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Curso de Questões

da Banca IBFC

Prof. Fernando Pestana


fernandopest@yahoo.com.br
8) Interpretação, textualidade e funções da
linguagem

A banca trabalha questões de interpretação,


facilmente respondidas por meio de uma leitura
atenta do texto. Além disso, no que tange à
textualidade, ela trabalha em cima de tipos de
texto, gêneros textuais e características textuais,
seja em linguagem verbal, seja em não verbal.
Sobre funções da linguagem, é muito raro a
banca criar questões sobre funções referencial,
metalinguística, conativa, emotiva, poética e
fática. Sugiro que estude os capítulos 33 e 34 da
minha gramática.
Texto

Que é Segurança do Trabalho?

Segurança do trabalho pode ser entendida


como os conjuntos de medidas que são
adotadas visando minimizar os acidentes de
trabalho, doenças ocupacionais, bem como
proteger a integridade e a capacidade de
trabalho do trabalhador.
A Segurança do Trabalho estuda diversas
disciplinas como Introdução à Segurança,
Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e
Controle de Riscos em Máquinas,
Equipamentos e Instalações, Psicologia na
Engenharia de Segurança, Comunicação e
Treinamento, Administração aplicada à
Engenharia de Segurança, O Ambiente e as
Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho,
Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas
Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal,
Perícias, Proteção do Meio Ambiente,
Ergonomia e Iluminação, Proteção contra
Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos.
O quadro de Segurança do Trabalho de uma
empresa compõe-se de uma equipe
multidisciplinar composta por Técnico de
Segurança do Trabalho, Engenheiro de
Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e
Enfermeiro do Trabalho. Estes profissionais
formam o que chamamos de SESMT - Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho. Também os empregados
da empresa constituem a CIPA - Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes, que tem
como objetivo a prevenção de acidentes e
doenças decorrentes do trabalho, de modo a
tomar compatível permanentemente o trabalho
com a preservação da vida e a promoção da
saúde do trabalhador.
A Segurança do Trabalho é definida por
normas e leis. No Brasil, a Legislação de
Segurança do Trabalho compõe-se de Normas
Regulamentadoras, leis complementares,
como portarias e decretos e também as
convenções Internacionais da Organização
Internacional do Trabalho, ratificadas pelo
Brasil.
(http://www.areasea.com/sea/ - acesso em
24/04/2016)
1- São variadas as possibilidades de se
identificar os Gêneros textuais. Tendo como
referência o texto acima, identifique a
alternativa correta.

a) O texto referido é do gênero informativo, já


que apresenta informações sobre a Segurança
do Trabalho, possibilitando múltiplas
interpretações.
b) O texto referido é do gênero científico, já
que apresenta informações sobre a Segurança
do Trabalho, possibilitando múltiplas
interpretações.
c) O texto referido é do gênero científico, já
que apresenta informações sobre a Segurança
do Trabalho, possibilitando única interpretação.
d) O texto referido é do gênero informativo, já
que apresenta informações sobre a Segurança
do Trabalho, possibilitando única interpretação.
Texto

Facebook deixa você depressivo

Pura inveja. Você vai fuçar na vida alheia e


descobre que seu ex-chefe, aquele mala, está
de férias em Cancún. E o cara mais chato da
faculdade conseguiu o emprego dos seus
sonhos. Pior: postaram fotos, com a felicidade
estampada na cara. E você ali, estagnado no
trabalho, sem um centavo para viajar. O
cotovelo coça. Todo mundo parece mais feliz
do que você. Pobrecito…
Não se preocupe. Isso parece acontecer com a
maioria das pessoas que acessa o Facebook
com frequência. Os sociólogos Hui-Tzu Grace
Chou e Nicholas Edge, da Universidade Utah
Valley, conversaram com 425 estudantes sobre
a vida: se estavam felizes ou não com o rumo
das coisas, e se os amigos pareciam felizes.
Também disseram quanto concordavam com
expressões como “a vida é justa” ou “muitos dos
meus amigos têm uma vida melhor que a
minha”. Aí então contaram quantos amigos cada
um tinha no Facebook e quanto tempo passava
online – a média foi de 5 horas por semana.
E concluíram: quanto mais horas uma pessoa
passa no Facebook, maior a chance de achar
que a vida dos outros anda melhor. Isso
acontecia ainda mais quando as pessoas não
conheciam muito bem os contatos do
Facebook.

