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TRABALHO E EDUCAÇÃO NA AMAZONIA BRASILEIRA: rupturas e

integrações
Ronaldo Marcos de Lima Araujo1

Resumo: Abordamos os contrastes da realização do trabalho na Amazônia


brasileira e alguns tipos de atividades que aqui se realizam, com destaque para
o trabalho tradicional. Consideraremos as possibilidades colocadas para projetos
de formação orientados pela perspectiva de valorização do trabalhador
amazônida, tendo a ideia de alternância integrativa como principal referência.
Palavras-chave: trabalho e educação. Amazônia. Trabalho tradicional.
Integraçao de saberes. Formação por alternância.

Abstract:

1 Professor titular da Universidade Federal do Pará. Pedagogo, Doutor em Educação.


Pesquisador da área de trabalho e educação. Pesquisador do CNPq. Emeio: rlima@ufpa.br.
2

1. Introdução
Fazemos uma abordagem aqui de algumas particularidades do trabalho na
região amazônica brasileira, considerando-a como parte da realidade nacional,
mas que guarda peculiaridades em relação à situação brasileira.
Partiremos de uma de uma breve caracterização da região, recuperando os
ciclos de desenvolvimento que aqui prevaleceram e identificando alguns
indicadores das desigualdades regionais que a impactam. Após o que faremos
uma abordagem sobre o trabalho que se realiza na Amazônia, destacando o
trabalho nas empresas modernas, o trabalho tradicional e os conflitos que aqui
se verificam decorrentes principalmente das disputas por terras.
Defenderemos as estratégias de integração de saberes como possibilidade de
valorização dos modos de vida tradicionais, mas não somente, enfatizando uma
possível “alternância integrativa”.
Por fim consideraremos alguns desafios para o trabalho e a educação na
Amazônia brasileira.

2. Recuperando um pouco da Amazônia brasileira


A Amazônia
A região amazônica se estrutura em torno da floresta amazônica, a maior floresta
tropical do mundo, que se estende por nove países sulamericanos: Brasil,
Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana francesa, Peru, Venezuela e
Suriname (Imazon, 2023), da qual o Brasil detém 64%.
A Amazônia Legal brasileira é uma área que engloba nove estados pertencentes
à bacia Amazônica (Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão,
Amapá, Tocantins e Mato Grosso). A atual área de abrangência da Amazônia
Legal tem uma superfície de aproximadamente 5.217.423 quilômetros
quadrados correspondente a cerca de 61% do território brasileiro. Sua
população, entretanto, corresponde a 12,32% do total de habitantes do Brasil (28
milhões de pessoas). Além de conter 20% do bioma cerrado, a região abriga
todo o bioma Amazônia, o mais extenso dos biomas brasileiros, que corresponde
a 1/3 das florestas tropicais úmidas do planeta. Essa região detém, ainda, a
maior biodiversidade o maior banco genético e 1/5 da disponibilidade mundial de
água potável do planeta (IBGE, 2023).
Nos nove estados da Amazônia Legal, residem 51,25% da população indígena
brasileira, cerca de 868 mil pessoas indígenas de 305 diferentes etnias.
Concentra ainda um terço (32,1%) dos quilombolas do país, cerca de 426.449
pessoas quilombolas (IBGE.b, 2023).
Na Amazônia, culturalmente rica e diversa, verificam-se alguns contrastes que
assumem a forma de tragédia: a exuberância da natureza confronta-se com sua
degradação, a imensa riqueza natural confronta a miséria da maioria de sua
população e sua grande diversidade cultural é dilacerada pela falta de respeito
às populações tradicionais, seus conhecimentos e modos de vida.
3

Nas periferias das grandes cidades, assim como nas áreas rurais da Amazônia
as desigualdades persistentes na sociedade são mais evidentes, devido à
ausência de uma reforma agrária ou urbana capaz de garantir o acesso
democrático à terra e a condições básicas de vida nas cidades, grandes ou
pequenas.
A Amazônia brasileira precisa se compreendida como uma região periférica de
um país de "capitalismo periférico", marcado por imensas desigualdades
econômicas, sociais, educacionais e, também, regionais e que, apesar de ter
promovido a modernização de sua base produtiva, mantem como traço um
"modelo predatório de uso da força de trabalho" (Carvalho, 1994; Fleury, 1993).
Na Amazônia esse caráter predatório também se revela em relação à natureza,
“atingindo o meio ambiente como um punhal que se crava lentamente” (Val,
2007). Para essa pesquisadora do INPA (Instituto Nacional de Pesquisa da
Amazônia), não são os trabalhadores individuais que arruínam o patrimônio
genético da Amazônia, mas empresas consolidadas, nacionais e multinacionais,
que, em busca de riqueza, exploram madeira, minérios e agora petróleo. Estas
deixam como saldo a pobreza do povo e a devastação e a desertificação da
natureza.
No território nacional, dividido em cinco grandes regiões (Norte, Nordeste, Sul,
Sudeste e Centro-Oeste) que possuem características históricas e culturais
específicas, as muitas desigualdades econômicas e sociais, inter e
intrarregionais, é a sua marca. O Norte e o Nordeste são as regiões que
concentram as maiores taxas de pobreza e inúmeros problemas sociais.
Tradicionalmente agrárias, essas regiões abrangem 63% do território nacional,
36% da população e apenas 20% da riqueza nacional. Somente a região Norte,
onde se situa a maior parte da Amazônia, corresponde a 45% do território
nacional, concentrando 8,8% da população nacional (18,5 milhões de pessoas)
mas apenas 5,3% do PIB nacional (IBGE, 2023).
A economia da Amazônia tem sido identificada por diferentes autores a partir de
alguns ciclos. Prates e Bacha (2011) identificam cinco fases de desenvolvimento
da Amazônia. A primeira, no período colonial, se caracteriza pela estratégia da
Coroa Portuguesa de, basicamente, ocupar o território, independente do uso que
poderia ser dado a ele. A segunda é chamada de ciclo da borracha, que
compreende do final do século XIX até os anos 1940, impulsionado pela
implantação do setor automobilístico na Europa e nos Estados Unidos e pelas
grandes guerras mundiais. No seu apogeu a Amazônia “foi responsável pela
produção de dois terços de toda a borracha consumida no mundo” (Ramos,
2014, p. 349). Nesse período ocorreu o primeiro fluxo migratório importante para
a região, um processo de ocupação territorial ao longo dos principais rios da
região no qual se constituiu o sistema de aviamento, que se manteve até os dias
atuais e que favorece a manutenção do trabalho escravo contemporâneo, que
se consolida sobre as dívidas impagáveis do trabalhador2.

