me ajudava com as crianças, mas tivemos que

contratar mais uma babá, não era fácil cuidar de três. A Bella

não dava trabalho, mas eu sabia que ela estava enciumada.


Claro que tentava dar atenção para os três. Henry trabalhou

apenas meio período, ele fez as pazes com o Hendrick, o que

facilitou muito a minha vida. Após o almoço, Henry veio para

casa e ficou algumas horas com os gêmeos e com a Bella, isso

me ajudava e muito. Nesse meio-tempo, consegui tomar um

banho e tirar um cochilo.

Tinha noites que o Stefano não parava de chorar por nem

um segundo sequer, e isso me deixava apavorada. Havia dias


que eu nem sabia como dormíamos, só sabia que quando

acordava sentada na poltrona com ele nos meus braços.

O trabalho que a Bella não deu, Stefano estava dando de

sobra, já a Donatella só dormia. Ainda bem, pois, caso

contrário, não sei se aguentaria.

Hendrick e Paola estavam namorando. Ele já estava

totalmente entregue a essa relação, já ela continuava meio


receosa. Eu até entendia, pois ela ainda amava o Martin.

O Dante veio alguns dias para cá, o namorado da Samantha

sempre o trazia, até que ele e o Hendrick estavam se dando

bem. Hendrick prezava pela educação pensando apenas em

Dante. Ele não falava mal da Samantha e muito menos do seu


namorado. O importante era que Dante se desse bem com todos

e que, quando ficasse mais velho, soubesse que, embora os pais

não tivessem dado certo, isso não era um motivo para que todos

se odiassem.
— Bom dia, minha ragazza! — Henry falou quando entrou

no quarto do Stefano. — Mais uma noite difícil?

Henry estava com o cabelo todo bagunçado e usava um

pijama de seda azul-marinho. Já falei sobre como todas as cores

e roupas caem bem nele?!

Fazia alguns minutos que eu tinha acordado, e Stefano

estava dormindo. Nem parecia que estava chorando algumas

horas atrás devido à cólica.

A minha salvação foi uma bolsinha com sementes que

Sandra comprou, isso ajudou e em seguida ele dormiu, então

aproveitei e dormi também.

— Até que não. Essa noite ele até dormiu cedo — disse,

quando o coloquei no berço. — A bolsinha que a San comprou,

está me salvando. — Rimos e ele me abraçou.

— Não vejo a hora dessa fase passar. — Ele beijou o meu

ombro.

Estava usando uma camisola na cor rosa bebê, ela era de

amamentação, o que facilitava a minha vida, e mesmo assim ela


me deixava sexy. Minhas curvas já estavam voltando, pois os

gêmeos tinham quase dois meses.

— Você sabe que ainda não posso fazer nada — provoquei,

toda manhosa.

— Eu sei, por isso que estou subindo pelas paredes. — Nos

beijamos, e o plano de torturá-lo começou, Henry que me

aguardasse.

Suas mãos passaram pelo meu corpo até chegarem r na

minha bunda. Ele me pegou com força e me ergueu, deixando a

minha intimidade encostada no seu pau. Não podia negar que

isso me deixou toda encharcada. Claro que eu também o queria

e muito, mas não iria ceder por um tempo.

— Preciso dar de mamar para a Donna — declarei, saindo

dos seus braços.

— Sério? — ele reclamou.

— Sim, ela já vai acordar.

— Ah, sério?! — Rio.

— Lembra que você queria um irmãozinho para Bella? —

Ergui uma das minhas sobrancelhas enquanto perguntei, e ele


apenas concordou com a cabeça. — Pois é.

— Tudo bem, tudo bem. — Ele começou a massagear as

têmporas.

Saí do quarto e o deixei ali com o Stefano. Fui até o quarto

da Donna para a amamentar e após a coloquei para arrotar. Ela

logo voltou a dormir.

Desci até a sala e a Bella já estava brincando com a Jenny.

Ela já estava engatinhando. Olhei pela janela e a Paola estava

sentada no balanço conversando com o Hendrick.

Decidi tomar um banho, aproveitando que era sábado e

que todos estavam em casa.

Subi às pressas até o nosso quarto, e já fui tirando a minha

camisola e a joguei no chão.

Entrei no banheiro e me olhei no espelho. Estava esgotada.

Amava ser mãe, amava meus filhos, mas isso era cansativo.

Tinha sorte porque todos me ajudavam, mal podia imaginar se

eu tivesse que fazer isso sozinha.

Estava com olheiras e meu cabelo estava todo bagunçado.

Nesse momento, pensei na Samantha. Se ela estivesse aqui, já


teríamos ido a um Spa, feito compras ou algo do tipo. Após o

último episódio, não nos vimos mais, e lá no fundo eu sentia a

sua falta.

— Algum problema? — Levei um susto quando ouvi a voz


do Henry.

E lá estava ele, totalmente pelado. Seu corpo continuava

lindo como sempre, ele ainda tinha as marcas do tiro que levou

há mais de um ano, e tudo isso me fez lembrar das dificuldades


que já passamos.

Meus olhos foram direto para o seu pau, o que fez a minha

boca salivar por ele.

— Não é nada — afirmei, já entrando no box e ligando o

chuveiro.

Deixei a água bem quente e senti o meu corpo relaxar.


Henry também entrou.

— Me diga o que está acontecendo? — ele sussurrou em


meu ouvido, fazendo o meu corpo inteiro se arrepiar.

— Estou cansada e esgotada — reclamei. — Sei que se a

Sam estivesse aqui, ela já teria feito qualquer coisa para me


ajudar.

— Quer dizer que não estou fazendo? — Estranhei, pois

seu tom de voz foi sereno.

— Não é isso, ela sempre foi alegre e nunca me deixou


abalar pelas coisas. Sempre queria me levar a vários lugares. —

Respirei fundo. — Não sei se a nossa amizade chegou a ser


verdadeira.

— E por outro lado elas nos machucaram, em especial ao


Hendrick — rebateu.

— Eu sei.

— Vamos viajar? — Ele me abraçou por trás, e encostei a


minha cabeça no seu peito.

— Não sei se isso vai ajudar em algo.

— O Hendrick me passou o contato de um tal de “Farinha.”

— Farinha? — Achei engraçado. — Esse não é o nome

dele, né?!

— Claro que não. — Ele riu. — Hendrick o conheceu em


uma das festas que foi em São Paulo, lá no Brasil, se não me

engano em Paraisópolis.
— Tá! E daí?

— Ele consegue uns armamentos que precisamos.

— Mas aí, você está indo a negócios e eu quero me


distrair. — Não queria viajar pensando em negócios.

— Poderíamos aproveitar a viagem.

— Se o Hendrick recusar ir, podemos pensar no assunto.

— Vamos esperar mais um pouco. — Me virei e entrelacei

meus braços em seu pescoço, ficando nas pontas dos pés. —


Qualquer coisa você pode pedir para o Hendrick negociar com

ele — sugeri.

— Pode ser — concordou.


E o beijo, nosso beijo era cheio de amor, carinho e desejo,
e como sempre, me sentia como se fosse a primeira vez. Como

se ele estivesse me tomando em seus braços como no primeiro

momento.

Henry desceu suas mãos pelo meu corpo, acariciando cada


centímetro, meu corpo respondeu ao seu toque, o que me deixou

cheia de tesão. Sua língua brincou com a minha, levei uma das
minhas mãos até o seu abdômen, vou deslizando devagar, com

suavidade arranhando sua barriga com as unhas.

Ele riu sem parar o nosso beijo, ele pausou o nosso beijo e

tirou uma mecha do meu cabelo, o colocando atrás da minha

orelha. Ele me encarou e mais uma vez sorriu, podia sentir o


seu amor apenas com o seu olhar, engraçado, não é?! Henry

segurou meu rosto em suas mãos, e acariciou meus lábios com o

seu polegar.

Uma das minhas mãos desceu até o seu pau, Henry gemeu

apenas com o meu toque.

— Liz… — Ouvir meu nome sair da sua boca, ainda mais

com aquela voz sexy e rouca, já me deixou toda molhada.

Me ajoelhei aproximando os meus lábios do seu pau, passei

a ponta da língua em movimentos circulares, logo envolvi

minha boca toda no seu membro. Henry puxou o meu cabelo de

leve para trás, sorri para mim mesma.

É claro que aumentei a velocidade com a minha boca e com

a ajuda das minhas mãos.


— Porra! — Alternei entre leves sugadas na cabeça da

glande, e lambidas em toda extensão do pau, aproveitando para

também acariciar suas bolas.

— Caralho! — gemeu entredentes.

Levei uma das minhas mãos na sua coxa, passando minhas

unhas suavemente em toda sua extremidade, e mais uma vez ele

gemeu.

Vou tirando o seu pau devagar da minha boca, parei quando

cheguei na cabecinha, mas não parei os movimentos com as

minhas mãos, continuando com leves sugadas e mais uma vez

passo minha língua em movimentos circulares.

— Você está me deixando maluco. — Outra vez, ele puxou

minha cabeça para trás e dessa vez eu sorri, um sorriso cheio de

malícia.

A única coisa que sabia era que eu o queria e muito,

ansiava por sentir cada centímetro dentro de mim, mas aí me

lembrei da minha promessa de “dar o troco” que iria devolver.

Pausei o sexo oral e me levantei, Henry me puxou com

força me beijando mais uma vez.


— Preciso terminar o meu banho — falei.

— E a gente?— Ele me encarou confuso.

— Pode continuar o seu banho aqui, vou terminar o meu no

quarto da Bella. — Soltou-me, com um olhar de espanto.

— Como assim?

— Eu não quero transar, então é melhor eu ir para o outro

banheiro. — Nem dei chance para ele responder, simplesmente

saí da box, me enrolei na toalha e fui para o outro quarto tomar

meu banho.

Não negaria que estava cheia de tesão, que a minha

vontade era sentar e cavalgar no Henry, mas não iria ceder, ele

precisava aprender algumas coisinhas, e privação de sexo era

uma ótima maneira de fazer isto.

Terminei o meu banho e voltei para o quarto, fui até o meu

closet e escolho um vestido discreto, mas que sabia que iria

provocá-lo.

Aproveitando o verão de Nova York, decidi usar um

vestido colado, rosa -com um decote era em “U”, ele era curto,

ia até a altura do meu joelho.


Sequei meu cabelo e decidi fazer uma maquiagem bem

básica, pelo menos para disfarçar a cara de acabada.

Encarei-me no espelho e estava linda.

Desci até a cozinha e todos estavam sentados à mesa.

Era ótimo ver todos reunidos, isso fazia com que eu me

sentisse leve e bem.

Henry me encarou a maioria do tempo, claro que eu me

faço, né?! Até parece que ele não conhecia a própria mulher.

Os dias passaram, ainda não caí na tentação chamada

Henry, mas não estava sendo fácil.

Um dia desses, eu estava cochilando na poltrona do quarto

do Stefano, e o Henry chegou com um buquê de rosas-

vermelhas e com uma caixa de chocolate. Fingi que estava

dormindo, ele colocou as rosas e o chocolate na cômoda. Pegou

o Stefano dos meus braços e o colocou no berço e o cobriu,

depositando um beijo na sua testa. Ele veio até mim, me pegou


em seus braços, me levou para o nosso quarto, me colocando na

cama e em seguida me cobrindo.

— Você não imagina o quanto eu te amo. — sussurrou,

enquanto depositou um beijo na minha testa. — Obrigado por

ser essa mulher incrível, você me enche de orgulho. — Se eu

disser que não senti vontade de chorar com as suas palavras,

estaria mentindo. — Obrigado pela família e por sempre

aguentar a barra, sei que fui um completo idiota nesses últimos

meses, mas prometo melhorar, sei que precisa de um homem ao

seu lado. — Ele riu. — Vou tentar controlar o meu

temperamento. — Acariciou meu cabelo e ficou mais alguns

segundos ali, e em seguida caminhou até o banheiro.

Ai, Meu Deus! Cadê o meu marido, o que sempre brigava

por tudo e não admitia estar errado?


Decidimos fazer uma viagem para Itália, não podia negar
que estou com saudades da cidade, a última vez que estive lá

foi no batizado do Dante, já tinha quase três anos.

Hendrick, Paola e Jenny também riiam, ele se recusou a


deixá-las.

E até agora o Rodolfo ainda não apareceu, nem um

telefonema, carta ou mensagem.


Estava ficando preocupada com isso, Henry não falou nada,

mas sabia que também estava preocupado.

— Empolgada com a viagem? — perguntei para Paola

enquanto fechei a última mala dos gêmeos.

Estávamos no quarto do Stefano, e ela estava me ajudando.

— Nunca estive lá, deve ser linda, né?

— Você não imagina o quanto. — Sorri. — Quer me fala

alguma coisa?

— Martin me mandou uma mensagem. — Seu olhar estava

perdido. — Ele quer conversar, mas tem o Hendrick, sabe?

— Você ama o Martin, mas não quer magoar o Hendrick, é


isso?

— Sim, você sabe que me apaixonei por ele desde a


primeira vez que o vi. — Sentou-se na poltrona e encarou as

próprias mãos. — Parece que tem uma guerra dentro do meu

peito, uma batalha de sentimentos. Já pensei em deixá-lo, mas

eu o amo.

— Seja sincera com o Hendrick, aproveite a viagem e


conta tudo para ele, abra o seu coração, ele vai entender.
— Preciso fazer isso logo, assim que voltarmos, Martin

chega. — Ela secou as lágrimas que caiam. — Obrigada, Liz.

— Pode contar comigo sempre.

Quando tudo estava dando certo para o Hendrick, o destino

vinha e nos surpreendia.

Nossa viagem foi tranquila, passamos alguns dias lá, passei

com os gêmeos e a Bella, aproveitamos, não tanto quanto eu

queria, mas já foi o suficiente para tirá-los de casa.

Aproveitei para planejar uma surpresa para o Henry quando

voltarmos a Nova york.

Sim, ele estava merecendo. A princípio, ele deixou de ser


um babaca e bipolar, e nossos pequenos já estavam com um

pouco mais de seis meses. Para minha sorte Sandra e Petter

gostavam de ficar com eles.

Não fiquei todo esse tempo sem fazer nada com ele, não

era de ferro. Queria fazer a surpresa na Itália mesmo, mas como


Henry veio a trabalho então, não tínhamos muito tempo, ou

seja, não iria rolar.

Inventei uma desculpa para voltar alguns dias antes que

ele, essa era a minha deixa, e para minha sorte, ele estava tão

entretido no trabalho que não me fez muitas perguntas.

Assim que chegamos a Nova York, fui a um dos hotéis que

tínhamos na cidade, peguei a suíte master, já avisei um dos

gerentes e reservei para a noite seguinte. Fui até uma loja de

lingerie e escolhi um sutiã meia taça vermelho com bolinhas

pretas, uma calcinha toda de renda da mesma cor, uma cinta


liga e um par de meia-calça, aquela de 7/8 que também tinh

uma renda bem delicada.

Comprei alguns balões de coração, umas pétalas de rosas-

vermelhas, velas e pensei em um champanhe, mas Henry não

gostava, ele preferia o seu uísque.

Deixei o cardápio bem curto, apenas morango, chocolate e

chantilly, pois sabia que ele iria amar.


Após as minhas compras e reserva, voltei para casa, e

assim que cheguei a Sandra estava parada na soleira da porta.

— O que aconteceu? — perguntei, preocupada, pois isso

nunca acontecia.

— Você chegou bem na hora — declarou e ergueu as mãos

me mostrando o telefone que ela segurava.

— Você está me deixando preocupada. — Respirei fundo e

entrei na casa, caminhando até a sala. — Henry já chegou? —

Enquanto perguntava, deixei as minhas sacolas no chão e me

virei, ficando de frente a ela.

— Não. — Sandra tinha o olhar perdido.

— Me dê! — Ela me entregou o telefone e ficou me

encarando. Fiquei surpresa quando a encarei mais uma vez e

uma lágrima começa a escorrer pelo seu rosto. Meu coração

apertou. — Alô? — Ouvi uma voz grossa do outro lado da


linha, e meu mundo desmoronou quando ouvi aquela frase: “Me

desculpa, mas ele não resistiu.”


Meu coração está despedaçado, nunca imaginava passar por

isso. Estou no meu quarto parada na frente do espelho, já havia

algum tempo que estava aqui. A minha mente ainda não

processou o que aconteceu, ou melhor, o que estava

acontecendo. Nunca achei que a partida de alguém ia me abalar

tanto como a dos meus pais.

— Menina. — Sandra me chama assim que entrou no

quarto.

— Oi? — Respirei fundo e tentei não chorar, mas era


impossível, as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.

— Tente se acalmar, eu sei que é difícil. — Ela se

aproximou e me abraçou. — Vamos?

— E as crianças? — perguntei enquanto saía do seu abraço

e pegava um casaco no closet.

— A Joy os levou para passear.

— Ok.
— Achei melhor deixá-los em casa, não faz bem eles ir a

um velório, sobretudo a Bella. — Ouvi as palavras saindo da

boca da Sandra, que me fizeram estremecer, pois minha filha

ainda era muito pequena para passar por isso, mas eram as

consequências da vida.

— Cadê o restante do pessoal? — perguntei e tentei

segurar o choro já preso na garganta.

— Eles foram à frente.

Respirei fundo e Sandra secou algumas lágrimas que ainda


insistiam em escorrer pelo meu rosto. Eu sorri, tentando

disfarçar a dor.

Você já se sentiu como um saco plástico, flutuando com o

vento?

Querendo começar de novo?

Você já se sentiu tão frágil como um castelo de cartas que

com apenas um sopro desmorona?

Ele só queria mais uma chance, apenas isso. Ele estava


recomeçando a sua vida.
Você já tentou gritar, mas ninguém parecia ouvir? Era
assim que me sentia.

Eu sabia que ainda podia haver uma chance para ele,


apenas isso.

Por que ele? Por quê? Por quê? E por quê?

Essa era a única palavra que não saía da minha mente.

Eu e Sandra caminhamos em direção à saída da casa, assim

que chegamos na porta, o Fred nos esperava. Respirei fundo e


entrei no carro.

Enquanto seguimos a caminho do funeral, um filme passou

pela minha cabeça, os momentos que passamos juntos. Ele


sempre me apoiava, o nosso primeiro encontro foi uma grande

coincidência, sabia que ele se havia se arrependido de tudo o


que aconteceu e do que ele tinha feito.

Saí do meu devaneio quando a Sandra me chamou.

— Menina? — Ela já estav do lado de fora do carro. Olhei


para fora e estávamos parados em frente à capela. Senti uma

angústia.

Respirei fundo e saí do carro.


Sem forças para continuar, caí de joelhos no chão.

— Não precisa. — Fred tentou me ajudar a levantar, mas

neste momento só queria ficar ali, ficar sozinha e ter o meu


momento de luto. — Obrigada. — Ele se afastou. Após alguns

minutos, me levantei.

Sandra esticou o seu braço, me apoiei nela e começamos a

caminhar devagar até a entrada. A cada passo meu peito


apertava, e não conseguia conter as lágrimas.

Senti minha cabeça girar quando passamos pela porta de

entrada e no final do corredor eu vejo o caixão, e todos olham


para trás e me encaram.

Hendrick estava abraçado com Paola, ele estava sério.

Caminho até o caixão e lá estava ele, com o seu terno cor


grafite, cabelo penteado para o lado, seus lábios estavam meio

arroxeados. Tinha um corte na sua testa que nem a maquiagem


cobriu, olhando assim, percebi que a pancada com o outro carro

foi muito forte.

Me senti um pouco tonta, me apoiei no caixão para não

cair, mas foi em vão. Quando pensei que ia cair no chão,


alguém me segurou.

— Liz.
Senti as mãos fortes do Henry me segurando.

— Sinto muito. — Por fim, ele me abraçou.

Perder o Martin foi algo inesperado, aliás, perder alguém

de quem gostamos era algo surreal. Henry tentava entender o

que eu estava passando, Martin esteve ao meu lado em um dos


momentos mais difíceis da minha vida, ele foi a minha base

quando estava grávida, quase tivemos uma amizade colorida, o


amor que sentia por ele é totalmente diferente do amor que

sentiapelo Henry.

Saí do seu abraço e caminhei até a Paola, ela estava

arrasada, sabia que ainda o amava.

Sabe aqueles amores clichês? Paola se apaixonou na


primeira vez que o viu. Eles não ficaram muito tempo juntos,

mas sabia que ele foi muito amado por ela.

— Por que ele Liz? — ela falou entre os soluços, apenas a

abracei. Conseguia sentir a sua dor, sabia que nos últimos

meses aconteceram coisas horríveis entre Martin e a nossa


família, mas mesmo assim, eu ainda o amava. — Me fala que

tudo isso é mentira, que ele vai se levantar a qualquer momento


e falar que tudo isso não passa de uma brincadeira de mal

gosto. — Paola saiu do meu abraço e ficou parada na frente do

caixão. — Por favor, Martin, me fala que tudo isso é mentira.

Eu não consigo imaginar a minha vida sem você. — Hendrick

ficou ao seu lado. — Por favor… Eu te amo. — Ele secou suas

lágrimas. — Quem vai me mandar mensagens todas as manhãs

perguntando da Jenny? Não íamos nos casar? Eu já estava

dependente de você, do nosso amor.


Agora sabia que ela já havia escolhido o Martin, e percebi

a tristeza nos olhos do Hendrick.

— Vamos nos sentar.

Sabia que podia parecer que estava fazendo um drama

desnecessário, mas ele foi uma peça muito importante na minha

vida e na de Bella.

Quando a Bella ainda estava barriga, ele dizia: “Oi,

Belinha.” E ela começava a pular, a alegria nos olhos dele ao

senti-la chutar em minha barriga se destacava. Uma certa vez

ele falou: “ Agora tenho certeza de que ela gosta de mim. “

Da vez em que ele brigou com o Henry, achando que eu

estava chorando por causa dele, e, na verdade, o meu choro era

devido ao filme, na gestação da Bella, fiquei pior que

“manteiga derretida”.

E quando eu queria um donuts, e na metade do caminho

decidi comer batata do McDonald’s, atraída por aquele "M"

enorme da fachada? Sem delongas, ele simplesmente mudou o

trajeto e comprou a minha batata com um milkshake.


Eu e a Bella tivemos muita sorte por ter ele em nossas

vidas. Sabia que no começo tudo havia sido um plano, mas no

fundo Martin sempre foi ele mesmo.

Ela sempre o amou, assim como eu.

— Já sabe quem fez isso? — perguntei assim que nos

sentamos em um dos bancos.

— Por incrível que pareça, realmente foi um acidente. — O

encarei. — O motorista do outro carro estava bêbado, e o seu

celular caiu no chão. Ele se agachou para pegar e ficou apenas

com uma das mãos no volante, e quando ele se ergueu, vinha

um caminhão. Tentou desviar do caminhão, jogando o carro na

outra pista, e nesse momento Martin estava fazendo uma

ultrapassagem. — Henry massageou as têmporas. — E foi aí

que os carros se chocaram.

— E o outro motorista?

— Veio a óbito assim como o Martin.

Pelo menos não teve nada a ver com a máfia, o que me

deixava mais tranquila.


Ver a Paola daquele jeito me deixou arrasada, me lembrava

de quando o Henry estava em coma, a Bella era o único motivo

para que eu me levantasse todos os dias.

Hendrick não saiu um minuto sequer ao lado da Paola, por

mais que ela tivesse escolhido o Martin, ele não a abandonou.

Funerais eram algo difícil, só de imaginar que você nunca

mais vai ver aquela pessoa, e que somente as lembranças iriam

mantê-la viva dentro de você. Vivo apenas com as memórias

dos meus pais, não tivemos muito tempo juntos. Devido ao

internato que eu estudei, os via apenas nos finais de semana, o

que não era o suficiente para mim. Passávamos mais tempos

juntos no Dia de Ação de Graças, Natal e Ano Novo, e depois

tudo voltava a ser como era antes, apenas ligações, mensagens e

algumas cartas que minha mãe me enviava. Era nosso jeito de

“brincar” e ficar mais conectadas. Quando sentíamos saudades,

apenas olhava a sua letra, e de alguma forma, ela parecia estar

ao meu lado.
— Está tudo bem?

— Não gosto de funerais.

— É a única certeza que temos, sabemos que vai acontecer,

e mesmo assim é o que mais dói, pois nunca estaremos

preparados para isso. — Henry beijou o topo da minha cabeça.

— Tenta se acalmar, minha ragazza.

A despedida foi dolorosa, acredito que nada era mais

dolorido do que o luto.

Acabamos de chegar em casa, estávamos cansados.

Henry foi direto para o seu copo de uísque, apenas me

sentei no sofá, as lembranças iam e vinham em minha mente.

Minha cabeça estava a mil.

Após três doses de uísque, ele me puxou pelo braço.

— Vamos tomar banho. — Subo as escadas e Henri me


acompanha.
— O que é isso? — perguntou, surpreso, me mostrando o

celular.

Pedi para o gerente do hotel enviar uma notificação direto

para o seu celular, algo que o deixasse confuso e com a minha


assinatura no final da mensagem.

Acabamos de entrar no nosso quarto, caminhei na direção

da cama e me sentei.

— Até tinha me esquecido. Fiz uma reserva em um dos

nossos hotéis, estava esperando você chegar. — Tirei meus


sapatos. — Queria fazer uma surpresa, e ela seria hoje.

— Ah! Entendi. — Ele se sentei ao meu lado. — Podemos


fazer isso depois.

— Acabei esquecendo de cancelar tudo.

