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c3 Aula04
c3 Aula04
Exemplo 18.10 (União de dois conjuntos de medida nula). A união de dois con-
juntos de medida nula é também um conjunto de medida nula. Sejam S1 e S2
conjunto de medida nula. Então existe um número finito n de retângulos cuja
união contém S1 com soma das áreas menor que 2e . Da mesma forma existe um
número finito m de retângulos cuja união contém S2 e com soma das áreas menor
que 2e .
A união destes n + m retângulos é um conjunto finito de retângulos cuja união
contém o conjunto S1 [ S2 com soma das áreas menor que 2e + 2e = e.
O exemplo anterior pode ser tomado como o caso n = 2. Portanto por indução
a união de um conjunto enumerável de conjuntos de medida nula é um conjunto
de medida nula para qualquer n inteiro e mesmo n tendendo ao infinito.
Exemplo 18.12 (Reta). Uma reta é uma união enumerável de infinitos segmentos
de reta. Como segmentos de reta são conjuntos de medida nula, pelo exemplo
anterior a reta também é um conjunto de medida nula.
e
max{ f (x) | x 2 [xi 1 , xi ]} min{ f (x) | x 2 [xi 1 , xi ]} < (18.123)
b a
para qualquer i entre 1 e n.
Em cada sub-intervalo desta partição o gráfico da curva y = f(x) está contido
em um retângulo de altura menor que b e a e base Dxi . A soma das áreas destes n
retângulos é
n n
e
A = Â (Mi mi )Dxi < Â Dxi = e , (18.124)
i=1 i=1 b a
Esta soma pode ser dividida em duas somas, uma delas varrendo os sub-retângulos
em que f é contínua e a outra varrendo os sub-retângulos em que f não é contínua.
n m n m
S( f , P) I( f , P) = Â Â (Mi j mi j )Dxi Dy j + Â Â (Mi j mi j )Dxi Dy j .
i=1 j=1 i=1 j=1
| {z } | {z }
f é contínua f não é contínua
(18.126)
Mi j mi j < 2M . (18.128)
A diferença entre a soma superior e inferior pode agora ser escrita como
n m n m
e
c) Â Â
S( f , P1 ) I( f , P1 ) < Dxi Dy j +2M Â Â Dxi Dy j . (18.129)
2(b a)(d i=1 j=1 i=1 j=1
| {z } | {z }
f é contínua f não é contínua
Seja A1 a soma das áreas dos retângulos em que f é contínua e A2 a soma das
áreas dos retângulos em que f não é contínua. Temos então que
e A1 e
S( f , P1 ) I( f , P1 ) < + 2MA2 < + 2MA2 , (18.130)
2 (b a)(d c) 2
pois a área A1 não pode ser maior que a área total do retângulo Q. Como o con-
junto de descontinuidades de f tem medida nula, então para todo e > 0 existe uma
partição P2 tal que
e
A2 < . (18.131)
4M
Se P é uma partição que refina P1 e P2 temos que
e e e e e
S( f , P) I( f , P) < + 2MA2 < + 2M = + =e, (18.132)
2 2 4M 2 2
o que prova que f é integrável no retângulo Q.
634 Integrais de campos escalares
O volume desta região pode também ser calculado pela integral dupla de uma
função. O que precisamos agora é definir esta operação de integração num domí-
nio que não seja retangular.
Se a região é compacta, ela está con-
tida em algum retângulo fechado. Seja
Q = [a, b] ⇥ [c, d] o menor retângulo que
contém a região R, como indicado na fi-
gura ao lado. Definimos uma nova fun-
ção F da seguinte maneira.
⇢
f (x, y) se (x, y) 2 R
F(x, y) =
0 se (x, y) 2 Q R
(18.133)
Em outras palavras, na região R a função F tem o mesmo valor que a função
f original. Nos pontos do retângulo Q que não pertencem ao conjunto R a função
é definida como nula. Se f é uma função originalmente contínua na região R, a
função F será contínua no interior de R. No exterior de R a função F também
é contínua, pois função constante é contínua. No entanto a função F não será
necessariamente contínua na fronteira de R, pois nestes pontos permitimos saltos
da função. Se esta fronteira em questão for o gráfico de uma função contínua, o
conjunto de descontinuidades de F será então um conjunto de medida nula e pelo
teorema 18.10, a função F é integrável no retângulo Q.
Ao calcular a integral dupla por alguma soma de Riemann, nos retângulos
contidos em Q que não estão contidos em R a função será sempre nula e não
contribuirá ao resultado final da integral. O resultado desta operação definimos
como a integral dupla de f sobre a região R. Para utilizar o teorema de Fubini
devemos primeiro definir dois tipos de região.
636 Integrais de campos escalares
Definição 18.5 (Região do tipo I). Sejam f1 e f2 funções de uma variável contí-
nuas no intervalo [a, b] que satisfazem f1 (x) f2 (x) em todo x 2 [a, b]. A região
definida por
y
y=(a2-x2)(1/2) A região limitada por uma circunferência
de raio a, isto é, que satisfaz x2 + y2 a2
está contida no retângulo Q = [ a, a] ⇥
[ a, a] e pode ser expressa ppelas desi-
gualdades
p axa e a2 x2
2 2
y a x , portanto esta região pode
ser expressa como p uma região do tipo
I,
p onde f1 (x) = a2 x2 e f2 (x) =
a2 x2 , que são funções contínuas no
y=-(a2-x2)(1/2)
intervalo [ a, a].