2 “Desde 1844, nordestinos, principalmente do Ceará, vieram ocupar áreas da Amazônia,


formando a primeira leva dos chamados “soldados” da borracha. Mais tarde, em 1877, uma outra
seca no Nordeste impulsionou mais um movimento de pessoas rumo aos seringais. A época da
borracha foi tido como um período “dourado” para a Amazônia e criou-se, assim, uma elite que
estabeleceu um sistema de aviamento e, a seu modo, marcaria as relações sócio-econômicas
4

A terceira fase de desenvolvimento é caracterizada por intervenções


esporádicas do governo federal, quando a região passou por certa indefinição
econômica. A quarta fase, corresponde ao período dos governos militares, de
1966 a 1985, quando foram implementados projetos centralizados, sob a
doutrina da segurança nacional, voltados para a chamada “integração” da região
ao país, a partir do que se desenvolveram projetos de abertura de estradas e a
implementação de grandes projetos, tais como a transamazônica e usinas
hidrelétricas. Nesse período ocorreu também o avanço da agricultura de larga
escala e a implantação de grandes projetos agropecuários apoiados por
incentivos fiscais no sul do Estado do Pará e no norte do Estado de Mato Grosso,
principalmente, estimulando a ocupação da região e agudizando a retirada da
cobertura florestal. Nesse período, “de 1970 a 2000, a população da Amazônia
Legal passou de 7,3 milhões de habitantes para 21 milhões, e, em 2010, já
atingia 25,4 milhões de habitantes” (Ramos, 2014, P. 352), chegando a 28
milhões em 2020. Expansão demográfica absolutamente desordenada e sem a
garantia de saneamento para os que chegavam ou a preservação dos modos de
vida dos que aqui estavam. Esses grandes projetos implementados tiveram
pouquíssimo impacto positivo para a qualidade de vida da maioria da população
local e provocaram o acirramento de conflitos e dos problemas sociais e
demográficos. “Quem mais lucrou foram as empreiteiras e parte das elites locais
que conseguiram ter acesso a parte dos recursos destinados à implementação
da política de integração da Amazônia. Também lucraram os grileiros que se
apropriaram de grandes extensões de terras” (Araujo, 2007, p. 3).
A quinta fase, de 1986 até 2008, é caracterizada pela conjugação de ações
estatais, embora em menor escala que no período anterior, e pelo avanço dos
agentes das forças de mercado internas e externas. Nessa conjuntura reforça-
se o papel da Amazônia como região produtora de commodities3 e ganha
relevância o agronegócio, organizado em grandes extensões de terra, dando
assim continuidade a uma cultura instituída de exploração da terra em que se
privilegia o latifúndio em detrimento das pequenas propriedades. Mas nesse
período se eleva também a preocupação com a questão ambiental em função,
principalmente, da pressão internacional.
Em nenhuma dessas fases predominou o interesse dos locais, nem mesmo de
suas elites. Em todos esses períodos parece ter prevalecido uma conivência,
tácita, entre o Estado nacional, que sempre disse defender a Amazônia, e os
estrangeiros exploradores dos recursos da Amazônia, para realizar um objetivo
comum: tirar proveito da região (Pinto, 2023), tendo a complacência de uma elite
local entreguista. Segundo esse importante jornalista amazônida, como
resultados desses ciclos e das políticas de “integração” da Amazônia vê-se a
destruição dos recursos naturais da região e a drenagem e concentração da
renda gerada pela atividade econômica, sempre em privilégio da grande
propriedade, rural ou urbana.

na região. Este empreendimento sofreu uma queda brusca a partir de 1910 (grifo nosso)”
(Forline, 2009).
3 “Commodities são produtos de origem agropecuária ou de extração mineral, em estado bruto

ou pequeno grau de industrialização, produzidos em larga escala e destinados ao comércio


externo. Seus preços são determinados pela oferta e procura internacional da mercadoria”
(Fiocruz, 2023). Na Amazônia, as principais commodities são o minério de ferro, sementes e
frutos oleaginosos, combustíveis minerais e carnes (Trindade, 2023).
5

As diferentes desigualdades que caracterizam o País, portanto, frutos da


histórica e aguda concentração de rendas e terras, produziram “um Brasil gigante
com pés de barro”, ou seja, “um gigante econômico com uma democracia efetiva
frágil e formal e uma sociedade absurdamente desigual”, como explica Frigotto
(2013). Mas produziram também profundas desigualdades regionais relegando
a condições degradantes parte de sua população, em particular dos povos da
Amazônia.
Essas desigualdades produziram em todo o país um sistema de exclusão das
camadas mais pobres da sociedade, em particular das populações trazidas da
África, que foram submetidas à escravidão e cujos descendentes ainda sofrem
as consequências até hoje. Esse processo de exclusão se mantém como
característica e se manifesta em vários tipos de privações para uma massa de
miseráveis: "privação de emprego, privação dos meios de participar do mercado
de consumo, privação de proteção social, privação de direitos, privação de
liberdade, privação de esperança" (Martins, 1997, p. 18). Dados produzidos pela
Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional
(Rede PENSSAN) indicam que, em 2022, a fome desgraçava cerca de 33
milhões de brasileiros e quase 60% da população tinha algum nível de
insegurança alimentar. É na periferia das grandes cidades e nas pequenas
comunidades rurais que essas privações se concentram.
Essas desigualdades se revelam mais agudas na região em tela, com fortes
evidências no trabalho, na educação, na pesquisa cientifica, na qualidade de
vida, enfim, são desigualdades que revelam condições de existência
diferenciadas para brasileiros em função de sua territorialidade.
Ao considerar o IDH – índice de Desenvolvimento Humano – de 2021, verifica-
se, por exemplo, que entre os 10 estados brasileiros com maiores indicadores
nenhum é da região amazônica e dos 10 estados com piores índices 6 são desta
região (Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará, Amapá e Maranhão).
Considerando os municípios brasileiros, entre os 200 municípios com maiores
IDH do Brasil, em 2021, nenhum é da região Norte (apenas 1 do Nordeste).
Já dos 10 municípios com piores IDH do Brasil todos são desta região
(Itamarati-AM, Cachoeira do Piriá-PA, Bagre-PA, Jordão-AC, Chaves-PA,
Uiramutã-RR, Marajá do Sena-MA, Atalaia do Norte-AM, Fernando Falcão-MA e
Melgaço-PA) (AtlasBr, 2023). Registramos que o IDH é gerado a partir de dados
do IBGE acerca da educação, renda e saúde da população brasileira.
Do ponto de vista da formação de pesquisadores e da produção do
conhecimento, variável estratégica no mundo moderno, a região Norte abriga
apenas 5,5% (395) dos cursos de mestrado/doutorado reconhecidos pela
CAPES no Brasil. Na área de educação, em particular, são 42 cursos de
mestrado/doutorado no universo de 334, ou seja, 12,5%. Mas se considerados
apenas os cursos de doutorado, no qual se consolida o ciclo de formação de
pesquisadores, são apenas 10 entre os 115 aprovados pela Capes, ou seja 8,6%
(CAPES, 2023).
Os efeitos das desigualdades socioeconômicas se manifestam nas baixas taxas
de rendimento escolar de crianças e jovens de origem popular e nos indicadores
de desempenho escolar, nas altas taxas de evasão escolar, na desescolarização
e no analfabetismo. As taxas de rendimento do ensino médio, por exemplo,
revelam situações sempre piores dos estudantes das escolas da região Norte.
6

