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Capitulo3 TEORIA TEMATICA
Capitulo3 TEORIA TEMATICA
Editor:
Nelson Rolim de Moura
Capa:
Mauro Ferreira
ISBN 85-7474-199-x
CDU 801.56(035)
Editora Insular
Rua Júlio Moura, 71
Florianópolis - 88020-150 - Santa Catarina - Brasil
Fone/fax: 0**48223 3428
editora@insular.com.br www.insular.com.br
Filiada a CCl - Cámara Catarinense do Livro e ao SNEl - Sindicato Nacional dos Editores de Livros
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,
TEORIA TEMATICA
1. Introduc;ao
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mos a informacáo de que destruir é um verbo. Seremos incapazes de um ser de natureza animada que possa gostar de algo/alguém e (ii)
montar sentencas com estas palavras sem a informacáo sobre a cate- aquilo/aquele de que(m) se gosta. O exemplo (3b) reforca o fato de
goria gramatical a que pertencem porque nomes e verbos tém distri- que o elemento que representa "aquele que gosta" tem que ser de na-
buicáo diferente nas línguas, como se pode constatar nos exemplos tureza animada e piio de queijo nao tem essa propriedade, o que deter-
em (1) abaixo: mina a agramaticalidade da sentenca, Passemos para o exemplo (4):
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e a Maria se encontraram em algum tempo e em algum lugar, mas (7a), aqueles que selecionam dais argumentos como gostar em (3a) e
nao somos abrigados a colocar essa informacáo na sentenca que aqueles que selecionam tres argumentos, como dar em (7b). Porém,
estamos construindo para garantir que ela seja gramatical. As ex- nao há um verbo em qualquer língua natural que possa selecionar n
pressñes na semana passada e em Quixeramobim (e outras que qui- argumentos, n sendo maior que tres. Da mesma forma, os "papéis"
séssemos acrescentar, por exemplo, por algum motivo etc.) se inse- que os diferentes argumentos podem desempenhar num ~ado evento
rem na sentenca como adjuntos. Assim, há urna distincáo muito cla- (numa "cena") sáo também limitados, como veremos adiante. Como
ra a ser feita aqui: argumentos sáo selecionados por um dado núcleo o modelo que exploramos aqui busca, acima de tudo, lancar luz so-
lexical, porém adjuntos nao o sáo - podem compor a "cena" do evento, bre o funcionamento mental do ser humano, entáo es se tipo de evi-
mas nao sáo pecas indispensáveis para a gramaticalidade da senten- dencia com respeito a tais limites pode ser extremamente relevante.
ya. Por isso, (6a) é urna sentenca bem formada em portugués, mas Até aqui falamos de predicados como encontrar, morrer ou
(6b) ou (6c) nao o sáo: dar que sáo verbais. Mas outros tipos de predicados também podem
tomar argumentos, como já avancado pelo Capítulo II. Para exem-
(6) a. O Joáo encontrou a Maria. plificar esta situacáo, observe as sentencas em (8):
b. *0 Joáo encontrou.
c. *Encontrou a Maria. (8) a. [A destruicáo da cidade] foi completa.
b. [O lancamento do livro] foi concorrido.
O fato de o adjunto nao estar incluí do na sentenca nao lhe traz pro-
blemas de gramaticalidadé. Contudo, se o que falta é um argumento, Existe urna estrutura do tipo predicado/argumento dentro dos col-
como em (6b) e (6c), a sentenca é agramatical. Obviamente, para que chetes em (8): em (8a), destruiciio toma como argumento (d)a cida-
os julgamentos de gramaticalidade em (6) se confirmem, devemos de; em (8b), lancamento toma (d)o livro como argumento. Repare
entender que em (6b) e (6c) nao existem argumentos implícitos. que destruiciio e lancamento sáo deverbais, isto é, sáo nomes que
O leitor pode facilmente concluir que o número de expressñes tém o mesmo radical, respectivamente, dos verbos destruir e lancar,
que somos obrigados a colocar em urna sentenca com o verbo morrer sendo derivados deles; no entanto, observe também que o nome nao
é diferente daquele que constitui urna sentenca com o verbo dar, por tem necessidade de tomar o mesmo número de argumentos que o
exemplo. No caso de morrer, um único argumento é suficiente para verbo, como vemos na cornparacño de (8) com (9):
obtermos urna sentenca bem formada como em (7a), mas no caso de
dar devemos colocar tres argumentos na sentenca, como em (7b): (9) a. O inimigo destruiu a cidade.
b. A editora lancou o livro.
(7) a. A Maria morreu.
b. A Maria deu olivro para o Joáo. Enquanto é necessária a ocorréncia de o inimigo e a editora quando
sáo argumentos de verbo em (9), nao existe esta necessidade em (8).
Um dos aspectos mais interessantes das línguas naturais, no Se quiséssemos incluir tais elementos na sentenca, entáo seríamos
que tange a selecáo de argumentos, é que os núcleos, especialmente obrigados a incluir igualmente urna preposicáo específica para poder
aqui considerando os verbos, tém urna capacidade muito limitada de acomodá-los: a destruiciio da cidade (pelo inimigo) foi completa; o
selecioná-los. Haverá aqueles que nao selecionam nenhum argumen- lancamento do livro (pela editora) foi concorrido.
to, caso dos verbos que expressam fenómenos da natureza como cho- Além de o predicado definir o número de argumentos com os
ver; haverá os que selecionam um único argumento como morrer em quais co-ocorrerá, define também com que tipo de argumento pode
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se combinar, deve se combinar ou que cornbinacñes sáo impossíveis. Enquanto as informacóes categoriais de um argumento podem estar
Por exemplo, se ternos um predicado como beijar, sabemos que, para em variacáo, as semánticas parecem ser universais, ontológicas.
ser possível montar urna sentenca bem formada com ele, é necessá- Urna observacáo final: o léxico é aprendido por todos nós du-
rio cornbiná-Io com argumentos de um certo tipo sernántico e rante a nossa infáncia com maior intensidade (porém, esse processo
categorial. Observe os exemplos em (10): perdura a vida toda, na verdade), mas a nocáo de categoria sintática
é tomada, neste modelo, como inata. Assim, os itens lexicais váo
(10) a. A Maria beijou o Pedro.
sendo estocados na memória, mas o formato do léxico mental é dado
b. * A pedra beijou o Pedro.
c. * A Maria beijou que o Joáo saiu. pelo nosso aparato genético - isto é, os tipos de categorias e a estru-
tura argumental das palavras que aprendemos devem se conformar a
A impossibilidade de (1 Ob) resulta do fato de o verbo beijar exigir um modelo já existente em nosso(a) cérebro/mente.
que o argumento que funcionará como sujeito da sentenca seja um Passemos agora a formalizacáo do que vimos discutindo até
DP capaz de fazer referéncia a um ser "beijador" - a pedra nao tem aqui,
lábios para tanto. Neste caso, estamos falando de s-selecáo, isto é, a
selecáo semántica, como já estudamos no capítulo anterior. Por ou-
tro lado, a agramaticalidade de (1 Oc) se explica pelo fato de o verbo 2. A Teoria dos Papéis Temáticos: seu funcionamento
beijar nao poder ser complementado por um CP, mas apenas por um
DP. Estamos aqui falando de c-selecáo, ou seja, a selecáo categorial, Na secáo anterior mostramos que um predicado ou núcleo
um conceito também abordado no Capítulo II. Chamaremos a esse lexical impñe urna série de restricñes sobre seus argumentos. Estas
conjunto de impossibilidades de restricñes de selecáo. restricñes podem ser exemplificadas com as inforrnacñes em (13)
Nao existe predicado com mais de urna possibilidade de s- para um verbo como chutar:
selecáo, embora possa existir urna mesma palavra com s-selecñes
diferentes. Se isto acontece, estamos frente a casos de homonímia. (13) a. O menino chutou a bola.