Sem dizer uma palavra, ele me ajudou a tirar minhas


roupas, foi até o banheiro e ouvi a água tomando conta da

banheira. Ele me pegou em seus braços e me levou até o


banheiro, me colocando na banheira que ainda enchia e já

estava cheia de espuma.


— Tenho medo de que ela queira ir embora, ou sei lá o
que. — Hendrick desabafa.

Estávamos sentados na balança que tinha no jardim, Bella


estava brincando com o Dante, os gêmeos estavam sentados na
grama, brincando.

O luto não estava sendo fácil, Henry estava sendo muito


paciente comigo. Paola estava distante, Hendrick ainda morava

na nossa antiga casa, ele a convidou para morarem juntos, e ela


estava indecisa com o seu convite.

— Dê mais um tempo para ela.

— Liz, já tem mais de um mês. — Ele estava sem chão. —


Meu medo maior é ela ir embora com a Jenny.

— Ela não vai fazer isso, você sabe como é, você mesmo já

passou por isso.

— Papai, a Bella me bateu. — Dante se aproximou,

reclamando.
— Por quê? — perguntei.

— Po qê, ele jogou uma pedra em mim — Bella gritou de

longe. Percebi que tem sangue no seu rosto.

— Meu deus. — Corri em sua direção, com um corte um

pouco acima da sua sobrancelha. O mais incrível era que ela


nem estava chorando, forte igual ao seu pai.

— Vou chamar a Sandra e ligar para o médico — Hendrick

falou. — Depois vamos conversar mocinho — afirmou para o


Dante. Em seguida, entrou em casa.

Não demorou muito e o doutor Smith chegou.

Bella levou alguns pontos, não culpei nenhum dos dois,


pois estavam brincando de “guerrinha”. Culpei eu e o Hendrick,

que não estávamos prestando atenção.

Paola não foi embora, e acabou aceitando o convite para

morar com o Hendrick. Esperava que os dois dessem certo, eles


mereciam um momento de paz.
Henry tem viajado para Itália algumas vezes, ficava com

um pouco de receio, pois tinha medo de que estivesse


acontecendo algo que ele não queria me contar. Já pressionei o

Petter, mas foi em vão.

Hendrick ficou apenas na sede da máfia, Samantha ligava


todos os dias para conversar com Dante, ela sempre perguntava

se ele queria ir morar com ela outra vez, mas ele se recusava.

— Você vai contar para o menino? — Sandra perguntou,

pois com medo da reação do Henry, o Rodolfo apareceu em uma


das viagens que ele fez. Eu não sabia quantos dias Henry ia

ficar na Itália, já teve vezes dele ir e voltar de madrugada.


Nesse momento, estávamos no jardim e ele estava brincando

com os seus netos. Não conversamos muito, fiquei receosa


quando o vi parado na porta da nossa casa, e Bella correu para

os seus braços assim que o viu, mas deixei que ele visse as
crianças, sobretudo os gêmeos.

— Claro que vou, não quero que ele fique transtornado

mais uma vez. — Nesse momento, meu celular tocou, olhei no


visor e bingo, Henry.

— Minha ragazza.
— Estou com saudades, como você está?

— Estou morrendo de saudades da minha ragazza e dos


meus filhos. — Podia sentir o seu sorriso.

— Tenho algo para te contar.

— Fale. — Seu tom de voz já mudou.

— Seu pai está aqui.

— O que ele quer?

— Pediu para ver os netos. — Henry bufou do outro lado


da linha.

— E você?

— Deixei. — Respirei fundo.

— Tudo bem. — Fiquei surpresa com a sua atitude.

— Quando você volta? — Tentei mudar de assunto.

— Acabei de chegar. — Caminhei até a janela e podia ver


o carro passando pelo portão. Apenas sorri, pois não tinha

muito o que fazer.


— O que aconteceu, menina? — Sandra perguntou toda

curiosa.

— Henry acabou de chegar. — Ouvi o barulho do carro se

aproximando.

— Não acredito — falou e colocou as duas mãos na boca.

— Como ele vai reagir?

— Não faço ideia. — Respirei fundo.


Assim como eu, ela esperava que ele ficasse furioso com o

seu pai e que brigassem mais uma vez.

— Vamos pensar positivo — declarei e caminhei em

direção à porta.

Assim que passei por ela, Henry desceu do carro e, como


sempre, ele usava um dos seus ternos na cor grafite, camisa

branca, mas dessa vez ele usava os óculos de sol que o

deixavam extremamente sexy.

Só aí eu percebi que ele segurava em uma das mãos um

buquê de rosas azuis e na outra, uma sacola da Victoria's


Secret, ele apenas me encarava e sorria.

— Você não imagina o quanto eu estava com saudades —

falou no meu ouvido quando se aproximou e me entregou o

buquê.

Retribuí com um sorriso, minha pele se arrepiou com as

suas palavras

Tentei beijá-lo, mas ele se esquivava, e fiquei receosa com

a sua atitude.

— Espero que goste. — Ele me entregou a sacola.


— Obrigada. — Mais uma vez tentei beijá-lo, dessa vez ele

virou o rosto e acabei depositando um beijo em sua bochecha.

Ele simplesmente me deu um beijo na testa.

— Onde eles estão? — perguntou entrando na casa e me

deixando ali, parada na porta.

— No quintal dos fundos. — Sem dizer uma palavra, ele

foi em direção àporta dos fundos.

— O que foi isso? — Sandra estava tão incrédula quanto

eu.

— Não faço ideia. — Ele sempre chegava todo caloroso de

todas as suas viagens, sempre fazíamos amor, claro que às

vezes os gêmeos acordavam e ia correndo para o quarto deles.

Não sabia o que havia acontecido ou o que o Henry

pretendia agindo assim. Só sabia que estava muito confusa. Me

presenteou e depois ignorou o meu beijo.

Eu e Sandra caminhamos até a cozinha, de lá conseguimos

observar o jardim dos fundos.

Ficamos curiosos, pois Henry estava muito próximo do seu

pai. temem alguns momentos, ele falava alguma coisa e se


afastava, coçando a cabeça e colocando as mãos no bolso da sua

calça.

— Aí, menina, será que eles vão brigar outra vez?. —

Sandra estava mais apreensiva do que eu. — Menina, olha só.

Já tinha um pouco mais de uma hora que os gêmeos

estavam dormindo, Bella iria dormir com a Sandra, pois o

Petter ainda estava na Itália. Ficou lá resolvendo algo para o

Henry, não quis me intrometer, mas assim que eu voltar à ativa,

ele que se preparasse.

Por fim, Henry e o seu pai fizeram as pazes, o que me

deixava muito tranquila. Claro que eles não estavam como eram

antes, mas já era um bom começo.

— Como você se sente?— perguntei enquanto subimos para

o nosso quarto. — Mais leve — ele falou. — Ele vai ficar

morando em uma das nossas fazendas.

— Fico feliz com isso. — Ele me puxou pelo braço e me


abraçou.

— Gostou do presente? — questionou assim que entramos

no quarto.
A sacola estava em cima da cama, pedi para Sandra

guardar enquanto cuidava dos gêmeos.

— Desculpa, Henry. — Colocou as duas mãos na cabeça.

— Acabei me entretendo com os gêmeos.

— Tudo bem. — Ele parecia estar um pouco decepcionado.

— É que…

— É sério, está tudo bem — me interrompeu. — Eu sei que

não está sendo fácil os últimos meses, o luto, minhas viagens.

— nos sentamos na cama e peguei a sacola.

Abri a sacola e fiquei encantada com a primeira peça que

tirei. Era um top espartilho cor-de-rosa, cheio de renda e com

pedrinhas brilhantes nas alças. A calcinha não ficava muito

atrás, era toda de renda na parte da frente e atrás era apenas um

fio. Não podia negar que ambos são bem sexy. Por fim, tirei um

hobby de seda, também na cor rosa.

— Acho que não preciso perguntar se você gostou ou não?!

— Ele sorriu enquanto me encarava.

— Eu amei. — Aquilo era a mais pura verdade, até a cor eu

amei.
— Vou tomar um banho no outro quarto e já volto — falou

e se virou. — Ah, e tenho outra surpresa. — Henry sorriu, se

virou e saí do quarto, batendo a porta em seguida.

Corri para o banheiro e tomei um banho rápido, saí do

banho e me sequei. Passei um creme hidratante de cheiro suave

por todo o meu corpo.

Voltei para o quarto e vesti o conjunto de lingerie. Por

cima o robe. Me deitei na cama, fiz um coque frouxo no meu

cabelo e fiquei imaginando várias maneiras de esperá-lo.

Após várias e várias posições diferentes, decididi em ficar

deitada, mas apoiada nos cotovelos, deixei uma perna

flexionada e a outra esticada.

Começo a lembrar da última vez que fizemos amor com

tanta paixão. Agora com três filhos era mais difícil, apenas

umas rapidinhas pela casa, e tinha dias que nem finalizávamos

o que tinha acabado de começar. Engraçado, mas essa era a vida

dos pais.

Comecei me lembrar de como eu estava com saudades dos

seus toques, e comecei a passar uma das minhas mãos entre as

minhas pernas e subi até os meus seios, fechei os meus olhos e


comecei a brincar com o bico do meu seio. Mais uma vez desci

a minha mão entre as minhas pernas e quando toquei a minha

intimidade, por cima do pano fino da minha calcinha, eu estava

tão entretida que só percebi que o Henry estava ali quando senti

o seu hálito fresco entre as minhas coxas. Sorri para mim

mesma, e quando abri os olhos, Henry estava mordendo o lábio

inferior.

— Continua — ele ordenou.

Obedeci.

Levei a minha mão até a minha boca, chupei dois dedos e

fiz cara de safada, Henry sorriu e tirou a toalha que estava


presa na sua cintura, a jogando no chão.

Tirei os meus dedos da boca e mais uma vez desci até a


minha intimidade. Puxei a minha calcinha para o lado e

comecei a brincar com o meu clitóris. Henry caminhou até a


mesa de canto do quarto e encheu o copo de uísque, ele toma

um gole e ergue uma das mãos e me mostra algo, no começo eu


fico confusa, pois não sei exatamente o que é aquilo que ele
segura.
— É um plug Anal. — Então ele se aproximou aos poucos.
— Não pare.

Continuei a estimular o meu clitóris, agora por cima do


tecido da minha calcinha, então ele se aproximou aos poucos,
com o copo de uísque em uma das mãos e o plug na outra.

Henry subiu na cama e ficou de joelhos entre as minhas


pernas. Jogou um pouco da sua bebida na minha barriga, que foi

escorrendo entre as minhas pernas, mas ele a lambeu antes que


chegasse na minha intimidade. Um arrepio percorreu por todo o

meu corpo quando senti os seus lábios macios. Ele tomou o


restante da sua bebida com apenas um gole, então colocou o

copo no chão, e tirou a minha calcinha. Ergui o meu quadril


para facilitar, e ele literalmente caiu de boca na minha

intimidade, o que me faz arquear e gemer com o contato.

— Ah! — Senti o seu riso.

— Agora eu preciso que você relaxe — Henry falou e

começou a massagear meus ânus. Sabia bem o que ele queria,


não iria negar, pois também queria. — Sei que já tem muito

tempo desde a primeira vez.

Já havia mais de dois anos que tentamos e foi bom.


Ele colocou o plug na sua boca e o deixou bem molhado, o
que me deixou mais excitada, então ele começou a me foder

com a língua e colocou o plug em mim.

Então ele trabalhou com a língua e com o plug. Não sabia

exatamente dizer o prazer que estava sentindo, mas sabia que


era melhor do que da outra vez.

Henry me encarou, ele tinha um olhar sexy, o que me


deixava mais molhada.

Me segurei nos lençóis e tentei não gritar.

— Estamos sozinhos — falou quando percebeu que estava


reprimindo um gemido, ou melhor, um grito. — Cuidei disso…

— Ah! — grito antes mesmo dele terminar a frase.

Ele sorriu e o meu corpo todo começou a dar espasmos.


Um tremor percorreu por mim e o meu orgasmo chegou, me

deixando aliviada e com mais sede dele.

— Vamos, Henry. — Me posicionei de quatro e esperei por


ele. — O que houve? — Fiquei sem entender nada e ele

simplesmente riu com divertimento.


— É que a visão daqui é hipnotizante. — Ele beijou a

minha bunda, Henry levou uma das suas mãos a um dos meus
seios, e com a outra abriu o fecho do sutiã. Ficamos os dois de

joelhos na cama, as minhas costas estavam coladas no seu peito


e Henry fez um trilho de beijos nas minhas costas enquanto

apertava os meus seios com vontade.


— Henry. — O chamei com um tom de voz manhoso.

— O quê, Liz? — Sua voz era rouca e sexy, podia sentir

seu pau pulsando em minhas costas.

— Vai me fazer implorar? — Minha voz saiu em um fio.

— Sempre. — Ele riu e mordeu o lóbulo da minha orelha.

— Eu quero você, dentro de mim, agora! — Dou uma

ênfase na última palavra.


— Seu pedido é uma ordem. — Então ele me penetrou com

desejo, força e vigor. Gememos juntos quando sentimos o atrito

da nossa pele.

— Mais forte... — pedi entre um gemido e outro. É claro

que ele fez.

Ser preenchida por ele me levava a loucura, não importava

quanto tempo passe, mas para mim, sempre será como a nossa

primeira vez.

Dessa vez, senti meu corpo pulsar, sabia que oa gozar, a

adrenalina tomou conta de mim. A única coisa que se ouvia no


quarto eram os nossos gemidos e o barulho dos nossos corpos

se chocando. Henry não deixou que isso acontecesse, ele saiu


de dentro de mim e tirou o plug.

— Posso? — pediu.

Não disse nenhuma palavra, apenas concordei com a

cabeça.

Respirei fundo e aos poucos ele me penetrou por trás. Ao

mesmo tempo, ele usou uma das suas mãos para me masturbar.
Senti apenas uma ardência no começo, depois comecei a

sentir um turbilhão de sentimentos e desejei a cada investida

que ele dá.

— Gostosa — Henry sussurrou em meu ouvido, e a cada

estocada que ele dava, sentia seu membro pulsando dentro de

mim. — Vamos, ragazza, goze para mim — sussurrou em meu

ouvido, enquanto colou mais ainda os nossos corpos e me

segurou pelo pescoço.

— Ah! — gritei mais uma vez quando cheguei no meu

clímax.

Em seguida, Henry também se derramou dentro de mim.

Nossas respirações estavam ofegantes, nossos corpos estavam


suados.

Ele saiu de dentro de mim e me segurou, pois estava

exausta e com o corpo mole.

— Não vá me dizer que já cansou? — Senti malícia na sua

pergunta.

— Preciso de alguns minutos. — Estava cansada, não

estava mais acostumada a ter noites agitadas como antes.


— Tenho outra surpresa.

— O que é? — perguntei enquanto ele se levantou da cama,

entrou no closet e sai de lá com um pedaço de corda e um

chicote.

— Podemos ir para o próximo round? — Ele começou

andar de uma forma sexy, sua voz estava rouca. Não ia negar

que estava cansada, mas o meu desejo por ele falava mais alto.

Respirei fundo e engatinhei na cama em sua direção, ele

simplesmente sorriu, o meu sorriso preferido, o sorriso que eu

amava de paixão.

Ele me beijou com sensualidade, sua língua pediu

passagem e claro que dei. Sem interromper o nosso beijo, ele

me segurou pela cintura e me ergueu, me ajeitando na cama. Em

seguida amarrou meus braços na grade da nossa cama.

Ele caminhou até a mesa de canto, pegou algumas pedras

de gelo e as colocou na boca. Em passos largos, voltou para


cama e engatinhou nela até ficar entre minhas pernas.

Depositou uma pedra de gelo no meu umbigo, o que me fez

arrepiar.
— Não deixe a pedra cair. — Ele continuou de joelhos e

passou o chicote pelo meu corpo. Fiquei um pouco apreensiva,

pois nunca usamos um chicote. Quando chegou na minha

intimidade, ele bateu bem de leve.

— Ah! — gemi, pois, a sensação foi gostosa. Ele fez outra


vez, mais outra, outra e outra.

Já estava chegando em meu clímax apenas com o toque do

chicote.

— Não — Henry me repreendeu quando meu orgasmo

estava na porta. — Deixa que eu termine.

Ele chupou a água que se formava no meu umbigo e pegou

o pequeno pedaço de gelo com a boca. Subiu até um dos meus

seios, e começou a brincar com o bico do meu peito, a sensação

era muito boa.

A cada vez que arqueava ele dava um tapa na minha bunda,

me deixando mais e mais excitada.

— Por favor. — Mexi meus braços. — Me solta — pedi

com a voz manhosa, ele me encarou.

— O que eu ganho com isso?


— Me solta, só aí você vai descobrir — provoquei e passei

a língua entre meus lábios.

Pra minha surpresa, ele me segurou pela cintura e com um

movimento rápido, me virou na cama, me deixando de quatro, e

então ele me penetra, me preenchendo como nunca. Nossa

conexão era perfeita.

Alguns minutos, estava deitada sobre ele, mas ainda

amarrada, nossos corpos estavam literalmente molhados.

— Henry, me solta — sussurrei em seu ouvido. — Tenho

certeza de que você não vai se arrepender.

Ele me deu um beijo na testa e saiu de baixo de mim.

— Tentadora. — Sem mais delongas, ele caminhou até o

closet, e eu fiquei hipnotizada com aquela bunda linda e

perfeitamente desenhada. Já falei das suas pernas torneadas?!

Quando me dei conta, ele estava com uma faca cortando a

corda.

Massageou meus punhos, e empurrei o Henry contra a

cama. Ele riu e caiu, jogando os pedaços da corda no chão.


Me sentei sobre ele e comecei a rebolar. Henry segurou a

minha cintura e me ajudou com os movimentos.

Me soltei dele e fui descendo aos poucos. Comecei a passar

minhas mãos em seu pau, minha boca chegava a aguardar por


ele.

— Ahhh — ele gemeu.

Passei a minha língua na cabecinha do seu pau, e Henry


soltou mais um gemido, então eu segurei o seu pau e passei a

minha língua por toda a sua extensão. Quando cheguei nas suas
bolas, simplesmente eu as chupei.

Ele segurou meu cabelo e quando voltei a chupar o seu


pau, ele fez o movimento de vaivém com a minha cabeça, me

afogando, mas nada exagerado. Ele tirou seu pau da minha boca
e podia ouvir o som de quando ele saía por completo.

— Quero te comer, agora. — Ele me puxou para cima, já

me encaixando nele, e comecei a cavalgar.

Gemidos ecoavam pelo quarto. A cada investida, Henry me

dava um tapa na bunda, o que me motivava a cavalgar com mais


intensidade.
Algum tempo depois, gozamos juntos. Já nem sentia mais o
meu corpo, minhas pernas tremiam, e meu corpo literalmente

pingava suor.

— Vem, vamos tomar um banho. — Henry me pegou em


seus braços, me deu um beijo na testa e me levou para o

banheiro.

Estava sem forças.

Os anos foram se passando, as minhas noites com o Henry


estavam cada vez mais quentes. Ele parou de ficar indo e vindo

da Itália, mas ele só parou com isso quando eu tomei posse do


meu lugar na máfia. Desconfiava que Kevlin e Eric fossem o

motivo de suas viagens.

Os gêmeos já tinham um pouco mais de quatro anos.

O seu Rodolfo ainda morava em uma das nossas fazendas,


a relação dele e do Henry continuava a mesma, não eram

próximos, falavam apenas o necessário.

Petter teve um derrame alguns meses atrás, estávamos


todos tomando café e ele simplesmente começou a dizer que
não estava enxergando, No começo pensamos que era
brincadeira, pois ele sempre foi brincalhão, até que ele

derrubou o seu café e depois perdeu a fala. Henry saiu correndo


e pediu ajuda para um dos seguranças, e o levaram ao médico.

Petter ficou alguns dias internado, até pensamos que ele não ia
sobreviver, pois seu estado era muito delicado. Mas ele

começou a melhorar, ficou com a parte esquerda do seu corpo


paralisada por algum tempo. Graças a Deus que com as

fisioterapias e com a medicação ele melhorou, ficou apenas


com um lado da boca um pouco torto, mas era algo que passava

despercebido.

Sandra ficou muito mal com o que aconteceu com o Petter,


na verdade, todos nós ficamos. Eu o considerava como um pai.

Depois de tudo o que eles passaram, Henry e eu os


presenteamos com uma das nossas fazendas para eles, a

intenção era que os dois se aposentaram e curtissem a vida


viajando, mas não foi bem isso que aconteceu. Todos os dias às

7 da manhã eles chegavam para trabalhar, até contratei duas


pessoas para ficar nos seus lugares, mas isso foi em vão. Até

deixo a Bella e os gêmeos ficarem na casa deles, mas isso não


resolveu nada. A única solução foi que os dois voltassem a
morar com a gente. Não ia negar que me sentia completa com

os dois ao meu lado.

Bella não desgrudava da Sandra e a todo o momento


brigava com Dante, mas os dois não se largavam.

Hendrick ainda estava com Paola. Falando nela, a Jenny e


Bella eram inseparáveis, Dante ainda morava com a gente.

Samantha nunca se interessou em saber quem adotou a sua


filha, aliás, ela estava grávida outra vez, mas estava solteira.

Esperava que ela não o abandonasse como fez com a Jenny.

Ana e Pedro tinham um lindo menino de apenas um ano,

ele era a cara do John. Eles não falavam mais com a gente,
tinha certeza de que isso tinha dedo da Joana. Não a julgava,
pois faria o mesmo, o que me deixa aliviada era que ela não

sabia que a filha do seu amado esposo estava viva.


As crianças estavam crescendo, Bella com 12 anos e Jenny
com quase 11 anos já falavam 4 idiomas e faziam balé. Tefo e

Dante adoravam jogar bola. Já a minha Donna, ela adorava

escrever, com apenas 10 anos já escrevia um poema mais lindo

que o outro, e ela também acompanhava a Bella no balé, e ela


morria de ciúmes da amizade da Bella com a Jenny

Não ia negar que era uma mãe babona e muito orgulhosa.


— Não vai chorar, Liz? — Henry perguntou. Estávamos em

uma das apresentações de balé da Donna, e ela estava

irradiante.

Henry tirou um lenço do bolso do seu paletó e me

entregou, aceitei.

Olhei para o lado e o Petter fez a mesma coisa com a

Sandra, que já borrou toda a sua maquiagem.

Ela me olhou e sorriu, com orgulho da nossa menina.

Dessa vez, a escola optou por fazer em um auditório, pois

elas se saíram muito bem na última apresentação, e para variar


eu estava toda derretida por ver que a minha pequena já uma

mocinha.

— Não, eu acho que não. — Ele riu e me abraçou.

— Já falei que você é linda, até chorando?!

— Para de rir. — Dou um soco de leve no seu peito.

— Você pode não acreditar, mas essa é a mais pura

verdade, minha ragazza. — Por fim, ele me beijou.

As nossas vidas eram assim, cuidando dos negócios e

acompanhando o crescimento dos nossos filhos. Íamos a todas


as apresentações da escola, e eles iam em todas as viagens que

fazíamos. Henry queria que o laço com os filhos fosse único, e

eu sabia que era uma forma dele não ser como o pai.

— Não sei, mas a Jenny está estranha. — Paola reclamou

Estamos na beira da piscina aproveitando o sol de Nova

York, como estava com saudades dos raios do sol.

— A Bella me disse a mesma coisa? — falei.

— Já tem alguns dias que está me evitando, o engraçado

que ela está fazendo o mesmo com Hendrick. — ela falou,

enquanto passa o protetor solar no corpo. — Antes ela até o

chamava de pai, e agora está assim, tão distante.

— Já vai fazer 15 anos que o Martin nos deixou, às vezes

pode ser esse o motivo. — Apesar da Jenny não ter conhecido o

Martin, o Hendrick e a Paola sempre falaram dele para ela, que

ele era o seu “verdadeiro pai”.


— Esses dias eu a ouvi conversando com alguém no

telefone, falando sobre um tal de John.

O meu corpo todo se arrepiou quando ouvi o nome do John.

— E você não foi atrás em saber com quem ela está

conversando? — Já estava apavorada, mas tentei manter a

calma.

— Não. — Por incrível que pareça, ela parecia não

entender.

Por mais que tivesse se passado mais de 14 anos, isso

ainda mexia muito comigo.

— Paola, você não se tocou que ela estava falando com

alguém sobre o John Ferrari? — Nesse momento, ela ficou

branca feito papel.

— Meu Deus, Liz. Eu não tinha pensado nisso.

— O que aconteceu com as meninas? — Henry perguntou

quando se aproximou de nós.

— Nada que tenha que se preocupar — falei enquanto ele

se aproximou e me deu um selinho.

— Liz… — Paola se calou quando a encarei.


— Depois escolhemos a cor, Paola.

— Tudo bem. — Ufa! Ela entendeu.

Não queria preocupar o Henry com esse assunto, não ainda.

No fim, a Paola não deixou a Jenny viajar com a gente,

aliás, ela não quis.

Ela estava muito estranha, não conversava com mais

ninguém, ficava apenas o celular e Paola o confiscou para ver

se ela muda.

— Anda, Donna.

— Já vou, mamãe — ela gritou.

Estávamos no andar de baixo esperando por ela. Íamos

fazer uma viagem para o Brasil e todos iriam, todos mesmos,

incluindo Sandra, Petter, Hendrick e Dante.