Se no Brasil a taxa de escolarização líquida da população de 15 a 17 anos é de


74%, na região Norte é de 68%. Se no Brasil a taxas de repetência é de 8,9%,
na região Norte é de 10,2% e as taxas de evasão que é 7,61% no Brasil na região
Norte é de 10,4%4 (INEP, 2022).
Revela-se ainda na expropriação e/ou negação dos saberes e da cultura dos
povos tradicionais do campo, como os indígenas e quilombolas, que, salvo
algumas exceções, são desapossados de seus saberes ancestrais e se vêm
privados do acesso à ciência e à cultura universais em articulação com seus
saberes tradicionais.
As desigualdades regionais devem ser entendidas, portanto, associadas às
demais desigualdades brasileiras que são estruturais e têm origem na formação
do capitalismo brasileiro, desigual e combinado entre o moderno e o arcaico,
fruto de revolução passiva e do transformismo (Frigotto, Ciavatta e Ramos,
2005). Resultantes de processos de rearticulações do poder das classes
dominantes que mantiveram uma forma de domínio no qual as elites agrárias
regionais se mantiveram fortes ao longo da história nacional, submetendo o
Estado a seus interesses, mesmo nos períodos históricos de crescimento da
industrialização. E isso é determinante também para entender a Amazonia
brasileira.
E no contexto em que as relações sociais estabelecidas excluem as classes
trabalhadoras dos direitos sociais fundamentais emerge o campo de estudos
chamado "Trabalho e Educação" no Brasil, bem como na Amazônia.
A realidade das relações entre trabalho e educação no Brasil tem sido fartamente
consideradas na literatura da área, em particular pelos pesquisadores vinculados
ao GT de Trabalho e Educação da ANPED – Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Educação – que destacam, entre outras coisas, as
profundas desigualdades brasileiras (econômicas, sociais, regionais e
educacionais) como uma característica de um país sem um projeto de nação
definido. Nenhum estudo, entretanto, tematiza a produção dessa área na
Amazônia Brasileira. Apenas um estudo, de Araujo, Oliveira e Cêa (2015), foca
nas características da produção nas regiões do Norte e do Nordeste. Nesse
artigo os autores afirmam que “a área Trabalho e Educação está consolidada no
Norte e no Nordeste”, mas pode-se afirmar que especificamente nos estados da
Amazônia esse campo ainda é bastante frágil.
Conforme levantamento recente feito pela Coordenação do GT09 da ANPED,
acerca dos Grupos de Estudos e Pesquisas de Trabalho e Educação no Brasil,
dos 9 estados da Amazônia legal, sete têm grupos de pesquisa que se dedicam
ao estudo da relação entre trabalho e educação (Amazonas, Pará, Mato Grosso,
Acre, Rondônia, Tocantins e Maranhão). Apenas dois, portanto, (Roraima e
Amapá) não têm grupos de pesquisa nessa área5. Mas a maioria é constituída
por grupos novos, vinculados a programas de pós-graduação em processos de
consolidação. A própria pós-graduação na área de educação na Amazonia ainda
é frágil, tendo apenas os estados do Pará, Mato Grosso, Amapá, Maranhão e

4 Evasão e repetência consideradas apenas nas redes estaduais de ensino, que concentram
87% das matrículas do ensino médio.
5 Conferir em https://gt-brasil.netlify.app/.
7

Amazonas cursos de doutorado em educação, a maioria com poucos anos de


existência.
Uma das características das pesquisas nas regiões Norte e Nordeste
identificadas pelo artigo acima citado é que nessas regiões, os estudos sobre
trabalho e educação têm como principal ponto de apoio a diversidade dos
espaços e suas relações com as práticas educativas, bem como as políticas e
ações voltadas para a formação dos trabalhadores rurais. Observaram os
autores ainda uma predominância de questões relacionadas às políticas
educacionais, ao ensino médio e profissional, à formação dos trabalhadores, à
educação promovida pelos movimentos sociais e à educação do campo, em
detrimento dos estudos sobre questões escolares, que são significativamente
sub-representados pela área nessas regiões (Araujo, Oliveira e Cêa, 2015).
São os grupos de pesquisa sobre trabalho e educação situados nos programas
de pós-graduação em educação que principalmente devem se ocupar da
produção do conhecimento dessa área na Amazônia brasileira, mas um estudo
dessa incipiente produção ainda está por ser feito.

