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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO DA

DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL EM CÃES*

Ronaldo Casimiro da Costa, MV, MSc, PhD, Diplomado ACVIM


(American College of Veterinary Internal Medicine) – Neurologia.

Universidade Federal do Paraná – Campus Palotina, Palotina, PR.

Existem diversos pontos de controvérsia sobre o tratamento da doença


do disco intervertebral (DDIV). O autor vai relatar brevemente sua experiência
e a tendência atual no tratamento da doença.

Uso de corticosteróides – Por vários anos o uso de succinato sódico


de metilprednisolona (SSMP) tem sido recomendada a droga de escolha para
o tratamento do trauma medular agudo em cães. Esta recomendação
baseou-se principalmente em estudos em humanos e não em cães. Contudo
nos últimos anos diversos artigos tem questionado a real utilidade do SSMP
em pacientes humanos e a mesma discussão tem ocorrido na neurologia
veterinária. Apesar de ainda não existir consenso sobre o assunto,
atualmente não se recomenda mais o uso rotineiro do SSMP. O uso em
casos selecionados com apresentações mais graves ainda pode ser
justificado. Como rotina, o autor usa dexametasona (0,25 mg/kg em dose
única ou como dose inicial seguido de 0,1 mg/kg a cada 12 ou 24 horas por 2
ou 3 dias).

Técnica cirúrgica – A cirurgia descompressiva precoce


provavelmente oferece as melhores chances de recuperação rápida e
completa da função motora e sensitiva. Embora sabe-se que diversos
pacientes recuperam-se com o tratamento não-cirurgico, a cirurgia sem
dúvida oferece muito melhores chances de recuperação. O uso da
laminectomia dorsal é geralmente contra-indicado por não fornecer acesso ao
assoalho do canal vertebral onde o disco herniado se encontra. Tanto a
hemilaminectomia como a pediculectomia permitem o acesso ao assoalho do
canal vertebral e descompressão medular. O autor prefere a técnica de
* Resumo da palestra apresentada no VII Congresso do Colégio Brasileiro de Cirurgia
e Anestesiologia Veterinária, 12-16 de Setembro de 2006, Santos, SP.
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pediculectomia por ser menos invasiva e por não interferir com os processos
articulares.

Fenestração – Apesar de controvertido, o alto índice de recidiva de


herniações do disco intervertebral sugere que a fenestração profilática de
discos intervertebrais deve ser realizada. A questão é se devemos fenestrar
apenas o disco afetado (fenestração local) ou todos os discos na região de
alto risco - T12-T13 à L3-L4 – (fenestração completa). Apesar de no
momento não haver informação definitiva sobre o assunto, resultados
preliminares de um estudo prospectivo com 200 cães em andamento no
Ontario Veterinary College sugerem que a fenestração completa pode causar
instabilidade da coluna vertebral toracolombar e aumentar o risco de
extrusões de disco geralmente caudal ao último disco fenestrado (discos L4-
L5 ou L5-L6). Extrusões na regiao L4-L5 causam lesão na medula espinhal
na região dos neurônios motores inferiores (NMI) para o membro pélvico, e
portanto são indesejáveis, pelo risco de dano permanente aos corpos
celulares dos NMI. Portanto, no presente momento, fenestração local parece
ser a melhor alternativa.

Referências bibliográficas

Brisson BA, Moffatt SL, Swayne SL, Parent JM. Recurrence of thoracolumbar
intervertebral disk extrusion in chondrodystrophic dogs after surgical
decompression with or without prophylactic fenestration: 265 cases (1995-
1999). J Am Vet Med Assoc 2004; 224:1808-14.

da Costa, R.C. Disco Intervertebral: Bases para o tratamento da doença.


Nosso clinico, v. 4, n. 20, Mar/Abril, 2001.

Mayhew PD, McLear RC, Ziemer LS, et al. Risk factors for recurrence of
clinical signs associated with thoracolumbar intervertebral disk herniation in
dogs: 229 cases (1994-2000). J Am Vet Med Assoc 2004; 225:1231-6.

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