A explicação é fácil. Ninguém (ou quase


ninguém) posta fotos tristes no Facebook. É só
alegria – mesmo se a viagem for um fracasso e
o trabalho uma furada. Só que daí, do outro
lado da tela, tudo parece perfeito. Menos a sua
vida, real e completa, com dias bons e ruins.
Eu, hein.

(http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/f
acebook-deixa-voce-depressivo/)
2- O título afirma que o Facebook causa
depressão. De acordo com a leitura do texto,
percebe-se que isso ocorre porque:

a) ocorre um contato que é virtual e excessivo


e causa um forte isolamento.
b) muitos estudantes não acreditam que seja
possível ter uma vida injusta.
c) ocorrem muitos problemas no trabalho e
também em outros ambientes.
d) as pessoas acreditam que a vida dos outros
é sempre melhor que a delas.
3- A vida “real” e “completa” a que se refere o
autor, no último parágrafo do texto, seria
caracterizada por momentos:

a) bons e inovadores
b) curiosos e divertidos
c) ruins e traumáticos
d) bons e ruins
4- O texto é marcado pela postura subjetiva
uma vez que apresenta relatos pessoais.
Dentre os fragmentos transcritos abaixo,
assinale a opção cujo elemento linguístico em
destaque NÃO ilustre pessoalidade.

a) “é a fonte de energia que nos faz levantar”


b) “Outro dia, no meio da tarde, senti uma
fome”
c) “Uma fome que me deixou melancólica.”
d) “Minha geladeira, afortunadamente, está
cheia,”
e) “Isso me mantém de pé”
Texto
5- Na tirinha, a associação entre as linguagens
verbal e não verbal sugere que a personagem
Mafalda:

a) convida o amigo para vivenciar experiências


decorrentes da passagem do tempo.
b) questiona a real necessidade da marcação da
passagem do tempo.
c) critica a rapidez na passagem do tempo por
culpa dos relógios.
d) sugere novas possibilidades de marcação do
tempo em função de experiências pessoais.
e) espanta-se diante da constatação de que ainda
há muito tempo pela frente.
Texto

Aprendendo a pensar
(Frei Beto)

Nosso olhar está impregnado de


preconceitos. Uma das miopias que
carregamos é considerar criança ignorante.
Nós, adultos, sabemos; as crianças não
sabem.
O educador e cientista Glenn Doman se
colocou a pergunta: em que fase da vida
aprendemos as coisas mais importante que
sabemos?
As coisas mais importantes que todos
sabemos é falar, andar, movimentar-se,
distinguir olfatos, cores, fatores que
representam perigo, diferentes sabores etc.
Quando aprendemos isso? Ora, 90% de tudo
que é importante para fazer de nós seres
humanos, aprendemos entre zero e seis anos,
período que Doman considera “a idade do
gênio”.
Ocorre que a educação não investe nessa
idade. Nascemos com 86 bilhões de neurônios
em nosso cérebro. As sinapses, conexões
cerebrais, se dão de maneira acelerada nos
primeiros anos da vida.
Glenn Doman tratou crianças com
deformações esqueléticas incorrigíveis, porém
de cérebro sadio. Hoje são adultos que falam
diversos idiomas, dominam música,
computação etc. São pessoas felizes, com boa
autoestima. Ao conhecer no Japão um
professor que adotou o método dele, foi
recebido por uma orquestra de crianças; todas
tocavam violino. A mais velha tinha quatro
anos...
Ele ensina em seus livros como se faz uma
criança, de três ou quatro anos, aprender um
instrumento musical ou se autoalfabetizar sem
curso específico de alfabetização. Isso foi
testado na minha família e deu certo. Tenho um
sobrinho- neto alfabetizado através de fichas. A
mãe lia para ele histórias infantis e, em
seguida, fazia fichas de palavras e as repetia.
De repente, o menino começou a ler antes de
ir para a escola.
[...]
(Disponível em:
http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.Dhp
?artld=5069. Acesso em 27/12/15, adaptado)
6- Em relação às ideias apresentadas pelo
texto, só é correto afirmar que:

a) biologicamente, as crianças possuem pouca


capacidade de aprendizagem.
b) cientificamente, limitações físicas sempre
comprometem o desenvolvimento intelectual.
c) politicamente, os investimentos em
educação deveriam focar na autoalfabetização.
d) culturalmente, é comum que os adultos
considerem as crianças ignorantes.
7- De acordo com o texto, “a idade do gênio”
(3°§) faz referência à fase em que:

a) se aprendem as coisas mais importantes


para o ser humano.
b) a genialidade de uma criança distingue-se
da de outra de mesma idade.
c) a formação do caráter deve ser privilegiada
em relação à formação cultural.
d) todas as crianças deveriam ser iniciadas na
educação musical ou artística.
8- No sexto parágrafo, ao descrever a
experiência de alfabetização de seu sobrinho-
neto, o autor refere-se, indiretamente, a tese
do cientista Glenn Doman por meio da:

a) exemplificação
b) explicação
c) retificação
d) enumeração
Texto

Sonhos

Sonhar é como ir ao cinema. Seus olhos se


fechando são como as luzes do cinema se
apagando, e seu sonho é como um filme
projetado na tela. Só que... Só que, mesmo
que você não saiba exatamente o que vai ver
no cinema, tem uma ideia. Leu uma sinopse do
filme no jornal, viu o cartaz. Sabe se vai ser um
drama ou uma comédia. Sabe quem são os
atores. Sabe que, se for filme de horror, vai se
assustar, se for um filme com o Silvester
Stallone, vai ter soco etc. Quer dizer: você
entra no cinema preparado. Mas você nunca
dorme sabendo o que vai sonhar.

(Luís Fernando Veríssimo, fragmento)


9- Segundo o texto, a diferença essencial entre
o filme e o sonho é:

a) a objetividade do primeiro.
b) o desconhecimento do segundo.
c) a recorrência do primeiro.
d) a previsibilidade do segundo.
Texto

Estojo escolar
(Carlos Heitor Cony)

Noite dessas, ciscando num desses canais a


cabo, vi uns caras oferecendo maravilhas
eletrônicas, bastava telefonar e eu recebería
um notebook capaz de me ajudar a fabricar um
navio, uma estação espacial.
Minhas necessidades são mais modestas:
tenho um PC mastodôntico, contemporâneo
das cavernas da informática. E um laptop da
mesma época que começa a me deixar na
mão. Como pretendo viajar esses dias,
habilitei-me a comprar aquilo que os caras
anunciavam como o top do top em matéria de
computador portátil.
No sábado, recebi um embrulho complicado
que necessitava de um manual de instruções
para ser aberto. Depois de mil operações
sofisticadas para minhas limitações, retirei das
entranhas de isopor o novo notebook e
coloquei-o em cima da mesa. De repente,
como vem acontecendo nos últimos tempos,
houve um corte na memória e vi diante de mim
o meu primeiro estojo escolar. Tinha cinco
anos e ia para o jardim de infância.
Era uma caixinha comprida, envernizada,
com uma tampa que corria nas bordas do
corpo principal. Dentro, arrumados em
divisões, havia lápis coloridos, um apontador,
uma lapiseira cromada, uma régua de 20 cm e
uma borracha para apagar meus erros.
Da caixinha vinha um cheiro gostoso, cheiro
que nunca esquecí e que tonteava de prazer.
Fechei o estojo para proteger aquele cheiro,
que ele ficasse ali para sempre, prometi-me
economizá-lo. Com avareza, só o cheirava em
momentos especiais.
Na tampa que protegia estojo e cheiro havia
gravado um ramo de rosas muito vermelhas
que se destacavam do fundo creme. Amei
aquele ramalhete - olhava aquelas rosas e
achava que nada podia ser mais bonito.
O notebook que agora abro é negro, não
tem rosas na tampa e, em matéria de cheiro, é
abominável. Cheira vilmente a telefone celular,
a cabine de avião, ao aparelho de
ultrassonografia onde outro dia uma moça veio
ver como sou por dentro. Acho que piorei de
estojo e de vida.
10- O texto lido é uma crônica e explora a
variante informal da língua para aproximar-se
do leitor. Desse modo, assinale a opção cujo
fragmento transcrito comprove essa afirmativa.