Dante ficarria apenas uns dias, depois ele iria para a casa

da sua avó materna na Grécia, pois daqui uns dias seria o

aniversário dela.

— São 10h no avião — falei.


— Todos acomodados? — Henry perguntou assim que a

Donna apareceu na porta.

— Eu vou com a vovó e o vovô — Bella falou e correu

para o carro que a Sandra, Dante e o Petter estavam.

No nosso carro íamos eu, Henry, Donna, Tefo e Hendrick.

— Tudo bem. — Já estava cansada.

— Mamãe, como está o seu português? — Tefo perguntou.

— Um pouco enferrujado. — Ele riu.

Sim, passamos alguns dias tendo aula de português. As

crianças, Henry e Hendrick já estavam fluentes, e eu?! Eu ainda


apanhava um pouco, sabia apenas o básico.

O que me animava era que chegaríamos à noite lá, ou seja,

poderia dormir bastante. Odiava viajar de noite, não conseguia

dormir. Por mais que fosse o nosso jatinho, não me sentia

confortável.

Alguns minutos depois, já estávamos decolando.

— Marquei uma reunião com o Farinha — Hendrick falou.


— Como é? — perguntei, indignada. — Não é férias em

família, senhor McNight?

— Calma, minha ragazza. — Henry segurou a minha mão,

tentando me acalmar.

— Podemos todos ir. — Hendrick tentou se redimir. —

Eles têm uma chácara, e convidou a todos nós. E precisamos do

armamento.

— Você sabe que não gosto de misturar a família com

negócios — argumentei.

— Tudo bem, se você preferir, eu volto em outro momento.

— Henry me olhou com cara de cachorro sem dono.

— Tudo bem. — Respirei fundo. — Dessa vez passa, e

espero que eu não me arrependa.

— Valeu, cunhadinha. — Hendrick me deu um tapinha no


ombro. — Vou marcar o local e o horário.
Após 10h, aterrissei no Brasil, mais exato em São Paulo.
Hendrick fez reservas em um hotel que fica no Morumbi, Zona

Sul.

E olha que além de lindo o hotel era super chique. Não


parei para contar quantos andares tinham. Pelo que eu li em um

panfleto, tinha duas piscinas, uma na área coberta que mais


parecia um arranha-céu e outra na área não coberta, só sabia

que as crianças iriam amar.

— Qual quarto é o nosso? — Dante perguntou enquanto

estávamos no elevador.

— Peguei um para vocês — Hendrick começou a falar. —

Outro para o Petter e a Sam. — Ele entregou as chaves para


eles. — Aqui está a de vocês. — Ele também me entregou outra
chave.

— E os seguranças? — perguntei.

— Chegam em 10 minutos.

Sim, Henry não viajava sem os seus seguranças.

— E você vai ficar sozinho? — Henry perguntou.


— Sim. — Henry o olhou desconfiado. — Não sei se o
Dante vai querer passar mais tempo comigo.

— Eu não sou o pai dele.

— Tudo bem.

Já passava das nove da manhã, estava me trocando para

tomarmos café. Dormi super bem. O nosso quarto era grande,


tinha uma banheira de hidromassagem e a cama era super

macia. Hendrick acertou na escolha do hotel.

O café aqui era super reforçado e estava louca para provar

o “pão de queijo”. E sim, ele era maravilhoso, uito gostoso.

— Menina, eu e o Petter vamos passear, vocês se


importam? — Fazia pouco tempo que terminamos de tomar o

café.
— Claro que não San, podem aproveitar. — Dei um beijo

na sua testa e entrou em um dos carros que alugamos.

— Todos colocaram o cinto? — perguntei.

— Sim — as crianças responderam.

Saímos com o carro em direção a Paraisópolis. Nunca tinha


ido em uma favela, na verdade, eu nunca imaginei o que

poderia ser uma.

Assim que chegamos na entrada, fomos barrados por uns


homens armados. Acreditava que fossem seguranças, mas eles

usavam roupas comuns: calção, regata, chinelo e muito cordão


de ouro. Fiquei olhando tudo com atenção, junto das crianças.

Henry abaixou o vidro do carro e um dos homens veio até a


gente.

— Bom dia! — Henry falou.

— Bom dia! — o segurança respondeu, olhando para o

nosso carro. — Tem autorização? Veio pra resolver alguma


parada ou falar com alguém? —

— Na verdade, eu vim pra tratar alguns assuntos com o

Farinha. O meu nome é Henry e o meu irmão se chama


Hendrick, ele tá aqui atrás. — Apontou para o banco de trás.

— Pode deixar passar, o patrão já me deixou avisado da


chegada do italiano — Um outro homem disse, se aproximando

do meu carro.

— Olha só! Quanto tempo, Sofá — Hendrick disse após

abrir o vidro do carro.

Eu e o Henry nos olhamos, pois achamos estranho alguém


ser chamado de “ Sofá”.

— Caralho, Hendrick! Quanto tempo. — O homem sorriu e


o cumprimentou. — Veio visitar o chefe?

— Sim, viemos tratar de negócios.

— Esse é o seu irmão? — o Sofá perguntou.

— Sim, ele se chama Henry.

— Tá suave irmão? — Eu fiquei sem entender o que ele

quis dizer, mas em seguida o Henry o cumprimentou.

— Olá, tudo ok. — Henry sorriu fraco.

— O Farinha tá esperando lá na frente, podem subir.


— Até mais Sofá. — Hendrick se despediu, todo
empolgado.

Seguimos na direção que o menino nos indicou, e percebi

que havia várias crianças no meio da rua, algumas brincando,


outras andando de bicicleta. Era um lugar e uma cultura

diferente, não podia negar que amava o sol, mas o do Brasil era
de matar. Tinha muito barulho de moto e de carro. Algumas

casas foram construídas umas em cima das outras; algumas


estão pintadas, outras sem reboco. Tinha até cachorro no meio

da rua, e eles não pareciam se preocupar quando tinha carro ou


moto buzinando para eles.
Avistamos um carro enorme branco.

— É ele — Hendrick falou e nos aproximamos.

Observei que tinha um casal. O homem era moreno, cheio

de tatuagens e a mulher tinha a pele branca e os cabelos pretos.

Eles se aproximaram do carro assim que nos viram.

— Dae Farinha — Hendrick o cumprimentou, e ele

retribuiu o gesto ainda dentro do carro.


Ele e a sua esposa, acredito que fosse, também nos

cumprimentam e foram bem simpáticos, o contrário do que eu

tinha imaginado.

— Vou levar vocês até a chácara, segue o meu carro aí.

Alguns minutos depois, chegamos à chácara, o engraçado


era que ela ficava dentro da favela, e por incrível que pareça, o

lugar era enorme e lindo. As crianças já desceram do carro

fazendo bagunça.

A casa era enorme, percebi que também tinha piscina.

Assim que descemos do carro, o casal veio até nós junto


dos seus filhos, o que eu acreditava que fossm, pois eram bem

parecidos.

— Oi — Henry falou quando não havia mais distância


entre nós.

— Demoraram, hein? — Farinha disse e nós rimos.

— Aqui o trânsito é enorme. — Ele assentiu com a cabeça.

— Tudo suave contigo? Tá gostando do Brasil?

— Não aproveitamos muito ainda, mas é diferente.


— Aqui tem de tudo um pouco. E você, Hendrick, quanto

tempo, cuzão!

— Pensei que nunca mais ia te ver, cara. — Riu e os dois

deram um aperto de mão. Tirei a minha atenção deles e olhei

para a mulher que estava na minha frente, junto de uma menina

e um garotinho…

— Olá, sou a Emily — ela falou e estendeu a mão.

— Olá, me chamo Liz. — E retribuí o gesto.

— Lara, muito prazer — A menina estendeu a mão e eu

sorri, apertando-a.

— É um prazer conhecer vocês — disse.

— Eu sou o Vinícius, mas pode me chamar de Vini — o

garotinho falou, com vergonha.

— Que coisa fofa! Prazer, Vini. — Ele sorriu e abraçou a

menina — São os seus filhos? — perguntei à Emily.

— Sim, ainda falta mais um, mas esse quis ficar em casa.

— Entendo. Os meus gêmeos e o meu sobrinho já correram

pra brincar, como você viu. Mas essa aqui é a Bella, a minha

primogênita.
— Olá, tudo bem? — Bella perguntou, estendendo a mão

para Emily.

— Olá, tudo bem! — Apertou a mão dela e sorriu.

— O seu português é ótimo! — Lara falou e nós rimos.

— Obrigada, eu dou o meu melhor na escola.

— Eu ainda não estudei italiano, mas já quero aprender.

— Posso te ensinar algumas coisas básicas, se você quiser.

— Claro que eu aceito! Aliás, vou adorar saber mais uma

língua. Vem, vamos nos sentar na mesa. — Pegou na mão dela.

— Não sei se você gosta de comida brasileira, mas foram

preparadas muitas delícias.

— Eu acabei de chegar no Brasil, mas só pelo cheiro e pela

estética tudo parece ser delicioso aqui — falei, indo em direção

à mesa com a Lara.

— Se enturmam rapidinho, né? — Emily perguntou e eu

assenti com a cabeça.

— Adolescentes estão sempre em busca de fazer amizade.


— Depende muito dos adolescentes. Eu tenho outro filho

além desses dois e ele é super fechado, tanto é que ele nem tá

aqui hoje. No começo, ele era um amor, mas foi mudando com o

passar do tempo.

— Espero que isso não aconteça comigo, pois sou capaz de


enlouquecer com três filhos. — Rimos.

— Os gêmeos parecem ser tranquilos, e a Bella é bem

meiga.

— Sim, os três são uns amores. Donatella e Stefano estão

em fase de crescimento, mas continuam praticamente do mesmo

jeitinho.

— Eles gostam de brincar, pelo visto — falou, olhando

para eles.

— Amam gastar as energias. Se pudessem, passariam o dia

inteiro brincando. — Ela assentiu.

— Você não quer se juntar com os gêmeos? — perguntou

para o seu filho mais novo.

— Sim, mas tô com vergonha — disse e agarrou a Emily.


— Não precisa ter vergonha, estamos em casa. Se aproxima

deles e pede pra brincar.

— Eles vão me entender?

— Os dois são fluentes, eu preciso melhorar — falei e

riamos. — Mas se tiver dúvida pode me chamar e eu tento ver o

que eles tão querendo te dizer.

— Tá bom, obrigado.

— Por nada — respondi e sorri fraco, vendo o Vinícius se

aproximando dos gêmeos.

— O Vinícius é super vergonhoso, como você pode ver.

— Deve ser porque ainda é pequeno, talvez ele se solte

mais quando crescer.

— Sim, deve ser isso — respondeu e nós voltamos a nossa

atenção para nossos maridos e para o meu cunhado.

— As crianças gostaram do espaço, pelo que eu tô vendo

— Henry comentou.

— Elas amaram, e a Bella já está se enturmando.

— Estão com fome? — Emily perguntou.


— Tomamos café antes de vim pra cá, mas eu não vou

recusar esse banquete que está na mesa, ainda mais sabendo o

quanto a culinária brasileira é boa. — Nós rimos.

Nos juntamos para ir até à mesa fazer nossos pratos.


Confesso que bateu uma vontade enorme de comer o que

prepararam para a gente. Tinha muita coisa bonita e cheirosa, o

que me deixava com mais vontade ainda de provar de tudo um

pouco. Nos sentamos à mesa e tomamos um café longo, com


muita conversa e risada. Após o café, Henry saiu da sala de

jantar com Farinha e Hendrick e os três foram para o quarto


conversar em particular. Eu acreditava que fosse sobre a

questão do pagamento da mercadoria e tudo o mais.

Quando eles sairam do quarto, Henry me avisou que


Farinha iriar levá-los para conhecer Paraisópolis, e Hendrick

estaria junto também. Como eu sabia que a chácara estava


muito bem segura, com milhares de seguranças armados ao

redor, eu falei que não tem problema algum, e continuei


conversando com a Emily. Me enrolei um pouco em algumas

palavras e até não consegui compreendê-la muito bem, mas ela


estava me guiando e me ajudando com o português.
As crianças continuaram brincando e nem sequer pararam
um minuto para comer alguma coisa. Só não me preocupei tanto

porque elas comeram antes de sair de casa, então não estavam


com o estômago vazio. Depois de mais ou menos 2h, Farinha

retornou com Henry e Hendrick. Eu tirei as crianças do


parquinho e chamei a Bella, pois talvez fôssemos embora. Eles

se aproximaram da gente, que já estávamos todos juntos, eu


com meus filhos e Emily com os filhos dela.

— Andaram bastante, né? — perguntou e Farinha pegou

Vinícius no colo.

— Levei ele pra conhecer cada canto dessa favela, até a

laje. — Emily gargalhou.

— Laje? — perguntei, confusa, e o Henry riu.

— Você não entenderia, minha pequena — falou e beijou a

minha testa.

— Matei a saudade do Brasil — Hendrick suspiro.

— Tá ligado que vocês são bem vindos, né? Podem voltar


quando quiser.
— Apareçam na Itália, as nossas portas estão abertas. —
Emily e Farinha se entreolharam e riram fraco.

— Quem sabe em outra vida — Farinha falou e riu.

— Tinha esquecido do pequeno detalhe que o Hendrick me

falou, mas isso não te impede de ir. — Henry parou e colocou


as mãos nos bolsos. — Eu tenho um jatinho e alguns contatos,

ninguém nunca descobrirá que vocês saíram daqui.

— É arriscado, então não sei se vale a pena.

— Pensem bem. — Henry e eu nos entreolhamos. — Bom,

vocês indo para a Itália ou não, vou continuar vindo para o


Brasil de vez em quando.

— Voltem quando quiser — respondeu e os três deram um


aperto de mão.

— Foi um prazer, Emily. — A abracei.

— Amei te conhecer, Liz. — Retribuiu o meu abraço. —

Apareça mais vezes com os seus filhos.

— Pode deixar! Tchau, Lara. Tchau, Vinícius.

— Tchau! — Os dois responderam em uníssono e deram


tchau com a mão.
— Até breve, Lara.

— Até, Bella. — As duas deram um abraço de despedida e

o Henry pegou na minha mão.

— Boa viagem pra vocês! — Agradecemos todos juntos e

vamos em direção ao nosso carro.

Entramos no carro e colocamos o cinto. Farinha pediu para

um dos seus seguranças guiar a gente até a saída da favela, pois


ele iria permanecer na chácara com a Emily. Eles eram

divertidos e tinham uma energia boa. Tive uma leve impressão


de que a maioria dos brasileiros eram assim, ou pelo menos eu

esperava que fossem. Saímos satisfeitos da chácara e partimos.


Fomos até a mesa e fizemos os nossos pratos. Nos

sentamos e começamos a comer. Até que foi bem tranquilo, o


Hendrick era alegre e animava todo mundo. Quando terminamos

de comer, nós três fomos para um dos quartos e começamos a

organizar data, horário, local, quantidade e preço da


mercadoria.

Hendrick me pagava tudo de uma vez e eu me sentia

satisfeito com a venda. Tinha certeza de que ele iria pegar


mercadoria mais vezes para abastecer aqui no Brasil, então

podia garantir que uma parceria forte acabava de começar. Abri

a porta do quarto e dei espaço para eles saírem.

— Tu não pode ir embora sem antes conhecer a quebrada

— Farinha falou.

— Está falando de Paraisópolis? — Rio.

— Tô — Farinha disse.

— Tudo aqui é diferenciado, vale a pena conhecer —

Hendrick declarou.

— Vamos, então — sugeri.

Avisei à Liz que nós iríamos sair para conhecer a favela e


ela ficaria na chácara com a Emily e as crianças. Entrei no

carro com o Farinha e Hendrick, ele deu partida enquanto

conversávamos sobre a mercadoria no caminho.

— Aqui é bem diferente da Itália ou de qualquer bairro

nobre daqui de São Paulo — falei, olhando as ruas da favela.

— É favela. — Farinha deu de ombros. — Essa é a

realidade do Brasil. A maioria dos brasileiros vivem assim.


— Mas pelo menos quem é do tráfico fatura bem e tem uma

vida boa, dá pra notar de longe o quanto você e sua família são

estruturados — afirmei.

— Dinheiro do crime rende pra caralh0, ainda mais

quando é de uma favela inteira — Farinha falou.

— Muita grana envolvida. — Ele apenas confirma

acenando com a cabeça.

Farinha nos leva a uns 5 lugares conhecidos daqui e o

Hendrick tira foto de tudo. Já estamos passando mais de 1 hora.

Ele já viu aqui antes, mas quer guardar de lembrança. Fico um

pouco surpreso com a vivência deles, aqui em Paraisópolis, na

Itália tudo é bem diferente daqui. Sem comparação.

— Mas aí, tem um lugar que tu precisa conhecer —

Farinha falou risonho, assim que entramos outra vez no carro.

— Qual? — Nem sabia o que era ou onde ficava, só sabia

que já queria conhecer. — Me leva lá — pedi, cheio de

curiosidade.

— A laje.
— Já ouvi falar dessa laje, mas nunca fui — Hendrick

falou e fiquei surpreso por ele não ter conhecido um lugar

daqui, pois ele era um verdadeiro turista. Aonde ia, tirava fotos
de tudo.

— Do que se trata? — Fiquei sem entender o termo que ele

usou.

— É praticamente o meu abatedouro. Todo mundo que faz

merda, eu levo pra lá e mato junto com meus soldados. — Uau.

— Deve ser um lugar sombrio, não sei se quero conhecer a

laje — Hendrick falou. Fiquei tentando lembrar o que fez

Hendrick mudar sobre isso, pois ele sempre amou torturar. Será

que foi a Paola que o fez mudar de ideia?!

— Gosto de lugares sombrios, porque já estava acostumado

com tudo isso. Assassinatos fazem parte da nossa vida. — E

como eu estava com saudades de torturar alguém, já tinha um

certo tempo que isso não acontecia.

— É, só que esse lugar praticamente virou um ponto

turístico pra mim. Há anos eu tenho essa laje como uma entrada

pro inferno. As pessoas são torturadas da pior forma possível lá


e vão direto pro colo do capeta. — Farinha fala como se

estivesse se lembrando de algum momento, e rio junto.

— Quero conhecer, me leva — pedi, curioso.

— Acho que vou ficar dentro do carro — Hendrick falou.

— Larga de caretice, Hendrick. É uma casa normal com

uma laje em cima, nada demais — Farinha tentou explicar.

— O tamanho da energia negativa dessa casa deve ser

enorme — Hendrick tentou argumentar.

— Depende do que é energia negativa pra você e o quanto

você deixa isso afetar sua vida. Eu não me importo com essas

coisas. — Farinha foi curto e grosso.

— Eu muito menos. — Eu o apoiei, não estava entendendo

o que se passava com o Hendrick.

Que porra aconteceu com ele?!

Seguimos até a laje ele para o carro em frente. Descemos,

Farinha e eu cumprimentamos os seguranças que estavam

fazendo o plantão. Farinha apreciava aquele lugar. Hendrick

ficou um pouco acanhado, mas o Farinha nos chamou com uma

das mãos e nós subimos as escadas, indo direto para a laje.


— É bem grande isso aqui, né? — Hendrick falou como se

tivesse comparando com o nosso lugarzinho.

— Também achei espaçoso e… parece ser realmente um

lugar frio, mas digo frio de frieza — expliquei.

— Sim, é.

— Você joga os corpos naquele matagal? — perguntei,

olhando para a mata que tinha atrás da laje.

— Às vezes jogamos, cavamos ou queimamos. Mas é

sempre aí que ficam os corpos. — Farinha apenas confirmou a

minha curiosidade. — No quartinho tem ferramenta de tortura?

— Aquele lugar me lembrava muito do meu.

— Sim, até demais. Gosto de ver a pessoa implorando pela

vida. — No fundo, eu e o Farinha éramos parecidos em alguma

coisa.

— É realmente prazeroso, mas só quando a pessoa

realmente merece sofrer. — Não podia negar.

— Claro, ninguém mata inocente. — Gostei do jeito que

ele fala.
Ficamos uns minutos conversando na laje e o Hendrick

pode voltar para a chácara.

— Como foi lá? — Liz perguntou.

— Até que eu gostei. Farinha e eu temos muitas coisas em

comum. — Liz franziu o venho sem entender. — Se é que você

me entende. — Estava falando sobre a tortura.

— Ehhh, cunhadinha — Hendrick falou e sussurrou algo no


ouvido da Liz.

— Ah, tá! Agora eu entendi — falou.

— Do que vocês estão falando? — Donna perguntou.

— Coisa de adultos — Bella rebateu.

Na volta a Bella, veio sentada na frente comigo, e os


outros ficaram atrás.

O carro em que estamos era grande, uma Mercedes-Benz


GLB, não foi fácil encontrar um lugar que alugasse um carro

bom e com sete lugares.


— O que você quer? — perguntei assim que chegamos em
casa e meu pai estava lá, no jardim, sentado em um dos

balanços. As crianças correram para abraçá-lo.

— Cadê o Dante? — perguntou para o Stefano.

— Esqueceu? É aniversário da vovó dele — respondeu.

— Ah, verdade, já tinha me esquecido. Todo ano ele vai


para lá — Meu pai falou. — Oi, Liz.

— Oi, Rodolfo — Liz falou meio receosa.

— Como estão as coisas? — ele perguntou.

— Bem.

— Pai. — Hendrick o cumprimentou e o abraçou. — Estava

com saudades.

Sei que era muito estranho a maneira como eu e o meu pai

nos tratamos,. Depois de tudo o que aconteceu, fiquei mais


gélido com ele, talvez não fosse o correto, mas eu nem sentia

vontade alguma de falar com ele.

Eu o culpei por tudo o que aconteceu com a minha família,


e minha mãe ainda poderia estar aqui.
— Você ainda não respondeu a minha pergunta. Crianças,
já está na hora de vocês entrarem e ajudarem a mamãe e a vovó

com as malas — falei e sem questionar, eles entraram. — Você


também, Hendrick. Aliás, precisamos conversar depois.

— Sobre o quê? — perguntou desconfiado.

— O jeito como você ficou lá na laje.

— Como assim? — meu pai perguntou.

— Laje é um lugar que o Farinha tem para tortura —


afirmei.

— Farinha?

— Esqueço que você está por fora dos negócios. —


Respirei fundo e coloquei as mãos nos bolsos. — É um

traficante brasileiro, ele conseguiu algumas coisas para nós. —


Meu pai estava fora dos negócios, ele apenas recebia uma

quantia bem generosa dinheiro que Hendrick depositava todo


mês em nosso nome. — Talvez se não sumisse às vezes, poderia

saber o que está acontecendo.

— Eu não sumi, você sabe onde estou morando.


— Mas você só vem aqui, quando precisa de algo —

declarei.

— Eu vou entrar — Hendrick falou enquanto entrava na


casa.

— Quando você realmente vai me perdoar? — Meu pai me


encarou, seus olhos já estavam marejados pelas lágrimas que

ameaçavam cair.

— Você sabe que eu não gosto de falar sobre esse assunto.

— Me sentei em um banquinho próximo ao balanço. — Eu já te


perdoei.

— Mas não de coração.

— Caralho — não aguentei e gritei. — Dá pra parar com


isso?

— Tudo bem — falou, respirando fundo. — Vou votar para


os negócios.

— Que bom. — Sabia que estava sendo rude, não sabia

quando realmente iria perdoá-lo. Senti sinceridade no dia em


que nos abraçamos, sabia que isso já havia anos. Fiz isso mais
pela Liz, pois queria que ela tirasse a culpa que estava

sentindo.

Sabia que um dia eu iria perdoá-lo, a única coisa que

restava era que ele se contentasse, pois ainda o deixava ver


meus filhos.

— Vou indo.

— Quer ficar para o jantar?

— Não vou atrapalhar?

— Olha, não me faça desfazer o convite.

— Vamos entrar?! — sugeriu e já saiu do balanço,


seguindo em direção da entrada da casa.

Por incrível que pareça, o jantar foi tranquilo. Fazia muito

tempo que eu não sabia o que era isso, ter todos reunidos.
Depois de tudo o que aconteceu, nossa família nunca mais foi a

mesma.
Tem alguns dias que voltamos do Brasil. Que lugar

maravilhoso! Fui em algumas praias e fiquei meio receosa, pois

as brasileiras eram lindas, e não iria negar que eu e o Henry

observamos todas, embora pudesse parecer engraçado da nossa


parte.

As crianças amaram, até queriam voltar lá mais vezes, mas

não era bem assim. Por enquanto, eles só poderiam ir se


estivéssemos juntos, caso contrário não.

Estava indo ao shopping com as meninas e a Paola, Bella

tinha uma festa do pijama com alguns coleguinhas da escola.

Henry não estava querendo que ela fosse, não foi fácil

convencê-lo.

— Como a Jenny está? — perguntei, enquanto olhamos

algumas vitrines.

— Eu não sei, tem momentos que ela volta a ser a menina

doce que eu criei, e depois se revolta do nada. Já pensei em

colocar alguns seguranças, sabe? Apenas para cuidar mais dela.

— Ela pode relutar no começo, assim como a Bella e

alguns dias atrás.

— Como assim?

— Pois é. — Ri ao me lembrar. — Essa semana ela chegou

e disse para o Henry que não queria mais nenhuma segurança

com ela.

— Qual foi a reação dele?

— No começo, ele ficou possesso, eu sei porque o


conheço, mas ele respirou fundo e contou para Bella tudo.
— Tudo? — Paola me olhou, perplexa.