Mas um mesmo predicado pode c-selecionar argumentos diferentes. b. chutar: categoria [-N, +V]
Um exemplo de predicado com diferentes possibilidades de c-sele- nQ de argumentos [-,-]
cóes é o verbo dizer, que pode selecionar um DP ou um CP como c-selecáo [DP, DP]
complemento: s-selecáo [AGENTE, TEMA/PACIENTE]
b) realizacáo: [O menino]' chutou [a bola]'. Há urna série de fenómenos a serem explorados aqui. Em pri-
meiro lugar, embora tenhamos mantido o verbo pegar constante nos
O item lexical chutar traz do léxico as informacñes relevantes cinco exemplos, parece claro que o papel de Astrogildo em cada evento
quanto él sua grade temática tanto em termos categoriais como se- nao é o mesmo. Nao podemos imaginar que Astrogildo seja AGENTE
mánticos, e a sintaxe se encarrega de preencher os argumentos selecio- em pegar uma gripe, enquanto é plausível imaginar que o seja em
nados pelo predicado, bem como de verificar se o preenchimento pegar o filho no colo. Isso é evidencia, entáo, de que o papel e que
produz urna sentenca gramatical. O que queremos dizer com isso é Astrogildo recebe em cada sentenca nao provém apenas do núcleo
que a grade temática de chutar preve que um argumento seja realiza- pegar e sim do núcleo mais o seu complemento. Portanto, é o com-
plexo [pegar urna gripe] que dará a Astrogildo o papel de EXPE-
2 Apenas para tomar familiares alguns rótulos utilizados para os papéis temáticos, RIENCIADOR de um dado estado físico. Dito de maneira mais técnica, é
apresentamos urna breve lista com exemplos (para urna lista mais exaustiva, cf. o nível VI que é o responsável pela atribuicáo do papel 8 ao argu-
Radford, 1988: 373): mento que ocupa o especificador de VP.
TEMA (ou PACIENTE) = entidade que sofre o efeito de alguma acáo (Á Cláudia espetou
Em segundo lugar, podemos observar que (15e) é urna ex-
a Maria);
pressao idiomática, ou seja, urna expressáo da língua que comporta
AGENTE/CAUSATIVO = entidade causadora de alguma acáo (A Maria correu na Sáo
Silvestre); também um sentido nao-literal, no caso, Astrogildo nao segurou ne-
EXPERIENCIADOR = entidade que experiencia algum estado psicológico ou fisico (A nhum batente, mas foi trabalhar. Se o leitor resolveu o último exercí-
~ sentiu dor); cio do capítulo anterior, sabe do que estamos falando e a essa altura
BENEFACTIVO = entidade que se beneficia de algum evento (O Joáo deu flores para a deve ter colecionado um sem-número de expressñes idiomáticas e
~~; .-
LOCATlVO = lugar onde algo/alguém se situa ou onde algo ocorre (O Joáo pos o livro
na estante). ) Essa discussáo inspira-se em Homstein, Nunes & Grohmann (a sair).
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deve ter percebido que, quase invariavelmente, elas se formam de (18) IP
um núcleo verbal e complemento. Vamos explorar um pouco mais ~
esse tópico. Spec I'
.«>:
(16) a. Carmela [bateu [as botas]]. (= morreu) I VP
b. Esse técnico de computador [enfia [a faca]]. (= cobra caro) -ou ~
DP V'
Em certas regiñes do Brasil sabe-se que (16a) pode ter um
sentido literal em que o DP as botas será interpretado referencialmente,
D ~
esse técnico V DP
ou seja, é prudente que se bata um par de botas específico antes de
calcá-Ias para evitar acidentes com aranhas, escorpióes etc. Porém, a
de computador I D
enfi- a faca
expressáo bater as botas também comporta urna leitura idiomática
em que o DP as botas deixa de ser referencial e toda a expressáo
bater as botas passa a significar morrer. O mesmo raciocínio se apli-
Chamamos O complemento do núcleo - no caso deste exemplo, o
ca a (16b), com as cores mais dramáticas para o sentido literal da
núcleo relevante é o V - de argumento interno, pois, tanto quanto o
expressáo. Um fato interessante é que podemos manipular em algum
núcleo, está imediatamente dominado pelo nível da barra. O
grau as expressñes idiomáticas:
. especificador da projecáo máxima (no caso, a projecáo relevante é o
VP) é chamado de argumento externo, poi s é um nódulo irmáo do
(17) a. Esse técnico de computador enfia a faca.
nível da barra.
b. Esse técnico de computador enfiará a faca (em mim).
A atribuicáo dos papéis e pode se realizar através de marca-
c. Esse técnico de computador enfiou a faca (em mim).
9aO direta, quando o atribuidor é um núcleo X e o argumento que o
d. Esse técnico de computador nao enfia a faca.
recebe é interno; ou indireta, quando o atribuidor nao é o núcleo so-
zinho, mas a cornposicáo do núcleo e seu argumento interno, ou seja,
Como vimos no capítulo II, as informacóes sobre o tempo de
a categoria intermediária X', o que se evidencia, corno vimos, pelos
urna sentenca se alojam no núcleo de IP, portanto acima do nódulo
exemplos em (15). No entanto, mesmo sabendo que nao é a mane ira
VP, assim como a negacáo. Portanto, os dados acima sáo evidencia
mais precisa de fazer referencia ao fenómeno, para simplificar a dis-
de que os papéis e dos argumentos de enfiar sáo atribuído s dentro do
cussáo normalmente dizemos que o núcleo seleciona os seus argu-
VP. Vejamos a DS de (17C):4
mentos, sejam eles internos ou externos.
Embora já tenhamos notado anteriormente, nunca é demais
lembrar que a marcacáo e é feita pelos núcleos lexicais, já que ape-
nas eles tém a capacidade de s-selecionar seus argumentos, contrari-
amente aos núcleos funcionais, que apenas c-selecionam o seu único
4 Nao queremos dizer com isso que todas as expressñes idiomáticas da língua possam argumento, que ocupa a posicáo de complemento.
ser manipuladas quanto a tempo. Há algumas, aparentemente envolvendo imperati-
Dentre outras previsñes e generalizacóes, urna que deriva da
vos, que se modificadas perdem a leitura nao-literal:
(i) Vá plantar batata! (= nao me amole) vs. teoria temática é a correlacáo entre diferentes categorias lexicais. Já
(ii) Joáo vai plantar batata. dissemos que N atribui papel e a seus argumentos e exemplificamos
A sentenya em (ii) parece só comportar a leitura literal. esta situacáo com os deverbais destruiciio e lancamento em (8). Con-
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sideremos ainda um outro deverbal como conquista em (19) compa- uistar nao é substancialmente diferente do nome conquista, já
conq . - ,. d '
rando-o com o verbo conquistar em (20): ambos os casos a organizacao temática e seus argumentos e
que e m .
ma: a lua seria o complemento e recebena o papel e de TEMA e
a mes . . .
