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Ent Monografia TCC - 2 Juliana Julia Jordana
Ent Monografia TCC - 2 Juliana Julia Jordana
CURITIBA
2022
JORDANA KOCHANOWSKI DE MÉO
JULIA REBELO OLIVEIRA BOCHIO
JULIANA TURKO PEREIRA DOS SANTOS
CURITIBA
2022
JORDANA KOCHANOWSKI DE MÉO
JULIA REBELO OLIVEIRA BOCHIO
JULIANA TURKO PEREIRA DOS SANTOS
_____________________________
Prof.º Membro da Banca
Offshore wind farms can be defined as wind turbines installed at sea that
generate electrical energy through the transformation of translational kinetic energy,
contained in moving air masses, into rotational kinetic energy. The study of foundations
for this type of wind farm is extremely important because the foundation is one of the
main elements of the structure. The main objective of the work is to analyze and
compare the load capacity and deformations of two types of foundations for an offshore
wind turbine, being a single pile driven and the other composed of a block with four
piles. Thus, it is proposed to present the best solution from the technical and economic
points of view for the foreseen case study. Analyzing the results, it can be noted that
the single driven pile is the most favorable option in terms of load capacity and
deformations.
Keywords: offshore wind farms; foundations; load capacity.
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 10
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 10
1.3 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ........................................................................ 11
1.4 HIPÓTESE .......................................................................................................... 12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 13
2.1 USINAS EÓLICAS OFFSHORE .......................................................................... 13
2.2 PROCESSO CONSTRUTIVO ............................................................................. 14
2.3 TURBINAS EÓLICAS OFFSHORE ..................................................................... 14
2.4 TIPOS DE FUNDAÇÕES DE TURBINAS EÓLICAS OFFSHORE ...................... 16
2.4.1 Fundação por gravidade ................................................................................... 18
2.4.2 Fundação por estaca única .............................................................................. 19
2.4.3 Fundação por tripé............................................................................................ 19
2.4.4 Fundação por treliça ......................................................................................... 20
2.4.5 Fundação por sucção ....................................................................................... 21
2.4.6 Fundação flutuante ........................................................................................... 21
2.5 ESTUDO DE SONDAGEM EM USINAS EÓLICAS ............................................. 22
2.5.1 Sondagens no ambiente terrestre .................................................................... 23
2.5.2 Sondagens no ambiente marinho ..................................................................... 24
2.5.3 Métodos, técnicas e equipamentos .................................................................. 25
2.6 POTENCIAL EÓLICO DO BRASIL ...................................................................... 26
2.7 carregamentos nas estruturas de fundação ........................................................ 28
2.7.1 Transmissão de cargas .................................................................................... 30
2.7.2 Forças hidrodinâmicas...................................................................................... 31
2.7.3 Força dos ventos .............................................................................................. 32
2.7.4 Carregamentos permanentes ........................................................................... 38
2.7.5 Reação do solo ................................................................................................. 38
2.8 MÉTODO AOKI-VELLOSO (1975) ...................................................................... 40
2.9 FTOOL (Two-dimensional Frame Analysis Tool) ................................................. 42
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 44
3.1 COMPARATIVO geral ENTRE ESTACA ÚNICA CRAVADA E BLOCO COM
QUATRO ESTACAS DO TIPO TRELIÇA.................................................................. 45
3.1.1 Premissas adotadas para o estudo de caso ..................................................... 47
3.2 COMPARATIVO QUANTO AOS REQUISITOS BÁSICOS DE INSTALAÇÃO .... 50
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 54
4.1 ESFORÇOS ATUANTES NAS FUNDAÇÕES EÓLICAS OFFSHORE ............... 54
4.1.1 Peso da Turbina Eólica..................................................................................... 54
4.1.2 Carga do Vento ................................................................................................ 55
4.1.3 Exemplificação dos esforços atuantes em uma turbina eólica ......................... 58
4.1.4 Reações do solo nas fundações ....................................................................... 59
4.2 MODELAÇÃO DAS FUNDAÇÕES NO FTOOL ................................................... 61
4.2.1 Estudo de caso 1 – Modelação da estaca única cravada ................................. 61
4.2.2 Estudo de caso 2 – Modelação do bloco com 4 estacas .................................. 71
4.3 ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA ..................................................... 77
4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 81
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 83
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 85
ANEXOS ................................................................................................................... 89
ANEXO A – SONDAGEM UTILIZADA COMO REFERÊNCIA PARA O SOLO DO
LITORAL DE GUARATUBA ..................................................................................... 90
10
1 INTRODUÇÃO
estacas;
Comparar a capacidade de carga de uma fundação por estaca única
cravada e uma fundação de bloco com quatro estacas.
