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Nao ais fantasia irrealizavel, o projeto ut6pico entra no campo das pos- sibilidades. Por isso mesmo, faz-se referéncia a utopias possiveis. . Todas estas metamorfoses ¢ cc iSes semanticas aconselham o exame do projeto de Marx e a forma de sua realizacio. [Na década de 40 do século passado, o pensamento socialista eu- ropeu estava dominado pelos projetos ut6picos de sociedades per- feitas, Cujo advento fia da boa vontade. lerosos. Mas na Inglaterra jé aruava um partido operario—o partido chamado dos cartistas —, que se propunha o objetivo bem mais modesto, ¢ por isso factivel, de conquistar direitos politicos democriticos para os trabalhadores. Marx e Engels extrairam daf a conclusio de que ers necessirio wansarit 6 mevinente apetiie do terreno das se as utdpicas conspirativas ao terreno da luta politica, nos termos em que ela concretamente se_ desenvolvia. Ou seja, passar ‘da atividade sectaria & luta de classes com cardter de massas. Contudo, ainda que iifo mais se tratasse de perseguir sociedades ideais perfeitas, 0 obje- tivo politico dos comunistas precisaria assentar sobre certezas. Seria impraticével e inviével propor a uma classe social oprimida os ris- cos e sacrificios de lutar por projetos de antemio marcados por dis- vidas e imprecis6es caracteristicas de idealizagses. : ‘Uma vez que nio poderia advir da religiao, a certeza teria de ser bbuseada no terreno da ciéncia. O racionalismo iluminista dew cién- Gia o prestigio ideolégico de categoria suprema do pensamento, Se “Se frestigfo ta nditcutive no Ubi das Giéncias naurais¢ ea- ‘as, jd estava no ar a idéia da viabilidade de uma ciéncia social..a0 respeitével ‘quanto as ciéncias naturais. Marx, sem diivida, foi cau- datirio deste ambiente intelectual que encontrou ao iniciar seu pré- prio trajeto. Como homem do século XIX, imbuiu-se de confianca ilimitada na Ciencia e considerou perfeitamente | fifvel a tarefa de “Fandar ams fads social, desde que ancorada na economia pot Sonu plenitnds como cénciads snatomia dh sovielade sera ad ‘Guirida assim que se despojasse da estreiteza da orientacao ideol6- ica burguesa. MARXISMO SEM UTOPIA (© fracasso das construgées sociais inspiradas no marxismo, im- plementadas no decurso do século XX, pie em questio a busca mar- xiana da fundamentagio cientifica para a idéia do comunismo. Tera ‘o empreendimento fracassado com essas construgdes ou dele algo se salvaria? Deveremos abandonar de vez. a pretensio cientifica ou cientificista e pleitear no mais do que uma nova utopia? Como lu- tar sem ter certezas? ‘No campo dos adeptos do marxismo, ha ainda quem considere ‘que esté tudo certo. Se houve derrotas, se a Uniti Soviética desapa- receu, isto se deve a traigdes de partidos e de personalidades. Os trai- dores podem ser 08 social-democratas (Kautsky, indefectivelmen- te), como podem ser Stalin ou Kruchov ou Gorbatchov ou todos cles juntos. « ‘Mas hi também aqueles marxistas que réconhecem erros e defi cigneias, porém no pensam mais do que em atualizacbes e preen- “Chimentos de lacunas, como, por exemplo, no que concerne i con- dicdo das mulheres e 4 pres ecolégica do planeta. Algumas complementagées, e o marxismo se poria up to date, ~ ‘Da minha parte, pretendo examinar o cerne da obra de Marx e Engels. Descobrir a arbitrariedade porventura existente nas suas se~ qiiéncias discursivas, mas, principalmente, a discrepancia entre suas teses e a resposta pritica, O critério da pratica, consubstancial a to- da cincia e seivindicado especificamente pela filosofia marxista, de~ ve ser aplicado ao préprio marxismo. Dessa maneira, poderemos al- cangar algum esclarecimento sobre 0 éxito do objetivo de Marx de passar da utopia & cigncia, Poderemos talvez descobrir e confirmar O cardter ut6pico de toda a construcio marxiana ou, ao menos, de aspectos dela. Poderemos colocar em questio a propria necessidade oul a viabilidade de uma fundamentagio cientifica para a idéia do so- cialismo edo comunismo. ~~ ‘No Manifesto do pa “A importancia do socialismo e do comunismo critico-utépi