(19) a. A conquista da lua pelo homem o homem seria o especificador e recebena o papel 9 de AGENTE, con-
forme acabamos de apontar aC.lma. . ,
b. DP Da perspectiva da Teona X-barra, o Importante e notar que os
dois argumentos podem ser 9 - marcados porque estáo incluídos na
I
D' íecao máxima do núcleo do constituinte - em outras palavras, os
pro] y ,~. ,
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c. Meu chefe viaj ou [de Florianópolis] [para Curitiba] [de Voltemos novamente a nossa atencáo para a marcacáo temática
carro]. ontece dentro do VP. O núcleo V atribui papel S diretamente
que ac . I
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mental, enquanto o PP para Curitiba está dominado pelo segmento Um dos aspectos mais interessantes com relacáo a essa di s-
de cima do VP, assegurando seu caráter de adjunto. ssao dos papéis 8 diz respeito ao fato de que em sentencas com
Podemos, agora, responder duas das questñes, colocadas no verbos que expressam um evento com dois participantes, em que um
início da secáo, das quais a Teoria 8 deve dar conta: d les é AGENTE/CAUSATlVO e o outro é PACIENTE/TEMA, normalmente o
A~ENTE será o argumento externo - que se tornará o sujeito da sen-
• Quais sáo os elementos capazes de atribuir papel 8? Os nú-
tenC;;a,como em (26a). O padráo inverso, ~om ~ ~EMA co~o. argu~en-
cleos lexicais.
to externo sendo posteriormente alcado a posicao de sujeito, nao se
• Quais elementos sáo capazes de receber os papéis 8? Os argu-
verifica, conforme constatamos em (26b):
mentos selecionados pelos núcleos lexicais.
No capítulo anterior foram introduzidas as small clauses (Se) (26) a. Assis chutou/construiu/encontrou/empurrou/limpou/que-
identificadas como estruturas de predicacáo. Agora deve ficar mais brou a cadeira.
claro para o leitor o porque dessa identificacáo: um dos elementos da b. * A cadeira
chutou/construiu/encontrou/empurrou/limpou/
se comporta-se como um predicado que s-seleciona um argumento - quebrou Assis.
cuja funcáo será de sujeito da se - e, assim, atribui a ele um papel 8.
Vejamos um exemplo: Vamos apresentar a DS e a SS de (26a), como (27a) e (27b), respec-
tivamente:
(25) a. Emenergilda encontrou [se [DP Orozimbo] [AP desmaiado]].
(27) a. IP b. IP
b. IP
~ ~
.:'>: Spec l' DP l'
Spec l' ..r>: Assis. I
~
~ I VP I VP
I VP -ou .r>: chutou.} ~
-ou ~ DP V' DP V'
DP V' Assis »<">: ti ~
Emenergilda ~ V DP V DP
V se chut- a cadeira t. a cadeira
}
encontr- ~
DP AP Essa correlacáo parece ser táo forte nas línguas naturais que vários
Orozimbo desmaiado autores propuseram urna hierarquia temática:"
Em (25) o DP Orozimbo recebe seu papel 8 do núcleo do AP desmaia- (28) Hierarquia Temática (adaptacáo livre de Baker, 1997: 105)
do - um adjetivo deverbal derivado do verbo desmaiar em sua forma
de particípio. É bom lembrar também que toda a se receberá igual- AGENTE/CAUSATlVO/EXPERIENCIADOR> TEMA> BENEFAc.. TlVOILOCATlVO ...
mente um papel 8 TEMA como argumento interno de encontrar - "a
cena" encontrada Orozimbo desmaiado - urna vez que é argumento 6O leitor deve referir-se as obras indicadas na Bibliografia Adicional, ao final deste
do núcleo V. capítulo, para detalhes.
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o que (28) nos garante é a generalizacáo a que acabamos de nos Como o leitor deve ter reparado através da discussáo desenvolvida
referir acima. Segundo a hierarquia proposta, o argumento externo até aqui, para a marcacáo e devemos olhar tanto para constituintes
de um verbo, o primeiro argumento mais alto dentro do VP, tenderá como para posicñes. Melhor dizendo, os constituintes recebem seu
a receber o papel temático de AGENTE; o argumento interno, mais papel e unicamente em determinadas posicóes. Este esclareci~en~o é
baixo no VP, tenderá a receber o papel temático de TEMA. útil na medida em que identificamos o papel e de um constitumte
Se voltarmos ao exemplo (14), repetido aqui como (29), po- deslocado pelo fato de estar conectado com a posicáo onde recebe
deremos observar o funcionamento da hierarquia: aquele papel e. Em outras palavras, urna das características das lín-
guas naturais é que pronunciamos determinados elementos em urna
(29) [vp o menino [v' chutar a bola ]] posiyao, porém eles sáo interpretados semanticamente em outra. Ob-
servemos a sentenca em (30):
o constituinte mais baixo a bola recebe o papel de TEMA e o mais alto
o menino, de AGENTE. O leitor pode visual izar o processo em (27a). (30) Que livro ela comprou ti?
Explorar criteriosamente a Hierarquia Temática vai muito além
dos objetivos deste Manual, entretanto é interessante ressaltar que Recapitulando o que foi discutido no capítulo anterior, o sintagma
ela nos permite fazer algumas previsóes: se um verbo selecionar ape- Wh que livro foi gerado originalmente, em DS, onde está o vestígio
nas o argumento externo, entáo ele será AGENTE; porém, se selecionar (1) e posteriormente movido, em SS, para a periferia esquerda da sen-
apenas um argumento interno, entáo ele será TEMA. Voltaremos a es se tenca, conforme nos asseguram os índices subscritos que conectam
ponto adiante quando estudarmos os inacusativos.? as duas posicóes. Mas a despeito de ser pronunciado no início da
sentenca, é interpretado como argumento interno do verbo comprar.
Podemos supor, entáo, que é na conexáo com a posicáo S,
7 Há urna classe de verbos que, a primeira vista, parece nao se acomodar a (28): sáo os representada por ti' que que livro recebe seu papel S TEMA. As conse-
chamados verbos psicológicos que, como o nome adianta, descrevem estados psico-
qüéncias dessa observacáo seráo amplamente exploradas quando es-
lógicos. A grade temática de tais verbos envolve normalmente dois papéise, de
EXPERIENCIADOR e TEMA.Contudo, existe urna classe deles que tem o EXPERIENCIADOR tudarmos o movimento (cf. Capítulo VI), mas há urna conclusáo que
como o papel e mais proeminente, como a classe de temer e outra que tem o TEMA pode ser extraída desde já. O fato de a atribuicáo dos papéis S se dar
como argumento mais proeminente, como a classe de preocupar: nas posicóes de base em que os argumentos se combinam com os
(i) a. Joáo teme a situacáo do país. núcleos que os selecionaram revela que es se módulo da teoria se apli-
b. A situacáo do país preocupa Joáo.
ca em DS, portanto, antes de os elementos se moverem para su as
Mesmo os verbos da classe de preocupar podem se acomodar em dois tipos de
estrutura, como mostra (ii): posicñes de SS, isto é, para as posicñes em que serño pronunciados.