1.4 HIPÓTESE
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 USINAS EÓLICAS OFFSHORE
Uma usina eólica offshore consiste na instalação de aerogeradores no mar para
gerar energia elétrica, energia essa que se origina por meio da transformação da
energia cinética de translação, contidas nas massas de ar em movimento, em energia
cinética de rotação. É considerada uma das fontes de energia mais limpas, com baixo
impacto ambiental e recursos inesgotáveis (EPE, 2017).
Os parques eólicos offshore têm um grande potencial energético para “competir”
com outras fontes de energia utilizadas no Brasil, como as usinas hidrelétricas, mesmo
que para isso seja necessário percorrer um longo caminho ainda.
O estudo da fundação de usinas eólicas offshore é extremamente importante
pois é a partir da fundação que os aerogeradores se estabilizam no oceano e então a
energia pode ser gerada.
De acordo com Bauer, et. al. (2015, p.24):
As primeiras fazendas eólicas offshore foram instaladas próximas da costa e com
pouca profundidade de água, com o intuito de servir como prova de conceito, e, desta
forma, foi necessário avaliar os riscos e obter experiências para desenvolver projetos
que fossem além da área costeira. Hoje é possível construir parques eólicos com
distâncias maiores de 100 km da costa, e quanto mais longe maior é a geração de
energia elétrica.
Rodrigues (2015, p. 24), cita que “o primeiro parque eólico offshore foi instalado
na Dinamarca em 1991, recebendo o nome de Vindeby. Ele foi construído com 11
turbinas eólicas, com capacidade total instalada de 4,95 MW, localizado a 2 km da
costa e à 4 m de profundidade da água, sendo o primeiro projeto a levar energia
elétrica para a costa usando múltiplas turbinas”.
De acordo com (IRENA, 2018, p.17) a grande concentração de parques eólicos
offshore instalados se encontram na Europa. O país com maior capacidade de energia
eólica offshore é o Reino Unido com cerca de 9.945 MW (45% de instalações da
Europa), seguido pela Alemanha (34%), Dinamarca (8%), Bélgica (7%) e Holanda
(5%). Esses países representam 99% da capacidade instalada na Europa. Outros
países como França, Espanha, Finlândia, Suécia, Noruega, Irlanda e Portugal
também possuem esse tipo de energia. Fora da Europa, a China alcança uma alta
colocação no ranking.
14
Figura 1 – Esquema de aproveitamento dos ventos pelos diferentes tipos de turbinas eólicas
colocadas por meio da cravação do solo e o último método é feito com ancoras
cravadas no solo.
A determinação do tipo de fundação que será usada vai depender das condições
do local de instalação, do tipo e dimensão dos aerogeradores, da viabilidade, da
distância da costa até o parque e da profundidade da água. A complexidade da
fundação cresce com o aumento da distância da costa e da profundidade da água. A
Figura 3 demonstra os tipos de fundações utilizadas em turbinas eólicas offshore.
Seguindo esse contexto, os principais tipos de fundação são:
Gravidade;
Estaca Única;
Tripé;
Treliça;
Sucção;
Flutuantes.
