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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA

JORDANA KOCHANOWSKI DE MÉO


JULIA REBELO OLIVEIRA BOCHIO
JULIANA TURKO PEREIRA DOS SANTOS

FUNDAÇÕES EM USINAS EÓLICAS OFFSHORE


ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ESTACA ÚNICA CRAVADA E UM BLOCO
COM QUATRO ESTACAS EM QUESTÃO DE CAPACIDADE DE CARGA E
DEFORMAÇÕES

CURITIBA
2022
JORDANA KOCHANOWSKI DE MÉO
JULIA REBELO OLIVEIRA BOCHIO
JULIANA TURKO PEREIRA DOS SANTOS

FUNDAÇÕES EM USINAS EÓLICAS OFFSHORE


ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ESTACA ÚNICA CRAVADA E UM BLOCO
COM QUATRO ESTACAS EM QUESTÃO DE CAPACIDADE DE CARGA E
DEFORMAÇÕES

Monografia apresentada como requisito parcial


à obtenção do grau de Bacharel em Engenharia
Civil do Centro Universitário Curitiba.

Orientador: Caterina Maria Pabst Veronese

CURITIBA
2022
JORDANA KOCHANOWSKI DE MÉO
JULIA REBELO OLIVEIRA BOCHIO
JULIANA TURKO PEREIRA DOS SANTOS

FUNDAÇÕES EM USINAS EÓLICAS OFFSHORE


ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ESTACA ÚNICA CRAVADA E UM BLOCO
COM QUATRO ESTACAS EM QUESTÃO DE CAPACIDADE DE CARGA E
DEFORMAÇÕES

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em


Engenharia civil do Centro Universitário Curitiba, pela Banca examinadora formada
pelos professores:

Orientador: Caterina Maria Pabst Veronese

_____________________________
Prof.º Membro da Banca

Curitiba, ___ de junho de 2022


RESUMO

As usinas eólicas offshore podem ser definidas como aerogeradores instalados


no mar que geram energia elétrica através da transformação da energia cinética de
translação, contida nas massas de ar em movimento, em energia cinética de rotação.
O estudo de fundações para este tipo de usina eólica é de extrema importância pois
a fundação é um dos elementos principais da estrutura. O objetivo central do trabalho
é analisar e comparar a capacidade de carga e deformações de dois tipos de
fundações para uma turbina eólica offshore, sendo uma estaca única cravada e outra
composta por um bloco com quatro estacas. Propõe-se, assim, apresentar qual é a
melhor solução sob os pontos de vista técnico e econômico para o estudo de caso
previsto. Analisando os resultados, pode-se notar que a estaca única cravada é a
opção mais favorável em questões de capacidade de carga e deformações.
Palavras-chave: usinas eólicas offshore; fundações; capacidade de carga.
ABSTRACT

Offshore wind farms can be defined as wind turbines installed at sea that
generate electrical energy through the transformation of translational kinetic energy,
contained in moving air masses, into rotational kinetic energy. The study of foundations
for this type of wind farm is extremely important because the foundation is one of the
main elements of the structure. The main objective of the work is to analyze and
compare the load capacity and deformations of two types of foundations for an offshore
wind turbine, being a single pile driven and the other composed of a block with four
piles. Thus, it is proposed to present the best solution from the technical and economic
points of view for the foreseen case study. Analyzing the results, it can be noted that
the single driven pile is the most favorable option in terms of load capacity and
deformations.
Keywords: offshore wind farms; foundations; load capacity.
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores mínimos do fator estatístico.......................................................... 37


Tabela 2 – Parâmetros Meteorológicos ..................................................................... 37
Tabela 3 – Características da turbina da NREL ........................................................ 38
Tabela 4 – Fatores de correção F1 e F2 ................................................................... 41
Tabela 5 - Coeficiente K e razão de atrito α .............................................................. 42
Tabela 6 – Características da turbina da NREL ........................................................ 48
Tabela 7: Comparativo geral entre a estaca única e o bloco com quatro estacas .... 52
Tabela 8: Comparativo geral quanto os requisitos básicos de instalação ................. 53
Tabela 9 – Propriedades dos Componentes da Turbina Eólica ................................ 54
Tabela 10 – Esforços atuantes no topo da fundação ................................................ 59
Tabela 11 – Molas elásticas para reação do solo da estaca única ........................... 60
Tabela 12 – Molas elásticas para reação do solo do bloco com 4 estacas ............... 60
Tabela 13 – Propriedade da estaca metálica para fundação .................................... 61
Tabela 14 – Propriedades do bloco com 4 estacas para fundação ........................... 71
Tabela 15 – Características do solo .......................................................................... 77
Tabela 16 – Estimativa da capacidade de carga da fundação por estaca única
cravada ..................................................................................................................... 79
Tabela 17 – Estimativa da capacidade de carga da fundação de bloco com 4 estacas
.................................................................................................................................. 80
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema de aproveitamento dos ventos pelos diferentes tipos de turbinas


eólicas ....................................................................................................................... 15
Figura 2 – Componentes de uma turbina eólica ........................................................ 16
Figura 3 – Tipificação de fundações de turbinas eólicas offshore ............................. 17
Figura 4 – Projetos de complexos eólicos offshore brasileiros .................................. 26
Figura 5 – Potencial eólico offshore brasileiro ........................................................... 27
Figura 6 – Atlas do potencial eólico do estado do Paraná ........................................ 27
Figura 7 - Carregamentos atuantes em torres eólicas offshore................................. 29
Figura 8 – Velocidade relativa entre vento e estrutura .............................................. 33
Figura 9 – Velocidade básica do vento nas diferentes regiões do Brasil .................. 35
Figura 10 – Estaca submetida a uma forca transversal: Reação do solo (a) real e (b)
modelada pela Hipótese de Winkler .......................................................................... 39
Figura 11 – Esforços atuantes em uma estrutura de fundação ................................. 54
Figura 12 – Coeficientes aerodinâmicos para dois aerofólios diferentes .................. 57
Figura 13 – Esforços atuantes em uma turbina eólica de 3,5 MW ............................ 58
Figura 14 - Modelagem no Ftool – Estaca única cravada ......................................... 62
Figura 15 – Reações de apoio – Estaca única cravada ............................................ 63
Figura 16 – Resultados do momento fletor – Estaca única cravada ......................... 64
Figura 17 – Resultados do esforço cortante – Estaca única cravada........................ 65
Figura 18 – Resultados da força normal – Estaca única cravada ............................. 66
Figura 19 – Configuração da deformação – Estaca única cravada ........................... 67
Figura 20 – Valores da deformação horizontal – Estaca única cravada .................... 68
Figura 21 – Valores da deformação vertical – Estaca única cravada ........................ 69
Figura 22 – Valores da deformação rotacional – Estaca única cravada .................... 70
Figura 23 – Modelagem no Ftool – Bloco com 4 estacas .......................................... 72
Figura 24 – Reações de apoio – Bloco com 4 estacas ............................................. 73
Figura 25 – Resultados do momento fletor – Bloco com 4 estacas........................... 73
Figura 26 – Resultados do esforço cortante – Bloco com 4 estacas ......................... 74
Figura 27 – Resultados da força normal – Bloco com 4 estacas............................... 74
Figura 28 – Configuração da deformação – Bloco com 4 estacas ............................ 75
Figura 29 – Valores da deformação horizontal – Bloco com 4 estacas ..................... 75
Figura 30 – Valores da deformação vertical – Bloco com 4 estacas ......................... 76
Figura 31 – Valores da deformação rotacional – Bloco com 4 estacas ..................... 76
LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
COPEL – Companhia Paranaense de Energia
CPT – Cone Penetration Test
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
NBR – Norma Brasileira
NREL - National Renewable Energy Laboratory
SPT – Standard Penetration Test
TLP – Tension Leg Plataform
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 10
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 10
1.3 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ........................................................................ 11
1.4 HIPÓTESE .......................................................................................................... 12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 13
2.1 USINAS EÓLICAS OFFSHORE .......................................................................... 13
2.2 PROCESSO CONSTRUTIVO ............................................................................. 14
2.3 TURBINAS EÓLICAS OFFSHORE ..................................................................... 14
2.4 TIPOS DE FUNDAÇÕES DE TURBINAS EÓLICAS OFFSHORE ...................... 16
2.4.1 Fundação por gravidade ................................................................................... 18
2.4.2 Fundação por estaca única .............................................................................. 19
2.4.3 Fundação por tripé............................................................................................ 19
2.4.4 Fundação por treliça ......................................................................................... 20
2.4.5 Fundação por sucção ....................................................................................... 21
2.4.6 Fundação flutuante ........................................................................................... 21
2.5 ESTUDO DE SONDAGEM EM USINAS EÓLICAS ............................................. 22
2.5.1 Sondagens no ambiente terrestre .................................................................... 23
2.5.2 Sondagens no ambiente marinho ..................................................................... 24
2.5.3 Métodos, técnicas e equipamentos .................................................................. 25
2.6 POTENCIAL EÓLICO DO BRASIL ...................................................................... 26
2.7 carregamentos nas estruturas de fundação ........................................................ 28
2.7.1 Transmissão de cargas .................................................................................... 30
2.7.2 Forças hidrodinâmicas...................................................................................... 31
2.7.3 Força dos ventos .............................................................................................. 32
2.7.4 Carregamentos permanentes ........................................................................... 38
2.7.5 Reação do solo ................................................................................................. 38
2.8 MÉTODO AOKI-VELLOSO (1975) ...................................................................... 40
2.9 FTOOL (Two-dimensional Frame Analysis Tool) ................................................. 42
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 44
3.1 COMPARATIVO geral ENTRE ESTACA ÚNICA CRAVADA E BLOCO COM
QUATRO ESTACAS DO TIPO TRELIÇA.................................................................. 45
3.1.1 Premissas adotadas para o estudo de caso ..................................................... 47
3.2 COMPARATIVO QUANTO AOS REQUISITOS BÁSICOS DE INSTALAÇÃO .... 50
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 54
4.1 ESFORÇOS ATUANTES NAS FUNDAÇÕES EÓLICAS OFFSHORE ............... 54
4.1.1 Peso da Turbina Eólica..................................................................................... 54
4.1.2 Carga do Vento ................................................................................................ 55
4.1.3 Exemplificação dos esforços atuantes em uma turbina eólica ......................... 58
4.1.4 Reações do solo nas fundações ....................................................................... 59
4.2 MODELAÇÃO DAS FUNDAÇÕES NO FTOOL ................................................... 61
4.2.1 Estudo de caso 1 – Modelação da estaca única cravada ................................. 61
4.2.2 Estudo de caso 2 – Modelação do bloco com 4 estacas .................................. 71
4.3 ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA ..................................................... 77
4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 81
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 83
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 85
ANEXOS ................................................................................................................... 89
ANEXO A – SONDAGEM UTILIZADA COMO REFERÊNCIA PARA O SOLO DO
LITORAL DE GUARATUBA ..................................................................................... 90
10

1 INTRODUÇÃO

Na última década houve um crescimento considerável na capacidade de energia


eólica offshore instalada, principalmente na Europa e na Ásia, e, com isso, a busca
constante por fontes de energia limpa e redução da utilização de combustíveis fósseis
impulsionam cada vez mais esse mercado (Global Wind Report – GWEC 2021).
O processo de construção de parques é dividido em várias etapas, dentre elas a
instalação das turbinas eólicas, subestações, cabeamentos e instalação das
fundações, está última é uma das etapas mais importantes e complexas
(NASCIMENTO, W S., 2018).
O estudo da tipificação das fundações para parques eólicos offshore, o
mecanismo de transferência de carga ao solo, análise dos recalques admissíveis e a
determinação dos tipos mais adequados para serem utilizadas no ambiente offshore
são um grande desafio, porém, esse estudo pode trazer aprimoramentos na área e
com isso diminuir custos e tempo em projetos de parques eólicos offshore.
Diante disto, como citado por Sales (2018, p.17): “Se faz necessário a execução
de pesquisas na área para que este potencial não seja perdido e se otimizem os
projetos de fundações de aerogeradores offshore”.

1.1 OBJETIVO GERAL


Analisar e comparar, por meio de premissas básicas, a capacidade de carga e
deformações de dois tipos de fundações para uma turbina eólica offshore, sendo uma
estaca única cravada e outra composta por quatro blocos de estacas, a serem
instaladas na região de Guaratuba, no Paraná, definindo assim a melhor opção a ser
utilizada na instalação de um parque eólico offshore.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Realizar um levantamento teórico referente a usinas eólicas offshore e as
estruturas de fundações utilizadas;
 Determinar as cargas atuantes na fundação de uma turbina eólica
offshore;
 Comparar a distribuição de esforços atuantes e deformações em uma
fundação por estaca única cravada e uma fundação de bloco com quatro
11

estacas;
 Comparar a capacidade de carga de uma fundação por estaca única
cravada e uma fundação de bloco com quatro estacas.