— Sim, já não tínhamos argumento, ela é difícil assim


como ele.

— Dizem que a fruta não cai tão longe do pé.

— Isso é bom, Henry precisa de alguém que seja igual a

ele.

— E como ela reagiu?

— Melhor do que imaginávamos. O engraçado é que ela

perguntou quando ela vai assumir. — Paola riu.

— Quando vai ser?

— Por mim, nunca. Eu sei que é a maneira que “vivemos”,

que tem essas coisas de tradição, herança e não sei o que mais.
Por mim, nenhum deles assumiu.

— Mas você sabe que isso é impossível, né?

— Eu sei.

— Hein. — Paola me cutucou. Quando percebi, ela estava

encarando uma mulher. — Não é a Ana?

— É, sim.
— Quem é aquele menino?

— Eu não sei.

— Já faz tempo, né?

— E muito. — Continuamos olhando as vitrines, as

meninas decidiram entrar em uma das lojas para olhar os

pijamas.

Após alguns minutos, a Bella escolheu um na cor cinza e

que tem o emblema do Capitão América. Sim, ela o amava.

— Ui! Tem certeza? — Jenny perguntou.

— Sim. Eu gosto. — Bella foi firme em sua resposta.

— Tudo bem, meninas — Paola falou para amenizar.

— E qual você vai escolher? — perguntei para a Jenny.

— Esse. — Ela ergue as mãos e nos mostra o pijama que

estava segurando. O seu pijama é curto e todo cheio de coração.

— É lindo — falei e ela fez careta para Bella.

— O meu, não é?

— Claro que é, minha Pipoca — falei e ela fez careta.

— Só o meu pai que pode me chamar assim.


— Tudo bem — declarei e a abracei. — Vamos pagar.

Seguimos para o caixa.

— Quero um sanduíche — pediu Jenny.

— Vamos. — Paola falou.

— Também quero — Bella acrescentou.

Seguimos em direção à praça de alimentação.

Jenny corre em direção a um dos restaurantes e sem querer,

esbarrou em uma criança. Os dois caíram no chão com o

impacto.

— Jenny — Paola gritou e correu em sua direção.

— Maycon. — A outra mulher correu para socorrer o

menino e para minha surpresa, eu conhecia essa voz.

— Você se machucou? — Ana perguntou, enquanto ajudava o

menininho a se levantar.

— Não, mamãe — o menininho falou.

Não acredito que ela e o Pedro tiveram um filho.

Fiquei os observando, e o Maycon tinha os olhos da Ana.


— Desculpa — Jenny falou quando a Paola a ajudava a se

levantar.

— Não foi nada. — O menininho passou a mão na testa,

que por sinal estava vermelha. — A culpa foi minha.

— Você a conhece, mamãe? — Bella me perguntou

— O quê? — Saí do meu devaneio com a sua pergunta.

— Liz — Ana falo, me encarando. — Venha Maycon,

vamos — ela falou segurando no braço do menino.

— Desculpa. Você se machucou? — Paola perguntou.

— Ele está bem! — Ana foi seca com as suas palavras.

— Nossa! Como você é grossa. — Jenny rebateu.

— Vê se segura a língua dessa menina — Ana falou e me

encarou.

— Jenny — Paola a repreendeu.

— Quem é ela, mamãe?

— Anda, Maycon, vamos. — Eles caminharam para o lado

oposto.

— O que aconteceu com ela? — Paola me perguntou.


— Eu também não sei. Às vezes sinto falta da Sam, ela

sempre dava um jeito na Ana — afirmei.

— A mãe do Dante?

— Sim, Bella.

— Nossa, vocês quatro são amigas? — questionou Jenny.

— Éramos — afirmei.

— Vamos comer, por favor — Paola pediu e fomos.

Os dias e os anos se passaram.

— Kevlin está de volta — Henry falou, enquanto

estávamos jogando golfe em um clube.

Vim a contragosto, mas queremos expandir nossos


negócios, então precisava me fazer de fina.

— Já sabe o que ela quer?

— Ainda não, aliás, já faz alguns anos que ela aparece e

desaparece — declarou.
— O quê?

— Signore, è arrivato il signor Vicente. (Senhor, o Sr.

Vicente chegou.) — Um dos seguranças se aproximou e falou


em um tom que eu consiga ouvir.

— Grazie (Obrigado) — Henry respondeu e caminhou em

direção a um dos carrinhos.

— Vai me ignorar?

— Não, sei que isso não vai fazer você mudar de ideia. —
Ele abaixou os óculos de sol e então sorriu. — Quando eu
voltar, a gente conversa.

Apenas concordei.

Caminhei até uma mesa enorme que tinha próxima da

entrada do clube. Fiquei ali com algumas mulheres nada


interessantes, elas só sabiam falar sobre cabelo, unhas, compras

e homens.

Henry sabia que eu não gostava desse tipo de assunto.

— Lei è la signora McNight, vero? (Você é a Sra. McNight,

não é?) — uma loira alta e super magra perguntou.


— Sì, lo sono.” (Sim, sou sim.) — Tentei ser educada o
máximo possível. Me sentei ao seu lado na mesa.

— Che cosa ha fatto per vincere quello stallone? (O que


você fez para conquistar aquele garanhão?) — A encarei, pois

não sabia onde ela quer chegar.

— Non prestare attenzione a Judit (Não dê atenção a

Judit). — Era uma moça, loira, olhos azuis, nariz fino, o lábio
inferior um pouco mais grosso do que o superior. Seus cabelos
ficavam na altura dos ombros com algumas mechas. Ela usava

um vestido tubinho na cor azul que realçava os seus olhos.


Agora pensava que eu deveria ter me vestido melhor, estava

usando uma saia, camiseta e tênis da mesma cor, tudo branco,


me vesti igual às mulheres que via nos filmes. — Piacere, mi

chiamo Francesca Rossi Kuhn. (Prazer, me chamo Francesca


Rossi Kuhn) — ela falou e estendeu a mão. Retribuí o gesto.

E a tal de Judit, pareceianão gostar muito dela e


simplesmente a ignorou.

— Mi chiamo Liz McN... (Me chamo Liz McN). — Ela não

me deixou terminar a frase.


— So chi sei. (Eu sei quem você é) — falou, sorrindo. —

Sono uscita con uno dei fratelli. (Eu já saí com um dos irmãos).
— E se sentou ao meu lado na mesa.

— Hai, cosa? (Você já, o quê?) — Fiquei surpresa com as

suas palavras.

— Non preoccuparti, non sei il più vecchio, non devi

essere così. (Não se preocupe, não é o mais velho, não precisa


ficar assim.) — ela afirmou. — É o caçula.

— Você fala inglês — eu disse.

— Sim, já tem algum tempo que moro aqui. Sou uma


italiana casada com alemão. — Ela se sentou ao meu lado. —

Meu marido foi negociar com o seu.

— O Vicente?

— Sim, ele mesmo. — Ela pegou uma taça de vinho e


tomou um gole. — Vai ter um jantar em minha casa nesse final

de semana, vocês estão convidados, e podem levar seus filhos.


Tenho certeza de que eles vão se dar muito bem com os meus —
convidou e simplesmente sorriu.
— Vou falar com o Henry, acho que não temos nada

programado para esse fim de semana — afirmei.

— Vicente vai fazer o mesmo convite a ele, e se ele for

esperto, vai aceitar. — Arqueei uma das minhas sobrancelhas e


a encarei. — Meu marido não gosta de ouvir não, ainda mais em

uma nova negociação.

— Ah. — Não expressei minha opinião, apenas queria ver


até onde iria essa conversa. No começo eu até tinha gostado

dela, mas agora eu já não sabia mais.

Nesse meio tempo, eu descobri que a Francesca era quase

20 anos mais jovem que o seu marido, ela foi prometida a ele
quando ainda era um bebê. Ela não o amava, tinha suas

aventuras e o pior de tudo era que ele sabia e ainda estava com
ela.

— Ele já matou alguns dos meus amantes. — Ela ri. — Na


verdade, ele mata apenas aqueles por quem eu me apaixono.

— Por que vocês não se separam?

— Ele me ama, e não aceita, e ele ameaça tirar os meus


filhos.
— E você não fica com a consciência pesada?

— Pesada? — Ela não entendeu a minha pergunta, não a


julgava, pois já estava na quarta garrafa de vinho.

— Sim, pelos seus amantes serem mortos, a família deles?

— Ah! — Ela riu. — Não mais, quem eu mais amava já se

foi. — Ela deu de ombros.

— Você tem quantos filhos?

— Três, dois meninos e uma menina. — Agora ela olhou

para o nada. — É a única coisa boa que o Vicente me deu.

Olho em volta da mesa e estava apenas nós duas, o restante

das mulheres entraram, pois o sol já havia ido embora, e


começou a ventar. Lrogo a chuva chegaria.

— Vejo que já fez amizade. — Um homem, alto, olhos

escuros, cabelo grisalho se aproximou enquanto falava.

— Vicente — ela falou toda sorridente. — Ela é…

— Eu sei quem ela é. — Ele segurou um charuto em uma

das mãos.
— Ragazza. — Henry se aproximou e me deu um beijo na
testa.
— Sentiu a minha falta? — Henry perguntou.

— Você não imagina quanto. — Me sentia mais leve e

segura com ele por perto.

— Vamos, meu amor — Vicente falou para Francesca.

— É claro. — Ela nos olhou toda sorridente. — Até

sábado?

Eu e o Henry nos olhamos.


— Sim, até — Henry afirmei.

Francesca saiu andando na frente e Vicente foi logo atrás.

Esperei até os dois ficarem bem distante.

— Como eles conseguem?

— Consegue o quê, minha ragazza? — Henry se sentou ao


meu lado.

— Se casar com alguém bem mais velho que ela, e viver

sob ameaças — afirmei.

— Ameaças?

— Sim, o Vicente ameaça tirar os filhos dela, caso se

separem — falei, indignada.

— Ragazza, isso são negócios de família — Henry falou

com a maior naturalidade.

— Isso nunca vai acontecer com os nossos filhos.

— Precisamos conversar sobre isso. — Ele me encarou.

— Nem vem me dizer que os nossos filhos vão ter

casamentos arranjados? — A essa altura, meu tom de voz já

estava um pouco alterado.


— Vicente nos fez uma proposta. — Só agora eu percebi

que o Henry estava fumando um charuto. — Falei que ia pensar.

— Não vem pensando que a Bella vai se casar com o filho.

Se for isso, você está muito enganado.

— E se ela se apaixonar por ele? — perguntou.

— Aí é diferente. Filha minha não vai se casar com alguém

que ela não queira, por causa dos negócios da família — rebati.

— Eu concordo com você, mas eu acho que as chances dos

dois se apaixonarem é bem maior. — Ele apagou o seu charuto

e segurou as minhas mãos.

— Qual foi a proposta dele? — perguntei.

— A Bella se casa com o filho, o tempo mínimo é de dois

anos, aí conseguimos unir nossos “negócios”.

— Nunca imaginei que você, como pai dela, iria propor

algo do tipo. — Fiquei indignada com isso.

— Eu vou conversar com ela. — Ele me encarou. — Só vou

aceitar a proposta, se ela concordar.

— Ela não vai aceitar.


— Como você sabe?

— O gênio dela é mais forte que o seu, e você ainda tem

dúvidas?

— Tenho que concordar com você. — O vento começou a

ficar mais forte e os primeiros pingos de chuva começaram a

cair. — Vamos. — Henry segurou em uma das minhas mãos e

corremos para o estacionamento.

Para a nossa sorte, a chuva começou a ficar bem mais forte

do que esperávamos.

Parei e comecei a rir, no meio da chuva.

— Vamos — ele me chamou.

— Isso é maravilhoso — falei e ele fica me encarando. —


O que foi? — perguntei e ele fez sinal para que os seguranças

entrassem em seus carros.

— Sua camiseta. — Ele apontou o dedo em direção aos

meus seios.

— Droga. — Eu já estava encharcada, tecnicamente dava

pra ver o meu sutiã, que também era branco.

Henry se aproximou e me segurou pela cintura.


— Você está muito sexy com essa roupa. — Ele beijou o

meu pescoço e me pegou no colo.

Ele caminha em direção ao nosso carro, e eu começo a dar

beijos leves em seu pescoço, e ele apenas sorriu.

Ele abriu a porta e nos sentamos no banco de trás.

Colei minha boca na sua.

As mãos do Henry me apertaram e me puxaram mais ainda

para si.

Ele não se importou, pois estávamos muito encharcados.

Minhas mãos se prenderam nos seus cabelos, o puxando

cada vez mais para mim. Precisava de ar, então ele beijou o

meu pescoço, me causando arrepios.

— Abre as pernas — ele ordenou enquanto ergueu a minha

saia.

Apenas obedeci.

Puxou a minha calcinha para o lado e tocou a minha


intimidade, então começou a fazer os movimentos que me

levavam à loucura.
— Ah. — Não consegui segurar um gemido. Fiquei feliz

que estava chovendo e que os vidros do carro fossem fumê.

— Está perfeita. — Henry colocou seus dedos na boca, de

uma forma sexy.

Devagar a sua cabeça desceu em direção ao meio das

minhas pernas e logo senti a sua língua em meu clitóris.

Era como acionar uma bomba dentro de mim.

Minhas mãos seguraram o seu cabelo, dessa maneira eu

conduzia seus movimentos. Como se eled precisasse disso…

— Henry — gemi. — Sem torturas, por favor — pedi com a

voz manhosa.

Ele apenas sorriu e abriu o cinto da sua calça. Eu o ajudei

a abrir o zíper da sua calça. Antes que ele a tirasse, eu coloquei

as minhas mãos por dentro da sua box preta.

Mordi meus lábios, e ele gemeu.

— Sem torturas, lembra? — Apenas sorri e me ajoelhei no

banco.

— Venha — falei e ergui a minha camiseta. Comecei a

massagear um dos meus seios por cima do meu sutiã.


Henry se ajeitou entre as minhas pernas e segurou o seu

pau bem na minha entrada.

Ele começou a brincar comigo, colocou o seu pau e quando

eu pensava que ele iria penetrar, ele tirava.

— Sem torturas — reforcei.

Então ele me penetrou com tudo.

Me senti completa em todos os sentidos, nossas noites de


amor eram sempre quentes, mas fazer algo inusitado nos

deixava mais excitados.

Henry sabia como se movimentar, dando uma rebolada que

me levou à loucura. Me segurou firme pela cintura com uma das


mãos e com a outra, estimulou o meu clitóris.

Quanto mais forte a chuva caía, mais rápido eram os seus

movimentos.

— Ah, Henry — gemi o seu nome entre uma estocada e


outra.

— Ragazza — sussurrou em meu ouvido.

Nesse momento, eu já estava nas nuvens, e depois de

alguns minutos, meu corpo começou a dar sinais de que teria o


meu orgasmo, o que me fazia relaxar e querer mais e mais o
Henry.

Ele saiu de dentro de mim e desceu mais uma vez entre as


minhas pernas, então ele me penetrou com dois dedos e voltou a
brincar com o meu clitóris. Já estava sensível por acabar de ter

tido o meu orgasmo.

Ele começou a acelerar seus movimentos tanto quanto com

os dedos e com a língua.

— Vou gozar — avisei, e ele sorriu.

Não demorou muito e gozei.

Henry voltou a me penetrar e, sem mais delongas, ele


também gozou.

Nossas respirações estavam ofegantes, nossos corações


acelerados.
Chegamos em casa depois da chuva tensa.

— Nossa, irmãozinho. — Hendrick riu quando me viu


entrando em casa. — Cunhadinha, não conseguiram escapar?

— Está zombando de mim? — perguntei e lhe dei um

abraço.

— Me solta. — Ele riu.


Larguei o Hendrick e puxei a Liz pelo braço para subimos

as escadas correndo.

Ainda estava pensando sobre a proposta do Vicente. Era

muito tentadora, mas o futuro da minha Pipoca estava em jogo.

Eu não queria isso, sabia que o meu destino e o da Liz também


fora assim, mas no final de tudo tivemos sorte.

— O que está acontecendo? — Hendrick perguntou assim

que entrou em meu escritório.

— Estou pensando na proposta do Vicente — falei e

massageei as têmporas.

— Você ainda não me contou sobre isso.

— Ele quer que a Bella se case com o Thomas, aí


poderemos expandir os negócios.

— Esse cara é louco?

— Também acho.
— Você tentou argumentar? — Hendrick perguntou

enquanto enchia os nossos copos de uísque.

— De todas as maneiras possíveis, mas ele não se deixa

convencer facilmente.

— A Liz já sabe?

— Meio por cima, ela não sabe sobre a Alemanha.

— Ela vai ficar louca quando você contar. — Ele riu.

— Eu sei, estou pensando se vou falar com ela ou com a

Bella antes.

— A Bella é mais fácil, já não posso dizer o mesmo da Liz.

— Eu sei, eu sei. — Tomei em apenas um gole a minha

bebida.

Faltavam poucos dias para a festa e ainda não havia

conversado com a Bella sobre a proposta do Vicente.

— Oi, San — a cumprimentei quando entrei na cozinha.


— Menino, como foi o seu dia? — Sandra preparava um

bolo.

— Cansativo.

— Muitos problemas? — Ela despejou a massa na forma e

a colocou no forno.

— Na verdade, tem apenas um que está me incomodando


há um certo tempo.

— Não se preocupe, meu menino, logo as coisas se acertam

— Sandra falou enquanto me sentava à mesa. — Quer um café?

— Por favor. San, onde está a Bella? — Ela começou a

mexer na cafeteria.

— No quarto, com a Jenny.

— E a Liz?

— Foi buscar a Donna. — Me lembrei de que hoje era dia

de ballet.

— Vou conversar com a Bella.

Subi as escadas em direção ao quarto da minha pequena.

— Pipoca? — Bati à porta do seu quarto.


— Pai? — perguntou.

— Sim. — Ouvi alguns risos.

— Entra — ela gritou.

Assim que abro a porta, vejo que a Bella estava com a

Jenny.

Jenny estava sentada à mesa que fica o MacBook, e a Bella

estava em pé ao seu lado, as duas estavam rindo assim que abri

a porta.

Não consegui ver o que as duas estavam fazendo, pois

baixaram a tela do MacBook

— Papai. — Ela me olhou e sorriu, seu sorriso era igual ao

da Liz.

— Oi, Jenny.

— Oi, Zio — ela falou, me encarando.

— Você pode me dar um minuto com a Bella?

— É claro. — Ela sorriu para a Bella. — Você quer um

chá?

— Por favor.
— Você quer, Zio? — Jenny perguntou enquanto saía do

quarto.

— Não, obrigado.

— Eu já volto.

Jenny saiu, e esperei mais um pouco.

— O que aconteceu, pai? — Bella estava incomodada.

— Você lembra quando eu e sua mãe contamos com o que a

família realmente trabalha?

— Sim, eu me lembro. — Ela se sentou na cama e esperou

por mais. — O que isso tem a ver?

— Temos que fazer alguns sacrifícios pela nossa família.

— Bella — Liz bateu na porta.

— Entra, mamãe — ela falou toda risonha.

— Henry. — Liz arqueeou uma das suas sobrancelhas

quando me viu ali.

Eu não tinha lhe dito quando iria falar com a Bella sobre a

proposta que recebi do Vicente.


— Senta aqui, mamãe. — Bella deu um tapinha em sua

cama, e Liz caminhou para se sentar ao seu lado. — Pronto,

papai, pode começar.

— Vamos, papai. — Liz me encarou. — Comece! —


ordenou.

— O papai recebeu uma proposta, que vai nos ajudar muito

nos próximos anos.

— No quê? — Bella perguntou.

— Em expandir o nosso território. Podemos ter uma


parceria com uma parte da Alemanha.

— Alemanha? — Liz perguntou.

— Sim — afirmei.

— Henry, você não me falou sobre isso. — O seu rosto

começou a ficar vermelho.

— Eu te falei que eles são alemães.

— Mas não me falou sobre expandir os negócios. — Ela

bufou. — Aliás, você nem me falou qual era a proposta.


— Então, Bella… — comecei a ignorar a presença da Liz.
— Pra que isso aconteça, ele pediu a sua mão para o filho dele.

— Ele o quê? — Bella ficou surpresa com as minhas


palavras.

— Ele quer que você se case com o filho mais velho dele.

— Eu não posso fazer isso, vocês não podem me obrigar —


Bella falou.

— Eu sei, por isso que estou falando com você, não vamos
te forçar a nada. — Respirei fundo. — No caso, o casamento
teria um contrato, o tempo mínimo de dois anos.

— E até quando você tem que dar a resposta?

— Esse final de semana, eles darão uma festa, e essa seria

a oportunidade para você conhecer o Thomas.

— Mas pai, tenho apenas 16 anos. — Ela riu. — Eu quero


me casar por amor, assim como foi com você e a mamãe —

afirmou.

— Bella, não foi assim que aconteceu — Liz falou.

— Não? Como não?


— Depois nós contamos com tudo isso aconteceu. — Tentei
mudar de assunto.

— Não, vocês já estão aqui, por que não contar agora?

— Você sabe que os seus avós morreram quando eu tinha

16 anos, e quando eu completei 18 anos, me casei com o seu


pai, mas eu não o conhecia.

— O quê? — Bella ficou indignada. — Como você se

casaram sem se conhecer e agora se amam? Quando vocês se


conheceram?

— Quando completamos 3 anos de casados, eu pedi o


divórcio, e o seu pai se negou a me dar.

— Ainda bem. — Bella riu.

— Ainda bem mesmo — afirmei.

— E quando vocês se apaixonaram?

— Quando eu comecei a dar aula na universidade que a sua

mãe estudava — respondi.

— E ele nem sabia quem eu era — Liz completou.


— E eu fiquei perdidamente apaixonado por ela. — E me

perdi em seu olhar.

— Tá. Mas eu preciso de um tempo para pensar.

— Isso, faça isso.

— Bella, lembre-se: não precisa fazer nada que você não


queira.

— Tudo bem, mamãe.

— Vamos, Henry. — Liz se levantou, deu um beijo na testa


da Bella, e me puxou pelo braço.

Ela não soltou o meu braço até que entramos no nosso


quarto e fechou a porta logo atrás de nós.

— Pode falar — a incentivei e me sentei na nossa cama.

— Como que você quer se aliar com alguém da Alemanha?


Qual o seu problema? — ela perguntou aos gritos.

— Calma. — Tentei manter o meu tom de voz.

–— Você está louco! Ainda não sabemos nada da Kevlin —


ela falou entredentes.

— Eu sei…
— Você o quê? — Ela estava furiosa.

— As minhas viagens até a Itália eram por causa dela. —


Comecei a tirar a minha roupa enquanto falava, precisava de um

banho. — Esses eram os negócios que eu tinha que resolver.

— Aonde ela está agora? — perguntou, esperando por

respostas.

— Não sabemos. — Droga. Dei com as línguas nos dentes.

— Não sabemos? — Ela praticamente soletrou as palavras.

— Se explica.

— Eu e a Ketlin estamos acompanhando os seus passos,

nesses longos anos.


— E quando você ia me contar sobre isso? — Caminhou
até o banheiro e o acompanhei. — Anda, Henry, me responda.

— Estou contando agora.

— Para de ser sarcástico — rebati. — Faz quanto tempo

que vocês estão seguindo e que ainda não conseguiram pegar?

— Um tempo depois do seu sequestro.


— E você escondeu todo esse tempo? — Parou na porta do

banheiro e me encarou, eu estava furiosa. — E depois vem dizer

que ainda somos um casal?

— Do que você está falando?

— Henry. — Coloquei as duas mãos na cabeça e respirei


fundo. — Quando eu soube de tudo o que o seu pai te faz, eu

tive que aguentar ser chamada de traidora.

— Eu não te chamei de traidora.

— Mas insinuou a todo momento.

— Isso não tem nada a ver, Liz.

— Ah, não tem? —Baixou as mãos e o encarei.

— Vamos tomar banho — convidou.

— O quê?

— Pare com isso, Liz, e venha — ordenou.

— Você está maluco. — Ri, sem ânimo. — Quer saber,

Henry? Vai à merda. Vai lá resolver tudo com Ketlin.

— Liz, eu não te falei nada para a sua proteção.

— Ah, quando é sobre você, tudo pode, não é?


— Se explica — pediu e caminhou para dentro do banheiro.

— Não tenho nada que explicar. —Saí batendo a porta logo


atrás dele.

Sentia muita raiva e ódio do Henry, ele não confiava em

mim, mas confiava plenamente na Ketlin.

Hipócrita.

— Mamãe? — Ouvi a voz do Tefo. — Mamãe?

— Oi, meu amor. — Estávamos sentados à mesa, fazia

pouco tempo que o jantar foi servido.

— O papai pediu pra você passar o sal.

— Ah. — Ignorei o Henry e tentei mudar de assunto. — O

papai não precisa, Tefo.

— Ah, não? — Henry perguntou.

— Não.
O jantar foi um pouco turbulento, não podia negar.

Mas Henry merecia um gelo, e já que ele não me contou

nada sobre a Kevlin, eu mesma iria atrás de tudo o que eu

conseguisse.

Por isso que amanhã pela manhã, eu iria até a sede da

máfia alemã e conversaria diretamente com a Ketlin.

Henry não sabia da minha viagem.

— Sandra, pede para o Petter deixar o meu carro para fora

da garagem, por favor. — Estávamos sentadas na cozinha, ela

estava preparando o nosso chá.

— Já não é tarde para você sair?

— Não é hoje.

— Quando?
— Amanhã cedo, irei viajar.

