Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC

Curso de Direito
Área das ciências jurídicas

Direito Processual Penal II

Professor: Mauricio Eing
Acadêmica: Amanda Ferri

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A SAÚDE

PÚBLICA. TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33, CAPUT, DA LEI N.
11.343/2006). SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSOS DA
DEFESA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
PRELIMINAR DE NULIDADE DA BUSCA E APREENSÃO
DOMICILIAR, PELA NÃO OBSERVÂNCIA DOS DITAMES
LEGAIS (AUSÊNCIA DE FUNDADA SUSPEITA). TESE NÃO
ACOLHIDA. BUSCA MOTIVADA PELO LOCAL EM RAZÃO DE
VEÍCULO EM ATITUDE SUSPEITA, EM QUE UM CASAL FOI
SURPREENDIDO COM GRANDE QUANTIDADE DE DROGAS E
INDICOU A RESIDÊNCIA DO ACUSADO COMO LOCAL ONDE
ERAM GUARDADAS. POLICIAIS QUE AVISTARAM O
ACUSADO EM FUGA QUANDO DA CHEGADA DA POLÍCIA.
APREENSÃO DE GRANDE QUANTIDADE QUANTIDADE E
VARIEDADE DE ENTORPECENTES. DELITO DE CARÁTER
PERMANENTE. PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO QUE
EXCEPCIONA, INCLUSIVE, A NECESSIDADE DE MANDADO
JUDICIAL. VALIDADE DO ATO. PROEMIAL RECHAÇADA.
MÉRITO. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS
IMPOSSISIBILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA DO
DELITO DEMONSTRADAS. RESIDÊNCIA ONDE FORAM
ENCONTRADAS 14.289,4 KG DE MACONHA, FRACIONADAS
EM 27 (VINTE E SETE) PORÇÕES; 99,7G DE CRACK, E 6,3G DE
COCAÍNA, FRACIONADAS EM 7 (SETE) PORÇÕES, ALÉM DE
UMA BALANÇA DE PRECISÃO E EMBALAGENS PLÁSTICAS,
UMA MÁQUINA DE CARTÃO DE CRÉDITO, UM DOCUMENTO
DE IDENTIDADE E DIVERSOS CARTÕES DE CRÉDITO EM
NOME DO APELANTE. AUTORIA COMPROVADA. CRIME DE
MERA CONDUTA CONFIGURADO COM A PRÁTICA DE
QUALQUER DAS AÇÕES DESCRITAS NO ART. 33 DA LEI
11.343/06. PROVA ROBUSTA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN
DUBIO PRO REO INVIÁVEL. CONDENAÇÃO MANTIDA.
DOSIMETRIA. PRIMEIRA FASE. PLEITO MINISTERIAL PARA
MAJORAR A PENA DO ACUSADO EM RAZÃO DA
CULPABILIDADE, POR TER COMETIDO O CRIME QUANDO
ESTAVA CUMPRINDO PENA EM REGIME ABERTO EM
OUTROS AUTOS. ACOLHIMENTO. DESCASO TOTAL COM A
JUSTIÇA. AUMENTO DEVIDO. PENA MAJORADA.
RECURSO DEFENSIVO CONHECIDO E DESPROVIDO.
RECURSO MINISTERIAL CONHECIDO E PROVIDO.
(TJSC, Apelação Criminal n. 5043996-68.2021.8.24.0038, do Tribunal
de Justiça de Santa Catarina, rel. Leopoldo Augusto Brüggemann,
Terceira Câmara Criminal, j. 10-05-2022).

HABEAS CORPUS. DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS

PROTETIVAS DE URGÊNCIA E AMEAÇA PRATICADA NO
ÂMBITO DAS RELAÇÕES DOMÉSTICAS. PRISÃO EM
FLAGRANTE CONVERTIDA EM CUSTÓDIA PREVENTIVA.
PRETENDIDO O TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. MEDIDAS
PROTETIVAS DE URGÊNCIA FIXADAS HÁ 10 MESES.
SUPOSTA CARÊNCIA DE VALIDADE MATERIAL. TESE
AFASTADA. DECISÃO QUE NÃO HAVIA FIXADO PRAZO
ESPECÍFICO PARA VIGÊNCIA DAS MEDIDAS. VALIDADE QUE
DEPENDE DE AVALIAÇÃO QUANTO À NECESSIDADE E
ADEQUAÇÃO DO INSTRUMENTO. HIPÓTESE EM QUE A
DEFESA SEQUER PLEITEOU A REVOGAÇÃO DAS MEDIDAS
PROTETIVAS JUNTO AO JUÍZO A QUO. DECISÃO VIGENTE.
DESCUMPRIMENTO EVIDENCIADO.
ADUZIDA A ATIPICIDADE DA CONDUTA DESCRITA COMO
CRIME DE AMEAÇA. TERMOS UTILIZADOS PELO PACIENTE
QUE, SEGUNDO ALEGOU O IMPETRANTE, NÃO EVIDENCIAM
A PROMESSA DE CAUSAR MAL INJUSTO À VÍTIMA.
INSUBSISTÊNCIA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO
QUE CORROBORAM AS RAZÕES DO TEMOR DA VÍTIMA.
PACIENTE QUE FOI ATÉ A CASA DA OFENDIDA EM ESTADO
DE EMBRIAGUEZ, DANIFICOU A PORTA DA CASA, PROFERIU
PALAVRAS DE BAIXO CALÃO, OFENDEU A VÍTIMA E
AFIRMOU QUE ELA "IRIA VER". HIPÓTESE EM QUE AS
CIRCUNSTÂNCIAS DAS AGRESSÕES DEMONSTRAM O
ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. TRANCAMENTO DA AÇÃO,
ADEMAIS, QUE DEVE ESTAR CALCADO EM PROVA
IRREFUTÁVEL DA ATIPICIDADE, O QUE NÃO ESTÁ
EVIDENCIADO NOS AUTOS. PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO
QUE SE IMPÕE.
ALEGADA A DESPROPORCIONALIDADE DA MEDIDA
EXTREMA. POSSÍVEL FIXAÇÃO DE REGIME MAIS BRANDO
EM EVENTUAL CONDENAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. PACIENTE
QUE DESCUMPRIU A MEDIDA DE AFASTAMENTO DE FORMA
PROPOSITAL E AMEAÇOU A VÍTIMA. RELATOS DA
OFENDIDA QUE EVIDENCIAM NÃO SE TRATAR DE
CONDUTA ISOLADA. POSSIBILIDADE DE REITERAÇÃO
CRIMINOSA. ORDEM PÚBLICA AMEAÇADA. ADEMAIS,
PREVISÃO DO ART. 313, III, DO CPP QUE PERMITE A PRISÃO
PREVENTIVA QUANDO NECESSÁRIA PARA DAR
EFETIVIDADE ÀS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA.
FUNÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA DIVERSA DAQUELA
ATRIBUÍDA À PRISÃO DECORRENTE DE PENA DEFINITIVA.
INEXISTÊNCIA DE MEIOS ALTERNATIVOS CAPAZES DE
AFASTAR O PACIENTE DA VÍTIMA. MEDIDAS CAUTELARES
QUE JÁ SE MOSTRARAM INSUFICIENTES. PERICULUM
LIBERTATIS PLENAMENTE DEMONSTRADO. ORDEM
DENEGADA.
(TJSC, Habeas Corpus Criminal n. 5051103-83.2021.8.24.0000, do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Antônio Zoldan da Veiga,
Quinta Câmara Criminal, j. 07-10-2021).