1.3 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO


É possível definir qual é a melhor solução sob os pontos de vista técnico e
econômico para o estudo de caso previsto.
A fundação por estaca cravada pode vir a ter um melhor desenvolvimento para
distâncias até 40 metros de profundidade, obtendo sucesso na estabilidade do
aerogerador eólico, assim como uma boa trabalhabilidade com a flexão no combate
de esforços horizontais e momentos fletores. Além disso, a fundação por estaca
cravada possui uma melhor distribuição de cargas e menores deformações em contato
com o solo de Guaratuba/PR, o qual possui característica de areia siltosa, visto que
essa fundação é indicada para solos arenosos. As fundações de bloco com quatro
estacas não são funcionais para este solo, pois possuem melhores aplicações em
argilas duras e devido à sua tração ele necessita de um atrito lateral mais elevado, já
a estaca cravada não possui tração.
A fundação por estaca única tende a atingir maiores capacidades de carga do
solo, garantindo uma boa transmissão de tensões e evitando que sejam causadas
rupturas do solo e deformações excessivas.
Um comparativo geral mostra como o processo construtivo da estaca única
cravada é mais simplificado do que os blocos com quatro estacas, prevalecendo o uso
desse sistema. Com o estudo da composição de parques eólicos offshore do mundo
e os tipos de fundações existentes, será definido como existe uma grande
predominância de estacas únicas cravadas em aerogeradores das usinas eólicas e
como possuem mais estudos publicados e maior experiência para esse tipo de
fundação.
Em suma, a intenção da pesquisa é provar por meio da metodologia de cálculo
e da modelação no software como a fundação por estaca única cravada é a melhor
opção para construção de um parque eólico offshore no local do estudo de caso, onde
a própria revisão bibliográfica demonstra a prevalência desse sistema.
12

1.4 HIPÓTESE

Parte-se da hipótese de que o melhor tipo de fundação para sustentar um


aerogerador eólico são as fundações construídas em estacas únicas cravadas, pois
estas possuem inúmeras vantagens para sua utilização em comparação ao bloco com
quatro estacas. Será embasado um comparativo com base em pesquisas
bibliográficas e também por meio de cálculos e modelação em software, neste caso o
Ftool (Two-dimensional Frame Analysis Tool), identificando que a distribuição de
cargas ocorre de melhor forma na estaca cravada, que esta atinge maiores
capacidades de carga do solo e que as deformações são menores se comparadas às
fundações de bloco com quatro estacas.
13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 USINAS EÓLICAS OFFSHORE
Uma usina eólica offshore consiste na instalação de aerogeradores no mar para
gerar energia elétrica, energia essa que se origina por meio da transformação da
energia cinética de translação, contidas nas massas de ar em movimento, em energia
cinética de rotação. É considerada uma das fontes de energia mais limpas, com baixo
impacto ambiental e recursos inesgotáveis (EPE, 2017).
Os parques eólicos offshore têm um grande potencial energético para “competir”
com outras fontes de energia utilizadas no Brasil, como as usinas hidrelétricas, mesmo
que para isso seja necessário percorrer um longo caminho ainda.
O estudo da fundação de usinas eólicas offshore é extremamente importante
pois é a partir da fundação que os aerogeradores se estabilizam no oceano e então a
energia pode ser gerada.
De acordo com Bauer, et. al. (2015, p.24):
As primeiras fazendas eólicas offshore foram instaladas próximas da costa e com
pouca profundidade de água, com o intuito de servir como prova de conceito, e, desta
forma, foi necessário avaliar os riscos e obter experiências para desenvolver projetos
que fossem além da área costeira. Hoje é possível construir parques eólicos com
distâncias maiores de 100 km da costa, e quanto mais longe maior é a geração de
energia elétrica.
Rodrigues (2015, p. 24), cita que “o primeiro parque eólico offshore foi instalado
na Dinamarca em 1991, recebendo o nome de Vindeby. Ele foi construído com 11
turbinas eólicas, com capacidade total instalada de 4,95 MW, localizado a 2 km da
costa e à 4 m de profundidade da água, sendo o primeiro projeto a levar energia
elétrica para a costa usando múltiplas turbinas”.
De acordo com (IRENA, 2018, p.17) a grande concentração de parques eólicos
offshore instalados se encontram na Europa. O país com maior capacidade de energia
eólica offshore é o Reino Unido com cerca de 9.945 MW (45% de instalações da
Europa), seguido pela Alemanha (34%), Dinamarca (8%), Bélgica (7%) e Holanda
(5%). Esses países representam 99% da capacidade instalada na Europa. Outros
países como França, Espanha, Finlândia, Suécia, Noruega, Irlanda e Portugal
também possuem esse tipo de energia. Fora da Europa, a China alcança uma alta
colocação no ranking.
14

2.2 PROCESSO CONSTRUTIVO

A construção de um parque eólico offshore é complexa e depende de muitos


fatores logísticos para obter sucesso. As condições climáticas podem gerar atrasos
em cronogramas, as grandes dimensões dos componentes do parque podem ser um
desafio e as operações de montagem e transporte também podem influenciar no
processo construtivo, portanto, devido a esses e outros fatores a construção de
parques eólicos offshore devem ser feitas com o maior planejamento possível.
(ASGARPOUR, 2016)
Segundo Asgarpour, o processo de construção de um parque eólico offshore
pode ser dividido em algumas etapas, são elas:

1. Projeto e fabricação dos elementos;


2. Montagem dos componentes;
3. Transporte dos componentes;
4. Construção das fundações de turbinas eólicas e subestações;
5. Instalação dos aero geradores;
6. Construção das subestações;
7. Instalação dos cabos de matriz e de exportação;
8. Testes e comissionamento.

2.3 TURBINAS EÓLICAS OFFSHORE

As turbinas eólicas offshore são responsáveis por captar os ventos e transformar


a energia cinética de translação, contida nas massas de ar, em energia cinética de
rotação, posteriormente gerando energia. (ESFERA ENERGIA, 2021)
Segundo (MAIOLINO, 2014, p. 35)
As turbinas eólicas podem ser classificadas em Turbinas Eólicas de Eixo
Vertical (TEEV) e Turbinas Eólicas de Eixo Horizontal (TEEH), dependendo
da direção do eixo de rotação das pás. As de eixo vertical ficam
constantemente alinhadas com o vento e não necessitam de mecanismos de
ajustes do eixo, porém captam menores velocidades de vento devido à sua
baixa altura. As de Eixo horizontal são mais usadas e mais eficientes, porém
precisam de um sistema de ajuste do rotor. A Figura 1 mostra os tipos de
turbinas eólicas.
15

Figura 1 – Esquema de aproveitamento dos ventos pelos diferentes tipos de turbinas eólicas

Fonte: OAK Energia (2022)

O sistema de ajuste, responsável por mover o rotor para captar o vento,


compreende os motores elétricos e as caixas de engrenagens. Os aerogeradores de
eixo horizontal do tipo hélice com 3 pás geralmente são usados para a geração de
energia elétrica.
De acordo com (MAIOLINO, 2014, p. 36) os principais componentes das turbinas
eólicas são:

 Pás: Elementos responsáveis por captar o vento, transformando a energia


cinética em energia mecânica, elas são fixadas no cubo através de
flanges, o qual além de suportar as pás também comporta os mecanismos
e motores responsáveis pelo ajuste do ângulo das lâminas. O cubo é
fixado na turbina com auxílio do eixo;
 Rotor: O rotor é composto pelas pás, cubo e eixo;
 Torre: A torre é o elemento responsável por sustentar a turbina eólica em
uma altura adequada para captar velocidades altas e constantes de vento;
 Nacele: Se localiza em cima da torre e comporta o gerador, motores de
posicionamento, sistema hidráulico, sistema de trava do motor, sistemas
de freio, sensores de direção e velocidade do vento, transformador,
aquecedor de óleo, entre outros elementos necessários para manter o
funcionamento da turbina;
 Caixa de transmissão: Componente que transmite a energia do eixo do
rotor para o gerador. Com o sistema de multiplicação aumenta a
16

velocidade do eixo até a velocidade necessária para que o gerador


consiga produzir eletricidade;
 Gerador: Elemento responsável pela produção de energia elétrica.

Figura 2 – Componentes de uma turbina eólica

Fonte: Windbox (2020)

2.4 TIPOS DE FUNDAÇÕES DE TURBINAS EÓLICAS OFFSHORE

A fundação de uma turbina eólica offshore é um dos elementos mais


importantes do sistema, sendo responsável por transmitir os esforços da estrutura
para o leito marinho. (ASGARPOUR, 2016)
De acordo com (RIBEIRO, 2015, p.24) algumas considerações para a escolha
do tipo de fundação são as condições geotécnicas do local, as forças de interação
entre a turbina e o vento, profundidades, ondulação e corrente oceânicas.
Segundo (NASCIMENTO, 2018, p.30) existem três tipos de sistemas aplicados
para estabilizar a turbina eólica no leito marinho, sendo eles: aproveitamento da
gravidade, alocação de estacas no solo marinho e sistemas de ancoragem. O
aproveitamento por gravidade engloba as fundações que permanecem fixadas na
superfície marinha com o uso do seu próprio peso para se estabilizar. As estacas são
17

colocadas por meio da cravação do solo e o último método é feito com ancoras
cravadas no solo.
A determinação do tipo de fundação que será usada vai depender das condições
do local de instalação, do tipo e dimensão dos aerogeradores, da viabilidade, da
distância da costa até o parque e da profundidade da água. A complexidade da
fundação cresce com o aumento da distância da costa e da profundidade da água. A
Figura 3 demonstra os tipos de fundações utilizadas em turbinas eólicas offshore.
Seguindo esse contexto, os principais tipos de fundação são:
 Gravidade;
 Estaca Única;
 Tripé;
 Treliça;
 Sucção;
 Flutuantes.
Figura 3 – Tipificação de fundações de turbinas eólicas offshore

Fonte: Poli UFRJ (2017)


18

2.4.1 Fundação por gravidade

Esse tipo de fundação aproveita a gravidade para se manter fixada no fundo do


mar, ou seja, seu próprio peso permite que ela fique estável na posição desejada. Tal
fundação consiste em um caixão de concreto, feito de concreto armado ou de aço.
O processo de construção se inicia no ambiente terrestre, onde é feito o caixão
de concreto. Feito isso, é iniciado o processo de concretagem da laje de soleira,
contendo as armaduras e as bainhas. Em seguida, são montadas as formas laterais
e concretadas as paredes e os topos. (NASCIMENTO, 2018, p.30)
É necessário realizar a preparação e limpeza do local de instalação através de
drenagens e colocação e nivelamento de camadas de materiais inertes, sendo
importante para o assentamento da fundação, mantendo-a estável e nivelada. O
assento para a fundação deve ser constituído de duas camadas diferentes de
agregado (RIBEIRO, 2015, p.26).
Para a instalação da estrutura no solo marinho, a mesma pode ser flutuada até
o local com a ajuda de embarcações de reboque ou podem ser transportadas por
embarcações especializadas na colocação de grandes estruturas. Ao chegar ao local,
a estrutura é submersa e o caixão de concreto pode ser preenchido com material de
lastro (RIBEIRO, 2015, p.28).
Após a instalação é necessário fechar o foço aberto pela drenagem e aplicar
uma proteção contra erosão.
As vantagens do uso desse tipo de fundação são:
 Remoção mais simples, após o descomissionamento;
 Possui boa resistência à corrosão;
 Construção econômica.

Possui também algumas desvantagens, como:


 Não atingem grandes profundidades;
 Necessita de preparação prévia do solo;
 Impacto no fundo marinho.
19

2.4.2 Fundação por estaca única

Esse tipo de fundação é construído com painéis de aço soldados e consiste em


um tubo com grandes dimensões cravado no solo. “Dependendo do tipo de solo, um
tubo de aço é cravado no leito marinho até uma profundidade de 10 a 20 m com o
auxílio de um macaco hidráulico numa plataforma flutuante” (MAIOLINO, 2014, p. 34).
A fundação também pode ser cravada à percussão ou vibração, visto que a cravação
com macacos exige um peso grande para servir de reação.
Com relação ao modelo de estaca única cravada, se destacam alguns tipos
principais:
 Estaca Franki – in loco, com base alargada;
 Estaca pré-moldada de concreto cravada – podendo ser maciça ou
cravada;
 Estaca metálica cravada;
 Estaca de madeira;
 Estaca prancha – usada principalmente para contenções.

Segundo (RIBEIRO, 2015, p.32) as vantagens do uso deste tipo de fundação


são:

 Custo inferior às alternativas;


 Facilidade de fabricação e transporte;
 Não é necessário fazer a preparação prévia do solo.
 As desvantagens são:

 Necessidade de proteção contra erosão;


 Impacto na fauna, devido à ruídos em torno de 160 dB;
 A instalação não é indicada para profundidades grandes de água, porém,
a estaca pode ser emendada e com isso a profundidade não é exatamente
limitação, mas um dificultador.

2.4.3 Fundação por tripé

Segundo Ribeiro (2015), a fundação por tripé consiste em um cilindro central que
faz ligação com a torre da turbina e uma base tripé instalada em cima de três estacas
20

cravadas no solo, onde o cravamento é feito da mesma maneira da fundação de


estaca única. Após a instalação, é realizada a junção das estacas com a estrutura por
meio de blocos de coroamento.
Segundo (RIBEIRO, 2015, p. 36) as vantagens do uso desse tipo de fundação
são:
 Grande rigidez e estabilidade;
 Capacidade de suportar grandes dimensões;
 Pode ser instalada a maiores profundidades;
 Baixos problemas com erosão.

Algumas desvantagens são:

 Custo grande de fabricação;


 Grande complexidade no transporte;
 Necessidade de usar o rejuntamento especial para ligar a fundação.

2.4.4 Fundação por treliça

A fundação por treliça consiste em vários tubos de aço em forma de treliça, fixada
no fundo do mar por meio da cravação de três ou quatro estacas; a união entre as
estacas e a treliça também é feita por meio de rejuntamento, ou seja, a solda entre os
tubos da treliça e as estacas com a estrutura acima. A treliça é muito usada em
subestações offshore, pois suporta grandes dimensões (NASCIMENTO 2018, p. 37).
Segundo (NASCIMENTO, 2018, p.37) as vantagens do uso desse tipo de
fundação são:
 Aplicável a grandes distâncias e profundidades;
 Boa resistência a deterioração;
 Capacidade de suportar grandes cargas;
 Grande rigidez e estabilidade.
 E as desvantagens são:
 Impacto causado à fauna e a flora, até quatro vezes mais intenso que a
estaca única;
 Complexidade na fabricação e instalação.
21

No caso de uma fundação por treliça sobre blocos, eles devem ser
executados conforme o projeto de fundação para cada um, seguindo as dimensões e
especificações determinadas conforme normas regulamentadoras. Já para o
dimensionamento de um bloco é necessário conhecer o comportamento estrutural e
verificar qual tipo de bloco será aplicado. O bloco de coroamento é classificado em
bloco rígido que não sofre deformação durante a sua aplicação e bloco flexível, que
se deforma conforme a estrutura recebe outros carregamentos. Dessa forma as
cargas não ocorrem de maneira uniforme entre as estacas.
A fundação por treliça é feita de blocos rígidos, que possuem resistência na
base e transmitem as cargas da estrutura de maneira uniforme para cada estaca. Para
o dimensionamento dos blocos de fundações a NBR 6118 (ABNT, 2014) especifica o
método de bielas e tirantes, com base em estudos realizados por Blévot e Fremy em
1967, analisando o elemento estrutural através de treliças internas imaginárias
compostas por bielas, tirantes e nós submetidas por ações de compressão e tração.

2.4.5 Fundação por sucção

Consiste em uma estrutura cilíndrica de aço, fechada na parte superior e aberta


na parte inferior. Durante instalação a estrutura é solta no mar e quando atinge o solo,
a água em seu interior é sugada com o uso de bombas até que a penetração no solo
esteja completa. Neste caso o que suporta a carga é o atrito da estaca com o solo,
fornecendo estabilidade.
A vantagem de seu uso é a rápida instalação e a desvantagem é ela ser aplicável
em apenas alguns tipos de solos (RIBEIRO, 2015, p. 39).

2.4.6 Fundação flutuante

A fundação flutuante não tem contato direto com o solo marinho e é fixada no
local por meio de um sistema de ancoragem. Durante a fixação as âncoras são
arrastadas no solo marinho para a penetração.
Segundo (Barcellos 2018, p. 12) existem três principais tipos de concepções
flutuantes: Spar Buoy, Tensioned-leg Platforms (TLP) e Semi-submersible Platforms
(SSP).
22

As spar buoy são estruturas cilíndricas que possuem elevado peso próprio, com
grande diâmetro e extensão vertical. “A estrutura é lastreada para manter o centro de
gravidade abaixo do centro de carena, aumentando a estabilidade do sistema. O
sistema de amarração é composto por catenárias ou linhas de amarração. Possui um
design simples, com baixos custos de instalação e opera em profundidades superiores
a 100 metros” (OLIVEIRA, 2020, p. 17).
As TLP são plataformas semi-submersas no mar e seu sistema de amarração é
a ancoragem vertical por cabos fixados no fundo do mar por estacas de sucção. “Uma
de suas vantagens é que possui uma massa relativamente baixa e pode ser instalada
em profundidades por volta dos 55 metros, dependendo das condições do mar”
(OLIVEIRA, 2020, p. 20).
As SSP são estruturas flutuadas no mar e fazem uso do sistema de ancoragem
em catenária, onde as linhas são pressas por meio de âncoras de resistência
horizontal. “Podem ser instaladas em profundidades acima de 40 metros, e possuem
facilidade no transporte além de um baixo custo de instalação. Em contrapartida,
possuem tendência de uma maior amplitude de movimento e é utilizada uma maior
quantidade de material para sua construção” (BARCELLOS, 2018, p. 42).