— Pra onde vocês vão? — perguntou enquanto esperava a

água ferver.

— Vou sozinha.

— Como assim?

— Vou para a Alemanha, Henry está me escondendo

algumas coisas, e vou descobrir, já que ele não gosta de

compartilhar nada com a sua esposa.

— Você vai visitar a dona Ketlin? — Sandra perguntou,

apavorada.

— Sim. Agora as coisas vão ser do meu jeito. — Ela me

encarou com um certo medo. — Não se preocupe, eu não vou

bater nela, a não ser que precise. — Rimos. — E não conte nada

para o Henry.

— Tudo bem — ela concordou.

Terminei o meu chá com a Sandra, e voltei para o quarto de

hóspedes.

Tomei um banho quente e relaxante.


Estava com os braços encostados na parede enquanto a

água caía em meu corpo.

Estava com preguiça de sair da água, pois ela estava na

temperatura ideal.

— Vamos, para de ser assim — Henry sussurrou em meu

ouvido, estava tão distraída que nem o ouvi entrar.

— Não vai adiantar. — Meu corpo todo se arrepiou quando

ele começou a distribuir vários beijos em minhas costas. Ele foi

descendo até chegar na minha bunda, o arrepio só aumentava.

— Liz — sussurrou o meu nome. — Por favor. — Não

proferi uma só palavra, apenas ri.

Ele começou a distribuir beijos na minha bunda e dava

leves mordiscadas.

Até que abriu as minhas pernas e começou a me chupar.

— Ah! — Soltei um gemido e então ele deu um tapa na


minha bunda.

Como ele sabia trabalhar muito bem com a sua língua e

com os seus dedos…


Henry continuava com o seu trabalho, é claro que eu

aproveitei.

Me virei e ergui uma das minhas pernas, a apoiando em seu

ombro. Ele sorriu, pois sabia que eu queria e precisava de mais


e mais.

Depois de alguns minutos, o meu orgasmo chegou, meu

corpo já estava mole, pois mais que ele saiba que já tive o meu

orgasmo, ainda continuava trabalhando com a sua língua.

— Henry. — Segurei o seu rosto. — Já está bom.

— Você ainda não gozou, apenas teve um orgasmo. — Ele

sorriu enquanto falava.

— Estou satisfeita — menti.

— Ok. — Ele se levantou e veio me beijar, mas eu desviei,

passando por baixo do seu braço. — O que aconteceu?

— Achou que me fazer ter um orgasmo maravilhoso, vai


me fazer mudar de ideia?

— Sim. — Ele se embaralhou com as próprias palavras. —


Quer dizer, não.

— Isso não vem ao caso — falei e saí batendo a porta.


Fui direto para o nosso quarto e tranquei a porta.

Me sequei e me deitei, sem vestir nenhuma peça de roupa.

— Liz. — Henry bateu à porta.

— Henry, quero dormir sozinha.

— Vamos conversar, eu te explico tudo.

— Tudo? — gritei.

— Sim.

— Acha que eu caio nessa? — perguntei e ele ficou em


silêncio. — Não quero ouvir você dizendo que quer me

proteger, essa desculpa já é velha.

— Eu prometo que não vou mentir pra você — resmungou.

— Amanhã a gente conversa, agora me deixe dormir.

Pela primeira vez, ele me ouviu.

Acordei com o meu celular despertando.


Me levantei, tomei um banho super rápido e separei
algumas peças de roupas. Não pretendia ficar mais que dois

dias na Alemanha.

Enquanto me trocava, Sandra apareceu com uma xícara de

café.

— Sandra, não precisava.

— Sabe que eu não gosto que você saia sem se despedir —

falou e me deu um beijo em minha testa. Enquanto tomava o


meu café, ela me ajudou a ajustar a bolsa de mão que estava

levando. — A viagem vai ser longa, não vai?

— Vai, o pior de tudo é fazer conexão.

— Você precisa comprar um jatinho pra você — ela


sugeriu.

— Olha que não é uma má ideia. Quando voltar, irei

resolver tudo isso.

— Vamos que eu a acompanho até a porta.

— Mais tarde pede para o Petter buscar o meu carro no

aeroporto.
— O menino vai ficar louco quando souber que você viajou

sem ele saber.

— É o que eu quero — falei e ri enquanto caminhávamos


até a porta.
O voo foi longo, acabei fazendo uma conexão forçada. Um

dos motores do avião pegou fogo, fizemos um pouso forçado em


um dos aeroportos que fazia conexão com a Alemanha.

Estava morta.

O que me deixou receosa foi que eu achei ter visto um

homem parecido com o Patrick no aeroporto, só que um pouco


mais velho e com alguns fios de cabelos brancos.
Tentei abordá-lo para realmente tirar a dúvida, mas não

consegui, e já tinha tempo que ele desaparecera. Não tínhamos

notícias suas desde o coma do Henry, que foi causado por ele.

Já eram quase cinco da tarde. Peguei minha mala de mão e

caminhei até a saída do aeroporto. Pedi um táxi e segui em


direção ao hotel em que fiz a reserva.

Aqui estava frio, não me atentei em olhar o clima. Droga!

Liguei o meu celular e ele começou a vibrar sem parar.

Olhei o visor do celular e tinha 40 chamadas e 20 mensagens do

Henry. O desliguei para a decolagem e esqueci de ligar quando

o avião estabilizou.

Ele devia estar furioso. Isso era culpa dele. Se tivesse me

contado tudo o que estava acontecendo, eu não estaria aqui, na

Alemanha, sozinha.

Até que o hotel era confortável, a minha sorte é que eles

falam inglês, e não me atentei muito ao conforto quando fiz a

reserva. Meu objetivo era passar apenas uma noite aqui.


Deixei a minha mala em cima da cama, coloquei o meu

celular para carregar, e fui direto tomar um banho. Precisava

me esquentar.

Fiquei feliz que a Sandra havia colocado umas duas blusas

um pouco mais grossas na minha pequena bolsa. Depois do

banho quente, decidi pedir algo para comer. Minha barriga

estava roncando, e para minha sorte tinha um tradutor no hotel.

Fico ali pensando se realmente era o Patrick no aeroporto.

Enquanto esperava pelo serviço de quarto, decidi olhar o

meu celular e tinha mais algumas ligações do Henry e duas da

Sandra.

— Oi, San.

— Menina... — Ela fez uma pausa e respirou fundo. — O

menino Henry, ele... — Ela começou gaguejar.

— Deixa-me adivinhar, ele já sabe que estou aqui, não é?

— Na verdade, daqui umas horas, ele desembarca aí.


— Droga!

— Eu não sei, mas o menino Stefano, viu a senhora saindo

e sem querer ele contou hoje cedo, no café da manhã.

— Como não o vimos?

— Sabe que o menino é levado, não é?!

— Vou tentar ir embora o mais rápido possível.

— Se cuida, menina.

— Obrigada, San.

Desliguei o telefone e alguém bateu à porta. Para minha

alegria era o serviço de quarto. Minha barriga roncava mais

uma vez.

Comi tudo um pouco mais rápido que o normal. Coloquei


mais uma blusa de frio e pedi um táxi. Em menos de dois

minutos ele chegou, desci e entreguei as chaves na recepção.

O taxista não falava inglês, precisei usar o Google tradutor

para lhe passar o endereço. Minutos depois, o carro parou na

frente de um gigantesco prédio.


O lugar era enorme e lindo, já podia ver pela recepção, a

decoração era elegante, o piso de porcelanato na cor preta com

creme. Tinha algumas pilastras redondas na cor cinza, entre

elas havia alguns vasos de plantas. As paredes eram todas

espelhadas no balcão da recepção tinha alguns pendentes e

redondos também, nas cores cinzas.

Me aproximei do balcão e de uma moça de estatura

mediana, com o corpo lindo, olhos verdes e cabelo Chanel.

— Hallo, wie kann ich Ihnen helfen? (Olá, como posso

ajudar?).

Merda!

— Oi, você não fala inglês — resmunguei pra mim mesma.

— Falo, sim. — Ela sorriu.

— Ufa! — Senti um alívio, pelo menos não iria precisar

usar o Google tradutor.

— Em que posso ajudá-la? — Seu sotaque era um pouco

forte.

— Preciso falar com a senhorita Campelo.


— Só um minuto. — Ela pegou o telefone e falou algo em

seu idioma. — Senhorita, qual o seu nome?

— Sra. McNight.

— Um momento. — Ela fez um sinal com o dedo, para que

eu aguardasse. — Pode subir Sra. último andar.

— Obrigada.

Caminhei em direção ao elevador, entrei e apertei o botão

para o último andar.


Depois que bati à porta do quarto da Liz e ela se recusou
abrir, tive que ficar no quarto de hóspedes, mas amanhã nós

conversaríamos.

Vesti o meu pijama e fui até o escritório analisar alguns

papéis que faltaram.

Um tempo depois, voltei para o meu quarto, mas antes

disso eu tentei abrir a porta do quarto da Liz, permanecia


trancado.

Acordei com claridade que vinha da janela.

Droga. Estava atrasado. Me levantei às pressas e vim até o


nosso quarto, abri a porta e a cama já estava feita. Pensei que a

encontraria dormindo. Bem, deve estar tomando café com as

crianças. Tomei meu banho rápido e vesti um dos meus ternos


na cor azul marinho. Penteei meus cabelos para trás e desci as

escadas às pressas.

— Bom dia, menino.

— Bom dia, Sandra — falei e peguei a xícara de café que

já me esperava. — Crianças.

— Bom dia, papai — Donna respondeu. — Vai me levar

para ballet, hoje?

— Hoje é o meu dia?

— Sim.

— Posso te levar amanhã?

— Está muito ocupado? — Sandra perguntou.

— Sim. — Tefo e Bella entraram na cozinha. — Sandra,

cadê a Liz?

— A... a menina? — Ela gaguejou com as palavras, e achei

estranho.

— Sim, cadê ela?

— Ela foi pra Alemanha, não é, Sandra? — Tefo pergunta.


— Ela o quê? — Tentei manter o meu tom de voz. —

Sandra, é verdade o que o Stefano acabou de me dizer?

— Sim, papai. É verdade, sim. — Ele caminhou e pegou

uma caneca em um dos armários. — Eu a ouvi saindo hoje bem

cedinho e dando tchau pra Sandra — concluiu e sorriu quando

bebeu um gole do seu chocolate. — Não é, nonna?!

Ela apenas me encarou e balançou a cabeça, afirmando o


que o Tefo tinha acabado de dizer.

— E por que você não disse nada?

— Apenas sigo ordens, menino.

— Preciso de um casaco bem quente.

— Deixa que eu busco papai. — Bella se ofereceu e subiu

para o meu quarto.


Me levantei cheio de ódio, peguei o meu celular e liguei

para ela. Só que não me atendeu, sempre ia direto para caixa

postal. Fui para o meu escritório, peguei um MacBook e usei

um aplicativo que eu tinha para verificar em qual voo ela foi e


em qual horário que ela chegaria lá, e também descobri em qual

hotel ela iria ficar.


Peguei a minha arma na gaveta da mesa da minha sala, pois

sabia que a Ketlin parecia inofensiva, mas gostava de me

prevenir.

— Senhor, no... — Não deixei que ele terminasse a frase.

— Prepare o jatinho agora, saímos em 10 minutos.

— Considere-se feito, senhor.

— Petter, Petter. — Fui correndo para a cozinha.

— Ele está na garagem, senhor. — Uma das empregadas me

falou.

Fui até lá e o encontrei.

— Petter, vamos — o chamei sem delongas.

— Agora? — perguntou enquanto olhava o seu relógio no

punho.

— Sim, vou para Alemanha. — Ele apenas me olhou com a

boca aberta. — Vou atrás da minha mulher. — Sem mais

perguntas, caminhamos até a garagem.

— Vai precisar de algum dos seus seguranças?


— Não. — Respirei fundo. — Pretendo apenas buscar a

Liz, não quero ficar um minuto naquele lugar.

— Papai, aqui. — Bella me entregou um casaco.

— Obrigado, minha Pipoca. — Dei um beijo em sua testa.

— Vai atrás da mamãe?

— Sim. — Ela arqueou uma das suas sobrancelhas quando

respondi.

— Vê se não briguem, tá. — Ela sorriu quando pediu.

— Até mais tarde.

— Tchau, nonno. — Bella se aproximou e o abraçou.

— Petter logo volta, ele só vai me deixar na sede.

— Tchau minha pequena. — Petter e eu entramos no carro


e ele deu partida.

Em questão de minutos, chegamos na sede da máfia, onde

entrei no jato e partimos para a Alemanha.

Ainda continuei ligando para a Liz e nada dela atender.


Algumas horas depois desembarquei, segui para o Hotel
que a Liz estava hospedada.

Segundos depois, estava parado na frente de um hotel bem

simples, mas bem simples mesmo.

— Hallo, das Zimmer von Mrs. McNight. (Olá, quarto da

Sra. McNight.) — disse quando cheguei na recepção.

— Tut mir leid, Sir, aber ich habe niemanden mit diesen

Namen. (Sinto muito, senhor, mas não tenho ninguém com esse

nome.) — Um rapaz alto de porte atlético me falou.

— Verdammt noch mal. Frau Navarro. (Droga. A Sra.

Navarro.) — Ele me olhou assustado pela maneira que eu...

digamos, me expressei.

— Zimmer 13, aber sie ist nicht da, Sir, sie ist seit ein

paar Minuten weg. (Quarto 13, mas ela não está, senhor, ela

saiu a alguns minutos.)


— Ich danke Ihnen. (Obrigado.) — Saí de lá e peguei um

táxi, sabendo exatamente onde ela estava.

O táxi parou na frente de um prédio enorme. Isso não fazia

o estilo da Ketlin, gostar de coisas extravagantes, ainda não

tinha vindo aqui, sempre nos encontrávamos em um café aqui


perto.

— Hallo, Miss Campelo, bitte. (Olá, Srta. Campelo, por

favor.) — pedi para uma mulher de estatura mediana, que

sorriu.

— Sie ist nicht hier. (Não está ela.) — Como sempre, essas

mentirinhas.

— Sagen Sie ihr, dass es Mr. McNight ist. (Diga a ela que é

o Sr. McNight.) — Ela me lançou um sorriso amarelo.

Então pegou o telefone.

Me afastei, peguei o meu celular e tentei mais uma vez

ligar para a Liz.— Henry, depois eu te ligo — ela falou às

pressas, mas antes que ela desligue, o telefone ouvi um tiro.

— Liz! Liz...

O telefone ficou mudo e ouvi mais alguns disparos.


A recepcionista me olhou apreensiva.

— Welche Etage? (Qual andar?) — perguntou aos gritos.

— Die letzte Etage. (O último.) — ela respondeu também

aos gritos.

Corri em direção ao elevador, entrei nele, e parei no último


andar, assim que as portas se abriram, eu peguei a minha arma

que estava na minha cintura e comecei a caminhar devagar. Me

escondia conforme ia andando pelo corredor.

Tinha estilhaços de vidros por toda parte.

Ouvi choros vindo da sala principal. Caminhei com

cuidado em sua direção, abri a porta e vi a Liz, caída no chão.

— Liz! — a chamei.

— Henry — sussurrou o meu nome. — Cuidado — ela

gritou, quando eu me aproximei e mais um vidro se quebrou.

Ouvi o barulho dos vidros caindo no chão quando a bala passou


por ele e atingiu mais um dos vasos, que enfeitava a sala.

Me joguei no chão.

— Henry — Liz me chamou mais uma vez, ouvi um

gemido.
— Calma, Liz — pedi. Então eu me rastejei até onde ela

estava, só aí eu percebi que ela estava cheia de sangue. — O

que é isso?

— Ela foi atingida. — Liz estava fazendo pressão no peito


da Ketlin.

— Droga! — Me levanteie saí engatinhando. Fui até a mesa

dela e apertei o botão de emergência.

Alguns segundos depois, a sua equipe apareceu, ouvi mais

alguns tiros vindos do prédio do outro lado.

— Deixe que eles vão cuidar dela. — Tirei a Liz de cima

dela, quando a equipe médica chegou.

— Ela perdeu muito sangue — Liz sussurrou quando eu a

abracei.

— Fique calma, meu amor. — Tentei confortá-la. — Ela


vai ficar bem.

Tirei a Liz dali e seguimos para o hotel onde ela estava

hospedada.
Assim que chegamos no hotel, Liz foi direto para o
banheiro, depois de um longo tempo, ela saiu.

— Posso saber que porra, você veio fazer aqui? —


perguntei.

— Você ainda pergunta? — Ela riu com cinismo. — Eu não

sei qual é o seu problema. Você está se saindo um belo de um


ator nos últimos dias.

— O que ela te falou?

— É só isso que te interessa? — Ela começou a se vestir.


— Se ela vai ficar bem, é o de menos, não é?

— Ela vai ficar bem — afirmei.

— E como você tem tanta certeza?

— Na região em que ela levou o tiro, não é grave. —

Comecei a andar de um lado para o outro. — A Ketlin é forte.

— Eu espero.
— Agora me fale tudo o que ela te contou.

— Você realmente quer saber? — Apenas concordei com a

cabeça.
— Você realmente quer saber? — Ele apenas concordou

com a cabeça.

— Ela só me confirmou o que você já tinha me dito. — Dei

de ombros.

— Acho que alguém me deve desculpas — ele falou.

— Não. Você não confiou em mim, então não merece.


— Agora me conta o que aconteceu na sala dela. — Nos

sentamos na cama.

— Eu me apresentei, mas a recepcionista não queria me

atender. Assim que eu disse quem era, ela rapidamente ligou

para a Ketlin e em seguida eu subi.

— Não achou muito arriscado?

— Não. Por que? — Dei de ombros.

— Você nunca veio para Alemanha, e nunca tinha

conversado diretamente com a Ketlin.

— Você acha que eu me deixo intimidar por pouco? — Ele

riu. — Até parece que não me conhece, não é?

— é isso que me assusta, eu te conheço e tenho medo

quando você some, assim, do nada.

— Eu sumi do nada?

— Sim, Liz, você sabe que é perigoso você viajar assim,

sem nenhuma segurança com você.

— E você?

— O que tem?
— Cadê os seus seguranças?

— Eu não me importo comigo. — Ele segurou o meu rosto


com delicadeza. — Com você é diferente. Você é minha vida,

mundo. Você é tudo o que eu tenho.

— Isso não muda nada. — Ele riu. — Eu acho que vi o

Patrick.

— O que? — Ele riu sem emoção.

— Acho que o vi no aeroporto. — Sua expressão mudou.

— Ele está um pouco mais velho, eu tentei me aproximar dele,

mas não deu.

— Tá vendo, é por isso que você não pode sair sozinha, e

nem pra pegar um voo direto.

— Eu peguei, mas um motor do avião pegou fogo. —

Agora eu pensei: será que foi um acidente com um dos motores

do avião ou foi proposital? — Você acha que ela vai ficar bem?

— Só um momento. — Henry pegou o celular e ligou para

alguém. Ele começou a conversar com uma pessoa e, minutos

depois, ele desligou. — Ela está sendo operada neste momento.

— Espero que ela fique bem.


— Por que está tão preocupada com ela?

— Ela está grávida.

— Nossa, eu tinha me esquecido.

— Então você já sabia e não me contou nada?

— Liz, no momento eu sou o seu único amigo.

— Amigo de outras, mas não é amigo da sua própria

esposa. — Para mim, aquilo já era demais.

— Patrick é o pai do filho dela.

— Como você está sendo patético, Henry.

— Não pra tanto. — Caminhei em direção à porta do

quarto e a abri.

— Saia.

— Para com isso — pedi.

— Saia daqui, agora. — Respirei fundo.

— Liz.

— Qual parte que você não entendeu? — Usei um tom de

voz um pouco mais alterado.


— Meu amor — falou e se aproximou.

Não disse nada, e ele simplesmente saiu.

Não iria facilitar as coisas. Se ele achava que era

normalvisitar e ser amigo de alguém com quem ia se casar

alguns anos atrás, ele estava muito enganado.

Agora eu precisava saber o que o Patrick estava fazendo

aqui e quem tentou matar a Ketlin.

Acordei com o meu celular despertando.

Passei a noite sozinha no quarto, dessa vez Henry não

tentou me ligar, mas eu liguei para a recepção do hotel.

— Senhor McNight, pois não?

— Não é ele.

— Me desculpe, senhora.

— Quero que você descubra em qual hospital que a

senhorita Campelo está internada, por favor.


— Como?

— Você tem 10 minutos.

— 30.

Não disse nada e apenas desliguei.

Tomei um banho e procurei no google uma cafeteria aqui

perto.

Queria café de verdade, precisava de café.

Saí e deixei as minhas chaves na recepção.

A cafeteria mais perto que tinha ali, ficava a 10 minutos a

pé. Estava muito frio aqui, enquanto caminhava passo na frente

de uma loja. Para minha sorte, tinha muitos casacos na vitrine.

Entrei na loja e fui obrigada a usar o Google tradutor.

Acabei comprando alguns casacos, toucas, botas, cachecol, e

pedi para entregar no hotel.


Há algumas semanas, voltei para casa, passei mais alguns

dias na Alemanha, mas não fomos na festa do Vicente.

Ketlin estava melhor, o bebê também estava bem.

Descobrimos que a Kevlin que mandou matar a própria

irmã, mas agora quem estava morta era ela. Sim, os homens da

Ketlin acabaram a matando junto do Patrick. Houve um tiroteio

e Henry deu ordens que podiam atirar para valer, e dessa vez os

dois não conseguiram escapar.

Eu e o Henry fomos ao velório apenas para confirmar que


tudo era verdade.

Falando em Henry, ainda estava brigada com ele.

Os dias e os meses passaram muito rápido.

Bella estava interessada em um colega da escola, apenas eu

e a Jenny que sabemos quem ele era.

Como não fomos na festa do Vicente, Henry não o


procurou mais, e com isso, ninguém mais tocou na história do
casamento.

Fiquei aliviada com isso.

Rodolfo voltou para a Itália, ele e os meninos estavam

ficando cada vez mais próximos. Henry estava se soltando aos


poucos, mas tinha certeza de que logo ele realmente iria

perdoar o pai.

— Papai, posso ir em uma festa do colégio?

— Porque não faz aqui em casa? — Henry perguntou.


Estamos em um dos quartos assistindo “Harry Potter”.

Belle me encara, ela quer sair com um colega do colégio,

mas o Henry não deixa, ela tem medo que aconteça algo com
um dos nossos filhos.

— Mamãe — ela pediu.

— Eu ou sua mãe, conhece a família dele?

— Não, mas...
— Assunto encerrado. — Ele foi ríspido.

— Papai, me dê apenas uma chance. Se quiser, eu o trago

aqui em casa.

— Não, ainda não demos uma resposta ao Vicente, e você

acha que pode ficar saindo assim, com qualquer um?

— O Augusto não é qualquer um — Bella rebateu.

— Bella… — Henry falou em um tom de advertência.

— Droga! — Ela saiu do quarto e bateu a porta.

— Então não podemos ter namorados? — Donna perguntou.

— Quando você tiver 45 anos, pode — Henry falou e

rimos.

— E eu também? — Tefo perguntou.

— Sim. E falta pouco pra vocês completarem 45 anos.

Já havia alguns dias que Bella não parava de falar desse


Augusto.
— Mamãe, me deixa sair com o Augusto — Bella pediu.

Estávamos sentadas em sua cama enquanto eu trançava o

seu cabelo.

— Sabe que o seu pai não vai gostar.

— Ele não precisa saber — ela implorou. — Por favor.


— Eu não sei. Tem poucos dias que voltamos a nos falar, e

se ele souber que eu sou cúmplice...

— Eu sei que ele não vai gostar, mas só eu, você e a Jenny

sabemos.

— Vou pedir para um dos seguranças te acompanhar.

— Mas aí o papai vai desconfiar, prometo que não vamos


voltar tarde e que nada de mais vai acontecer. Por favor.
— Tá, Bella, mas só dessa vez. Nas próximas você terá que

pedir para o seu pai.

— Como eu te amo mamãe. — Ela pulou, me abraçando e

começando a encher o meu rosto de beijos.

— Tá, chega. — Ela riu. — A Paola tem que saber aonde


vocês vão, tá?

— Tá. Eu vou falar com a Jenny.

— Cadê a Bella? — Henry perguntou enquanto estávamos


sentados à mesa jantando.

— Foi ao shopping com a Jenny. — Ele parou de comer e

me encarou.

— A essas horas?

— Sim, na verdade, ela já está vindo pra casa — menti.

— Liz.

— O que foi?
— Ela não saiu com aquele menino?

— Que menino? — Me fiz de sonsa.

— O que ela não para de falar.

— É claro que não, você disse que ela não podia ir, então

ela não foi — menti mais uma vez.

Por hora, ele esqueceu o assunto.

Terminamos o jantar e nada da Bella aparecer, ligou

algumas vezes pra ela e foi direto pra caixa postal.

Comecei a ficar desesperada.

— Você está bem? — Sandra perguntou.

— To. — Em seguida, Henry entrou na sala.

— Cadê a Bella?

— Ela já chega — afirmei.

— Sabe que eu não gosto que ela chegue tarde. — Ele

segurou um copo de uísque em uma das mãos. — Qual dos

seguranças foram com elas?

— O Fred. — Porra.

— Vou ligar pra ele.


— Não precisa, eu ligo. Vou subir e ligo.

Meu coração já estava saltando pela boca.

Subi as escadas correndo e tentei ligar para a Bella e

Jenny, mas só dava na caixa postal.