Figura 3 – Tipificação de fundações de turbinas eólicas offshore
Segundo Ribeiro (2015), a fundação por tripé consiste em um cilindro central que
faz ligação com a torre da turbina e uma base tripé instalada em cima de três estacas
20
A fundação por treliça consiste em vários tubos de aço em forma de treliça, fixada
no fundo do mar por meio da cravação de três ou quatro estacas; a união entre as
estacas e a treliça também é feita por meio de rejuntamento, ou seja, a solda entre os
tubos da treliça e as estacas com a estrutura acima. A treliça é muito usada em
subestações offshore, pois suporta grandes dimensões (NASCIMENTO 2018, p. 37).
Segundo (NASCIMENTO, 2018, p.37) as vantagens do uso desse tipo de
fundação são:
Aplicável a grandes distâncias e profundidades;
Boa resistência a deterioração;
Capacidade de suportar grandes cargas;
Grande rigidez e estabilidade.
E as desvantagens são:
Impacto causado à fauna e a flora, até quatro vezes mais intenso que a
estaca única;
Complexidade na fabricação e instalação.
21
No caso de uma fundação por treliça sobre blocos, eles devem ser
executados conforme o projeto de fundação para cada um, seguindo as dimensões e
especificações determinadas conforme normas regulamentadoras. Já para o
dimensionamento de um bloco é necessário conhecer o comportamento estrutural e
verificar qual tipo de bloco será aplicado. O bloco de coroamento é classificado em
bloco rígido que não sofre deformação durante a sua aplicação e bloco flexível, que
se deforma conforme a estrutura recebe outros carregamentos. Dessa forma as
cargas não ocorrem de maneira uniforme entre as estacas.
A fundação por treliça é feita de blocos rígidos, que possuem resistência na
base e transmitem as cargas da estrutura de maneira uniforme para cada estaca. Para
o dimensionamento dos blocos de fundações a NBR 6118 (ABNT, 2014) especifica o
método de bielas e tirantes, com base em estudos realizados por Blévot e Fremy em
1967, analisando o elemento estrutural através de treliças internas imaginárias
compostas por bielas, tirantes e nós submetidas por ações de compressão e tração.
A fundação flutuante não tem contato direto com o solo marinho e é fixada no
local por meio de um sistema de ancoragem. Durante a fixação as âncoras são
arrastadas no solo marinho para a penetração.
Segundo (Barcellos 2018, p. 12) existem três principais tipos de concepções
flutuantes: Spar Buoy, Tensioned-leg Platforms (TLP) e Semi-submersible Platforms
(SSP).
22
As spar buoy são estruturas cilíndricas que possuem elevado peso próprio, com
grande diâmetro e extensão vertical. “A estrutura é lastreada para manter o centro de
gravidade abaixo do centro de carena, aumentando a estabilidade do sistema. O
sistema de amarração é composto por catenárias ou linhas de amarração. Possui um
design simples, com baixos custos de instalação e opera em profundidades superiores
a 100 metros” (OLIVEIRA, 2020, p. 17).
As TLP são plataformas semi-submersas no mar e seu sistema de amarração é
a ancoragem vertical por cabos fixados no fundo do mar por estacas de sucção. “Uma
de suas vantagens é que possui uma massa relativamente baixa e pode ser instalada
em profundidades por volta dos 55 metros, dependendo das condições do mar”
(OLIVEIRA, 2020, p. 20).
As SSP são estruturas flutuadas no mar e fazem uso do sistema de ancoragem
em catenária, onde as linhas são pressas por meio de âncoras de resistência
horizontal. “Podem ser instaladas em profundidades acima de 40 metros, e possuem
facilidade no transporte além de um baixo custo de instalação. Em contrapartida,
possuem tendência de uma maior amplitude de movimento e é utilizada uma maior
quantidade de material para sua construção” (BARCELLOS, 2018, p. 42).
por base formando um ângulo de 120º entre as sondagens. A sondagem em linha não
é recomendada, pois atribui informações em um único plano (BERTUZZI, 2013, p.16).
Existem algumas outras técnicas que são usadas para profundidades de água
maiores, como navios com sonda que podem obter dados geotécnicos de áreas com
até 3.000 m de profundidade.
pouco resistente ou quando possuir solo mole nas camadas de contato com a
estrutura de fundação (ZALTRON et al., 2019).