2.5 ESTUDO DE SONDAGEM EM USINAS EÓLICAS

A fundação de uma turbina eólica offshore tem a principal função de transmitir


os esforços do sistema para o solo, e então a interação do solo com a estrutura deve
ser analisada para garantir que a transferência de cargas seja eficaz, assegurar que
os recalques sejam compatíveis com a estrutura e conceder segurança contrarruptura.
Para uma mesma estrutura podem ser atribuídos diferentes projetos de fundação,
dependendo do tipo de solo e suas propriedades, portanto, a investigação geotécnica
é essencial para a concepção do tipo de fundação. (MILITITSKY, J. CONSOLI, N.
SCHNAID, F., 1015)
A sondagem do solo é um processo extremamente importante pois a partir dela
o terreno é caracterizado, sendo possível conhecer as características e informações
importantes que auxiliarão no desenvolvimento da estrutura que será implantada em
tal solo. Algumas características encontradas a partir da sondagem são a identificação
das diferentes camadas do solo, classificação das mesmas, o nível do lençol freático,
neste caso, sempre acima do início da sondagem, e a capacidade de carga do solo
23

em diversas profundidades. Nos dias atuais a sondagem é um pré-requisito exigido


pelos profissionais de engenharia para a construção de uma fundação, visto que com
esse estudo do solo antecipado, inúmeros transtornos podem ser evitados.
(GEOTECNIA, 2018)

2.5.1 Sondagens no ambiente terrestre

A NBR 6122 (ABNT, 2019) discorre sobre os critérios exigidos no projeto e


execuções de todas as estruturas convencionais da engenharia, segundo ela para a
construção de uma obra é necessário a realização de um estudo geotécnico preliminar
de sondagens à percussão com ensaio SPT, com medição do índice N. Após o estudo
dos dados preliminares pode-se averiguar a necessidade de investigações adicionais
como instalação de piezômetros, ensaio dilatométrico, novos ensaios de campo e de
laboratório (LÔBO, 2018, p. 13).
Com a sondagem à percussão SPT é obtido o índice NSPT, que é a medida de
resistência à penetração. Esse índice será correlacionado com propriedades do solo
e será usado no cálculo de fundações.
Com a sondagem também podem ser estimados parâmetros de capacidade de
carga, espessura e classificação das camadas do solo, profundidade do nível da água
e com a confecção de um relatório de sondagem é possível atribuir o tipo de fundação
que será usado e realizar o seu dimensionamento (BERTUZZI, 2013, p. 15).
Outro tipo de ensaio muito utilizado é o CPT (Cone Penetration Test), o qual
consiste na cravação de um cone padrão no solo, penetrado à uma velocidade
constante de 2 cm/s. A partir dele são medidos alguns parâmetros de cada camada
no solo, e seus sensores medem em tempo real e separadamente a resistência à
penetração da ponta e a resistência lateral, sendo possível obter um detalhamento do
solo em cada profundidade (BERTUZZI, 2013, p.16).
Para a realização da sondagem deve ser feita a escolha dos pontos do solo que
serão especificados, quanto mais planos forem alcançados melhores serão os
conhecimentos sobre o solo.
Considerando que geralmente as fundações de aerogeradores estão dispostas
em uma circunferência, a análise tridimensional do solo pode ser a melhor opção,
sendo feita em planos diferentes. Neste caso podem ser realizadas três sondagens
24

por base formando um ângulo de 120º entre as sondagens. A sondagem em linha não
é recomendada, pois atribui informações em um único plano (BERTUZZI, 2013, p.16).

2.5.2 Sondagens no ambiente marinho

O solo marinho e o terrestre apresentam algumas diferenças entre si. O leito


marinho está em constante transformação seja por sedimentos depositados, pela
ação das marés, relevo oceânico, terremotos, entre outros.
Como o leito marinho tem suas particularidades, os métodos de investigação
também podem ter algumas características, equipamentos e métodos diferentes dos
citados na seção anterior.
Segundo (AVELINO, et al. 2016, p. 27) os métodos de investigação do solo
marinho são: estudo geológico, levantamento geofísico e investigação geotécnica.
O estudo geológico refere-se à história geológica do ambiente analisado,
levando em consideração sua origem, composição, processos internos e externos e
sua evolução, combinando essas características com o tipo e tamanho do aerogerador
a ser instalado e a homogeneidade do depósito de solo para servir de base para a
investigação geotécnica. “Os depósitos de solos superficiais podem ajudar a identificar
as zonas de interesse e ajudam na localização de locais de ancoragem para atividades
de investigação subsequente” (AVELINO, et al. 2016, p. 28).
O levantamento geofísico tem a finalidade de investigar a área, utilizando
equipamentos e métodos sem impacto ambiental. Esse método estabelece a
batimetria do leito marinho, topografia, estratigrafia e determina áreas de risco. De
acordo com (AVELINO, et al. 2016, p. 28) a estratigrafia superior deve ser realizada
para indicar locais de ancoragem. A topografia é feita para apontar afloramentos,
obstruções e desuniformidades no fundo do mar que podem ser prejudiciais à
estrutura da fundação.
A investigação geotécnica consiste em ensaios realizados para determinar o
comportamento do solo, seus perfis, resistência e várias características específicas.
Ela é realizada seguindo o levantamento geofísico. “A investigação geotécnica inclui
ensaios in situ para identificação e estratificação do solo e coleta de amostras para
identificação de material, caracterização e ensaios de laboratório subsequente”
(AVELINO, et al. 2016, p.32).
25

“Para parques eólicos, o programa de investigação do solo deve incluir técnicas


combinadas” (AVELINO, et al. 2016, p.32).

2.5.3 Métodos, técnicas e equipamentos

Com o avanço da tecnologia, as técnicas e métodos de investigação se


desenvolveram para atender às necessidades de estudos geotécnicos. Como o Brasil
não possui usinas eólicas offshore instaladas, todo o estudo referente à investigação
do leito marinho é construído com base em outros países, estudos de implantação de
subestações de petróleo, construção de portos, construção de unidades de pré-sal,
entre outros e são adaptadas conforme às condições especificas do local estudado.
Segundo (BOGOSSIAN, 2012, p.52) alguns dos equipamentos e técnicas de
investigação geotécnicas empregados no fundo do mar são:
 Equipamento apoiado sobre flutuantes: Usado quando são feitas
sondagens a percussão. Consiste em um conjunto de tubulões estanques
de aço, que são fixados o mar com auxílio de âncoras;
 Equipamento sobre plataformas fixas: Consistem em plataformas fixas
que se apoiam no fundo do mar, transportados por embarcações e são
colocadas no local solicitado com auxílio de cábreas ou guindastes;
 Equipamento apoiado em mono tubo: O equipamento de sondagem é
implantado em uma base apoiada sobre camisas de tubulões cravadas
no solo;
 Equipamento em balanço sobre Jack-Up: Neste caso as sondagens
geotécnicas a percussão e rotativas são executadas com equipamento
em balanço em cima de uma plataforma Jack-up com auxílio de tubo-guia
cravado no leito marinho;
 Sino de sondagem: É um método que utiliza uma câmera pneumática
submersa, composta por equipamentos de sondagem e de comunicação
que fazem as sondagens em ambiente seco, pressurizado com mistura
de gases.
 Equipamento sobre plataformas auto-elevatórias: Esse método consiste
em uma plataforma com deck flutuante apoiada no solo. Com essas
plataformas é possível executar sondagens a percussão ou rotativas,
ensaios in situ e penetração de Cone (CPT).
26

Existem algumas outras técnicas que são usadas para profundidades de água
maiores, como navios com sonda que podem obter dados geotécnicos de áreas com
até 3.000 m de profundidade.

2.6 POTENCIAL EÓLICO DO BRASIL

Alguns projetos já foram avaliados e alguns já estão em andamento para serem


instalados no Brasil e outros foram impedidos devido a crises econômicas, políticas
ou até mesmo por não ser viável. A Figura 4 apresenta três projetos de complexos
eólicos offshore em andamento no país: Complexo Eólico Marítimo Asa Branca I
(400MW), Parque Eólico Offshore Caucaia (310MW) e a Planta Piloto Eólica
Petrobrás.
O primeiro complexo consiste em 10 parques eólicos, com 5 turbinas cada um,
previsto para ser instalado no Ceará à uma distância pequena de 5 quilômetros da
costa e com profundidade até 12 metros. O segundo propõe um parque eólico com 48
aerogeradores, também a ser instalado no Ceará sob as mesmas condições de
profundidades e distância da costa do parque de Caucaia. E por fim, o projeto da
Petrobrás consiste na instalação de uma usina de 5 MW por volta de 20 quilômetros
da costa e profundidade de 15 metros, porém o projeto foi suspenso (OLIVEIRA, 2020,
p. 4).
Figura 4 – Projetos de complexos eólicos offshore brasileiros

Fonte: (EPE, 2019)


27

A EPE (Empresa de Pesquisa Energética) recentemente divulgou um relatório


(abril/2020) apresentando um mapeamento do Potencial Eólico Offshore do país,
segundo o relatório, a melhor área para instalação de um parque eólico no Brasil é a
região do nordeste, a qual possui grandes velocidades de vento e potencial eólico. A
Figura 5 mostra dois mapas propostos pela EPE por dois métodos diferentes, e fica
nítido, em vermelho, que o Nordeste tem o melhor potencial.
Figura 5 – Potencial eólico offshore brasileiro

Fonte: (EPE, 2020)

O estado do Paraná também possui um bom potencial eólico, como mostra a


Figura 6.
Figura 6 – Atlas do potencial eólico do estado do Paraná

Fonte: COPEL (2007)


28

2.7 CARREGAMENTOS NAS ESTRUTURAS DE FUNDAÇÃO

Segundo a NBR 6122, as ações atuantes na estrutura de fundação são:


 Ações provenientes da superestrutura;
 Ações decorrentes do terreno;
 Ações decorrentes da água superficial e subterrâneas;
 Ações excepcionais;
 Ações resultantes do peso próprio da fundação.

Conforme a NBR 8681 de 2003, as ações provenientes da superestrutura são


divididas em de acordo com a sua natureza, podendo ser ações permanentes, ações
variáveis e ações excepcionais. As ações permanentes são definidas como “ações
que ocorrem com valores constantes ou de pequena variação em torno de sua média,
durante praticamente toda a vida da construção” (ABNT 8681, 2003), nessa categoria
se encontram as cargas de peso próprio, sobrecarga permanente, empuxos, entre
outras (ABNT 6122, 2019). As ações variáveis são definidas como “ações que ocorrem
com valores que apresentam variações significativas em torno de sua média, durante
a vida da construção” (ABNT 8681, 2003), aqui entra sobrecargas variáveis, impactos,
ventos, entre outros (ABNT 6122, 2019). “As ações excepcionais são as que têm
duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de ocorrência durante a vida
da construção, mas que devem ser consideradas nos projetos de determinadas
estruturas” (ABNT 8681, 2003).
As ações devem ser combinadas de forma a verificar os estados limites da
estrutura, os quais podem ser estados limites últimos ou estados limites de serviço
(ABNT 8681, 2003).
Nos projetos de fundação, além das ações provenientes da superestrutura,
também devem ser consideradas as ações decorrentes de empuxos de terra e
sobrecargas atuantes no solo. Esse empuxo deve ser analisado de modo conciliável
com a deslocabilidade da estrutura, sendo os empuxos ativos, passivo e em repouso.
Além disso, em fundações profundas devem ser considerados o atrito negativo e
carregamentos laterais devidos a sobrecargas assimétricas. ” (ABNT 6122, 2019). A
norma também relata que devem ser considerados os empuxos de água superficiais
e subterrâneas, além da possibilidade de erosão.
Além das ações relatadas, segundo a ABNT 6122, também deve-se considerar
as ações variáveis de ondas, correntes e o efeito do vento.
29

Em uma turbina eólica offshore, existem dois tipos de carregamentos acidentais


a serem considerados, os carregamentos aerodinâmicos, devido ao vento e os
hidrodinâmicos, devido às correntes e ondas do mar. A Figura 7 ilustra esses
carregamentos na turbina eólica.
“A ação do vento atua na torre e no rotor causando esforços aleatórios em
ambos. A ação de ondas age na parte submersa da turbina assim como na peça de
transição gerando esforços de natureza aleatória na torre e na fundação” (Maiolino,
2014, p.15).
Figura 7 - Carregamentos atuantes em torres eólicas offshore

Fonte: (Maiolino, 2014, p. 15)

Para realizar a determinação da capacidade de carga e das deformações da


fundação, é essencial que sejam determinadas as ações dinâmicas e estáticas que
geram efeitos nas estruturas, analisando como a estrutura está se comportando
quando sujeita à efeitos externos e como ocorre a distribuição dessas cargas.
Nesta seção serão abordadas as metodologias de cálculo das ações e cargas
que influenciam na análise de uma estrutura offshore, serão abordadas as forças do
vento conforme a NBR 6123 (ABNT, 2013) e as forças hidrodinâmicas (ondas e
correntes).
Sabe-se que o Brasil ainda não possui normas aplicadas as usinas eólicas
offshore, porém, algumas documentações internacionais podem ser utilizadas para os
30

dimensionamentos das estruturas offshore, como é o caso da International


Electrotechnical Commission (IEC), International Organization for Standardization
(ISO), Det Norske Veritas (DNV) e Germanischer Lloyd (GL). Algumas delas foram
regulamentadas para a indústria de petróleo e gás, porém possuem contribuições para
o desenvolvimento das estruturas eólicas offshore e poderão ser consultadas durante
o estudo. As normas e legislações utilizadas neste estudo são:
 ABNT NBR 6122/2019 – Projeto e execução de fundações;
 ABNT NBR 6123/2013 – Forças devidas ao vento em edificações;
 Resolução normativa ANEEL nº 876/2020 – Requisitos e procedimentos
necessários à outorga de autorização para exploração e alteração da
capacidade instalada de usinas eólicas.

