You are on page 1of 95

DISCIPLINA DE METODOLOGIA E PESQUISA EM DIREITO

FRANCISCO QUINTANILHA VÉRAS NETO

TÓPICOS DE METODOLOGIA RETIRADODE ALGUMAS OBRAS DA


BIBLIOGRAFIA DA DISCIPLINA

1. UMA BREVE INTRODUÇÃO

O conceito de ciência é complexo. A classificação das ciências também se torna palco de


vários debates. O CNPQ utiliza a expressão áreas do conhecimento com suas várias
subclassificações.

O conhecimento popular é não sistemático, não organizado, não crítico, oral,


espontâneo, não se preocupa com a causalidade, com a falibilidade. Por vezes é identificado
como senso comum ou bom senso. Em geral é feito sem método e sem uma reflexão mais
aprofundada. A carita papaya, o mamão possui efeitos terapêuticos (BARRAL, 2016). Na
idade média as técnicas de plantio em pousio com nabo e do trevo para recuperar os solos
faziam parte do conhecimento campesino popular (LAKATOS, 2019, p. 67). No século XX
tivemos o paradigma agrícola científico da Revolução Verde baseado na ciência e no poderio
de transnacionais. Hoje a ciência valida vários aspectos de técnicas agroecológicas por vezes
combinando essas com o paradigma científico contemporâneo.

Existe também o conhecimento filosófico baseado na experiência e não na


experimentação. É racional pois baseado em enunciados logicamente relacionados. E o
pensamento religioso se apoia em proposições valorativas de cunho sagrado e sobrenatural.
Existem conflito destes com a correntes científicas, por exemplo na crítica a evolução das
espécies (LAKATOS, 2019, p. 71-73)

O conhecimento técnico é sistemático, organizado, não crítico, pragmático voltado


para a capacitação profissional por exemplo (BARRAL, 2016)

A ciência é um conhecimento sistemático que visa a obtenção de resultados que


possam ser validados universalmente. As classificações de ciências de Maria Lakatos e Odília
Fachin se aproximam dividindo as ciências formais: lógica, matemática e naturais: física,
química, biologia e outras. E as ciências factuais- sociais: antropologia, cultural, direito,
economia, política, psicologia social, sociologia. A divisão das ciências é feita para fins
didáticos, porém as ciências interagem entre elas. As verdades científicas são provisórias
sujeitas a mudanças no tempo e no espaço (FACHIN, 2017, p. 21)

As ciências podem ser classificadas em ciências naturais ou lógico-matemáticas:


Aritmética, Geografia, Álgebra, Trigonometria, Lógica, Física pura, Astronomia pura;
ciências naturais: Física, Química, Biologia, Geologia, Astronomia, Geografia Física,
Paleontologia; Ciências Humanas ou Sociais: Psicologia, Sociologia, Antropologia, Geografia
Humana, Economia, Linguística, Psicanálise, Arqueologia, História; Ciências Aplicadas:
Direito, Engenharia, Medicina, Arquitetura e Informática (CHAUÍ, 1997, p. 260, apud:
LAKATOS, 2019, p. 76)

O conhecimento científico é sistemático, organizado, crítico, não dogmático, com


análise da validade. A sua validade é contingente. A produção da verdade é provisória em
relação aos seus resultados. A reprodutibilidade das pesquisas nas mesmas condições é um
dos critérios da ciência. A falseabilidade também se inclui como um destes itens essenciais da
ciência. É importante separar a pesquisa básica desinteressada da pesquisa aplicada
preocupada com resultados. Como é o caso da astronomia e da engenharia de materiais. Uma
se destina ao estudo desinteressado do universo. Embora tecnologia para observação
astronômica possa depois ser utilizada de forma instrumental por aperfeiçoamentos técnicos
por exemplo para a observação astronômicas serem transplantados. E que as duas estejam
interligadas.

As ciências sociais e sociais aplicadas o observador interferem nos resultados. Hoje até
no estudo das partículas essa objetividade do observador é refratada em novos estudos dentro
da visão de Schorindger, por exemplo. Com o famoso experimento mental, em que o gato
pode estar vivo ou morto dentro de uma caixa em que o Césio pode ou não ter sido liberado.

Hoje a ciência da complexidade, a teoria do caos. A teoria dos sistemas desenvolvida


de forma mais abrangente desde Ludwig Von Bertanlanfy. O instrumental da matemática da
complexidade, o reconhecimento de propriedades emergentes em sistemas complexos, a
questão dos fractais e das suas formas analisadas pela geometria aplicada a esse campo do
conhecimento. A auto-organização, a homeostase na biologia do conhecimento fazem parte de
novos campos constituído no desenvolvimento científico. A própria teoria da evolução que
influenciou outras áreas da ciência no século XIX. Malthus influenciou Darwin e Darwin
influenciou autores como Herbert Spencer na sociologia e Darwin atingiu a economia política
de David Ricardo. Antes a filosofia natural era o nome dado a ciência ao menos até o século
XVIII.

A emergência do método científico de Descartes como paradigma da ciência


mecanicista e reducionista resultando no modelo da física clássica de Isaac Newton e o
surgimento anterior da grande ruptura operada pela revolução copernicana que desfaz o
teocentrismo. Com o apoio das teses de Galileu Galilei e Giordano Bruno. A combinação de
racionalismo com empirismo através da lógica transcendental de Kant e a entrada da lógica
influenciada pela matemática de Gottlieb Frege superando a lógica aristotélica.

A falseabilidade do cálculo de Ptolomeu que disse que a terra era redonda. Na


verdade, hoje se sabe que é achatada nos polos demonstram a correção de descobertas
científicas na história podem ser ao longo do tempo retificadas (BARRAL, 2016).

A questão da descoberta de novas partículas pela física quântica como táquions,


mesons, partículas como o bóson de highs.

Na ciência social podem surgir estudos teóricos podem tratar de temas como o
conceito de imperativo categórico ou de sociedade civil em Hegel, esses estudos usam
argumentos bibliográficos.

No caso da pesquisa em Direito surgem problemas do contexto de pesquisa para a área


jurídica como os que surgiram no período da ditadura civil-militar ou militar empresarial. O
autoritarismo ocasionou falta de incentivo ao pensamento crítico nas ciências humanas
(BARRAL, 2016).

Nesse contexto ocorreu o fomento do tecnicismo jurídico. O conhecimento científico no


direito se restringe a esse enfoque voltado para a capacitação técnica para operar sobre
conflitos individualistas e simplificados apesar da complexificação da sociedade de massas
com conflitos interindividuais.

O direito é caracterizado pelo seu caráter dogmático, pelo caráter conservador,


formalista e ritualístico fundado primordialmente em estudos doutrinários. Mesmo no campo
da pesquisa científica são necessárias virtudes epistêmicas como a humildade e honestidade
sem abdicar do orgulho da construção do saber (BARRAL, 2016).
A construção de teorias pode operar sobre bases múltiplas. No campo da economia,
da psicologia e mesmo nas consequências das penas existem várias perspectivas e enfoques
teóricos possíveis (BARRAL, 2016).

No senso comum tecnicista e simplificador da prática profissional falar em teorias


pode gerar “faniquitos” como se fosse uma postura apenas diletante de buscar o sexo dos
anjos. Porém mesmo o tecnicismo pragmático tem uma teoria por trás de seu caráter prático
(BARRAL, 2016).

A concepção teórica está preocupada com a construção, compreensão e transmissão


do conhecimento.

O foco do conhecimento teórico/científico do direito deve ter um problema jurídico.


Ocorre assim a delimitação de um tema específico no campo do direito. O autor deve ser a
maior autoridade viva sobre o assunto. Senão o trabalho se transforma em um fichamentão.
Uma mera compilação. Caso seja bem delimitado será bem mais defensável perante uma
banca (BARRAL, 2016).

Existem temas que são impossíveis na área jurídica como sobre processos em
segredo de justiça ou sobre relações internacionais que envolvam negociações
transfronteiriças no século XIX que ainda são sigilosas (BARRAL, 2016).

Alguém que queira realizar um estudo sobre a tribo yanomami. Seria bom ter o
domínio da língua yanomami. Poder ficar na aldeia como observador participante. É
importante dominar o método antropológico. Sem esses requisitos fica difícil viabilizar essa
pesquisa (BARRAL, 2016)

Welber Barral em sua obra de metodologia cita um exemplo que queria realizar um
estudo no plano do direito comparativo entre o desenvolvimento do direito civil brasileiro e
húngaro apesar de não dominar o idioma húngaro um dos mais complexos do mundo. Sem o
conhecimento do idioma húngaro não tem acesso ao idioma húngaro um dos mais
impenetráveis do mundo. Assim não terá acesso as fontes primárias (BARRAL, 2016).

A aptidão pessoal, o interesse pessoal no tema e a maturidade intelectual são


fundamentais para o pesquisador ter um pleno desenvolvimento como pesquisador. É
necessário também compatibilizar os temas e as disciplinas. Oferecendo as razões do projeto.
O que passa pela qualificação do projeto. É necessário o conhecimento, planejamento e
previsibilidade do mesmo modo que o projeto de uma casa (BARRAL, 2016).

a) No Projeto deve saber o que se quer estudar; b) aonde se quer chegar; C) por que esse
estudo é relevante, d) o que se sabe e e) como pretende realizar a pesquisa.
O projeto serve de levantamento bibliográfico.

Projeto de acordo com a NBR 15287

Estrutura Elemento

Pré-textual Folha de rosto[ ]


Lista de ilustrações []
Lista de tabelas [ ]
Lista de abreviaturas e Siglas [ ]
Lista de símbolos [ ]
Sumário

Textual Tema do projeto/Problema/Hipótese/objetivos geral e


específico/justificativa/referencial teórico/Metodologia/Recursos/cronograma

2. A QUESTÃO DO TEMA NA ÁREA DE INTERESSE

A delimitação do tema é essencial em qualquer trabalho científico. É uma das


dimensões mais importantes da pesquisa. E uma das questões mais importantes da pesquisa
desde o TCC até o doutorado. O tema deve ser transformado em um tema propriamente
suscetível de investigação científica (QUEIROZ, Rafael M. R., 2019, p. 04).
O tema deve ser um objeto de dúvida. Cientistas e pesquisadores são socialmente
apreciados pois descobrem coisas desconhecidas, ou esclarecem pontos duvidosos, ou
(des)confirmam coisas que todos julgam saber através de procedimentos intelectuais
reconhecidos (QUEIROZ, Rafael M. R, p. 56).
Através de novos métodos velhas perguntas de pesquisa podem ser revisitadas e
podem ser encontradas novas respostas ou a desconfiguração de uma certeza difundida. Por
exemplo pode-se partir de uma hipótese da orientação ide sociológica das sentenças em que
os juízes tendem a ser parciais nesses conflitos. Porém pesquisa realizada por (FERRÃO;
RIBEIRO, 2006, (apud QUEIROZ, Rafael M. R. p. 56). Essa hipótese de mostrou falsa. Os
litigantes mais fortes economicamente têm 45% mais chances de sair vitoriosos dos litígios. O
mesmo foi demonstrado em pesquisas sobre a atuação do Poder Judiciário em demandas em
litígios da saúde os demandantes economicamente mais avantajados estão entre os mais
contemplados por decisões que mandam a administração pública oferecer remédios sem custo
a seus beneficiários, aprofundando a já grande disparidade entre usuários do sistema público
de saúde e clientes do planos privados (FERRAZ, 2009, apud, QUEIROZ, Rafael M. R, 2019,
p. 56)
A pesquisa pode ter o propósito de organizar e sistematizar algo que está confuso
como por exemplo, o conceito de “trânsito em julgado” no direito brasileiro? Poder-se-ia
estudar esse instituto tendo como foco decisões desencontradas do Supremo Tribunal Federal
que tem embaralhado, especialmente no tocante a alguns dos efeitos de decisões penais
condenatórias tomadas por órgãos colegiados. (QUEIROZ, Rafael M. R, 2019, P. 57)
Também surgem pesquisas que procuram o significado jurídico de algo novo.
Artigos que lidam com novas tecnologias. Por exemplo na área de saúde. Com a regulação de
novos tratamentos, procedimentos. Em áreas como os testes genômicos. Em qualquer campo
em que surjam novos fatos sociais com relevância jurídica podem surgir novas perguntas de
pesquisa QUEIROZ, Rafael M. R, 2019, p. 57)
A grande questão da pesquisa é como transformar um assunto em um tema. Um bom
exercício é extrair dele uma pergunta, um problema, uma dúvida, com ponto de interrogação
inclusive ao final (QUEIROZ, Rafael M. R, 2019, p. 57)
Deve se distinguir o sujeito e o objeto da questão. O sujeito é a realidade a respeito
da qual se deseja saber alguma coisa. É o universo de referência pode ser constituído de
objetos, fatos, fenômenos ou pessoas a cujo respeito faz-se o estudo com dois objetivos
principais. Ou de melhor apreendê-los ou com a intenção de agir sobre eles. O objeto é o
assunto propriamente dito. Corresponde ao que se deve realizar acerca do sujeito. Exemplo:
Organização do trabalho. O trabalho é o sujeito. A organização é o objeto (LAKATOS, 2019,
p. 35).
O objetivo geral demonstra a ideia central do trabalho e objetivo específico
geralmente representará os capítulos.
A mesma deve ser voltada a reflexão e resolução de problemas específicos e não a
mera aquisição diletante de conhecimentos. Ao contrário do detetive que recebe o crime
pronto para prosseguir na investigação. O cientista deve construir o problema de pesquisa
para depois enfrenta-lo por meio da pesquisa. QUEIROZ, Rafael M. R, 2019, p. 57)
Por exemplo, serviço público pode ser um assunto interessante. Porém não está
adequadamente delimitado. Uma pergunta melhor delimitada pode ser feita na seguinte
configuração: É possível a concessão de serviços públicos ser feita por decreto do Poder
Executivo, ou deve o art. 175 da Constituição de 1988 ser interpretado no sentido de que a
concessão se dê por meio de lei em sentido estrito?
Alguns podem cair na armadilha de tentar efetivar uma pergunta essencialista. O que
são os serviços públicos?
Perguntas como essas geram apenas compilações de definições. Alguém que quiser
insistir na abordagem conceitual deve conectar o conceito a algo mais concreto.
Como que critérios a Jurisprudência dos Tribunais Superiores usam tem definido o
caráter essencial dos serviços públicos? Nesse caso a concretude ligada ao conceito confere
um sentido mais claro a investigação. (QUEIROZ, Rafael M. R, 2019, p. 58)
O tema é a delimitação da temática da pesquisa. A hipótese é a pergunta que deve ser
respondida pela pesquisa.

Um exemplo de tema mal delimitado seria os títulos de crédito.

Melhor delimitação: Os contratos de factoring após a resolução x do Banco Central. O tema


amplo demais forma uma espécie de quimera.
Quanto mais delimitado for o tema. Mais produtivo será o trabalho. E você poderá ser
a pessoa mais especializada no assunto. Depois do tema surge a pergunta que deve ser
respondida que é o problema de pesquisa (Barral, 2016, p. 54)
O problema é a especificação do trabalho.
(i) A legalidade da resolução do Bacen, que torna inválidos os créditos de contratos de
factoring;
(ii) A competência do Bacen em emitir normas que afetam os contratos de factoring;
(iii) O efeito do princípio do ato jurídico perfeito sobre a norma do Bacen que exige o
registro de contratos de factoring com execução futura.

No problema (i), o trabalho focará as normas do direito comercial, e como esse pode
ser sobrepor as normas de direito administrativo do Bacen.
No problema (ii), a análise se centrará num questionamento da competência
administrativa do Bacen para editar regras sobre factoring;
(iii) O problema obriga o autor a ingressa na questão constitucional do ato jurídico perfeito e da
execução da norma no tempo. Muitos preferem formular o problema como uma
pergunta.

A hipótese é a resposta provisória que deve ser objeto da pesquisa é a ideia


central que o trabalho pretende demonstrar:

Uma vez formulado o problema, com a certeza de ser cientificamente válido,


propõe-se uma resposta ´suposta, provável e provisória´, isto é, uma
hipótese. Problemas e hipóteses são enunciados compostos de relações entre
variáveis (fatos, fenômenos); a diferença reside em que o problema constitui
sentença (BA2019, p. 135)

Exemplos:
Problema: ´Quais condições exercem mais influência na decisão das mães
em dar o filho recém-nascido para adoção´?
Hipótese: ´As condições que representam fatores formadores de atitudes
exercem maior influência na decisão das mães em dar o filho recém-nascido
para adoção do que as condições que representam fatores biológicos e
socioeconômicos´ (BARDAVID, 1980, p. 63, apud: LAKATOS, 2019, p.
135)
Problema: ´A constante migração de grupos familiares carentes influencia
em sua organização interna? ´
Hipótese: ´Se elevado índice de migração de grupos familiares carentes,
então elevado grau de desorganização familiar´ (LEHFELD, 1980, p. 130,
apud: LAKATOS, 2019, p. 136)

As fontes das hipóteses são o conhecimento familiar, a observação de fatos e a


correlação entre eles, comparação com outros estudos que embasam novas hipóteses, dedução
lógica de uma teoria e a cultura geral na qual a ciência se desenvolve, a preocupação com
determinado aspecto da sociedade, as analogias podem ser fontes da dados por analogia, por
exemplo, estudos de ecologia de plantas e animais ajudaram na elaboração da ecologia
humana, a experiência pessoal ou idiossincrática como é o caso do norueguês Thorstein
Weblen que desenvolveu sua teoria da classe ociosa que foi influenciado por sua origem
norueguesa e pela comunidade norueguesa em que foi criado, e casos discrepantes na própria
teoria como no caso de Merton que moldou os conceitos de pessoas influentes ´cosmopolitas´
e as ´locais´ com base em pesquisa anterior que moldou a categoria de líderes de opinião
chegando à conclusão que por muitas variáveis seria difícil chegar a um tipo ideal de pessoa
influencia, por essa discrepância Merton criou as categorias acima descritas. (LAKATOS,
2019, p. 141-145)

3.VARIÁVEIS

A variável pode ser considerada como uma classificação:

Portanto, uma variável pode ser considerada como uma classificação ou


medida; uma quantidade que varia um conceito operacional, que contém ou
apresenta valores; aspecto, propriedade ou fator, discernível em um objeto
de estudo e passível de mensuração. Os valores que são adicionados ao
conceito operacional, para transformá-lo em variável, podem ser
quantidades, qualidades, características, magnitudes, traços etc., que se
alteram em cada caso particular e são totalmente abrangentes e mutuamente
exclusivos. Por sua vez, o conceito operacional pode ser um objeto,
processo, agente, fenômeno, problema etc. (LAKATOS, 2019, p. 147)

3.1- VARIÁVEIS INDEPENDENTES E DEPENDENTES

A definição deve ditar variáveis dependentes:

“Variável independente (X) é aquela que influencia, determina ou afeta outra


variável; é fator determinante, condição ou causa para determinado
resultado, variável; efeito ou consequência. É o fator manipulado
(geralmente) pelo investigador, na sua tentativa de assegurar a relação do
fator com um fenômeno observado ou a ser descoberto, para verificar que
influencia exerce sobre um possível resultado (LAKATOS, 2019, P. 148)

“Variável dependente (Y) consiste em valores (fenômenos, fatores) a serem


explicados ou descobertos, em virtude de serem influenciados, determinados
ou afetados pela variável independente. É o fator que aparece, desaparece ou
varia à medida que o investigador introduz, tira ou modifica a variável
independente. Variável dependente é ainda a propriedade ou fato que é
efeito, resultado, consequência ou resposta a algo que foi manipulado
(variável independente). (LAKATOS, 2019, p. 149)

Exemplos:

[...]

d) Os indivíduos cujos país possuem forte preconceito religioso tendem a


apresentar esse tipo de preconceito em grau mais elevado do que aqueles
cujos pais são destituídos de preconceito religioso:
X= presença ou ausência de preconceito religioso no pais;

Y=grau de preconceito religioso dos indivíduos.

3.2 FIXIDEZ OU ALTERABILIDADE DAS VARIÁVEIS

Existem algumas variáveis que são muito utilizadas nas Ciências Biológicas e
Sociais, que são consideradas fixas ou não sujeitas à influência. Que incluem sexo, raça,
idade, ordem de nascimento e nacionalidade (LAKATOS, 2019, p. 154-155).

Os operadores jurídicos tem que fundamentar uma opinião. O papel do pesquisador


do direito é depois de propor uma hipótese inicial, ao final do trabalho, deve saber descrever
se a hipótese se confirma ou não se confirma, e porque isso ocorre (BARRAL, 2016, p. 56)
Pode ter a hipótese que o Bacen não tem competência para regular regras de factoring e
chegar a uma conclusão contrária.
Não é equiparado a atividade advocatícia em que os argumentos parciais não podem
ser falseados. Na pesquisa científica pode testar a hipótese e concluir o contrário.
Por exemplo, um problema de pesquisa, acerca da análise da aplicabilidade das
salvaguardas transitórias para produtos têxteis no Mercosul. (BARRAL, 2016)

Objetivo geral: Demonstrar que a aplicação de salvaguardas transitórias para produtos têxteis
é incompatível com as normas do Mercosul.

3.3 Objetivos específicos:

Elencar os traços distintos entre salvaguardas transitórias produtos textuais


industrializando estes últimos. (BARRAL, 2016)
Examinar a incompatibilidade entre os ordenamentos do Mercosul e da Aladi, em
matéria de salvaguardas.
Analisar os acordos realizados no âmbito da OMC sob a matéria especificamente. As
citações são feitas para confirmar uma fonte. Não confundir a citação de um autor com falácia
de autoridade.
A citação pode ser feita em paráfrase, porém deve indicar a fonte sob pena de plágio.
Se deve evitar a citação da citação de fonte primária. Na citação se deve identificar as ideias
do pesquisador e quais ideias foram importadas por meio de citações.
Os comentários do pesquisador devem ser inseridos em colchetes, quando inseridos no
texto da citação.

Quando tiver uma citação literal com aspas dentro do texto citado. Nesse caso usa as
aspas simples. As partes suprimidas devem ser substituídas por reticências entre colchetes.

Acréscimos e comentários devem ser feitos entre colchetes. Quando se quiser destacar
algo deve se colocar negrito e colocar a expressão (grifou-se)

Utiliza-se apenas o itálico para expressões em outros idiomas. Não as comuns com
idem, ibidem.

Se modificar na citação por paráfrase a ideia do autor deve colocar isso em rodapé.
As palavras estrangeiras devem ser colocadas em itálico. Salvo idem e ibidem expressões
comuns. Se algo for descartado deve ser colocado em negrito e a expressão (grifo nosso) em
parênteses.
De acordo com a NBR 10520.

Autor/data Gonçalves, M.V.R, 1999, p. 89.


(I) Sobrenome do autor Gonçalves, V.E.R, 1998. p. 90.

Bonavides, 2001, p. 98 Dworkin, 2001, a, p. 161.

Dworkin, 2001, b, p. 175.

Revista Dialética de Direito Tributário, 2000, p. 126

Coelho; Noronha, 1995, p. 115

STJ, 2001, c, p. 13.

STJ, 2002, d, p. 14.

3.4 A redação científica


Envolve a questão do planejamento dos horários. As citações longas devem ser
destacadas com recuo de 4cm e com letra times new Roman tamanho 11. Sem aspas e com
espaço simples.

As citações curtas literais devem ser colocadas entre aspas. Se tiver aspas na citação
coloca citação simples. Se a citação for indireta não deve ter aspas.