𝑓𝑀 (𝑥, 𝑧, 𝑡) = 𝐶𝑚 × 𝜌 × 𝑉 × ü (eq. 2)
Onde,
𝑓𝑀 (𝑥, 𝑧, 𝑡) = Força de inércia;
𝐶𝑚 = Coeficiente de inércia = 𝐶𝐴 = Coeficiente de massa adicionada + 1;
𝜌 = Densidade da água salgada;
𝜋×𝐷 2
V = Volume = , sendo dz a altura do elemento cilindro;
4 𝑑𝑧
ü = Fluxo de aceleração.
A força de arrasto é expressa pela equação:
1
𝑓𝐷 (𝑥, 𝑧, 𝑡) = 𝐶𝐷 × 𝜌 × 𝐴 × 𝑢̇ × |𝑢̇ | (eq. 3)
2
Onde,
𝑓𝐷 (𝑥, 𝑧, 𝑡) = Força de arrasto;
𝐶𝐷 = Coeficiente de arrasto,
𝜌 = Densidade da água salgada;
𝑢̇ = Velocidade;
A = Área projetada = D.dz
𝑢̇ 𝑚𝑎𝑥 .𝐷
𝑅𝑒 = (eq. 4)
𝜈
O vento gera carga que oscilam em magnitude e direção, quando ele incide sob
as lâminas da turbina eólica faz com que elas rotacionem, o gerador absorve uma
33
porção da energia cinética do vendo, fazendo com que atras das pás, a sua velocidade
seja reduzida em comparação com a parte frontal. Essa diferença de velocidade gera
uma diferença de pressão entre o lado frontal e posterior do aerogerador, gerando
assim, um momento fletor e força cortante por toda a torre, até a sua fundação
(BERTUZZI, 2013). A Figura 8 demostra um esquema de distribuição de cargas na
estrutura da turbina eólica.
Sendo assim, pode-se determinar a força global na direção do vento (𝐹𝑎 ) ou força
de arrasto, a qual seria a soma vetorial das forças devidas ao vento que atuam na
edificação e pode ser expressa pela equação:
𝐹𝑎 = 𝐶𝑎 ∗ 𝑞 ∗ 𝐴𝑒 (eq. 6)
Onde,
𝐶𝑎 = Coeficiente de arrasto (coeficiente de força);
𝐴𝑒 = Área frontal efetiva.
Para determinar a velocidade característica do vento 𝑉𝑘 , que nada mais é que a
velocidade do vento que atua sobre uma determinada parte da estrutura, é necessário
a definição dos fatores 𝑆1 , 𝑆2 , 𝑆3 e da velocidade básica do vento 𝑉0, ela é expressa
pela seguinte equação:
𝑉𝑘 = 𝑉0 ∗ 𝑆1 ∗ 𝑆2 ∗ 𝑆3 (eq. 7)
𝑧
𝑆2 = 𝑏 ∗ 𝐹𝑟 ∗ (10)^𝑃 (eq. 8)
O cálculo dessas molas pode ser calculado através da equação abaixo, baseado
nas orientações do Professor Luiz Henrique Felipe Olavo.
𝐾 = 𝑁ℎ ∗ 𝑃 ∗ 𝐵 (eq. 10)
Onde:
𝐾 = módulo de reação da mola
𝑁ℎ = coeficiente de reação horizontal do solo
𝑃 = Profundidade da estaca
𝐵 = Diâmetro da estaca
𝑅 = 𝑅𝐿 + 𝑅𝑃 (eq .11)
𝑓𝑠
𝑅𝐿 = (eq. 13)
𝐹2
𝐾×𝑁𝐿
𝑅𝐿 =∝× (eq. 16)
𝐹2
42
Com isso, a capacidade de carga de uma estaca isolada pode ser estimada pela
seguinte fórmula:
𝐾×𝑁𝑃 𝑈
𝑅= × 𝐴𝑃 + ∑𝑛1(∝ 𝐾𝑁𝐿 ∆𝐿 ) (eq. 17)
𝐹1 𝐹2
3 METODOLOGIA
subestações offshore, uma vez que a maior quantidade de estacas gera uma maior
estabilidade no sistema. Apesar de serem mais usadas em águas com profundidades
de até 60 metros, na indústria petrolífera elas já foram usadas em profundidades com
mais de 400 metros. A fundação de treliça também possui maior resistência a
deterioração do que a fundação por estaca única.