2.7.1 Transmissão de cargas

Como estudado anteriormente, a fundação é construída devido a necessidade


de transmitir as cargas da estrutura para o solo, e a sua eficácia e comportamento
dependem de diversas questões envolvendo o projeto de fundação, o solo, processos
construtivos e fatores pós-construção. O estudo de uma fundação ocorre a partir da
definição das cargas de projeto e do tipo de solo determinado pelas investigações
geotécnicas, os dados são utilizados para analisar o comportamento do solo sob o
efeito das cargas e transmissão de esforços. (MILITITSKY et al., 2015).
Segundo a NBR 6122, as fundações podem ser superficiais ou profundas e
ambas possuem sua particularidade de transmissão de cargas ao solo. Nas fundações
superficiais ou rasas, as cargas da estrutura são transmitidas ao terreno pelas tensões
distribuídas sob a base da fundação e a dimensão da estrutura de fundação deve ser
duas vezes maior que a profundidade de assentamento em relação ao terreno. Já nas
fundações profundas, além da carga ser transmitida pela base da fundação
(resistência de ponta), também ocorre a transmissão pela sua superfície lateral
(resistência de fuste), a combinação dessas cargas representa o total de carga do
elemento. Nas fundações profundas, a sua base deve estar assentada com uma
profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão, sendo no mínimo 3 metros
de comprimento. (ABNT, 2019).
As fundações rasas são usadas quando o solo é mais resistente com boa
capacidade de suporte de cargas, já as profundas são utilizadas quando o solo é
31

pouco resistente ou quando possuir solo mole nas camadas de contato com a
estrutura de fundação (ZALTRON et al., 2019).

2.7.2 Forças hidrodinâmicas

No local onde será realizada a inserção das turbinas eólicas, as ações


ambientais geram bastante impacto nas estruturas. As correntes, as ondas e os ventos
vão gerar forças de arrasto, além disso, as ondas geram também forças de inércia
sobre os elementos. Para estudar esses esforços deve-se considerar a análise dos
escoamentos hidrodinâmicos em torno das estruturas da turbina.
A força de arrasto é gerada devido a diferença de pressão entre a região anterior
e posterior da estrutura que acontece ao longo do escoamento. Como a estrutura
trabalhada aqui se trata de um elemento esbelto, ocorre a separação do fluído e se
desenvolve um efeito de esteira a jusante da estrutura, que faz com que a força de
arrasto se aumente. Ou seja, como esse fluído possui viscosidade, quando ele passa
pelos corpos é gerada a força de arrasto, devido a fricção do fluído com o corpo. Além
disso, como as ondas são fluídos reais com fluxos não permanentes, elas geram
forças de inércia nos elementos estruturais. (PICCININI, 2008)
O método mais usado para determinação de cargas nos elementos estruturais
esbeltos é por meio da equação de Morison, Johnson, O’Brian and Schaaf
desenvolvida em 1950, nomeada como Equação de Morison. Além disso, ela é
aplicada para situações de mono-estacas e Jackets, se encaixando corretamente na
análise realizada neste comparativo visto que as estacas cravadas e as treliças podem
ser assemelhadas com esses casos. A equação é válida para γ/ d ≥ 5, caso essa
consideração não seja atendida deve-se utilizar a teoria da difração, nesta análise não
será necessário. (PICCININI, 2008)
Em resumo, a equação de Morison tem como base que a força nos elementos
expostos ao fluído viscoso com um fluxo não permanente é dada pela soma da força
de arrasto (𝑓𝐷 ) com a força de inércia (𝑓𝑀 ). (PICCININI, 2008)

𝑓 (𝑥, 𝑧, 𝑡) = 𝑓𝑀 (𝑥, 𝑧, 𝑡) + 𝑓𝐷 (𝑥, 𝑧, 𝑡) (eq. 1)

A força de inércia pode ser expressa pelo somatório da força de Froud-Krylov


(𝜌 × 𝑉 × ü) com a força hidrodinâmica da massa (𝐶𝐴 × 𝜌 × 𝑉 × ü ), sendo assim:
32

𝑓𝑀 (𝑥, 𝑧, 𝑡) = 𝐶𝑚 × 𝜌 × 𝑉 × ü (eq. 2)

Onde,
𝑓𝑀 (𝑥, 𝑧, 𝑡) = Força de inércia;
𝐶𝑚 = Coeficiente de inércia = 𝐶𝐴 = Coeficiente de massa adicionada + 1;
𝜌 = Densidade da água salgada;
𝜋×𝐷 2
V = Volume = , sendo dz a altura do elemento cilindro;
4 𝑑𝑧

ü = Fluxo de aceleração.
A força de arrasto é expressa pela equação:

1
𝑓𝐷 (𝑥, 𝑧, 𝑡) = 𝐶𝐷 × 𝜌 × 𝐴 × 𝑢̇ × |𝑢̇ | (eq. 3)
2

Onde,
𝑓𝐷 (𝑥, 𝑧, 𝑡) = Força de arrasto;
𝐶𝐷 = Coeficiente de arrasto,
𝜌 = Densidade da água salgada;
𝑢̇ = Velocidade;
A = Área projetada = D.dz

Para o cálculo das forças hidrodinâmicas é necessário a definição do coeficiente


de Reynolds, o qual é usado para o cálculo do regime de escoamento do fluído sobre
a superfície da estrutura (CONNOR, 2020). Para elementos cilíndricos, como as
estacas cravadas e as estacas do bloco de quatro estacas, o número de Reynolds é
dado pela equação:

𝑢̇ 𝑚𝑎𝑥 .𝐷
𝑅𝑒 = (eq. 4)
𝜈

2.7.3 Força dos ventos

O vento gera carga que oscilam em magnitude e direção, quando ele incide sob
as lâminas da turbina eólica faz com que elas rotacionem, o gerador absorve uma
33

porção da energia cinética do vendo, fazendo com que atras das pás, a sua velocidade
seja reduzida em comparação com a parte frontal. Essa diferença de velocidade gera
uma diferença de pressão entre o lado frontal e posterior do aerogerador, gerando
assim, um momento fletor e força cortante por toda a torre, até a sua fundação
(BERTUZZI, 2013). A Figura 8 demostra um esquema de distribuição de cargas na
estrutura da turbina eólica.

Figura 8 – Velocidade relativa entre vento e estrutura

Fonte: (PEGORARO, 2011)

As ações dinâmicas do vento em torres esbeltas são muito importantes (CARRIL,


2004). A NBR 6123 é a norma que define parâmetros de cálculo para o projeto de
estruturas que estão sujeitas as forças do vento (NBR 6123, 1988).
Para obtenção da força de arrasto na direção de vento é necessário fazer o
levantamento de vários parâmetros que serão descritos logo abaixo, dentre eles a
pressão dinâmica do vento, coeficiente de arrasto e velocidade característica do
vento.
Para a geração de energia, as turbinas eólicas são instaladas em locais com
velocidades de vento bem grandes, porém, essa ação do vento pode causar vibrações
por turbulência ou desprendimento de vórtices. Ainda deve-se considerar que quanto
maior é a altura e a distância da costa maiores são as velocidades do vento.
Para determinação das forças do vento atuantes nas estruturas será utilizada
como base a norma brasileira NBR 6123 (ABNT, 2013) que define os parâmetros de
cálculo para o projeto de equipamentos e estrutura que sofrem com as forças do vento.
34

Os cálculos da força do vento são calculados a partir de velocidades básicas de


vento determinadas experimentalmente em torres de medição de ventos
(CHAMBERLAIN, c2022).
A partir da norma é possível determinar parâmetros e coeficientes necessários
no cálculo das forças nas estruturas devido às ações estáticas e dinâmicas do vento.
As cargas estáticas devido a ação do vento são:
 Velocidade básica do vento (V0): essa velocidade é determinada pela
norma, e, segundo o mapa demonstrado na Figura 9, ela vai depender da
região do Brasil em que a obra está inserida;
 Velocidade característica do vento (Vk):para determinar essa velocidade
multiplica-se a velocidade básica pelos fatores S1, S2 e S3 definidos pela
norma;
 Pressão dinâmica do vento (q): esse parâmetro é obtido ao elevar a
velocidade característica do vento ao quadrado e multiplicar o resultado
pelo fator 0,613.
35

Figura 9 – Velocidade básica do vento nas diferentes regiões do Brasil

Fonte: NBR 6123 (ABNT 2013)

A força na estrutura devido ao vento depende da diferença de pressão entre a


face intenta e externa na edificação, segundo a NBR 6123 pode se calcular as forças
utilizando coeficientes de pressão ou coeficientes de força.
Os coeficientes de forma são definidos pela norma e possuem valores diferentes
de acordo com o tipo de construção estudada. A força devido ao vento obtida através
dos coeficientes de forma é definida pela equação:

𝐹 = (𝐶𝑝𝑒 − 𝐶𝑝𝑖 ) ∗ 𝑞 ∗ 𝐴 (eq. 5)


Onde,
𝐶𝑝𝑒 = Coeficiente de pressão externo;
𝐶𝑝𝑖 = Coeficiente de pressão interno;
𝑄 = Pressão dinâmica do vento;
𝐴 = Área frontal ou perpendicular a atuação do vento.
36

Sendo assim, pode-se determinar a força global na direção do vento (𝐹𝑎 ) ou força
de arrasto, a qual seria a soma vetorial das forças devidas ao vento que atuam na
edificação e pode ser expressa pela equação:

𝐹𝑎 = 𝐶𝑎 ∗ 𝑞 ∗ 𝐴𝑒 (eq. 6)
Onde,
𝐶𝑎 = Coeficiente de arrasto (coeficiente de força);
𝐴𝑒 = Área frontal efetiva.
Para determinar a velocidade característica do vento 𝑉𝑘 , que nada mais é que a
velocidade do vento que atua sobre uma determinada parte da estrutura, é necessário
a definição dos fatores 𝑆1 , 𝑆2 , 𝑆3 e da velocidade básica do vento 𝑉0, ela é expressa
pela seguinte equação:
𝑉𝑘 = 𝑉0 ∗ 𝑆1 ∗ 𝑆2 ∗ 𝑆3 (eq. 7)

O parâmetro 𝑆2 é definido pela equação:

𝑧
𝑆2 = 𝑏 ∗ 𝐹𝑟 ∗ (10)^𝑃 (eq. 8)

Onde z é a altura total da edificação acima do nível do terreno e os parâmetros


b, Fr e p são obtidos pela Tabela 2 da NBR 6123 (ABNT 2020). Para obtenção dos
parâmetros deve-se levar em consideração que o Fr é sempre o valor correspondente
à categoria II e a expressão é aplicável apenas até a altura Zg.
O fator estatístico (𝑆3 ) é baseado em conceitos estatísticos e considera o grau
de segurança e a vida útil da edificação, ele pode ser obtido pela Tabela 1.
37

Tabela 1: Valores mínimos do fator estatístico

Fonte: (ABNT NBR 6123, 2020)

Tabela 2 – Parâmetros Meteorológicos

Segundo a NBR 6123 (ABNT 2020), com a velocidade característica do vento é


possível determinar a pressão dinâmica ou de obstrução do vento, em condições
normais de pressão e temperatura (Pressão de 1 Atm e temperatura de 15º), sendo
obtida pela equação:
𝑞 = 0,613 ∗ (𝑉𝑘 ^2) (eq. 9)
38

2.7.4 Carregamentos permanentes

O peso dos elementos é calculado por cada parte da estrutura e dependem do


tipo de material que foram confeccionados.
Como a turbina eólica é fabricada pela montagem de diversas partes, deve-se
considerar o peso de cada elemento, assim sendo pode-se considerar o peso de cada
determinado na Tabela 3, os quais foram determinados por meio das propriedades da
turbina eólica base da NREL (Oliveira, 2020, p.33). Além do peso do aerogerador,
deve-se definir o peso próprio da fundação que sustentará a turbina.

Tabela 3 – Características da turbina da NREL

Características da turbina adotada


Capacidade 5 MW
Configuração 3 lâminas
Rotor 126
Diâmetro do Hub 3m
Altura do Hub 90 m
Massa do rotor 110000 Kg
Massa da Nacelle 240000 Kg
Massa da torre 347460 Kg
Coordenadas do Centro de Massa (-0,2 m, 0.0 m, 64,0m)
Fonte: Adaptado de (Oliveira, 2020, p. 33)

2.7.5 Reação do solo

Para uma análise completa da fundação, além das cargas provenientes da


superestrutura e seu peso próprio, é necessário considerar as cargas decorrente da
força do solo na estrutura (ZALTRON et al., 2019). O dimensionamento de fundações
do tipo estaca única dentro do estado limite de serviço é feito considerando a estrutura
como uma viga suportada pelo solo, onde as reações são representadas por uma
série de molas elásticas (Almeida, et al., 2019).
Para a análise do comportamento do solo em relação à estrutura pode ser
considerado a Hipótese de Winkler, um dos modelos mais utilizados em projetos
estruturais, em razão a facilidade de realizar a interação entre o solo e a estrutura. O
método de Winkler propõe que o solo possui molas elásticas em torno das estruturas,
representado por um coeficiente de reação que varia com a profundidade e tipo de
solo (Cabral, 2016).
39

Winkler foi o primeiro a propor a representação do solo como um sistema de


molas lineares, as quais são independentes entre si e são colocadas na modelação
com espaçamentos curtos entre elas, trabalhando no regime elástico, esse modelo é
conhecido como Hipótese Winkler, Modelo de Molas e outros.
Segundo Velloso e Lopes (2010) é fundamental analisar a resistência do terreno
com a ação da estaca. A Figura 10 apresenta a reação real do solo quando a estaca
é submetida a uma força transversal e como o solo resiste a ação da estaca. Em b é
apresentada a reação do solo modelada pela Hipótese de Winkler. O método
determina que as pressões de contato são proporcionais aos deslocamentos
horizontais.
Figura 10 – Estaca submetida a uma forca transversal: Reação do solo (a) real e (b) modelada pela
Hipótese de Winkler

Fonte: (Velloso e Lopes, 2010)

Para a determinação das reações das molas através do método de Winkler é


necessário analisar o comportamento dependendo do tipo de solo, da forma e
dimensão da estaca.
As estacas solicitadas por forças horizontais e momentos fletores estão sujeitas
a flexão, deste modo, a reação do solo é considerada como proporcional à deformação
relativa da estaca com o solo e pode ser constante ou crescentemente linear conforme
a profundidade. Para o solo do estudo de caso (areia siltosa), as molas crescem
linearmente com a profundidade. (Olavo, 2021)
A constante dessas molas é obtida a partir dos fatores do solo, relacionando a
força com a deformação, onde a tensão aplicada ao solo é proporcional ao
deslocamento.
40

O cálculo dessas molas pode ser calculado através da equação abaixo, baseado
nas orientações do Professor Luiz Henrique Felipe Olavo.