O método científico representa uma ruptura histórica em relação a outras formas de


conhecimento como o conhecimento popular que não permite a formulação de hipóteses
além das percepções objetivas sendo verificável por se posicionar no âmbito da vida diária e
diz respeito ao que se pode perceber no dia a dia. (LAKATOS, 2019, p. 71)

O método de pesquisa é um instrumento de conhecimento que proporciona aos


pesquisadores em qualquer área de sua formação, orientação geral que facilita planejar uma
pesquisa, formular hipóteses, coordenar investigações, realizar experiências e interpretar
resultados. O método envolve um conjunto de procedimentos coerentes e especiais que deve
ser usado até chegar à demonstração dos resultados (FACHIN, 2017, p. 27-28). O caminho é
o caminho que envolve etapas operacionais para manipular e chegar a determinados
objetivos científicos. O método proporciona se bem aplicado garante segurança e economia
de tempo. O mesmo varia, assim as ciências contábeis tem um método diferente da química,
que por sua vez será diferente do método sociológico. O método está ligado a estratégia e a
técnica a tática (FACHIN, 2017, p. 28-29).

O método permite a detecção de erros e auxilia as decisões do cientista e poderíamos


dividir o método em determinadas etapas:

a) Descobrimento do problema ou lacuna num conjunto de


conhecimentos. Se não estiver claro se passa a etapa seguinte.
b) Colocação precisa do problema, ou ainda a recolocação de um velho
problema, à luz de novos conhecimentos (empíricos ou teóricos, substantivos
ou metodológicos).
c) Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema
(por exemplo, dados empíricos, teorias, aparelhos de medição, técnicas de
cálculo ou medição). Ou seja, o exame do conhecido para tentar resolver o
problema.
d) Tentativa de solução do problema com auxílio de meios identificados.
Se a tentativa resultar inútil, passa-se para a etapa seguinte, em caso
contrário, à subsequente.
e) Invenção de novas ideias (hipóteses, teorias ou técnicas) ou produção
de novos dados empíricos (que prometam resolver o problema)
f) Obtenção de uma solução (exata ou aproximada) do problema com
auxílio do instrumental conceitual ou empírico disponível.
g) Investigação de consequências da solução obtida. Em se tratando de
uma teoria, é a busca de prognósticos que possam ser feitos com auxílio do
instrumental conceitual ou empírico disponível.
h) Prova (comprovação) da solução: confronto da solução com a
totalidade das teorias e da informação empírica pertinente. Se o resultado é
satisfatório, a pesquisa é dada como concluída, até novo aviso. Do contrário,
passa-se para a etapa seguinte.
i) Correção de hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados
na obtenção da solução incorreta. Esse é, naturalmente, o começo de um
novo ciclo de investigação.” (LAKATOS, 2019, p. 80-81)

a) De premissas que encerram informações acerca de casos ou


acontecimentos observados, passa-se para uma conclusão que contém
informações sobre casos ou acontecimentos não observados.
b) Pelo raciocínio, passa-se dos indícios percebidos a uma realidade
desconhecida por ele revelada;
c) O caminho de passagem vai do especial ao mais geral, dos indivíduos
às espécies, das espécies ao gênero, dos fatos às leis ou das leis
especiais às leis mais gerais.
d) A extensão dos antecedentes é menor do que a da conclusão, que é
generalizada pelo universalizante “todo”, ao passo que os
antecedentes enumeram apenas ´alguns´ casos verificados.
e) Quando descoberta uma relação constante entre duas propriedades ou
dois fenômenos, passa-se dessa descoberta à afirmação de uma relação
essencial e, em consequência, universal e necessária, entre essa
propriedade ou fenômenos. (LAKATOS, 2019, p. 83-84)

3.5 Existem Leis, regras e fases do método indutivo:

a) Observação dos fenômenos. Nessa etapa, observamos os fatos ou


fenômenos e os analisamos com a finalidade de descobrir as causas de
sua manifestação.
b) Descoberta da relação entre eles. Na segunda etapa, procuramos por
intermédio da comparação, aproximar os fatos ou fenômenos, com a
finalidade de descobrir a relação existente entre eles.
c) Generalização da relação. Nesta última etapa, generalizamos a
relação encontrada na precedente, entre fenômenos e fatos
semelhantes, muitos dos quais ainda não observamos (e muitos
inclusive inobserváveis). (LAKATOS, 2019, p. 84)
Pedro, José, João... são mortais.

Ora, Pedro, José, João... são homens.

Logo, (todos) os homens são mortais.

Ou:

O homem Pedro é mortal.

O homem José é mortal.

O homem João é mortal

[...]

(Todo) homem é mortal.

Aqui entra ocorre a questão da verificação da causalidade e do determinismo e o problema da


falácia da amostra insuficiente e da amostra tendenciosa (LAKATOS, 2019, p. 88):

“Amostra insuficiente. Ocorre a falácia da amostra insuficiente quando a


generalização indutiva é feita a partir de dados insuficientes para sustentar
essa generalização.

Exemplos: Geralmente, preconceitos raciais, religiosos ou de nacionalidade


que abrangem todos os elementos de uma categoria. Em um pequeno
vilarejo do Estado de São Paulo, de 150 moradores, em determinado ano,
duas pessoas morreram: uma, atropelada por uma carroça puxada a burro e
outra, por insuficiência renal. Jamais se poderia dizer que 50% da população
que falece no vilarejo X são por acidentes de trânsito e 505 por insuficiência
renal.

b) Amostra tendenciosa. A falácia da estatística tendenciosa ocorre


quando uma generalização indutiva se baseia em uma amostra não
representativa da população.
Exemplo: Salmon (1978, p. 83) cita o exemplo da prévia eleitoral, realizada
pelo Literary Digest, em 1936, quando Landon e Roosevelt eram candidatos
à presidência dos EUA. A revista distribuiu cerca de dez milhões de cédulas
de votação. Recebeu de volta, aproximadamente, dois milhões e duzentas e
cinquenta mil. A amostra era suficientemente ampla para os objetivos, mas
os resultados foram desastrosos, apontando nítida vantagem de Landon, mas
Roosevelt é que foi eleito. Notou-se depois um desvio da pesquisa causado
pela seleção de classe socioeconômica dos investigados: os endereços para o
envio das cédulas foram retirados de listas telefônicas e de registros de
proprietários de automóvel (com maior poder aquisitivo, mas bem colocados
socialmente e, provavelmente, republicanos). (LAKATOS, 2019, p. 88-89)

4. MÉTODO DEDUTIVO
Existem dois exemplos que podem diferenciar argumentos indutivos e dedutivos:

Dedutivo

Todo mamífero tem um coração.

Ora, todos os cães são mamíferos.

Logo, todos os cães tem um coração.

Indutivo:

Todos os cães que foram observados tinham um coração.

Logo, todos os cães tem um coração. (LAKATOS, 2019, p. 89)

Característica 1: no argumento dedutivo, para que a conclusão ´todos os


cães tem um coração´ fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam de
ser falsas: ou nem todos os cães são mamíferos, ou nem todos os mamíferos
tem um coração. Já no argumento indutivo, é possível que a premissa seja
verdadeira e a conclusão falsa: o fato de não se ter, até o presente,
encontrando um cão sem coração não é garantia de que todos os cães tem um
coração.

Característica 2: quando a conclusão do argumento dedutivo afirma que


todos os cães tem um coração, está dizendo alguma coisa que, na verdade, já
estava incluída nas premissas; portanto, como todo argumento dedutivo,
apenas reformula ou enuncia de modo explícito a informação já contida nas
premissas. Dessa forma, se a conclusão, a rigor, não diz mais que as
premissas, ela tem de ser verdadeira se as premissas o forem. Por sua vez, no
argumento indutivo, a premissa refere-se apenas aos cães já observados e a
conclusão diz respeito nas premissas. É por esse motivo que a conclusão
pode ser falsa, mesmo que as premissas sejam verdadeiras, visto que pode
ser falso o conteúdo adicional que encerra. (LAKATOS, 2019, p. 90)

A diferenciação entre os argumentos dedutivos e indutivo pode ser definida a seguir:

“Os dois tipos tem argumentos tem finalidades diversas: o dedutivo tem o
propósito de explicar o conteúdo de premissas; o indutivo tem o desígnio
de ampliar o alcance dos conhecimentos. Analisando isso sob outro
enfoque, diríamos que os argumentos dedutivos ou estão corretos ou
incorretos, ou as premissas sustentam de modo completo a conclusão ou,
quando a forma é logicamente incorreta, não a sustenta de foram alguma;
portanto, não há graduações intermediárias. Contrariamente, os argumentos
indutivos admitem diferentes graus de força, dependendo da capacidade
das premissas de sustentarem a conclusão. Resumindo, os argumentos
indutivos aumento o conteúdo das premissas, com sacrifício de precisão, ao
passo que os argumentos dedutivos sacrificam a ampliação do conteúdo
para atingir a certeza. (LAKATOS, 2019, p. 91)
4.1 MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO

O método Hipotético-dedutivo é formulado por Karl Popper:

“Para Karl R. Popper, o método científico parte um problema (P1), ao qual


se oferece uma espécie de solução provisória, uma teoria-tentativa (TT),
passando-se depois a criticar a solução, com vista à eliminação do erro (EE).
Tal como no caso da dialética, esse processo se renova a si mesmo, dando
surgimento a novos problemas (P2) (LAKATOS, 2019, p. 93)

Portanto, Popper defende esses momentos no processo investigatório:

1. O problema surge, em geral, de conflitos ante expectativas e teorias


existentes.
2. A solução proposta consiste numa conjectura (nova teoria); dedução na
forma de proposições passíveis de teste.
3. Os testes de falseamento são tentativas de refutação, entre outros meios,
pela observação e experimentação. (LAKATOS, 2019, p. 94)

Quanto as hipóteses do método hipotético-dedutivo:

Se a hipóteses não superar os testes, estará falseada, refutada, e exige nova


reformulação do problema e da hipótese, que, se superar os testes rigorosos,
estará corroborada, confirmada posteriormente, não definitivamente como
querem os indutivistas. (LAKATOS, 2019, p. 94)

Mesmo Einstein corrobora com essa característica da falseabilidade:

Einstein vem em auxílio dessa característica da falseabilidade quando


escreve a Popper nesses termos: ´na medida em que que um enunciado
científico se refere à realidade, ele tem que ser falseável; na medida em que
não é falseável, não se refere à realidade (POPPER, 1975ª, p. 346, apud:
LAKATOS, 2019, p. 94)

4.2 Problema:

Primeiro se define o problema:


A primeira etapa do método proposto por Popper é o surgimento do
problema. Nosso conhecimento consiste num conjunto de expectativas que
formam como que uma moldura. A quebra dessa expectativa provoca uma
dificuldade: o problema que vai desencadear a pesquisa. Toda investigação
nasce de algum problema teórico/prático sentido, que dirá o que é relevante
ou irrelevante observar, os dados que devem ser selecionados. (LAKATOS,
2019, p. 96-97)

Depois se elabora a conjectura passível de teste:

4.3 Conjecturas

Conjectura é uma solução proposta em forma de proposição passível de


teste, direto ou indireto, nas suas consequências, sempre dedutivamente:
´Se.. então´. Se o antecedente (´se´) é verdadeiro, também o será
forçosamente o consequente (´então´), porque o antecedente consiste numa
lei geral e o consequente é deduzido dela. (LAKATOS, 2019, p. 97)

Para posteriormente se submeter ao teste para se tentar o falseamento da teoria:

4.4 Tentativa de Falseamento:

“Na terceira etapa do método hipotético-dedutivo, realizam-se os testes que


consistem em tentativa de falseamento, de eliminação de erros. Uma dos
meios de teste, que não é o único, é a observação e a experimentação; esse
teste consiste em falsear, isto é, em tornar falsas as consequências deduzidas
ou deriváveis da hipótese, mediante o modus tollens, ou seja, ´se p, então q,
ora não q, então não p´; se q é deduzível de p, mas q é falso, logicamente, p é
falso (LAKATOS, 2019, p. 97-98)

4.5 MÉTODO DIALÉTICO

O método dialético opera segundo as leis da dialética

“Os diferentes autores que interpretaram a dialética materialista não estão de


acordo quando ao número de leis fundamentais do método dialético: alguns
apontam três e outros, quatro. Quanto à denominação e à ordem de
apresentação, estas também variam. Numa tentativa de unificação, diríamos
que as quatro leis fundamentais são:

a) Ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”


b) Mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”
c) Passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa.
d) Interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.
(LAKATOS, 2019, p. 100)

Assim a dialética se caracteriza pela ação recíproca que se caracteriza como um


processo ao contrário da percepção metafísica. A dialética o compreende como um
conjunto de processos (LAKATOS, 2019, p. 100)
As coisas para a dialética devem ser consideradas em movimento. O fim de um
processo é sempre o começo de outro. Tanto a natureza como a unidade são compostos de
objetos e fenômenos organicamente ligados entre si, dependendo um dos outros e, ao
mesmo tempo, condicionando-se reciprocamente (LAKATOS 2019, p. 101)
Todo o movimento opera por contradições. Por isso diz-se que a mudança dialética é a
negação da negação. Nada é imutável. Tudo tem uma história. As leis do processo dialético
compreendem também a passagem da quantidade à qualidade. A questão da passagem da
água do estado líquido para o gasoso. Ou um voto que define um certame eleitoral. A
mudança quantitativa é necessária para a ruptura da qualidade. Para a água evaporar é
necessário inserir calor na água até os 100º centígrados. Desta forma a quantidade se
transforma em qualidade. As mudanças qualitativas podem ser graduais como ocorre com
o processo de formação de uma língua (LAKATOS, 2019, p. 105)
A contradição dos processos é interna. A planta surge da semente e o seu aparecimento
implica o desaparecimento da semente. As contradições internas geram as mudanças das
coisas (LAKATOS, 2019, p. 106)
A unidade dos contrários encerra dois termos, por exemplo o repouso e o movimento
estão interligados. Existe a luz do dia e a noite que são contrários entre si. Os mesmos
constituem partes do mesmo dia de 24 horas. Essas realidades estão em uma unidade dos
contrários. Apresentando-os em uma unidade indissolúvel.

4.6 MÉTODO RACIONAIS:

Os métodos racionais são os que fazem parte da estrutura de raciocínio. O método de


procedimento dessa metodologia é a que os elementos se processam pelo método indutivo
(análise) e dedutivo (síntese). Que são essenciais para a compreensão de fatos através da
ciência (FACHIN, 2017, p. 29)

O método indutivo é um procedimento de raciocínio que parte de análise de casos


particulares, encaminha-se para noções gerais. A marcha do conhecimento irá dos elementos
singulares para os gerais. (FACHIN, 2017, p. 28-29):
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou
universal. O objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo
conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se
basearam.” (LAKATOS, 2019, p. 83)

A lógica indutiva também se baseia em premissas, porém nos argumentos dedutivos


premissas verdadeiras levam inevitavelmente a conclusões verdadeiras, no caso de
argumentos indutivo apenas a conclusões prováveis (LAKATOS, 2019, p. 83), os dois
exemplos a seguir retirados de Lakatos servem para ilustrar o método indutivo:

Exemplos: O corvo 1 é negro.

O corvo 2 é negro.

O corvo 3 é negro.

O corvo n é negro.

Cobre conduz energia.

Zinco conduz energia.

Cobalto conduz energia.

Ora, cobre, zinco e cobalto são metais.

Na lógica aristotélica a premissa maior e menor se combina para formar a conclusão


que é o argumento com o qual a lógica se preocupa. (FACHIN, 2017, p. 28-29).

Todos os homens primitivos são bárbaros.

Hércules era um homem primitivo.

Hércules é um homem bárbaro.

O argumento do ponto de vista da lógica pode ser verdadeiro ou falso. A ciência busca
se fundamentar em dados mais sólidos. E exige que as evidências e as conclusões sejam
verdadeiras. A ciência se baseia em dados fiéis e confirmáveis.
Todos os leões são bípedes. (F)

Todos os gatos são leões (F)

Todos os macacos são bípedes (F)

Ou

Todos os seres vivos são perecíveis (V)

Todos os homens são seres vivos (V)

Todos os homens são perecíveis. (V)

No segundo caso apesar das evidências e conclusões serem verdadeiras não há relação
lógica entre elas. Método específicos de ciências sociais:

Método e métodos situam-se em níveis claramente distintos, no que se refere


à sua linha filosófica, ao seu grau de abstração, à sua finalidade mais ou
menos explicativa, à sua ação nas etapas mais ou menos concretas da
investigação e ao momento em que se situam. (LAKATOS, 2019, p. 107)

Primeiro temos o método de abordagem, assim discriminado:

a) Método indutivo: a aproximação dos fenômenos caminha geralmente


para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais
particulares às leis e teorias (conexão ascendente).

b) Método dedutivo: partindo das teorias e leis, na maioria das vezes prediz
a ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente)

c) Método hipotético-dedutivo: inicia-se pela percepção de uma lacuna nos


conhecimentos, acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de
inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos
pela hipótese.

d) Método dialético: penetra o mundo dos fenômenos através de uma ação


recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que
ocorre na natureza e na sociedade. (LAKATOS, 2019, p. 107-108)

5. MÉTODOS DE PROCEDIMENTO
O método de procedimento se refere as etapas mais concretas de investigação:

Os métodos de procedimento, por sua vez, seriam etapas mais concretas da


investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos
fenômenos e menos abstratas. Pode-se dizer até que são técnicas que, pelo
uso mais abrangente, se erigiram em métodos. Pressupõem uma atitude
concreta em relação ao fenômeno e estão limitados a um domínio particular.
Na área restrita das Ciências Sociais, são em geral utilizados vários,
concomitantemente como os que a seguir expomos. (LAKATOS, 2019, p.
108)

5.1 Método histórico

O método histórico visa compreender a origem e a gênese, bem como as sucessivas


alterações ao permitir comparações de sociedades diferentes. Esse método apoia-se em um
tempo, mesmo que artificialmente reconstruído, que assegura a percepção da continuidade e
entrelaçamento de fenômenos. (LAKATOS, 2019, p. 107-108).

5.2 Método comparativo

O método comparativo permite visualizar semelhanças e diferenças entre diversos


tipos de grupos, sociedades ou povos contribui para uma melhor compreensão do
comportamento humano:

Ocupando-se da explicação dos fenômenos, o método comparativo permite analisar


o dado concreto, deduzindo do mesmo os elementos constantes, abstratos e gerais.
Constitui uma verdadeira ´experimentação indireta´. É empregado em estudo de
largo alcance (desenvolvimento da sociedade capitalista) e de setores concretos
(comparação de tipos específicos de eleições), assim como para os estudos
qualitativos (diferentes formas de governo) e quantitativos (taxa de escolarização
de países desenvolvidos e subdesenvolvidos). Pode ser utilizado em todas as fases
e níveis de investigação: num estudo descritivo, pode averiguar a analogia entre os
elementos de uma estrutura (regime presidencialista americano e francês) ou
analisar tais elementos; nas classificações, permite a construção de tipologias
(cultura de folk e civilização); finalmente, em nível de explicação, pode, até certo
ponto, apontar vínculos causais entre fatores presentes e ausentes.” (LAKATOS,
2019, p. 109)
5.3 Método estatístico

O papel do método estatístico é antes de tudo fornecer uma descrição quantitativa da


sociedade. A estatística é método de experimentação e prova, pois é método de análise.
Medem-se os elementos de uma classe social especificando as características dos membros
dessas classes medem sua importância ou variação para o melhor entendimento (LAKATOS,
2019, p. 111)

5.4 Método tipológico

Com origem na teoria de Max Weber baseado em estilizações da realidade através de


tipos ideias. O tipo ideal não expressa a totalidade da realidade. O tipo ideal enriquece a
realidade como um conceito estilizado. Assim ressalta certos aspectos da realidade.
(LAKATOS, 2019, p. 112)

5.5 Método funcionalista

O conceito é feito como um todo em funcionamento. E as partes exercem funções no


complexo de estrutura e organização. Por exemplo em Herbert Spencer aparece a analogia
com um organismo biológico. Durkheim relaciona isso com as necessidades de um organismo
social com a afirmação dogmática da integração funcional de toda a sociedade. Onde cada
parte tem uma função específica a exercer no todo. A sociedade seria direcionada por funções
manifestas e latentes. As funções manifestas de organizações sociais como a família e a escola
podem gerar funções latentes. Assim a função manifesta visa produzir igualdade. Porém as
funções latentes produzem diferenças escolares e desigualdades, por exemplo (LAKATOS,
2019, p. 113)

5.6 Método estruturalista


Esse método é desenvolvido por Levy Strauss. O método parte de um fenômeno
concreto e parte para o abstrato, pela constituição de um modelo que represente objeto de
estudo. Retornando ao concreto dessa vez com uma realidade estruturada e relacionada com a
experiência do sujeito social. (LAKATOS, 2019, p. 113).

Em todos os fenômenos existe uma estrutura invariante. A verdadeira significância se


dá na relação entre os objetos. A contrário do tipo ideal que não existe na realidade. No
método estruturalista que o modelo é a única representação cabível na realidade (LAKATOS,
2019, p. 114)

5.7 Método etnográfico

O método etnográfico se reúne por um conjunto de técnicas para a coleta de


dados sobre valores, crenças, práticas sociais, religiosas e comportamento de um grupo social.
Ou levantamento de dados de determinado grupo. Com o objetivo de conhece melhor seu
estilo de vida e o comportamento do grupo (LAKATOS, 2019, p. 114-115)

5.8 Método clínico

Esse método é aplicado em estudo de caso. É útil no contexto de intervenção


psicopedagógica. As características do método clínico são relação íntima, pessoal, entre o
clínico e o sujeito. Entre professor e aluno é importante. Pode utilizar de técnicas de
entrevista, história de vida, psicoanálise e outras de relação pessoal. O importante é deixar o
entrevistado sentir-se livremente e descobrir as tendências espontâneas. O pesquisador deve
saber o que se procura e fazer perguntas adequadas (LAKATOS, 2019, p. 116)

5.9 Utilização de mais de um método de pesquisa

Ao contrário dos métodos de abordagem, os métodos de procedimento podem ser


mesclados. Pode-se combinar métodos histórico e comparativo. Assim pode-se verificar o
desenvolvimento e origem de sindicatos e a forma como funciona em diferentes sociedades
(LAKATOS, 2019, 116-117). Pode-se usar o método histórico e o método estatístico também
por exemplo.