Em comparação ao tamanho dos tipos de fundações, o comprimento de uma
estaca única pode exceder 80, para uma estaca de 9 metros de diâmetro seu peso
pode ser mais de 1750 toneladas. Observa-se muitas estacas deste tipo com
diâmetros de 4, 6 e 8 metros. Já as estacas da treliça possuem tamanho de diâmetros
muito menores, geralmente sendo de 1 a 3 metros. Pode-se observar um comparativo:
uma turbina instalada na Alemanha com capacidade de 4,5 MW e 30 metros de
profundidade teve um diâmetro de 6 metros, já uma turbina instalada no mar do Norte
para uma capacidade de 5 MW com fundação de treliça e para uma profundidade de
48 m, obteve um diâmetro de 1,8 metro e uma base de 20 m x 20 m. Pode-se observar
uma considerável diferença nas dimensões das estruturas, portanto, a questão é que
uma única estaca terá que trabalhar à flexão para combater esforços horizontais e
momentos fletores. Com a treliça, criam-se binários para combater estes momentos e
as estacas possuem flexão menor. Por outro lado, na treliça as estacas possuem
tração, o que não ocorre na estaca única.
Com relação à cravação da estaca, é importante lembrar que não se consegue
cravar em pedra ou solos com muito pedregulho. É necessário um atrito lateral mais
elevado, principalmente no caso das treliças, onde as estacas possuem tração.
Ambos os tipos de fundação são fixados no leito marinho pelo processo de
cravação por meio de martelo hidráulico, à percussão. Para os dois métodos não é
necessário realizar a preparação do solo para fixação das estruturas, facilitando o
processo de construção.
Durante a construção, o martelo hidráulico é o equipamento utilizado para a
cravação do solo, a desvantagem é que esse aparelho gera poluição sonora no mar
e seu contato com o solo pode gerar impactos na fauna e na flora do ambiente
aquático (NASCIMENTO, 2018).
Durante o processo de instalação também se destaca que as fundações do tipo
treliça são mais complexas de serem fixadas do que a fundação por estaca cravada,
além disso os cálculos e cuidados ao alocar quatro estacas vizinhas devem receber
47
mais atenção. Porém ao se considerar que as estacas da treliça são menores que a
estaca única cravada, isso facilitaria o transporte e a logística de instalação.
Em questões de custo, a fundação por estaca única é mais vantajosa que a
fundação por treliça, visto que seus custos operacionais são mais baixos. Os custos
de transporte, logística, instalação e fabricação causam a desvalorização da
construção do tipo de fundação de treliça (NASCIMENTO, 2018).
a) Local de instalação
Para o estudo foi adotado como local de instalação do parque eólico o litoral de
Guaratuba/PR. A escolha se deu a partir da análise do mapa do potencial eólico
offshore brasileiro, onde verificou-se que o sul do Brasil possui um bom potencial
eólico em grandes distâncias da costa, com velocidades de vento acima de 7,0 m/s,
além de que é interessante que o solo se encontre mais ao sul no litoral paranaense
para favorecer a indústria eólica offshore nesta região. Para fins deste trabalho, no
estudo de caso serão utilizados dados de investigações do solo marinho de uma
instalação portuária da região litorânea do Paraná, em Guaratuba.