𝐾 = 𝑁ℎ ∗ 𝑃 ∗ 𝐵 (eq. 10)
Onde:
𝐾 = módulo de reação da mola
𝑁ℎ = coeficiente de reação horizontal do solo
𝑃 = Profundidade da estaca
𝐵 = Diâmetro da estaca

2.8 MÉTODO AOKI-VELLOSO (1975)

Em 1975, no Congresso Panamericano de Mecânica dos Solos e Fundações na


Argentina, Nelson Aoki e Dirceu de Alencar Velloso apresentaram um método
aproximado de estimativa de capacidade de carga de estacas.
Tal método é atualmente reconhecido como Aoki-Velloso, um método baseado
em resultados semi-empíricos que estima o diagrama de ruptura (R) do sistema estaca
– solo, através da soma das parcelas de resistência por atrito lateral (RL) e resistência
de ponta (RP). (CINTRA; AOKI, 2010)

𝑅 = 𝑅𝐿 + 𝑅𝑃 (eq .11)

O método originou-se a partir de ensaios de penetração estática CPT (Cone


Penetration Test), e, através de correlação, pode ser utilizado também nos ensaios de
penetração dinâmica SPT (Standard Penetration Test), que é o mais empregado na
atualidade. A teoria para estimativa de capacidade de carga das estacas é
fundamentada no CPT, mas através da utilização do coeficiente K é possível estimar
a capacidade de carga com os resultados do SPT. (SANTOS, 2011)
As resistências de ponta e lateral podem ser obtidas através da correlação com
os ensaios CPT, por meio dos valores da resistência de ponta do cone “qc” e do atrito
lateral unitário na luva “fs”.
𝑞𝑐
𝑅𝑃 = (eq. 12)
𝐹1
41

𝑓𝑠
𝑅𝐿 = (eq. 13)
𝐹2

Os fatores de correlação F1 e F2, dados na Tabela 4, dependem do tipo de


estaca.

Tabela 4 – Fatores de correção F1 e F2

Fonte: Aoki e Velloso (1975)

Assim, é possível estimar a capacidade de carga R da estaca isolada, através


da eq. 14.

𝑅 = 𝑈 ∑(𝑅𝐿 × ∆𝐿) + 𝑅𝑃 × 𝐴𝑃 (eq. 14)


Onde:
U = perímetro da estaca

= comprimento da camada de solo analisada


Ap = área da ponta da estaca

Para estimar a capacidade de carga com os resultados do SPT é necessário


correlacionar as parcelas de resistência ao índice de resistência à penetração Nspt,
que é obtido a partir da sondagem ao longo da profundidade onde a estaca será
instalada.
𝐾×𝑁𝑝
𝑅𝑃 = (eq. 15)
𝐹1

𝐾×𝑁𝐿
𝑅𝐿 =∝× (eq. 16)
𝐹2
42

Np corresponde ao Nspt na cota onde a ponta da estaca está apoiada, e Nl


corresponde ao Nspt da camada de solo avaliada.
O coeficiente K e a razão de atrito α dependem do tipo de solo, conforme a
Tabela 5.
Tabela 5 - Coeficiente K e razão de atrito α

Fonte: Aoki e Velloso (1975)

Com isso, a capacidade de carga de uma estaca isolada pode ser estimada pela
seguinte fórmula:
𝐾×𝑁𝑃 𝑈
𝑅= × 𝐴𝑃 + ∑𝑛1(∝ 𝐾𝑁𝐿 ∆𝐿 ) (eq. 17)
𝐹1 𝐹2

2.9 FTOOL (TWO-DIMENSIONAL FRAME ANALYSIS TOOL)

O Ftool (Two-dimensional Frame Analysis Tool) é um programa gráfico-interativo


focado na Engenharia Civil, criado há mais de 25 anos pela PUC-Rio, que auxilia na
análise de estruturas planas cujo principal objetivo é a obtenção de protótipos
estruturais de forma mais simples e eficiente. Foi desenvolvido inicialmente através
de um projeto de pesquisa integrado, coordenado pelo professor Marcelo Gattass do
Departamento de Informática da PUC-Rio e diretor do Instituto Tecgraf/PUC-Rio
(Instituto Tecgraf de Desenvolvimento de Software Técnico Científico) e com apoio do
CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O
idealizador e responsável pelo programa é o professor Luiz Fernando Martha do
Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio. Participaram do desenvolvimento
43

inicial do programa os ex-alunos de graduação do Departamento de Engenharia Civil


da PUC-Rio Eduardo Thadeu Leite Corseuil, Vinícius Samu de Figueiredo e Adriane
Cavalieri Barbosa como bolsistas de iniciação científica no período de março de 1991
a dezembro de 1992. O programa, desenvolvido na plataforma DOS, passou por
alguns aprimoramentos até abril de 1995. (PUC-Rio, 2017).
Entre o final de 1997 e o início de 1998, o Ftool foi reescrito pelo professor Luiz
Fernando Martha utilizando o sistema de interface IUP e o sistema gráfico de CD
desenvolvido pelo Tecgraf/PUC-Rio. Esta interface gráfica permite que programas
sejam executados em ambientes Windows e Unix/X-windows. Em fevereiro de 1998,
o Ftool versão 2.00 foi lançado. Desde então, versões subsequentes do Ftool foram
lançadas, cada uma com algumas melhorias (Ftool, 2017).
O programa foi originalmente desenvolvido para uso em sala de aula, mas com
o passar do tempo tornou-se uma ferramenta utilizada por profissionais de engenharia
em projetos estruturais.
Através do FTOOL é possível analisar múltiplos casos de carregamentos, como
cargas acidentais, vento em múltiplas direções etc. O diferencial deste software é a
sua simplicidade e vertente prática, pois ele permite que o usuário execute cálculos
de estruturas planas de forma rápida e bastante intuitiva, evitando a necessidade de
recorrer a programas complexos sem necessidade. Além da vantagem de ser gratuito
e possuir uma forte componente educativa.
A versão atual do software permite que os deslocamentos da estrutura sejam
visualizados com ou sem valores, seja no sistema global, que são os deslocamentos
verticais e horizontais, ou no sistema local, referente aos deslocamentos transversais
e axiais.
Diversas teclas de atalho foram adicionadas para controlar o programa,
permitindo que usuários mais avançados operem o programa com mais eficiência. A
versão premium permite a criação de vários casos de carga, bem como a criação de
combinações ponderadas desses casos e a visualização de envelopes de resultados
de casos e combinações. Esta versão também pode criar seções prismáticas
genéricas combinando trapézios, facilitando o uso do programa com seções que não
se encaixam nas seções paramétricas fornecidas. Por fim, nesta versão, o usuário
pode personalizar a inicialização do programa, definindo assim o sistema de unidades
e o formato de número a ser utilizado, bem como diversos parâmetro para visualização
do modelo etc.
44

3 METODOLOGIA

Quanto à metodologia, optou-se por se basear em revisões bibliográficas acerca


do assunto principal, que se trata da escolha do melhor tipo de fundação para a
instalação de uma usina eólica offshore, levando em consideração a fundação que
atingirá a maior capacidade de carga do solo, melhor distribuição de esforços e
menores deformações.
Para isso serão consideradas os carregamentos permanentes e acidentais
atuantes na estrutura de fundação.
A estimativa de capacidade de carga das estacas será determinada a partir do
método semi-empírico Aoki-Velloso (1975), a partir da soma das parcelas de
resistência lateral e resistência de ponta.
O software FTOOL servirá como embasamento para fins de comparação das
fundações, sendo utilizado para modelar as estruturas através do qual será possível
analisar a distribuição das cargas nas fundações e deformações sofridas em cada
caso.
Assim será feito o comparativo entre uma fundação por estaca única e uma
fundação de bloco com 4 estacas para determinar qual é a mais adequada. Para o
estudo de caso serão determinadas algumas premissas e um local de instalação para
implantação de uma turbina eólica.
Além disso, será realizada uma pesquisa abrangendo as usinas eólicas offshore
e um comparativo geral entre os dois tipos de fundações, conforme algumas
premissas básicas que devem ser consideradas na construção de um parque eólico
offshore, para determinar qual o melhor tipo de fundação se adequa em questões de
logística, economia e estrutural.
As fontes consultadas serão de diversos tipos, como teses, dissertações, artigos
publicados, livros e até mesmo sites da internet, reunindo o máximo de informações
possíveis para melhor entendimento do assunto e conclusão do estudo deste projeto
de pesquisa.
45

3.1 COMPARATIVO GERAL ENTRE ESTACA ÚNICA CRAVADA E BLOCO COM


QUATRO ESTACAS DO TIPO TRELIÇA

De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2019) as estacas são elementos de


fundação profunda, com mais de 3 metros de profundidade, utilizadas para transmitir
as cargas da edificação para o solo, podendo ser do tipo escavada ou cravada.
A estaca cravada é um tipo de estaca de rápida execução que pode ser cravada
no solo através de vibração, prensagem ou percussão. No Brasil, o sistema de
cravação por percussão é o que predomina. É um método vantajoso pois permite um
maior controle de qualidade independentemente do nível do lençol freático. Como
qualquer método possui também algumas desvantagens como ruídos, probabilidade
de danos nas próprias estacas durante a cravação e também seu valor elevado na
maioria dos casos. Porém, com o avanço nas técnicas de cravação, pode-se dizer que
existem técnicas com uma considerável redução de ruído, custos e vibração, mas
também é importante lembrar que para o caso de usinas eólicas offshore o ruído e
vibração não são considerados um problema.
As estacas cravadas são uma ótima alternativa para estruturas marítimas, como
usinas eólicas offshore, principalmente por serem estáveis em terrenos sem auto
sustentação.
A opção de fundação sugerida para a usina eólica offshore em questão seria
uma estaca única cravada fixada no solo. A cravação da estaca ocorre, na maioria
das vezes, por meio da utilização de um martelo hidráulico.
A fundação de estaca cravada é a mais usual entre as estruturas de turbinas
eólicas offshore, devido a sua facilidade de construção e processo simplificado.
Segundo Pereira (2021) ela é indicada para profundidades até 40 metros e para
aerogeradores de pequeno porte e potência, fazendo com que esse tipo de fundação
seja menos propicia para grandes profundidades e distâncias da costa, porém estão
sendo desenvolvidos estudos e projetos para solucionar esse problema. De acordo
com Energinet (2015) a fundação de estaca única cravada mais profunda está sendo
utilizada em Baltic II, com uma profundidade de aproximadamente 37 metros em uma
turbina eólica de 3,6 MW.
Já a fundação de bloco com quatro estacas do tipo treliça é indicada para esses
ambientes mais distantes, aproximadamente até 60 m de profundidade (BOEM, 2021);
além disso, ela possui capacidade para suportar aerogeradores de grande porte e
46

subestações offshore, uma vez que a maior quantidade de estacas gera uma maior
estabilidade no sistema. Apesar de serem mais usadas em águas com profundidades
de até 60 metros, na indústria petrolífera elas já foram usadas em profundidades com
mais de 400 metros. A fundação de treliça também possui maior resistência a
deterioração do que a fundação por estaca única.
Em comparação ao tamanho dos tipos de fundações, o comprimento de uma
estaca única pode exceder 80, para uma estaca de 9 metros de diâmetro seu peso
pode ser mais de 1750 toneladas. Observa-se muitas estacas deste tipo com
diâmetros de 4, 6 e 8 metros. Já as estacas da treliça possuem tamanho de diâmetros
muito menores, geralmente sendo de 1 a 3 metros. Pode-se observar um comparativo:
uma turbina instalada na Alemanha com capacidade de 4,5 MW e 30 metros de
profundidade teve um diâmetro de 6 metros, já uma turbina instalada no mar do Norte
para uma capacidade de 5 MW com fundação de treliça e para uma profundidade de
48 m, obteve um diâmetro de 1,8 metro e uma base de 20 m x 20 m. Pode-se observar
uma considerável diferença nas dimensões das estruturas, portanto, a questão é que
uma única estaca terá que trabalhar à flexão para combater esforços horizontais e
momentos fletores. Com a treliça, criam-se binários para combater estes momentos e
as estacas possuem flexão menor. Por outro lado, na treliça as estacas possuem
tração, o que não ocorre na estaca única.
Com relação à cravação da estaca, é importante lembrar que não se consegue
cravar em pedra ou solos com muito pedregulho. É necessário um atrito lateral mais
elevado, principalmente no caso das treliças, onde as estacas possuem tração.
Ambos os tipos de fundação são fixados no leito marinho pelo processo de
cravação por meio de martelo hidráulico, à percussão. Para os dois métodos não é
necessário realizar a preparação do solo para fixação das estruturas, facilitando o
processo de construção.
Durante a construção, o martelo hidráulico é o equipamento utilizado para a
cravação do solo, a desvantagem é que esse aparelho gera poluição sonora no mar
e seu contato com o solo pode gerar impactos na fauna e na flora do ambiente
aquático (NASCIMENTO, 2018).
Durante o processo de instalação também se destaca que as fundações do tipo
treliça são mais complexas de serem fixadas do que a fundação por estaca cravada,
além disso os cálculos e cuidados ao alocar quatro estacas vizinhas devem receber
47

mais atenção. Porém ao se considerar que as estacas da treliça são menores que a
estaca única cravada, isso facilitaria o transporte e a logística de instalação.
Em questões de custo, a fundação por estaca única é mais vantajosa que a
fundação por treliça, visto que seus custos operacionais são mais baixos. Os custos
de transporte, logística, instalação e fabricação causam a desvalorização da
construção do tipo de fundação de treliça (NASCIMENTO, 2018).