3. Sobre o trabalho na Amazônia e a conflituosa convivência entre


grandes empresas e as formas tradicionais e cooperativas de
trabalho
A economia da Amazônia se destaca pela atividade de produção e exportação
de produtos primários “com destaque para a produção extrativa mineral (minério
de ferro, principalmente), boi vivo, biodiesel do óleo de palma e (...) produção de
soja e milho” (Trindade, 2023, p. 1). Mas convivem na região formas tradicionais
de realização do trabalho ao lado de empresas modernas, tais como aquelas da
Zona Franca de Manaus e os chamados grande projetos minerais e de produção
de energia. Ao lado de companhias modernas como a Vale do Rio Doce, por
exemplo, resistem (geralmente de modo conflituoso) comunidades quilombolas,
ribeirinhas e indígenas que ainda concretizam formas de realização do trabalho
baseadas na tradição familiar e comunitária. Nessa região persiste ainda formas
degradantes de realização do trabalho tal como o trabalho escravo
contemporâneo, que a CPT – Comissão Pastoral da Terra e a OIT – Organização
Internacional do Trabalho reconhecem na Amazônia a sua principal incidência.

As empresas modernas

Na Amazônia já há uma significativa presença de empresas modernas de grande


e médio porte, com destaque para “grandes empreendimentos instalados sob
modelo de enclave, voltados à exportação, como os projetos da MRN, ALBRAS,
ALUNORTE, CVRD e ALUMAR” (Castro, 2009, p. 43) e o parque
microeletroeletrônico da Zona Franca de Manaus, com a presença de algumas
empresas multinacionais expressivas do setor instaladas a partir da oferta de
incentivos fiscais como redução ou isenção de impostos e/ou facilidades
burocráticas.

Sobre estas empresas do Pólo Industrial de Manaus, Oliveira (2006, p. 695)


afirma que cumprem um papel de “execução da produção” na divisão espacial
8

do trabalho, permanecendo a elaboração de projetos e a concepção dos


produtos restrita às matrizes das empresas. “A indústria eletroeletrônica da ZFM
encontra-se, portanto, na chamada ‘ponta periférica’ do setor”.

Mas, não são as grandes empresas as responsáveis pela massa salarial, “são
as pequenas e médias, cuja presença é mais significativa dada a quantidade de
estabelecimentos, o volume de mão-de-obra empregado, os recursos que
mobilizam e a extensão no território e dos recursos apropriados” (Castro, 2009,
p. 43).

Nessas chamadas empresas modernas, entretanto, o trabalho guarda formas


predatórias de realização, tal como já observado em relação ao Brasil, e se
afirmam como lugar de dominação pois a organização empresarial na região tem
revelado “formas arcaicas de dominação social” (Castro, 2009, p. 43), que
valorizam mais a disciplina que a dimensão técnica como componente de
qualificação (Oliveira, 2006).
Na chamada “empresa modernizada” a cultura de trabalho que se estabelece
revela relações bastante autoritárias, mesmo em empresas com hierarquia
ocupacional reduzida, ficando as mudanças tecnológicas restritas,
fundamentalmente, à automação (Castro, 2009, p. 44) ou a estratégias de
organização e de gestão que favoreçam a intensificação do trabalho.
Se no Brasil, a emergência do chamado modelo de acumulação integrado e
flexível pode ser caracterizado como um modelo que deixaria de ser japonês
para se tornar nissei, como diria Salerno (1993, p. 139), na Amazônia, em
particular na Zona Franca de Manaus, essa modernização se mostrou “de forma
bastante parcial e heterogênea”, sem buscar o rompimento com o paradigma
taylorista/fordista (Oliveira, 2006). Para ela as inovações tecnológicas físicas e
organizacionais visavam a redução do uso da força de trabalho, principalmente
entre os trabalhadores com maior remuneração, a intensificação do trabalho e a
subcontratação de pessoal.
Concordam as pesquisadoras amazonense (Oliveira, 2006) e paraense (Castro,
2009) que a cultura da empresa moderna aqui instalada, apesar do discurso
modernizante, não introduziu práticas democratizadoras no ambiente fabril,
permanecendo as formas de controle e gestão do trabalho bastante rígidas.
Nelas a disciplina fabril seria o requisito mais valorizado aos trabalhadores, em
detrimento inclusive da competência técnica. Dizia Oliveira (2006, p. 702) que
“na grande empresa de eletroeletrônicos da ZFM, a formação para o trabalho
permaneceu limitada à lógica da otimização econômica e da intensificação
produtiva”. Como sintetiza Pinto (2023): “a indústria moderna no mundo torna-se
anacrônica quando penetra na fronteira amazônica. Regride décadas, ou
séculos”.
Castro (2009) identificou também nas empresas rurais, médias e grandes, um
processo de “modernização conservadora” apesar de discursos de qualidade
total e de participação. Identificou ainda que nas suas relações com os processos
tradicionais de trabalho estas empresas “têm reafirmado princípios ancorados
em forma de autoridade social arcaica e altamente desiguais do ponto de vista
do usufruto dos recursos do território” (Castro, 2009, p. 48).
9

Ademais, essa empresa denominada moderna estabeleceu uma relação


conflituosa em que são generalizados os conflitos entre grandes, médios e
pequenos produtores extrativistas e os impactos dessas empresas na vida social
são variados, revelando-se nas dimensões ambientais, trabalhistas, culturais e
geográficas.

Sobre o trabalho na sua forma tradicional


Dizia Marx (2008) que o trabalho é uma atividade constituída de determinações
universais, as quais perpassam todo o trabalho humano, em qualquer época e
em qualquer modo de produção, e determinações particulares, dadas
historicamente, constituída de elementos específicos próprios de uma certa
sociabilidade, de um determinado modo de produção.
Ou seja, que “cada sociedade, em fases particulares de seu desenvolvimento,
produz seus processos de trabalho, de transformação da natureza e de
apropriação dos recursos naturais para sua reprodução social e cultural” (Castro,
2009, p. 35).
Tomamos aqui o trabalho tradicional como uma forma histórica e socialmente
construída que dá identidade ao trabalho tipicamente amazônico. Um tipo de
trabalho que não é resiliente ao capitalismo, mas, como diz Tiriba em relação ao
trabalho associado6 (2009, p. 16), sobrevive, convive e/ou se torna subordinado
à cultura capitalista. No caso do trabalho tradicional quase sempre são atividades
que se contrapõe ao latifúndio.
Trata-se de formas e culturas de trabalho que têm estreita relação com a herança
das primeiras comunidades tribais, nas quais não havia divisão de classes
sociais e prevalecia o processo de produção coletiva (Mourão, Vasconcelos e
Uchoa, 2020). Formas que se destacam na região, em particular nas
organizações sociais e familiares dos quilombolas, indígenas e ribeirinhas.
Castro (2009, p. 37) define assim os processos de trabalho tradicional:

6 Explicam Tiriba e Fischer (2012, p. 613-614) que a Produção Associada e Autogestão remete
às “relações econômico-sociais e culturais em que os/as trabalhadores/as têm a propriedade
e/ou posse coletiva dos meios de produção e cuja organização do trabalho (material e simbólico)
é mediada e regulada por práticas que conferem aos sujeitos coletivos o poder de decisão sobre
o processo de produzir a vida social. Diz respeito a um conjunto de práticas coletivas de pessoas
ou grupos sociais que se identificam por compartilhar concepções de mundo e de sociedade
fundadas no autogoverno e autodeterminação das lutas e experiências das classes
trabalhadoras. Ao contrário da heterogestão, os princípios, as regras e normas de convivência
que regem o trabalho associativo e autogestionário são criados e recriados pelos seus
integrantes”. Explicam ainda que “pelo menos, três importantes espaços/tempos do trabalho de
produzir a vida podem ser identificados como trabalho associado, entre eles identificam os
“espaços/tempos das culturas milenares das comunidades e povos tradicionais”, que resistem
“ao modo de produção capitalista, perduram em diversos espaços/tempos, como os povos da
floresta, comunidades indígenas, quilombolas, caiçaras, ribeirinhos e outros povos e
comunidades tradicionais milenares situadas na Ásia, África, nas Américas (México, Peru,
Bolívia, Equador, por exemplo)” (Tiriba; Fischer, 2013, p, 534). O trabalho nas comunidades
tradicionais, para essas autoras, são espaços/tempos “que vivem sob ameaça de mediações de
segunda ordem, (que) persistem no contexto da acumulação flexível, carregando elementos de
produção associada e autogestão” (idem, p. 537).
10

“processos de trabalho com tecnologias simples e formas particulares


de gestão dos recursos naturais (que) compõem o quadro singular das
relações de trabalho em sistemas tradicionais, como os encontrados
em sociedades indígenas, caboclas, em um campesinato antigo”, mas
também no denominado “campesinato polivalente”, ou seja,
“agricultores, agroextrativistas, seringueiros, pescadores, coletores e
caçadores, garimpeiros, castanheiros, quebradeiras de coco, entre
outras” (Castro, 2009, P. 38).

O trabalho nas comunidades tradicionais é aqui entendido como uma


particularidade do trabalho, neste caso como atividade que objetiva a
“reprodução da vida (e não a reprodução ampliada do capital)”, tal como Tiriba
(2009) define o trabalho associado. Ou seja, como trabalho útil, como dispêndio
de força de trabalho humano sob forma especificamente adequada a um fim.
É o trabalho tradicional atividade criadora de valores de uso, trabalho social, uma
atividade concreta e socialmente útil, uma a condição da existência do ser
humano amazônida, “eterna necessidade natural de mediação do metabolismo
entre homem e natureza e, portanto, da vida humana”, tal como Marx (2013, p.
120) define o trabalho, e base de uma pedagogia social, como define Pistrak
(2000).
O metabolismo entre ser humano e natureza nas comunidades tradicionais pode
ser entendido também como um trabalho cooperativo e solidário, já que se trata
também

“(...) de um conjunto de atividades econômicas e práticas sociais, nas


quais as pessoas se associam e cooperam reciprocamente.
Contrapondo-se à logica da competição própria das organizações
capitalistas, ao invés da apropriação privada, o objetivo é a
apropriação coletiva dos meios de produção e, por conseguinte, dos
frutos do trabalho” (Tiriba, 2009, p. 9).

O trabalho coletivo caracteriza, portanto, as atividades a partir das quais as


populações retiram da natureza a sua existência. Explicam Mourão, Vasconcelos
e Uchoa (2020, p. 438) que “esses camponeses vivem do trabalho coletivo e
desenvolvem suas atividades no seio familiar”.
Uma atividade coletiva na qual a divisão técnica do trabalho é determinada
coletivamente, não por determinação “da chefia”. Em pesquisa em uma
comunidade que realiza a agricultura familiar Mourão, Vasconcelos e Uchoa
(2020, p. 444) definem assim essa divisão:

Como são divididas as atividades de trabalho entre homens, mulheres,


jovens e crianças na comunidade? Diversas respostas foram obtidas,
dentre elas estão:
a) Os homens ficam com o trabalho mais pesado e as mulheres com
o trabalho mais leve;
b) Os homens fazem o trabalho de provedor e as mulheres cuidam
das casas, as crianças e os adolescentes ajudam nos afazeres; e
c) O trabalho é dividido coletivamente.”
11

O tempo do trabalho também tem suas peculiaridades, sendo determinado pelo


movimento da natureza, e os instrumentos de trabalhos, baseados nos recursos
naturais, são rundimentares, “herança dos povos tradicionais que ali estiveram
e que, por uma lógica da cultura dominante foram usurpados, tiveram seus
nomes esquecidos, mas são relembrados pelos costumes e saberes que
atravessaram gerações” (Mourão, Uchôa e Borges, 2020, p. 104):
Constitui-se como uma atividade não meramente econômica, mas também de
um movimento de cultura já que nas sociedades tradicionais o trabalho “reúne
nos elementos técnicos e de gestão o mágico, o ritual, o imaginário coletivo
recriado no mundo simbólico”. Os saberes e técnicas de trabalho se articulam
aos “saberes acumulados sobre o território e às diferentes formas pelas quais o
trabalho é realizado” (Castro, 2009, p. 35).
Também Tiriba (2009, p. 15) destaca que a cultura do trabalho

“diz respeito aos elementos materiais (instrumentos, métodos,


técnicas, etc.) e simbólicos (atitudes, ideias, crenças, hábitos,
representações, costumes, saberes) partilhados pelos grupos
humanos — considerados em suas especificidades de classe, gênero,
etnia, religiosidade e geração”.