Além disso, o solo de Guaratuba foi escolhido devido à sua composição, onde
há camadas mais espessas de areia e pouca argila, favorecendo a construção das
fundações dos aerogeradores.
c) Tipo de solo
Para a pesquisa não será possível realizar um estudo geotécnico do local onde
será realizada a instalação fictícia do parque eólico e não existem sondagens feitas
no local, portanto, será utilizado um relatório de sondagem (APÊNDICE I) de um porto
no litoral de Guaratuba/PR, visto a região possui diversas características coincidentes
com o ambiente offshore. Segundo o relatório, em uma profundidade de água de 24
metros o solo é composto por areia siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
d) Modelo de turbina
O modelo de turbina adotado para a pesquisa será uma turbina de 5 MW
desenvolvida pela NREL (National Renewable Energy Laboratory), utilizada diversas
vezes em estudos acadêmicos. A Tabela 6, descreve as características da turbina.
Ela possui um diâmetro de rotor de 126 metros, diâmetro do cubo de 3 m e altura do
cubo de 90 m. (Oliveira, 2020, p. 33)
As turbinas eólicas offshore são muito semelhantes às onshore, principalmente
em projeto e tecnologia. Usualmente para parques eólicos são adotadas as turbinas
de eixo horizontal.
Tabela 6 – Características da turbina da NREL
Altura do Hub 90 m
Massa do rotor 110000 Kg
Massa da Nacelle 240000 Kg
Massa da torre 347460 Kg
Coordenadas do Centro de Massa (-0,2 m, 0.0 m, 64,0m)
Fonte: Adaptado de (Oliveira, 2020, p. 33)
estacas no leito marinho com martelo hidráulico e também com martelo vibratório,
analisando qual seria o mais indicado para tal situação.
Além disso, serão utilizadas grandes embarcações para o transporte ou
instalações jack-up, com guindastes de grande capacidade, martelos e equipamentos
de perfurações acoplados.
Tabela 7: Comparativo geral entre a estaca única e o bloco com quatro estacas
Fundação com
Parâmetro Justificativa
maior vantagem
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os esforços atuantes nas fundações eólicas são gerados a partir do peso próprio
dos seus elementos (carga vertical), ações do vento e das ondas (cargas horizontais).
(ZALTRON et al., 2019).
O esquema dos esforços atuantes nas estruturas de fundações é demonstrado
na Figura 11. Abaixo será exemplificado o processo de determinação das cargas que
estarão atuando nas estruturas de fundação.
Para o cálculo da área de impacto foi considerado que a torre da turbina eólica
possui um diâmetro aproximado de 4,5 metros. Assim sendo, a área de impacto da
carga do vento considerada é de, aproximadamente, 450 m².
Em resumo, para o projeto, substituindo os valores de área frontal, coeficiente
de arrasto e pressão dinâmica do vento, obtemos a seguinte equação:
𝑁
𝐹𝑎 = 1,4 ∗ 1429,71 ( 2 ) ∗ 450 (𝑚2 )
𝑚
𝐹𝑎 = 900.717,30 𝑁 = 0,9 𝑀𝑁
Sendo assim, para o estudo de caso a força de arrasto devido ao vento na
estrutura é de 0,9 MN.
58
Para uma primeira análise foi modelada uma estaca metálica para fundação,
com as seguintes propriedades:
com 2 estacas, devido o ftool não aceitar modelações em 3D. Apesar da carga do
vento ser mais incidente em duas estacas e menos nas outras, para uma análise geral
pode se utilizar esse comparativo como se o vento fosse constante e de mesma
grandeza em todas as estacas, devido as análises com diferentes cargas de ventos
nas demais direções serem mais complexas.
Logo em seguida são mostradas as imagens das reações de apoio, diagrama
de momento fletor, força cortante, força normal e a configuração da deformação da
fundação por bloco com 4 estacas.
CARACTERÍSTICAS DO SOLO
Nº de
Profundidade
golpes Tipo de material
(m)
(Nspt)
0 6 Areia Siltosa, medianamente compacta a muito compacta, cinza.
1 14 Areia Siltosa, medianamente compacta a muito compacta, cinza.
2 56 Areia Siltosa, medianamente compacta a muito compacta, cinza.
3 41 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
4 45 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
5 41 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
6 44 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
7 52 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
8 47 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
9 41 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
10 48 Areia Siltosa, limonitizada, muito compacta, marrom.