3.1.1 Premissas adotadas para o estudo de caso

Para realização do comparativo entre os dois tipos de fundações é necessário o


levantamento de algumas premissas básicas na construção de um parque eólico
offshore, como o local de instalação, profundidade e distância do complexo,
instalações e elementos de apoio para a construção das fundações, estudo do solo e
modelo de aerogerador acoplado no estudo. Essas premissas irão auxiliar na escolha
do tipo de fundação mais adequada para cada requisito, determinando qual o melhor
sistema a ser incorporado na construção de um parque eólico ao sul do Brasil. As
considerações a serem adotadas nesta análise são:

a) Local de instalação
Para o estudo foi adotado como local de instalação do parque eólico o litoral de
Guaratuba/PR. A escolha se deu a partir da análise do mapa do potencial eólico
offshore brasileiro, onde verificou-se que o sul do Brasil possui um bom potencial
eólico em grandes distâncias da costa, com velocidades de vento acima de 7,0 m/s,
além de que é interessante que o solo se encontre mais ao sul no litoral paranaense
para favorecer a indústria eólica offshore nesta região. Para fins deste trabalho, no
estudo de caso serão utilizados dados de investigações do solo marinho de uma
instalação portuária da região litorânea do Paraná, em Guaratuba.
Além disso, o solo de Guaratuba foi escolhido devido à sua composição, onde
há camadas mais espessas de areia e pouca argila, favorecendo a construção das
fundações dos aerogeradores.

b) Profundidade de água e distância da costa


Após um estudo acerca de projetos de parques eólicos offshore com processos
de licenciamento ambiental abertos no IBAMA, notou-se que o maior empreendimento
48

em capacidade de geração é o projeto Ventos do Sul, com instalação no Rio Grande


Sul, o qual visa a construção de 482 aerogeradores à uma distância de 21 km da costa
e profundidade máxima de água de 24 metros.
Considerando que a instalação do parque fictício também será ao sul do Brasil e
que ele aproveita quase as mesmas condições de potencial eólico, circunstâncias de
solo do projeto Ventos do Sul e também para tornar o projeto de pesquisa mais
técnico, serão adotadas as mesmas condições de distância da costa e profundidade
de água, sendo 21 km e 24 metros, respectivamente.
Apesar de muitos parques eólicos já adotarem distâncias de 100 Km da costa,
devido à falta de experiência do país com esse tipo de parque eólico, para uma
primeira análise a distância pequena é mais viável.

c) Tipo de solo
Para a pesquisa não será possível realizar um estudo geotécnico do local onde
será realizada a instalação fictícia do parque eólico e não existem sondagens feitas
no local, portanto, será utilizado um relatório de sondagem (APÊNDICE I) de um porto
no litoral de Guaratuba/PR, visto a região possui diversas características coincidentes
com o ambiente offshore. Segundo o relatório, em uma profundidade de água de 24
metros o solo é composto por areia siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.

d) Modelo de turbina
O modelo de turbina adotado para a pesquisa será uma turbina de 5 MW
desenvolvida pela NREL (National Renewable Energy Laboratory), utilizada diversas
vezes em estudos acadêmicos. A Tabela 6, descreve as características da turbina.
Ela possui um diâmetro de rotor de 126 metros, diâmetro do cubo de 3 m e altura do
cubo de 90 m. (Oliveira, 2020, p. 33)
As turbinas eólicas offshore são muito semelhantes às onshore, principalmente
em projeto e tecnologia. Usualmente para parques eólicos são adotadas as turbinas
de eixo horizontal.
Tabela 6 – Características da turbina da NREL

Características da turbina adotada


Capacidade 5 MW
Configuração 3 lâminas
Rotor 126
Diâmetro do Hub 3m
49

Altura do Hub 90 m
Massa do rotor 110000 Kg
Massa da Nacelle 240000 Kg
Massa da torre 347460 Kg
Coordenadas do Centro de Massa (-0,2 m, 0.0 m, 64,0m)
Fonte: Adaptado de (Oliveira, 2020, p. 33)

e) Complexo portuário de apoio


O processo construtivo de um parque eólico offshore é muito complexo e envolve
diversas decisões logísticas, principalmente nas fases de transporte e montagem.
Durante a instalação do parque os componentes podem ser armazenados e/ou
montados em uma instalação portuária, para posteriormente serem transportados até
o local offshore, isso facilita a instalação devido aos portos possuírem caraterísticas
físicas adequadas para o suporte dos componentes e uma localização estratégica.
A inclusão de uma instalação portuária pode facilitar a escolha do tipo de
fundação, pois alguns requisitos dependem dessa logística de transporte, como é o
caso de escolher transportar apenas uma estaca metálica grande para a fundação de
estaca cravada ou transportar quatro estacas metálicas pequenas para a fundação de
treliça, nestes casos se torna mais vantajoso transportar os componentes do porto
para o local offshore do que da fábrica direto para ao local in site.
Analisando o local de instalação e o seu entorno, observa-se que existem duas
instalações portuárias próximas que podem servir de apoio na instalação, sendo: a
instalação Portuária de Paranaguá no Paraná e a instalação Portuária de Itapoá em
Santa Catarina. Para o projeto de pesquisa foi escolhido o porto de Itapoá, pois é o
mais próximo. Ele possui as seguintes características:
 Comprimento dos berços: 800 metros;
 Calado: 12,2 metros para navios de até 310 m de comprimento; 11,5
metros para navios de até 336 m de comprimento;
 Quantidade de berços: 2;

f) Equipamentos usados durante a instalação dos componentes da fundação


Para a instalação é necessário definir quais serão os equipamentos e
embarcações usados para tornar o processo mais viável. Como o solo do local de
instalação se trata de uma areia siltosa, seria interessante comparar a cravação das
50

estacas no leito marinho com martelo hidráulico e também com martelo vibratório,
analisando qual seria o mais indicado para tal situação.
Além disso, serão utilizadas grandes embarcações para o transporte ou
instalações jack-up, com guindastes de grande capacidade, martelos e equipamentos
de perfurações acoplados.

3.2 COMPARATIVO QUANTO AOS REQUISITOS BÁSICOS DE INSTALAÇÃO

Para determinar a fundação adequada ao projeto é necessário considerar alguns


requisitos e comparar qual fundação é a preferível e mais vantajosa em cada caso,
como em profundidades da água, distância da costa, condições de velocidade de
vento, logísticas de transporte, entre outras. Além disso, deve-se estudar a viabilidade
da instalação de um tipo em comparação ao outro, pois algumas decisões influenciam
diretamente no custo e no tempo da obra. A seguir, será realizado um comparativo
específico de cada ponto levantado como sendo importante ao realizar a escolha do
tipo de fundação que irá compor o parque eólico offshore.

I. Quanto a profundidade de água e distância da costa


Como a profundidade de água adotada é de 24 metros, a fundação mais
vantajosa neste caso é a de estaca única cravada, pois ela é indicada para
profundidades de água de até 40 metros. Já a fundação de treliça é indicada para
locais mais distantes.
II. Quanto a velocidade do vento
Segundo os mapas de potencial eólico as velocidades de vento do local são
maiores que 7,0 m/s, mas não chegam a ser tão elevadas, portanto para esse local a
fundação por estaca cravada é satisfatória.
III. Quanto ao tipo de solo
Como o solo adotado para o estudo se trata de uma areia siltosa, é preferível o
uso da estaca cravada visto que ela é indicada para solos arenosos. Já a fundação
por treliça é usada em argilas mais duras, não sendo muito adequada neste caso.

IV. Quanto a resistência à deterioração


Neste quesito a fundação de bloco com quatro estacas é preferível visto que ela
possui uma resistência a deterioração maior que a estaca cravada.
51

V. Quanto a facilidade de fabricação


Em relação a facilidade no momento de fabricação a fundação por estaca única
é mais viável visto que é construída apenas uma estaca para cada turbina e seu
processo é mais simplificado. Já a fundação por treliça necessita da fabricação de
quatro estacas e mais a construção do bloco ou da treliça de aço em cima das estacas,
tornando o processo mais complexo.
VI. Quanto a estabilidade e distribuição de cargas
Quanto a este requisito a fundação por estaca única é mais indicada visto que
os esforços são mais bem distribuídos.
VII. Quanto ao impacto ambiental
Visto que os dois sistemas necessitam da utilização do martelo hidráulico para
sua cravação, à estaca única cravada é preferível, pois o outro sistema causaria um
impacto ambiental maior.
VIII. Quanto ao peso e tamanho de turbina suportado pela fundação
A fundação de bloco com quatro estacas é indicada para suportar aerogeradores
de grande porte, porém a turbina padrão adotada para o estudo de caso não é de
grandes dimensões, existem projetos muito maiores aplicados em parques eólicos
existentes. Portanto, a fundação de estaca única cravada é satisfatória para esse
quesito, pois é indicada para turbinas de pequeno porte e potência.
IX. Quanto à quantidade de material necessário para construção das
fundações
As estacas da treliça são consideravelmente menores que a estaca única
cravada, portanto, necessitam de menos material em sua construção, sendo preferível
nesses casos. Porém se na parte superior do bloco com quatro estacas for construída
uma treliça de aço, irá necessitar de mais material em sua concepção. Em geral
comparando toda a estrutura a treliça irá receber mais material, se tornando inviável
em relações de custo.
X. Quanto a estudos e aplicações
A fundação por estaca única cravada é a mais usual em parques eólicos
offshore, atingindo 80% dos projetos em operação, portanto existe mais experiência e
estudos publicados na área para esse tipo de fundação em turbinas eólicas offshore,
tornando o seu uso mais viável.
XI. Quanto ao custo do processo construtivo das fundações
52

A fundação corresponde a 20% do custo total da instalação de uma turbina


eólica, portanto economizar nesta fase é de extrema importância. Estudos mostram
que o custo para instalação de uma fundação do tipo treliça é muito elevado tornando
esse sistema um tanto inviável, portanto em relações de valor é desejável o uso da
fundação do tipo estaca única cravada.
XII. Quanto a facilidade de transporte
Em uma análise geral, pode determinar-se que a fundação com quatro estacas
possui uma maior facilidade de transporte e armazenamento, visto que suas estacas
são menores do que à estaca única. Porém, ao se adotar o porto de Itapoá como apoio
na instalação, nota-se que o porto possui capacidade de armazenamento de
elementos de grandes toneladas e de grandes dimensões, sendo ideal para o
armazenamento das estacas únicas, além disso o porto possui equipamentos de
manuseio adequados para içar as grandes fundações e carregá-las nas embarcações.
Sendo assim, neste caso em específico, o tamanho dos componentes da
fundação não irá causar interferências ou dificuldades na logística de transporte,
podendo adotar a estaca única cravada como a melhor opção, visto que será realizado
menores números de içamentos e de viagens da embarcação até o local offshore.
A Tabela 7 e a Tabela 8 apresentam um comparativo geral dos dois tipos de
fundações para melhor visualização.

Tabela 7: Comparativo geral entre a estaca única e o bloco com quatro estacas

Parâmetro Estaca única cravada Bloco com quatro estacas

Profundidade de água 40 metros 60 metros


Tamanho das estacas 9 metros de diâmetro Diâmetros de 1 a 3 metros
Processo de cravação Martelo hidráulico à percussão Martelo hidráulico à percussão
Complexidade da Complexidade na fixação e no
Sem complexidades
instalação transporte
Custos Custos operacionais mais Custos mais altos
baixos
Resistência a deterioração Menor resistência Maior resistência
Trabalho aos esforços Trabalha flexão para combate Possui flexão menor, porém
dos esforços e momentos. possuem tração.
Tipo de solo Não é indicado para solos com Não é indicado para solos com
pedregulhos ou pedras pedregulhos ou pedras
Fonte: Autoria Própria (2022)
53

Tabela 8: Comparativo geral quanto os requisitos básicos de instalação

Fundação com
Parâmetro Justificativa
maior vantagem

É indicada para profundidades até 40


Profundidade de água
Estaca única cravada metros, já a fundação de bloco é indicada
de 24 m
para locais mais distantes.

Velocidade de vento > Essa estaca é satisfatória devido a sua


Estaca única cravada
7,0 m/s estabilidade.

Essa estaca é indicada para solos


Tipo de solo (Areia arenosos, já a fundação do tipo bloco
Estaca única cravada
siltosa) com estacas é usada em argilas mais
duras.
É preferível visto que ela possui uma
Resistência à Bloco com quatro
resistência a deterioração maior que a
deterioração estacas
estaca cravada.

Facilidade de Possui um processo de fabricação mais


Estaca única cravada
fabricação simplificado.

Possui uma estabilidade maior. Porém a


Estabilidade e Bloco com quatro
estaca única tem uma melhor distribuição
distribuição de cargas estacas
de cargas.

Impacto ambiental Estaca única cravada Causa menor impacto ambiental.

Peso e tamanho da A turbina adotada para o estudo é de


turbina suportada pela Estaca única cravada pequeno porte e potência, à estaca única
fundação é satisfatória para suportá-la.
Quantidade de
Comparando toda a estrutura o bloco irá
material usado para a
Estaca única cravada receber mais material em construção, se
construção da
tornando mais cara.
fundação
Essa fundação é a mais usual em
Quanto a estudos e
Estaca única cravada parques eólicos offshore, atingindo 80%
aplicações
dos projetos em operação.

Custo do processo Essa fundação possui um custo mais


Estaca única cravada
construtivo baixo que a fundação do tipo treliça.

O porto de apoio adotado é ideal para o


armazenamento das grandes estacas,
Facilidade de
Estaca única cravada além disso será realizado menores
transporte
números de içamentos e de viagens da
embarcação até o local offshore.
Fonte: Autoria Própria (2022)
54

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ESFORÇOS ATUANTES NAS FUNDAÇÕES EÓLICAS OFFSHORE

Os esforços atuantes nas fundações eólicas são gerados a partir do peso próprio
dos seus elementos (carga vertical), ações do vento e das ondas (cargas horizontais).
(ZALTRON et al., 2019).
O esquema dos esforços atuantes nas estruturas de fundações é demonstrado
na Figura 11. Abaixo será exemplificado o processo de determinação das cargas que
estarão atuando nas estruturas de fundação.

Figura 11 – Esforços atuantes em uma estrutura de fundação

Fonte: (ZALTRON et al., 2019).

4.1.1 Peso da Turbina Eólica

Para o estudo de caso foi adotado um modelo de turbina eólica desenvolvido


pela NREL em 2009, muito utilizado em estudos acadêmicos. A massa geral da turbina
é dividida pelos seus componentes, demonstrados na Tabela 9.

Tabela 9 – Propriedades dos Componentes da Turbina Eólica

Propriedades dos componentes da turbina eólica


Componente Massa Peso Material
Rotor 110000 kg 1079 kN -
Nacele 240000 kg 2354 kN -
Torre 347460 kg 3407 kN Aço
Lâminas 17740 kg 174 kN Fibra de vidro
Cubo 56780 kg 556,8 kN -
Fonte: (NREL, 2009)
55

De acordo com os dados coletados do relatório da NREL (National Renewable


Energy Laboratory), o peso total de uma turbina eólica que será suportada pela
fundação é de 7.570,8 kN ou 7,5708 MN.
Byrne e Houlsby (2003) descrevem em seu artigo que uma turbina com uma
potência de 3,5 MW, altura do rotor de 90 metros, a uma profundidade de 20 metros
e com uma fundação do tipo estaca única de 4 metros de diâmetro, possui uma carga
vertical correspondente ao seu peso próprio que varia entre 6 e 10 MN (carga vertical
demonstrada na Figura 13). O peso da turbina eólica escolhida para o estudo de caso
está dentro dos parâmetros do exemplo citado por Byrne e Houlsby.