5.9.1 Quadro de referência

Aqui entre a questão da teoria e do referencial metodológico desta teoria. Assim em


um estudo marxista pode se usar o método de abordagem dialético e o método de
procedimento histórico e comparativo. Já a teoria de Darwin usa o método de abordagem
indutivo e o método de procedimento comparativo e respectivas técnicas (quadro de
referência evolucionista) (LAKATOS, 2019, p. 117)

6.Método de pesquisa social

A pesquisa social pode ser pura ou aplicada. A pura é desinteressada com suas
aplicações e consequências práticas. É usada para a construção de teorias e leis. A pesquisa
aplicada apresenta muitos pontos de contato com a pesquisa pura, pois depende de suas
descobertas e se enriquece. O interesse na aplicação, utilização e consequências práticas dos
conhecimentos (GIL, 2009, p. 26-27)

6.1 Níveis de pesquisa

Existem 3 níveis de pesquisa: descrição, classificação e explicação e as pesquisas


podem ser divididas em 3 grupos: estudos exploratórios, estudos descritivos e estudos que
verifiquem hipóteses causais (GIL, 2009, p. 26-27)
6.2 Pesquisas exploratórias

As pesquisas exploratórias tem como finalidade principal desenvolver, esclarecer e


modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou
hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Essas são as pesquisas que possuem menos
rigidez no planejamento. Em geral envolvem levantamento bibliográfico e documental. Essa
pesquisa é escolhida quando o tema é pouco explorado e torna-se difícil de formular hipóteses
precisas e operacionalizáveis. E podem constituir a primeira etapa de uma investigação mais
ampla. Se o tema escolhido for muito genérico torna-se necessário seu esclarecimento e
delimitação, o que exige a revisão da literatura, discussão com especialistas e outros
procedimentos. O produto final desse processo passa a ser um problema mais esclarecido,
passível de investigação mediante procedimentos mais sistematizados. (GIL, 2019 p. 26)

6.3 Pesquisas descritivas

As pesquisas tem como objeto primordial a descrição de características de


determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis. As
suas características mais significativas são referentes a utilização de técnicas padronizadas de
coleta de dados (GIL, 2009, p. 28):

Dentre as pesquisas descritivas salientam-se que tem por objetivo estudar as


características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência,
nível de escolaridade, nível de renda, estado de saúde física e mental. Outras
pesquisas deste tipo são as que se propõem estudar o nível de atendimento
dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus
habitantes, o índice de criminalidade que aí se registra etc. São incluídas
nesse grupo as pesquisas que tem por objetivo levantar as opiniões, atitudes
e crenças de uma população. Também são pesquisas descritivas aquelas que
visam descobrir a existência de associações entre variáveis, como, por
exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre preferência
político-partidária e nível de rendimento ou escolaridade (GIL, 2019, p. 27)

As pesquisas descritivas podem se aproximar das explicativas quando vão além da


simples identificação da relação entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa
relação. Nesse caso se tem uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. Por outro
lado, existem pesquisas descritivas que podem proporcionar uma nova visão do problema o
que as aproxima das pesquisas exploratórias (GIL, 2019, p. 27):

As pesquisas descritivas são, justamente com as exploratórias, as que


habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação
prática. São também as mais solicitadas por organizações com instituições
educacionais, empresas comerciais, partidos políticos etc. (GIL, 2019, p. 28)

6.4 Pesquisas Explicativas

Esse é o tipo de pesquisa que mais se aprofunda na realidade, porque explica a razão, o
porquê das coisas, é a mais complexa e o risco de cometer erros é ampliado (GIL, 2019, p 27):

Pode-se dizer que o conhecimento científico está assentado nos resultados


oferecidos pelos estudos explicativos. Isso não significa, porém, que as
pesquisas exploratórias e descritivas tenham menor valor, porque quase
sempre constituem etapa prévia indispensável para que se possam obter
explicações científicas. Uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de
outra descritiva, posto que a identificação dos fatores que determinam um
fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado. (GIL,
2019, p. 27)

As pesquisas explicativas apresentam diferenças nas ciências naturais e nas ciências


sociais:

As pesquisas explicativas nas ciências naturais valem-se quase que


exclusivamente do método experimental. Nas ciências sociais, em virtude de
dificuldades já comentadas, recorre-se a outros métodos, sobretudo ao
observacional. Nem sempre se torna possível a realização de pesquisas
rigidamente explicativas em ciências sociais, mas em algumas áreas,
sobretudo da Psicologia, as pesquisas revestem-se de elevado grau de
controle, chegando mesmo a ser designadas ´quase-experimentais´ (GIL,
2019, p. 297-28

Quanto a questão da observação, a mesma pode ser usual, uma das atividades mais
comuns de cada dia. Essa forma de observação não deve confundida com a observação
utilizada como método. No caso de o contexto cotidiano observar na sua acepção radical
significa ver. O objetivo pode ser visto e não notado. Sendo apenas um produto da mente do
observador. A simples observação não seria capaz de reformular, testar ou encontrar
explicação para falsas concepções (FACHIN, 2017, p. 35).

A observação deve ser capaz de produzir um aprendizado ativo como postura dirigida
para um fato (FACHIN, 2017, p. 35).
A observação torna-se uma técnica científica quando voltada para um objetivo
científico. Pode se valer desde amostragens científicas até questionários (FACHIN, 2017, p.
36)

Outra questão envolvida é a questão da busca de objetividade e neutralidade positivista


nas ciências sociais:

Esta postura positivista de estudar os fenômenos sociais da mesma forma


que as ciências naturais teve e continua a ter muito adeptos. A separação
rígida entre os sistemas de valores dos cientistas e os fatos sociais enquanto
objeto de análise é proposta por inúmeros metodólogos. Alegam em favor
dessa postura que as ciências sociais devem ser neutras, apolíticas,
descomprometidas. Nesse sentido, a maioria dos manuais clássicos de
pesquisa social propõem o máximo distanciamento entre o pesquisador e
objeto pesquisado (GIL, 2019, p. 30)

6.5 Pesquisa-ação e pesquisa participante

A pesquisa ação surge como um questionamento as pesquisas exclusivamente


empíricas com a ilusão positivista da neutralidade:

A pesquisa participante é a pesquisa especialmente dirigida a algumas populações:

...que responde especialmente às necessidades de populações que


compreendem operários, camponeses, agricultores e índios- as classes mais
carentes nas estruturas sociais contemporâneas- levando em conta suas
aspirações e potencialidades de conhecer e agir. É a metodologia que
procura incentivar o desenvolvimento autônomo (autoconfiante) a partir das
bases e uma relativa independência do exterior (BORDA, 1983, p. 43, apud:
GIL, 2019, p. 31)

Essa modalidade de pesquisa ação e participante se caracteriza pelo envolvimento de


pesquisadores e pesquisados no processo de pesquisa:

Tanto a pesquisa-ação quanto a pesquisa participante se caracterizam pelo


envolvimento dos pesquisadores e dos pesquisados no processo de pesquisa.
Neste sentido distanciam-se dos princípios da pesquisa científica acadêmica.
A objetividade da pesquisa empírica clássica não é observada. Os teóricos da
pesquisa-ação propõem sua substituição ´relatividade observacional´
(Thiollent, 1985, p. 98, apud: GIL, 2009, p. 31), segundo a qual a realidade
não é fixa e o observador e seus instrumentos desempenham papel ativo na
coleta, análise e interpretação dos dados. Seus teóricos, por outro lado,
associam-na à postura dialética, que enfoca o problema da objetividade de
maneira diversa do positivismo. A dialética procura captar os fenômenos
históricos, caracterizados pelo constante devir. Privilegia, pois, o lado
conflituoso da realidade social. Assim, o relacionamento entre o pesquisador
e pesquisado não se dá com mera observação do primeiro pelo segundo, mas
ambos ´acabam se identificando, sobretudo quando os objetos são sujeitos
sociais também, o que permite desfazer a ideia de objeto que caberia
somente em ciências naturais´(DEMO, 1994, p. 115, apud: GIL, 2009, p. 31)

6.6 As técnicas de pesquisa social envolvem determinadas etapas:

As pesquisas sociais, tanto por seus objetivos, quanto pelos procedimentos


que envolvem, são muito diferentes entre si. Por essa razão torna-se
impossível apresentar um esquema que indique todos os passos do processo
de pesquisa. No que parece haver consenso de parte da maioria dos autores,
entretanto, é que todo processo de pesquisa social envolve: planejamento,
coleta de dados, análise e interpretação e redação de relatório. Cada uma
dessas grandes etapas pode ser subdividida em outras mais específicas,
dando origem aos mais diversos esquemas. Até o momento não foi possível
definir um modelo que apresente, de forma absolutamente precisa e
sistemática, os passos a serem observados no processo de pesquisa. Não há
uma teoria suficientemente abrangente para tal, o que faz com que os
diversos autores procedem à determinação e ao encadeamento das faz de
pesquisa em certa arbitrariedade. (GIL, 2019, p.28)

O esquema das etapas da pesquisa social compreende:

a) Formulação do problema;
b) Construção de hipóteses ou determinação dos objetivos;
c) Delineamento da pesquisa;
d) Operacionalização dos conceitos e variáveis;
e) Seleção da amostra;
f) Elaboração dos instrumentos de coleta de dados;
g) Coleta de dados;
h) Análise da interpretação dos resultados;
i) Redação do relatório (GIL, 2009, p. 31-32)

6.7 Pesquisa de campo


Os estudos de campo apresentam muita semelhança com os levantamentos. Primeiro
os levantamentos procuram ser representativos de um universo definido. E produzir resultados
caracterizados pela precisão estatística. Já os estudos de campo procuram muito mais o
aprofundamento das questões propostas do que a distribuição de características da população.
O planejamento do estudo de campo apresenta muito maior flexibilidade podendo ser
reformulados ao longo do processo de pesquisa. Os estudos de campo estudam um único
grupo ou comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação dos
seus componentes GIL, 2009, p. 57):

Para ilustrar essas diferenças, considere-se um levantamento a ser realizado


em determinada comunidade. Procurar-se-á, neste caso, descrever com
precisão as características da sua população em termos de sexo, idade, estado
civil, escolaridade, renda etc. Já num estudo de campo, a ênfase poderá estar,
por exemplo, na análise da estrutura do poder local ou das formas de
associação dos seus moradores. (GIL, 2009, p. 57)

6.8 Estudo de caso

O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de


poucos objetos, de forma a possibilitar seu conhecimento amplo e detalhado, ele é usado em
estudos em que os pesquisadores sociais tem principalmente os seguintes propósitos:

a) Explorar situações de vida real cujos limites não estão claramente


definidos;
b) Descreve a situação de contexto em que está sendo feita
determinada investigação;
c) Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em
situações muito complexas que não possibilitam a utilização dos
experimentos (GIL, 2009, p. 58)

O estudo de caso pode ser utilizado tanto em pesquisas exploratórias, quanto


descritivas e explicativas. Porém existem preconceitos contra o estudo de caso (Yin,
1981, p. 22, apud: GIL, 2009, p. 58):

a) Falta de rigor metodológico. Diferentemente do que ocorre com os


experimentos e levantamentos, para a realização de estudos de caso não
são definidos procedimentos metodológicos rígidos. Por essa razão são
frequentes os vieses no estudo de casos, os quais acabam
comprometendo a qualidade dos seus resultados. Ocorre, porém, que os
vieses não são prerrogativas dos estudos de caso, podendo ocorrer em
outras modalidades de pesquisa. Logo, o que se propõe ao pesquisador
disposto a desenvolver estudos de caso é que redobre seus cuidados
tanto no planejamento quanto a análise da coleta de dados.
b) Dificuldade de generalização. A análise de um único ou mesmo de
múltiplos casos fornece uma base mais frágil para a generalização, no
entanto, os propósitos do estudo de caso não são os de proporcionar o
conhecimento preciso das características de uma população a
procedimentos estatísticos, mas sim o de expandir ou generalizar
proposições teóricas;
c) Tempo destinado à pesquisa. Alega-se que os estudos de caso
demandam muito tempo para ser realizados e que frequentemente seus
resultados tornam-se pouco consistentes. De fato, os primeiros trabalhos
qualificados como estudos de caso em período mais curtos e com
resultados passíveis de confirmação por outros estudos. Convém
ressaltar, no entanto, que um bom estudo de caso constitui tarefa difícil
de realizar. Pesquisadores inexperientes, entusiasmados pela
flexibilidade metodológica no estudo de caso, ao final de sua pesquisa,
conseguem apenas um amontoado de dados que não conseguem analisar
e interpretar. (GIL, 2009, p. 58-59)

7. ÉTICA NA PESQUISA SOCIAL

A ética na pesquisa responde a expectativa de que os cientistas respeitem princípios


éticos. Que as pesquisas não sejam danosas para os seres humanos que dela participam. E hoje
abrange mesmo a questão do direito e bem-estar dos animais. Também se deve buscar a
observância de princípios que resultem na busca de conhecimento verdadeiro, inibindo
tentativas de falsificação de dados. E assim se incentiva a criação de um ambiente de respeito
mútuo ente os pesquisadores (GIL, 2019, p. 33)

A questão da coleta dados na pesquisa social caracteriza-se por vezes uma intrusão da
vida das pessoas. Algumas dessas pessoas sejam de caráter bastante pessoal e quem nem
mesmo tenham sido compartilhadas com pessoas de seu círculo familiar (GIL, 2019, P. 34)

Assim, embora a participação seja voluntária, o pesquisador deve saber que se um


sujeito selecionado para compor a amostra a se negar, a participar, os resultados das pesquisas
poderão ficar comprometidos. Os resultados podem ficar comprometidos e os resultados
podem não ser adequados para expressar com fidelidade as características da população que
se desejava conhecer (GIL, 2019, p. 33).

7.1 Danos aos participantes


A ética científica deve ser baseada no princípio da beneficência, que estabelece que
devemos fazer o bem aos outros. E o da maleficência que propõe a obrigação não infligir dano
intencional aos outros. Esses dois princípios são especialmente importantes na área da saúde.
Pois orientam os profissionais dessa área a fazerem o maior bem possível aos pacientes e
evitar todo e qualquer mal (GIL, 2019, p. 34)

O participante pode ser solicitado a fornecer informações acerca de comportamentos


reconhecidos como indesejáveis. Podem ser instados a falar de práticas impopulares ou
características pessoais que causam desconforto como baixos rendimentos, condições
precárias de habitação e ocupação de baixo status social (BARBIE, 2017, apud: GIL, 20119,
p. 34)

Um exemplo também importante neste sentido é o Experimento da prisão de Stanford


usado como exemplos dos riscos de uma pesquisa (GIL, 2019, p. 35):

Previa-se que o experimento tivesse a duração de quinze dias e que cada


participante poderia se afastar do estudo a qualquer momento. O
experimento, no entanto, foi interrompido ao fim do sexto dia, porque os
participantes começaram a vivenciar seus papéis com tamanha intensidade a
ponto de confundir a representação com a realidade vivida e a identificar-se
com personagens que representavam. Alguns estudantes que
desempenhavam o papel de guardas tornaram-se violentos, passaram a
abusar da autoridade e a humilhar os estudantes que desempenhavam o papel
de prisioneiros (HANEY; BANKS; ZIMBARDO, 1973, apud: GIL, 2019, p.
35)

Outro tema importante se refere ao conceito de consentimento informado:

Tanto a questão dos danos aos participantes quando a da participação


voluntária na pesquisa remetem ao conceito de consentimento informado,
segundo o qual a participação dos sujeitos de pesquisa deve ocorrer de forma
voluntária e com a adequada compreensão dos riscos envolvidos. Daí a
exigência do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE- nas
pesquisas que envolvem seres humanos, estabelecida na Resolução nº 510,
de 7 de abril de 2016, do Conselho Nacional de Saúde. Essa resolução
estabelece, em seu artigo 10, que ´o pesquisador deve esclarecer o potencial
participante, na medida de sua compreensão e respeitadas suas
singularidades, sobre a natureza da pesquisa seus objetivos, métodos,
direitos, riscos e potenciais benefícios´. Isso significa que o TCLE deverá ser
obtido após o participante da pesquisa e/ou seu responsável legal estar
suficientemente esclarecido de todos os procedimentos que serão realizados
e de seus possíveis riscos e benefícios (GIL, 2019, p. 35)

A questão do anonimato e da confidencialidade também são importantes.

7.2 Anonimato e confidencialidade

O anonimato ocorre quando em nenhum momento o pesquisador ou qualquer pessoa


associada ao projeto de pesquisa tem condições de conhecer a identidade dos seus
participantes:

...Isso significa que nenhuma pesquisa em que dados são obtidos em que os
dados são obtidos mediante entrevista pessoal pode ser considerada
anônima. Já as pesquisas em que os dados foram obtidos mediante entrevista
pessoal pode ser considerada anônima. Já as pesquisas em que os dados
foram obtidos mediante questionários enviados pelo correio, por e-mail, ou
depositados em urnas podem ser consideradas anônimas. (GIL, 2019, p. 35)

A garantia do anonimato é fundamental para obtenção de informação relativa a


assuntos que de algum modo podem constranger os participantes. Como comportamento
sexual e uso de drogas. Pode-se admitir também que muitas pessoas não se sintam à vontade
para informar acerca de seus rendimentos ou das dificuldades que enfrentam no dia a dia do
trabalho. ( GIL, 2019, p. 35-36)

A confidencialidade ocorre quando o pesquisador tem a possibilidade de identificar a


pessoa que forneceu as respostas, mas garante que suas informações permanecerão em sigilo,
ou ainda que as informações obtidas com outras finalidades e serão protegidas com
falseamento ou perda. Portanto, quando a forma adotada para garantir o anonimato dos
respondentes e isso deve ser garantido pelos respondentes:

Cuidados especiais precisam ser tomados para garantir a


confidencialidade na pesquisa. Qualquer informação que possibilite a
identificação dos respondentes deve ser removida. Os nomes e
endereços que por ventura aparecerem nos questionários ou nas folhas
de transcrição das entrevistas devem ser substituídos por números de
identificação. Poderá, no entanto, ser criado um arquivo que vincule
esses números aos nomes dos respondentes para possibilitar a
posterior correção de informações ausentes ou contraditórias, mas esse
arquivo não poderá ser disponibilizado para outros fins (BABBIE,
2017, apud: GIL, 2019, p. 36)
Por vezes os pesquisadores podem fornecer informações falsas ou incompletas:

7.3 ENGANO

O engano se empregado pode ser justificado se visa ampliar a qualidade dos resultados
da pesquisa. Porém mesmo essa justificativa também pode ser discutível:

Caso o projeto de pesquisa inclua o uso do engano, o pesquisador precisa


elaborar cuidadosa justificativa, que demonstre que a pesquisa não pode ser
adequadamente conduzida se não envolver a condição de engano. Convém
também, que a justificativa descreva as alternativas ao engano e uma
explicação do motivo pelo qual foram rejeitadas. A justificativa deve
também esclarecer de que maneira e em que momento ocorrerá a situação de
engano. Deverá, ainda, indicar se o engano implica a elevação dos riscos a
que estão sujeitos os participantes. Seria conveniente indicar pesquisas
semelhantes em que foi utilizado o engano com a descrição dos danos reais
ou reações dos participantes. E também a confirmação de que o projeto
atende a todos os requisitos para que os participantes possam renunciar ao
consentimento. (GIL, 2019, p. 36)

7.4 Relato dos resultados

As obrigações éticas dos pesquisadores não se referem apenas aos sujeitos da pesquisa
e também se referem a comunidade científica. Assim isto abrange a forma como foi
conduzida a pesquisa. Se foi conduzida deliberadamente com falhas metodológicas graves
não pode ser considerada ética. Se ocorrem falhas ao longo dos processos de pesquisa ou os
resultados tenham se mostrado deficientes. Isso deverá ser indicado no relatório. Os
pesquisadores tem o dever de indicar os leitores acerca das limitações da sua pesquisa. É
necessário indicar falhas que por ventura que tenham ocorrido na elaboração dos instrumentos
de pesquisa e na coleta de dados:

Importante atenção deve ser dedicada à apresentação dos resultados


sobretudo em pesquisas de caráter explicativo. Pode ocorrer que as hipóteses
formuladas não tenham sido confirmadas. O pesquisador não pode encobrir
esse fato. Mesmo que possa significar que a pesquisa não tenha valido a
pena. Vale a pena apresentar resultados negativos. Se as hipóteses não foram
confirmadas, é necessário deixar claro. A ciência progride através da
honestidade. Os pesquisadores precisam dizer a verdade (GIL, 2019, p. 37)
7.5 Comitês de ética de pesquisa

Universidades e instituições de pesquisa visando a observância de princípios ético tem


constituído comitês de ética. Esses comitês e acompanham e são responsáveis pelas
avaliações e acompanhamentos de aspectos éticos nas pesquisas que envolvem seres
humanos. No Brasil são constituídos em observância à Resolução CNS 196/96, com
colegiados interdisciplinares para defender os interesses dos sujeitos em sua integridade e
dignidade para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos (GIL,
2019, p. 37)
A principal responsabilidade dos comitês de ética é garantir que os riscos a que estão
sujeitos os participantes da pesquisa sejam mínimos. Desta forma os pesquisadores devem
submeter seus projetos a esses comitês, que podem se recusar a aprova-los caso não garantam
a observância de princípios éticos, ou solicitar que os responsáveis pela pesquisa procedam às
reformulações necessárias (GIL, 2019, p. 37)
Os Comitês de Ética colocam como uma das principais exigências do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido sendo necessário descrever minuciosamente os potenciais
riscos a que estão sujeitas as pessoas que participam da pesquisa. A pesquisa só pode se
efetivar com os participantes que após lerem o termo e que manifestem sua concordância com
a assinatura (GIL, 2019, p. 37)
Porém nem todos os pesquisadores submetem seus projetos previamente a um comitê
de ética. Isto porque as diretrizes e normas referentes à pesquisa no Brasil são estabelecidas
pelo Conselho Nacional de Saúde. Esta situação tende a dificultar seu conhecimento e
observância em outros campos que não o da saúde. Até porque essas diretrizes são
estabelecidas por uma resolução, documento que não tem força de lei (GIL, 2019, p. 37):

De fato, pesquisa no campo das ciências humanas são muito diferentes das
que são conduzidas no campo da saúde, principalmente no que se refere à
possibilidade de danos aos participantes. O que tem gerado inconformidade
das entidades que promovem pesquisas sociais com as exigências do
Conselho Nacional de Saúde, consolidadas no Sistema dos Comitês de Ética
em Pesquisa e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CEP/CONEP).
Assim, com vista a minimizar essas divergências o Conselho Nacional de
Saúde editou a Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016 que estabelece em
seu artigo 1º:

Parágrafo único. Não serão registradas nem avaliadas pelo sistema


CEP/CONEP:
I - Pesquisa de opinião pública com participantes não identificados;
II- Pesquisa que utilize informações de acesso público, nos termos da Lei n
o 12.527, de 18 de novembro de 2011;
III - pesquisa que utilize informações de domínio público;
IV - Pesquisa censitária;
V - Pesquisa com bancos de dados, cujas informações são agregadas, sem
possibilidade de identificação individual; e
VI - Pesquisa realizada exclusivamente com textos científicos para revisão
da literatura científica;
VII - pesquisa que objetiva o aprofundamento teórico de situações que
emergem espontânea e contingencialmente na prática profissional, desde que
não revelem dados que possam identificar o sujeito; ...

8. MÉTODOS DE PESQUISA EM DIREITO

Pode-se iniciar que é o método inicial de toda pesquisa científica. O método


observacional fundamenta-se em procedimentos de natureza sensorial como produto do
processo em que se empenha o pesquisador no mundo dos fenômenos empíricos com uma
abordagem pré-determinada fora do senso comum (FACHIN, 2017, p. 34-35).

A metodologia pode ser dedutiva do geral para o particular. A metodologia indutiva


vem do particular para o geral.

A pesquisa bibliográfica é um tipo de investigação científica feita com base em textos,


como livros, artigos científicos, ensaios críticos, dicionários, enciclopédia, jornais, revistas,
resenhas, resumos. Hoje predomina o entendimento de que os artigos científicos são o foco
principal dos pesquisadores. Porque é neles que se vai encontrar o conhecimento científico
atualizado. Existe também a pesquisa bibliográfica em que temos os livros de leitura
corrente e os de referência. Os primeiros constituem objeto de leitura refletida, realizada
com detida preocupação da tomada de notas, realização de resumos, comentários, discussão
etc. Os livros de referência são livros de consulta, como dicionários, enciclopédias,
relatórios de determinadas instituições como os do Banco Central e do IBGE (LAKATOS,
2019, p. 33)

A pesquisa bibliográfica compreende oitos fases científicas:

a) Escolha de tema.
b) Elaboração do plano de trabalho (leva em consideração a introdução,
desenvolvimento e conclusão do trabalho).
c) Identificação (É a fase de reconhecimento do assunto. Onde se buscam os
catálogos com as relações das obras publicados por editoras, bibliotecas públicas,
catálogos específicos de periódicos, com o rol de artigos publicados. Hoje com a
internet se pode realizar a catalogação de dados de agências de pesquisa (FAPESP,
CAPES, CNPq) tomando por base um tema, uma palavra-chave, o nome de autor
etc. As fontes também podem ser buscadas nas referências dos próprios livros e
artigos científicos.
d) Localização. Depois do levantamento bibliográfico fazer a consulta nos acervos
bibliográficos
e) Compilação. É a reunião sistemática de material contido em livros, revistas,
publicações avulsas.
f) Fichamento. A anotação pode ser feita eletronicamente ou em fichas de papel.
g) Análise e interpretação. A crítica externa sobre o significado e valor histórico do
documento, a crítica de autenticidade determina o autor, o tempo, o lugar e as
circunstâncias de composição e a crítica de proveniência do texto particularmente
importante no campo da história.
h) Redação. Aqui é a redação propriamente dita do trabalho científico.
(LAKATOS, 2019, p. 33-37) (FACHIN, 2017, p. 34).

