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DiCavancanti Mod Popular FabioQuerido CartaCapital 12 23
DiCavancanti Mod Popular FabioQuerido CartaCapital 12 23
Di Cavalcanti é sem dúvida um dos mais destacados artistas brasileiros do século XX.
Nascido como Emiliano de Albuquerque Mello, no Rio de Janeiro, em 1987, Di (abreviação
de Didi, seu apelido de infância) Cavalcanti (referência a seus antepassados nordestinos) foi
um dos principais nomes da Semana de arte moderna, ocorrida em São Paulo, em 1922, por
cujo cartaz ficou responsável.
Mas se por um período trilhou caminho semelhante aos dos modernistas paulistas, Di
Cavalcanti não deixou de experimentar bifurcações próprias ao longo do trajeto. Explicitar os
diversos elementos (sociais, políticos e, claro, estético-culturais) que formataram esse
itinerário tortuoso é o grande mérito de Di Cavalcanti: modernista popular, de Marcelo
Bortoloci.
Sem escamotear as muitas contradições do pintor, Bortoloci nos faz passear com
desenvoltura pela vida e pela obra de uma figura que, desde cedo, encampou o desafio de
elaborar uma arte própria, original, “contra muitos adversários, inclusive ele próprio”.
Com efeitos visíveis sobre a sua obra, o engajamento comunista faria dele um
pioneiro do modernismo nacionalista que daria o tom do debate artístico nos anos 1930. Nem
por isso a militância no “Partidão” esteve isenta de conflitos com a direção da organização,
com sua costumeira desconfiança em relação aos intelectuais. A ruptura, por motivos mais
pessoais do que propriamente políticos, viria em 1937, quando Di Cavalcanti e a esposa
Noêmia Mourão viviam as penúrias do exílio em Paris, para onde foram após dois meses de
cárcere no Rio de Janeiro.