esté na razio inversa de seu desenvolvimento histérico”'. ‘Uma vez que a luta de classes se desenvolveu — argumentaram os autores do célebre documento — as fantasias ut6picas perdem todo valor pratico e toda justficagio te6rica. JACON GORENDER, A maneira de paréfrase, & hoje possivel constatar que o utopis- mo comunista floresce na razio inversa da forga do movimento pré- tico-real. Expandiu-se na fase juvenil, pré-marsista, do movimento comunista e encolheu-se quando 0 movimento ganhou expressio prético-concreta poderosa. Agora o utopisme comunista voltou a se expandir, em concomitdncia com a desaceleragio ow, talvez, com a seneccude irreparivel do movimento pritico-real que se proclama comunista. — Critica da realidade, mas critica fantistica, 0 utopismo, por si mesmo, €indicio de fraqueza. Ea forca da fraqueza. Recorre-se ~fantasia porque a realidade pritico-conereta nega suporte ao objeti- ~¥o proclamado. Serf, entio, utépico — sem ressalvas — 0 objetivo da sociedade comunista? ~ Ou foram inadequados os meios para chegar a este objetivo? Da resposta a tais questes dependem as conclusGes a respeito do destino do préprio marxismo. A idéia do fim da histéria ganhou notoriedade momentinea ¢ hoje seu autor entrou no rol daqueles que tiveram os quinze miny- tos de fama e depois foram etnados a ‘cena. Mas a prépria idéia impregna a propaganda midiética e faz parte da esséncia do que se pode e deve chamar de ideologia burguesa. Falando pela voz dos, seus idelogos, a burguesia se acredita o pice da aventura hist6rica da espécie humana. O desmoronamento dos regimes comunistas do Leste Europeu trouxe algo como uma contraprova empitica supos- tamente indiscutfvel a esta convicgio ideolégica. Ainda mais por- que nenhuma definigao sequer conceitual se mostrou até agora con- vincente a respeito do que pode ou terd de ser a sucessio da formagio social burguesa. ‘O exame das vicissitudes do marxismo teérico € prético é, por isso mesmo, tanto mais oportuno e necessdrio. Sem conclusées an- tecipadas, que simplesmente pairam no ar enquanto nao sio confir- madas pela prova discursiva e/ou factual. 10 Capitulo Il Estaré 0 capitalismo historicamente esgotado? O capital & a mais profunda investigagao de uma formasio so- ial’ Ulerapassa de muito 0 objetivo restrito & economia politics, Com base nesta, fornece um exame al formacio social ‘Enquanto eritica da economia politica clissica, O capital foi s- crito para provar a transitoriedade da ordem econdmico-social ca- pitalista. Esta nfo seria a sociedade finalmente organizada confor- ne leis naturais eternas, que os homens, por ignoréncia ou por outros motives, violaram durante milénios, pagando com o prego da carén- cia e do atraso. Ao invés disso, a sociedade burguesa ndo passava de ‘uma formacdo social historica, surgida em determinada fase da evo- Taga da humanidade e condenada a desaparecer assim que certos TTequisitos estivessem cumpridos. se ansiipriedade-da sociedade burguesa foi inferida por Marx de duas seaiig : : ; ‘Em primeiro lugar, a seqiiéncia resumida na teoria das forma" social re r . ma forma social abstrata ‘nica para todos os tempos € que s¢.costu- ma designar pura e simplesmente pelo termo sociedade. Desde “sempre a organizagao coletiva se fe feo taquadramento de formas hist6ricas, que possuem existéncia limitada no tempo e que surgem u ¥ Iacob GORENDER ¢ se desenvolvem a partir umas das outras. Por conseguinte, em seu twajeto histérico, a humanidade viveu no quadro nfo de uma s6, po- rém de virias sociedade de Ov, dito & maneira marxista mais precisa, ias formagées sociais. O termo sociedade se usaria apenas no nivel da designacdo mais abstrata, como género de varias espécies. Estas, enquanto realidades concretas, seria designadas pelo con- ceito de formagio social. ‘De acordo com a visio histirica de Mam,a-sucessio.das forma- «Bes sociais tem se dado num sentido ascendente. Em concomitan- cia com a evolugao das forgas produtivas, que constiuem sua base “jnatennal, as Formagbes socials também evoluiram, de tal maneira que ‘as sucessivas formag6es sociais