Depois de algum tempo, decidi ligar para Paola.

— Liz, as meninas estão com você?

— Não. — Meu coração sairia pela boca.

— Acho que aconteceu alguma coisa.

— Não diga isso. O Henry já sabe?

— Não, se ele souber, ele vai me matar. — Nesse momento

Henry entrou no nosso quarto. — Amanhã cedo eu vou busca-

la, tá?

— Ele tá aí?

— Sim.

— Liz, eu não vou esperar até amanhã para resolver isso.

— Ok, depois a gente se fala.

Henry entrou no nosso quarto de cara fechada.


— Logo ela chega — respondi sem nenhuma emoção, mas

meu coração já estava saindo pela boca, já tinha passado um

pouco mais de uma hora do horário combinado. Ela nunca se

atrasava.

Saí do nosso quarto e fui para o escritório atrás de


Hendrick. Para a minha sorte, ele estava lá.

— Hendrick.

— O que aconteceu Liz? — Ele se levantou da cadeira todo

preocupado.

— Bella saiu com a Jenny e um colega do colégio e não


voltaram.

— Já ligou para ela?

— Sim, mas o celular só dá na caixa postal.

— E o da Jenny?

— Também. — Minhas mãos estavam suando frio. —

Alguma coisa aconteceu.

— Não fale assim. Elas devem ter perdido a noção da hora.

— Me sentei em umas das poltronas do escritório. — Henry já

sabe?
Apenas balancei a cabeça em negativa.

— Que merda Liz. — Hendrick começou a passar as mãos

pelos cabelos. — Ele vai foder com a gente.

— Eu o quê? — Para a minha surpresa, Henry estava

parado na porta do escritório com os braços encostados na

altura do peito.

Hendrick me encara, sabia que ele não diria nada.

— Já tem mais de uma hora que a Bella está em casa, ela e

nem a Jenny atende o celular — falou e já fiquei esperando pelo

pior.

E para minha surpresa ele me lança um olhar mortal e sai

sem dizer uma palavra.

— Henry — chamei por ele.

— Boa sorte. — Foi a única coisa que Hendrick disse e eu

fui atrás dele.

— Henry. Espera! — Ele só parou quando entrou no

quarto.

— Espera o que, Liz? — Ele começou a andar de um lado

para o outro. — Eu te disse para não deixar ela sair com um


desconhecido.

Bella disse que ia sair com um menino e com a Jenny, e

Henry louco de ciúmes não queria que ela fosse. Eu até

entendia o instinto de proteção, mas eu preferia que ela nos


dissesse aonde iria a sair escondido e nos dar dores de cabeça.

— Henry?

— Qual o seu problema? — perguntou aos gritos. Já fazia


um certo tempo que não brigávamos desse jeito.

— Você pretende deixá-la assim, trancada pelo resto da


vida?

— Para de ser hipócrita. — Nesse momento, o celular dele


tocou.

Ele atendeu e não disse nada.

— Henry...

— Parabéns, Liz, sua filha foi sequestrada.

Meu mundo desmorona com as suas palavras e com a

notícia.

— O quê?
— Não se faça de sonsa. — Ele cuspiu as palavras.

— Não me olhe desse jeito. — Henry me olhava com ódio.

Já fazia algumas horas que Henry, Hendrick e o Petter

saíram. Ele não me deixou ir junto, começou a me tratar com


indiferença, pois sabia que isso era o que mais doía.

Contei para a Sandra o que estava acontecendo, e dessa vez


todos resolveram me julgar.

— Toma, menina. — Sandra me entregou uma xícara de


chá. — Você precisa se acalmar.

— Eu não consigo, Henry não para de me culpar.

— Tenha paciência. — Ela se sentou ao meu lado no sofá.


— Você sabe que logo ele encontra a nossa Pipoca.

— Eu sou uma péssima mãe.

— Não, você não é. — Ela me abraçou. — As crianças são


abençoadas pela mãe que tem — Sandra tentou me confortar.
Acordei com o barulho que vinha da cozinha.

Acabei dormindo no sofá, abraçada com a Sandra.

Com cuidado, eu saí do sofá e fui para cozinha, assim que


cheguei próximo à porta, ouvi Henry e Hendrick.

— Fique calmo, irmão.

— Como?

— A Bella é forte, e logo temos pistas do carro que as

levou.

— Se ela e Liz não tivessem me desobedecido, isso não


estaria acontecendo.

— Talvez se você tivesse afrouxado um pouco as rédeas —


Hendrick tentou argumentar.

— Para de tentar defendê-las. — Nesse momento, ouvi

alguns vidros sendo quebrados.

— O que está acontecendo? — Sandra entrou com tudo na

cozinha apavorada, e sem querer, ela me puxou junto. —


Menino. — O Henry estava quebrando alguns pratos e copos.

— Deixa, Sandra — Hendrick falou e riu.


— Do que você está rindo? — Henry perguntou aos gritos.

— Isso não vai adiantar nada. Você pode quebrar a casa

toda, e no que isso vai ajudar? — Hendrick falou em um tom


mais agressivo. — Em nada Henry, em nada. Então seja um

homem de verdade e vá atrás da sua filha. Deixe de ser o


babaca que está sendo agora.

Henry não disse uma palavra, apenas parou de atacar as


coisas no chão e passou por mim. Me puxo pelo braço e

subimos para o nosso quarto.

Sem dizer uma palavra, ele foi direto para o banheiro e

deixou a porta aberta. Entendi isso como um convite.

Tirei a minha roupa e entrei no chuveiro também.

— Me perdoa — sussurrei enquanto o abracei por trás.

— Elas não chegaram a ir à casa desse menino. — Ele


respirou fundo. — Foram sequestradas assim que saíram daqui.

— Meu corpo todo estremeceu.

— Já tem mais de 14 horas que elas desapareceram.

— Conseguimos alguns vídeos, Fred está analisando.

— Alguma pista?
— Apenas uma. — Ele se encostou na parede e deixou a

água escorrer pelo seu corpo. — O carro é roubado, e ele


desapareceu na rota 47 — ele falou e ficou pensativo.

— O que foi?

— Temos algumas fazendas nessa rota. — Ele me encarou.

— Você acha que...

— Preciso falar com o Hendrick. — Ele nem terminou o


seu banho e foi correndo atrás dele.

Estávamos indo para a rota 47, descobrimos que tinha


alguém em uma das nossas fazendas, e tudo indicava que eram

as meninas. Henry não queria que eu viesse, mas depois de


muita briga, ele cedeu. Estávamos acompanhados de 10
seguranças, todos armados. Levamos quase uma hora para

chegar no lugar.

Meu coração quase sai pela boca quando eu vi que o carro

usado para as sequestrar, estava lá. Paramos os carros alguns


metros antes, 6 dos nossos homens nos acompanharam e os

outros ficaram no carro, fazendo a guarda.

— Vamos lá — Henry falou.


Estava tudo em silêncio, não tinha nada normal do lado de
fora.

Um dos nossos homens abriu a porta, andamos pela casa e

não tinha ninguém lá.

— O porão — falei e abri a porta.

Descemos as escadas com cuidado.

— Por que você está fazendo isso? — Ouvi a voz da Bella.

Henry fez um sinal para que eu ficasse quieta.

— Isso é culpa dos seus pais. — Ouvi a Jenny falando.

— Meus pais não fazem mal a ninguém.

— Para defendê-los, sua patética. Seus pais são culpados

pela morte do meu.

Fiquei em choque quando ela falou isso e fiquei mais


surpresa ainda quando descobri que foi a nossa Jenny quem

sequestrou a Bella.

Não saberia como lidar com isso. Como a Jenny foi capaz

de fazer algo assim?

Será que a Paola a ajudou?


Não, a Paola não seria capaz disso, ela estava tão nervosa
quanto eu.

Me encostei na parede e vi que a Jenny segurava uma arma.


Deu um tapa no rosto da minha menina, e claro que eu não me

segurei.

— Larga a arma, Jenny. — Ela me olhou, assustada.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Ela começou a

andar de um lado para o outro.

Bella estava com as mãos amarradas e sentada no chão.

— Jenny, solta essa arma — pedi mais uma vez. — Eu vou

atirar, e eu não quero fazer isso.

— Atira, mamãe.

— Não, Liz, você pode acertá-la. — Henry murmurava ao


meu ouvido.

— Não, Henry.

— Atira, mamãe — Bella gritou.

— Se atirar, eu a mato.
— Você não pode fazer isso, Jenny — Henry gritou para
ela.
Estávamos em um cativeiro, já havia alguns dias que a

nossa Bella desaparecera com a Jenny. Sim, mais uma vez a


minha pequena foi sequestrada.

E por incrível que pareça, elas estavam em uma das

fazendas da nossa família, uma que não íamos há alguns anos e


não tinha ninguém cuidando do local.
— Claro que eu posso. — Jenny estava fora de si, ela

segurava a Bella pelo pescoço, como se fosse enforcá-la, e além

de tudo, apontava uma arma na cabeça da minha menina.

Ela e a Bella estavam com as roupas cheias de sangue, e

com algumas marcas em seus rostos.

— Jenny, por favor, eu não a quero machucar. — Respirei

fundo. — Solte-a.

— Não, vocês vão pagar pelo que fizeram com a minha

família.

— Jenny... — Henry tentou acalmá-la. — Sua mãe já te


contou como tudo aconteceu?

— Ela quer protegê-los. — As lágrimas escorreram pelo

seu rosto. — Ninguém me engana mais, estão me ouvindo?!


Ninguém.

E por fim, eu acabo atirando e acertando o seu braço. Com

o impacto do tiro, ela soltou a minha menina e, ao mesmo

tempo, a arma caiu no chão. Henry correu e chutou a arma para

longe.

— Vocês me pagam — Jenny gritou entre soluços.


Corri e abracei a minha pequena.

— Você está bem?

— Tô, mamãe. Acho que quebrei meu braço. — Ela riu. —

Quando lutava com a Jenny.

— Isso é o de menos, meu amor — falei enquanto a

abraçava.

Saber que ela estava bem foi o que me acalmou. Henry


amarrou as mãos da Jenny, e seguimos para o nosso carro.

Assim que entramos, Henry tomou a direção, estamos a

caminho de casa. Bella não parava de perguntar o porquê Jenny

fez aquilo com ela. De fato, minha pequena não se lembrava das

coisas ruins que nos aconteceram.

Ela lembra a mim quando tinha a sua inocência, vendo a

bondade em todos.

— Calma, minha menina, calma — falei a cada beijo que

lhe dava.

Jenny apenas chorava, me cortava o coração em ver o que

ela fez, ou melhor, ver do que ela foi capaz.

Ela sempre foi como sua mãe doce, gentil e delicada.


— O que está acontecendo? — perguntei quando Henry

começou acelerar.

— Nada, minha pequena — respondeu e me deu uma

olhada pelo retrovisor.

Sabia que alguma coisa estava acontecendo.

Aconcheguei a Bella nos meus braços e quando me virei de


lado, vejo um carro na cor preto enorme nos seguindo.

— Se segurem — Henry gritou.

Senti uma pancada forte na traseira do carro, apenas vi as

coisas girarem ao meu redor, bem como vi Bella com o olhar

perdido.

— Liz. — Ouvi Henry me chamando.

Abri meus olhos com uma certa dificuldade, percebo que

tem um vazamento.

Bella estava desacordada ao meu lado, Jenny estava sendo

retirada do carro por alguém que eu não consegui identificar.


Abri meu cinto e tentei sair dali.

— Jenny. — Minha voz saiu mais baixa do que eu queria,

sentia minha garganta seca. — Jenny. — Acreditava que ela

estava desacordada, mas quem era aquele homem que a estava

carregando nos braços?

Consegui sair do carro, corri para outro lado e soltei o

cinto da Bella. Puxei-a para fora e senti seu pulso, percebendo

que ela só estava desacordada.

A deixei a uma certa distância do carro, percebi que o

vazamento se intensificou e precisava tirar o Henry do veículo.

Tirei seu cinto e tentei acordá-lo.

— Henry, Henry. — Dei alguns tapas de leve no seu rosto.

— Acorda, Henry. Vamos, me ajude.

Tirei o meu casaco e o enrolei em uma das minhas mãos.

Quebrei a janela do carro e tentei puxá-lo, mas ele era muito

pesado.

— Eu te ajudo mãe. — Ouvi a voz da Bella, se

aproximando.

— Não, você precisa descansar.


— Não posso deixar o papai morrer.

— Ele não vai morrer, meu amor. — Senti uma pontada

forte no meu peito.

— Mamãe, você está bem?

— Estou. — Respirei fundo. — Você está com o braço


quebrado, não pode fazer força.

— Ainda tenho o outro. — Tão debochada.

Bella me ajudou a puxar o Henry pela janela.

Após alguns minutos, conseguimos tirá-lo de lá. Enquanto

estávamos arrastando-o para longe, o carro simplesmente


explodiu. Bella gritou com o susto.

— Calma. Ficaremos bem.

Peguei o celular no bolso do paletó do Henry e para a

nossa sorte, ele estava ligado. Um pouco amassado e com a tela

cheia de riscos, mas consegui fazer uma ligação.

XXX: Quero vocês aqui e agora!


Estava tão nervosa que não sabia quem havia atendido,

apenas precisava que eles chegassem aqui o mais rápido

possível.

Em menos de cinco minutos, a equipe já estava aqui, e


estamos a caminho do hospital.

— Liz, como vocês estão? — Hendrick chegou todo


eufórico no hospital.

— Bem, Henry está desacordado.

— E a Bella?

— Quebrou um dos braços quando lutava com a Jenny.

— Meu Deus, Liz, no que a Bella se tornou. — Ele riu. —

Realmente é uma McNight!

— Senhora McNight — o médico nos chamou.

— Sim.
— O senhor McNight está bem, foi apenas um susto. A
filha da senhora já está de alta.

— Obrigada, podemos ver eles.

— É claro. Me acompanhe. — O médico andou na frente,


nos indicando o caminho. — E cadê a Jenny?

— Um homem a tirou do carro. — Isso me atormentava. —


Não consegui ver quem era.

— O que vamos dizer para a mãe dela?

— A verdade, que alguém está com ela e o que ela fez com
a Bella.

— Isso vai ser complicado.

— Aqui é o quarto do senhor McNight, e já trago a


senhorita McNight.

— Obrigada, doutor. — Agradeci assim que entramos no


quarto.

— Meu amor — falou quando entramos no quarto. — Como

você está?
— Com um pouco de dor de cabeça. — Henry se sentou na
cama e eu o abracei. — Cadê as meninas?

— Bella já ganhou alta. — Fiz uma pausa. — Alguém tirou


a Jenna do carro, e eu não sei quem foi.

— O quê? — Henry pareceu confuso.

— Pois é.

— Já pedi para a nossa equipe cuidar desse assunto. —

Hendrick se pronunciou.

— Papai. — Bella correu e se jogou em cima do Henry.

— Aí. — Os dois reclamaram com o impacto.

— Cuidado, filha. — Chamei sua atenção quando Henry


tossiu um pouco. — Você está com o braço engessado, e seu pai
está cheio de hematomas.

— Eu sei, mamãe. — Ela se levantou. — Só queria ter a


certeza de que o papai estava bem. — Ela ri.

— O papai nunca vai te deixar, minha Pipoca. — Henry a


puxou com uma certa dificuldade e a beijou na testa.
Sim, por mais que a Bella tenha quase 17 anos, Henry

ainda a chama de Pipoca. E por incrível que pareça, ela


gostava.

Fiquei aliviada que nada de mais aconteceu. Henry tinha

vários hematomas e uma luxação na costela.

Ao que indicava, ele teria que ficar de repouso, ou seja

teríamos mais uma briga, pois ele não iria seguir a orientação
médica.

Ainda estávamos brigados por causa do desaparecimento da


Bella. Claro que não vou ceder, pois ele me machucou com as

suas palavras.

— Podemos ir? — Hendrick perguntou, e Henry me


encarou.

Desviei o olhar e puxei Bella para um abraço.

— Claro — Henry respondeu.


— Mamãe, papai. — Os gêmeos vieram nos abraçar assim

que aparecemos na entrada da cozinha.

Estava aliviada por ter resgatado a nossa Pipoca com vida.

Ainda não sabemos quem havia batido no nosso carro e


levado a Jenny, a única coisa que sabíamos era que

precisávamos contar para a Paola. Hendrick apenas a disse que


tínhamos encontrado as meninas e que estávamos no hospital.
Ela passou mal quando soube da notícia. Por um lado isso foi

bom, pois tínhamos mais tempo para contar para ela do


envolvimento da Jenny.

— Cadê a Bella? — Donna perguntou.

— Minha menina. — Sandra apareceu logo atrás deles.

— San. — Seus olhos encheram de lágrimas quando me

viu.

— Estou aqui — Bella falou assim que passou pela porta

de entrada.

— Sorella. — Era assim que os gêmeos a chamavam. — O


que é isso em seu braço? — Donna perguntou enquanto

abraçava Bella.
— O que fizeram com você Sorella? — Tefo perguntou,
assustado.

— Calma crianças. — Tentei acalmá-los. — Deixem a irmã

de vocês descansar, amanhã ela conta tudo o que aconteceu.

— Venha cá. — Sandra me abraçou. — Deixa que eu cuido

da Bella. — Saí do seu abraço.

— Descansa, meu amor. — Dei um beijo na testa da Bella.

Sandra subiu as escadas com a Bella.

— Cadê o papai?

— Estou aqui. — Henry entro apoiado no Hendrick.

— Zio. — Dona era um grude com o Hendrick e não

gostava muito da Samantha.

Já tinha alguns anos que Hendrick e Sam se separaram,

sim. Hendrick ficou totalmente arrasado com o que aconteceu,


ela simplesmente o traía com o John. Dante estava na casa da
sua avó materna na Grécia, pois era o aniversário dela. Os pais

da Sam se mudaram para lá há um certo tempo.

Pietro estava viajando com os colegas do internato.


No começo Hendrick, ficou desolado, mas agora estava de
pé outra vez, ajudando Henry com tudo.

— Como vocês estão meus mosquiteiros? — Era assim que


eles o chamavam.

— Estamos bem — os gêmeos responderam juntos. — O

que aconteceu, papai?

— O carro bateu — Henry respondeu e me encarou. Apenas

Bella sabia sobre os negócios da família.

Os gêmeos correm e o abraçam.

— Calma que o papai está cheio de machucados — Henry

disse.

— Dona e Tefo, já está na hora de vocês irem dormir —


falei e eles fizeram careta.

— Mas hoje é sexta mamãe — Tefo argumentou.

— Mas vocês têm aula amanhã cedo.

— Ahm mamãe. — Dona choramingou.

— Prometo que amanhã vocês podem dormir tarde.


— A senhora é a melhor mãe do mundo. — Eles falaram
juntos e me abraçaram.

— Deem boa noite para o papai e o zio.

Eles me obedeceram e em seguida subiram para os seus


quartos. Sem dizer uma palavra, subo para o meu quarto, Henry
e Hendrick ficam lá embaixo.

Tomei um banho bem quente para relaxar, era inverno. Saí


do banho depois de um tempo, enrolei um cabelo na toalha e vi
um roupão.

Quando saio do banheiro, Henry estava sentado na cama


com um copo de uísque em uma das mãos e me encarava.

Minha vontade era de brigar com ele, pois tinha acabado de


sair do hospital e tinha tomado alguns medicamentos.
Segurei minha boca e fui para o closet procurar um pijama
ou camisola.

Fiquei olhando minhas camisolas, indecisa sobre qual

vestir.

— A vermelha é perfeita. — Henry colocou uma das suas


mãos em minha cintura e beijou meu pescoço enquanto falava.

— Isso não muda nada. — Fui seca com as palavras.


— Liz… — Ele me virou e me encarou. — Me perdoa, sei

que fui muito rude com as palavras. — Não falei nada. — Me

desesperei com o que aconteceu.

— E colocar a culpa em cima de mim te ajudou?

— Não, só piorou. — Ele tomou um gole do seu uísque. —


Foi a sua distância e a maneira como você me olhava que me

fizeram perceber que tinha ido longe demais. — Ele encostou

sua testa na minha. — Me perdoa? — ele sussurrou em meu

ouvido.

— Na próxima, eu te mato. — Ele riu e me beijou.

— Por favor, nunca mais me olhe daquela maneira.

— Qual maneira?

— Como se me odiasse e me amasse ao mesmo tempo.

— Tem coisas que o nosso olhar não mente.

Falei e o beijei profundamente. Antes da Bella desaparecer

ele tinha viajado a negócios e já tinha um pouco mais de duas

semanas que estávamos longe, claro que estava morrendo de

saudades dele.
— Como eu estava com saudades de você — ele falou entre

nosso beijo e começou a beijar meu pescoço até a curvatura dos

meus seios. — Eu te amo Liz, você não imagina o quanto. —

Ele tomou o resto do uísque e jogou seu copo no chão, ouvi o

barulho dos estilhaços.

Henry tirou meu roupão e me pegou no colo com uma certa

dificuldade devido aos hematomas.

— Aí — ele sussurrou em meu ouvido.

— Calma — resmunguei quando ele me jogou na cama. —

Tem certeza? Está cheio de hematomas.

Claro que me faço, não era porque ele havia me pedido

desculpas que iria ceder com facilidade.

— Você ainda pergunta?— Ele apontou para o seu pau, que

para variar, estava do jeito que amava.

Não tinha como não se render.

Ficou de joelhos na cama e o puxou pela camisa, selando

nossos lábios.

Henry me beijou com desejo e luxúria.


Fui descendo minhas mãos para o fecho da sua calça, e ao

sentir meu toque, ele começou a gemer. Por mais que já

tenhamos passado 16 anos de casados oficialmente, nosso


desejo um pelo outro não mudou. Deu uma balançada quando

estava grávida dos gêmeos, pois era uma gravidez de risco, e

não podíamos fazer amor com a frequência e no ritmo que

estávamos acostumados.

Henry voltou a beijar meu pescoço, foi descendo até a

curvatura dos meus seios. Claro que meu corpo todo já estava

arrepiado pelos seus toques. Ele começou a chupar e a

mordiscar o bico de um dos meus seios.

Henry parecia estar com fome, o que me deixava mais e

mais excitada.

Fui me deitando na cama aos poucos e ele me acompanhou

ficando entre minhas pernas. Enquanto brincava com um dos

meus seios, ele descia a outra mão até a minha boceta fazendo

movimentos circulares. Só de sentir o seu toque, já queria

gozar, ele colocou um de seus dedos dentro de mim.

— Não sei o porque eu ainda fico surpreso. — Ele tirou

seu dedo de dentro de mim e os chupou. — Como você é


deliciosa.

E sem mais delongas, Henry me penetrou, com amor,

desejo, luxúria.

Cada vez que fazíamos amor, era como se fosse a primeira

vez.

— Oh Henry. — Chamava por ele com uma certa

dificuldade.

— Isso Liz. — Ele sussurrava em meu ouvido enquanto

acelerava o ritmo, e dava alguns tapas na minha bunda.

Henry era como vinho: “quanto mais velho melhor.”

O tempo só o favoreceu, agora ele tinha alguns fios de

cabelos brancos, que o deixam mais sexy. Seu corpo não mudou

muita coisa, pois ele ainda malhava. No seu rosto apenas tem

algumas marcas de expressão, só que ele estava bem conservado

para um homem de quase 50 anos.

No quarto, só ouvia o barulho dos nossos corpos se

conectando.

Henry me encarava com desejo, isso era algo que nunca

mudava. Ouvi-lo gemer me deixava mais excitada.


— Te amo — falei enquanto sentia meu corpo dando sinal

de que ia gozar.

Henry apenas me encarou e sorriu, pois ele já sabia que

logo iria me derramar no seu pau.

Alguns segundos depois, meu orgasmo chegou.

Henry me segurou pela cintura e com apenas um

movimento, me virou. O engraçado foi que alguns segundos

atrás, ele estava gemendo de dor.

Ele tirou sua camisa e me colocou de quatro, me

penetrando em seguida, me fazendo arfar como nunca. A cada

estocada, eu o sentia mais e mais, meu corpo já estava todo

arrepiado.

Era uma mistura de desejo, medo, surpresa, amor…

Minha respiração começou a falhar, senti o corpo do Henry

estremecer, e ele tinha o seu orgasmo.

— Porra, Liz!

Ele começou a beijar minhas costas, me segurou pela

cintura e me puxou para me deitar de conchinha com ele.


Ficamos em silêncio por um longo tempo, apenas trocando

carícias.

Algum tempo depois, acordei assustada com o barulho da

chuva.

— Calma. — Henry estava de pé ao lado da nossa cama.

— Que horas são? — perguntei, me sentando na cama.

— Quase uma da manhã. — Só aí eu percebi que ele estava


nu.

— Onde você vai, senhor McNight?

— Tomar um banho — falou e segurou seu pau que já


estava duro. — Me acompanha?

Sem esperar por minha resposta, ele se virou e caminhou


em direção ao banheiro. Dei um pulo da cama e segui. E lá

estava ele, parecendo um deus grego com o seu corpo todo


molhado.
Os hematomas estavam bem aparentes pelo seu corpo.
Entrei no box e o abracei por trás, beijando suas costas.

— O que foi? — Ele se virou e segurou meu rosto entre


suas mãos.

— Fiquei com tanto medo de perder. — Pisquei várias

vezes devido à água que caía do chuveiro.

— Sabe que vaso ruim não quebra. — Ele riu e me deu um

selinho.