4.1.2 Carga do Vento

A velocidade básica do vento (𝑉0) depende do local onde a estrutura é construída


e as velocidades são mostradas na Figura 9.
Conforme o local adotado no estudo de caso (Guaratuba/PR), a velocidade
básica adotada é de 40 m/s, sendo a velocidade próxima ao litoral do Paraná.
Os coeficientes determinados para o estudo de caso são demonstrados abaixo:
a) Fator topográfico (𝑆1): esse parâmetro leva em consideração o relevo onde a
estrutura será instalada. Para uma estrutura instalada no mar será adotado um
fator topográfico de 𝑺𝟏 = 1,0 referente a terrenos planos.
b) Fator de rugosidade e dimensão da edificação 𝑆2 : esse parâmetro combina a
rugosidade do terreno, a variação da velocidade do vento (com altura acima do
terreno) e as dimensões da edificação (NBR 6123, 1988).
c) Rugosidade do terreno: na norma 6123 a rugosidade do terreno é classificada
em cinco categorias, para o estudo de caso é adotada a Categoria 1,
rugosidade para superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de
extensão. Nessa categoria se enquadra mar calmos, lagos e rios.
d) Dimensões da edificação: a NBR 6123 define três classes de edificação para
determinação do 𝑆2 , para este caso será utilizada a Classe C, a qual seria
“Edificação para a qual a maior dimensão horizontal ou vertical da superfície
frontal exceda 50m” (NBR 6123, 1988). Foi adotada a essa classe pois, a altura
da torre acima do solo é da ordem de 87,6 metros.
56

Segundo a Tabela 2, os parâmetros adotados para o cálculo do 𝑆2 no estudo de


caso são:
b = 1,12
p = 0,07
Fr = 0,95
Z = 126,6 m (compondo a altura da torre acima do nível do nível do solo de 87,6
metros e a metade do diâmetro do rotor da ordem de 63 metros, diminuindo a
profundidade de água de 24 metros.)
O valor obtido para o fator 𝑆2 foi de 1,2709. Segundo a Tabela 2 da NBR 6123
(ABNT 2020), considerando a classe de edificação e o fator de rugosidade, o valor
aproximado para esse parâmetro é de 1,27, tornando válido o cálculo realizado.
e) Fator estatístico (𝑆3 ): Para o estudo de caso foi considerado o grupo 3
(“Edificação e instalações industriais com baixo fator de ocupação” (ABNT NBR
6123/2020) com um fator estatístico de 0,95.
Considerando os valores determinados para os fatores e para a velocidade
básica, para o estudo de caso desenvolvido, a velocidade característica do vento é de
ordem de 48,29 m/s.
Para a velocidade característica do vento de 48,29 m/s, a pressão dinâmica do
vento é da ordem de 1429,71 N/m². Com esse valor obtido pode-se calcular a força
estática do vento.
Jonkman et al. (2009) realizaram um estudo para determinar os coeficientes de
sustentação, arrasto e momento para dois aerofólios diferentes em função do ângulo
de ataque da força de vento, os quais são mostrados na Figura 12.
Para esse projeto será considerado um modelo de turbina eólica sem considerar
possíveis deflexões da estrutura e sem se preocupar com o sistema de controle,
portanto, ela será considerada como uma estrutura rígida e com velocidade de rotação
e ângulo das lâminas fixos. Diante disso, com base na análise de Jonkman et al., para
esse estudo será adotado um coeficiente de arrasto de 1,4 para um impacto da força
do vento a um ângulo de 90º no protótipo. Sendo assim:
𝐶𝑎 = 1,4
57

Figura 12 – Coeficientes aerodinâmicos para dois aerofólios diferentes

Fonte: (Jonkman et al., 2009)

Para o cálculo da área de impacto foi considerado que a torre da turbina eólica
possui um diâmetro aproximado de 4,5 metros. Assim sendo, a área de impacto da
carga do vento considerada é de, aproximadamente, 450 m².
Em resumo, para o projeto, substituindo os valores de área frontal, coeficiente
de arrasto e pressão dinâmica do vento, obtemos a seguinte equação:
𝑁
𝐹𝑎 = 1,4 ∗ 1429,71 ( 2 ) ∗ 450 (𝑚2 )
𝑚
𝐹𝑎 = 900.717,30 𝑁 = 0,9 𝑀𝑁
Sendo assim, para o estudo de caso a força de arrasto devido ao vento na
estrutura é de 0,9 MN.
58

4.1.3 Exemplificação dos esforços atuantes em uma turbina eólica

Como descrito anteriormente, os principais carregamentos que as torres eólicas


offshore estão expostas são os carregamentos correspondentes ao vento, ondas,
correntes e peso próprio.
De acordo com Byrne e Houlsby (2003), uma turbina eólica com capacidade de
3,5 MW, instalada a uma profundidade de água de 20 metros, com altura de 90 metros
e compondo uma fundação do tipo monopile de 4 metros de diâmetro, possui os
seguintes carregamentos atuantes:
 Carga vertical referente ao peso próprio varia de 6 a 10 MN;
 Carga horizontal referente ao vento atuando no eixo da turbina de 1 MN;
 Carga horizontal referente a combinação de ondas e corrente atuando a
10 metros acima do leito marinho de 1 ± 2 MN.
A Figura 13 mostra a resultante dessas cargas atuando no topo da fundação.
Sendo P a combinação das forças de vento, ondas e correntes.

Figura 13 – Esforços atuantes em uma turbina eólica de 3,5 MW

Fonte: (Almeida, et al., 2019)

Analisando os valores encontrados no estudo de caso, referente ao peso próprio


da turbina de 7,57 MN e força do vento de 0,9 MN, verifica-se que os valores estão
próximos as cargas apontadas por Byrne e Houlsby tornando as cargas coerentes.
59

Como o cálculo de cargas referente as ondas e as correntes são complexos e


necessitam de modelagem em software, será adotado o mesmo valor de 1 ± 2 MN
apontado por Byrne e Houlsby, visto que a dimensão e condição dos modelos de
turbina eólica offshore são semelhantes.
Assim sendo, os valores dos esforços atuantes nas fundações analisadas no
estudo de caso são resumidos na tabela abaixo.

Tabela 10 – Esforços atuantes no topo da fundação

Esforços atuantes no topo da fundação da turbina eólica offshore


Peso da turbina eólica 7,57 MN
Carga do vento 0,9 MN
Carga das ondas e correntes 1 ± 2 MN
Fonte: Autoria Própria (2022).

4.1.4 Reações do solo nas fundações

Nesse estudo de caso, as estacas foram modeladas com a reação do solo na


estrutura sendo representada por molas atuando lateralmente e crescendo com a
profundidade.
Os valores para o coeficiente de reação horizontal do solo foram determinados
por Terzaghi (1955), onde ele estabelece que para areias abaixo do nível da água, em
terreno submerso, o valor do 𝑘ℎ é de 11000 kN/m³. As estacas foram definidas com
diâmetro de quatro metros e a profundidade de varia de 0 a 20 metros. As molas foram
analisadas com distanciamento de um metro entre elas.
A partir dos valores encontrados em literaturas e determinações em estudos,
foram calculadas as reações das molas e os resultados obtidos estão apresentados
através da Tabela 11 e Tabela 12.
60

Tabela 11 – Molas elásticas para reação do solo da estaca única

Molas elásticas para reação do solo – Estaca única


Profundidade Diâmetro Nh Mola
(m) (m) (kN/m³) (kN/m)
20 4 11000 880000
19 4 11000 836000
18 4 11000 792000
17 4 11000 748000
16 4 11000 704000
15 4 11000 660000
14 4 11000 616000
13 4 11000 572000
12 4 11000 528000
11 4 11000 484000
10 4 11000 440000
9 4 11000 396000
8 4 11000 352000
7 4 11000 308000
6 4 11000 264000
5 4 11000 220000
4 4 11000 176000
3 4 11000 132000
2 4 11000 88000
1 4 11000 44000
Fonte: Autoria própria

Tabela 12 – Molas elásticas para reação do solo do bloco com 4 estacas

Molas elásticas para reação do solo - Bloco com 4 estacas


Profundidade (m) Diâmetro (m) Nh (kN/m³) Mola (kN/m)
10 2 11000 220000
9 2 11000 198000
8 2 11000 176000
7 2 11000 154000
6 2 11000 132000
5 2 11000 110000
4 2 11000 88000
3 2 11000 66000
2 2 11000 44000
1 2 11000 22000
Fonte: Autoria própria
61

4.2 MODELAÇÃO DAS FUNDAÇÕES NO FTOOL

4.2.1 Estudo de caso 1 – Modelação da estaca única cravada

A princípio foi modelada no Ftool uma parte da estrutura da turbina eólica


offshore, simples e fixa, apenas para obter as reações de apoio referente as cargas
da superestrutura que atuam na fundação. As reações de apoio obtidas foram:

 Reação Cortante (vertical) = 7570 kN;


 Reação Normal (horizontal) = 3900 kN;
 Momento Fletor = 112710 kN.m.

Observa-se que as reações de apoio estão coerentes visto que os valores


encontrados são semelhantes as reações definidas por Byrne e Houlsby (2003),
sendo que as turbinas eólicas e suas condições são similares.
Segundo Zaltron et al. (2019), as cargas que atuam na fundação são:

 Cargas proveniente da superestrutura;


 Cargas decorrente a interação do solo-estrutura;
 Peso próprio da fundação.

Para uma primeira análise foi modelada uma estaca metálica para fundação,
com as seguintes propriedades:

Tabela 13 – Propriedade da estaca metálica para fundação

Propriedades da estaca metálica para fundação


Módulo de Elasticidade (E) 205 GPa
Coeficiente de Poisson (v) 0,35
Diâmetro da estaca 4 metros
Espessura da estaca 0,05 metros
Momento de Inércia 1,21 m^4
Área da seção 0,6205 m²
Volume da estaca 18,615 m³
Comprimento cravado no solo 20 metros
Comprimento de estaca acima do solo 10 metros
Peso específico do aço 7850 kg/m³
Fonte: Autoria própria (2022)
62

As especificações de diâmetro e comprimento da estaca foram atribuídas com


base em dados de estruturas já existentes, verificando como a estrutura se comporta
e se atende ao nosso estudo de caso.
As cargas referentes as molas estáticas são mostradas na Tabela 11, essas
molas representam a carga que o solo gera na estaca. Na porção da estaca que fica
acima do leito marinho não há interação solo-estaca, portanto não existem as molas
nesse trecho.
A estaca modelada com as características definidas e cargas levantadas é
mostrada na Figura 14. Logo em seguida são mostradas as imagens das reações de
apoio, diagrama de momento fletor, força cortante, força normal e a configuração da
deformação da fundação por estaca única.
Figura 14 - Modelagem no Ftool – Estaca única cravada

Fonte: Autoria própria (Ftool, 2022)


63

A Figura 15 demonstra as reações de apoio da estrutura de fundação por estaca


única cravada.
Figura 15 – Reações de apoio – Estaca única cravada

Fonte: Autoria própria (Ftool, 2022)


64

A Figura 16 apresenta a configuração do diagrama de momento fletor da


fundação por estaca única, bem como os seus valores em kN.m.
Figura 16 – Resultados do momento fletor – Estaca única cravada

Fonte: Autoria própria (Ftool, 2022)


65

A Figura 17 apresenta os resultados do esforço cortante da fundação por estaca


única, com os seus valores em kN.
Figura 17 – Resultados do esforço cortante – Estaca única cravada

Fonte: Autoria própria (Ftool, 2022)


66

A Figura 18 apresenta os resultados da força normal por estaca única, com os


seus valores em kN.
Figura 18 – Resultados da força normal – Estaca única cravada

Fonte: Autoria própria (Ftool, 2022)

A Figura 19 apresenta a configuração de deformação da estaca única, a Figura


20 demonstra os valores dos deslocamentos horizontais, a Figura 21 os
deslocamentos verticais e a Figura 22 os valores da deformação rotacional, com as
unidades de medidas em metros.
67

Figura 19 – Configuração da deformação – Estaca única cravada

Fonte: Autoria própria (Ftool, 2022)


68

Figura 20 – Valores da deformação horizontal – Estaca única cravada

Fonte: Autoria própria (Ftool, 2022)


69

Figura 21 – Valores da deformação vertical – Estaca única cravada

Fonte: Autoria própria (Ftool, 2022)


70

Figura 22 – Valores da deformação rotacional – Estaca única cravada

Fonte: Autoria própria (Ftool, 2022)


71

4.2.2 Estudo de caso 2 – Modelação do bloco com 4 estacas

Para modelar o bloco com 4 estacas foram utilizadas as mesmas reações de


apoio referente as cargas da superestrutura que foram aplicadas na fundação por
estaca única cravada. Para a análise foi modelada a estrutura para fundação, com as
seguintes propriedades, de acordo com a Tabela 14.
Tabela 14 – Propriedades do bloco com 4 estacas para fundação

Propriedades do bloco com 4 estacas para fundação


Módulo de Elasticidade (E) 205 GPa
Coeficiente de Poisson (v) 0,35
Diâmetro das estacas 2 metros
Espessura das estacas 0,05 metros
Momento de Inércia das estacas 0,1457 m^4
Área da seção de uma estaca 0,3063 m²
Volume de uma estaca 3,063 m³
Comprimento das estacas cravado no solo 5 metros
Comprimento das estacas acima do solo 5 metros
Peso específico do aço 7850 kg/m³
Medida do bloco 20x20 metros
Espessura do bloco 3 metros
Fonte: Autoria própria (2022)

As especificações de medidas do bloco e das estacas foram atribuídas com base


em dados de estruturas já existentes, verificando como a estrutura se comporta e se
atende ao nosso estudo de caso. Por exemplo, uma turbina instalada no mar do Norte
para uma capacidade de 5 MW com fundação de treliça e para uma profundidade de
48 m, obteve um diâmetro de 1,8 metro e uma base de 20 m x 20 m.
As cargas referentes as molas estáticas são mostradas na Tabela 12, essas
molas representam a carga que o solo gera na estaca. Na porção das estacas que
ficam acima do leito marinho também não há interação solo-estaca e não existem as
molas nesse trecho.
A modelagem do bloco com 4 estacas é mostrada na Figura 23, com as
propriedades de material e seção definidas e cargas aplicadas. O bloco com as
estacas foi modelado em apenas um eixo, ou seja, foi modelado um lado do bloco
72

com 2 estacas, devido o ftool não aceitar modelações em 3D. Apesar da carga do
vento ser mais incidente em duas estacas e menos nas outras, para uma análise geral
pode se utilizar esse comparativo como se o vento fosse constante e de mesma
grandeza em todas as estacas, devido as análises com diferentes cargas de ventos
nas demais direções serem mais complexas.
Logo em seguida são mostradas as imagens das reações de apoio, diagrama
de momento fletor, força cortante, força normal e a configuração da deformação da
fundação por bloco com 4 estacas.

Figura 23 – Modelagem no Ftool – Bloco com 4 estacas

Fonte: Autoria Própria (Ftool, 2022)


73

A Figura 24 demonstra as reações de apoio da estrutura de bloco com 4 estacas.


Figura 24 – Reações de apoio – Bloco com 4 estacas

Fonte: Autoria Própria (Ftool, 2022)

A Figura 25 apresenta a configuração do diagrama de momento fletor da


fundação de bloco com 4 estacas, bem como os seus valores em kN.m.
Figura 25 – Resultados do momento fletor – Bloco com 4 estacas

Fonte: Autoria Própria (Ftool, 2022)


74

A Figura 26 apresenta os resultados da força cortante da fundação de bloco com


4 estacas, com os seus valores em kN.
Figura 26 – Resultados do esforço cortante – Bloco com 4 estacas

Fonte: Autoria Própria (Ftool, 2022)

A Figura 27 apresenta os resultados da força normal para o bloco com as


estacas, com os seus valores em kN.
Figura 27 – Resultados da força normal – Bloco com 4 estacas

Fonte: Autoria Própria (Ftool, 2022)


75

A Figura 28 apresenta a configuração de deformação do bloco com 4 estacas, a


Figura 29 demonstra os valores dos deslocamentos horizontais, a Figura 30 os
deslocamentos verticais e a Figura 31 os valores da deformação rotacional, com as
unidades de medidas em metros.
Figura 28 – Configuração da deformação – Bloco com 4 estacas

Fonte: Autoria Própria (Ftool, 2022)

Figura 29 – Valores da deformação horizontal – Bloco com 4 estacas

Fonte: Autoria Própria (Ftool, 2022)


76

Figura 30 – Valores da deformação vertical – Bloco com 4 estacas

Fonte: Autoria Própria (Ftool, 2022)

Figura 31 – Valores da deformação rotacional – Bloco com 4 estacas

Fonte: Autoria Própria (Ftool, 2022)


77

4.3 ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA

A capacidade de carga da uma fundação é definida como a tensão transmitida


pela fundação capaz de provocar a ruptura do solo ou a sua deformação excessiva.
Foi estimada a capacidade de carga das fundações por estaca única e bloco com 4
estacas por meio do método semiempírico Aoki-Velloso, a partir da soma das parcelas
de resistência lateral e resistência de ponta.
A capacidade de carga depende de uma série de variáveis, dentre elas, as
características do solo onde o elemento de fundação será implantado. Sendo assim,
de acordo com o modelo de sondagem adotado (ANEXO A), as características do solo
no local de estudo são apresentadas na Tabela 15.
Tabela 15 – Características do solo

CARACTERÍSTICAS DO SOLO
Nº de
Profundidade
golpes Tipo de material
(m)
(Nspt)
0 6 Areia Siltosa, medianamente compacta a muito compacta, cinza.
1 14 Areia Siltosa, medianamente compacta a muito compacta, cinza.
2 56 Areia Siltosa, medianamente compacta a muito compacta, cinza.
3 41 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
4 45 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
5 41 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
6 44 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
7 52 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
8 47 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
9 41 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
10 48 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
Fonte: Sondagem Iron Engenharia Ltda.