8.1 MÉTODOS DE PESQUISA EM DIREITO

8.2 A pesquisa na jurisprudência.

Como responder cientificamente a uma questão jurídica controvertida?

De qualquer forma qualquer pergunta jurídica como problema de pesquisa suscita uma
dúvida. A hipótese enseja algumas questões que podem ou não ser confirmadas ao final da
pesquisa. Uma pergunta controversa pode ser dirigida a responsabilidade civil por difamação
nas escolhas de cobertura da imprensa em determinada jurisdição.

Uma pergunta possível seria o questionamento dentro do tema da liberdade de


expressão se o direito proíbe os discursos de ódio compreendidos como discursos de conteúdo
discriminatório ou forma ofensiva dirigida a grupos de pessoas definidas por um traço
identitário (GROSS, 2019, p 73)

Uma pesquisa sobre o direito de pensão contribuiria para o direito de família. Porém
uma que se observa os casos em que ocorre dúvida sobre a configuração da filiação. Se nesse
caso deveria se dar uma dilação probatória para os testes de DNA, por exemplo. (GROSSI,
2019, p. 74)

Um caso difícil pode decorrer de lacuna jurídica. Por exemplo, o caso em que o ex-
cônjuge pede o direito de visitação de animais domésticos que pertenciam ao casal em
conjunto antes da separação. Então pela lacuna do direito positivo esse seria um caso difícil,
esse é um caso difícil a ser solucionado por meio da interpretação de princípios gerais de
direito, usos e costumes, analogia ou outras formas de integração do direito. (GROSS, 2019,
p. 75).

Outra hipótese seria aquela que não recai diretamente em uma lacuna do direito
positivo. Porém em uma zona de penumbra. Em que a linguagem como na situação em sua
obra o conceito de Direito não consegue convencionar o uso do termo veículo. Que é clara
para caminhões, automóveis, ônibus, caminhões e tratores. Porém podem ocorrer dificuldades
como é o caso de definir como veículo um carro elétrico de brinquedo (GROSS, 2019, p. 76)

Porém os casos difíceis também se expressam no direito constitucional. Assim na


prática jurídica os casos difíceis não são produto exclusivo de lacuna do Direito positivo ou de
indeterminação da linguagem:

No entanto, a prática jurídica, a vida do direito, parece desafia a ideia de que


os casos difíceis são um produto exclusivo da lacuna do direito positivo ou
da indeterminação da linguagem utilizada nas regras de direito positivo. A
história recente da jurisdição constitucional brasileira oferece exemplos
importantes de casos que foram amplamente debatidos tanto pela
comunidade jurídica como pela sociedade civil em geral, para os quais seria
difícil afirmar a inexistência de previsão jurídica não apenas explícita como
inequívoca no ordenamento positivo. Tenho em mente, por exemplo, o
problema jurídico levado à apreciação do Supremo Tribunal Federal na Ação
de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132 (convertida em
Ação Direta de Inconstitucionalidade) julgada em conjunto com a Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277. Ambos requeriam a
interpretação conforme à Constituição do art. 1.723 do Código Civil para
que fossem reconhecidas as uniões estáveis homoafetivas e a elas dado
tratamento jurídico análogo ao das uniões estáveis heteroafetivas (GROSS,
2019, p. 76)

Desta forma é possível entender que as controvérsias jurídicas e os casos difíceis


emergem de mudanças tecnológicas e culturais:

Por muito tempo, não se pensou plausível reivindicar o reconhecimento, por


parte do Estado, da união estável de casais homoafetivos enquanto direito
individual fundamental dos homossexuais, ou mesmo um direito de visitação
a animais de estimação em caso de separação, até que um argumento em
relação não apenas a essas possibilidades , mas à plausibilidade desses
direitos, fosse reformulado. Uma controvérsia prática pode, portanto, estar
sempre à espreita: novas circunstâncias tecnológicas ou culturais podem nos
forçar a revisitar todo o nosso aparato conceitual anteriormente estabelecido.
(LAKATOS, 2019, p. 79)

Nesse sentido a pesquisa jurídica de questões jurídicas controversas exige algumas


etapas que são moduladas pela investigação:

A pesquisa bem-sucedida de problemas jurídicos práticos controversos


depende de algumas etapas encadeadas de investigação. A primeira, e mais
importante delas, é a formulação precisa de uma pergunta acerca de um
problema jurídico prático controverso, um caso difícil. Essa formulação
depende, em si, de que um trabalho prévio de pesquisa tenha sido feito pela
identificação do problema e justificação de sua relevância e caráter
controverso. A definição do problema de pesquisa a direciona para a
seleção e organização das respostas possíveis ao problema e dos melhores
argumentos de fundamentação de cada uma delas. O pesquisador deverá
fazer um esforço de compreensão desses argumentos, confrontando-os de
maneira intelectualmente honesta e transparente. Isso implica reconstruir
os argumentos de maneira mais completa e caridosa possível. O
pesquisador deverá organizar os desafios que os argumentos colocam um
aos outros e deverá se posicionar sobre eles, de forma a alcançar uma
conclusão sobre a hipótese inicialmente formulada. A pesquisa será tão
mais completa e convincente em seus resultados quando maior for o
conjunto de argumentos e posicionamento de autoridades jurídicas e
estudiosos sobre os problemas considerados pela pesquisa (GROSS, 2019,
p. 96)

8.3 A UTILIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA NA PESQUISA NO DIREITO BRASILEIRO


O uso de jurisprudência sempre ocorreu nas pesquisas, porém os avanços na pesquisa
jurisprudencial são relevantes:

Em maior ou menor medida, com menor ou maior sofisticação analítica,


análises de jurisprudência sempre estiveram presentes na produção
jurídica brasileira. Porém, a partir da década de 1990 a pesquisa de
jurisprudência ganhou inédito destaque. Por um lado, o crescimento do
ativismo judicial e o recente papel que o Supremo Tribunal Federal
assumiu no jogo da governabilidade reforçam o interesse no estudo da
jurisprudência. Por outro lado, pode-se dizer que há uma consolidada
agende de pesquisa de jurisprudência na academia jurídica brasileira. (DE
PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 100)

Na prática jurídica a importância da jurisprudência está tão ampliada que o Código de


Processo Civil positivou a “lógica dos precedentes’. De acordo com o art. 489 a sentença
somente será fundamentada, se demonstrar que os precedentes utilizados se coadunam ao caso
concreto e se motivar na decisão de não seguir jurisprudência invocada pela parte nas
específicas hipóteses de distinção de casos em julgamento ou de superação de entendimento
(DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 100):

...Hoje, a prática jurídica requer do profissional a habilidade de trabalhar


com a jurisprudência, que vê incorporadas ao seu glossário fundamental
palavras até então estranhas à sua atuação, como dintinguishing,
overruling, ratio decidendi e obter dictum ((DE PALMA;
FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 101)

8.4 Pesquisa de jurisprudência: uma pesquisa de julgados

O julgado é sempre direito aplicado. É sempre feito a partir de um caso concreto e visando à
solução do problema que ele apresenta. Essa etapa é boa para apresentar o distinguishing, ou seja, o
afastamento do precedente que não avaliou elementos relevantes do caso presente. (DE PALMA;
FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 102)

A escolha da interpretação mais adequada pela autoridade competente também é


necessária:

“A maior parte das pesquisas de jurisprudência se concentra em julgados


tomados por um colegiado, como os acórdãos do Supremo Tribunal
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça. Nesses casos, as autoridades
podem apresentar diferentes interpretações, ainda que convergentes,
razão pela qual a escolha interpretativa resulta da combinação numérica
de interpretações em sentido semelhante (maioria). Há votos vencedores
e votos vencidos. No trabalho com a jurisprudência, é extremamente
importante que o aluno reconheça as diversas interpretações em jogo.
Sobre o que concordam com os julgadores? Sobre o que eles discordam?
Qual é o voto condutor, ou seja, a autoridade que emitiu a interpretação
escolhida no caso concreto? (DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO,
2019, p. 102)

Além disto a esfera de abrangência desse campo de pesquisa é muito mais ampla e não
se limita apenas, apenas aos arrestos judiciais:

Considerando esses elementos, podemos inferir que os julgados não se


limitam apenas aos judiciais. É plenamente viável realizar pesquisa de
jurisprudência na esfera administrativa ou controladora, bem como nas
entidades privadas que exercem função pública. No artigo ´Agências
reguladoras e o controle da regulação pelo Tribunal de Contas da União,
Vera Monteiro e André Rosilho analisam a jurisprudência do Tribunal de
Contas da União sobre a regulação das Agências Reguladoras. Trata-se
de um exemplo de pesquisa de jurisprudência na esfera controladora.
Quanto à jurisprudência administrativa, citem-se a pesquisa e o
Observatório do CARF. A dissertação de mestrado ´Discriminação racial
publicitária: apontamentos dos julgados do Conselho Nacional de Auto-
regulamentação Publicitária (CONAR), de Mônica Bispo de Paulo, pode
ser indicada como exemplo de pesquisa de jurisprudência em entidade
privada ((DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 102)

É possível também pesquisar somente ementas no da seguinte pesquisa: ´O Ementário


jurisprudencial como fonte de pesquisa: uma análise crítica a partir dos dados obtidos no estudo ´A
prática judicial do habeas corpus em Sergipe (1996-2000), em que André Reginato e Robson Alves
desenvolvem sua pesquisa jurisprudencial exclusivamente por meio de ementas (DE PALMA;
FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 100)

8.5 Quando a pesquisa da jurisprudência é pertinente

O que caracteriza um estudo de jurisprudência é o fato de a pergunta de


pesquisa apenas pode ser respondida por meio da análise de julgados,
como explicado. Isso significa que os julgados correspondem à principal
fonte de pesquisa e a metodologia deve, necessariamente, ser construída
visando ao trabalho com julgados. A primazia dos julgados nas pesquisas
jurisprudenciais pode levar à falsa percepção de que nesse método a
única fonte de pesquisa, não se faz uma pesquisa de jurisprudência
apenas com julgados. Pelo contrário. (DE PALMA; FEFERBAUM;
PINHEIRO, 2019, p. 103)
Assim o método de pesquisa jurisprudencial não prescinde de referenciais teóricos e
de pesquisa bibliográfica:

Trabalhos mais sofisticados de jurisprudência tendem a apresentar


o referencial teórico utilizado, o que geralmente se faz por meio de
revisão bibliográfica pertinente ao assunto estudado
empiricamente. Trata-se de uma etapa importante para
contextualizar a pesquisa, indicando em qual ordem de debates ela
se insere e como os seus resultados contribuirão para essa agenda.
Também é comum verificarmos nesse referencial teórico a análise
de outras pesquisas jurisprudenciais antecedentes ou conexas à
desenvolvida. Nesse caso, estabelece-se um diálogo direto entre as
pesquisas. O novo estudo pode, por exemplo, atualizar a pesquisa
anterior; replicar o método da pesquisa anterior em um novo campo
de investigação; ou refinar o método de pesquisa anterior e, assim,
questionar os resultados alcançados (DE PALMA; FEFERBAUM;
PINHEIRO, 2019, p. 104)

As pesquisas jurisprudenciais que se voltam a análise da argumentação e a


qualificação dos argumentos como ratio decidendi e obter dictum:

Para as finalidades deste capítulo, a ratio decidendi compreende todos os


argumentos necessários para se promover a decisão, que podem ser
aplicados em casos futuros. Obter dictum, por sua vez, corresponde aos
argumentos, muitas vezes utilizados de forma retórica pelos julgadores,
cuja utilização poderia ser suprimida sem que se alterasse o resultado do
julgamento analisado (DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019,
p. 105-106)

As pesquisas jurisprudenciais buscam desta forma distinguir os dois argumentos acima


salientados:

Tendo em vista essa dicotomia, diversos trabalhos buscam reconhecer


quais são os argumentos que levam ao efetivo convencimento do julgador
por um ou outro sentido, ou seja, qual é a ratio decidendi. De forma
semelhante, mapeiam os argumentos meramente acessórios à decisão
definitiva, por vezes considerados retóricos (obter dictum) (DE PALMA;
FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 106)
8.6 Análise da dinâmica institucional do órgão julgador

Quando se realiza pesquisa jurisprudencial é importante situar a dimensão institucional


dos órgãos que são prolatores dessas decisões:

Caso opte por realizar esse tipo de pesquisa jurisprudencial, é importante


que se tome contato com os dados produzidos pelos próprios órgãos
julgadores , como se verifica com a edição dos relatórios de atividade que
tendem a apresentar informações sistematizadas do funcionamento
institucional. (DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 107)

8.7 Análise dos impactos da jurisprudência

Dentro dessa percepção consequencialista se mensura também os impactos da


jurisprudência em várias dimensões desde a área econômica, orçamentária, concorrencial, de
segurança jurídica, de alocação de competências:

Nessa linha de pesquisa de jurisprudência, o tema da judicialização da saúde


é o que recebeu maior atenção e estudos empíricos. Destacando-se os
trabalhos de Daniel Wang e Octávio Ferraz, pesquisas sobre a judicialização
da saúde lançam luzes sobre os efeitos do conjunto de decisões favoráveis ao
pleito de direito à saúde, retomando a agende de diálogo institucional com o
Executivo. (DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 107)

8.7.1 Análise processual da jurisprudência

Essa análise se concentra nos aspectos processuais dos casos estudados:

Pela análise processual da jurisprudência, o foco do trabalho concentra-se


nos aspectos processuais relacionados aos casos estudados. Dessa
maneira, o aluno pode analisar, por exemplo, o modo pelo qual um
tribunal utiliza instrumentos processuais específicos, como a concessão
de limitares, a repercussão geral, a modulação de efeito no controle de
constitucionalidade feito pelo Supremo Tribunal Federal ou mesmo a
forma pela qual ocorre o uso de precedentes pelo órgão julgador (DE
PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 108)

8.7.2 Modelagem da pesquisa envolvendo jurisprudência


Essa etapa abrange o conhecimento de alguns instrumentos como: (1) delimitação da
pesquisa da jurisprudência; (2) composição da amostra; e (3) análise da amostra (DE
PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 107)

8.7.3 Delimitação da pesquisa de jurisprudência

Esse tópico abrange a boa delimitação das pesquisas de julgados que não pode ser
generalista dependendo de uma boa delimitação da pesquisa:

Em grande medida, o sucesso de uma pesquisa de jurisprudência está na


adequada delimitação do tema, ou seja, da questão de estudo que será
analisada por meio de julgados. Pesquisa de jurisprudência não combina
com generalidade. Apenas com um objeto bem delimitado é possível
alcançar resultados de pesquisa relevantes e com o devido aprofundamento.
Um trabalho que se volte à análise da jurisprudência sobre o direito
tributário não é viável: ou faltará fôlego para o pesquisador cotejar todas as
decisões administrativas e judiciais, ou o trabalho será marcadamente
superficial. (DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 109)

Existem também várias delimitações de recortes possíveis dentro das pesquisas


jurisprudenciais sendo os mais comuns os recortes institucionais, temáticos, processuais e
temporais:

Pelo recorte institucional, define-se qual é a instituição decisória cujos


julgados serão analisados. Normalmente as pesquisas se voltam à análise
de uma instituição específica, como o Supremo Tribunal Federal, o
Superior Tribunal de Justiça, Tribunais de Justiça, órgãos administrativos
etc. Aplicando-se o recorte institucional ao exemplo mencionado, temos a
jurisprudência do STF sobre o direito tributário. Porém, essa decisão
dependerá da sua pergunta de pesquisa e, aqui não há uma regra sobre
quais ou quantas instituições podem ser selecionadas. ((DE PALMA;
FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 109-110)

A questão do recorte temático também é importante:


O recorte temático é também muito comum nas pesquisas de
jurisprudência, pois corresponde diretamente à delimitação do tema. Por
meio do recorte temático, o pesquisador escolhe um tema específico dentre
vários possíveis para ser o objeto de análise em seu trabalho. É importante
que essa decisão esteja sempre orientada pela análise em seu trabalho. É
importante que essa decisão esteja sempre orientada pela pergunta de
pesquisa, à qual deve se adequar. Delimitando a proposta de pesquisa
anteriormente apresentada a partir dos recortes institucional e temático,
podemos ter como abordagem a jurisprudência do STF sobre o princípio
da legalidade em matéria tributária. (DE PALMA; FEFERBAUM;
PINHEIRO, 2019, p. 110)

O recorte processual é também um aspecto de grande importância:

O recorte processual, por fim, considera elementos processuais para a


delimitação do tema, como o tipo de recurso por meio do qual a questão foi
levada à apreciação de um determinado tribunal, a concessão de liminares
ou a aplicação dos precedentes, por precedente, por exemplo. Apesar de
ampla possibilidade de recortes processuais, geralmente as pesquisas
jurisprudenciais se voltam à análise de um instrumento processual
específico. Voltando à pesquisa-parâmetro, teríamos como proposta: a
jurisprudência do STF em ações diretas de inconstitucionalidade sobre o
princípio da legalidade em matéria tributária no período de 2007 a 2017
(DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 110)

8.7.4 Composição da amostra

Para desenvolver um trabalho de jurisprudência com profundidade- e,


assim, retratar de forma mais fidedigna possível a orientação do órgão
julgador-, é recomendável que o pesquisador analise todas as decisões
identificadas a partir de seus critérios de recorte. Muitas vezes, porém, é
inviável trabalhar com todos os julgados (população, para a estatística)
referentes a um determinado tema. Frequentemente são encontradas
centenas ou milhares de decisões sobre os mais variados temas. Quando
esse for o caso, o pesquisador pode adotar algumas estratégias para manter
o equilíbrio entre fôlego e suficiência de sua pesquisa. (DE PALMA;
FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 111)

Assim existem algumas estratégias a seguir para obter um recorte adequado ao


objetivo do estudo no campo jurisprudencial:

A primeira delas é adicionar novos critérios de recortes jurisprudenciais


com o intuito de que o número total de decisões encontradas seja reduzido,
como já mencionado. Retornemos o exemplo de pesquisa mencionado no
item anterior, cujo recorte é a jurisprudência do STF em ações diretas de
constitucionalidade sobre o princípio da legalidade em matéria tributária
no período de 2007 a 2017. Caso o número de decisões selecionados seja
muito grande, é possível adicionar um novo recorte, por exemplo, somente
analisar os votos proferidos por um determinado ministro ou reduzir a
quantidade dos anos a serem pesquisados. (DE PALMA; FEFERBAUM;
PINHEIRO, 2019, p. 111)

Um erro apontado por De Palma et ali, se refere a falta de representativa estatística da


amostra em relação ao total de decisões:

Um erro comum nas pesquisas de jurisprudência é não haver a indicação da


representatividade da amostra (em sentido estatístico) formada com relação
ao total de decisões. Para compreender a extensão do estudo proposto, é
essencial que o pesquisador indique, o quanto analisado representa a
dinâmica decisória do órgão. Essa precaução tanto permite traçar a
projeção das conclusões... Essa precaução tanto permite traçar a projeção
das conclusões... quanto possibilita evitar certos problemas, como a análise
de um número insuficiente de decisões para responder à pergunta-problema
(amostra não representativa) (DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO,
2019, p. 112)

A amostra pode ser formada pela consulta a um banco de dados de julgados. A


amostragem inicial pode ser alterada após a análise da mesma. Se o acesso não for sigiloso, o
acesso aos processos físico é mandatório. Sem esquecer do momento atual de pandemia. Se
pode buscar o acesso aos julgados pela lei de informação pública. Podem ser pedir consulta e
pedido de pesquisa de jurisprudência por exemplo pelo formulário eletrônico:
jurisprudência@STF.jus,br (DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 113)

9. OUTRAS AGENDAS CONTEMPORÂNEAS DA PESQUISA JURÍDICA

9.1 Direito e Economia

Do ponto de vista da pesquisa sempre existiram associações entre Direito e Economia:

As associações entre Direito e Economia encontram muitas referências na


História das Ideias, na Sociologia e na Teoria Econômica. Adam Smith
(1723-1790) já era capaz de descrever os impactos que as leis poderiam
causar aos mercados. Análises dessa natureza também podem ser
encontradas na obra do economista inglês David Ricardo (1772-1823), cujo
sobrenome, de origem portuguesa, nos soa tão familiar. Na Sociologia, Max
Weber (1864-1920) e Marx (1918-19883) descreveram incontáveis
mecanismo de interação entre as leis e a economia. (GIL, 2009, p. 327)

Existem várias possibilidades realistas para a análise econômica do Direito, em uma


das pesquisas se chegou a uma tendência de magistrados protegerem os pobres:

Um exemplo de que a escolha de diferentes resultados são as pesquisas que


buscavam investigar o motivo de os juros de financiamento serem alto no
Brasil. O artigo Credit, Interest, and Jurisdictional Ucertainty Cojectures on
the Case of Brazil. (em português: Crédito, juros e incerteza jurisdicional:
conjecturas sobre o caso do Brasil) defendeu, com base em uma pesquisa de
opinião entre magistrados, que o víés dos juízes em protegerem os mais
pobres fazia com a que a confiabilidade dos contratos no Brasil fosse
pequena. A partir desse tipo de análise, os autores do trabalho afirmaram que
a tendência dos magistrados em defender os pobres era um determinante
motivo pelo qual os juros eram altos no Brasil. O artigo formalizou a lógica
da incerteza jurisdicional, sugerindo que os juízes brasileiros tendiam a
favorecer a parte mais fraca nas ações judiciais como forma de fazer justiça
social e redistribuição de renda em favor dos pobres. (BERTRAIN, 2019, p.
338-339)

Em outra pesquisa se chegaram a resultados totalmente opostos:

No artigo The Injustice of Inequality (em português: A injustiça da


desigualdade), os autores defenderam uma segunda hipóteses, segundo a
qual a operação das instituições legais, políticas e regulatórias é subvertida
pelos ricos e politicamente influentes em seu próprio benefício. Esse
posicionamento é reforçado pelos autores do artigo Robin Hood vs. King
John Redistribution: How do Local ´Judges Decide Casa in Brasil?´ (em
português: Robin Hood contra o Rei João. Redistribuição: como os juízes
brasileiros decidem seus casos?). Nesse trabalho, o autor demonstrou que os
juízes brasileiros tendem a favorecer a partir mais rica nas situações
envolvendo litígios que são submetidos ao Poder Judiciário (BERTRAIN,
2019, p. 339)

Existem também abordagens que trazem a escolha de um agente mais preparado para
arcar com riscos contratuais:

Outras abordagens poderiam incluir a eleição de quem seria,


economicamente, o agente mais preparado para arcar com os riscos de um
contrato. Em termos técnicos, a ideia seria investigar quem poderia ser o
melhor risk barrier (em português, detentor do risco) dos contratos de
crédito no Brasil: o tomador do crédito ou o banco? Quem teria condições de
saber mais sobre o prognóstico da situação financeira do tomador de crédito?
As próprias pessoas? Fontes afirmam que as pessoas tendem a fazer
prognósticos excessivamente otimistas sobre seu futuro econômico. Os
bancos? A que custo para eles? Seria preciso incorporar rotinas de análise de
perfil de crédito que envolvem grandes e caras bases de dados (BERTRAIN,
2019, p. 339)

Uma quarta forma citada por Bertrain se refere a análise de escala envolvendo os contratos de
mútuo no Brasil:

Uma quarta forma de analisar os contratos de mútuo no Brasil pode se servir


da lógica econômica dos ganhos de escala. Defendo o argumento de que boa
parte do lucro dos bancos com cartão de crédito não decorre do pagamento
pontual das faturas, mas da inadimplência. Os altos juros que incidem sobre
o ´crédito rotativo´ (modalidade de crédito acionada quando o pagamento
integral da fatura do cartão não acontece na data de vencimento) garantem
aos bancos um retorno muito grande. O retorno pelo crédito rotativo é muito
maior do que o lucro originado pelas mensalidades que os clientes pagam
para terem um cartão, ou pela porcentagem sobre as vendas cobradas dos
logistas. Assim, a inteligente e controlada escolha de devedores impontuais
pode ser a garantia de maior lucratividade para os bancos. (BERTRAIN,
2019, p. 339)

Porém é importante não dogmatizar a economia nos estudos jurídicos. Por exemplo a
ideia de que o crédito é muito bom para a economia:

O argumento é dos economistas americanos Atif Mian e Amir Sufi. Eles são
autores de um livro famoso, chamado House of Debt (em português, Casa
da Divida, um trocadilho com a expressão household debt, que significa
´endividamento doméstico´).. Nesse livro, eles trazem dados para comprovar
a ideia de que a crise econômica dos Estados Unidos em 2008, que gerou a
quebra do banco Lehman Brothers, foi causada pelo grande grau de
endividamento das famílias americanas nos anos anteriores de 2008. A ideia
é de que o processo de endividamento faz com as famílias gastem menos,
pois precisam pagar suas dívidas. Quando esse comportamento se alastra, a
recessão começa. Esses mesmos autores explicam que a crise do Brasil de
2014 pode ter sido ocasionada pela ampla oferta de crédito para consumo
nos anos anteriores. (BERTRAIN, 2019, p. 340)

9.2 Algumas vertentes do Direito e Economia

9.3 A Escola de Chicago


A Escola de Chicago tornou-se famosa por seus estudos sobre direito concorrêncial:

A Escola de Chicago tornou-se célebre, em primeiro lugar, por suas análises


acerca do direito concorrencial. A tradição de escola via os monopólios
como uma situação casual, instável e transitória. Eles defendiam que os
monopólios seriam removidos pelos mecanismos intrínsecos da competição
de mercado. Se em algum momento um único fabricante conseguiu aumentar
suas margens de lucro em razão de sua exclusividade no mercado,
naturalmente outros industriais perceberiam a oportunidade de serem
competidores naquela área e fariam com que a casual situação de monopólio
fosse substituída pela situação de concorrência. Pouco ou nenhuma atenção
era dada às dificuldades de um eventual novo entrante em fazer frente ao
poder econômico de um monopolista (BERTRAIN, 2019, p. 342)

Essa escola de baseia em axiomas como o teorema de Coase que acredita que os
particulares encontraram os resultados eficientes eles mesmos e na crença no poder
autorregulatório dos mercados, os mecanismos de oferta e procura podem ocorrer como
critérios ótimos de otimização. Assim até sanções poderiam ser moduladas por essa lógica.
Assim autores como Gary Becker são acusados de incorrerem em reducionismos como o
“imperialismo econômico”. (BERTRAIN, 2019, p. 342)
Assim máximas como a maximização racional da satisfação em que o indivíduo mede
o custo/benefício das suas condutas, assim implica na chance de pagar suas dívidas ou deixar
de pagar e ser inscrito em uma lista de maus pagadores. Assim o objetivo das pessoas seria
sempre maximizar sua satisfação e as normas jurídicas como preços aparecem como
argumentos dos teóricos de Chicago. Pois as normas implicam em preços que estão
relacionados a quantificação das sanções como multas, cláusulas penais nos contratos,
tamanho de indenização na responsabilidade civil ou a quantidade de anos de encarceramento
(BERTRAIN, 2019, p. 346-347)
A Escola de Chicago aborda a suas premissas dentro do conceito de eficiência de
Kaldor-Hicks em que se considera que o indivíduo ganhou mais do que a perda dos outros.
Ou seja, a eficiência se a sociedade como um todo ganhou, ainda que alguns indivíduos
tenham perdido (BERTRAIN, 2019, p. 348) como exemplo deste tipo de conceito de
eficiência temos o exemplo trazido por Bertrain em que tudo pode ser transacionado
juridicamente de acordo com essa lógica econômica:

...Uma empresa poluiu um rio. Os terrenos que margeiam o rio perdem R$ 1


milhão em valor, em razão da contaminação da água. Os proprietários de
terras se unem para processar a empresa poluente. Pela lógica da eficiência
Kaldor-Hicks, se os fazendeiros não puderem evitar a desvalorização de suas
terras, mas a empresa puder instalar um filtro pelo custo R$ 600 mil, a
solução eficiente será instalar o filtro. A demanda deve ser julgada
procedente aos vizinhos da empresa, pois a instalação do filtro traz um
ganho de R$ 400 mil para a sociedade (BERTRAIN, 2019, p. 348)
Por outro lado, de acordo com essa lógica economicista a mesma solução não subsiste
em uma outra realidade centrada exclusivamente em quantificação de custos monetários:

Imagine-se agora que os fazendeiros possam limpar a água eles mesmos, por
estações de tratamento que custem R$ 300 mil. Nesse caso, a demanda
contra a empresa deveria ser julgada improcedente aos vizinhos. Os vizinhos
deveriam eles próprios despoluir o rio. A empresa não deveria ser condenada
a pagar nada, nem a fazer nada. O ganho social seria a diferença entre a
desvalorização dos terrenos (R$ 1 milhão) e o custo de instalar as estações
de tratamento (R$ 300 mil) (BERTRAIN, 2019, p. 348)

Porém surge a crítica que essa solução foge dos padrões de justiça consolidados no direito:

Muitos autores dizem que esse tipo de solução não corresponde aos padrões
de justiça normalmente esperados. Afinal, os vizinhos não fizeram nada para
poluir a água, mas teriam, pela lógica de eficiência, que arcar com a despesa
de despoluí-la. Escola de Chicago e o que a maior parte das pessoas entende
como sendo justo é uma das mais fundamentais críticas à Escola de
Chicago,” (BERTRAIN, 2019, p. 348)

9.4 Economia institucional e Direito

A Economia Institucional surge como uma crítica ao pensamento econômico ortodoxo:

A Economia institucional surge como uma crítica ao pensamento econômico


ortodoxo. Seus autores não se agruparam em uma única escola, como
aconteceu em Chicago. Seu maior crescimento aconteceu entre as décadas de
1920 e 1930, mas sua influência persiste até os dias de hoje. Alguns de seus
expoentes foram John R. Commons, Thorstein Veblem, Karl Llewellyn,
Jerome Frank e Roscoe Pound. Mais recentemente, entre as décadas de 1960
e 1980, podem ser também mencionados autores que se agregaram à tradição
da Universidade de Winsconsin, entre os quais citam-se John R. Commons,
Warren Samuels e Allan Schmid. (BERTRAIN, 2019, p. 349)

As diferenças entre a escola de Chicago e lógica da Economia Institucional são as


seguintes:

A Escolha de Chicago pode ser vista como lógica de que a estrutura jurídico-
normativa molda o comportamento econômico, e isso é determinante do
desempenho econômico. Já a lógica da Economia Institucional e Direito
entende que a estrutura jurídico-normativa, o comportamento econômico e o
desempenho da economia influenciam uns aos outros, todo o tempo?
(BERTRAIN, 2019, p. 349)

Existem também desdobramento dessa corrente em uma nova segmentação a Nova


Economia Institucional:

A Nova Economia Institucional (popularmente referida pela sigla NEI),


assim como a Economia Institucional, tem como premissa fundamental que
as instituições são determinantes para o desempenho da economia. Com essa
perspectiva, podem ser citados como autores centrais para a Nova Economia
Institucional alguns nomes que se sobrepõem às outras correntes (mas que se
diferenciam do bloco simplificador chamado ´Escola de Chicago´ em que
originalmente retratados. Refiro-me nesse ponto a Armen Alchian, Ronald
Coase, Harold Demsetz e George Stigler. Mas também referencio, por
exemplo, Oliver Willianson e Douglas North, que pertencem a Economia
Institucional, mas são também fundadores da ´Nova Economia Institucional
´(BERTRAIN, 2019, p. 353)

A Nova Economia Institucional se apoia sobre um arcabouço teórico específico:

Os direitos de propriedade são as instituições sociais que definem ou


delimitam um conjunto de privilégios oferecidos a indivíduos em relação a
determinados ativos. Os contratos são os processos pelos quais os direitos de
propriedade são estabelecidos, determinados ou modificados. Os contratos
da Nova Economia Institucional são muito mais que a formalização de
vontades do Direito Civil. Os contratos, para a Nova Economia
Institucional, têm uma dimensão micro e um dimensão macro. Na dimensão
micro os indivíduos ou grupos negociam seus interesses sobre os direitos que
existem. Na dimensão macro, os mesmos indivíduos e grupos (mas também
os políticos, os burocratas, os lobistas, os membros do Poder Judiciário)
negociam sobre a moldura jurídica sobre a qual se estabelecem as estruturas
sociais, jurídicas e econômicas. Os custos de transação, como os contratos,
também se estabelecem em dois diferentes níveis para a Nova Economia
Institucional. Os custos de transação são vistos como os custos para criação,
manutenção ou modificação das instituições (entre os quais, o direito de
propriedade). Em dimensão micro, os custos de transação são os custos
associados com a contratação privada. Na dimensão macro, os custos de
transação são os custos de negociação das bases institucionais que a
sociedade decide alterar. (BERTRAIN, 2019, p. 354)

9.5 Economia Comportamental e o Direito

A Economia comportamental desconstrói-a a máxima do raciocínio maximizador de


bem-estar:
O reconhecimento da racionalidade limitada e da assimetria de informações
quebrou a força do raciocínio maximizador de bem-estar. A literatura
contemporânea já não reconhece que as pessoas hajam exclusivamente
voltadas a se beneficiarem ao máximo. Na verdade, tenta entender como as
pessoas por vezes tomam atitudes que parecem contrárias a seus interesses é
uma nova e promissora fronteira da área conhecida como economia
comportamental. (BERTRAIN, 2019, p. 356)

Além de criticar as formas de racionalidade extrema constantes dos jargões da


pesquisa econômica. Até mesmo as escolhas não são neutras pois pode existir enviesamento
na própria apresentação das escolhas:

Além da crítica à racionalidade extrema, Richard Thaler é um dos autores da


ideia de que as escolhas não são apresentadas às pessoas de forma neutra. E
isso impacta na capacidade de tomada de uma decisão que seja apropriada.
Quando um gerente do banco oferece um título de capitalização a um cliente,
ele provavelmente sabe que o dinheiro será remunerado por valores
inferiores a outras formas de investimento e, talvez por valores abaixo da
inflação. Todavia, o gerente terá estímulos para minorar as informações
sobre remuneração contratual e enfatizar a possibilidade de ganhos
fantásticos, decorrentes do sorteio de prêmios que normalmente
acompanham esses produtos financeiros. A depender da forma como as
opções nos são apresentadas, qualquer pessoa pode ser levada a tomar
decisões ruins. Por outro lado, a forma como a decisão apresentada também
pode favorecer as considerações boas. A colocação de comidas saudáveis em
lugar de destaque na cantina de uma escola tende a aumentar o consumo
desses alimentos. Os salgadinhos e refrigerantes deveriam ser colocados em
lugares menos acessíveis. Isso não impediria a liberdade de escolha, mas
sabidamente aumentaria o consumo de alimentos saudáveis (BERTRAIN,
2019, p. 356)

9.6 Números e Direito: Análise Econômica dos dados jurídicos, pesquisa empírica e
“jurimetria”.

Assim surgem novas molduras para a análise econômica ligada ao Direito:

A ideia geral dessas gerações de pesquisas é de que o raciocínio jurídico


definitivamente não se limita às interpretações gramática, histórica, lógica ou
teleológica das normas. Essa grande (e cada vez maior) literatura reconhece
que os objetivos jurídicos das normas também são moldados pela coerência
econômica. Autores brasileiros contemporâneos como Mariana Pargendler e
Bruno Salama, rejeitam a linhagem estadunidense da análise econômica no
Brasil. Eles rejeitam as ambições descritiva e normativa de Posner para
explicar a análise econômica do Direito no Brasil. Mas reconhecem a
fundamental e crescente importância das ferramentas microeconômicas e das
análises que se preocupam com as consequências econômicas das normas,
principalmente através das decisões judiciais. Nesse sentido, o artigo Law
anda economics in the civil law world: the case of Brasilian Courts (em
português. O Direito e a Economia nos países de direito legislado: o caso dos
tribunais brasileiros). (BERTRAIN, 2019, P. 358)

Essa corrente pode desenvolver novas técnicas de pesquisas que acompanham o


próprio desenvolvimento tecnológico com novas ferramentas de pesquisa:

Todas as ferramentas econômicas são possibilidades para o Direito.


Os mecanismos quantitativos cada vez mais sofisticados da economia
abrem ao Direito a oportunidade de novas abordagens também
quantitativas. A facilidade de aceso a grandes volumes de informação
se estabelece como nova fronteira para pesquisas jurídicas. Um
caminho inovador para a Análise Econômica do Direito passa pela
análise de grandes volumes de informações, decisões judiciais e
consequências de adoção de determinadas políticas públicas, por
exemplo. Nesse sentido as ferramentas tecnológicas de mineração de
textos, que podem determinar padrões quantitativos em textos
jurídicos, se mostram promissoras. (BERTRAIN, 2019, p. 359)

9.7 PESQUISA EM DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS

9.7.1 COMPLEXIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE NAS POLÍTICAS


PÚBLICAS

As políticas públicas são um fenômeno do Estado prestacional emergente


especialmente no pós-guerra no período da guerra-fria em que se erguem o Welfare State com
dotações orçamentárias voltadas para garantir pleno emprego, salário mínimo, seguro-
desemprego, aposentadoria através do intervencionismo social do Estado. Uma das questões
colocadas nessa nova lógica dentro dos sistemas judiciais é a escala dessas políticas dentro do
âmbito de sua judicialização:
Um problema típico de política públicas, além de complexo, tem escala
ampla. Exemplificando, quando um paciente não encontra um medicamento
no centro de saúde e decide entrar com uma ação contra o Poder Público,
isso não é uma questão de política pública, mas uma relação de caráter
pessoal de um cidadão com o Município ou o Estado. Já quando uma
quantidade grande de pessoas, parcela significativa de uma população
(qualificada pelo problema isto é, uma porcentagem representativa dos
portadores de determinada doença no Município, Estado ou mesmo em uma
unidade administrativa dos serviços de saúde), se organiza para obter um
serviço e, não encontrado resposta, vai ao Judiciário, então por sua escala
ampla, a demandar a articulação de órgãos públicos para atuação
coordenada, passa a se qualificar como um problema de política pública. É o
que ocorre quando as demandas se multiplicam, como no caso das ações por
vagas em creches ou de portadores de certas doenças raras, para as quais não
há tratamento na rede pública, em que a solução do problema exige uma
resposta do poder público em escala compatível com o volume e a natureza
dos pedidos. (BUCCI, 2019, p. 362)

Um dos limites dos pesquisadores em Direito em suas análises é sua limitação em lidar
com esse tipo de análise, já que presos ao conceito de direito subjetivo. E com isso pode não
entender os limites de escala e organização necessárias para atender determinadas demandas
(BUCCI, 2019, p. 362):

...Esse enfrentamento em escala, por sua vez, traz problemas de caráter


redistributivo, isto é, a escassez de recursos para satisfazer todas as
demandas de todas as pessoas ao mesmo tempo obriga o poder público a
realizar escolhas. Isso quer dizer que, para atender certas prioridades, outras
pessoas ou grupos não serão atendidos na sua primeira escolha. Um exemplo
que pode ilustrar essa questão é o da população portadora de diabetes no
Estado de São Paulo. O tratamento disponível na rede pública é o mais
barato, previsto para atender um grande número de pessoas, com segurança
terapêutica, já que se trata de procedimento antigo., de eficácia comprovada,
ao menor custo possível. Mas isso significa que pacientes que desejam
acesso ao tratamento mais moderno disponível poderão ficar frustrados em
suas expectativas e demanda-lo, individualmente. Quando isso acontece com
um grande número de pacientes, o volume de demandas faz pensar que se
trata de um problema de saúde pública, o que pode não ser exato (BUCCI,
2019, p. 363)

Em geral a pesquisa demanda pela questão da escala do problema ter que utilizar a
pesquisa encima de banco de dados de órgãos e agências governamentais como na base de
dados do Instituto Nacional de Pesquisa Educacionais (INEP). No caso da saúde, o DataSus
do Ministério da Saúde. No caso da Seguridade Social os dados da Receita Federal do Brasil.
OS estudos do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), órgão público do
governo federal que discute grandes tendências em Políticas Públicas e mesmo em sites ou
documentos de Organismo Internacionais tais como a Organização das Nações Unidas (ONU)
e as Metas do Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030). Mesmo Jornais ou Revistas
podem ser utilizados em último caso, como fontes subsidiárias sobre o contexto de alguma
questão (BUCCI, 2019, p. 363)

9.7.2 Como caracterizar um problema de política pública. A visão do direito tradicional x


abordagem de direito a políticas públicas

É necessário também estabelecer critérios para encontrar um tema realmente de


políticas públicas:

“Um teste que costumo utilizar é verificar se o problema examinado pode ser
resolvido com os instrumentos do direito tradicional. Em caso positivo, não é
necessário nem recomendável recorrer às noções próprias do universo das
políticas públicas, que aumentariam o grau de dificuldade de pesquisa. Um
problema verdadeiro de política pública, caracterizado pela complexidade,
pela escala ampla e pela demanda de um programa de ação governamental
coordenada, geralmente não pode ser adequadamente apreendido ou
compreendido pelos instrumentos do direito tradicional. Assim, quando o
pesquisador se deparar com uma questão jurídica cuja plena compreensão
não possa ser separada dos elementos políticos, político-partidários,
eleitorais, orçamentários, e assim por diante, provavelmente está indicada a
abordagem de políticas públicas e seu método próprio se fará necessário.
(BUCCI, 2019, p. 365)

9.7.3 As políticas públicas não se reduzem às normas jurídica que tratam dela

Um dos problemas da pesquisa jurídica na seara das políticas públicas é se restringir


a acepção de que questões de políticas públicas se limitam a considerar que a Constituição ou
as leis dispõem de maneira suficiente de política pública. Uma das questões mais frutíferas
para a pesquisa jurídica seria a questão da efetividade jurídica sobre políticas públicas. O que
tem a relação com a falta de recursos financeiros ou humanos para a realização da política ou
a rejeição do programa por um novo governo, após as eleições, e outras questões que
extrapolam explicações exclusivamente jurídicas (BUCCI, 2019, p. 365):
Um exemplo a ilustrar isso é o Sistema Único de Saúde (SUS). Embora
disciplinado nos arts. 198 e 200 da Constituição, a previsão constitucional
não contém todos os desdobramentos da organização e dos serviços
necessários a realizar os objetivos do SUS. Esse desdobramento foi feito não
apenas na chamada Lei Orgânica da Saúde, integrada pelas Leis n. 8.080/90
e n. 8.142/90, mas também numa infinidade de normas infralegais, tais como
decretos, portarias e instruções normativas, verdadeira ´teia normativa´ que
dispõe sobre a operacionalização da política pública (isto é, a execução de
rotinas administrativas mais simples e concretas necessárias para atingir os
fins previstos (BUCCI, 2019, p. 366)

Além disto o estudo sobre políticas públicas envolve um enfoque interseccional e


interdisciplinar. Pois existem dificuldades de interpretação pelos juristas da questão da
Ciência Política e a recíproca é verdadeira destes em relação aos juristas em relação a
compreensão do princípio da legalidade. Então esse fenômeno pode ser ampliado pela
participação dos juristas (BUCCI, 2019, p. 366)

9.7.4 Quando a Pesquisa Jurídica em Política Pública pode ser considerada útil.

Na Ciência Política quando se discutem as políticas públicas se concebe uma


“heurística das fases” (BUCCI, 2019, p. 367)

Tabela 1- Ciclo de Políticas Públicas

Fase Conteúdo
1. Estabelecimento da agenda Percepção e definição do problema e
mobilização do suporte para sua inclusão na
pauta de ação de governo
2. Formulação de alternativas Desenho de programas para a realização de
objetivos, frequentemente em forma de lei.
Legitimação de objetivos. Informação.
3. Decisão Aprovação e formalização do problema.
4. Implementação Execução do programa.
5. Monitoramento e avaliação. Acompanhamento: ajustes e avaliação do
programa.
Fonte: RIPLEY, 1995, p. 158, apud: BUCCI, 2019, p. 367.