tém sido materialmente mais ricas € ‘Socialmente mars complexas do que as anteriores. Por isso mesmo, ‘Gtadoras de novas necessidades humanas ¢ capazes de satistaze"Tas. “Uma vez que as formagbes sociais possuem existencia transito- "pt: SSQUese que mesmo deve sx suubaldo #formaeso socal bar, DP guesa. Assim como surgiu, deve desaparecer. A semelhanga das for- magoes precedentes. Para os idedlos iia — filésofos € [MARNISMO SEM UTOPIA se tornando cada vez mais destrutivas, cada vez menos suportéveis, ‘Ai se encontraria a indicacéo de que o capitalismo havia chegado a0 Jimite das suas possibilidades como forma de organizacdo econdmi- co-social dos homens: — yeriéncia empirica ¢ © tral A.gxperiéncia empirica ¢ o trabalho analitico conduziram Marx a constatagio de que as crises cflicas no constivuiam indicador da ‘enriinal do caplolismo: Max incorporou at ersescielicas a0 fon- ce re fomodode prodecso captain, 0 que 0 tor ‘ow o primeiro economista a fazer da crise ciclica uma categoria te6- ‘Tica inerente A i . Ao passo que os economistas ‘neoclassicos continuam a rejeitar a crise ciclica como categoria teé- rics, atribuindo sua eclosao a acidentes de percurso, principalmente 4 causas externas & dindmica espontinea da économia capitalist, o- ‘mo, por exemplo, os erros da intervencio do Estado. Os defensores atuais da teoria marginalista admitem a ocorréncia de ciclos econd- micos, marcados pela sucesso de fases de ascenso (booms) e reces- ses, porém rejeitam a ocorréncia de crises de superprodugao. Para, ‘Marx, em vez de significar um simples movimento recessivo, que Jho analftico conduziram Mars. economistas pregadores do liberalismo original —, a organizagao __burguesa da sociedade seria 0 dpice da evolugio da humanidade. Se- = “Tia uma ordem natural, consubstancial 4 natureza das coisas. Seme- “Thante visio ideolSgica, marcada pelo viés do interesse de classe, pre~ cisaria ser substituida pelo enfoque cientifico, que revelava o contrério, Ou seja, que revelava a historicidade da existéncia social burguesa. ‘A segunda seqiiéneia causal no discurso de Marx se refere 3s con- tradigées internas do modo de produgio capitalista. (O capitalism troue consigo um impulso incomensursvel, com- pletamente desconhecido no passado, no sentido do desenvolvimen- to ilimitado das forcas produtivas. Ao mesma tempo, o capitalismo é estruturado conforme relagdes de producio que impiem limites 30 desenvolvimento das forgas prodias ‘No Manifesto comunis- al contradigao se expe peri Bett 6 licamente nas crises comerciais (depois chamadas crises cfelicas), que destroem lo potencial radutivo acumulado ¢ da produeio que ni ia, So- mente desta maneira barbara 0 capitalismo consegue aplainar 0 te Teno para novo ciclo expansionista. Mas as crises periédicas estavam 2 ino seria mais do que reagao ao ascenso precedente, a categoria cri Ge diz respelco a uma situagio ruinosa de superproducio decocrente da natureza antagbnica das relacdes Zo capitalistas, que ““gngendra o choque periddico entre a acumulagio ilimitada do capi- “Galea estreiteza do mercado imposta pela apropriacao privada, En- Giianto perturbagio autocorretiva,« crise cumpre uma Fangio des- ‘rutiva imprescindivel & continuidade da acumulacao do capital. A crise de superprodugio encerra um ciclo € aplaina o terreno para 0 infeio do ciclo seguinte. Com toda a sua gravidade, a crise cfclica se apresenta, por conseguinte, como categoria normal da economia ca- pitalist fase do seu funcionamento que nio se deve a fatores exter- nos a ela, porém & sua natureza essencial- Se no as crises, qual seria, entio, 0 indicador da faléncia do ca- pitalismo? ” O indicador da hora final da formacio social capitalisca passou a seF identificado por Marx na socializagao cada mira *"Gugio, como estd exposto em O capital. Cada vez mais socializadas Sem conseqiiéncia do processo crescente de centralizagio dos meios de produgio e de socializagio do trabalho —, as forgas produtivas B JACOB GORENDER se chocam com violéncia também crescente com a forma privada de apropriagio, ou seja, com as relagbes de