(ii) [Joño] se preocupa com [a situacáo do país] Se retomarmos o esquema de gramática deste modelo, apre-
Tanto em (i) quanto em (ii) Jodo é EXPERIENCIADOR e a situacdo do país é TEMA. sentado no primeiro capítulo, isso fica ainda mais claro:
Contudo, como qualquer um dos papéis pode se alear para a posicáo de sujeito da
sentenr;:a, isso parece ferir a hierarquia em (28), que prediria apenas a subida do (31) ~
EXPERIENCIADOR,ficando o papel de TEMAsempre reservado para o argumento in-
terno do verbo. Nao cabe aqui explorar esse fenómeno, mas remetemos o leitor a
DS
Bel~e~ti & Rizzi (1988) que mostram que a estrutura do VP que tém verbos psi-
COIOglCOS como núcleos também se amolda a predicáo de que argumentos inter- I
nos sáo normalmente TEMAS. Quando estudarmos os verbos inacusativos, vere- SS
mos cOI?o esses dois fenómenos sáo homogéneos quanto aos papéis temáticos, ~
urna umficar;:ao que agrega elegancia a análise. PF LF
136 137
DS é o nivel de representacáo sintática que faz interface com o léxi- ep
(32)
co, local onde os núcleos estáo armazenados juntamente com a infor-
~
macáo quanto a suas propriedades lexicais, em especial, quanto a sua
Spec e'
grade temática.
-A »<>:
Isso nos permite responder mais duas das questñes colocadas -S e IP
pela Teoria S no início da secáo:
~
• Qual é o nivel sintático em que se dá a atribuicáo e o recebi- Spec l'
mento de papéis S? Em DS. +A ~
• Quais sáo as posicñes em que se dá a atribuicáo e o recebi-
mento de papéis S? As posicñes em que os argumentos sáo
gerados originalmente.
-8 1
----------
VP
VP
PP -7 [-A,- 8]
.«>: ~
Este conjunto de observacñes sobre posicñes de atribuicáo DP V' P DP
temática nos permite distinguir entre posícñes temáticas (S) e n30- +A ~ +A
temáticas (nao-S). Para efeitos da marcacáo S por um núcleo lexical, +S V DP +S
as posicñes náo-B sáo as que nao sáo selecionadas por ele. Lembre- +A
mos urna vez mais que a marcacáo S pode se realizar somente no +S
ámbito da projecáo máxima XP do núcleo X atribuidor de papel S,
conforme já discutimos. (32) mostra que se urna posicáo é S, ela é necessariamente A; mostra
Além de posicñes S e náo-B, outra distincáo pode ser também que urna posicáo A-barra é necessariamente nao-O; mas que
estabelecida: entre posicóes argumentais - posícñes A - e posicóes nem toda posicáo A é necessariamente S: o especificador de IP impe-
nao argumentais - posícñes A-barra. As primeiras se caracterizam de a correspondencia total entre posicóes A e S; por ser o especificador
P?r serem identificadas com urna funcáo gramatical- sujeito, objeto de urna projecáo funcional, nao é urna posicáo 8, e por ser a posicáo
direto, objeto indireto -, o que nao ocorre com as últimas. Marcare- canónica da funcáo gramatical "sujeito" é urna posicáo A. Notemos
mos em ~32) as posicóes de acordo com as distincñes estabelecidas, que o PP adjungido ao VP nao é urna posicáo A, nem S, já que esse
convencionando o (-) para as posicñes nao argumentais e/ou nao elemento nao é selecionado pelo verbo - trata-se de um adjunto. No
temáticas e o (+) para as argumentais e/ou temáticas: entanto, o DP dentro do PP é selecionado pela preposicáo lexical e é,
assim, urna posicáo A e S. O leitor pode imaginar urna sentenca que
caiba na representacáo em (32).
Falta ainda responder a última pergunta colocada pela Teoria S:
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(33) CRITÉRIO e (36) PRINCÍPIO DE PROJE<;ÁO
(i) Cada argumento tem que receber um e um só papel e;
(ii) Cada papel e tem que ser atribuído a um e um só argu- As propriedades de selecáo de cada núcleo lexical devem ser
mento. preservadas nos níveis de representacáo de DS, SS e LF.
Esse princípio pode ser invocado para rejeitar seqüéncias o Princípio de Projecáo procura garantir fundamentalmente que nao
como: de
se po , no correr da derivacáo de urna sentenca, aumentar ou dimi-
nuir o número de argumentos ou posicñes argumentais selecionadas
(34) a. *Quem a Maria viu o Joáo? por um dado núcleo. Na passagem ~e .um nível d: derivacáo pa~a
b. *A Maria viu. outro, entáo, podemos deslocar constitumtes, mas nao apagar a POSl-
c;:aode onde o constituinte foi deslocado: esta posicáo vai ser ocupa-
Como vimos, a desobediencia a um princípio leva inapelavelmente da por um vestígio (t) em SS e LF. Por outro lado, se a grade S de um
urna seqüéncia a ser rejeitada como sentenca. Assim, a agrama- núcleo preve a existencia de um argumento e es se argumento nao tem
ticalidade de (34a) se explica em funcáo de existirem lá tres argu- matriz fonética, esta posicáo é em DS ocupada por urna ee, corno em
mentos associados a ver - quem, a Maria e o Joiio -, mas apenas (35). Veremos no Capítulo V que as categorias vazias nao térn todas
dois papéis S a serem atribuídos: EXPERIENCIADOR e TEMA. Resulta daí
as mesmas propriedades e merecem tratamento diferenciado.
que um dos argumentos ficará sem papel S, violando a cláusula (i) de
Por ora, o mais interessante para nós é observar exemplos corno
(33). Por seu turno, (34b) é agramatical em decorréncia de ver ter
(30), em que existe urna clara conexáo entre o DP que livro e seu
dois papéis S para atribuir e apenas um argumento para recebé-los,
vestígio (t), pois esta categoria vazia ocupa a posicáo original em que
violando portanto a cláusula (ii) de (33). As seqüéncias em (34), en-
o DP foi gerado, em DS, antes de se mover para sua posicáo de su-
táo, violam o Critério S por nao apresentarem correspondencia
perfície no início da sentenca, conforme já discutimos. Comparando
biunívoca entre o número de argumentos de ver e de papéis S que
este verbo tem para atribuir. (30) com (35), ainda que intuitivamente, podemos constatar a dife-
renca entre os dois tipos de categorias vazias. Enquanto em (35) ela
Entretanto, (34b) pode ser urna sentenca gramatical em deter-
minadas situacóes, se pressupomos a existencia de argumentos im- representa um elemento implícito no discurso sem matriz fonética, a
plícitos. A gramaticalidade possível de (34b) poderia ser representa- de (30) representa o vestígio deixado pelo movimento da categoria
da por meio de urna ee, como em (35): que porta o mesmo índice.
