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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO

MÓDULO II – SEMINÁRIO I
ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS E REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
Nayrê Silva Barbosa

BAURU
2023
1. Quanto à ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária, pergunta-
se:
a) Quando nasce o interesse processual para sua propositura?
b) O manejo do referido instrumento processual em momento anterior à constituição
do crédito configura questionamento de “lei em tese”? Aponte o que é
questionamento de “lei em tese”.
c) Há interesse jurídico na sua propositura após a expedição do ato constitutivo do
crédito tributário? Em caso afirmativo, quais seriam os efeitos da referida tutela
jurisdicional? (Vide anexos I e II)
d) O que pode justificar a escolha pela propositura de uma ação declaratória de
inexistência de relação jurídica tributária ao invés de um mandado de segurança
preventivo?
Resposta: a) O interesse processual para propositura de uma ação declaratória
nasce quando presente estado de incerteza do contribuinte por força da exigência
fiscal.
b) A lei em tese é o ato normativo de caráter geral e abstrato, referindo-se à norma
em abstrato, que não está aplicada em um caso concreto.
A impugnação da lei em tese não é permitida através de Mandado de Segurança,
nos termos da Súmula 266 pelo STF, isto porque a lei em tese, como norma abstrata
de conduta, não lesa qualquer direito individual e o mandado de segurança não
pode ser utilizado como mecanismo de controle abstrato da validade constitucional
das leis e dos atos normativos em geral [MS 34432 AgR, rel. min. Luiz Fux, P, j. 07-
03-2017, DJE 56 de 23-03-2017.]
Por outro lado, quando se trata de ação declaratória, ela é aplicável a todos os
casos que não se enquadram na possibilidade de impetração de Mandado de
Segurança. Nestes termos, quando a ação declaratória é julgada procedente, afasta-
se a presunção de legalidade da lei em tese que viesse a ser aplicada pelo Estado-
Fisco, por meio da proibição.
c) A meu ver não há interesse jurídico na sua propositura após a expedição do ato
constitutivo do crédito tributário, isto porque passa a ser o caso de ação anulatória
de débito fiscal, a qual pressupõe o lançamento que se pretende desconstituir ou
anular.
d) As duas ações possuem conteúdo declaratório, isto porque atuam antes da
edificação da norma individual e concreta.
Todavia, o mandado de segurança possui caráter especial, uma vez que se encontra
vinculado ao preenchimento de requisitos específicos, quais sejam, ato de
autoridade pública e direito líquido e certo. Assim, como a ação declaratória é
genérica, aplica-se a todos os casos que não se adequam a impetração de mandado
de segurança.