-a a x
Este último exemplo pode ser descrito como a união de duas regiões do tipo I
Definição 18.6 (Região do tipo II). Sejam g1 e g2 funções de uma variável contí-
nuas no intervalo [c, d] que satisfazem g1 (y) g2 (y) em todo y 2 [c, d]. A região
definida por
y
(1/2
) Como já visto, o conjunto de elementos
do R2 que satisfaz x2 + y2 a2 está con-
a 2)
2 -x
-(a
y=
2
(1/2
2)
-x
)
são contínuas e g1 (y) g2 (y) para qual-
quer y 2 [ a, a], este conjunto é uma re-
(a
y=
gião do tipo II do R2 .
-a
Para cada valor fixo de x 2 [a, b] temos que c f1 (x) f2 (x) d. Pela aditividade
da integral podemos escrever
ˆ d ˆ f1 (x) ˆ f2 (x) ˆ d
A(x) = F(x, y) dy = F(x, y) dy + F(x, y) dy + F(x, y) dy .
c c f1 (x) f2 (x)
18.5 Integrais sobre regiões arbitrárias do R2 639
(18.139)
A linha tracejada na figura ao lado re-
presenta a região de integração de A(x)
com x fixo e y variando de c a d, pas-
sando pelos valores y = f1 (x) e y = f2 (x)
no caminho. A região entre c e f1 (x)
está fora da região R, portanto a integral
de F neste intervalo é nula, assim como
na região entre f2 (x)ed. A região entre
f1 (x) e f2 (x) está dentro de R, portanto
F(x, y) = f (x, y) nesta integral e portanto
ˆ f2 (x)
A(x) = f (x, y) dy . (18.140)
f1 (x)
e
p
ˆ p1 y2 x= 1 y2
2 2 x3 2
A(y) = p (1 x y )dx = x y x p (18.148)
1 y2 3 x= 1 y2
3
p (1 y2 ) 2 p 4 3
= 2( 1 y2 y2 1 y2 ) = (1 y2 ) 2 .
3 3
18.5 Integrais sobre regiões arbitrárias do R2 641
1
4
ˆ
3
V= (1 y2 ) 2 dy (18.149)
3 1
ˆ p✓ ◆ ˆ p
4 2 1 + cos(2u) 2 1 2
= du = 1 + 2 cos(2u) + cos2 (2u) du
3 p2 2 3 p2
ˆ p✓ ◆
1 2 1 + cos(4u)
= 1 + 2 cos(2u) + du
3 p2 2
ˆ p
1 2
= (3 + 4 cos(2u) + cos(4u)) du
6 p2
u= p2
1 1 p
= 3u + 2 sen(2u) + sen(4u) = .
6 4 u= p 2
2
2
x2
a2
+ by2 1. Por simetria podemos dizer que o volume é o dobro do volume da
região abaixo da superfície que representa valores positivos de z e portanto
r
x2 y2
¨
V =2 c 1 dxdy (18.151)
R a2 b2
Então
q r
x2
b 1
x2 y2
ˆ
a2
A(x) = 2c q 1 dy (18.153)
b 1 x2 a2 b2
a2
642 Integrais de campos escalares
q
x2
Para simplificar a conta é conveniente definir a = 1 a2
, o que nos permite
q q
2 y2
escrever 1 ax2 by2 = a 1 (ab)
2
2 e
ˆ ab s
y2
A(x) = 2c a 1 dy , (18.154)
ab (ab)2
onde é conveniente fazer a substituição trigonométrica y = ab sen(u), que implica
p ✓ ◆
x2
ˆ
2
2 2
A(x) = 2ca b cos (u) du = pbc 1 . (18.155)
p
2
a2
O volume é dado então por
ˆ a ✓ ◆ x=a
x2 1 x3
V = pbc 1 = pbc x (18.156)
a a2 3 a2 x= a
⇣ a⌘ 4
= 2pbc a = pabc .
3 3
Se a = b = c recuperamos o resultado do volume da região limitada por uma
esfera.
Exemplo 18.17. Seja a região limitada superiormente pela sela de cavalo z =
x2 y2 , inferiormente pelo plano z = 0 e lateralmente pelos planos verticais x = 1
e x = 3.
O volume será calculado pela integral
y
y=x
x y=x
y3 4
ˆ
2
A(x) = (x y )dy = x2 y
2
= x3 . (18.157)
x 3 y= x 3
O volume então é dado por
ˆ 3 4 x
4 3 x 1 80
V= x dx = = 3 = 27 = (18.158)
1 3 3 x=1 3 3
18.5 Integrais sobre regiões arbitrárias do R2 643
Exemplo 18.18 (Área entre duas curvas). No cálculo de funções de uma variável
vimos que se f e g são funções contínuas em um intervalo fechado [a, b] tais
que f (x) g(x) para todo x 2 [a, b], então a área limitada pelas curvas y = f (x),
y = g(x), x = a e x = b pode ser calculada como
ˆ b ˆ b ˆ b
A= f (x) dx g(x) dx = ( f (x) g(x))dx . (18.159)
a a a
Esta área pode ser calculada pela integral dupla da função f (x, y) = 1 na região
do tipo I R = {(x, y) 2 R2 | a x b, g(x) y f (x)}. Neste caso a função A(x)
é dada por
ˆ f (x)
y= f (x)
A(x) = 1 dxdy = [y]y=g(x) = f (x) g(x) (18.160)
g(x)
como já conhecido. A área de qualquer região R pode ser calculada pela integral
dupla da função constante f (x, y) = 1 sobre esta região se ela for uma região do
tipo I ou do tipo II.