produgio intrinsecas ao ca- pital. A contradigio 56 se resolveria mediante a substimuicao da for a privada pela forma coletiva de apropriagao, mediante a subst twigio, portanto, das rélagbes. de pradusio capitalistas por relagoes de produgio socialistas——— —"Fm meador do séeulo passado, Marx jd estava convencido de que a formagio social capitalista aleangara aquela altura de seu tra~ jeto em que deixara de ser compativel com 0 desenvolvimento das forcas produtivas. O modo de produgio capitalista, por conseqiién- cia mesmo do vigor formidével com que impulsionara as forgas pro- dutivas, se chocava com a barreira representada pelas relagées de producio ele inerentes. Devia ser eliminado para que as forgas pro- dutivas crescentemente socializadas pudessem continuar seu desen- volvimento, visto por Marx como 0 critério primordial do progres- 30 e da civilizacio. No preficio da Contribuicao & critica da economia politica, obra de 1859, Marx enunciou teses relativas a todas as formagSes sociais, porém tendo em vista definidamente a formagio social burguesa. ‘Assim € que — escreveu ele —nenhuma formacio social desapare- ce antes que, no seio dela, se hajam desenvolvido plenamente as for- ‘Ser predetin que Tor caper dz comecr ampooco poder surg oo- ‘vas relagées de produgio mais adiantadas sem que suas condigoes ‘materiais de existencia ja tenhlam sido geradas Tio se1o da vellia for- ‘magio social, Finalizando, Marx afirmou enfaticamente que a hu- ‘manidade s6 se prope tarefas que seja capaz de resolver, porque, Ja verdade, a prépria tarefa s6 se apresenta quando ja existem as Gerais e aparentemente supra-hist6ricas, tais teses tinbam em vista especificamente a formagio social burguesa. ‘Ao expé-las, Marx estava convicto de que o modo de produgio capitalista esgotara, na Europa, as possibilidades de desenvolvimen- to das forgas produtivas. Como nestas o impulso expansionista era irreprimivel, o choque com as relagées de producio burguesas exis- tentes teria carter cada vez mais negativo. Engendraria catdstrofes intoleraveis, que obrigariam o proletariado a agit como classe revo- luciondria mediante a eliminagZo da sociedade burguesa e sua subs- “4 MARXISMO SEM UTOPIA tituigéo pela sociedade comunista. A humanidade ja se propunha, aqui e agora, a tarefa de superar a forma burguesa de sociedade'pre- cisamente porque se tratava de tarefa urgente para cujo cumprimen- to se reuniam as condigdes concretas suficientes. Em suma, 0 socia~ lismo era, simultaneamente, necessirio ¢ vidvel. Tornara-se uma ‘questio prioritéria na agenda da civilizacio. A cxperitnciahistGrica demonstrou que Marx partiu de uma vi- sio'utSpica a respeito do capitalismo do seu tempo. Apesar dos tro- “Pezos tetves, dos abalos rors terrivels, dos abalos provocados por crises e depressdes, por duas guerras mundiais e por intimeras guerras locais, o capitalismo “Sastiune shepar no Ha do stculo 3G, mas a evolu jegan, no final do século XX, a mais uma revolucao tec, ologica, Nao s6 promoveu enorme crescimento da produgao de ‘Bens € servigos, como levou a efeito a criagao de forgas produtivas qualitativamente novas. ~ (O fato de que tal progresso tenha sido historicamente contabi- lizado ao prego de antagonismos agudos ¢ de hecarombes devasta- doras nao indica, por si s6, a impossibilidade de sobrevivencia do capitalismo. ‘marxismo nio possui, ¢ nenhuma ciéncia social seria capaz de inventar, um instrumento preciso de medi¢io do grau de maturida- dedo capitalismo para ser historicamente superado._ Especulativa- Tnente,talvez possamas aficmar que-na década de 30 deste séeulo,o ‘sistema capitalista mundial se debateu, quase em desespero, na ten- itativa de alongar os imites, que entio pareciam definitivos, para o desenvolvimento das forcas produtivas. Apés 0s quatro anos hor- _forosos da Grande Depressio, a economia capitalista mundial ma- "nifestou recuperacio fraca a partir de 1933, jf em1938, apenas cin- Teo anos decorridos, sofria o abalo de nova crise cfclica. E Ifcito supor ‘que a Segunda Guerra Mundial tirou o sistema capitalista mundial do buraco, aplainando