Neste último caso, entáo, como há movimento de urna cate-
(35) Maria viu ee. goria de sua posicáo original para outra, podemos entender que estes
elementos, por terem o mesmo índice no ámbito da sentenca, formam
A interpretacáo de ee é estabelecida na sua conexáo com outro cons- urna eadeia. Esta nocáo pode ser intuitivamente concebida corno urna
tituinte, pertencente ao contexto discursivo. A posicáo da ee acima seqüéncia de posicñes que portam o mesmo Índice de tal modo que a
deve constar da estrutura para que se preservem as relacñes de sele- posicáo mais alta, a cabeca da cadeia, contém o sintagma movido e
cao que, como vimos, devem ser locais e para que o Critério S nao as outras posicñes contém seus vestígios. A. mais baixa destas posi-
seja violado. cñes, a única que pode ser urna posicáo S, chamamos eauda da ea-
O princípio que garante a preservacáo da estrutura de consti- deia. Vamos representar a SS de (30) como (37) na próxima página,
tuintes é o Princípio de Projecño: para que a nocáo fique mais clara:
140 141
(37) ep
lado, tem como conseqüéncia colocar algumas restricñes de, movi-
~ mento, que efetivamente se observam nas línguas naturais. E lícito
DP el mover um elemento de urna posicáo e para urna posicáo nao-e, como
que livro, ~
em (37); neste caso, que livro ocupa Spec CP em SS e e/a, Spec IP-
e IP
ambas posiyoes nao-e. Também é lícito mover um elemento de urna
~ posi<;:aonao-e pa~a outra nao-e, como é o caso de (39), onde ternos
DP l'
movimento de adjunto:
ela; ~
1 VP (39) Quando vocé acha que a Maria comprou este livro t.?
1 I
comprouj »<:>«:
DP VI Se (39) fosse representada na SS, o vestígio deveria aparecer em urna
tk ~
posicáo de adjunto da sentenca encaixada, e quando na posicáo Spec
V DP CP da sentenca matriz. Tanto a cauda quanto a cabeca da cadeia sáo
tj t¡ posiyoes nao-e.
O que é absolutamente ilícito é urna posicáo e receber um
o que é importante notar em (37) é que o DP que livro é gerado elemento movido, já que a atribuicáo de papéis e tem que se dar em
como argumento interno do núcleo comprar, onde recebe seu papel DS. Há duas implicacñes para essa postulacáo. A prime ira é que como
e, movendo-se em SS para a posicáo de especificador de ep forman- o movimento se dá posteriormente a DS, caso o elemento movido
do, assim, a cadeia (que livro., t), Da mesma forma, o DP ela é saísse de urna posicáo nao-e, ele receberia um papel e em SS, o que
gerado como argumento externo do núcleo verbal, onde recebe seu é barrado pela Teoria e. A segunda é que se o elemento movido saís-
papel e, movendo-se em SS para a posicáo de especificador de IP e se de urna posicáo e, indo para outra posicáo e, o resultado seria urna
formando, igualmente, a cadeia (ela., tk).8 cadeia com dois papéis e, o que viola (38i).
E porque existem cadeias nas línguas, seria mais interessante Respondemos, através da discussáo acima, a última pergunta
reformular nosso Critério e, dado em (33), como (38): colocada:
(38) CRITÉRIO e (revisto) • Que princípio regula a atribuicáo dos papéis e? o Critério e.
(i) Cada cadeia tem que receber um e um só papel e,' Porém, ainda nos resta de votar mais atencáo ao sujeito da sentenca,
(ii) Cada papel e tem que ser atribuído a urna e urna só O Princípio de Projecáo, apresentado em (36), determina que só se-
cadeia. ráo proj etados na sintaxe argumentos temáticos selecionados por um
determinado núcleo. Seria o caso, por exemplo, do argumento exter-
Como vimos com (37), as cadeias (que livro. t) e (ela t) segundo no de um verbo com um único argumento como viajar, exemplificado
oC . , . k' k 'l' 1
ern (22a). Mas e com verbos como chover, o que ocorreria? Teria
~lt.eno (38) sáo lícitas, pois apenas suas caudas receberam papel
ternáticn, tendo os sintagmas que livro e ela se movido posterior- este último verbo argumento externo? Da perspectiva da Teoria e, é
mente para urna posicáo nao-temática. O Critério e, assim reformu- plausível dizer que nao. Porém, em algumas línguas que exigem a
presenya de um sujeito, aparece um elemento foneticamente realiza-
do ern tal posicáo. Este elemento é o expletivo it no ingles, por exem-
8 Há ainda a cadeia formada pelo movimento do verbo que nao será explorada aqui. plo, como vemos em (40a):
142
143
(40) a. It rained yesterday. ue deve ocupar a posicáo sujeito, por razóes que concernem a teoria
'expletivo choveu ontem' d Caso (que examinaremos no próximo capítulo) e também a Hie-
b. * Rained yesterday. o ia Temática apresentada em (28). Se o verbo nao tem argumen-
rarqu . '
c. Choveu ontem. só um expletivo pode satisfazer o EPP; este elemento e nulo ou
d. [ee choveu ontem] tos, . d d ,. d
com matriz fonética, dependen do de propne a es parametncas as
línguas, como mencionamos no primeiro capítulo.
Em ingles, a ausencia do pronome expletivo deixa a sentenca agra- Neste ponto, o importante notar que, em casos como cho-
é
trucñes; também o francés e o alemáo, dentre outras línguas de sujei- cionado pelo núcleo lexical. Vejamos a SS de (40), representada como
to obrigatório, apresentam elementos do mesmo tipo. Como quere- (42), junto com sua glosa para o portugués, para tornar a discussáo
mos um modelo que de conta das línguas de modo universal, nossa mais familiar:
teoria deve prever, entáo, que mesmo nas línguas em que nao fone-
é
de Projecáo em (36) nao tem nada a dizer sobre isso. Assim, urna
estipulacáo independente de ve ser formulada para dar conta desta
obrigatoriedade, comum a todas as línguas: o Princípio de Projecáo o expletivo, quer foneticamente realizado como no ingles, quer nulo
Estendido (EPP, do ingles Extended Projection Principie), em (41) como no portugués, ocupa urna posicáo argumental - ésujeito da
abaixo: sentenca, respeitando o EPP -, porém nao temático, já que nao foi
é
Toda sentenca tem sujeito. ra em Spec IP, ou esse argumento ocupará esta posicáo, o que mos-
tra que, de urna forma ou de outra, a cornpulsáo por ter um sujeito é
144 145
3. Inacusativos
(44)
VP
(43) a. VP b. VP c. VP d. VP
I -:-: »<. »<. (45) a. Há dinossauros neste parque.
V' DP V' DP V' DP V' b. Existem dinossauros neste parque.
I I -<. »<. c. Parece que a Maria enfrenta os problemas com coragem.
V V V XP V' PP
chover trabalhar desejar -<. Esta análise induz a concepcáo que o argumento destes verbos deva
V DP corresponder ao que chamamos de argumento externo. É de sta análise
pór que, acreditamos, deriva a dificuldade de imaginar um verbo com a
configuracáo em (44).