Fonte: Sondagem Iron Engenharia Ltda.
Estaca Necessita
Carga Profundidade Quant. A estaca
Estrutura Nd (kN) R lateral R ponta RR R (kN) Verificação suporta a dimensionamento
(kN) (m) estacas (cm²)
carga estrutural
Turbina
eólica 15825,19 26586,315 30,0 1 749673,77 275742,08 1025416 512707,92 Ok 125663,71 Ok Não
offshore
Além disso, a estaca única cravada possui uma resistência lateral, resistência de
ponta e resistência a ruptura maiores do que a fundação de bloco com quatro estacas,
demonstrando que essa fundação atingiu capacidades de carga maiores de solo.
83
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das análises e resultados, foi possível concluir que a fundação por estaca
única cravada é mais vantajosa se comparada à fundação de bloco com 4 estacas,
em virtude de ter alcançado maiores capacidades de carga do solo, menores
deformações e uma melhor distribuição de cargas. Uma das explicações é devido às
estacas únicas cravadas serem mais indicadas para construção em solos arenosos,
se tratando do solo adotado para o estudo.
Ambos os tipos de fundações alcançaram uma verificação positiva da estimativa
de capacidade de carga, ou seja, a carga transmitida pelas fundações não causará a
ruptura e nem a deformação excessiva do solo e as fundações adotadas garantem
uma boa transmissão dos esforços. Porém, a fundação por estaca única se mostrou
mais adequada em termos de capacidade de carga e deformações.
Analisando o método de Aoki e Velloso percebeu-se que o cálculo da capacidade
de carga depende muito do tipo do solo em que a fundação é construída e das
características das estacas (comprimento, diâmetro e tipo), e, além disso, mudança
do local de construção pode alterar os resultados. Um outro ponto a se considerar é
que alterar a profundidade e diâmetro das estacas pode influenciar na distribuição dos
esforços e de sua capacidade de carga, o ideal é realizar diferentes combinações de
dimensões para encontrar a fundação que melhor se adeque em questões
econômicas, viabilidade estrutural e segurança.
Analisando os diagramas obtidos por meio do Ftool, observou-se que ambas as
estruturas de fundação se deslocam como um corpo rígido, possuem uma boa
distribuição de cargas e pouca deformação em si. Comparando os dois tipos, pode-se
julgar que a estaca única cravada está trabalhando melhor com a aplicação das cargas
e deformando menos. As modelagens feitas no Ftool foram de grande importância
para analisar como as fundações se comportam quando estão sujeitas às cargas de
peso da turbina eólica, ventos, ondas, correntes e reação do solo.
Outro ponto levantado foi referente aos esforços atuantes nas fundações das
turbinas eólicas offshore, onde nota-se uma grande influência do peso da turbina
eólica e das cargas de ventos e ondas; essas cargas com valores altos geram a
necessidade de fundações de grandes proporções. A determinação correta das
cargas atuantes foi de suma importância para analisar como a estrutura se comporta
transmitindo os esforços ao solo. Em contrapartida, como o estudo de caso considerou
84
REFERÊNCIAS
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elétrica do Brasil. 2021. Disponível: https://esferaenergia.com.br/fontes-de-
energia/o-que-energia-eolica/. Acesso em: out. 2021.
br/assuntos/noticias/2021/mapa-situa-projetos-de-complexos-eolicos-offshore-
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IBERDROLA. O que é a energia eólica offshore. 2020. Disponível em:
https://www.iberdrola.com/meio-ambiente/como-funcionam-os-parques-eolicos-
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System Development. 2009. NREL: National Renewable Energy Laboratory.
Disponível em: https://www.nrel.gov/docs/fy09osti/38060.pdf. Acesso em: 23 out.
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106 f. Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica–
Departamento de Engenharia, Instituto Superior Técnico Lisboa. Lisboa, nov. 2017.
Disponível em:
https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/1970719973966690/Thesis_FENIX_GA
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ANEXOS
90