— Só de pensar que já passamos por várias coisas, e


quando eu penso que tudo vai se resolver... — Fiz uma pausa.

— Algo novo acontece.

Ele me abraçou e deitei minha cabeça em seu peito.

— O que vamos dizer para a mãe da Jenny?

— A verdade Liz, apenas a verdade.

— Oi, meus amores.


— Cadê a Sorella? — perguntei.

— Estou aqui, mamãe. — Ela apareceu logo atrás de nós.

— Como você está? — questionei, enquanto a abraçava.

— Estaria melhor se não estivesse com isso no meu braço.


— Ela ergueu o braço engessado.

— É por pouco tempo, meu amor — falei e dei um beijo


em sua testa.

— Cadê o meu beijo, Pipoca? —Henry perguntou.

— Bom dia, minhas crianças. — Sandra falou.

— San. — Andei em sua direção e a abracei. — Cadê o

Hendrick?

— Está no jardim com a senhorita Paola.

Merda!

Henry e eu nos entreolhamos.

Sabíamos que ela já sabia o que estava acontecendo.

— Vamos tomar café? — Tentei disfarçar a minha cara de

preocupação.
Mas assim que nos sentamos à mesa, Paola entrou

desesperada.

— Liz, cadê ela? — Ela estava desesperada. — Me fala que


tudo isso é mentira.

— Paola, se acalme — Hendrick pediu.

— Não, isso é tudo mentira, a minha filha não seria capaz

de tudo isso.

— O que está acontecendo? — Tefo perguntou.

— Não é nada. — Henry tentou amenizar.

— Vamos para o escritório. — Me levantei e puxei a Paola


pelo braço, e ela me acompanhou.

— Pipoca — Henry a chamou. — Venha.

Seguimos para o escritório.

— Filha, você pode nos dizer o que exatamente aconteceu?


— Henry perguntou enquanto nos sentávaamos. Queríamos

adiar essa conversa com a Bella, pelo menos até ela se


recuperar do susto.
— Eu não queria ver o Augusto, era a Jenny que gostava

dele.

— O quê?

— Henry, deixe ela terminar — Hendrick pediu.

— E ele não era da nossa turma, na verdade, ele não é da


nossa escola. — Bella começou a encarar os dedos das mãos. —

Ele é bem mais velho que a gente, foi ele que a ajudou a me
levar pra aquele lugar. — As lágrimas começaram a escorrer

pelo seu rosto, e eu me sentei ao seu lado. — A Jenny disse que


se eu me mostrasse interessada em outra pessoa, eu não

precisaria me casar. — Ela encarou o Henry. — Ela disse que


podia me ajudar, se eu a ajudasse.

— Quantos anos ele tem?

— Eu não sei, mas tenho uma foto dele no meu celular.

— Você sabe onde ela conseguiu aquela arma? — perguntei

enquanto secava suas lágrimas.

— Foi ele quem deu pra ela.

— Você sabe o nome dele? — Paola indagou.


— Acho que era Pedro. — Senti um arrepio percorrer por
todo o meu corpo, aquilo não podia ser verdade.

— Ela disse mais algum nome ou ele?

— Eu estava meio tonta, me lembro vagamente dela


falando do papai, um tal de John e uma Joana.

— Ela sabe a verdade, eu não acredito. Isso não está


acontecendo. — A essa altura, Paola já chorava igual ou até

pior que criança.

— Tenta se acalmar — Hendrick pediu enquanto a


abraçava.

— Depois que eu acordei, tentei fugir, mas eu não


consegui. — Bella continuou. — Acabamos brigando, e a Jenny

não parava de dizer que o papai matou o pai dela.

— Filha, eu preciso te contar uma coisa. — Olhou para a

Paola, e ela apenas balançou a cabeça concordando. — A mãe


da Jenny é a Samantha.

— A mãe do Dante?

— Sim, e o pai dela está morto.

— É esse John que ela ficava dizendo?


— Sim. O John tinha te sequestrado alguns anos atrás. —
Henry começou a andar de um lado para o outro. — Ele queria

fazer isso por causa do seu avô. — Ela franziu o cenho. — Seu
avô se casou com a mulher que o John amava, e isso os tornou

inimigos. Aos poucos ele tentou destruir a nossa família. A Sam


se casou com o seu tio, não por amor, mas sim para ajudar o

John.

— E por que ela não ficou com a Jenny?

— Eu matei o John para proteger a nossa família. Isso não

justifica. — Respirei fundo. — E quando você foi sequestrada,


a tia Paola estava junto, ela ficou desacordada quando te

levaram e acabou perdendo o bebê que tinha, mas ainda não


sabia. A Samantha não ficou com a Jenny com medo da mulher

do John, vir atrás dele e levar a Jenny para sempre. Ela ficou
com medo da Jenny se voltar contra nós.
— E você acha que foi isso que aconteceu? — Paola

perguntou entre um soluço e outro.

— Juramos guardar segredo para que isso nunca

acontecesse. Sam não sabe que a Jenny é sua filha. E Joana até
então achava que a Jenny estava morta.

— Me deixa ver a foto desse amigo da Jenny — Hendrick

pediu e Bella tirou o celular do bolso.


— É esse aqui. — Ela ergueu o celular e nos mostrou a

foto. Para nossa surpresa era o Pedro, um pouco mais velho,

mas ainda era ele.

— Eu não acredito que ele foi capaz de fazer isso —

afirmei.

— Você foi capaz de matar o pai dele, então não se

surpreenda — Henry falou e começou a passar as mãos nos

cabelos. — Agora ela quer vingança.

— Papai, precisamos encontrar a Jenny.

— Eu sei, vamos fazer de tudo para encontrá-la.

Paola estava à base de calmantes, ela não conseguia parar

de chorar quando se mantinha sóbria.

Enviei uma mensagem para a Sam, ela precisa saber o que

estava acontecendo.

Henry conseguiu as filmagens do dia do nosso acidente e o

homem que levou a Jenny era o Pedro. Queria conversar com


ele, contar tudo o que aconteceu, e que se ele quisesse resolver

algo, que resolvesse direto comigo, mas Henry não queria que

eu fizesse isso, pelo menos não agora.

— Menina, a senhora Samantha já chegou. — Estava no

meu quarto descansando, minha cabeça estava a mil.

— Obrigada, San.

Desci e Samantha estava lá, toda elegante.

— Liz. — Ela me encarou. — A sua cara não está boa, o

que aconteceu?

— Sente-se. — Ela o fez sem hesitar. — O que eu preciso

falar com você, é algo muito delicado. Eu sei que você nunca

mais queria tocar nesse assunto.

— Do que você está falando?

— A Jenny.

— O que tem ela?

— É a sua filha. — Ela ficou em silêncio. — A filha sua

com o John.

— Como?
— Paola estava grávida e perdeu o bebê quando a Bella foi

sequestrada. Depois do Hendrick insistir, ela decidiu adotar a

Jenny, e todos juramos que você nunca iria saber nada sobre
isso.

— E por que estou sabendo disso agora?

— Ela sequestrou a Bella com a ajuda do Pedro.

— Isso não pode ser verdade. — Ela se levantou e começou

a caminhar de um lado para o outro. — Se o Pedro sabe, a

Joana também sabe, e ela vai vir atrás de mim. — Samantha

começou a chorar.

— Por que você tem tanto medo dela? — perguntei,

curiosa.

— John me dizia que ela torturou algumas pessoas, e uma

vez ela tentou fazer isso comigo, mas ele não deixou.

— Eu preciso que você me conte onde fica todas as casas

que ela e o John tem, esconderijos e tudo o que você souber.

— Eu não posso.

— Por que não?

— Estarei colocando a vida dos meninos em jogo.


— E a vida da sua filha, não conta?

— É por isso que eu não queria ter contato com ela, eu

precisava protegê-la e falhei. — Ela começou a gritar e

Hendrick apareceu na sala.

— O que está... — Ele parou de falar assim que vê a

Samantha. — Tente se acalmar. — E por impulso, ele a abraçou.

— Sam, eu sei que você precisa protegê-la, mas precisamos

saber o que eles disseram pra ela, e como a Jo descobriu que ela

é sua filha.

— Essa mulher é um demônio. — Sam saiu do abraço do


Hendrick. — Ela só vai parar quando todos estiverem mortos.

— Isso não vai acontecer. Vamos fazer tudo o que for

preciso para proteger essa família.

— E eu? — ela perguntou com um certo desespero. — Eu

não tenho mais a proteção que tinha.

— E o seu marido? — Hendrick perguntou.

— Ele é rico e não mafioso.

— Podemos conseguir alguns seguranças pra você.


— Ou você pode ficar aqui, ou na minha casa — Hendrick

sugeriu.

— Hendrick. — Ele me encarou.

— O que foi?

— A Paola.

— Ela nunca aceitou o meu pedido.

— Eu não quero atrapalhar.

— Fique aqui em casa.

— Alguém precisa buscar Dante no aeroporto e o Pietro no

hotel.

— Vou pedir para alguém fazer isso — Hendrick falou e já

foi saindo.

— Tem certeza de que você vai se sentir bem com ela aqui,

morando com a gente? — Henry perguntou enquanto estávamos

fazendo amor.
— Henry, acho que isso não é o momento apropriado.

Esta´vamos deitados de ladinho na nossa cama, e a cada

estocada que ele dava, eu gemia alto.

— Se controla, temos visita. — Ele riu e beijou o meu

pescoço. Henry segurou uma das minhas pernas, e eu me

masturbei enquanto ele trabalhava com o seu pau. —

Precisamos conversar sobre isso.

— Depois…— falou entre um gemido e outro. — Termina

o seu trabalho que depois conversamos.

— Sim, senhora — ele falou e acelerou os movimentos.

Meu corpo todo começou a tremer. Meu orgasmo chegou e em


seguida ele gozou.

— Ufa! — Estávamos suados. — Pronto.

— Não.

— Como não?

— Tive um orgasmo, e agora você precisa me fazer gozar.

— Mulher, eu não sou uma máquina. — Ele riu.

— Mas podia. — Fiz careta enquanto falei.


— Venha cá. — Ele me puxou e me abraçou.

Depois da conversa que tive com a Sam, ela nos contou

tudo o que sabia do John e da Joana.

Por hora, ela vai morar conosco, por segurança.

Henry não gostou muito da ideia.

Paola pediu desculpa, pois ainda acha que falhou com a


mãe, e para minha surpresa, Samantha tentou confortá-la,

dizendo que não existiria pessoa melhor para cuidar e amar sua
filha.

Já sabíamos que a Jenny estava com eles, mas até agora

eles não tentaram entrar em contato conosco, Henry achava que


Joana estava esperando para nos dar o bote.

Pietro e Dante já sabiam que Jenny era sua meia irmã, eles

aceitaram bem a notícia.


— Vamos buscar a Jenny — Henry falou assim que entrou
no nosso quarto.

— Quando?

— Agora. — Ele entrou no nosso closet e começou a trocar

de roupa.

— Vou junto.

— Não, apenas eu e o Hendrick.

— Henry, mas isso é perigoso.

— Liz, vamos armados e a Jo tem que devolver a Jenny.

— Ela não vai.

— Ah, ela vai.

— E se Jenny se recusar a vir?

— Ela não vai — ele afirmou.

— Como você tem tanta certeza?


Depois de muita briga e insistência da minha parte, Henry

cedeu, estávamos a caminho da casa da Joana.

— Empolgada, cunhadinha? — Hendrick perguntou todo


sorridente.

— Por que ela estaria?

— É mesmo, por que eu estaria?

— Vamos atirar em algumas pessoas. — Ele riu.

— Liz não vai tirar em ninguém.

— Henry, aceita que ela atira melhor que você.

— Tá brincando comigo? — Henry começou a ficar

nervoso.

— Olha, menino — Petter falou e coçou a cabeça. — Tenho

que concordar com o Hendrick.

— Ha-ha-ha — Hendrick debochou. — Viu, até o Petter


concordar.

— Ela é mulher de um mafioso, e você acha que ela não


seria perfeita, é isso?
— Menos Henry. A Liz é o que é por mérito próprio e não

por você.

— Dá um tempo.

— Não...

— Hendrick, depois continuamos — falei quando chegamos


próximo a casa da Joana. — Isso já está ficando repetitivo.

— O que menina?

— Sempre paramos com os carros um pouco antes do local,

nos aproximamos aos poucos, e quando entramos na casa, não


tem ninguém até chegarmos ao sotão.

— Tenho que concordar com você. A melhor parte, é a

tortura.

— Não é o que parece — Henry rebateu.

— Oshe! Por que está dizendo isso? — Hendrick perguntou

enquanto vestimos os coletes a prova de bala.

— Há uns meses, você estava se recusando a fazer isso.

— Eu estava tentando mudar, Paola não gosta desse tipo de

coisa.
— É irmãozinho, você está realmente apaixonado.

— Agora que você percebeu?! — falei e dei um tapinha nas


costas do Henry.

Coloquei minha jaqueta, peguei a minha arma e comecei a


caminhar em direção a casa, mas fui surpreendida quando levei

um tiro e caí para trás.

— Liz. — Ouvi a voz do Henry.

Depois, escuto o barulho de uma granada explodindo e

alguns pedaços da grama no ar.

Sentia minha cabeça zonza, um zumbido ecoou no meu

ouvido.

Olhei para cima e Henry estava me arrastando. Ele falou

alguma coisa, mas eu não conseguia ouvir ou entender uma só


palavra.
Depois de tudo o que aconteceu, eu não queria que a Liz

nos acompanhasse. Na verdade, eu nunca quis que ela

participasse dos negócios.

Traçamos um plano para pegar a Jenny, esperava que tudo

ocorra bem, sempre nos damos bem nas invasões que fazemos.

Hendrick fez algumas brincadeirinhas para aliviar a tensão,

quando eu estava começando a ficar mais leve, a Liz caiu para


trás com o impacto do tiro. A nossa sorte era que ela estava

usando o colete, mas tudo piorou quando somos surpreendidos

por uma granada.

Eu corri para puxar a Liz, mas caiu para trás por causa da

outra granada que caiu um pouco mais distante que a outra. Me


levantei meio tonto o zumbido no meu ouvido, não me deixava

raciocinar direito. A única coisa que sabia era que precisava

tirar a Liz de lá, dou alguns passos em falso.

— Você vai ficar bem — falei quando me aproximei dela.

— Liz, está me ouvindo? — perguntei enquanto a puxou pelos


braços, ela me olhou meio confusa.

Ficamos atrás do muro e logo tudo ficou quieto.

— Liz. — Hendrick rasgou um pedaço da sua blusa e

pressionou o corte que tem na testa dela.

— Eles sabiam que veríamos — Petter disse.

— Joana, não dá um ponto sem nó.

— Henry... — Liz me chamou.

— Você está bem? — perguntei enquanto ela se sentava.


— Eu não consigo te ouvir — ela gritou. — Meu ouvido

está com um barulho horrível.

— Hendrick. — Ele me encarou. — Agora sou eu e você.

— Ele apenas concordou. — Petter, não deixe que ela saia

daqui — aveisie.

— Vou fazer o possível, menino.

— Eu vou com vocês. — Liz continuou falando aos gritos.

Fiz um sinal de “não” com a cabeça. — Eu vou, sim. — Ela

tentou se levantar, mas não conseguiu. — Tá bom, eu vou ficar.

— Ela fez bico.

— Vamos.

Hendrick me acompanhou.

Começamos a observar cada atirador, a cada vacilo deles

conseguimos derrubá-los, claro com a ajuda dos meus homens.

— Liz ia se divertir — Hendrick falou enquanto derrubava

um dos atiradores. Alguns deles estavam em cima da casa,

outros nas árvores, arbustos e alguns atrás da casa. — Acho que

derrubamos uns 10.


— Provável. — Estávamos parados na porta de entrada. —

A Joana é minha.

— Por que você sempre fica com a melhor parte? —

Rimos.

— A Liz não me deixou terminar com o John, e eu preciso

me vingar, preciso sentir a minha vitória.

— Então tá. — Hendrick deu de ombros. — Vamos!

Dei um chute na porta, e ela se abriu.

Fiz um sinal para nos dividirmos. Assim que chegamos na

sala, nos deparamos com a Jenny amarrada em uma cadeira.

Hendrick correu para desamassá-la.

— Saiam daqui, é uma armadilha — Jenny falou enquanto

ele tirava a corda da sua boca. — A tia Liz, cadê ela?

— Droga!

— Vai com calma. — Quando ameaçou sair da casa, Joana

apareceu. — Larga ela. — Hendrick a encara, mas ela segura

uma arma em direção a Jenny.

— O que você quer? — perguntei.


— Que pergunta, mais óbvia. — Ela riu.

— Se você quer tanto ela, que a fez de isca?

— Quase.
— Droga, Petter. — Eu estava frustrada, por causa dessa
granada não estava conseguindo ouvir direito e vou perder toda

a diversão. — Ai, que ódio. Pressione o pedaço de pano na


minha testa, Petter pegou uma garrafinha de água e eu bebi,

alguns minutos depois a minha audição começ a voltar.

— Menina, está me ouvindo?

— Agora, sim. — Ainda estamos atrás do muro.

— Que susto você nos deu. — Ele ri.

— Que isso, erva ruim! Ggeada não mata. — Nós dois

rimos. — Eu vou atrás dos meninos.

— O menino Henry disse que não é para você sair daqui.

— Petter, desde quando eu obedeço ao Henry? — Ele riu.

— Vamos, me dê? — Petter me entregou a minha arma, eu a

ajeitava e a coloquei presa na minha calça, na parte de trás.

— Mas deveria. — Levamos um susto quando ouço aquela

voz.
— Pedro. — Me virei e ele estava com mais dois homens,

um em cada lado seu.

Fisicamente ele parece o mesmo, tinha apenas umas marcas

de expressões como todos nós.

— Minha mãe disse que vocês mataram o meu pai. — Só aí


eu me dou conta que ele estava segurando uma arma.

— Sua mãe o que? — Me fiz de desentendida.

— Não se faça Liz. — Ele riu, sem ânimo. — Sabe que eu

te conheço muito bem. — Ele cuspiu no chão.

— Tem certeza? — o desafiei. — Já tem alguns anos que

não nos falamos.

— Minha mãe disse que você nos ensinou assim que o meu

pai morreu.

— Eu, esnobar alguém?

— Você achou que ficaríamos pobres sem o meu pai.

— Tá vendo, você não me conhece.

— E a mensagem que você me enviou, ein?

— Que mensagem, Pedro?


— Que não queria mais nos ver, e que os negócios entre as

famílias tinham se encerrado.

— Que porra você está dizendo?

— Baixa o seu tom de voz — qle ordenou. — Vamos, me

conte tudo o que aconteceu no dia em que o meu pai morreu. —

Eles apontaram as armas na minha e na direção do Petter.

— Desembucha de uma vez. — Eu nunca o vi desse jeito.

— Foi eu.

— Você o que?

— Foi eu que matei o seu pai.

— Está de brincadeira, não está? — Ele passou uma das

suas mãos em seus cabelos. — Está tentando proteger o merda


do seu marido, é isso?

— Não, Henry queria matá-lo, depois que ele descobriu

que o seu pai matou a mãe dele.

— Claro que não, o meu pai sempre foi amigo da família

McNight, vocês são uns invejosos de merda.


— O seu pai matou a Estela, quando o Henry tinha apenas

12 anos, sabe o por que ele fez isso? — Pedro já estava com os

olhos marejados. — Por puro orgulho. Sua mãe te contou que


ele sequestrou a Bella e a mim?

— Ela me falou das mentiras que você ia me contar.

— Pedro, você me conhece tão bem, sabe que eu não

mentiria sobre algo tão delicado assim.

— Isso não vem ao caso. — Ele deu de ombros.

— Me dê uma desculpa melhor, não posso aceitar isso. —

Tentei argumentar.

— Isso não vem ao caso. — Ele destravou a arma. — Vou

te levar e te matar na frente do seu maridinho, para ele sentir a

mesma dor que eu senti quando ele matou o meu pai.

— Que porra! Já te falei que fui eu que dei um tiro e

acertou a cabeça do seu pai, o Henry estava dirigindo o carro

por isso que não conseguiu matá-lo.

— Você mal sabe segurar uma arma. — Os três riram de

mim.
— Olha, o que a sua mãe disse, não tem fundamento

nenhum. — Respirei fundo. — O seu pai amava a mãe do Henry

e como o seu Rodolfo, o traiu, ele se aliou com a sua mãe, para

destruir a nossa família, e como a sua mãe é uma louca varrida,

ela fica enchendo a sua cabeça de merda.

— Não fale assim da minha mãe. — Ele deu um tiro para o

alto.

— Menina — Petter gritou.

— Calma, Petter. — Fiz um sinal com a mão para ele se

afastar. — Pedro, você sabe que eu nunca me importei com

dinheiro.

— Mas a família do seu maridinho, sim.

— Você sabe que o seu pai era membro da máfia?

— Quê?

— A máfia Italiana, ele trabalha junto da minha família, ou

melhor trabalha, ele enganou a todos dizendo que tinha saído,

mas ele foi para a máfia rival e armou tudo isso. — Minto

algumas coisas.

— O meu pai não era assim, vocês são um bando de merda.


— Somos iguais.

— Claro que não.

— Ah, não. Sequestraram a Jenny e agora você quer manter

o meu marido.

— Ela veio porque quis. — Pedro enxugou as lágrimas. —


A mãe ficou desconfiada quando a Sam disse que perdeu o

bebê, sendo que na verdade, foi vocês que a sequestraram.

— Quanta merda, a sua mãe te disse? — A que nível a

Joana chegou. — Vamos lá. A Samantha era amante do seu pai,

sim, todos esses anos e não desconfiávamos deles, o seu pai

nunca amou a sua mãe como ele amou a Samantha, a única

coisa que a sua mãe deu para ele, foi você, depois disso a Sam

apareceu na vida dele.

— Claro que não.

— A Sam inventou que a Jenny tinha morrido, pois ela

sabia que se a sua mãe soubesse dela, ela iria mata-la e criar a

sua irmã cheia de ódio, e depois vingaria o seu pai.

— Cala a boca. — Ele atirou, e dessa vez ele acertou uma

árvore.
— Segura essa arma direito — debochei.

— Dessa vez eu não vou errar. — Quando o Pedro pensou

em atirar outra vez, eu fui mais rápida saco a minha arma e dei

um tiro em cada um dos homens que o acompanhava. Acerto os


dois na perna, eles gritaram e caíram de joelhos no chão. —

Maldita. — E quando ele tentou atirar em mim, o Henry

apareceu e atirou, acertando o seu ombro. Com o impacto, o

Pedro deixava a sua arma cair no chão. Os homens que


acompanhavam o Henry, dão uma coronhada na cabeça dos

parceiros do Pedro.

— Liz, você está bem? — Henry se aproximou enquanto


perguntava.

— Além de matar o meu pai, você ainda quer me matar?

— Cadê a Jenny?

— O Hendrick está com ela.

— Vocês não vão levá-la daqui — Pedro gritou.

— Pedro, qual parte que você ainda não entendeu, essa


guerra foram os seus pais que traçaram — afirmei.

— Isso é mentira.
Levamos a Jenny para a casa, a Paola não sabia fazer nada
além de chorar e abraçá-la.

No caminho, a Jenny nos contou que já tinha alguns anos


que ela conversava com alguém no Facebook. Claro que a Paola
não sabia que ela tinha feito uma conta em uma rede social, e

desde então, ela achava que a Joana era uma menina, que tinha
mais ou menos a sua idade. Entre uma conversa e outra a Joana

acabou dizendo que o seu pai era o John, e em uma das vezes
que a Jenny foi em nossa casa, ela ouviu o Petter conversando

com a Sandra sobre ele. Depois de um tempo ela faltou a aula


para ir ao shopping, e com a ajuda da Joana, ela ligou para a

escola e se passou pela Paola, para avisar que a Jenny não ia.

— Eu levei a escova de cabelo da minha mãe — Jenny

falou quando chegamos em casa. — E fomos até um laboratório,


alguns dias depois pegamos o resultado e deu que a Paola não

era a minha mãe, e que o Pedro era meu meio irmão.


— E por que você não nos contou? — Sam não disse
nenhuma palavra até agora.

— Ela me falou que vocês iam me matar se soubessem que


eu desconfiava de alguma coisa.

— É claro que não. — Eu a abracei e Henry torceu o nariz.


— E por que você sequestrou a Bella e quem te resgatou do

acidente?

— Foi o Pedro e eu não queria fazer aquilo, mas ela me


ameaçou, falou que ia matar a minha mãe. — Jenny começou a

chorar. — E era verdade que a Bella ia sair com o menino da


escola, ela não estava muito afim, mas eu precisava que ela

pelo menos saísse de casa, e foi aí que eles nos levaram.


— Mas se você não queria fazer aquilo, por que brigou

com a Bella?

— Eu não podia deixá-la sair, eu não queria que eles

matassem a minha mãe. — Eu não sabia se acreditava no que

ela estava dizendo, pois não parecia fazer muito sentido.

— Jenny, você está chorando. Vocês duas quase se mataram


— Henry afirmou.
— A Joana tinha acabado de sair da casa em que

estávamos, e a gente discutiu. Ela me deu aquela arma para que

eu matasse a Bella, quando voltasse. Ela a queria morta, ou eu

poderia deixar que ela mesma a matasse. — Jenny secou a suas

lágrimas. — Olha, tia, eu vou entender se você não quiser que


eu fale mais com a Bella, eu sei que eu causei muito mal a

vocês, mas quando eu descobri que o meu pai e minha mãe

realmente não eram “meus”, eu fiquei transtornada. Vocês

mentiram para mim a vida toda, mas a Bella me disse que tudo

isso foi apenas para me proteger, e no dia em que vocês nos


encontraram, eu achei que era Joana que estava entrando lá

outra vez. E eu comecei a falar aquele monte de coisa pra Bella

achar que era verdade.

