A ideia de que a lei vigorou apenas no Antigo Testamento e a
graça no Novo Testamento é equivocada. Ambas sempre andaram de
mãos dadas, cada uma cumprindo a sua função. A Bíblia diz que o “Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:8), e que “a graça nos foi dada em Mashiach Jesus antes dos tempos dos séculos” (2 Timóteo 1:9). Portanto, os pecadores do Antigo Testamento também se salvaram pela graça. Eles deveriam manter a fé no Cordeiro de YHWH que viria. Como afirmar que a graça veio depois da cruz? Noé achou graça diante de Elohim (Gênesis 6:8), Abraão foi salvo pela graça, (Gálatas 3:8; Romanos 4:3), Davi não se salvou pelos próprios méritos, mas pela fé em Mashiach (Romanos 4:6). Então, a graça é o meio universal e eterno de Elohim salvar os pecadores. E a lei, não foi cravada na cruz? Não estamos agora, “debaixo da graça”? Romanos 3:31 diz: “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.” Jesus veio nos libertar da condenação que a lei nos impunha. Se a Lei de Elohim tivesse sido abolida, teríamos que suprimir o pecado, porque “pela lei vem o conhecimento do pecado” (Romanos 3:20), “o pecado é transgressão da lei” (I João 3:4) e “onde não há lei também não há transgressão”. (Romanos 4:15). A função da Lei é revelar o pecado e conduzir o pecador a Mashiach a fim de ser salvo. Isso significa que não estamos mais “debaixo da lei”. Se a lei tivesse sido abolida, não haveria transgressão (1 João 3:4) e, necessariamente, não haveria condenação. E não havendo condenação, não há necessidade de graça. Sem lei não há graça. Uma pressupõe a outra. A graça, além de nos salvar da condenação da lei, habilita-nos a viver em harmonia com os preceitos celestiais, com o padrão divino. Não há contradição, mas uma interdependência entre lei e graça. Elas se harmonizam e completam-se em suas funções. Como escreveu um autor evangélico: “A graça não importa em liberdade para pecar, mas numa mudança de senhores, e numa nova obediência e serviço. A graça não anula a santa Lei de Elohim, mas unicamente a falsa relação do homem para com ela.” (Vincent, Word Studies, vol. 3, p. 11). Como regra de vida, ela é vital para nossa salvação. O próprio Senhor Jesus explicou por quê: “Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.” Mateus 19:17. A Lei aponta o pecado, funciona como uma espécie de espelho: “Pois se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante a um homem que contempla no espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo e vai-se, e logo se esquece de como era. Entretanto aquele que atenta bem para a lei perfeita, a da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas executor da obra, este será bem-aventurado no que fizer.” Tiago 1:23-25. Assim como o espelho apenas nos mostra a sujeira em nosso corpo e não é capaz de removê-la, da mesma forma acontece com a Lei. É através da Lei que nós tomamos conhecimento do pecado (Romanos 3:20). Quando sentimos a necessidade de limpeza, corremos à fonte que se encontra aberta para remover o pecado e a impureza (Zacarias 13:1), onde somos purificados pelo sangue do Cordeiro (Apocalipse 7:14). A partir daí essa transformação passa a ser visível e confirmada através uma vida contínua de obediência à eterna Lei de YHWH. A Lei nos assegura liberdade, o Senhor Jesus disse que “todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” João 8:34. Isto quer dizer que quando transgredimos a Lei de Elohim, somos escravos e em conseqüência não temos liberdade. No entanto, a obediência aos Dez Mandamentos, esta sim, nos assegura verdadeira liberdade e também nos assegura uma consciência tranqüila, livre de aborrecimentos, culpas e remorsos, que minam as forças vitais de nossa vida. O salmista disse o seguinte: “Andarei em liberdade, pois busquei os Teus preceitos.” Salmos 119:45. A Lei estabelece o padrão de justiça; da mesma forma como Elohim, Seus “mandamentos são justiça.” Salmos 119:172. Portanto, a Lei estabelece o padrão de justiça. Muitos preferem estabelecer um padrão de vida segundo a sua própria consciência. Isto é muito perigoso, porque a consciência humana é instável. A consciência de alguns é “fraca”, enquanto a de outros é “corrompida”, “má” ou “cauterizada” (ver I Coríntios 8:7 e 12; Tito 1:15; Hebreus 10:22 e I Timóteo 4:2). A nossa consciência nos diz que devemos proceder de modo correto, mas não nos diz o que é correto. Somente uma consciência aferida segundo o grande padrão divino, que é a Lei de Elohim, pode evitar que mergulhemos em profundo pecado. As Escrituras dizem o seguinte: “Teme a YHWH e guarda os Seus mandamentos, pois este é o dever de todo homem. Porque todos os fatos, mesmos os mais ocultos, quer sejam bons ou maus, finalmente por YHWH serão julgados.” Eclesiastes 12:13-14 (ver também Tiago 2:12). A Lei de Elohim, portanto, é a norma pela qual devemos pautar o nosso procedimento. Em outras palavras ela é a norma conduta. É