a) “E um laptop da mesma época que começa


a me deixar na mão.”(2°§)
b) “No sábado, recebi um embrulho
complicado” (3°§)
c) “Com avareza, só o cheirava em momentos
especiais.” (5°§)
d) “Na tampa que protegia estojo e cheiro
havia gravado um ramo de rosas” (6°§)
11- A partir da leitura atenta do texto, é correto
afirmar que o autor:

a) considera que as “maravilhas eletrônicas”


são essenciais à humanidade.
b) revela seu interesse pelas tecnologias,
sobretudo as da área de informática.
c) critica as tecnologias em função do alto
preço que, em geral, possuem.
d) externa seu posicionamento negativo em
relação às novas tecnologias.
12- (Adaptada) Tanto na crônica quanto no
poema os enunciadores não se limitam a
apresentar o fato; eles também buscam causar
comoção em seus leitores. A função de
linguagem que melhor retrata esse objetivo e os
trechos que podem representar esse aspecto
são, respectivamente:

a) Função metalinguística; “Morreu de Fome” e


“Meu Deus”
b) Função fática; “Leio no jornal” e “Vi ontem um
bicho”
c) Função poética; “Leio no jornal” e “Vi ontem
um bicho”
d) Função conativa, “Morreu de Fome” e “Meu
Deus”
e) Função referencial; “Um homem de cor
branca” e “Na imundície do pátio”
Texto

Corrida contra o ebola

Já faz seis meses que o atual surto de ebola


na África Ocidental despertou a atenção da
comunidade internacional, mas nada sugere
que as medidas até agora adotadas para
refrear o avanço da doença tenham sido
eficazes.

Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000


contaminações registradas neste ano
ocorreram nas últimas três semanas, e as mais de
2.000 mortes atestam a força da enfermidade. A
escalada levou o diretor do CDC (Centro de
Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, Tom
Frieden, a afirmar que a epidemia está fora de
controle.

O vírus encontrou ambiente propício para se


propagar. De um lado, as condições sanitárias e
econômicas dos países afetados são as piores
possíveis. De outro, a Organização Mundial da
Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade um
contingente expressivo de profissionais para atuar
nessas localidades afetadas. (...)
13- A função da linguagem predominante no
texto “Corrida contra o ebola” é a:

a) metalinguística
b) emotiva
c) fática
d) referencial
e) apelativa
Texto

Amanheci um dia pensando em casar. Foi


uma ideia que me veio sem que nenhum rabo
de saia a provocasse. Não me ocupo com
amores, devem ter notado, e sempre me
pareceu que mulher é um bicho esquisito,
difícil de governar.
A que eu conhecia era a Rosa do Marciano,
muito ordinária. Havia conhecido também a
Germana e outras dessa laia. Por elas eu
julgava todas. Não me sentia, pois inclinando
para nenhuma: o que sentia era desejo de
preparar um herdeiro para as terras de S.
Bernardo.
Tentei fantasiar uma criatura alta, sadia, com
trinta anos, cabelos pretos – mas parei aí. Sou
incapaz de imaginação, e as coisas boas que
mencionei vinham destacadas, nunca se juntando
para formar um ser completo. Lembrei-me de
senhoras minhas conhecidas: d. Emília
Mendonça, uma Gama, a irmã de Azevedo
Gondim, d. Macela, filha do dr. Magalhães, juiz de
direito.

(RAMOS, Graciliano. São Bernardo, Rio de


Janeiro: Record, 2009, p. 67)
14- Uma leitura atenta do texto permite ao leitor
perceber que a técnica de composição
empregada pelo autor possui um caráter
predominantemente:

a) dissertativo, marcado pela defesa de um


ponto de vista delimitado pelo contraste de
argumentos.
b) simbólico, pelo qual se destacam os inúmeros
elementos que representam exemplos de
linguagem conotativa.
c) descritivo, consideravelmente marcado pela
presença de adjetivos e pela representação
verbal de um dado momento.
d) narrativo, por meio do qual se evidencia a
progressão temporal de ações marcadas pelo
dinamismo dos fatos.
e) apelativo, pelo qual se destaca a
interlocução em uma tentativa frequente de
convencimento do leitor.
15- Através do texto de Graciliano Ramos, só
NÃO é possível inferir que o emissor:

a) é preconceituoso em relação às mulheres.


b) não se considera um sujeito romântico.
c) apresenta caráter mais materialista.
d) é dotado de vasta capacidade imaginativa.
e) não se percebia apaixonado por mulher
alguma.
16- Em “Dentro de um abraço nenhuma
situação é incerta, o futuro não amedronta,
estacionamos confortavelmente em meio ao
paraíso”, percebe-se que a autora atribui, de
modo indireto, uma característica ao abraço.
Trata-se da:

a) satisfação
b) segurança
c) ambição
d) cautela
e) alienação
Texto
17- A charge acima efetiva uma crítica bem
humorada a um dos grandes desafios do mundo
contemporâneo no que diz respeito à
sustentabilidade: a alocação do lixo. Além da
exploração dos recursos visuais, o humor efetiva-
se:

a) Pelo desespero dos personagens evidenciado


em suas falas.
b) Pelo comprometimento do senhor com o
conteúdo que está lendo.
c) Pela duplicidade de sentido de um dos
vocábulos.
d) Pela necessidade de mudança defendida com
vigor.
Texto

