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Prefacio Esta Gramética foi idealizada hd muito tempo, quando, unida a forte amizade, 14 wos ligava uma comvergincia de formagao, interesses ¢ objectivas. Sentian-la como ma argente necessidade para 0 ensino da lingua portuguesa nao sé em Portugal, no Brasil ¢ nas nagies da Africa em que o portugués & lingua oficial, mas em todos 0s pabses em que se estuda 0 nosso idioma, Pareciaswos faltar uma descrigao do portugués contemporéneo que levasse em conta, simultaneanente, as diversas normas vigentes dentro do seu vasto domtaio geogrdfico (principalmente as admitidas como padrao em Portugal ¢ no Brasil) @ fosse, assim, fonte de informardo, tanto quanto posstoel completa actualizada, sobre elas; serviria simultaneamente de guia orientador de uma expressio oral ¢ escrita gue, para 0 presente momento da evolugao da lingua, se pudesse considerar correcta», de acordo com 0 conceito de acorrecgdo» que adoptanos no Capitulo 1. De entio para ci virias descrigies importantes do portugués se foram publi- cando, entre as quais & justo destacar a Esteutata da lingua portuguesa, de Joa- quim Matos Camara Jinior (1969); a Gramética simbélica do portugues, de Oscar Lopes (1971); a Gramética da lngua portuguesa, de Pilar Véequet, Cesta ¢ Maria Albertina Mendes da Lz, mormente a partir da 3.8 edigao refundida (1971), sobre a qual se fex a tradugao portuguesa (1980); 6, mais recentemente, a Gramitica da lingua portuguesa, de Maria Helena Mira Mateus, Ana Maria Brito, Ints Silva Duarte ¢ Teabel Hub Faria (1983). Nenbuma, porém, ¢ por diversas rapes, correspondia ao nosso objective inicial. A de Pilar Vidgguee, Cuesta € Maria Albertina Mendes da Lacy apesar do stu rigor ¢ qualidade, considerava as caractertsticas do portugués, sobretudo, do ponto de vista de um falante de lingua espanbola, com todos os inconvenientes (¢ também as vantagens) que itso implica A de Matoso Camara Jinior baseavarse no padrao do- portugits do Brasil \; 1 Duas gramiticas de inegiveis méritos ¢ de larga difusio no Brasil — a Gra itica normatioa da lingna portnguesa, de Rocha Lima (23.* ed., 1983), © a Moderna itica portuguesa, de Evanildo Bechara (27.8 ed., 1982) — sto bem anteriores 20 ‘nosso. projecto. as outras dias levavam em conta fundamentalmente a norma de Portugal e tinbam como objection, nao propriamente o ensino da Hingua portuguesa, mas andlises ¢ reflexes, da maior interesse, sobre a estrutura e faacionantento interno, expostas numa lin- ca de acesso dificil para os do iniciados. jam de particular menzao pelo se alto nivel é 0 Manuel de a lanigue portugaise (Postugal-Brésil) , de Paul Teysier, obra em que pela primeira vex se apresentam sistematicanente em confronto as normas europeia americana do portugues. Por outro lado, um de nis, Celso Cunba, elaboron ¢ publicou em sucessivas edigies a sua Gramética do portugues contemporineo (1.8 ed., 1970 — 10.9 edn, 1983) € 4 sua Gramética da lingua portuguesa (1.9 ed., 1972 —7.* ed. 1943), ( que, emiara amplamente baseadas, quanto a linguagem escrita, tanto em autores portugueses como brasileiros, tinham principalmente em conta a variedade americana Digno ainda nao correspondiam, portanto, ao projecto primitivo. . Foi esse projecto que bd pouco mais de trés anos resolvemos relomar, ¢ 0 resultado do esforso conjunto é a obra que agora apresentames a0 piblio. ‘As caracteristicas gerais desta Nova gramética do portugués contempor’- eis de definir Trata-se de wma tentativa de descrigdo do portugits actual na sua forma lta, isto é, da lingua como, a thm stilizado os escritores portugueses, brasileiros ara cd, dando naturalmente uma situardo privilegiada aos autores dos nossos dias. Nao descurams, porim, dos factos da linguagem cologuial, especialmente ao analisarmos os empregos € os valores afectivos das formas Nao desjamos discorrer sobre o plano da obra, mas nao podemos deixar de fazer 1 reforincia a alguns aspectos metodoliicas. ta G1 mitica prelende mostrar a superior unidade da lingua portuguesa sural diversidade, particularmente do ponto de vista diatépico, atengio se dew as diferengas no uso entre as madalidades 2 Paris, Klincksieck, 1976. Daca a quase total auséncia, neste momento, de estudos