o terreno para a etapa expansionista, que se ‘seguiu 20 conflito bélico. Porém, do ponto de vista estritamente 16- gico, estamos incapacitados para provar que, sem 0 conflito bélico, a expansio seria impossivel. a ‘No caminho da utopia 3 ciéncia, Marx e Engels ficaram no meio do trajeto, Adiance veremos os seus méritos cientificos. Aqui pre- tendo apontar a visio distante da realidade, que era a deles, quando, em 1848, no Manifesto comunista, colocavam a revolugao democri- 5 ico-burguesa na Alemanha como prelidio imediato da revoluggo proletiria. Logo na Alemanha, pais entao industrialmente atrasado, cujo proletariado incipiente mal comegava a se formar. A rigor, se fosse possivel, seria uma revolugio proletria sem proletariado’ Pesofreguidio de Maree Bagels nio ¢ dificil de explicar. A ex: pectativa de realizack i E tergada para além da vida do revoluciondrio. Se este nfo tiver em vista a possibilidade do éxito finda em sua gera estard, na verdade, adotando um credo religioso. A esperanca da rea- zacio de um ideal pelas geracdes seguintes equivale a f¢ na vida ‘aps a morte, 4 crenga no sobrenatural. O revolucionério luta para que ele proprio e seus contemporaneos facam a revolugio. E se con- vence de que sua perspectiva é acertada. Marx e Engels se distingui- ram dos utopistas sectérios pelo projeto de elaboragio de bases cien- uicis para_oabietive_comunists_¢ pelo enesmminharente-d siakamento 05 ‘movimento operirio no sentido da luta politica. Mas se identifica vam com eles no que se refere & palxdo revolucionaria. E isto os amarrou também ao espirito utopista. (Os projetos revoluciondrios — inclusive os socialistas — nto podem depender da temporalidade geracional. Sua realizagio envol- ve lutas que transcendem as geragbes dos préprios revolucionérios. © que sucede é que, ao lutar pelo triunfo revolucionério em seu pré- prio tempo, 0s revolucionérios, no melhor dos casos, contribuem para que a revolugzo triunfe em algum tempo. No deles ou no dos ‘seus sucessores. 2 16 Capitulo II A “construgao” do socialismo Retrospectivamente, a teoria da sucessio das formagGes sociaib lidava com fatos consumados. Podiam ser sumarizadas ordens de sucessio e vias de transigo. Coincidia com a histéria e com a légica que o capitalismo sucedesse ao feudalismo, ¢ no o contrario. Sob este aspecto, havia razio para falar em determinismo hist6rico. sucesso do capitalismo pelo socialismo investia no futur 10 ni scorrido: Fists uma previsto apoiada em pressupostos e vend porém na podia apres wu de cert _ ica ou, 20 men ra reno da historiografia ¢ se penetri ~ Manx, é claro, extaxa convencido de que fazia uma previsie es- tritamente cientifica. Ou da necessidade de que fosse estritamente Gientifica. O que o induziu ao erro de identificar 0 processo de for- magio do modo de produgio socialista com 0 processo de forma- gio do modo de produgio capitalista. Isto deveria significar que as relagbes de produgio de tipo socialista jé se constituiriam no bojo da formacio social burguesa, assim como as relagdes de produgio do tipo capitalista se constituiram efetivamente no bojo da forma- io social feudal. Tal enfoque deu margem a uma confusio teérica de carster essencial. ‘=p As telagdes de produgio capitalistas suigiram ese desenvolve- ram, na Europa Ocidental, nas préprias entranhas da formagio so- Gal Feudal. O que aconteceu pela via de um processo inteiramente v7 JACOB GORENDER espontineo. Q capital se acumulox na.ambito do comércio e da pro- dugio artesanal e agricola, dando origem a empresas que explora- _¥am operirios assalariados. A exploragio da forga de trabalho re- ‘ovava continuamente os ciclos de acumulagao do capital, com 0 Yortalecimento ea expansio das celasis Zo capitalistas. No interior da formagao social feudal surgiram e se consolidaram as novas classes sociais: 0 burgués empresario e 0 operirio assala- riado. Os diferentes canais de acumulacao originaria nao-capitalista do capital aceleraram este processo econémico-social Contudo, a expansio das relagGes de produgio capitalistas nio poderia deixar de se atritar e