Não se deve confundir a política pública coma política em si:

Um esclarecimento final neste tópico diz respeito a não se confundir um


problema que demanda a estruturação de uma política pública coma política
em si. Para um trabalho de pesquisa é importante saber quando se está diante
de uma política pública estruturada e institucionalizada, isto é, que
corresponde a documentos formais que fazem com que a sua execução não
mais dependa da vontade do governante que a instituiu. Isso para distingui-
las de problemas percebidos como demandando medidas governamentais e
também de política públicas suficientemente organizadas. Mesmo que não
seja caso de omissão total do poder público, a ação governamental pode ser
suficiente ou pouco estruturada, e esse é um aspecto relevante para a
pesquisa jurídica (BUCCI, 2019, p. 367)

9.7.5 Quais linhas de investigação tem utilizado à Pesquisa Jurídica em Políticas


Públicas

Dentre esses horizontes que definem a importância das pesquisas jurídicas em


Políticas Públicas, mesmo que não se possa esperar que as pesquisas jurídicas ofereçam
soluções completas para problemas públicos que estão no campo das autoridades públicas.
Esses problemas são complexos e em grande escala. Como envolve questões que abarcam
uma lógica própria com risco que envolve componentes políticos, econômicos e de gestão
pública. Pois o processo decisório tem uma lógica própria (BUCCI, 2019, p. 372):
Contudo, há um amplo campo para as pesquisas em direito, quanto à análise
de questões eminentemente jurídicas, capazes de esclarecer aspectos que
levam à elevada judicialização, e eventualmente subsidiar iniciativas a serem
adotadas tanto pelo Judiciário como pelas autoridades responsáveis. A
perspectiva do direito processual, combinada com a do direito público, tem
gerado interessantes reflexões sobre questões de políticas públicas, tais como
litigância estratégica, isto é, modos pelos quais entidades da sociedade civil
podem atuar perante o Poder Judiciário para induzir a organização dos
programas ou a realização de prestações sociais de caráter coletivo, como no
caso de creches, por exemplo (BUCCI, 2019, p. 372)

9.7.6 Quais linhas podem ser exploradas na Pesquisa jurídica sobre Políticas Públicas

Com base na conceituação de políticas públicas é possível realizar pesquisas


relevantes que contribuam para o desenho jurídico institucional de políticas públicas:

No desenho jurídico-institucional está compreendido o processo de


formação da política pública desde o momento da sua concepção, isto
é, quando uma questão entra na agenda do governo e passa a ganhar
institucionalidade, ou seja, formaliza-se na regra jurídica, que tem o
duplo papel de fazer com a política deixe de depender diretamente do
gestor público que a instituiu (despersonalização) e organize os modos
de implementação da política, por meio da execução de atos e
procedimentos previstos nas regras de competência. O desenho
jurídico-institucional abrange as soluções jurídicas adequadas para um
problema, compreendendo o conceito que estrutura a ação
governamental, as regras do prazo, etc. Ela se realiza por meio de
processo legislativo no qual se decide a redação final de determinada
lei, disposição constitucional ou medida a cargo do Poder Legislativo.
O Poder Executivo também edita grande número de normas que
integram as políticas públicas, por meio da Administração Direta ou
dos entes reguladores. O estudo de como ocorre esse processo
normativo no âmbito do Poder Executivo, examinando, por exemplo,
como se dá a participação da sociedade civil organizada, como ele é
alterado, as relações entre a área política do governo e a
administrativa, da gestão pública, é bastante promissor para essa
campo (BUCCI, 2019, p. 373)

Ao lado disto emerge outro campo de grande relevância na pesquisa jurídica


sobre políticas públicas, ou seja, o campo da Legística ou Ciência da Legislação:
Um campo conexo com esse, em franco desenvolvimento, é a área da
Legística ou Ciência da Legislação, que busca compreender como se
combinam os vários fatores que levam à produção dos programas de ação
governamental com as avaliações de impacto regulatório. Vejam-se, por
exemplo, os trabalhos de Natasha Schmitt Caccia, Avaliação legislativa no
Brasil, ou Fabiana de Menezes Soares e Linara Oeira Assunção, A qualidade
da lei no contexto do desenvolvimento: desafios para o Brasil no século
XXI, em publicação do IPEA. (BUCCI, 2019, p. 373-374)

Outra possibilidade é selecionar um tema que carece de uma política pública para
atende-lo (BUCCI, 2019, p. 374):

Temas ligados ao financiamento dos direitos, em especial a educação e


saúde tem se desenvolvido muito ultimamente. Ele tem relação não apenas
com o processo orçamentário em sentido estrito e a alocação de recurso
para a execução dos serviços e prestações necessários às políticas públicas,
mas com grande quantidade de temas jurídicos, especialmente no campo
do direito financeiro, com a vinculação de receitas, os restos a pagar, os
efeitos da Emenda Constitucional que prevê o teto de gastos (EC. n.
95/2016), e assim por diante. Essas questões se ligam a temas de controle,
tanto no âmbito financeiro como nos âmbitos administrativo e até mesmo
penal, como a Lei da Responsabilidade Fiscal, a Lei de Improbidade, o
Projeto de Lei de Responsabilidade Educacional, e assim por diante
(BUCCI, 2019, p. 374)

10. DIREITO E TECNOLOGIA

A revolução tecnológica contemporânea transformou profundamente as interações


humanas, com impactos no mundo do trabalho e na formação educacional. Uma das mais
tradicionais áreas do direito ligada a tecnologia se dá no setor de propriedade intelectual. Com
a delimitação de formas de incentivo a inovação e a atividade criativa (patentes de invenção,
marcas, indicações geográficas, desenhos industriais, direitos de autor e conexos, programas
de computadores ou software (POLIDO; BRANDÃO; ROSINA, 2019, p. 380)

O acordo TRIPS feito na aurora da era da informação no âmbito da Organização


Mundial do Comércio nos anos 90. No século XXI é a internet que se apresenta como a
grande expressão tecnológica contemporânea. Hoje a internet se apresenta como força
onipresente com quase todos sendo usuários de smartphones, tablets e redes sociais. A nova
plataforma tecnológica se espraia sobre os sistemas de vigilância, bancos de dados privados e
estatais, modelos de negócios e vários negócios jurídicos travados por indivíduos e empresas
na rede (POLIDO; BRANDÃO; ROSINA, 2019, p. 380-381)

Então se constroem novos desenhos institucionais e políticos multisetoriais implicando


uma transformação radical do Direito, um exemplo deste novo desenho são leis internas que
visam regular a proteção de dados (POLIDO; BRANDÃO; ROSINA, 2019, p. 382)

Hoje pesquisas sobre meios tecnológicos de vigilância, manipulação genética. Nessa


área as pesquisas podem ser tornar rapidamente defasadas pela inovação. Por exemplo,
projetos que envolvam a temática de direito e Biotecnologia e direito e inteligência artificial e
direito e internet podem implicar em grandes generalizações ou argumentos falaciosos. É
necessário também analisar os fenômenos sem incorrer em desincentivo a inovação com o
oferecimento de bases para ampliar a segurança jurídica e tentar conectar os temas com o
enfrentamento crítico, moral e ético e sua conexão com a justiça. E como a regulação das
tecnologias pode ser conectada com as expectativas sociais e de transformação da realidade.
(POLIDO; BRANDÃO; ROSINA, 2019, p. 386).

A questão da relação entre direitos humanos aplicados às tecnologias (enforcement);


responsabilidade civil e internet; acesso ao conhecimento, comércio eletrônico; crimes
cibernéticos; privacidade e proteção de dados, criptografia, direito do trabalho e sociedade da
informação; direito concorrencial e novas economias; proteção do consumidor na economia
digital; economia digital e atividades empresariais transfronteiriças, contratos de prestação de
serviço (POLIDO; BRANDÃO; ROSINA, 2019, p. 386)

Dentre os temas que podem ser destacados na pesquisa envolvendo o direito e


tecnologia podem se ter regulação e políticas regulatórias na sociedade da informação;
governança tecnológica e informacional, propriedade digital e regulação da infraestrutura e
nomes de domínio; ciberexpressão, redes sociais e condutas antissociais; difamação e
privacidade; direito política e relações internacionais envolvendo tecnologias, internet e
inovação; direitos de propriedade intelectual; crimes cibernéticos e condutas criminais;
criminalização da liberdade de expressão; atividade empresarial e comércio eletrônico,
identidades de marcas, criptomoedas; privacidade na sociedade da informação, esfera pública
digital e acesso à informação em bases públicas, direitos individuais e coletivos na esfera
informacional (POLIDO; BRANDÃO; ROSINA, 2019, p. 387)
10.1 Metodologia: diversidade de fontes na pesquisa em direito e tecnologias

A mesma compreende a literatura especializada a ser estudada. As Leis e tratados que


o Brasil celebra em temas de ciência, tecnologia e inovação nas últimas décadas. Como o
Marco Civil da Internet (Lei n. 12.965/2014) e a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n.
13.709/2018. Decisões de tribunais judiciais e arbitrais perceber como os tribunais lidam com
litígios em matéria de novas tecnologias. Com a devida contextualização dos precedentes
judiciais e da jurisprudência. Permitindo relacionar o direito por terrenos epistemológicos,
conceituais e críticos ((POLIDO; BRANDÃO; ROSINA, 2019, p. 390)

10.2 Pesquisas ligadas ao gênero e discriminação

10.3 Direito, feminismos e gênero

O feminismo não pode ser definido de forma estanque. O feminismo possui tanto um
compromisso epistemológico com determinada forma de produção do conhecimento quanto
um movimento político com múltiplas implicações (BARBIERI; RAMOS, 2019, p. 396)

É necessário ver que o mesmo possui um âmbito histórico de formulação nas ondas do
movimento feminista. Na primeira onda como luta pelo reconhecimento de mulheres casada.
7Isto no século XIX e XX. Na segunda onda dos anos 60 e 70 na luta pelos direitos da mulher
trabalhadora e pela luta da igualdade nos mais variados setores. Assim como pela liberdade
sexual e pelo planejamento familiar com o uso de métodos anticoncepcionais, assim como
pelo aborto seguro e legal. (BARBIERI; RAMOS, 2019, p. 397)

A terceira onda problematiza a questão da intersecsionalidade que envolve gênero,


classe e raça indo além do feminismo de mulheres brancas de classe média abrangendo negras
e chicanas.

E assim caminhamos para o feminismo no plural. O termo gênero foi cunhado por
Joan W. Scott que compreende o gênero como um elemento constitutivo de relações sociais
baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos, bem como nas relações de poder (SCOTT,
1989; 1990, apud: BARBIERI; RAMOS, 2019, p. 400)
Por exemplo seria uma característica feminina de engravidar, dar à luz e ter filhos.
Porém a imposição sociocultural de cuidar de crianças e idosos e sua restrição ao espaço do
lar não são naturais (BARBIERI; RAMOS, 2019, p. 400)

Assim a partir da ótica do gênero determinados comportamento associados ao gênero


masculino são valorizados. E comportamento associados ao gênero feminino desvalorizados.
Assim mulheres como Margareth Thatcher e Ângela Merckel são chamadas de “dama de
ferro” ou chanceler de ferro” quando fazem carreira política como “homens de verdade” na
política pública. Por outro lado, também podem ser criticadas por terem esses atributos ditos
masculinos. (BARBIERI; RAMOS, 2019, p. 401)

10.4 A pesquisa em Direito e o feminismo

A própria ordem jurídica acaba reproduzindo valores associados ao gênero masculino


contribuindo para manter o status quo desigual entre homens e mulheres. O feminismo
denuncia a ideia de um sujeito universal ligado a lógica jurídica. Assim quando se coloca a
interseccional idade com a questão de raça, orientação e classe social fazem parte de um
complexo sistema de dominação, de opressões e subordinações que confina certas mulheres
reais- brancas, negras, trans, cis, lésbicas em oposição a construção igualmente ilusória de
uma mulher universal (BARBIERI; RAMOS, 2019, p. 403). Assim com base nessas críticas
vai surgindo uma teoria feminista do Direito.

10.5 Assim surgem metodologias específicas oriundas da práxis feminista

Para isso é necessário pensar como uma feminista conhecendo as técnicas e os


mecanismos para caracterizar um estudo feminista. Colocando as mulheres no centro e não à
margem dos estudos jurídicos. Nesse guia básico dos estudos feministas se encontra a questão
da explicitação da experiência feminina; identificação do viés masculino implícito; double
binds e os dilemas da diferença (CHAMALLAS, 2003, p. 4-13, apud: BARBIERI; RAMOS,
2019, p. 403)
A ênfase na experiência das mulheres permite identificar falhas na legislação. Por
exemplo, a questão do assédio sexual nos Estados Unidos.

A segunda ferramenta consiste em identificar o viés masculino da lei, como no caso do


impacto da licença-maternidade sobre as mulheres trabalhadoras (BARBIERI; RAMOS,
2019, p. 406)

Já o terceiro instrumento se refere ao double binds e os dilemas da diferença. Quando


o direito pode acabar por reforçar a estigmatização do grupo como diferente e inferior, quando
o objetivo era atenuar os processos discriminatórios. Assim é necessário abandonar a visão
convencional do desvio da norma, a visão que coloca as trabalhadoras grávidas (desvio) da
norma como essencialmente diferentes do desvio da norma que são os trabalhadores homens
como norma (BARBIERI; RAMOS, 2019, p. 407)

Os métodos feministas visam alcançar os fins femininos. Pois os métodos


convencionais tendem a suprimir a perspectiva da mulher. Assim é preciso desenvolver
métodos baseados na vivência opressiva para questionar os elementos legais que colocam as
mulheres em desvantagem. As entrevistas tais como storytelling fazem parte dos métodos
feministas. As teorias feministas devem ser basear na experiência de mulheres. Assim por
esse método as narrativas pessoais são consideradas. Pois mecanismos de dominação de raça,
classe ou gênero podem estar invisibilizados. Assim é importante verificar a perspectiva da
mulher (the women´s question) sobre determinado problema jurídico, evidenciando, muitas
vezes, o viés masculino implícito na elaboração de normas jurídicas. Assim é importante
delinear os aspectos político-ideológicos na pesquisa em Direito que são negligenciados sob a
pretensão ideológica de neutralidade e objetividade científica (BARBIERI; RAMOS, 2019, p.
409)

11 Direito e discriminação

A questão da discriminação pode ser representada pela discriminação da mulher negra


no sistema de saúde (RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 417) A questão da discriminação
contra a comunidade LGBT, em situação de inferioridade também faz parte desses
mecanismos.
A interdisciplinaridade também é uma característica marcante desta área de estudo.

11.1 O que é a discriminação?

A discriminação fere as normas éticas do tratamento justo e igualitário em uma


sociedade democrática (RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 420)

É necessário também salientar a diferença entre discriminação negativa e a positiva


que visa corrigir desvantagens históricas de grupos historicamente discriminados. A
discriminação deve ser diferenciada de outros dois fenômenos relacionados que são os
estereótipos e preconceitos. Os estereótipos se constituem como uma série de associações
simbólicas sobre determinados grupos sociais, inseridas no imaginário social, representando
esquemas mentais absorvidos no processo de socialização (RADOMYSLER; MENDES,
2019, p. 421)

A discriminação é um tratamento diferenciado e desvantajoso a indivíduos ou grupos


sociais materializando estereótipos e preconceitos. Esse preconceito ocorre por meio de
agressões físicas, verbais ou físicas, ou por outras atitudes, como impedir a entrada em algum
local, deixar de selecionar para um emprego, prestar um serviço pior, entre outras
(RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 421)

No imaginário social brasileiro, a identidade de origem africana ainda é intimamente


ligada as ideias de escravidão, como inferioridade intelectual e trabalho braçal
(NASCIMENTO, 2001, p. 119, apud: (RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 421)

O preconceito se configura na avaliação baseada nesse estereótipo, por exemplo, na


forma de avaliar que uma criança negra não é apta a ser médica ou advogada. Ou quando um
professor trata de uma forma menos apreciativa um aluno negro em relação a um branco
(RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 421)

A discriminação abrange também formas inconscientes e sistêmicas de tratamento


desvantajoso ao longo do tempo e em contextos institucionais específicos são partes
essenciais do fenômeno da discriminação (RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 421)
Uma forma de discriminação indireta ocorreria em uma universidade que não
proporciona mecanismo de acesso para pessoas com deficiência, como rampas, estantes com
tamanho e altura específicas e terminais de busca inclusivos (RADOMYSLER; MENDES,
2019, p. 421)

Existe também o conceito de discriminação institucional que permite constatar a


naturalização ou atitudes discriminatórias na cultura das instituições, independente da vontade
expressa das pessoas e de atos explícitos ou declarados de discriminação. Pode ser resultado
de uma omissão ou de uma falha na prestação de um serviço. Um exemplo é a falta de
implementação da Lei n. 10.639/2003, que obriga o ensino de História e Cultura Afro-
brasileira em escolas. (RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 421)

Por isso é importante não perder de vista a existência de sistemas de dominação social,
que influenciam diferentes aspectos da vida dos indivíduos. Silvio de Almeida (2018), apud:
(RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 422), por exemplo, define o racismo justamente pelo
seu caráter sistêmico: não se trata de ato discriminatório ou conjunto de atos, mais de um
processo em condições de subalternidade e de privilégio entre grupos raciais se reproduzem
no âmbito da política, da economia e das relações cotidianas.

Os movimentos sociais devem evitar que a reivindicação de diferença acabe por


promover a estigmatização do próprio grupo social. O preconceito também assume contornos
diferente no Brasil o preconceito estaria mais ligado a aparência e nos EUA o critério
principal é a classificação da ascendência dentro da formação histórica dos marcadores sociais
de diferenças.

No caso do gênero refere-se também a sistemas de classificação de indivíduos, em


homens, mulheres e transexuais (RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 422-423)

É importante ver que os marcadores sofrem influência cultural e da história. É


importante também. Assim um legado histórico de discriminação contribui para desigualdades
sociais atuais. Existem inclusive dificuldades adicionais em realizar estudos no campo racial
pelas dificuldades de os brasileiros assumirem seus preconceitos, em contraposição a outra
pesquisa sobre o preconceito acerca da discriminação homofóbica:

Um exemplo é o estudo Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil,


conduzido pela Fundação Perseu Abramo e pela Fundação Rosa
Luxemburgo, que contou com 2014 entrevistas em 150 municípios, e teve
como objetivo mapear o preconceito direto e velado contra a população
LGBT. Conforme a pesquisa, cerca de 90% dos entrevistados acreditam
haver preconceito contra LGBT no Brasil; 26% admitem ter preconceito
pessoal contra gays, e 29% contra travestis (VENTURINI, 2011, apud:
(RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 425)

Os estudos sobre discriminação se debruçam contra obstáculos impostos pela própria


epistemologia ocidental:

Para a epistemologia dominante no ocidente, a construção do conhecimento


é entendida como um processo realizado por sujeitos desinteressados e
imparciais sem raça, gênero e classe, e livres de erros e preconceitos
(COLLINS, 2009). Adquire-se conhecimento por meio da razão, de acordo
com os princípios da lógica e em conformidade com as demandas da
objetividade (RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 426)

E a própria produção dos grupos localizados socialmente de forma hierarquizada pode


ser desprezada. E esses estudos podem ser tratados igualmente de forma subalternizada. Suas
condições sociais dificultam a visibilidade e legitimidade dessas produções e os mantém num
lugar silenciado (Djamila, 2017, p. 13, apud: (RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 426)

Na legislação brasileira já no art. 3º, IV, 5º, caput, XLI, e 227, parágrafo 1º, I,
estabelecendo a eliminação da marginalização, No art. 3°, IV, o tema é abordado e
preconceito e discriminação são usados como sinônimos. No art. 7º, XX, garante-se a
proteção do mercado de trabalho da mulher mediante incentivos específicos. A proteção das
culturas populares, indígenas e afro-brasileiras também merece destaque (art. 215, parágrafo
1º) (RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 417)

As pesquisas podem realçar vários temas no campo da dogmática jurídica, da


jurisprudência, da sociologia jurídica: qual é o alcance do direito à igualdade e da cláusula
que proíbe a discriminação? Quais definições de discriminação e de preconceito foram ou
deveriam ser incorporadas pelo ordenamento jurídico? Quando é preferível uma legislação
universalista, desenhada de forma abstrata, que garante a igualdade de todos sem qualquer
distinção, e em quais contextos é necessária a existência de legislação de proteção específica
para cada grupo discriminado? As normas jurídicas devem definir parâmetros para a
realização de ações afirmativas direcionadas a grupos específicos? (RADOMYSLER;
MENDES, 2019, p. 428)
Outras questões relevantes nesse tema são os debates sobre a conciliação do direito oficial
estatal com o reconhecimento de comunidades que possuem outras formas de regulação
social, como indígenas e quilombolas. No âmbito do direito internacional, há questionamentos
sobre a incorporação do reconhecimento das diferenças entre povos e nações no conceito dos
direitos humanos universais. “Um exemplo é a reflexão de Boaventura de Sousa Santos
(2004) sobre a possibilidade de uma concepção multicultural de direitos humanos. Laura
Nader (1999) realiza importantes críticas sobre a representatividade dos direitos humanos com
relação a população indígenas, povos islâmicos e mulheres (RADOMYSLER; MENDES,
2019, p. 428)

Além disto nesse campo de pesquisa se possibilitou reconhecer legalmente várias


formas de discriminação, como a discriminação indireta, a institucional e a estrutural. Esses
conceitos tem merecido pouca atenção da literatura e da jurisprudência nacionais. Nesse
sentido, é importante destacar pesquisadores brasileiros que analisam implicações legais das
diferentes definições de discriminação como Roger Raupp Rios (2008), Adilson Moreira da
Silva (2017), Isis Aparecida Conceição (2017) e Wallace Corbo (2017) (RADOMYSLER;
MENDES, 2019, p. 428)

A questão da efetividade da legislação antidiscriminatória também abre campos de


pesquisa em um cenário em que a realidade de crescente violação de direitos dos grupos
discriminados. Abre campo para pesquisas interdisciplinares. Quais são as principais
violações de direitos que indivíduos e grupos sofrem atualmente? Qual é o papel das
instituições jurídicas no combate a essas violações de direitos? São necessárias reformas
institucionais no Judiciário para enfrentar processos de exclusão social de grupos
discriminados? Qual relacionamento os sistemas de justiça devem ter com os grupos
historicamente discriminados? (RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 429)

Os movimentos sociais dispõem de diferentes formas de participação no sistema de


justiça. Estudos sobre o litígio estratégico realizados por grupos historicamente
marginalizados, por exemplo, revelam que esse é um instrumento presente no combate a
discriminação. (RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 429-430)

As instituições do sistema de justiça também enfrentam dificuldades para lidar com


casos de discriminação que não sejam intencionais ou individuais. Se a discriminação é
reproduzida por instituições como os órgãos públicos a mídia e o sistemas educacionais, em
que os responsáveis não podem ser identificados com tanta clareza. (RADOMYSLER;
MENDES, 2019, p. 430)

Também se discutem o papel de instrumentos extrajudiciais e métodos alternativos de


solução de conflitos nos casos de discriminação como o TAC, a mediação e a justiça
restaurativa e pela realização de medidas com caráter preventivo pelo sistema de justiça. As
transformações e os desdobramentos da Constituição de 1988 também indicam estudos
importantes, como reflexões sobre a criação de órgãos especializados, a implementação de
ações afirmativas e a realização de coleta de dados e outras práticas direcionadas para a a
defesa de minorias desprivilegiadas nas instituições jurídicas. Surgem também como as de
Fabiana Severi (2016) que afirmam a relevância de uma composição de gênero e étnico-racial
mais equitativa do judiciário para o fortalecimento de sua legitimidade democrática (SEVERI,
2016, RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 430) E também pesquisas sobre o acesso
diferencial de brancos e negros ao sistema de justiça criminal, Sérgio Adorno (1995), apud:
(RADOMYSLER; MENDES, 2019, p. 431)

12 A QUESTÃO DAS ENTREVISTAS

A entrevista é uma técnica de pesquisa utilizada para a coleta de informações. E


pressupõe a existência de um pesquisador treinado. As entrevistas se orientam apenas pela
mera coleta de dados e sim pela produção de dados. Inclusive se pode utilizar entrevistas já
efetuadas em bancos de dados de pesquisa. (DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p.
256)

Existem dois tipos de entrevistas, uma de natureza quantitativa, denominada de


estruturada e a de natureza qualitativa que pode ser semiestruturada ou aberta. No primeiro
caso podemos ter dados produzidos a partir de surveys:

A dicotomia estruturação versus não estruturação remete à forma de


elaboração do roteiro de entrevistas: se bastante estruturado, não
permitindo inovação tanto nas perguntas como nas respostas, ou se pouco
estruturado, permitindo que tanto o entrevistador quanto o entrevistado
possam mudar a direção da conversa dependendo da forma como o
conteúdo é abordado. Assim, as entrevistas estruturadas são utilizadas para
a produção de dados quantitativos, porque contam com um questionário em
que as perguntas e as respostas são altamente padronizadas, o que não
ocorre nas entrevistas não estruturadas, nas quais o entrevista pode
responder de formas mais livre, ou menos condicionada por respostas
previamente estabelecidas. (DE PALMA; FEFERBAUM; PINHEIRO,
2019, p. 257)

A escolha entre as duas entrevistas, o pesquisador deve fazer algumas perguntas:

Para escolher entre as duas entrevistas, o pesquisador deve responder às


seguintes indagações alternativas: (i) o meu problema de pesquisa está
voltado à descrição de padrões e verificação de diferenças entre grupos?
Ou (ii) a minha proposta é entender o ponto de vista do entrevistado para a
descoberta dos significados de práticas organizacionais ou para
reconstituição das trajetórias dos indivíduos ou organizações? (RIBEIRO;
AROUCA, 2019, p. 257)

No primeiro caso é recomendado o uso de surveys para quantificar por


exemplo uma pesquisa que deseja quantificar, por exemplo, a diferença numérica:
“na relação entre as percepções de justiça ou injustiça social com as opiniões sobre
as cotas” (NEVES; LIMA, 2007, p. 24, apud: (RIBEIRO; AROUCA, 2019, p. 257).