2. Quanto à ação anulatória de débito fiscal, pergunta-se:

a) É viável a propositura de ação anulatória para desconstituição de relação


jurídica constituída pelo próprio contribuinte com a apresentação de informações
ao Fisco no cumprimento de um dever instrumental, no qual foi apurado o valor do
tributo devido, mas esse valor ainda não foi pago?
b) É possível buscar a anulação de crédito tributário que foi inserido em
parcelamento, considerando que o sujeito passivo precisou assinar termo de
confissão dessa dívida para aderir a esse parcelamento? E se esse crédito já
estava prescrito no momento do parcelamento? Sob qual fundamento seria
possível questionar esses créditos já confessados? (vide anexo III – tema
repetitivo 375 do STJ – e anexo IV)
c) Qual é o prazo prescricional para a propositura da ação anulatória de débito
fiscal? É possível ingressar com ação anulatória de débito após a propositura da
ação executiva fiscal? E após o transcurso do prazo para apresentação dos
embargos à execução?
d) A propositura de ação anulatória depende da realização do depósito do valor
do crédito tributário que está sendo discutido?
Resposta: a) Sim, é viável a propositura de ação anulatória, uma vez que posta a
norma constitutiva da obrigação tributária, o contribuinte é submetido a exigência
fiscal. Assim, a única forma de retomar o passado para defesa do contribuinte seria
a anulatória.
b) De acordo com o entendimento do STJ, é possível a utilização da ação anulatória
para discussão de aspectos jurídicos, uma vez que os elementos da relação jurídica
tributária encontram fundamento de validade na legislação ordinária e constitucional,
não podendo ser afastados por simples acordo de vontade entre as partes. Ainda,
questões formais inerentes à constituição do crédito tributário confessado são
passíveis de discussão no âmbito judicial.
c) O prazo para propositura da ação anulatória é de 5 anos contados da notificação
do lançamento. De acordo com o STJ é possível ingressar com ação anulatória
depois da propositura do executivo fiscal, isto porque os embargos à execução não
são o único meio de defesa, pois também existe a via ordinária.
Particularmente, entendo que mesmo após o transcurso do prazo para apresentação
dos embargos à execução ainda seria cabível ação anulatória, uma vez que sua
preclusão não pode recair sobre outras ações previstas na legislação.
d) De acordo com o tema repetitivo 241 pelo STJ, “O depósito prévio previsto no art.
38, da LEF, não constitui condição de procedibilidade da ação anulatória, mas mera
faculdade do autor, para o efeito de suspensão da exigibilidade do crédito tributário,
nos termos do art. 151 do CTN, inibindo, dessa forma, o ajuizamento da ação
executiva fiscal.”

3. O que caracteriza os institutos da conexão, da continência e da prejudicialidade?


Quais dessas relações podem existir entre a ação anulatória de débito, a ação
executiva fiscal e os embargos à execução fiscal? Qual é o juízo competente para
julgá-las? Deverão ser reunidas para julgamento conjunto? Responder a essa
pergunta, com base nas disposições do código de processo civil de 2015 que tratam
da modificação da competência (artigos 54 a 63). (Vide os anexos V, VI e VII).
Resposta: Conexão: São conexas duas ou mais ações que possuem em comum o
pedido ou a causa de pedir.
Continência: Na continência uma causa está compreendida (contida) na outra.
Prejudicialidade: Corresponde às causas em que a resolução de uma depende,
necessariamente, da solução da outra.
É possível a conexão entras as ações em virtude da relação de prejudicialidade
existente entre tais demandas.
De acordo com o STJ, havendo conexão entre as ações, impõe-se a reunião dos
processos para que sejam evitadas decisões conflitantes. Ajuizada primeiro a
execução fiscal, o respectivo juízo deve processar e julgar ambas as ações.

4. Você é procurado pela empresa AZT Foods do Brasil Ltda que lhe apresenta o
seguinte caso concreto:
Em função de sua atividade a empresa AZT Foods do Brasil Ltda. está sujeita ao
pagamento de determinado tributo pela venda de seu produto. Nos últimos 3 anos,
em função de algumas dificuldades financeiras, ela não pagou o tributo devido (e
sequer informou seus débitos ao Fisco), pretendendo fazê-lo agora por se encontrar
em melhores condições financeiras. Contudo, em função do inadimplemento, a
confissão do débito para fins “denúncia espontânea” está sujeita a multa de 45% do
valor da operação (venda de seu produto), cuja instituição se deu por ato normativo
infralegal.
A AZT solicita um parecer em que você deverá apontar:
(a) a estratégia processual (a medida judicial ou medidas judiciais) a ser adotada
para a defesa dos seus interesses, devendo ser justificada a opção da(s) medida(s),
com a indicação do dispositivo de lei que determina o seu cabimento;
(b) o(s) fundamento(s) jurídico(s) que poderá(ão) ser(em) utilizado(s) para afastar a
exigência dessa multa – causa de pedir;
(c) a necessidade, ou não, de efetivação do depósito judicial;
(d) o pedido da ação (ou ações);
(d) o efeito da sentença pretendido com a ação (ou ações).
Resposta: a) A medida judicial a ser adotada nesse caso seria a ação declaratória,
nos moldes do art. 19 e 20 do CPC.
b) Existem dois fundamentos que poderão ser utilizados, o primeiro deles é a
inconstitucionalidade da multa exigida, uma vez que sua instituição se deu por ato
normativo infralegal, cuja função seria unicamente regulamentar a aplicação de lei.
Outro fundamento seria acerca de eventual efeito confiscatório da multa, já que a
multa aplicada com base no valor da operação muitas vezes supera o valor do
próprio tributo devido, devendo ser limitada ao valor do imposto. Ressalta-se, ainda,
que de acordo com o STF as multas moratórias, que visam a desestimular o atraso
no pagamento do tributo, não devem ultrapassar 20%.
c) Não há necessidade de depósito judicial.
d) O objetivo da sentença é que seja declarado o direito da autora em realizar o
pagamento fruto da denúncia espontânea sem a exigência da multa ou,
subsidiariamente, que a multa de mora exigida não seja superior a 20%.