de se chocar com a prevaléncia das re- lagBes de producio feudais e do aparelho juridico-politico apoiado nielas equeas defendia. As revolugbes burguesas superaram esta con- ‘wadigao hist6rica a0 eliniinar as relagdes de producio feudais (com adigao hist6rica 20 clintinar as relagdes de producto feudais (co maior ou menor radicalidade) e ao erigir um aparelho institucional jufidico-politico compativel com a prevaléncia das relacdes de pro- dugio capitalistas—. ‘Nenhum dos protagonistas desse processo pensou, sequer va~ gamente, em algo que pudesse ser entendido como “construir 0 ca- pitalismo”. © capitalism stituiy espontaneamente, 0 que nio (quer dizer inconscientemente. As classes sociais ¢ os seus repres tantes individuais agiam em ea consciente, deliberavam ¢ toma- ‘Yam decisdes conscientes e procuravam adequar suas agies a tais de- implicou, em momento algum, que tivesse havido aintengio ou a delil ” de instituigs de indivi- duos, no sentido de algo como uma construsae do regime capita- Este no surgiu por efeito de um plano, indispensavel a qual- quer construgio. O seu surgimento ¢ expansio ocorreram como processo puramente objetivo, criando situacdes ¢ condicoes que pro- respostas conscientes. Ao invés de um plano com um gra Zo centralizada, o surgimento do capitalismo se Tepetido, tomou corpo e ganhou consisténcia o mercado apropria- do 3s caracteristicas do capital. 8 MARXISMO SEB UTOPIA ‘Com inteira razio, escreveu Polanyi que 0 capitalismo chegou ‘sem ser anunciado. A instalagio da industria mecanizada provocou Surpresa, nao havendo quem quer que fosse que a previsse’. => S6na segunda metade do século XX veio i tona a teoria desen- volvimentisia, que teve em vista os chamados paises atrasados Ou FSedesenvolvidos « pretendeu ordenar a agio do Estado nesictpat- “ses para a superagao do atraso.c.o seu pl Glen ingresso.na era cap Tista. Neste caso havia algo como a pretensio de “con: talismo. Mas se tratava de uma pretensio inspirada no exemplo da Unido Soviética e dos demais regimes comunistas emergentes na Asia e no Leste da Europa. Sob tal aspecto, o desenvolvimentismo niio foi original, mas imitador do adversirio do capitalismo. Marx procurou descobrir as relag6es de produgio socialistas, que, também espontaneamente, estariam se constituindo dentro da formagio social burguesa. Conforme vimos no capitulo anterior, Marx considerava que esta, jf em meados do século XIX, teria atin~ gido aquele grau de desenvolvimento que a tornaria madura para superagio historica. Por conseguinte, nao poderia deixar de conter relagbes de produgao socialistas. A fim de descobri-las, Marx partiu da visio privatista do capitalismo, que lhe era peculiar. Vejamos no que isto consistiu. Na pritica ¢ na teoria, o liberalismo econémico atingiu o auge no século XIX. Os empresirios reivindicavam o méximo de liber- Dey, hap % “% Oh, me ade paras iniciativa privada e os teOricos da economia expunham. 0s fundamentos presumidamente cientfficos que justificavam tal rei- vi a lassicos (S jeRicardo) e neoclassicos (Jevons, Bahm-Bawerk e Walras) coincidiram no mesmo esforgo de justifi- cagio do mercado auto-regulador e dos méritos da livre iniciativa privada, ainda que os primeiros partissem do conceito de valor-tra- balho e os segundos do conceito da utilidade marginal. Em conse- aqiiéncia, havia uma gejeigao geral do intervencionismo estatal, visto como resquicio do feudal sits e do mercantilismo’. ‘Marx se defrontou com esta concep¢io da economia politica pré- tica e tedrica. Nao tinha nenhuma diivida de que 0 modo de produ- ao capitalista podia funcionar continuamente, em sucessivos ciclos, movido exclusivamente pelos impulsos que Ihe eram imanentes. Pa- ra que isto acontecesse, nio havia necessidade da intervengio do Es- 9 copeatud syreo o ‘opensuse ‘sonre ‘9 ‘opuapsod epeu ‘seago[o0 suutioj qos 3eU2t -oade as erpod wquren eastpenideo epeatsd spepatsdozd e anb op 24 “fesdey ones o onpe sod wavsse, [enptATpur oiuouieigaso epeand opep SFHdont ¢ e-optodenuos Watoyos apepanaarTap wo OMezTUEsIO FF od opon ws OUAIPEDOF OP SONTAG no