No segundo caso, a técnica mais recomendada é a entrevista não estruturada,


pois “o ponto aqui não é provar, sem nenhuma dúvida, a existência de uma relação
particular, mais sim de descrever um sistema de relações, de mostrar como as coisas
interagem dentro de uma rede de influência múltipla” (NEVES; LIMA, 2007, p. 24,
apud: (RIBEIRO; AROUCA, 2019, p. 257):

“Nas entrevistas de história de vida, por exemplo, a preocupação volta-se


para a trajetória de vida do entrevistado e como ela foi importante para a
constituição de organizações, como, por exemplo, a Faculdade do Largo
São Francisco da Universidade de São Paulo (RIBEIRO; AROUCA, 2019,
p. 257)

Portanto, as entrevistas estruturadas (survey) devem ser aplicadas sempre a intenção


seja construir observações generalizáveis para um determinado agrupamento. As amostras
nesta acepção devem ser construídas sob um viés construído que leve em consideração os
critérios estatísticos. (RIBEIRO; AROUCA, 2019, p. 258):

Os surveys tem se tornado cada vez mais populares na era da internet em razão da
facilidade do envio de questionários a públicos que, de outra maneira, não seria acessível.
Com a disseminação de plataformas como googleforms e surveymonkey, a facilidade de
construção e aplicação de questionários estruturados terminou por popularizar essa técnica de
pesquisa. Um exemplo é a pesquisa ´Ministério Público: Guardião da Democracia Brasileira?,
que entrevistou promotores e procuradores, espalhados por todo o país, por meio de um
survey on-line armazenado em uma plataforma na qual o respondente marcava as questões
que melhor expressavam a sua opinião e comportamento (RIBEIRO; AROUCA, 2019, p.
259)

O survey pode ser o presencial que consiste na entrevista feita face a face, no qual o
apresentador faz as perguntas e apresenta as opções de resposta. Cabendo-lhe a escolha da
alternativa que mais se adeque a sua situação ou opinião. Tem a vantagem de garantir uma
maior participação, pois o pesquisador pode insistir na importância da participação do
entrevistado. Essa técnica tem a vantagem de permitir o registro de emoções, reações ou
silêncios que na plataforma on-line são suprimidos. Porém, as características dos
entrevistadores (como gênero, raça e aparência socioeconômica) podem interferir no resultado
final. Dado a necessidade de o entrevistado dar uma resposta socialmente desejável
(BABBIE, 2015, apud: (RIBEIRO; AROUCA, 2019, p. 259).

O segundo tipo de survey é o autoaplicável, situação na qual o pesquisador envia os


questionários para os possíveis respondentes por e-mail ou carta. É bastante utilizável quando
se trata de temas sensíveis, como é o caso da violência de gênero. Pela via digital quando o
entrevistado se esquece de preencher uma questão, o sistema lembra e impede que ele
prossiga no questionário. Porém o entrevistado pode ignorar o entrevistador e suas constantes
suplicas. (RIBEIRO; AROUCA, 2019, p. 259-260)

Na maioria das escalas de Survey o mais indicado é usar a escala likert, que permite a
captura de opiniões mais diversificadas:

Concordo Concordo um Não Discordo um Discorda


muito pouco concordo pouco muito
nem discordo
(1) O processo 5 4 3 2 1
é lento?
(2) O processo 5 4 3 2 1
é caro?
(3) Os 5 4 3 2 1
tribunais
não dão
garantia
nenhuma
de um
julgamento
justo?

(RIBEIRO; AROUCA, 2019, p. 261)

A tabela estruturada é o método para obtenção de dados no IBGE (RIBEIRO;


AROUCA, 2019, p. 261)

Assim é possível sintetizar as vantagens e desvantagens dos surveys:

Portanto, de maneira geral, os surveys oferecem vantagens em termos de


economia (já que os realizados por telefone ou web são mais baratos que as
entrevistas presenciais), quantidade de informação coletada, padronização
das respostas e possibilidade de generalização de dados coletados. Suas
desvantagens se relacionam a inflexibilidade das respostas e
superficialidade da informação., já que nesse tipo de entrevista o
respondente não poderá descrever os fenômenos sociais em detalhe.
(RIBEIRO; AROUCA, 2019, p. 261)

12.1 Entrevistas não estruturadas

As entrevistas não estruturadas são feitas através de uma série de perguntas


abertas:

...´É o que ocorre, por exemplo, quando está no roteiro somente a pergunta.
´Para você o que é cidadania? ´ e, diante da resposta ´não previsível´ de
que o termo está relacionado apenas à provisão de serviços públicos, o
entrevistador indaga sobre a existência de uma dimensão ativa da
cidadania, relacionada à participação política. Há, portanto, nesse caso, a
possibilidade de ajustes- tanto de perguntas como de sua ordem- durante o
processo de entrevista (RIBEIRO; AROUCA, 2019, p. 261)
As entrevistas não estruturadas podem ser três tipos. No primeiro tipo, o
entrevistador tem um roteiro de perguntas que deve ser aplicado a todos os
participantes do estudo, ainda que tais questões não precisem ser indagadas
sempre na mesma ordem e com a mesmas palavras... A esse tipo damos o
nome de entrevista semiestruturada. (RIBEIRO; AROUCA, 2019, p. 262)

O segundo tipo é a entrevista aberta, que muito se assemelha ao descontraído


bate-papo:

...Nesse caso o pesquisador, apenas introduz o tema e o entrevistado tema


liberdade de discorrer sobre ele. Por isso, diz-se que essa é a entrevista que
amplia o papel do entrevistado, já que é ele quem ´dirige ‘a conversa. Isso
não significa dizer, contudo, que não existe um roteiro. Esse instrumento
tema função de lembrar o pesquisador de pontos importantes sem, contudo,
amarrá-lo. Esse instrumento tem a função de lembrar o pesquisador de
pontos importantes sem, contudo, amarrá-lo em uma ordem de perguntas
ou em uma sequência de indagações. Nesse caso, a pergunta anterior
poderia ser reformulada da seguinte maneira: Gostaríamos de saber: o que
(a) Sr. (a) pensa sobre o funcionamento da justiça no Brasil. (RIBEIRO;
AROUCA, 2019, p. 262)

A pergunta é bem menos estruturada e mais livre para o entrevistado. O respondente


pode refletir sobre o tema sem se preocupar com a morosidade da justiça ou as custas judiciais
(RIBEIRO; AROUCA, 2019, p. 262).

O terceiro tipo é a entrevista é o de história de vida que se divide em dois tipos:

Dois são os tipos de entrevistas de história de vida: as temáticas ou as de


história de vida ´completa´. A diferença entre essas se situa no grau de
aprofundamento de determinados aspectos da vida do entrevistado, já que
´as entrevistas temáticas são aquelas que versam prioritariamente sobre a
participação do entrevistado no tema escolhido, enquanto as de história de
vida do entrevistado, já que ´as entrevistas temáticas são aquelas que
versam prioritariamente sobre a participação dos entrevistado no tema
escolhido, enquanto as de história de vida tem como centro de interesse o
próprio indivíduo na história, incluindo trajetória desde a infância até o
momento em que fala, passado pelos diversos acontecimentos e
conjunturas que presenciou, vivenciou ou de que se inteirou´(ALBERTI,
2007, p. 38, apud: (RIBEIRO; AROUCA, 2019, p. 263)

A questão da aplicação de entrevista estruturadas, semiestruturadas e livres. Nesse


caso após hipóteses e objetivos gerais e específico se recorre as variáveis de pesquisa pouco
usadas por exemplo na pesquisa bibliográfica. Não confundir com bate papo. Estudo sobre
violência urbana com questionários aplicados a pessoas que residem na periferia ou a
membros do ministério público na justiça penal.
Temas como a percepção da justiça pela população através de questionários. Os
questionários também podem ser feitos através de instrumentos como o Googleforms e o
facebook. Mesmo que muitas não respondam. Entra a questão da amostragem utilizada no
âmbito da análise.

O questionário não deve induzir o entrevistado a responder. O direcionamento. A


questão da pesquisa eleitoral e mercadológica funciona também através desse instrumento
de investigação.

13 REDAÇÃO CIENTÍFICA

É importante evitar falácias como de autoridade, de ignorância, de predição, de


generalização, de piedade, argumentum ad hominem em que se ataca o emissor, falácia de
retribuição tu quoque, porque o emissor pratica a ação questionada, o ministro defende o
aumento do tempo de aposentadoria e se aposentou cedo. Falácia do jogador. A companhia
área sofreu 13 acidentes e não deve sofrer na próxima década devido a média estatística.
Falácia de pragmatismo esse imposto deve ser aprovado senão o Brasil terá déficit na balança
comercial (Barral, 2016, p. 132-133)

Usar o direito de forma polissêmica que pode ser compreendido como norma, como
justiça, ciência, fato social e direito subjetivo. Confundindo pela falácia de analogia o direito
como norma e justiça.

A estilística do trabalho científico deve ser dirigida para qual público. Os juristas tem
alto grau de formalismo.

Um trabalho que versa sobre os impactos do novo Código Florestal e seus impactos
sobre a floresta tropical. Se precisar escrever um texto para o jornal de 40 linhas destinado ao
público geral.

O texto científico deve ser claro, objetivo e didatismo. Assim se devem evitar palavras
desnecessárias.

Deve se concentrar em substantivos e verbos. Evitar adjetivos e advérbios caracterizar


a pompa oratória.

A questão da afetação retórica dos juristas deve ser evitada. O discurso


grandiloquente, adjetivado, rico em efeitos sonoros e pobre em substância.
O texto deve ser sempre usado com o verbo na sua forma impessoal. Algumas dicas
são pedir para um colega ler o texto. Se deve ler em voz alta. Se tiver dificuldades
ortográficas envie depois de concluir cada capítulo para um revisor profissional. Tenha
sempre um bom dicionário. O texto científico não ser coloquial usando o nós, você.

É necessário usar conectivos interfásicos que dão maior fluidez a leitura. Adição (ao
lado disso, além disso, em adição, assim que); comparação (em contraste, no mesmo sentido,
similarmente, de forma oposta, ao mesmo tempo, subsequentemente, então); contradição
(mas, ao invés de, contudo, apesar disto, e mesmo se, diferentemente, em contraste); exemplo
(por exemplo, nomeadamente, especificamente, para ilustrar); ênfase (de fato, claro, até, aliás,
especialmente importante, frequentemente, mesmo que, obviamente, neste contexto);
explicação (em outras palavras, exposto em outra forma, ou seja, essencialmente); exceção
(mas, contudo, entretanto, apesar de, de outro lado; generalização (em regra, usualmente, em
grande parte, geralmente, ordinariamente, usualmente, adicionalmente, novamente, também,
tanto quanto, ao lado, ainda mais); condensação (brevemente, em balanço, assim, destarte, por
essa razão, como se observou anteriormente); consequência (portanto, em razão disso, assim,
como resultado, por essa razão, desta forma); conclusão (como resultado, portanto, então,
consequentemente, em conclusão, no final, numa análise final, em conjunto, em suma)
(Barral, 2016, pp. 137-138)

Na redação é preciso frases simples. Sempre utilize a terminologia oficial se estiver


descrito em um tratado se tiver Estado-Membro não use Estado-parte. Caracterizar bem o
instituto jurídico por exemplo, homicídio e infanticídio são diferentes, porém para os leigos
essas diferenças devem ser apresentadas.

A questão de usar categorias que não atentem para grupos étnicos e religiosos. Negro
x afrodescendente. Ou para o sexismo ao invés de falar direitos humanos falar em direitos dos
homens.

A hipótese de ler grandes escritores da literatura para enriquecer o uso exato e elegante
das palavras. Especialmente de grades escritos nacionais como Machado de Assis quem
melhor se utilizou do português falado no Brasil.

Leia textos científicos e procure nos mesmos chamando a atenção para o que causa
repulsa e o que chama a atenção quando Le um texto científico. Evitar reticências e ponto de
exclamação que são usados em textos literários e não são adequados para o texto literário,
porém fogem da inteligibilidade do texto científico (BARRAL, 2016, pp. 139-141)
Deve-se evitar a ironia pois pode ocasionar ambiguidade no texto. Evite neologismos e
vanguardismos. Não invente palavras novas, não invente modas. “quod non est in aurelius,
non est in mundus”. Fuja do anglicismo. Não use performance no lugar de desempenho. As
exceções são as palavras estrangeira incorporada ao vocabulário jurídico como habeas corpus,
habeas data. Ou palavras para qual não haja tradução como shopping Center, dumping,
cláusula de hardship. Nesse último caso as palavras não foram escritas em itálico pois já
foram incorporadas ao vernáculo. É necessário também evitar obscuridades acadêmicas típica
de autores que querem escrever o mais complicado possível. Essa conduta afronta o principal
objetivo científico que é a transmissão objetiva do conhecimento. Isso pode também mostrar
que não sabe o que está falando ou está escondendo erros no texto hermético. Fugir do jargão
acadêmico e do jargão jurídico. (BARRAL, 2016, pp. 139-141)

Os jargões acadêmicos e o jargão jurídico. O primeiro caracterizado pela prolixidade e


diletantismo como exemplo clivagem do concreto e a leitura maximalizada da realidade
cotidiana e o jargão jurídico ao invés de data vênia, ao invés de “diante do exposto”.

É necessário também evitar lugares-comuns e expressões ideologizadas. Os lugares


comuns são frases feitas, que não acrescentam qualquer ideia ao texto. “A evolução do direito
recente está caracterizada pela globalização” ou o “o direito é produto da luta de classes”. O
autor recomendar suprimir elogios infundados como afetação retórica para salientar o
argumento de autoridade. Se isso é admissível no discurso de formatura. Deve ser suprimido
do texto científico. Outro problema é busca fundamentação só em grandes autores. Se
encontrar material científica com excelente argumentação fundamentada mesmo que vinda de
um pesquisador menos titulado o reconhecido, o mesmo deve ser utilizado. (BARRAL, 2016,
pp. 139-141)

Se recomenda que se suspendam também alcunhas não técnicas. Como carta magna
assinada por João sem Terra para designar a constituição de 1988. Não chamar o Supremo
Tribunal Federal de Suprema Corte ou o código de processo civil, de pergaminho adjetivo. Se
o seu objetivo é evitar a repetição do termo use a sigla correspondente STF; CF/88; CPC
(BARRAL, 2016, pp. 139-141)

13.1 Revisão Questões:


O texto tem que ter unidade e coerência- A questão da fluidez de ideias que leve a
conclusão pretendida? Há correlação entre o capítulo entre este capítulo e o capítulo anterior?

O texto é completo e objetivo. Foram abordados todos os detalhes relacionados ao


problema? Há alguma omissão relevante? Foram recapituladas as principais oposições
encontradas na literatura específica?

As ideias são claras e acessíveis sento o texto inteligível para alguém não iniciado na
matéria?

Os termos centrais são definidos? Qual é exatamente o tema da sua pesquisa? Como
esta monografia entende esse instituto? Qual a diferença de institutos jurídicos similares?
Quais são as variáveis dependentes deste instituto e como se relacionam?

A parte gramatical está correta? Foi revisada a ortografia? Há erros de concordância


verbal? Não houve variação entre presente e pretérito dos verbos?

A parte de formatação e metodologia está correta. As citações estão formatadas


corretamente? Há correta indicação de fontes e referências bibliográficas? (Barral, 2016, pp.
144-145). Como dica de formatação é o do texto simples em LaTeX, (DE PALMA;
FEFERBAUM; PINHEIRO, 2019, p. 531)

13.2 Plágio

“Plágio é a cópia de ideias ou textos como se fosse próprio. O plágio é uma infração
gravíssima à ética e às normas acadêmicas e deve ser punido com a anulação da nota ou título
obtido com a apresentação do trabalho em análise” (BARRAL, 2016, pp. 149)

a) cite todas as fontes de todas as citações e transcrições de texto em documento;


b) cite as fontes de ideias ou fatos que tenham sido parafraseados ou resumidos;
c) cite as fontes para informações que podem ser de conhecimento público, mas eram
desconhecidas anteriormente pelo autor;
d) cite as fontes que adicionam informação relevante ao problema pesquisando ou ao
argumento proposto;

cite as fontes de jurisprudência ou da legislação invocadas; (BARRAL, 2016, pp. 144-145)

8- Erros mais comuns na redação

Alterar formas de citações ao longo do trabalho;

Existe um uso exagerado do itálico que só pode ser usado em palavras estrangeiras e
negrito e sublinhado com grifou-se no final (grifou-se);

Evitar o uso exagerado de aspas, as aspas servem para delimitar citação no corpo do
parágrafo (i); (ii) destacar neologismo ou uso metafórico; (iii) não servem para “abraçar”
nomes próprios;

Descuidar no uso de id. e op.cit.: essas expressões facilitam a indicação das fontes, mas são
pouco confiáveis. Muitas vezes, você pode incluir periodicamente uma citação antes do id. (e
assim indicar incorretamente a fonte), ou o autor pesquisado teve mais de uma obra citada em
seu trabalho (e, portanto, não pode utilizar o op. cit.). Além disso a ABNT recomenda o uso
do “id.”, “ibid.”, e “op. cit., na mesma página em que se refere. O que nem sempre é
previsível, ou é sempre imprevisível nos atuais editores de texto (BARRAL, 2016, pp. 150)

- Evitar o uso do jargão jurídico (“isto posto”, “diante do exposto”); -Uso de palavras antigas
e desnecessárias (hodierno, pátrio, doutra banca) ; uso de terminologia técnica o em sentido
figurado (o relacionamento entre os cônjuges faliu, na medida em que falência diz respeito
apenas a sociedades comerciais); frases muito longas (evitar; frases com mais de 3 linhas é
suspeita); uso de expressões retóricas (ex: “direito pátrio”): use sinônimos com pertinência
(brasileiro, nacional, doméstico); variação dos tempos verbais: atente para o tempo verbal
correto na frase, cuidado com a variação indiscriminada entre pretérito e presente. (BARRAl,
2016, p. 150)

Pontuação e gramática:

- Não saber usar crase e vírgula: estudar gramática; não utilizar hífen entre palavras que
compõe substantivo: em português, as palavras que compõe substantivo são ligadas por hífen(
ex: “não-discriminação”); iniciar frase com pronome reflexivo: estudar próclise e mesóclise;
escrever leis 8884, o correto é “lei 8.884”; “Decreto lei n. 1.626; ficar repetindo íntegra de
sigla: depois que colocar por extenso, com sigla entre parênteses, pode-se utilizar apenas a
sigla; não use ponto em ano nem número entre parênteses: quem usa “1.875” e “(5) cinco” é
seu avô; e mesmo assim, em cheques; não use “Dou...”em títulos: só livros oitocentistas e
advogados com mentalidade oitocentista é que usam títulos assim; não use “através” com
sentido de “por meio de” , “por”: atravesse a sala e compre uma gramática. (BARRAL, 2016,
p. 152)

13.3 Terminologia:

Variação de termos como se fossem sinônimos (Estado-Membro, Estado-Membro, País-


Membro): use uma forma, de preferência aquela utilizada no texto legal; tradução literal de
termos estrangeiros: a tradução literal nem sempre representa o significado da palavra
utilizada, assim, domestic Law é “direito interno”, e não “lei doméstica”. (BARRAL, 2016,
pp. 151-152)

13.4 Fundamentação:

- Não deixar claro quando as ideias são suas ou de outros autores: mesmo que por negligência
isso irá ser considerado plágio; fazer afirmação sem identificar qual o fundamento legal:
identificar norma pertinente, preferencialmente em rodapé, ou entre parênteses no corpo do
texto. (BARRAL, 2016, p. 152)

A pesquisa é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo que


requer tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para
descobrir verdades parciais (LAKATOS, 2019, p. 169):

O desenvolvimento de um projeto compreende seis passos:

1. Seleção do tópico ou problema para a investigação.


2. Definição e diferenciação do problema.
3. Levantamento de hipóteses de trabalho.
4. Coleta, sistematização e classificação dos dados.
5. Análise e interpretação dos dados.
6. Relatório do resultado de pesquisa (LAKATOS, 2019, p. 169)
14 PLANEJAMENTO DA PESQUISA

Preparação da Pesquisa

1. Decisão.
2. Especificação dos objetivos.
3. Elaboração de um plano de trabalho.
4. Constituição da equipe de trabalho.
5. Levantamento de recursos e cronograma.

Fases da Pesquisa

1. Escolha do tema.
2. Levantamento de dados.
3. Formulação do problema.
4. Definição dos termos.
5. Construção de hipóteses.
6. Indicação de variáveis.
7. Delimitação da pesquisa.
8. Amostragem.
9. Seleção de métodos e técnicas.
10. Organização do Instrumental de Pesquisa.
11. Teste de Instrumentos e procedimentos.

Execução da Pesquisa

1. Coleta de dados.
2. Elaboração dos dados.
3. Análise e interpretação dos dados.
4. Conclusões (LAKATOS, 2019, p. 170)

14.1 Indicação de variáveis

Ao colocar o problema e a hipótese devem ser colocadas as variáveis dependentes e


independes. E devem ser delimitadas a pesquisa quanto ao assunto, a extensão e a uma série
de fatores como meios humanos, econômicos e de exiguidade do prazo (LAKATOS, 2019, p.
176-177)
14.2 Argumentação:

- Tratar de vários temas em um único parágrafo: cada parágrafo deve conter, e esgotar, uma
ideia (BARRAL, 2016, p. 152)

14.3 Regras de apresentação:

1. Estrutura de trabalhos acadêmicos

Segundo a NBR 14724, de abril de 2011. O projeto de pesquisa se estrutura em parte


externa e interna. A parte externa se compõe de capa (elemento obrigatório) e da lombada
(opcional). (BARRAL, 2016, p. 153)

A parte interna é composta de três partes (i) pré-textual; (ii) textual; (iii) pós-textual. Os
itens designados com F são facultativos. (BARRAL, 2016, p. 153)

Estrutura Elementos

Folha de rosto

Errata [F]

Folha de aprovação [obrigatória apenas


na versão definitiva

Dedicatória [F]

Agradecimentos [F]

Epigrafe [F]

Resumo na língua vernácula


Resumo em língua estrangeira

Lista de ilustrações [F]

Lista de Abreviaturas e siglas Lista de


ilustrações [F]

Sumário
Textual Introdução

Desenvolvimento

Conclusão (ou considerações finais)

Pós-textual Referências

Glossário [F]

Apêndic [F]

Anexo [F]

Índice Lista de ilustrações [F]

(BARRAL, 2016, p. 154)

1.1 Capa- Nela devem constar: (a) nome da instituição (opcional); (b) nome do autor; (c)
título; (d) subtítulo; se houver nesse caso deve ser precedido de dois pontos,
evidenciando a subordinação ao título; (e) número de volumes; (f) cidade da
instituição onde deve ser apresentado; ano do depósito ou da entrega. A maioria das
instituições exige que o aluno entregue dois exemplares encadernados com uma capa
negra do trabalho defendido. (BARRAL, 2016, p. 155)
14.4 Lombada- Nela devem constar o nome do autor ou autores; (b) título; (c)
elementos alfanuméricos de identificação de volume, fascículo e data, se houver. Sua
elaboração deve seguir a NBR 12.225, de julho de 2004. (BARRAL, 2016, p. 155)

14.5Folha de rosto

Nome do autor; (b) título; (c) subtítulo, se houver; (d) número de volumes; (e) natureza do
trabalho (monografia, tese, dissertação, entre outros), objetivo (aprovação em disciplina, grau
pretendido, entre outros), instituição a que é submetido e área de concentração; (f) nome do
orientador e, se houver, do coorientador; (g) cidade da instituição onde deve ser apresentado;
(h) ano do depósito ou da entrega. (BARRAL, 2016, p. 155)

14.6. Errata

14.7FOLHA DE APROVAÇÃO

É a lista de erros e correções, geralmente entregue em papel avulso e encartado o


trabalho. Deve ter a estrutura do seguinte exemplo:

Folha Linha Onde se lê Leia-se


25 10 Cada Nada

a. É a folha que será assinada pelos membros da banca de avaliação, com a


indicação da nota recebida pelo trabalho. Nela constam: (a) autor; (b) título por
extenso e subtítulo; (c) natureza, objetivo, nome da instituição a que foi
submetido e área de concentração; (b) local e data de aprovação, com nota
obtida; (e) nome, titulação e instituição dos membros da banca examinadora;
(f) local para assinatura dos membros da banca. (Barral, 2016, p. 156)

14.8 DEDICATÓRIA
Homenagem prestada pelo autor do trabalho. É um item facultativo, mas se
utilizada, deve ser limitada e sóbria. Se você começar a dedicá-la da
professora de primário até a atual namorada, a dedicatória perde o sentido.
Ou você perde a namorada deve ser incluída abaixo no canto direito da
página.” (BARRAL, 2016, p. 156)

14.9 AGRADECIMENTOS

Dirigidos àqueles que contribuíram de maneira relevante à elaboração do


trabalho. Elemento facultativo, deve ser inserido após a dedicatória. O título
´agradecimentos` deve ser colocado no início da página, centralizado,
seguido do parágrafo de agradecimentos” deve ser colocado no início da
página, centralizado, seguido do parágrafo agradecimentos.