Nessas sociedades tradicionais há uma “unicidade” entre as técnicas de


produção e o campo simbólico. Ou seja, entre trabalho e cultura. Pescadores se
apoiam nos saberes sobre o tempo, as marés, as fases da lua e a ação da chuva.
Integra-se tempo social e tempo individual, bem como vida econômica e social
do grupo.
Tais saberes tradicionais, portanto, são condição de realização do trabalho
tradicional na perspectiva anticapitalista, e a negação das experiências culturais,
sociais, econômicas e políticas desses trabalhadores, como sustenta Rodrigues
(2020), interessa ao sociometabolismo do capital. Este pesquisador, citando
Arroyo, afirma que:

A classe trabalhadora vem entendendo, então, que a negação dos


seus saberes, de suas práxis produtivas, pressupõe uma negação
enquanto classe, uma desmobilização política desenvolvida pelo
capital como impeditivo para a materialização de outra realidade
hegemônica, desta feita sob os interesses dos trabalhadores, voltada
para a socialização da riqueza, aí incluídos os conhecimentos
historicamente produzidos pelos homens. (Arroyo, apud Rodrigues,
2020, p. 167).

Também Tiriba (2009, p. 04) destaca que a sociabilidade do capital “tem


contribuído para a desarticulação e desapropriação dos saberes da experiência
e, por conseguinte, para a desqualificação do trabalhador”.
O reconhecimento dos saberes tradicionais, portanto, torna-se uma estratégia
política dos trabalhadores e o seu reconhecimento é necessário para o
fortalecimento dos modos de vida tradicionais.
Outra característica do trabalho tradicional é a centralidade dos territórios.
Nessas comunidades o território é categoria determinante pois é na complexa
ação humana sobre os territórios que se explica a diversidade de sociedades e
12

de processos de trabalho. E é por isso, também, que esses territórios precisam


ser defendidos e preservados vinculados às comunidades que ali constroem a
sua existência.
Destacamos aqui, assim, a importância e o caráter anticapitalista dos processos
de trabalho fundados na propriedade coletiva dos meios de produção, tais como
o trabalho tradicional que é realizado na Amazônia, integrador de técnica e
cultura, que tem nos saberes tradicionais, na ação cooperativa e nos territórios
dimensões centrais e decisivas para a sua realização e existência.

Os conflitos pela terra, pela água e pela vida, um capítulo à parte


Outra marca do trabalho na Amazônia são os conflitos em torno da terra. Na sua
área rural são regulares as diferentes situações de apropriação irregular de
terras (grilagem) e conflitos violentos em torno da propriedade fundiária, crimes
contra a natureza, ameaças à vida e relações de trabalho precárias, com
incidência persistente de casos de trabalho forçado, até mesmo de escravidão
moderna, trabalho infantil e outras formas degradantes de trabalho humano.
Dizíamos em outro momento que na forma de ocupação da terra na Amazônia
prevalece o latifúndio e o Estado mostra-se incapaz de efetivar políticas públicas
protetoras das relações de trabalho, garantidoras do acesso à terra e de fomento
da produção nas pequenas propriedades. Pior, mostra-se impotente e/ou
conivente com o braço armado do latifúndio (Araujo, 2010).
O relatório "Conflitos no Campo Brasil 2021" da Comissão Pastoral da Terra
(CPT), registra o alto número de conflitos agrários no Brasil (a maioria na
Amazônia), que resultaram na morte de 35 trabalhadores em 2021, mais que o
dobro do número registrado em 2020, que foi de 20 homicídios. Durante o
mesmo ano, a Comissão contabilizou 1.768 conflitos no campo, revelando que
o número de conflitos sob o governo Bolsonaro (5.725 em três anos) foi o mais
alto de toda a série histórica registrada pela CPT desde 1985. Em relação ao
trabalho escravo, mais de 60.000 pessoas já foram oficialmente encontradas em
situação de trabalho escravo desde 1995 no Brasil (CPT, 2022). A permanência
e regularidade desses conflitos revelam a ausência do Estado como garantidor
das condições dignas de sobrevivência humana.
A reincidência de trabalhadores à condição de trabalho escravo e o perfil desse
trabalhador revelam a face mais cruel da exploração da mão-de-obra rural na
Amazônia. Recuperamos aqui uma síntese dessa situação registrada em
pesquisa encomendada pela Delegacia Regional do Trabalho do Pará:

Considerando o indivíduo submetido a situação de trabalho escravo,


verificou-se em pesquisa recente coordenada pela Secretaria de
Justiça e Direitos Humanos do Pará (SEJU-DH, 2007) que 85%
daqueles trabalhadores eram analfabetos ou semi-analfabetos, a
grande maioria provêm de situações de vida de extrema pobreza,
parte deles não tem qualquer documentação civil como título de
eleitor, carteira de identidade ou certidão de nascimento; há ainda um
grupo que não tem sobrenome, registro oficial ou lembrança de onde
nasceram. Com este perfil, tais trabalhadores ficam à margem das
políticas oficiais de garantia de cidadania, não tendo sequer condição
legal para pleitear direitos ou terras (Araujo, 2007, p. 3).
13

Afirma-se assim, como traço do trabalho no campo amazônico o uso predatório


da força de trabalho, que não respeita direitos e que se sustenta na ausência do
Estado e na força do latifúndio, que se alimenta ou convive bem com as mazelas
do trabalho degradante.
Do ponto de vista do Estado, a sua ação, muitas das vezes, potencializa esses
conflitos. Algumas das estratégias voltadas para a Amazônia nas últimas
décadas buscaram promover a expansão do agronegócio e a instalação dos
enclaves econômicos, sob o discurso de integração do espaço amazônico ao
país e à economia mundial.
Por outro lado, os processos de organização dos trabalhadores se dão via
sindicatos e associações e cooperativas de pequenos produtores (Castro, 2009).
Nessas regiões, são as organizações dos trabalhadores rurais, os ambientalistas
e as populações tradicionais, como os povos indígenas e quilombolas, que são
os principais agentes de resistência a esse tipo de ocupação do campo brasileiro
e, também, as principais vítimas da violência.
É também a partir de algumas dessas organizações que surgem iniciativas de
educação do campo, especialmente as escolas de assentamento do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as Casas Familiares Rurais e as
Escolas Familiares Agrícolas, que são responsáveis pelas práticas mais exitosas
de experimentação do ensino integrado, tal como revelam algumas pesquisas
(Costa, 2012 e Santos, 2013). Foram estas organizações, principalmente, que
buscaram na formação em alternância a estratégia metodológica mais adequada
para a formação das populações rurais, especialmente dos trabalhadores rurais.
Na mesma direção diz Frigotto (2012) que no Brasil a proposta societária e
educacional mais orgânica e ampla é a do MST, que articula a organização
escolar com as lutas dos trabalhadores. Para esse autor, a pedagogia do MST é

uma pedagogia que não começa na escola, mas na


sociedade e volta para a sociedade, sendo a escola um
espaço fundamental na relação entre o saber produzido
nas diferentes práticas sociais e o conhecimento científico
(Frigotto, 2012, p. 15).