FOMUSUTOTS TAG AGSP! jes Op eIsGeALG OF aa oavourepunyosde wias ‘sexraSessed seyougsopor seonod seurn 29} a9 © 9 opeisg ap oursyestdeo op oauawrtas9x9 OF sn ~stsse apod sjpdug ‘oduran srew oprata Joa z0g “rep ap #240 WU OFS ~ynnsos earnuiau oAai ogu owstTeatdeo op raspeatid oxSdzou02 y -souepcrear sett -anbsa sou orsodxa gise owtos aaraures}ooad ‘Teaides op ogsnposdas ep soatssoons sojoio sop euadopus opseanay ¥ exed sousanx9 $9202 2} ap apepissasousap ep ozSeaosdisoo e opuaze} ‘esonSanquiaxny 25 Tre sodo 96 urerping -(owspuouearre 0 ‘sr9jo9 soaod s0 ‘Ses “eudeo-p3d sosouoduseo so) rorureuyp ens e Owse1x9 s09ey wine ap saad apod ogu ousst[eaides o anb xensuowap ap opsuaaid © too ‘Tedv9 op orSnposds ep souerssear seuronbsa sop erougiyas © qunuoy notusurndize Bmnquioxn'y Poy ‘Ouserew op odureo ON, -jofeqen 2 [exkdeo anua ogSeyas ep sogdrpuoo sepewuso.p 2p onuap [eajssod s1aurexyoprad euodopua orSnposdss wun 9 ‘sousu ov ‘onb ‘ouueasod ‘opurearstuais ‘oudoad ajap apuadap os vasireardeo ‘ogSnpoxd ap opou op oeSnpordas vanb ‘sauaurestoasd ‘rexosd waptia aid seusanbso SQ “opts op opSuaarazut e E1395 Ou10d ‘sourEINe $9401 “ej op ogSense sanbrenb sauawsere,duso> aresuaderp ru1de9 © 2P OP cun$og ozary ou soxsodie “jextdeo op opSnposdar ep seusanbso so anb [eiou easeg ‘[enideo op 2 opeosaur op oySyjnas-oune ep [eisuassa Po yrsnoesea &‘sonjoudo op vwaiss OW SHelor op ousinbay 0 a1uSUEG <3]d eudumo ee anb senswowep ap wily ¥ oxtsinasip 0530389 uLs0U napuadsap xreyy ‘outside op eotusguons ts021 & seIOgeT> OV. rapapardiadas ap soe Fep Sagpaseres Srssooxd Op sua! 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Dedicando-se 20 estudo do sistema ou modo de-produgio capi «alista, Marx se empenhou en ae Sscendar ase que o fasts FE que o faziam Fun™ Sopa Ta Tes eve Ee ee a de lesa ‘Sbrigam os homens a se comportarem de maneira definida, de acor- do com expetaivas muruamente aliments, favia, Marx destacou o objetivo da descoberta da lei do desen- volvimento do modo de producio capitalista. Nao seria uma lei 20 mesmo titulo que as outras, porém aquela lei que devia determinar 1 diregio da evolugio do modo de produgio. Uma vez que 9 enfo~ que dialético privilegia amudanca ea transformagao, cabia ev iaevidenciat como isto ocorria {a ocorrer no caso do sistema capitalista. “Kfinalidade suprema de O capital residiu justamente m: tm descoberta da lei natural do desenvolvimento do sistema capitalista, ou seja, a lei econémica do movimento da sociedade moderna, conforme es- creveu Marx no “Prefacio” ao Livro Primeiro de sua obra maximator ‘Ao estuda-lo do ponto de vista do desenvolvimento, Marx jul- yu estar de posse. lementos objetivos probatérios de que o mo- io de produgio capitalista intensificava suas contradigoes internas jnexoravelmente-U objenvo do licro— a0 qual 6 condena sua na- ‘Gureza — leva o capital a propor-se um crescimento iimitado, Mas 0 Sprig capital constival, por si mesmo, o limite ao seu crescimento. FP oe rer onto das forgas produtvas, Chega 0 m0- mento em que se Scimento dele requer a eliminagio do capital Como relagHo socal dominant da produgio. O-prépro capital pre- para este momento, na medida em que impulsiona a centralizaga [os meios de a “jalizagao do trabalho. Com a inexora- lidade de um processo natural, a produgao capitalista produz — diz Marx —sva propria negacio. A tendéncia histérica da acumula- {Go capitalista conduz & superagio da propriedade privada capitalista ‘pela propriedade social, baseada na produgio altamente socializads’ ‘Marx possufa conhecimentos historiograficos suficientemente -vastos para perceber a diversidade de trajetorias das numerosas so- Ciedades diferenciadas pela geografia ea origem étnica. Recusava a gutoria de uma teoria supra-hist6rica com a pretensio de explicar todas essas trajetorias, Afirmou que acontecimentos notavelmente andlogos conduzem a resultados totalmente distintos quando ocor~ 28 -MARXISMO SEM UTOPIA rem em meios histéricos diferentes". Mas tais afirmagbes sempre vie~ tam como ressalvas ¢ qualificagdes em face do principio orientador Geterminista de O