5. Na ação de consignação em pagamento, o que extingue a obrigação tributária: (i)


a consignação em pagamento; (ii) a conversão em renda do valor consignado; (iii)
a sentença que julga procedente a ação de consignação em pagamento; ou (iv) a
decisão judicial de procedência da ação transitada em julgado? Fundamente sua
resposta.
Resposta: Na ação de consignação em pagamento o que extingue a obrigação
tributária é a sentença que julga procedente a ação, isto porque a constituição do
fato jurídico da extinção fecha o ciclo de positivação do direito tributário, ficando o
contribuinte protegido pela edificação de linguagem que o reconhece como
adimplente (Paulo Cesar Conrado, Processo Tributário, 3ª ed).

6. Contribuinte sediado no Estado de São Paulo tem lavrado em seu desfavor auto
de
infração de ICMS pelo Estado do Mato Grosso (problemas atinentes à
documentação
fiscal que acompanhava a mercadoria, bem como ao não destaque do diferencial de
alíquotas supostamente devido ao Estado do Mato Grosso). Inconformado com essa
situação, referido contribuinte lhe procura para que ajuíze ação anulatória,
questionando-lhe, nessa ocasião, acerca do foro competente no qual deve ser
processada a referida ação. Apresente, de forma fundamentada, sua resposta a
esse questionamento, analisando o caso à luz da regra veiculada no parágrafo único
do artigo 52 do Código de Processo Civil/15.
Resposta: De acordo com o artigo 52 do Código de Processo Civil, quando o
Estado for o demandando (caso em tela) a ação poderá ser proposta o foro de
domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de
situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.
Neste caso, recomendaria a tramitação pelo Estado do Mato Grosso, pois se trata
do local da lavratura do auto de infração.

7. Observadas as situações concretas abaixo descritas, identifique o(s)


instrumento(s)
processual(is) judicial(is) adequado(s) para a defesa dos interesses do sujeito
passivo da obrigação tributária, considerando as ações que são estudadas neste
Seminário III, fundamentando adequadamente cada resposta e considerando o ciclo
de positivação da obrigação tributária (ver anexo VIII):
a) Exercício da competência tributária pelo ente político com a edição e a publicação
da regra-matriz de incidência tributária, mas antes da constituição da obrigação
tributária;
Resposta: Mandado de Segurança Preventivo
b) Constituição da obrigação tributária sem que tenha havido a intimação do sujeito
passivo desse ato constitutivo da dívida;
Resposta: Ação Declaratória
c) Dúvida a respeito do sujeito ativo da obrigação tributária;
Resposta: Consignação em pagamento
d) Inscrição do crédito tributário em dívida ativa;
Resposta: Ação Anulatória
e) Constituição da obrigação tributária com a intimação do sujeito passivo desse ato
constitutivo da dívida;
Resposta: Ação Anulatória
f) Ajuizamento de execução fiscal cobrando crédito tributário prescrito;
Resposta: Exceção de Pré-Executividade
g) O sujeito ativo da obrigação tributária está condicionando o pagamento do tributo
ao pagamento de uma multa instituída por instrução normativa;
Resposta: Ação Anulatória
h) Intimação de penhora de bens nos autos de execução fiscal.
Resposta: Embargos à execução fiscal

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