— E você acha que vamos acreditar nessa mentira? —

Henry perguntou. — Que ficou transtornada?

— Henry, dá um tempo — pedi.

— Não é bem assim, Liz!

— É, sim, agora me dizer que não se lembra como você

ficou quando descobriu tudo o que o seu pai fez? — Ele bufou,

colocou uma das mãos no rosto e me ignorou. — Fico feliz que


esteja começando a se lembrar. — Eu me levantei e caminhei

em direção da Samantha, estávamos todos no escritório. —

Sam, você quer falar alguma coisa para a Jenny?

— Jenny, me desculpa. — Ela ficou meio perdida com as

palavras da Samantha. — Eu te deixei na adoção, justo para te

proteger. Eu não queria que a insana da Joana te fizesse algum

mal. Esse era o meu maior medo, ela sempre consegue

manipular os outros, assim como está fazendo com o Pedro.

— Mãe, tenta se acalmar. — Jenny ignorou o que a Sam

falou e abraçou a Paola, que estava tentando se acalmar.

— Tenha paciência — pedi e a Samantha apenas

concordou. Ela estava com o olhar triste, mas não tinha o que
se fazer, a Jenny não iria amá-la da noite para o dia. Esse tipo

de coisa levava tempo.

— Cadê o Pedro? — a Sam perguntoou.

— No carro, amarrado — Henry falou.

— O que vocês vão fazer com ele?

— Levá-la para a sua mãe. — Henry olhaou no relógio que

tinha no punho. — Vamos?


— Sam, Paola, logo voltamos.

— Liz, toma cuidado, aquela mulher é insana, ela pode

matar o próprio filho. — Sam segurou a minha mão. — Por

favor, me deixe ir junto? — Olhei para o Henry que também

ficou surpreso com o seu pedido. — Eu preciso cuidar do

Pedro. — Arqueei uma das minhas sobrancelhas sem entender

nada. — Prometo ficar quieta.

— Vamos. — Dei de ombros e ela nos acompanhou.

— O que ela faz aqui? — Hendrick perguntpi enquanto

caminhamos em direção ao carro.

— Veio “proteger o Pedro” — Henry debochou.

— Henry! — o repreendi.

— O John me pediu para cuidar dele, quando não estivesse

mais aqui. — Agora entendemos o que a Sam estava querendo.

Estamos a caminho da casa da Joana, o Pedro ainda estava

desacordado. Antes de amarrá-lo, o Hendrick aplicou uma


injeção no seu pescoço, apenas para ele dormir.

— Como a Jenny está? — Hendrick perguntou.

— Um pouco atordoada — respondi.

— Ela contou como tudo aconteceu?

— Sim... Mas não dá pra acreditar.

— Como assim?

— A Jenny, foi obrigada a sequestrar a Bella, e no dia que

elas estavam no cativeiro, a Jo queria que ela matasse a Bella.

Caso ela não fizesse isso, a insana da Joana faria, e ela ainda

ameaçou matar você e a Paola.

— Cara, eu nunca imaginei que a Jo chegaria nesse nível.

— Hendrick parecia decepcionado. — Ela sempre foi uma

mulher humilde, carinhosa. Eu nunca gostei do John, mas ela é

tão, sei lá, é difícil acreditar.

— Ela sempre foi assim, manipuladora, ela já quis me

matar — Samantha contou.

— Até eu já quis fazer isso — Hendrick rebateu.

— Gente, por favor, né?! — pedi.


Seguimos em silêncio e com mais uns 6 homens nos

acompanhando.

— Pronto? — Henry perguntou assim que estacionamos na

frente da casa dela.

Pegamos nossas armas, colocamos outra vez os coletes.

— E eu não vou ter uma arma? — Sam perguntou. — Eu

sei atirar. — Afirma.

— Não — Henry afirmou e descemos e um dos nossos

homens carrega o Pedro no colo. Ele ainda está desacordado,

fico feliz, por já estar escurecendo, ou seja, sem vizinhos

bisbilhotando.

A porta estava entreaberta.

Henry destrava a sua arma e entra na frente. A casa estva

toda revirada, e alguns móveis estavam quebrados, caminhamos

em silêncio e em alerta, até chegar na sala dos fundos.


— Que demora. — Joana está sentada na cadeira,

segurando um charuto em uma das mãos e na outra ela segura

uma arma. O seu cabelo estava todo bagunçado, a maquiagem

toda borrada, os seus olhos estavam inchados. Com uma garrafa

de uísque em cima da mesa, o seu copo já estava na metade.

Ouvi um barulho de choro. — Calem a boca. — Ela fala e só aí

nos damos conta que em um dos cantos da sala, a Ana e o seu

filho estão amarrados e sentados no chão, a Ana está com


alguns hematomas no rosto.

— Ana. — Sam tentou se aproximar.

— Se afasta. — Joana gritou e bateu na mesa com a sua


arma. — Quem é esse? — ela perguntou quando vê o Pedro no

colo de um dos nossos homens. — Ah! Esse aí é outro frouxo


que nem o seu pai. — Eu fico indignadou com o que ela falou

do próprio filho. — Eu não sei o porquê eu ainda criei


expectativa.

— Não fale assim deles. — Sam tentou defendê-los.

— Cale a boca sua prostituta. — Joana deu uma tragada no


seu charuto. — Quer saber de uma coisa? Eu te odeio tanto

quanto eu odeio a Estela, até morta ela ainda me assombra.


Pedro acordou, começou a gritar e a se debater no colo do
“nosso homem”.

— Coloque-o no chão — Henry ordenou. — Desamarre as


suas pernas e tire isso da boca dele.

Pedro tinha uma fita que tampava a sua boca.

— Não precisa tirar. — Joana falou. — Ele é igual ao pai


dele, não sabem fazer nada. — Ela riu e tomou um gole da sua

bebida. Pedro a encarou sem entender muito bem o que estava


acontecendo. — Sabe, Henry… No dia que o John matou a sua

mãe, ele teve que se drogar, ele não deve ter contado essa parte.
— Ela riu. — Achei que quando ele mesmo a matasse, a nossa

vida ia mudar, sabe? Eu só queria que ele me amasse, não era


pedir muito.

— Mãe, o que você fez com a Ana, tem que soltar eles.

— Cale a boca, você me dá vergonha, igual ao seu pai. —


Ela se levantou. — E quando eu pensei que com a sua mãe fora

do caminho, as coisas iam melhorar, aí aparece essa vagabunda.


— Ela ergueu a arma e a aponou em direção da Sam.
— Mãe, o que é isso? — Pedro ainda estava com as mãos
amarradas. — Então você mentiu pra mim, esse tempo todo?

— E nada adiantou. — O olhar dela era confuso, ela


realmente parecia estar ficando louca. — Nem fazer a cabeça da

sua irmã, você conseguiu. Como eu sinto falta do meu John.

— Sam, você é a mãe da Jenny? — Pedro perguntou.

— Sou.

— Calem a boca, parem com essas conversinhas. — Joana


começou a andar de um lado para o outro e passar umas das

mãos no rosto e na cabeça, ela realmente parecia estar


desnorteada.

— Então o que a Liz me disse é verdade?

— Essa daí era amante do seu pai, e quando a minha filha


nascesse, a gente ia embora daqui, íamos viver a nossa vida,

longe de todos vocês. — Ela começo a falar e fazazer um gesto


como se estivesse segurando um bebê nos braços. — Mas aí, o

meu mundo desabou, quando o mataram o meu John e a minha


filha não tinha sobrevivido. — As lágrimas começaram a

escorrer pelo seu rosto. — A vida foi muito injusta comigo. Até
você estava me abandonando, por causa daquela ali. — falou e

encarou o Pedro. — Você também me traiu, todos vocês me


traíram, e tudo por causa dessas vagabundas.

— Claro que não mãe, eu estou aqui, aliás, eu e a Ana,

sempre estivemos aqui — afirmei. — Por favor, agora solte


eles. — Ele pediu.

— Só que vocês acharam que eu nunca ia descobrir que a


minha menina estava viva. — Ela ignorou o Pedro por

completo. — Se você Liz, não tivesse postado aquela foto com


as crianças, eu realmente nunca teria descoberto, mas ela tem

os olhos do meu John, e isso é impossível não notar.

— Você apenas mentiu para que eu te ajudasse a mata-los?


— Pedro perguntou.

— E nem isso você fez direito, eu tive que trazê-los aqui,


para isso acontecer.

— E então é verdade que você matou o meu pai, Liz? —


Ele me encarou. — E que essa “guerra por ego”, foi o meu pai

que começou?
— Na verdade, isso era entre os nossos pais, e em vez

deles resolverem tudo entre eles, não preferiram nos colocar no


meio, eles não foram maduros o suficiente para ver que isso

estava nos prejudicando — Hendrick falou. — Passamos tantos


anos sofrendo e sendo fantoche deles, e olha até onde isso está

chegando, depois de quase “nem sei quantos anos”, ainda


estamos aqui. Tudo o que o Hendrick disse faz sem sentido.
E olha eu, aqui no meio de tudo isso, praticamente cai de

paraquedas nessa história, as nossas vidas estão iguais ou


piores do que novela mexicana. Quando eu pensava que tudo

iria se resolver, o destino vinha, me dava um tapa na cara, e

algo novo acontece, mas tudo acaba assim, na história do John


e do seu Rodolfo.

— Foi você que matou o meu John? — Joana me olhou com

uma cara de louca.


— Sim, foi eu — Descrevi a minha arma enquanto falo. —

Antes ele do que a minha família.

— Me desculpa, Henry, eu ia te matar sem você merecer.

— Ela começou a rir igual a uma louca. — Olha, Liz, sempre te

achei muito ingênua, e esse seu papel de boa moça, não me


convenceu. Você não imagina o ódio que senti quando você

disse que estava namorando o Pedro.

— Joana, isso é passado — afirmei. — Agora solte a Ana e

o seu neto — ordeno.

— Não! — ela gritou e deu um tiro para o alto, e depois


mira em direção da Sam, e dispara. — Seu idiota — ela grito

quando o Pedro se jogou na frente da Sam e o tiro lhe acerta.

— Liz — Henry me chamou e eu olhei na direção do

Henry. — Hendrick.

E o Hendrick estava no chão, Joana tentou me acertar, mas

o Hendrick foi mais rápido e acabou sendo baleado no meu

lugar.

Sam correu para socorrer o Pedro, o Henry socorreu o


Hendrick.
Eu rasguei uma parte da camisa do Hendrick, para

pressionar o ferimento, pois o tiro acertou o seu ombro, e

olhando assim, parece ser inofensivo.

— Pedro. — Fi\ o mesmo com ele, mas o seu ferimento era

um pouco acima do seu coração. — Quero eles aqui e agora —

falei para um dos nossos homens.

— Já estão a caminho, senhora.

— Você vai ficar bem. — Sam tentou acalmá-lo.

—Liz, me desculpa — ele pediu. — A Ana e o meu filho.

— Eles já estão soltando os. — Um dos meus homens fazia

isso. — Você vai ficar bem, você não tem culpa do que a sua

mãe fez.

— Ela vai escapar — Sam gritou.

— Merda — sussurrei.

— Vão, eu estou bem — Hendrick falou, e então eu e o

Henry vamos atrás dela.

— Vocês não vão fazer comigo o que fizeram com o meu

John — Joana gritava enquanto corria para a parte de fora da

casa.
— Joana, não queremos fazer isso, venha. Vamos conversar

— Henry a chamou, e então ela parou e me encarou.

— Não, vocês não vão me pegar, não vai. — Ela começou a

falar isso para si mesma, e então passou as mãos nos cabelos e

no rosto, ela ainda segurando a sua arma.

— Eu vou atirar, não tenho paciência para isso — Henry

reclamou. — Ela atirou no meu irmão.

— Calma, ela está totalmente insana, Podemos levá-la, e

interná-la em uma clínica psiquiatra — sugeri.

— O que vocês estão falando? — ela perguntou.

Estamos na parte de trás do seu quintal, a distância entre

nós era menos que um metro.

— Jo, vamos — a chamei mais uma vez. — O Pedro

precisa de você.

— Não, ele não precisa, ele é um bosta igual ao seu pai,

eles estragaram a minha vida, eu odeio o John — ela começou a


gritar e colocou a arma na cabeça.

— E a Jenny, você não quer ver ela crescer?


— A minha menina? — Seus olhos brilham quando ela

ouve o nome da Jenny.

Henry já está com a arma destravada e querendo atirar

nela.

— Isso, então larga essa arma e venha comigo. — Tentei

ser o mais paciente possível.

— Não, não... — Ela voltou a gritar.

— A minha paciência está indo para o brejo.

— Henry, para de ser reclamado.

— Eu preciso ir ver o meu irmão. — Sabia que estávamos

tensos, só do fato de saber que o Hendrick estava baleado, o

meu coração já ficava apertado.

— Cadê a minha menina? — E lá vamos nós de novo.

Joana começou a repetir as mesmas coisas, mas não baixava

aquela arma.

— Jo, venha eu vou te levar até ela.

— Não, você não vai. — As lágrimas voltaram a escorrer

pelo seu rosto, por fim ela fechou os olhos e deu um tiro na

própria cabeça.
Quando ouvi o disparo, fiquei meio que paralisada, não sei,

eu não imaginava que ela poderia fazer aqui.

— Liz, venha — o Henry me chamou e me abraçou. — Está

tudo bem. — ele sussurrou para mim.

— Cadê o Hendrick? — Entramos às pressas no hospital, e

essa era a primeira coisa que o Henry pergunto.

Já havia alguns minutos que os meninos chegaram, a Ana e

a Sam estavam abraçadas e aos prantos.

— Liz — Ana me chama quando me vê.

— Vai ficar tudo bem. — Eu asabraço.

Nesse momento, um médico passa por nós, indo em direção

às salas de cirurgia.

— Cadê o meu irmão? — Henry perguntou.

— Vai ser operado agora — O médico falou.


— Você não pode deixá-lo morrer — Henry falou em um

tom intimidador.

— Não se preocupe, Senhor McNight. — Ele era o chefe

dos médicos no hospital. — Vamos apenas remover a bala.

— E o Pedro? — Ana perguntou.

— Ele já está sendo operado. O seu caso é um pouco mais

delicado.

Merda.

O médico seguiu para o centro cirúrgico e aqui ficamos


todos com o coração na mão, ainda mais porque ele disse que o

caso do Pedro é mais delicado.

— Como você está? — Henry perguntou assim que


entramos no quarto do Hendrick.

— Bem, apenas dolorido. — Ele riu. — Cadê a Jo?

— Ela se matou — falei. — Obrigada.


— Somos uma família, e temos que cuidar um do outro —
Hendrick fala. — E como o Pedro está?

— Ainda não saiu da sala de cirurgia, houve uma


complicação. — Henry começou:. — Ele perdeu muito sangue e
tiveram que fazer uma transfusão.

Senti as lágrimas escorrendo por todo o meu rosto, o Pedro


sempre foi uma boa pessoa. Toda vez que precisávamos de

ajuda, ele sempre era o primeiro a nos ajudar, ele não poderia
ter um final assim. Ele tinha a Ana e precisava ver o seu filho

crescer.

Alguns dias depois.

O Pedro já havia saído do hospital e continuava se

recuperando, ele me perdoou pela morte do seu pai, e ele não


quis fazer o velório da sua mãe, ela foi simplesmente cremada.

Ana viu tudo o que aconteceu, eles nos contaram que depois
que o John morreu, ela ficou meio perturbada. Quando eles

tentavam falar com ela, não era fácil, pois ela surtava, era
muito raro o dia que ela estava bem. Até tentaram interna-la,
mas ela fugiu e então ficaram com ela em casa, mas evitavam

deixá-la sozinha, depois de algum tempo, ela apresentou


melhoras e eles deixaram de fingir que não ver, ela voltou a ter

uma vida como antes.

Foi aí que ela descobriu sobre a Jenny, e ficou obcecada

por completo por ela. Começou a colocar a todos contra nós, e


o Pedro só acreditou nas suas mentiras no dia em que ela se

matou. Tentou matar o próprio neto com uma facada nas costas,
se não fosse a Ana ter chegado naquele exato momento, não

saberíamos o que tinha acontecido.

O Maycon tinha apenas 10 anos, na verdade, eles tiveram


gêmeos, mas perderam um no parto. A Ana trabalhava em um

escritório de advocacia bem conceituado em Nova York, e o


Pedro se formou em Engenharia Civil e em poucos meses vai

abrir a sua própria empresa. Joana gastou todo o dinheiro que


eles tinham, além de vender algumas propriedades em segredo.
— Quando é mesmo o casamento? — perguntei enquanto

estamos em um restaurante, hoje decidimos dar o dia de folga a


todos os funcionários.

— Daqui um mês — A Paola respondeu toda empolgada.

— Demorou, mas eu consegui — Hendrick falou todo


emocionado.

Depois de tanto tempo, ela aceitou o seu pedido de


casamento, e eles iriam morar juntos, já estavam até escolhendo

a nova casa.

Talvez a volta da Samantha até tenha deixado a Paola com


um pouquinho de ciúmes e a ajudou a tomar essa decisão.

A Jenny estava começando a deixar que a Samantha se


aproxime, mas isso só estava acontecendo depois que ela

começou a fazer algumas sessões com uma psicóloga. O que


aconteceu com ela, querendo ou não, a deixou com alguns

traumas, e a Bella estava fazendo as sessões com ela.

A Sandra e o Petter continuavam com todo amor do mudo.


Queria que eu e o Henry ficamos iguais a eles, pois o amor,

companheirismo dos dois era muito lindo.


O seu Rodolfo estava mais próximo do que nunca. Ele

ainda estava sozinho, nos disse que não quer nenhum amor,
apesar de estar curado, o seu coração ainda pertencia a Estela.

O que me deixava mais feliz era que ele e o Henry estavam


começando a se dar bem.

Dante e o Pietro ficaram felizes em saber que a Jenny era


irmã deles. Com tudo isso acontecendo, eu tive que omitir

algumas coisas para os gêmeos. Eu ainda não quero que eles


saibam sobre a nossa vida, que somos da máfia e que nunca

podemos descansar, sempre teríamos que ficar em alerta. E


ainda mais que eles não tinham idade para isso.

— Vocês vão, né? — Paola pergunta para o Pedro e a Ana,

que nos acompanhava no almoço.

— É claro que sim. — A Ana fala e dá um beijo no Pedro.

Fiquei muito feliz em ver todos nós juntos outra vez, igual
como era na faculdade, e sem se preocupar com a “briga antiga
de família.”

A Samantha também estava sozinha, mas dava para


perceber que ela se arrependua de ter usado o Hendrick, pois

em algum momento, ela chegou a se apaixonar por ele.


Chegou o tão sonhado dia do casamento da Paola com o
Hendrick, como eles não gostavam de nada exagerado ou

extravagante, a cerimônia seria em casa mesmo.

A decoração era bem simples e seria realizada em uma das


nossas “fazendas”, na parte dos fundos, Tinha um arco de

flores, algumas cadeiras brancas, um tapete vermelho no


corredor que acompanhavam umas flores que faziam um trilho

até o altar.

A “festa” seria realizada na sala da casa, tenha apenas

alguns balões e algumas flores iguais a do arco que enfeitavam


toda a sala. Uma mesa grande, com um bolo redondo de 3

andares, em que no topo, havia dois bonequinhos que eram a


Paola e o Hendrick, e o mais legal é que na “ilustração”, a

Paola tentava fugir e o Hendrick a segurava pela a calda do


vestido.
A cerimônia foi incrível, Paola usou um vestido de alças

brancos, com detalhes bordados em pedrarias, que deixou um

aspecto brilhoso a roupa. Já Hendrick vestiu uma bermuda

branca e uma camisa polo da mesma cor.

Com um sorriso de orelha a orelha ele estava no ápice da

felicidade.
Eu e Henry, éramos os padrinhos, junto de Sandra e Petter.

Todos nós estávamos desfrutando de uma felicidade sem igual.

— Preciso atender — disse Henry, olhando para o visor do

seu aparelho celular.

— Certo! — respondi e logo em seguida, ele se levantou


indo em direção a outro cômodo.

Estamos sentados à mesa saboreando os bem-casados,

enquanto as crianças correm felizes pela casa.

— O que aconteceu? — Samantha questionou assim que

voltou para a nossa mesa.

— Não sei, acho que não — respondi, dando por encerrado

aquele assunto.

Começamos a falar sobre assuntos aleatórios, depois de

algum tempo, Henry retornou com um semblante sisudo.

Levantei-me, e me aproximei dele o levei para longe de todos.

— Pode dizer o que te deixou com essa cara? Problemas?

— questionei e ele passou a mão nos cabelos, um sinal de que

estava ficando preocupado.


— Era o Vicente.

Olhamos ao redor e vimos todos dançando ao de “Camilo Kesi".

— Que merda, é sobre a Bella?

— Sim, ele quer saber se vamos obrigá-la a se casar para

fecharmos de uma vez por todas o negócio.

— E qual foi a sua resposta — perguntei com os olhos

semicerrados.

Ele fez um meneio de cabeça em sinal positivo, e logo em

seguida questionei:

— Henry, pelo amor de Deus, o que você respondeu?

— Que assim que ela completar 18 anos, decidirá o que

quer, que não irei obrigá-la a nada.

— Precisamos conversar com ela.

— Eu sei. — Ele começou a massagear as têmporas. — Eu

não quero privá-la de ser feliz.

— Henry, eu sei que os negócios da família são

importantes, mas se a Bella não quiser se casar, ela não vai.

— Eu sei, e deixei bem claro isso.


Caminhamos até uma das mesas e nos sentamos, Bella

sentou-se à mesa conosco, sempre alegre e com um largo

sorriso.

— Nossa papai, que cara é essa?

Henry me encarou.

— O Vicente acabou de ligar — falei.

— Que droga! Era sobre o Thomas?

— Sim — Henry disse.

— Ele ainda não mudou de ideia? — Bella questionou.

— Não. O seu pai pediu um prazo.

— Até quando?

— Até você completar os seus 18 anos.

— O casamento seria por um ano, é isso? — questionou,

mostrando interesse.

— Mais ou menos isso — Henry afirmou.

— Podemos ir nos conhecendo até que complete os meus

18 anos, aí eu decido se me caso ou não.

— Pipoca, você não quer pensar mais um pouco?


— Papai, são negócios, creio que um ano passe rápido, não

é?

— Bella, você não precisa fazer isso — declarei.

— Mamãe, me deixe conhecê-lo, aí vemos no que dá.

Quem sabe posso me apaixonar?

Estávamos deitados em nossa cama há mais de uma hora,

depois que fiz um showzinho particular, fizemos amor , mas

uma vez só não me satisfez, então eu já estava pronta para um

segundo. round e ele para a minha completa tristeza, ele está

cansado. — Você não era assim. — Fiz uma cara de tristeza,

com direito a biquinho.

— Liz, você nunca demorou para ter um orgasmo com hoje

— argumentou e eu gargalhei.

O quarto cheira a sexo, nossas respirações ofegantes, o

suor escorrendo pelos nossos corpos.

— Acho que é o efeito do vinho — afirmei.


— O que tinha naquele vinho? — brincou.

— Vou te deixar descansar. — Deitei-me em seu peito, e

acariciei sua barba.

— Estou com medo — confessei.

— Do quê?

— A respeito de colocarmos a Bella nos negócios —

afirmei.

— A nossa Pipoca é inteligente demais, ela não vai deixar

que nada de mau aconteça. — Henry tentou me tranquilizar. —

E ela sempre vai ter nós dois para salvá-la.

— Te amo, senhor McNight. — Como sempre ele me

trouxe a segura que preciso.

— Você é a mulher da minha vida, senhora Liz Navarro

Andrade McNight. — confessou, tomando meus lábios com

ternura.

— Você poderia ter encurtado o meu nome.

— Estou pronto! — Automaticamente ergui a minha cabeça

e olhei para o seu pau que já estava rijo me esperando.


Ali, naquele quarto, fazendo amor com o homem que me

casei sem ao menos saber quem era de verdade, anos depois, eu

me senti a mulher mais feliz e realizada. Tínhamos tudo,

principalmente um ao outro.

FIM
Agradecer por algo é sempre um momento difícil, ainda

mais quando tem tantas pessoas a citar. Tenho medo de


esquecer alguém, então vamos às principais:

Ao meu marido, por me apoiar sempre e vibrar comigo a


cada conquista.

Ao meu irmão querido e à minha família por serem tão

especiais e torcerem por mim o tempo todo.

Vanessa Pavan por fazerem um trabalho incrível me

auxiliando a cada lançamento.

Laila Nascimento e Mari Vieira, pelo trabalho perfeito

com o meu texto.

E, eu não poderia esquecer de vocês, minhas leitoras,

minhas âncoras, as pessoas que me fazem escrever mais e mais

a cada dia.
E se você me leu pela primeira vez, espero que me dê

outra oportunidade. Acredite, está vindo muita coisa por aí.

Beijos
PS: Se você encontrar algum erro ortográfico ou

gramatical, por favor, reporte. Farei as alterações assim que

receber sua notificação.

Beijos,

Karyelle Kuhn

You might also like