rigorosos ¢ apro- re a linguagem coloquial dos pafses africanos de lingua oficial por- matamo-nos a remeter para as Actas do Congresso sobre a Situagio Actual Portuguesa no Mundo (Lisboa, 1983), cuja publicacio se anuncia para se encontram importantes contribuigdes trazidas pelos represen: = paises em causa (Irene Guerra Marques, pela Repiblica Popular de Ramos, pela Repéblica de Cabo Verde; Maria Augusta Henri- biica da Guiné-Bissau; Pexpétua Goncalves, pela Republica Megambique; e Carlos do Espleito Santo, pela Repdblica Democri- Principe), nasionais ¢ reg nacional exrop No estudo @ eguivaléncia acistica ¢ da 4 palaora na i morfo-sintaxce. Notar-se- mas, de certo 1 Enbora, gramatical, ine Uma pal das obras citad ilustragao dos f. esta nao impli Toda a 0 seus autores. C autoria, que a Capitulo 3 ¢ « redaccao dos de Queremos, que esta obra s Pinto de Lima, redo Brandao ¢ Um agrac obra, pelo peno tectual da vers Onoméstico; a projecto pela autor da capa, pelo paciente en Lisboa, 1 ortugal etinbam como f amalises ¢ reflextes, p, expastas nunia lin Manuel de Ia langue gue pela primeira vex ipeia € americana de bublicon em sucessvas ¢d., 1970 — 10.8 ed, p72 — 7.8 ed. 1983) lay tanto em autores lr variedade americana vemos retomar, ¢ 0 0 piblico, rugués contempora- lactnal na sua forma hortugueses, brasileiros ) situagao privilegiada factos da linguagem afectvos das formas hdemos deicar de fazer b da Lingua portuguesa fo de vista diatopic, entre as modaidades {los rigorosos e apro- ide agua oficial por- pobre @ Sitwagao Actual glo se anuncia para juidas pelos represen: Republica Popular de Maria Augusta Henri lives, pela Repsblica | Repoblica Democri- racionais € regionais do idioma, sobretudo as que se observam entre a variedade nacional enropeia ea americana. No estudo da fonttica ¢ da fonologia, procurou-se estabelecer, sempre que possivel, 4 equivaléncia entre os conceitos e a terminologia tradicionais ¢ os da fo acistica ¢ da fonologia modernas; no estudo das classes de «@ palaora na sua forma ¢, a seguir, na sua fungao, de acordo com os principios da morforsintazce. Notar-se-é, por outro lado, uma permanente preocupasao de salientar ¢ valo: rizar os meias expressivos do idoma, 0 que torna este lioro nao apenas uma gramitica, nalavras, examinowse ‘mas, de certo modo, uma introdusao.ctestlistica do portugués contempordneo Embora, a rigor, 0 estudo da versifcario nao fara parte de uma descrigao sramatical, inclin-se um capttulo final sobre o enunciado em verso, complementar, a nosso ver, do estudo da entoacao da prosa, a que se deu atengao no Capitulo 7. Uma palavra deve ser dita em referéncia & transcrigao dos textos. Os titulos das obras citadas foram reproducidos na ortegrafia original; os textos que servem de ilustragao dos factos gramaticais, transcrevemo-los na ortografia portuguesa sempre que esta néo implicava peculiaridade fonttica do autor. Toda a obra foi objecto de exame conjunto ¢ de troca de sugesties entre os seus antores. Cumpre-nos, no entanto, dizer, para resguardar as responsabilidades de ‘autoria, que a Lindley Cintra se deve a redacgao do Capttulo 2, da maior parte do Capitulo 3 ¢ do tratamento contrastioo do Capttulo 13. A Celso Cunha cabe a redacsao dos demais capttulos, bem como a exenplificasaa adiegida, Queremos, por fim, expressar a nossa gratidio a todos os que contribuiram para que esta bra salsse com menos imperfeigdes, em particular os wossos colegas Joram Pinto de Lima, Maria do Carmo P. Machado, Edila Viana da Silva, Silvia Figuei- redo Brandao ¢ Cilene da Cunba Pereira Um agradecimento especial enderegamos a Cinira, permanente animadora da ira, pelo penoso trabalho de ajuda na revisio das provas tipogréficas ¢ de confronto tual da versdo portuguesa com a brasileira, assim como pela elaboragado do Indice Onomistico; a Jodo ¢ Idalina Sd da Cesta, pela confianga desde 0 inicio demonstrada no rojecto ¢ pelo enorme esforgo despendido na sua concretizasao; a Sebastiao Rodrigies, stor da capa, pelo sew bom gosto, « ao pessoal da Tipografia Guerra, de Viten, elo paciente cuidedo posto na composigao e impressto deste loro Lisboa, 19 de Maio de 1984 Celso Cunha Luis F. Lindley Cintra xv

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