capital. Compreende-se que Marx tivesse esbo- gado, num rascunho preliminar, o sumério das trajetSrias hist6ricas Yariadas dos diversos povos, resumindo-as num trajeto final, aquele ‘que conduz ao surgimento do trabalhador desprovido de meios de producio ¢, por conseguinte, apto a se tornar 0 assalariado explora~ Xo pelo capital previamente acumiulado sob a forma dinheiro. As. sim, por mais diferentes que tenham sido os caminhos hist6ricos Fidos pelos povos, todos eles, cedo ou tarde, conduzem 30 ca “pitalismo, © que significa a inevitavel geragao da classe proletiria ¢ das condigdes em que esta protagonizara a criagio da sociedade co- mmunista. O imanentismo materialista se transforma em feleologia. © coinunisino aparece como a culminincia do destino da espécie ‘humana sobre o planeta Terra’. ‘Os seguidores de Marx oscilaram entre o principio orientador determinista e as ressalvas, prevalecendo largamente o primeiro. Dai 2 afirmacio extremada sobre a substituicio inevitavel da formacio octal capitalista pela formagio social s ecialist: Todo o explEndido Tmonumento que é O capital se convertex numa espécie de méquina que produz a cerveza inabalivel do advento do socialismo, Trata-se ‘de uma tendéncia que se impord com férrea necessidade. Ora, se 0 socialismo sucede inevitavelmente o capitalismo, por que nao teria havido uma sucessio tio inelutavel entre as formagdes sociais, no passado histérico da humanidade? "Antes que Stalin o fizesse, foi Lenin que comprimiu a histéria da humanidade na sucessio dos cinco modos de produgio (comu- nismo primitivo, escravidio, feudalismo, capitalismo, socialismo). Stalin se limitou a copiar o mestre, apenas acentuando a idéia coma sua conhecida propensio para a simplificagio esquematica. Tanto jum como outro se inspiraram em Marx, ainda que este advertisse contra semelhante interpretagio de sua obrat. O acaso e suas maravilhas ‘A questo, que se coloca, consiste na contradi¢Zo (ao menos, aparente) entre a dinimica determinada de um sistema (sem a qual Imameshsnvo? Peoatéatcs » JACOB GORENDER io existiria como sistema) ¢ a indeterminagao de sua substituicio por outro sistema.” principio da incerteza se fixou na mecnica quintica ¢ é fun- damental para a teoria cosmolégiea e para o estudo das estraturas ‘quimicas. A influéncia do acaso se tornou primordial para o estudo da evolugao biolégica. A teoria do caos elaborada por Edward Lo- renz se revelou fecunda no ambiente original onde surgiu — a me~ teorologia — e na posterior aplicacio a outros campos cientificos’. ‘Aqui convém precisar os coneeitos de acaso e de caos. ‘Quando identificamos 0 acaso com 0 imprevisto, podemos atri- bui-lo & nossa ignorancia. Q acaso sé existe para nés, porque nig conhecemos a causa do fenémeno. Se e quando viermos a conhecer ‘ata causa, jf 00 poderemos falar em acaso. Sem nenhuma diivida, “Savango da citncia consistiv, no essencial, na substicuigio da atri- buigio de acaso pela atribuigio de causalidade determinada no que concerne 20s fenémenos. Sendo assim, somente provisoriamente ca- beria falar em acaso. ¢ ‘Mas existe o acaso que nao deriva da ignorancia do sujeito. Isto é 0 acaso que consiste na atuagao de fatores cuja intervengio é va~ Havel e, por conseguinte, impossivel de prever. Tais fatores provo- cam efeitos igualmente imprevisiveis. Por definicao, imprevisiveis, conforme veio elucidar a teoria do caos. Talvez nio se trate propriamente de impossibilidade de previ- sio, porém de impraticabilidade de conhect-la. A rigor, todos os, acasos, sem excegio, deixam de subsistir conceitualmente como tais, desde que cesse nossa ignorancia a respeito da causa deles ou da pro- babilidade estatistica, que resulta da massa aglomerada de tais aca- 508. Mas, no final de contas, a impraticabilidade de aleangar seme- Ihante conhecimento equivale aia impossibilidade. "A teoria do caos se fundou nos modelos matemticos que apli- carama idéia de Poincaré sobre a dependéncia hipersensivel das con- digdes iniciais. VariagSes infimas nas condigées iniciais trazem mu-

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