Antes de calcular a capacidade de carga foi necessário definir alguns


coeficientes de acordo com os estudos de Aoki Velloso.
Segundo a Tabela 5, como o solo trata-se de areia siltosa, os coeficientes k e a
razão de atrito (α) adotados são:
 Coeficiente k: 0,8 MPa ou 800 KPa.
 Razão de atrito α: 2,0.
Segundo a Tabela 4, como as estacas estudadas são do tipo metálica, os fatores
de correção F1 e F2 adotados são:
 Fator de correção F1: 1,75;
78

 Fator de correção F2: 3,0.


Com a determinação desses dados tabelados é possível realizar o cálculo da
capacidade de carga de cada tipo de fundação.
A Tabela 16 e a Tabela 17 apresentam as estimativas da capacidade de carga
para a fundação por estaca única e para a fundação de bloco com 4 estacas,
respectivamente.
Ambas as planilhas exibem as grandezas das estacas, sendo elas: Diâmetro,
comprimento, perímetro e área. Além disso, também incluem os fatores de correção,
razão de atrito e coeficiente k determinados.
Para o estudo, foi calculado a Resistência Lateral e a Resistência de Ponta das
estacas para cada profundidade e valor de Nspt obtidas pela sondagem, referente ao
solo de Guaratuba/PR.
Posteriormente, foi determinada a resistência lateral, resistência de ponta e
resistência a ruptura final para cada tipo de fundação, com seus valores em kN. O
valor da capacidade de carga (R) foi dividido pelo fator de segurança de 2,0, o qual é
determinado pela NBR 6122 (2010). Com a obtenção dos resultados, foi realizada a
verificação da capacidade de carga em relação a carga transmitida pela fundação ao
solo e foi analisado se as fundações garantem essa transmissão de esforços e se a
carga não causará a ruptura ou a deformação excessiva do solo.
79

Tabela 16 – Estimativa da capacidade de carga da fundação por estaca única cravada

ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA - FUNDAÇÃO POR ESTACA ÚNICA


Área
Diâmetro Fator de Fator de Perímetro Área Resistência
Tipo da Comprimento R lateral de
da estaca Nspt α% K (kpa) correção correção da estaca lateral R lateral de ponta
estaca da estaca (m) acumulada ponta
(m) F1 F2 (m) (m²) (kN)
(m²)
Metálica 4,0 30,0 6 2,0 800 1,75 3,5 12,566 376,991 10340,328 10340,328 12,566 34467,759
Metálica 4,0 30,0 14 2,0 800 1,75 3,5 12,566 376,991 24127,432 34467,759 12,566 80424,772
Metálica 4,0 30,0 56 2,0 800 1,75 3,5 12,566 376,991 96509,726 130977,486 12,566 321699,088
Metálica 4,0 30,0 41 2,0 800 1,75 3,5 12,566 376,991 70658,907 201636,392 12,566 235529,689
Metálica 4,0 30,0 45 2,0 800 1,75 3,5 12,566 376,991 77552,459 279188,851 12,566 258508,195
Metálica 4,0 30,0 41 2,0 800 1,75 3,5 12,566 376,991 70658,907 349847,758 12,566 235529,689
Metálica 4,0 30,0 44 2,0 800 1,75 3,5 12,566 376,991 75829,071 425676,829 12,566 252763,569
Metálica 4,0 30,0 52 2,0 800 1,75 3,5 12,566 376,991 89616,174 515293,003 12,566 298720,581
Metálica 4,0 30,0 47 2,0 800 1,75 3,5 12,566 376,991 80999,235 596292,238 12,566 269997,449
Metálica 4,0 30,0 41 2,0 800 1,75 3,5 12,566 376,991 70658,907 666951,144 12,566 235529,689
Metálica 4,0 30,0 48 2,0 800 1,75 3,5 12,566 376,991 82722,623 749673,767 12,566 275742,075
VERIFICAÇÃO DE RESISTÊNCIA E RUPTURA DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL

Estaca Necessita
Carga Profundidade Quant. A estaca
Estrutura Nd (kN) R lateral R ponta RR R (kN) Verificação suporta a dimensionamento
(kN) (m) estacas (cm²)
carga estrutural

Turbina
eólica 15825,19 26586,315 30,0 1 749673,77 275742,08 1025416 512707,92 Ok 125663,71 Ok Não
offshore

Fonte: As autoras (2022)


80

Tabela 17 – Estimativa da capacidade de carga da fundação de bloco com 4 estacas

ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA - FUNDAÇÃO DE BLOCO COM 4 ESTACAS


Área
Diâmetro Fator de Fator de Perímetro Área Resistência
Tipo da Comprimento R lateral de
da estaca Nspt α% K (kpa) correção correção da estaca lateral R lateral de ponta
estaca da estaca (m) acumulada ponta
(m) F1 F2 (m) (m²) (kN)
(m²)
Metálica 2,0 10,0 6,0 2,0 800 1,75 3,5 6,283 62,832 1723,388 1723,388 3,142 8616,940
Metálica 2,0 10,0 14,0 2,0 800 1,75 3,5 6,283 62,832 4021,239 5744,627 3,142 20106,193
Metálica 2,0 10,0 56,0 2,0 800 1,75 3,5 6,283 62,832 16084,954 21829,581 3,142 80424,772
Metálica 2,0 10,0 41,0 2,0 800 1,75 3,5 6,283 62,832 11776,484 33606,065 3,142 58882,422
Metálica 2,0 10,0 45,0 2,0 800 1,75 3,5 6,283 62,832 12925,410 46531,475 3,142 64627,049
Metálica 2,0 10,0 41,0 2,0 800 1,75 3,5 6,283 62,832 11776,484 58307,960 3,142 58882,422
Metálica 2,0 10,0 44,0 2,0 800 1,75 3,5 6,283 62,832 12638,178 70946,138 3,142 63190,892
Metálica 2,0 10,0 52,0 2,0 800 1,75 3,5 6,283 62,832 14936,029 85882,167 3,142 74680,145
Metálica 2,0 10,0 47,0 2,0 800 1,75 3,5 6,283 62,832 13499,872 99382,040 3,142 67499,362
Metálica 2,0 10,0 41,0 2,0 800 1,75 3,5 6,283 62,832 11776,484 111158,524 3,142 58882,422
Metálica 2,0 10,0 48,0 2,0 800 1,75 3,5 6,283 62,832 13787,104 124945,628 3,142 68935,519
VERIFICAÇÃO DE RESISTÊNCIA E RUPTURA DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL
Estaca Necessita
Carga Profundidade Quant. A estaca
Estrutura Nd (kN) R lateral R ponta RR R (kN) Verificação suporta a dimensionamento
(kN) (m) estacas (cm²)
carga estrutural
Turbina 15825,188 26586,315 10,0 4 46531,48 64627,05 444634,1 222317,048 Ok 31415,927 Ok Sim
Eólica
Fonte: As autoras (2022)
81

4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após a obtenção dos resultados, foram analisadas como as estruturas estão se


comportando com a aplicação das cargas, como ocorrem as suas deformações, se as
tensões transmitidas pela fundação ao solo são capazes de causar ruptura ou
deformação excessiva e qual dos dois tipos de fundação é mais vantajosa para o
estudo de caso.
Analisando os diagramas de deformação dos dois casos, observa-se que ambas
as estruturas se deslocam como um corpo rígido. O diâmetro grande da estaca única
faz com que ela se desloque como um corpo rígido e tenha elevada rigidez, sendo
assim quase não apresenta deformações por flexão. O bloco com 4 estacas também
possui um comportamento rígido visto que existe pouca deformação do bloco em si.
Os elementos rígidos trabalham como uma estrutura com elevada rigidez e podem se
deformar sem que haja alteração da sua forma.
Analisando a distribuição dos esforços nos diagramas de momento fletor e
cortante dos dois casos, observa-se que os esforços da estaca única cravada giram
em relação a um ponto e existem reações dos dois lados da estaca, sendo assim a
fundação por estaca cravada possui uma melhor distribuição de cargas que a
fundação por bloco com 4 estacas.
Outro ponto é que a fundação por estaca única possui menores deformações em
contato com o solo de Guaratuba/PR, visto que esse tipo de fundação é indicado para
solos arenosos e as fundações de bloco com quatro estacas são mais bem
aproveitados em solos argilosos, pois devido a sua tração ele necessita de um atrito
lateral mais elevado, já a estaca cravada não possui tração.
Um comparativo entre deformações é que a 1 metro de sua base, a estaca única
possuiu uma deformação horizontal de 0,02 milímetro, já o bloco com 4 estacas a 1
metro da sua base possui uma deformação horizontal de 0,11 milímetro,
demonstrando que a estaca única possui menores deformações.
Referente a capacidade de carga das fundações, as estimativas obtidas para os
dois tipos de fundação foram verificadas, ou seja, a tensão transmitida pela fundação
ao solo é garantida pelo tamanho e profundidade das estacas e não irá causar ruptura
ou uma deformação excessiva.
82

Além disso, a estaca única cravada possui uma resistência lateral, resistência de
ponta e resistência a ruptura maiores do que a fundação de bloco com quatro estacas,
demonstrando que essa fundação atingiu capacidades de carga maiores de solo.
83

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das análises e resultados, foi possível concluir que a fundação por estaca
única cravada é mais vantajosa se comparada à fundação de bloco com 4 estacas,
em virtude de ter alcançado maiores capacidades de carga do solo, menores
deformações e uma melhor distribuição de cargas. Uma das explicações é devido às
estacas únicas cravadas serem mais indicadas para construção em solos arenosos,
se tratando do solo adotado para o estudo.
Ambos os tipos de fundações alcançaram uma verificação positiva da estimativa
de capacidade de carga, ou seja, a carga transmitida pelas fundações não causará a
ruptura e nem a deformação excessiva do solo e as fundações adotadas garantem
uma boa transmissão dos esforços. Porém, a fundação por estaca única se mostrou
mais adequada em termos de capacidade de carga e deformações.
Analisando o método de Aoki e Velloso percebeu-se que o cálculo da capacidade
de carga depende muito do tipo do solo em que a fundação é construída e das
características das estacas (comprimento, diâmetro e tipo), e, além disso, mudança
do local de construção pode alterar os resultados. Um outro ponto a se considerar é
que alterar a profundidade e diâmetro das estacas pode influenciar na distribuição dos
esforços e de sua capacidade de carga, o ideal é realizar diferentes combinações de
dimensões para encontrar a fundação que melhor se adeque em questões
econômicas, viabilidade estrutural e segurança.
Analisando os diagramas obtidos por meio do Ftool, observou-se que ambas as
estruturas de fundação se deslocam como um corpo rígido, possuem uma boa
distribuição de cargas e pouca deformação em si. Comparando os dois tipos, pode-se
julgar que a estaca única cravada está trabalhando melhor com a aplicação das cargas
e deformando menos. As modelagens feitas no Ftool foram de grande importância
para analisar como as fundações se comportam quando estão sujeitas às cargas de
peso da turbina eólica, ventos, ondas, correntes e reação do solo.
Outro ponto levantado foi referente aos esforços atuantes nas fundações das
turbinas eólicas offshore, onde nota-se uma grande influência do peso da turbina
eólica e das cargas de ventos e ondas; essas cargas com valores altos geram a
necessidade de fundações de grandes proporções. A determinação correta das
cargas atuantes foi de suma importância para analisar como a estrutura se comporta
transmitindo os esforços ao solo. Em contrapartida, como o estudo de caso considerou
84

a estrutura fixa e com a incidência de cargas em apenas uma direção, seria


interessante analisar o impacto do vento e ondas em outras direções para resultados
mais completos.
Além disso, chegou-se à conclusão de que a interação do solo com a estrutura
possui grande relevância para verificar a deformação das estacas, devido a reação do
solo ser proporcional à deformação relativa da estaca com o solo. Com a aplicação
lateral das molas estáticas foi possível observar que a tensão aplicada no solo é
proporcional ao deslocamento da estaca.
Presumiu-se, através da pesquisa bibliográfica, que a estaca única é a opção
mais viável para o estudo em questão devido a diversos fatores e seu uso é o mais
predominante em usinas eólicas offshore devido a sua facilidade de execução, maior
controle de qualidade e sua boa estabilidade em terrenos sem autossustentação.
Com base nesses fatores e justificado pelas vantagens provenientes do uso da
energia eólica offshore, o objetivo do presente trabalho foi apresentar de forma geral
que, nas condições de ambiente e premissas adotadas, a fundação por estaca única
cravada é mais favorável em questões de capacidade de carga e deformações.
Durante a pesquisa, também foi possível apresentar os principais parâmetros a serem
observados na escolha do tipo de fundação a ser utilizada para turbinas eólicas
offshore, bem como, os carregamentos que devem ser avaliados para o
dimensionamento das estruturas de fundações.
O intuito da pesquisa foi de impulsionar o desenvolvimento do setor eólico
através da elaboração de um referencial teórico para auxiliar na elaboração de futuros
estudos e projetos de fundações em turbinas eólicas offshore.
Para que o objetivo fosse atendido, o trabalho abordou os preceitos da energia
eólica offshore, características de turbinas eólicas, conceitos básicos sobre as
fundações, parâmetros e normativas para terminação de cargas atuantes, conceitos
sobre modelação e análise de estruturas em software, neste caso o Ftool, e
metodologias para determinação de capacidade de cargas de fundações.
Dado o exposto, esse trabalho visou reunir uma série de conhecimentos e abrir
novos questionamentos, a fim de instigar futuras pesquisas e estimular a exploração
das usinas eólicas offshore no Brasil.
85

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89

ANEXOS
90

ANEXO A – SONDAGEM UTILIZADA COMO REFERÊNCIA PARA O SOLO DO


LITORAL DE GUARATUBA

Fonte: Iron engenharia LTDA

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