Estas composicñes do VP retomam, de modo cuidadoso, as intuicñes Se o complemento urna sentenca infinitiva, o problema é di-
é
da GT: (43a) representa um verbo que nao dispñe de argumentos luído por se considerar, nos moldes tradicionais, que estamos as vol-
(como chover); (43b) o desenho de um verbo com um argumento, o
é tas com urna locucáo verbal, como [parece enfrentar] em (46):
externo (como trabalhar); (43c) esquematiza o VP encabecado por
um verbo de dois argumentos, um externo e outro interno, que re- é (46) A Maria parece enfrentar os problemas difíceis com bravura.
presentado como XP porque tanto pode ser um DP, como um CP
(como desejar); (43d) configura a classe dos verbos com tres argu- Um des conforto imediato que esta diluicáo traz que impossível
é é
mentos, um externo e dois internos (como pór). propiciar urna análise unificada para, por exemplo, o verbo parecer,
Entretanto, (43) nao contém o desenho de urna possibilidade: que vai ser considerado auxiliar em (46) e verbo principal intransitivo
aquela de um verbo com um único argumento que, em vez de ser em (45c) pela GT.
externo como (43b), o argumento interno, como desenhamos em
é Reconhecemos o que está desenhado em (44) como a hipótese
(44): inacusativa apontando que o no me deriva da inabilidade de este tipo
146 147
*0 Joáo parece que a Maria enfrenta os problemas com
de verbo atribuir Caso acusativo, mesmo tendo um DP complemento a.
(48)
(ver o Capítulo IV).9 Esta hipótese, em conjunto com o tratamento coragem.
modular que o modelo gerativo fornece, evita os desconfortos apon- b. O Joao deseja que a Maria enfrente os problemas com co-
tados e outros, propiciando um tratamento adequado para os verbos ragem.
que pertencem a classe dos inacusativos. Se, além do mais, pudermos
demonstrar que existe urna classe de verbos que seleciona argumento (48a) viola a cláusula (i) do Critério 8 pois aqui ternos um
interno sem selecionar argumento externo e, portanto, sem atribuir Agora, m papel 8. Assim, foi dado o primeiro passo da demons-
argumento se . d
papel 8 a esta posicáo, entáo nosso tratamento modular ficará ainda _ hipótese inacusativa, ficando constatado por meio e
tr~~puaa .
mais motivado. 48a) que o verbo parecer nao seleciona argumento externo.
Para demonstrar que existe a classe dos verbos inacusativos ( Entretanto, um par de sentencas como (49) parece poder co-
dois passos sáo necessários. O primeiro é mostrar que existem verbos locar em xeque a conclusáo tirada acima:
que térn argumento interno mas nao tém argumento externo. O se-
gundo passo exige que mostremos que, se um DP aparece na posicáo (49) a. A Maria parece enfrentar os problemas com coragem.
de sujeito de um verbo desta classe, este DP nao é o argumento ex-
b. A Maria deseja enfrentar os problemas com coragem.
terno deste verbo. Vemos aqui a necessidade de reforcar a diferenca
entre ser sujeito da sentenya e ser argumento externo do verbo. Para
que nossa demonstracáo chegue a bom termo, vamos usar o verbo Será que agora a Maria nao é o argumento externo de parece:? ,Para
transitivo desejar que, sem dúvida, tem um argumento externo, con- evitar que (49) funcione como contra-argumento p~r~ a ~lpotese
trastando-o com parecer, tomado como protótipo de verbo ina- inacusativa, devemos mostrar que a Maria, que sem dúvida e o argu-
cusativo. mento externo de desejar em (49b), nao pode ser o argumento exter-
Comecemos considerando o par em (47): no de parecer em (49a). A forma de fazer isso é demon~tr~r que pa-
recer , embora tenha a Maria como sujeito, nao lhe atribui papel 8.
(47) a. Parece que a Maria enfrenta os problemas com coragem. Os pressupostos da Teoria 8 que subjazem a esta forma de argumen-
b. *Deseja que a Maria enfrente os problemas com coragem. tar sáo dois: um DP só pode ser argumento de um núcleo se este lhe
atribui papel 8; um núcleo impñe pesadas restricces de natureza 8
(47a) evidencia que parecer pode ocorrer numa sentenca sem argu- sobre o DP que é selecionado por ele.
mento externo; por outro lado, (47b) é agramatical se nao postula- Consideremos, agora, (50) e (51):
mos um argumento, mesmo que nulo, que seja marcado tematicamente
por desejar: a inexistencia de um tal argumento viola a cláusula (ii) (50) a. O cachorro parece gostar do patráo.
do Critério 8. O contraste em (47) mostra que, enquanto desejar tem b. A pedra parece pairar no vazio.
que ocorrer com um argumento em (47b), em (47a) parecer nao tole- c. A felicidade parece ter acabado.
ra que se postule um argumento temático como sujeito. De fato, se d. Parece chover na Ilha.
acrescentamos este argumento, os julgamentos de gramaticalidade sáo (51) a.no cachorro deseja gostar do patráo.
revertidos, como vemos no par em (48): b. *A pedra deseja pairar no vazio.
c. *A felicidade deseja acabar.
9Quem propós essa generalizacáo foi Burzio (1986), ficando conhecida na literatura
d. *Deseja chover na Ilha.
como "Generalizacáo de Burzio" ou hipótese inacusativa.
149
148
As duas séries de exemplos sáo montadas numa escala decrescente
(53) IP
que vai de um sujeito animado nao-humano, o cachorro, até um
expletivo, passando por um sujeito concreto nao-animado e por um ~,
Spec 1
abstrato. O que observamos? Por um lado, observamos que o verbo
~
desejar reage a todos os sujeitos em (51) (com urna dúvida em (51a) 1 VP
a respeito da capacidade de cachorros sentirem desejos desta nature-
za). Isto significa que desejar impñe pesadas restricñes ao DP que
-e I
V'
pode ser seu sujeito. Por que isso acontece? Porque desejar s-seleciona
~
seu sujeito que, portanto, é seu argumento externo. V XP
Por outro lado, observamos em (50) que o verbo parecer nao parec- ~
reage ao tipo semántico de sujeito que tem, nem mesmo ao expletivo = (47a) [cpque a María enfrenta os problemas com coragem]
em (50d). Se nenhuma incompatibilidade se verifica entre verbo e o = (49a) [ a María enfrentar os problemas com coragem]
InJP
sujeito em (50), somos levados a desconfiar que o sujeito nao argu-
é
= (50d) [,nJPchover na Ilha]
mento de parecer. A desconfianca se transforma em prova se consi- = (54) [sca María corajosa]
deramos finalmente (52):
vras, este sujeito nao pode ser seu argumento externo. Como, por inserido.
hipótese, parecer seleciona só um complemento, enquadramos este Como nao permitida a atribuicáo de papel e a distancia (todo
é
verbo na classe dos inacusativos. Se na sentenca pronunciada este papel e atribuído dentro da projecáo máxima do núcleo lexical
é
verbo aparece em vários tipos de estrutura, vamos dizer que isto se atribuidor) e como o Critério e se aplica em DS, entáo o sujeito lexical
deve aos tipos de complemento que ele seleciona e que sáo exem- de sentenyas com parecer, quando há um, tem que ser argumento do
plificados em (53): núcleo lexical de seu complemento.