4. A Educação na Amazônia. Desconhecimento das culturas


tradicionais e perspectivas de integração de saberes
Na Amazônia a presença do Estado é pequena e recente e a oferta de serviços
educacionais é marcada pela precarização. O resultado disso se revela nos
indicadores educacionais, alguns citados anteriormente.
Defende-se aqui processos educativos articulados a um projeto de uma nova
sociedade, de uma sociedade dos trabalhadores, uma nova forma de produção
da vida para a qual a educação tenha como finalidade a formação de homens e
mulheres com condições de terem o controle sobre os processos de trabalho e
serem dirigentes da sociedade7.

7 Para a discussão de uma possível pedagogia social que tenha o trabalho tradicional como
principio educativo seria importante e necessária a retomada da discussão que vem sendo feita
no Brasil por pesquisadoras da área de trabalho e educação, com destaque para Lia Tiriba e
Maria Clara Bueno Fischer, que defendem uma pedagogia da produção associada, na
perspectiva de emancipação das classes trabalhadoras, tendo por horizonte a subversão do
14

Para que isso se realize nessa região é necessário “que se tente compreender
a diversidade de processos de trabalho, de modalidade de gestão e de relações
de dominação” (Castro, 2009, p. 48) que aqui se concretizam, sendo imperativo
que se efetivem processos formativos que reconheçam e valorizem os modos de
vida tradicionais.
Para o trabalho tradicional, em particular mas não apenas, a integração entre o
conhecimento científico e o conhecimento dos povos tradicionais dessas regiões
parece ser a estratégia principal para a construção de práticas educativas, tanto
escolares como não escolares, orientadas pelo projeto de formação integral dos
trabalhadores e capazes de promover seu desenvolvimento e articular o
crescimento socioeconômico com a preservação dos seus territórios, das suas
culturas tradicionais e dos conhecimentos historicamente construídos por esses
povos. Essa integração tem sido experimentada pelas organizações de
trabalhadores por meio de estratégias de formação por alternância, embora de
forma pontual.
As políticas educacionais e a formação dos trabalhadores, na perspectiva da
integração, representam uma possível alternativa aos povos dessa região, tanto
das áreas rurais como urbanas, que demandam a valorização do trabalho e o
fortalecimento de um projeto de nação democrática, soberana e multicultural.
A integração entre saberes científicos e saberes dos povos tradicionais dessas
regiões parece ser uma estratégia possível para a construção de práticas
educacionais, escolares ou não, capazes de promover uma formação ampla, o
desenvolvimento sustentável dessas regiões e de articular o crescimento
socioeconômico com a preservação das culturas tradicionais e dos saberes
historicamente construídos por esses povos.
A integração pode ser entendida como:

um projeto que traz um conteúdo político-pedagógico engajado,


comprometido com o desenvolvimento de ações formativas
integradoras (em oposição às práticas fragmentadoras do saber),
capazes de promover a autonomia e ampliar os horizontes (a
liberdade) dos sujeitos das práticas pedagógicas, professores e
alunos, principalmente. (Araujo e Frigotto, 2015, p. 63).

Trata-se, portanto, de um projeto de integração entre teoria e prática, entre


diferentes tipos de saberes, como os experienciais e os saberes disciplinares,
que reconhece a necessidade de superar a sua fragmentação.
Rodrigues (2020) recupera o conceito de integração como ação de
enfrentamento à dualidade educacional, como articulação entre teoria e prática,
entre o saber e o fazer, o agir e o pensar. Este autor entende a integração ainda

capitalismo, buscando contribuir para “a criação e recriação de uma cultura do trabalho de novo
tipo. Uma cultura do trabalho ‘que possa materializar um outro sentido para o próprio trabalho,
para economia e para as relações de convivência, não apenas no interior da unidade produtiva,
mas também na comunidade local e no território mais amplo das relações sociais” (TIRIBA, apud
Roik e Faria, 2018, p. 258).
15

como um princípio formativo que possibilita o fortalecimento da classe


trabalhadora.
Rodrigues afirma que:

“a formação dos trabalhadores, numa perspectiva de integração de


saberes, pressupõe que se parta da prática social experienciada-
vivida pelos sujeitos, de onde decorrem seus saberes sociais e
saberes do trabalho, os quais possibilitam a problematização da
realidade, de maneira a serem detectadas as questões que precisam
ser resolvidas no interior dessa prática social” (Rodrigues, 2020, p.
167).

Uma estratégia possível de realização dessa integração é a alternância, que tem


se colocado como referência metodológica na maioria das experiências
educacionais vinculadas aos movimentos sociais do campo, entre outras coisas,
por valorizar os saberes sociais tradicionais e por permitir essa integração de
saberes8.
A formação por alternância pode ser identificada a partir de seu princípio
fundamental de articulação entre estudo e trabalho ou como uma proposta de
formação que articula uma fase prática e uma fase teórica que se alternam,
denominada alternância.
Para Kuenzer e Lima (2013) a Pedagogia da Alternância é uma possibilidade
promissora de realização integração de saberes. Estes autores identificaram
esse potencial e identificaram grandes possibilidades de avanço das práticas de
integração por meio da Pedagogia da Alternância.
Guillaumin (2022) recupera o fato de que a formação por alternância tem na sua
origem uma perspectiva humanista (e democrática), constituindo-se como uma
pedagogia integrativa entre saberes tradicionais e saberes científicos, capaz de
desenvolver a autonomia dos jovens bem como o seu meio social e familiar. Mas
para que cumpra esse papel o diálogo, o reconhecimento, a escuta, a
enunciação e a difusão de saberes tradicionais são ações necessárias, capazes
de “valorizar os comuns”.
Diz a autora que ao dar um lugar reconhecido a esses conhecimentos
tradicionais, a formação por meio da alternância reassume a sua feição
democrática, interessada não em promover o conformismo, mas a autonomia
dos sujeitos. Para a autora a Alternância traz consigo uma proposta de
compartilhamento do poder e se apresenta como pedagogia da cooperação, do