15 EPÍGRAFE

Citação, seguida de indicação de autoria, relacionada com a matéria tratada no corpo do


trabalho. Deve ser incluído com a matéria tratada no corpo do trabalho. Deve ser incluída
abaixo, no canto direito da página. Permite-se a inclusão de epígrafes no início de cada
capítulo, mas tome cuidado para parecer algo rocambolesco. (BARRAL, 2016, p. 156)

16.– RESUMO

É a apresentação concisa dos pontos relevantes de trabalho, devendo conter


de 150 a 500 palavras para trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e
outros) e relatórios técnico-científicos e de 100 a 250 palavras para artigos
de periódicos. Deve ser seguido, logo abaixo, de cinco palavras-chave
representativas do conteúdo do trabalho. (BARRAL, 2016, p. 157)

No resumo, apresente: a) assunto e objetivo; b) fontes de pesquisa; c)


método utilizado; d) resultados e conclusões. Utilize linguagem objetiva.
Destaque a contribuição do trabalho para a compreensão do problema.
Afinal, o resumo tem também a função de interessar o leitor pela pesquisa.
Evite o uso de parágrafos, de frases negativas e de símbolos pouco
conhecidos.” (BARRAL, 2016, p. 157)

16.1 RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA


Resumo em idioma de divulgação internacional (Em inglês: Abstract. Em castelhano:
Resumen). Deve seguir-se de cinco palavras-chave representativas do conteúdo do trabalho no
mesmo idioma. Em geral a monografia dispensa resumo em língua estrangeira. A dissertação
deve conter um Abstract e a tese um Abstract e um Resumen ou Résumé. (BARRAL, 2016, p.
157)

16.2 LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Deve ser elaborada de acordo com a ordem apresentada das ilustrações. Com seu nome
específico, travessão, título e respectivo número de folha. Exemplo: Figura 1- Crescimento de
demanda judicial na Comarca de Montes Claros (MG) (BARRAL, 2016, pp. 155-156)

16.3 LISTA DE SIGLAS

Deve ser apresentada de acordo coma ordem alfabética da sigla. Exemplo:

DNER- Departamento Nacional de Entradas de Rodagem

DNOCS- Departamento Nacional de Obras contra a Seca

16.4 SUMÁRIO

Enumeração das principais seções (capítulo) subseções e outras parte do trabalho,


acompanhado do respectivo número de página. Não devem ser incluídos os itens.

16.5 PARTE TEXTUAL

O desenvolvimento deve ser dividido em seções (capítulos), subseções e itens.

16.6 REFERÊNCIAS

Indicação padronizada de fontes utilizadas, em ordem alfabética de palavras ou expressões


técnicas de uso restrito ou de sentido obscuro, utilizadas no texto, acompanhadas nas
respectivas definições.

16.7 GLOSSÁRIO
1.1 Consiste em uma lista em ordem alfabética de palavras ou expressões técnicas de uso
restrito ou de sentido obscuro, utilizadas no texto, acompanhadas das respectivas definições.
(BARRAL, 2016, p. 158)

16.8 APÊNDICE

Deve ser necessariamente precedido pela palavra APÊNDICE, gravada em letras maiúsculas.
(BARRAL, 2016, p. 159)

17 ANEXOS

Consiste em texto, documentos, mapas ou gráficos que servem de fundamentação,


comprovação ou ilustração. São identificados por letras maiúsculas, travessão e os respectivos
títulos (Barral, 2016, p. 159)
Exemplo: ANEXO B- Tabela de correção monetária e deduções do Imposto de Renda de
1996 a 2000. (BARRAL, 2016, p. 159)

Os documentos só devem ser anexados se forem realmente relevantes para a


compreensão do trabalho. Desta forma se podem anexar uma legislação municipal ou um
tratado internacional, se forem as fontes primárias do trabalho. Porque o leitor dificilmente
terá acesso a elas. Porém é um exagero visível se os anexos forem postos como uma visível
tentativa de dar volume ao trabalho por exemplo colocar em anexo o Código de Defesa do
Consumidor. (Barral, 2016, p. 159)

Muitas vezes os anexos são compostos de mapas e cópias de documento por isso não é
preciso manejá-los (BARRAL, 2016, p. 159)

O apêndice é um documento elaborado pelo próprio autor, com o objetivo de complementar


ou exemplificar sua argumentação (BARRAL, 2016, p. 159)

1.18 ÍNDICE

Elaborando conforme a ABNP 6034, de janeiro de 2005. (Barral, 2016, p. 159)

18 INTRODUÇÃO
A função da introdução é apresentar o trabalho ao leitor. Explique a delimitação do tema,
indique os objetivos que serão buscados. Exponha a divisão de capítulos e o que será tratado
em cada capítulo. A elaboração do trabalho deve ser feita depois de concluída o trabalho
(BARRAL, 2016, p. 160)

18.1 DESENVOLVIMENTO

Os capítulos tem que ser criados com uma divisão equilibrada. Por exemplo, um capítulo
ficando com o dobro do tamanho do outro não seria proporcional. Se for o caso divida-o em
partes menores. É também importante não incorrer na multiplicidade de pequenos capítulos.
(BARRAL, 2016, p. 160)

Dificilmente um trabalho com menos de 100 páginas ter mais que quatro ou cinco
capítulos. (BARRAL, 2016, p. 160)
Na conclusão condense as principais ideias abordadas ao longo do seu trabalho. Não deve
acrescentar dados novos nessa parte. Alguns autores distinguem entre “conclusão” e
“considerações finais”. Na última parte se apresentam os resultados de um trabalho
panorâmico, apresentando a organização do trabalho, mas sem chegar a um posicionamento
definitivo. Na “conclusão “há um posicionamento de afirmação ou negativa da hipótese
inicialmente apresentada no trabalho. (Barral, 2016, p. 160)

18.2NUMERAÇÃO DE TÍTULOS

1
Desenvolvimento 2
2.1
2.2
2.2.1
2.2.2

Conclusão (ou considerações finais) 4


Referências bibliográficas 5
Anexos Anexo A-
Anexo B-
Ilustrações Figuras Figura 1
Figura 2
Tabelas Tabela 1
Tabela 2

3.Elementos Gráficos
Papel A4
Fonte Times New Roman 12 e para citação de
mais de 3 linhas fonte 11 com espaço
simples.
Margem (i) Superior e Esquerda: 3 cm
(ii) Inferior e Direita: 2 cm
Espaçamento (i) Entre linhas espaçamento 1,5
(ii) Entre parágrafos não deixar
espaço.
(iii) Título de seção deve ser
iniciado em nova página, seis
espaços após a margem
superior. O título deve ser em
negrito em maiúsculas
(iv) Título de subseção: deve ser
separado do texto por um
espaço anterior e um espaço
posterior. O título deve ser em
negrito
(v) Título de item: deve ser
separado do texto anterior por
um espaço, e sem separação do
texto posterior.
(vi) Primeira linha (margem do
parágrafo): 1,5 cm
(vii) Notas de rodapé o:
espaçamento simples, separada
do corpo do texto por um filete
a partir da margem esquerda.
No texto da nota de rodapé, o
espaço entre linhas é simples,
não há espaço entre parágrafos,
nem espaçamento na primeira
linha.
(viii) Citações de mais de três linhas,
referências, legendas das
ilustrações e das tabelas:
espaçamento simples.
Indicativos de seção Devem ser precedidos de um indicativo
(capítulo) numérico (algarismo arábico), alinhado à
esquerda e separado por um espaço de
caractere sem ponto. No caso de seções
primárias o título deve ser separado por
um espaço de linha de 1,5, e os títulos das
subseções devem ser separados do texto
que o precede e o sucede por um espaço
entre linhas de 1.5. Títulos sem indicação
numérica (sumário, resumo, tabelas)
devem ser centralizados, em maiúsculas e
em negrito.
Numeração Deve-se adotar numeração progressiva das
seções. Os títulos de capítulos devem
iniciar em folhas distintas. Recomenda-se
por isso, que seja desativado no editor de
texto o mecanismo de “controle de linhas
órfãs ou viúvas (No Word: Formatar-
Parágrafo-Quebras de linha). Ver abaixo
tabela para recomendação de numeração
dos títulos.
Paginação Deve ser feita em algarismo arábicos, no
canto superior direito da folha, a 2cm da
borda superior direita e a 2cm da borda
direita.
Todas as folhas devem ser contadas e
numeradas a partir da Introdução. Antes
da parte textual as folhas devem ser
contadas, mas não numeradas. Não é
necessário paginar anexos. A numeração
mantém-se na forma sequencial,
independentemente do número de
volumes, apêndices e anexos.
Abreviaturas e siglas Quando aparecerem pela primeira vez no
texto deve se usar o nome por extenso,
seguido da abreviatura ou da sigla, entre
parênteses. Após este procedimento deve-
se usar diretamente a abreviatura ou a
sigla.
Ilustrações (i) Figuras, esquemas,
fluxogramas, gráficos, mapas,
organogramas: qualquer que
seja seu tipo, sua identificação
aparece na parte inferior
precedida da palavra
designativa (ex.: Figura,
Gráfico, Mapa, etc.), seguida
de seu número de ordem de
ocorrência no texto em
algarismo arábico, do
respectivo título e/ou legenda
explicativa e da fonte, se
necessária. Legendas devem
ser breves e claras de forma a
dispensar a consulta ao texto.
(ii) Tabelas: a indicação do título
aparece na parte superior, à
esquerda, precedido da palavra
Tabela e de seu número de
ordem em algarismo arábico.
A fonte das informações
contidas em uma tabela deve
aparecer em nota de rodapé,
com chamada de rodapé no
título da tabela. Quando o texto
reproduz tabela de outro
documento, deve-se obter
prévia autorização do autor.
Quando uma tabela não couber
em uma folha, deve continuar
na folha seguinte, repetindo-se
o título e o cabeçalho.
(BARRAL, 2016, pp. 162-163)

18.3. REFERÊNCIAS

As referências são indicações completas das fontes utilizadas. Essas referências são
obrigatórias no fim do texto, em monografias, dissertações e teses. A referência deve anteceder
o texto em fichas, resumos ou resenhas. As recomendações da obra de Barral são elaboradas
com base no NBR 6023, de agosto de 2001, revista em agosto de 2002 (Barral, 2016, p. 165)

As referências alinham-se à margem esquerda do texto, com espaço simples entre


linhas e duplos (12 pontos) entre cada referência. O recurso utilizado para destacar o título deve
ser o negrito. (BARRAL, 2016, p. 165)

Os títulos de obras citadas são digitados em letras minúsculas, salvo no caso de nomes
próprios, ou disciplina. Ex.: O direito e a vida do direito (regra geral); Direito Administrativo II
(nome da disciplina) (BARRAL, 2016, p. 165)

18.4 MONOGRAFIAS OU OBRAS ISOLADAS

Documento Modelo de apresentação


Livro SOBRENOME DO AUTOR, Prenome.
Título do documento em negrito. n.
edição [se não for a 1ª] Local da
publicação: Editora, ano. THURROW,
Lester C. The future of capitalism. New
York: William Morrow & Company.,
1996.
Capítulo de livro SOBRENOME DO AUTOR DO
CAPÍTULO, Prenome. Título do capítulo.
IN: SOBRENOME DO ORGANIZADOR
DO LIVRO, Prenome (Org). Título do
documento em negrito. Local da
publicação: Editora, ano. p. x-y.
WOLKMER, Antônio Carlos. Sociedade
liberal e a tradição do bacharelismo
jurídico. IN: BORGES FILHO, Nilson.
Direito, estado, política e sociedade em
transformação. Porto Alegre, 1995. p.
49-77.
Dissertação, tese, TCC SOBRENOME DO AUTOR, Prenome.
Título do documento em negrito.
Dissertação (Mestrado em X). Faculdade
de Y. Universidade de Z. Local, ano.
PRAZERES, Tatiana Lacerda. A
regulamentação das barreiras técnicas
na Organização Mundial do Comércio.
(Mestrado em Direito). Centro de Ciências
Jurídicas. Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis, 2002.
Dicionário SOBRENOME DO EDITOR, Prenome.
Título do dicionário em negrito. Local
da publicação: Editora, ano.
ESTADO, Órgão/entidade responsável
pelo manual. Título do manual em
negrito. Local, ano.
ESTADO DE SÃO PAULO. Secretária da
Fazenda. Manual do ICMS.
Florianópolis, 1989.
(BARRAL, 2016, p. 165-167)

Observações:

- Escreva o nome da cidade por extenso: “Rio de janeiro” (e não “RJ”);

- No rodapé a citação de páginas é “p” (e não pp);

Identifique a editora, mas não se deve acrescer “Ltda.”;

- Designações de filiação (FILHO, JÚNIOR, NETO, SOBRINHO) devem acompanhar o


sobrenome. Ex.: ATHAYDE BISNETO, Aristides.

- Em sobrenomes castelhanos, o nome paterno aparece antes. Ex: RUIZ DIAS, Roberto.

18.5 PERIÓDICOS
Documento Modelo de apresentação
Artigo de Revista Institucional SOBRENOME DO AUTOR,

18.6 EVENTOS

DOCUMENNTO MODELO DE APRESENTAÇÃO


Anais de Congresso NOME DO EVENTO nº do Evento. Ano.
Local do Evento. Anais...Local: Editora,
ano. p. x-y.
Trabalho publicado em Anais SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título
de trabalho. In: NOME DO EVENTO. nº do
Evento. Ano. Local do Evento. Anais... Local:
Editora, ano. p. x-y.
Anais eletrônicos NOME DO EVENTO. Ano. Local do
Evento. Anais Eletrônicos... Local,
Entidade Responsável. Ano. Disponível
em: <http:∕∕www.endereço-eletrônico-
completo>. Acesso em dia, mês ano.
Trabalho publicado em anais eletrônicos SOBRENOME DO AUTOR, Prenome.
Título do trabalho. In: NOME DO
EVENTO. nº do Evento. Ano. Local do
Evento. Anais eletrônicos... Local: Entidade
Responsável. Ano. Disponível em:
<http:∕∕www.endereço-eletrônico-
completo>. Acesso em dia, mês ano.

18.7 DOCUMENTOS JURÍDICOS

Documento Modelo de Apresentação


Legislação (i) Constituição
ESTADO. Ato normativo. Capital:
órgão ou poder, ano.
BRASIL. Constituição da República
Federativa do Brasil. Brasília: Senado
Federal, 1988.
Emenda constitucional
ESTADO, Constituição (ano de
promulgação). Emenda Constitucional n.º
X, de [dia] de [mês] de [ano], Fonte,
Cidade, v.x., n. x., p. x-y, mês x./mês y.
Ano.
BRASIL,. Constituição (1988). Emenda
Constitucional nº 20, de 15 de dezembro
de 1998. Lex- Coletânea de legislação e
jurisprudência: legislação federal e
marginalia, São Paulo, v. 75, n. 3, p. 176-
182, out./dez. 1998.
(iii) Legislação infraconstitucional
ENTE COMPETENTE. Ato normativo n.
X, de [dia] de [mês] de [ano], Fonte,
Cidade, v.x. n. x. p. x-y. Ano.
SÃO PAULO (Estado). Decreto n.
42.822, de 22 de janeiro de 1988. Lex:
Coletânea de Legislação e Jurisprudência,
São Paulo. v. 62. N. 3. p. 217-220.1988
(iv) Código
ESTADO. Código X. Organização e/ou
coordenação dos textos, notas e índices.
Edição. Local: Editora, ano.
BRASIL,. Código Civil. Organização e
ordenação dos textos, notas remissivas e
índices por Juarez de Oliveira. 51. Ed.
São Paulo: Saraiva, 2000.

Decisões judiciais (i) Acórdão e decisões monocráticas


ENTE FEDERATIVO. Órgão Prolator da
decisão. Tipo de Recurso n.º x. Partes
envolvidas [se houver]. Relator: Des. X.
Cidade, [Dia] de [mês] de [ano]. Fonte.
BRASIL,. Supremo Tribunal Federal.
Recurso Extraordinário nº 167359/SP.
Recorrente: Instituto Nacional de Seguro
Social. Recorrido: Manoel Mendonça da
Silva. Relator: Ministro Neri da Silveira.
Brasília, 22 de novembro de 1994.
Disponível em:http://www.stf.gov.br
Acesso em: nov. 2002.
(ii) Súmula
ENTE FEDERATIVO. Órgão prolator da
súmula. Súmula nº. x. Fonte.
BRASIL,. Supremo Tribunal Federal.
Súmula. n.º x, Fonte.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal.
Súmula n.º14. In:_____Súmulas. São
Paulo: Associação dos Advogados do
Brasil, 1994. p. 16.

Existem as divergências entre os autores sobre as citações. Porém é necessário manter a


uniformidade e coerência das mesmas. (BARRAL, 2016, p. 170)

18.8 ERROS MAIS COMUNS NA FORMATAÇÃO

- Referenciar as obras estrangeiras para parecer um trabalho denso. Apenas coloque


referências bibliográficas que você realmente tenha lido. Pode se complicar com a banca. Se
não leu coloque apud, para dizer que é uma referência indireta.

-Utilização de muitas subdivisões no texto- use no máximo a terceira casa (ex.: 2.2.1); a
partir daí, use alfabeto, se necessário (BARRAL, 2016, p. 170)

18.9 LOMBADA

Deve constar as seguintes informações:

a) Nome do autor, impresso de cima para baixo, longitudinalmente;


a) Título do trabalho impresso da mesma forma que o autor
b) Elementos alfanuméricos de identificação, por exemplo: v. 2
(NBR 14734, 2005) (BARRAL, 2016, p. 176)

A questão do orientador e sua escolha também impõe uma série de questões. Barral
ironiza que ele não é um pater famílias, ou mãe, não é necessariamente amigo e nem
sempre é especialista na matéria escolhida pelo orientando para pesquisa. O orientador
deve ajudar a revisar o projeto e tentar delimitar o tema. Tratar o orientando com
urbanidade e respeito. Evitar o preconceito com o orientando. Incentivar a socialização
acadêmica do orientando. Obedecer ao cronograma proposto. (BARRAL, 2016, p. 180)
Eventual troca de membro de banca em caso de possível indisposição deste com o
orientando.
O ideal é que ocorram reuniões com os orientandos e com a equipe de orientando
acerca do desenvolvimento do trabalho. O orientador deve ser imparcial na banca e não
tomar as dores do orientando.
Entrega de relatórios trimestrais na coordenação do curso. E a entrega de capítulos
deve ser feita de acordo com que sejam concluídos. Para que toda sua correção não fique
para o final. Até devido a sobrecarga de trabalho do orientador.
A questão da banca nem uma banca de compadres e nem uma banca destruidora do
trabalho. Uma dica é de ler o que o orientador ou os membros da banca produziram
eventualmente sobre o seu trabalho de dissertação.

19 ERROS MAIS COMUNS NA DEFESA DO TRABALHO

- Perder tempo demais com detalhes, com recursos visuais excessivos. Levar as críticas
para o lado pessoal. Interromper um membro da banca. Alegação de problemas pessoais.
Justificar o trabalho por casuísmos. (BARRAL, 2016, pp. 187-188)
Uma banca composta por acadêmicos severos pode resultar em uma nota menor mesmo
para um trabalho qualitativamente melhor.

19.1 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO:


Alguns critérios podem ser usados pelos avaliadores para diminuir o subjetivismo:

1)Forma: Apresentação do texto, linguagem apropriada e técnica; correção ortográfica e


gramatical; clareza da redação;
2) Apresentação do trabalho: apresentação de citações e rodapé conforme a ABNT;
referências bibliográficas completas; margens, recuos, tamanho de letras, n. de páginas
segundo regras da instituição.
Pesquisa:
3) Interesse do tema: o interesse do tema na área envolvida; enfoque original;
4) Profundidade da pesquisa: tema bem delimitado; esgotamento do problema proposto;
5) Fundamentação: contextualização do problema; embasamento teórico preciso;
6) Bibliografia: revisão bibliográfica completa e atual; análise crítica dos demais trabalhos
apresentados sobre o tema, na instituição; pesquisa (se pertinente) de bibliografia
estrangeira;
7) Cientificidade da análise: clareza do método utilizado; identificação clara das fontes
utilizadas e citadas; coerência entre argumentos e resultados apresentados.

19.2 DEFESA E ARGUIÇÃO:

8) Fluência: postura. Recursos didáticos utilizados; clareza da exposição;


9) Tempo: capacidade de explicar falhas e responder às questões apresentadas pela banca.

19.3 NOTA RESULTANTE

Como consequência da aplicação desses parâmetros, a nota será resultado da média de notas
individuais atribuídas por cada membro de banca;

00-5,9: trabalho reprovado, não atinge condições mínimas para avaliação;

6,0-6,9: trabalho regular, atinge condições mínimas para aprovação;

7,0-7,9: bom trabalho monográfico, com aspectos que o destacam;

8,0-8,9: trabalho muito bom, que poderá ser publicado após modificações.

9,0-9,5: trabalho excelente, com características inovadoras e contribuição efetiva para a área
de conhecimento; aprovado com distinção;

9,5-10: trabalho excepcional, sem necessidade de muitas modificações, e que recebe o aval
integral dos membros da banca para que seja publicado; aprovado com distinção e louvor.
(BARRAL, 2016, p. 187-188)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BARRAL, Welber. Metodologia de Pesquisa Jurídica. 5ªed. Belo Horizonte: Del Rey,
2016.

FACHIN, Odília. Fundamentos de Metodologia. Noções básicas em pesquisa científica. 6ª


ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2019.

QUEIROZ, Rafael Mafei Rabelo; FEFERBAUM, Marina (Orgs). Metodologia da Pesquisa


em Direito técnicas e abordagens para elaboração da monografia, dissertações e teses. 2ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2019.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia


Científica. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2019.
RIBEIRO; AROUCA, 2019, IN: QUEIROZ, Rafael Mafei Rabelo; FEFERBAUM, Marina.
Metodologia da Pesquisa em Direito técnicas e abordagens para elaboração da
monografia, dissertações e teses. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p. 253-281

You might also like