151
150
3.1. Inacusativos com complementos (quasi-)sentenciais mostra é que sentencas com costumar aceitam qualquer
(58)
O que ieit Se isto acontece e'bporque este ver o nao
- se leci
eciona
. de sUJeI o. . - d
A hipótese inacusativa que vimos explorando se estende natu- tIpO t externo sendo o sujeito alcado de outra pOS19ao e
argumen o' . .
ralmente a muitos outros verbos. Vamos classificá-los de acordo com sev lemento de costumar. Isso nos indica que se trata,
dentro do comp. .
o tipo de complemento que selecionam. Nesta secáo nos limitamos to de um macusatIvo.
áqueles cujo complemento nao é um DP. Os complementos destes portan P' mos a classificayao destes verbos de acordo com o com-
asse . . .
inacusativos ou sáo sentencas ou "quasi-sentencas", como veremos. e se lecionam Primeiramente, existem os inacusativos que
lemento qu· 9)
Antes de entrar propriamente na classificacáo, vamos desen- p leci m CP como complemento, como vemos em (5 :
c-se eClOna
volver urna tática segura para reconhecer os inacusativos com com-
plementos (quasi- )sentenciais e distingüi-los claramente dos outros (59) Convém [cpque a Maria traga a mochila dela].
verbos que térn o mesmo tipo de complemento, que sáo os transiti-
vos. O principal de sta tática está apoiado na demonstracáo que de- hecer estes verbos como inacusativos dispensa o uso de qual-
R econ .. C .
senvolvemos na secáo anterior, em especial no fato de que, quando rática porque claramente e1es nao tém sujeito. omo convir se
quer a 1 ~ .
um verbo é inacusativo e a sentenca tem sujeito, este sujeito nao é comportam os verbos parecer, constar, o~star etc. O fenomeno l~te-
selecionado por aquele verbo. e de construcñes como a de (59) e que na sentenca matnz o
ressan t y , . f
Reconhecemos um inacusativo quando conseguimos mostrar EPP nao pode ser satisfeito por a Maria porque este DP esta ~atI~ a-
que ele nao reage a troca de seu sujeito por outros de tipos sernánti- do o EPP na sentenca encaixada (onde ele já tem Caso nominativo,
ze n . 'd
cos variados, como fizemos na escala em (50) e (51). Assim, se de- conforme a discussáo do próximo capítulo). Assim, o EPP so po e
frontamos com o verbo odiar numa sentenca como (55), reconhe- ser satisfeito mediante a insercáo de um expletivo nulo (em ingles
cemos que ele nao é inacusativo através de um paradigma comparati- seria o prono me expletivo realizado por it). .
vo como em (56): Em segundo lugar, ternos os inacusativos que selecionam um
complemento 1nfP, como exemplificamos em (60):
(55) Aquela menina odeia passear no frio.
(56) a. *Pedras odeiam rolar pela montanha. (60) A Maria deve trazer a mochila dela.
b. *A bondade odeia ser escassa em tempos de crise.
c. *Odeia chover nesta época do ano. Convidamos o leitor a aplicar a nossa tática de reconhecimento de
inacusativos a sentencas que apresentam esta seqüéncia de verbo finito
O que (56) mostra é que o verbo odiar nao aceita qualquer tipo de + infinitivo impessoal. Como dever se comportam parecer, poder,
sujeito. Se isso acontece é porque o verbo s-seleciona seu argumento costumar, ir (significando futuro).
externo que se alcará para a posicáo de sujeito. Isso nos mostra que A maioria dos verbos de sta c1asse sáo os modais que sáo cha-
este verbo é transitivo. Se, por outro lado, nos defrontamos com o mados assim porque modalizam o evento denotado pelo verbo e~cai-
verbo costumar numa sentenca como (57), reconhecemos que ele é xado, atribuindo-lhe quase um caráter adverbial. O fenómeno inte-
inacusativo pelo que acontece em (58): ressante de construyo es que apresentam esta c1asse de inacusativos é
que um argumento do verbo encaixado (o externo, quando ?
verbo
(57) Aquela menina costuma passear no frio. encaixado tem um) vai acabar sendo o sujeito da sentenca, satisfazen-
(58) a. Pedras costumam rolar pela montanha. do desta forma o EPP, como mostramos na SS de (60) desenhada em
b. A bondade costuma ser escassa em tempos de crise. (61):
c. Costuma chover nesta época do ano.
153
152
(61) IP e' denominada classe dos aspectuais, assim chamados por
Esta e 1as se b o evento denotado pelo verbo encaixado . d
marcan o
.>'>: arem so re . d
DP I' atu d ti o/nao-acabado. Nossa tática de reconheclmento e
ecto ura IV
AMaría; ~ asp . satl'voS funciona bem para reconhecer estar como um
rbos inacu b
1\ I VP ve rbo inacusativo e para enquadrar nesta classe outros ver os como
deve¡ I ve r andar (:t: de camínhar), permanecer etc. Ao mesmo tempo, a
V' fic~ , it com seguranC'a manter fora desta classe verbos que
t' uca perml e, y , ,¡;
~ a ~ cia ocorrem em contextos seme1hantes, como teleJonar em
na aparen
V InfP
(64):
t. }
»<">:
DP Inf
(64) A Maria telefonou chorando.
t; ~
l Inf VP
Com certeza, a María é argumento de telefonar e o leitor tem todo o
r=«, ..r>:
DP V' instrumental para prová-lo. ,
_____ It; ~ A representayao em SS de (63) sena (65):
V DP
tk a mochila dela (65) IP
~
o leitor poderia perguntar: por que, agora, a insercáo do expletivo DP
nulo para satisfazer o EPP, como teria acontecido em (59), tem como A María. I
155
154
(65) é idéntica em tudo a (61), exceto por constar um GerP como
complemento do verbo inacusativo. Por sua vez, (64) tem urna estru,
o redicado da SC pode ser um AP, como em (68a), um DP, como
P(68b) ou um PP, como em (68c). Esta cIasse engloba os. verbos
tura em que a Maria é o único argumento de telefonar e que
. h . :/', por el11h idos como de Iígacño que cornpñem aquela famosa lista que
ISSO, e orando tem que ser adjunto, urna situacáo já examinada no con ec
Capítulo II. A SS de (64) seria como (66): fol110SObrigados a decorar na escola: estar,
, . parecer,ficar, permane-
dar continuar etc. A nossa tátrca para reconhecer verbos
cer, an , , b .,
(66) IP . sativos funciona corretamente tambem com estes ver os.ja que
ínacu . .. d ,. .
--------------- as sen tencas
y
em que el es figuram aceitam
..
sujeito
,
e vanos tipos se-
manticos, tornando claro que o sujerto e argumento de outro
DP
A Maria l' _
predicado, no caso o predicado da SC. A SS de (68a), por exemplo,
pode ser desenhada como (69):
1 VP
telefonou, ---------------
(69) IP
VP GerP
~
.r>: ~ DP I'
DP V' eco chorando
I A Maria. »<">:
t¡ I 1
I
VP
V é.}
t.