8 Em outra oportunidade (Araujo e Silva, 2023) destacamos que a formação por alternância,
apesar de ser apontada como estratégia de formação de trabalhadores, não é pauta significativa
de estudos da área de trabalho e educação, no Brasil, ficando restrita à área de educação do
campo. Nesse mesmo artigo sustentamos que a alternância é um conceito em disputa no Brasil,
a partir do ponto de vista da sua compreensão. Ora sendo entendida enquanto estratégia
pedagógica de emancipação dos trabalhadores, ora como estratégia de subordinação dos
trabalhadores aos interesses do capital. Nele recuperamos Ribeiro (2008, p. 137) para afirmar a
Pedagogia da Alternância como “prenhe de possibilidades emancipatórias, ainda que dentro dos
limites estruturais em que se efetua no modo capitalista de produção, em seu atual padrão de
acumulação flexível”.
16

diálogo e da negociação. A partir do que entende que um movimento que busca


a rearticulação entre teoria e prática e entre diferentes saberes tem na palavra
integração uma possibilidade para novas práticas formativas capazes de
materializar uma “alternância integrativa” (Guillaumin, 2023). Para tanto,
torna-se necessário o reconhecimento dos diferentes saberes, tradicionais,
científicos, tecnológicos) e das formas de conectá-los e de integrá-los.
Para que possa vir a cumprir essa função integradora e democrática, na
perspectiva da emancipação humana, é necessário também que a formação por
alternância esteja assentada na perspectiva ontológica do trabalho, como
atividade teórico-prática, e que a articulação de saberes seja pensada como
prática educativa que tome o trabalho útil como princípio pedagógico, tal como
realizam algumas comunidades tradicionais.
Também para a preservação ambiental essa integração parece interessante.
Durante a COP 21, realizada em Paris, alguns pesquisadores defenderam, para
o reconhecimento dos direitos e territórios indígenas, a integração dos
conhecimentos tradicionais e científicos. Para Foyer e Kervan (apud Guillaumin,
2023, p. 13) a integração entre os conhecimentos tradicionais aos
conhecimentos científicos pode ajudar na implementação novas formas de co-
gestão do meio ambiente.
Um projeto de formação para o trabalho tradicional, mas não apenas, não pode,
portanto, prescindir do reconhecimento dos diferentes saberes sobre as
diferentes formas de realização do trabalho e da busca por sua articulação-
integração, do desenvolvimento social e da valorização dos territórios dessas
comunidades, o que inclui a sua preservação, podendo fazê-lo por meio da
alternância.

1. PARA CONCLUIR: Desafios para a pesquisa sobre trabalho e educação


na Amazônia
Ao encerrar esta abordagem panorâmica sobre o trabalho e alguns desafios para
o trabalho e a educação na Amazônia, que colocou de forma ampla um conjunto
de apontamentos e questões que caracterizam essa região brasileira, vários
desafios podem ser apontados.
Em outra oportunidade (Araujo, 2010) pudemos expressar que um novo modelo
de desenvolvimento da Amazônia, qualitativamente diferente, é necessário e
requer, entre outras coisas que o bem estar do trabalhador – particularmente os
trabalhadores rurais e os pequenos proprietários, os indígenas, ribeirinhos e as
populações tradicionais – deva ser colocado como principal referência para os
projetos de desenvolvimento regional. A valorização dos seus modos de viver e
de produzir, tomado como expressão de uma tradição fundada em saberes
ancestrais, pode ser também, como diz Tiriba (2009) em relação ao trabalho
associado, o gérmen de uma nova ordem porque é baseado na cooperação e
não na competição interindividual. Citando Marx esta autora afirma que a
produção associada, apesar de limitada, “pode representar a célula deste novo
modo de produção” (Tiriba, 2009, p. 12).

Esse novo modelo de desenvolvimento requer, ainda, uma reforma agrária que
garanta a distribuição de terras, a assistência e o fomento à produção, bem como
uma articulação entre valorização do cidadão amazônida, o desenvolvimento
17

econômico, a promoção do conhecimento científico, a garantia da


sustentabilidade ambiental e a valorização das riquezas regionais.

A produção do conhecimento sobre a realidade amazônida, considerando as


suas várias dimensões, revela-se estratégica e um ponto frágil da nossa região
haja vista que a valorização da biodiversidade desafia o avanço tecnológico
quando se intensificam as buscas por recursos minerais, madeira, pescado,
sementes, frutas e plantas medicinais, sendo estes recursos, na maioria das
vezes, explorados em detrimento dos territórios, dos saberes e dos modos de
vida tradicionais. Fossem nossos ecossistemas, nossas culturas e nossos
modos de vida mais bem conhecidos, mais assistidos científica e
tecnologicamente e valorizados, nosso desenvolvimento poderia ser mais
sustentável e com maior potencial para a gerar mais qualidade de vida para os
que aqui habitam e produzem. O foco em suas particularidades e nas
experiências, entretanto, não pode significar a negação do direito aos saberes
universais, dos conhecimentos de base cientifica, necessários não apenas para
a compreensão dos fenômenos exteriores, mas também para dar sentido aos
saberes locais e tornar possível o seu desenvolvimento.

Projetos de desenvolvimento nessa perspectiva não podem resultar de um


planejamento feito de fora para dentro, como tem prevalecido historicamente,
mas, necessariamente, deve partir e envolver os homens e mulheres
amazônidas e ser orientados em função de seu bem estar.

Para fechar o texto, que trata do homem e da mulher amazônida, trazemos um


esperançoso trecho de poema do amazonense Thiago de Melo (Melo, 2023),
defensor da Amazônia e dos direitos humanos, que em seu “Os Estatutos do
Homem”, artigo XIII, decreta:

Fica decretado que o dinheiro


não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Em memória da colega Selma Baçal de Oliveira, pesquisadora da Universidade


Federal do Amazonas, falecida em 26 de agosto de 2023, a quem caberia dividir
comigo esta apresentação.
18

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