Sinto-me um pouco intrusa vasculhando minha


infância. Não quero perturbar aquela menina
no seu ofício de sonhar. Não a quero
sobressaltar quando se abre para o mundo que
tão intensamente adivinha, nem interromper
sua risada quando acha graça de algo que
ninguém mais percebeu.

Tento remontá-la aqui num quebra-cabeças


que vai formar um retrato - o meu retrato?
Certamente faltarão algumas peças. Mas,
falhada e fragmentária, esta sou eu, e me
reconheço assim em toda a minha
incompletude.

Algumas destas narrações já publiquei. São


meu rebanho, e posso chamá-las de volta
quando quiser. Muitas eu mesma vi e vivi;
outras apanhei soltas no ar, pois sempre há
quem se exponha a uma criança que finge não
escutar nem enxergar muita coisa da sua vida
ao rés-do-chão.

Aqui onde estou - diante deste computador,


nesta altura e deste ângulo -, afinal compreendo
que não são as palavras que produzem o
mundo, pois este nem ao menos cabe dentro
delas. Assim aquela menina dançando no pátio
na chuva não cabia no seu protegido cotidiano:
procurava sempre o susto que viria além.

Então enfiava-se atrás dos biombos da


imaginação, colocava as máscaras e espiava o
belo e o intrigante, que levaria o resto de sua
vida tentando descrever.

(Lya Luft, Mar de dentro, p. 13-14)


18- O texto acima pode ser entendido como
pertencente à tipologia narrativa. Desse modo,
todos os elementos abaixo comprovam essa
classificação, exceto:

a) a presença de um narrador em primeira pessoa


que relata, com parcialidade, os fatos e elementos
descritos.
b) referências espaciais como o estar “diante
deste computador, nesta altura e deste ângulo”.
c) A presença de personagens como “aquela
menina no seu ofício de sonhar”.
d) A defesa de um posicionamento que fica claro
na oposição entre o adulto e a criança no texto.
19- A leitura do texto, tomado em sua totalidade,
permite inferir que:

a) A postura intrusa, referida no primeiro parágrafo,


refere- se à falta de permissão para entrar na casa
da menina.
b) As atitudes de uma pessoa são, invariavelmente,
as mesmas, na infância ou na fase adulta.
c) As narrações já publicadas pela narradora são
sempre resultados de experiência que ela
vivenciara na infância.
d) O retrato fragmentado e a imagem de um
“quebra-cabeças” são resultados de uma postura
recordadora.
20- No texto, destaca-se o emprego de duas
funções da linguagem. São elas:

a) emotiva e poética
b) apelativa e referencial
c) metalinguística e fática
d) referencial e emotiva
Texto

As sem-razões do amor
(Carlos Drummond de Andrade)

Eu te amo porque te amo,


Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,


é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo


bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,


e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
21- As ideias apresentadas no poema de
Drummond legitimam uma dupla interpretação
de seu título. Quanto a isso, assinale a
afirmação correta.

a) O amor pode ser fruto de muitas razões ou


de razão nenhuma.
b) Amar sempre tem um motivo, muito embora
possa não ser recíproco.
c) O amor não é eterno, porém deve ser vivido
intensamente.
d) O amor surge sem explicações e da mesma
forma desaparece.
22- Ao discorrer sobre o amor, o eu-lírico, em
alguns momentos, dirige-se claramente a um
interlocutor, o que se verifica por meio de
certas marcas linguísticas. Dentre as
alternativas a seguir, assinale aquela que NÃO
apresenta nenhuma marca de interlocução:

a) “Eu te amo porque te amo” (v.1)


b) “Não precisas ser amante” (v.2)
c) “Eu te amo porque não amo” (v.12)
d) “por mais que o matem (e matam)” (v.20)
GABARITO

1- D 12- D
2- D 13- D
3- D 14- C
4- C 15- D
5- E 16- B
6- D 17- C
7- A 18- D
8- A 19- D
9- B 20- A
10- A 21- A
11- D 22- D

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