I
} V'
.r>:
Nesta altura, nao podemos perder a chance de convidar o leitor a V SC
discutir a ambigüidade da sentenca em (67):
tj ~
DP AP
(67) A Maria anda chorando.
~ --.J't. corajosa
Urna outra classe de inacusativo aspectual é constituída pelos Neste caso, o AP corajosa está atribuindo o papel temático a a Ma-
verbos ter, haver quando selecionam particípio. Convidamos o leitor ria, elemento que é posteriormente alcado para Spec IP para, dentre
a representar a SS de urna sentenca que contém o verbo ter, atentan- outras coisas, satisfazer o EPP. Convidamos o leitor a apontar as di-
do para o fato de que o complemento deste verbo ao invés de ser um ferenc¡;asestruturais entre urna sentenca como (70a) e (70b): -.
gerúndio, será um particípio. '
Por fim, há verbos inacusativos, como ser, que selecionam (70) a. A Maria parece furiosa.
como complemento urna SC, o que pode ser examinado em (68): b. A Maria telefonou furiosa.
(68) a. A Maria é corajosa. Para terminar esta secáo, vamos observar que as SCs sele-
b. A Maria é urna heroina. cionadas como complemento de um verbo inacusativo sáo de corn-
c. A Maria é de ferro. plexidade variada, como observamos em (71):
156
157
(71) a. Viver é lutar. [asse temo Sáo os chamados mono-argumentais, que distingui-
b. é [sc viver lutar] queac .
remos Observando os paradigmas em (73) e (74):
c. Viver, é [sc t¡ lutar]
158 159
Se, de fato, os argumentos selecionados em (74) sáo afetados pelo o DP o menino é gerado como argumento interno de chegar, posicáo
evento, constatamos que esses elementos recebem o papel de TEMA que recebe o papel de TEMA, sendo alcado em SS para Spec IP
(cf. nota 2). Nos casos de (74a,c) ternos, entáo, um TEMA como sujei- ern satisfazer o EPP (e receber Caso, como veremos no Capítulo
para . ) E' d . l' . .
to da sentenca, o que nao é esperado segundo urna das previsñes que IV), formando a cadeia (o n:~nmo¡, t¡. st~ e urna ea el~ 2clta pois
extraímos da Hierarquia Temática apresentada em (28). eita o Critério 8 (38), ja que o DP sal de urna posicao 8 e se
~~ .
O que esses fatos todos nos revelam? Embora ambos os ver- rnove para urna posicáo nao-~, ficando ~pen~s a cauda. d~ cadeia
bos apresentados sejam mono-argumentais, provavelmente esta nao arcada tematicamente. Este tipo de cadeia foi formado licitamente
é urna classe verbal homogénea, Enquanto (73) se comporta de forma :rn todas as classes de verbos inacusativos estudados até agora.
canónica, com um sujeito agentivo em posicáo pré-verbal, (74) tanto O que acontece em casos como (74b-d) em que o argumento
pode apresentar seu único argumento - TEMA - naquela posicáo, como interno nao é alcado? Tematicamente nao haveria problemas, pois o
posposto ao verbo. Ressaltando, novamente, que nao sáo usuais su- argumento recebe seu papel temático na posicáo em que é gerado;
jeitos com papel temático de TEMA, entáo esses fato s nos levam a crer entretanto, nao há como satisfazer o EPP sem que se preveja a pre-
que o argumento selecionado por núcleos como chegar nao é o ar- senca de um expletivo que possa preencher a posicáo Spec IP. Em-
gumento externo, como em (43b), mas, sim, o argumento interno, bora os expletivo s na nossa língua sejam nulos, isto é, nao sejam
como em (44) aqui repetido como (75), com DP no lugar de XP: pronunciados, conforme vimos a partir de (42), podemos buscar evi-
dencia de sua existencia em línguas de sujeito obrigatório, em que o
(75) VP expletivo deve possuir entáo urna matriz fonética, como o ingles:
I
V' (77) There arrived a boy.
-<. , Expl chegou um menino'
V DP
em que there é um expletivo similar ao it de (42). Forneeemos, em
Assim, a SS de (74a), seria (76), onde fiea claro qual a posicáo de (78), a representacáo em SS de (77) e sua versáo em portugués,
base de o menino:
(78) IP
(76) IP ~
DP I'
~
there ~
DP I'
ec I VP
Omenino¡ .>">:
arrived.
I VP I
chegou¡ I chegou. I I
V'
V'
-<: -<:
V DP
V DP
t.I a boy
t.
)
t.
I um menino
160 161
Urna outra evidencia de que se trata de argumento interno com b *Maria e mangiata la pasta.
expletivo nulo em Spec 1P que praticamente perdemos, no PB fala-
é
. 'Maria é comida o macarráo '
do, a concordancia de plural se o argumento nao alcado, como em
é
163
162
Para terminar a secáo, fazemos notar outra vez que as restri- IP
cñes de selecáo que um verbo (ou, mais precisamente, o nível V') (85)
~
impñe ao argumento externo sáo mais estritas do que aquelas relati- DP l'
vas ao argumento interno. É por isso que o argumento selecionado a bola. ~
pelo verbo inergativo tende a apresentar o trace [+animado]: o papel J 1 VP
e atribuído por esses verbos AGENTE.Por outro lado, como o argu-
é foi, I
mento de um verbo inacusativo o interno, as restricñes de selec;ao
é V'
sáo menos pesadas e o papel e associado a ele sistematicamente
é .r>:
TEMA. V PartP
t¡ ~
chutada t.pelo menino
J
argumento interno vira o sujeito. Veja a representacáo simplificada papel temático de TEMA,sendo alcado em SS para a posicáo de sujei-
de (84) em (85): to da sentenc;a, como qualquer outro caso de inacusativo.
164 165
mos aqui. Contudo, é obra que demanda maior co-
4. Bibliografia adicional ue apresen t a ., .
do q . t de teoria smtatlca.
nheclInen o
Há urna discussáo introdutória e interessante sobre papéis e
no capítulo sobre o Léxico em Radford (1988). Raposo (1992) tarn.
bém pode ser consultado sobre o assunto. Além desses, boa parte da
5. Exercícios
discussáo travada na intrcducáo deste capítulo é desenvolvida exten,
sivamente por Haegeman (1994). Desses, apenas o livro de Raposo t as seguintes sentencas .em SS, marcando com um' e trios
está em portugués (europeu). 1. Represen e bem papel e e gnfando o elemento que esta a n-
elementos que rece ,
Para maior aprofundamento no assunto, sugerimos:
buindo o papel e:
167
166
d) Qual é a categoria dos elementos c-selecionados pelos verbos? · a agou o pato. (= levou a culpa)
a) Ros~nh P a ou um mico. (= passou vergonha)
e) Desenhe a estrutura da sentenca em SS e marque as posi90es
b) RoSlllha p g a geral (na turma). (= deu urna bronca)
argumentais. · ha pagou um .
e) Ros~n nfiou o pé na jaca. (= fez besteira)
f) A partir da representacáo feita em (e), marque as posicñes e. d) ROSlllha e
r
169
168