bom lembrar que não existe salvação pelo simples fato de guardarmos os mandamentos, mas há condenação para quem não os guardar. A Lei é a base da Aliança Divina, Moisés identificou as Dez Palavras como “as tábuas do concerto” ou “as tábuas da aliança”, indicando sua importância como base do concerto eterno entre YHWH e Seu povo: “E o Elohim vos falou do meio do fogo; ouvistes o som de palavras, mas não vistes forma alguma; tão somente ouvistes uma voz. Então Ele vos anunciou o Seu pacto, o qual vos ordenou que observásseis, isto é, as dez palavras; e as escreveu em duas tábuas de pedra.” Deuteronômio 4:13 (ver também Deuteronômio 9:9). Ao compreendermos o profundo significado, da obrigatoriedade de obedecermos os mandamentos, estaremos aptos a analisar as mensagens registradas sobre este assunto na Aliança Renovada. Agora, vejamos o caso de Paulo, e, desde logo, cita-se o apóstolo Pedro comentando sobre o rav Shaul, em 2Pe 3:16 “ao falar a respeito destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas cartas. Nelas há certas coisas difíceis de entender, que aqueles que não têm instrução e são instáveis deturparão, como também deturparão as demais Escrituras, para a própria destruição deles.” De fato, deturpam até hoje... Em algumas ocasiões nos escritos da Aliança Renovada o apóstolo Paulo utiliza a expressão “obras da lei” (carta aos Romanos cap. 03 e aos Gálatas cap. 02 e 03). Em todas essas citações a expressão é usada negativamente, sendo algo a ser evitado por todo servo verdadeiro de Elohim através de Yeshua (Jesus). Porém, a má interpretação e a descontextualização dos textos paulinos onde essa expressão é mencionada, gerou e tem gerado nos meios teológicos cristãos (e também judaicos) um falso conceito que Paulo era contrário à Torah e à sua obediência. Tal conceito errôneo gerou na teologia cristã uma pré-concepção ANTINOMISTA (anti-Lei ou anti-Torah) e também ANTISSEMITA, onde todos os textos da Aliança Renovada são interpretados partindo-se desse pressuposto. Não só isso, mas o meio judaico tradicional aceitou do cristianismo a percepção e interpretação do fariseu Shaul (Paulo), gerando também no judaísmo o falso conceito que Paulo foi contra a Torah e a guarda dos mandamentos. Além disso, uma grande confusão surge quando confrontamos a interpretação cristã clássica de Paulo em relação à Lei de Moisés, com alguns de seus ensinamentos sobre a Lei, tais como Rm 7:12-14, e outros. Como ele pode dizer que a Lei é santa, espiritual e boa, e em outras passagens se referir a ela como “maldição”? Teria ele se rebelado contra seu mestre e salvador (Yeshua), ao afirmar que a lei foi abolida? (Pois Yeshua foi claro ao afirmar que: “não vim ABOLIR a Lei ou os profetas. Vim torná-los plenos! – Mt 5:17). Teria sido o apóstolo Paulo acometido por algum tipo de esquizofrenia ou bipolaridade? Certamente que não! O problema não está em Paulo, mas sim, na forma de se LER Paulo. A expressão “Obras da Lei” é mais antiga do que o próprio Paulo. Ela já foi utilizada pela comunidade de Qumran quase dois séculos antes de Mashiach, como atestam os pergaminhos do Mar Morto descobertos no século passado. Em um dos rolos temos o título “Mikssát Maassêi ha Torah“, ou “As importantes obras da Lei”. Devido a este nome, esse pergaminho é simplesmente conhecido como “MMT ou 4QMMT”. Nele, há mais de 20 regras haláchquicas sobre purificação, incluindo citações de mandamentos da Torah e principalmente INTERPRETAÇÕES e COMPLEMENTOS de tais mandamentos Mosaicos. Há também regras que excluíam as oferendas dos gentios e os próprios gentios de participarem das atividades do Templo em Jerusalém. O estudo deste documento trouxe grande luz à interpretação do Apóstolo Paulo e seu posicionamento em relação à Torah ou Lei de Moisés. Baseados no testemunho do próprio Paulo e em alguns de seus discursos de defesa, sabemos que ele não era contra os mandamentos da Torah. Os próprios apóstolos, em Jerusalém, dão um testemunho sólido e irrefutável da conduta de Paulo em relação à Lei entregue a Moisés: “…e saberão todos que não é verdade o que se diz a teu respeito (que pregas contra a Lei) e que, pelo contrário, andas também, tu mesmo, GUARDANDO a lei.”(At 21:24). Já que Paulo não era contra a Torah, como ele poderia ser contra as “Obras da Torah”? Bem, com a leitura do antigo documento judaico da seita do Mar Morto e interpretando os ensinos de Paulo em seu contexto original, concluímos que Paulo não era contra a Torah ou a obediência a ela, mas sim, contra as INTERPOLAÇÕES E INTERPRETAÇÕES legalísticas que eram contrários à própria Torah (os quais são descritos no documento “Mikssat Maassêi ha Torah“). Ao usar a expressão “Obras da Lei”, Paulo refere-se a uma ideologia muito comum entre judeus e gentios simpatizantes do judaísmo, a saber, que a simples obediência ao mandamento justificaria o praticante perante Elohim. Isso é também chamado de “legalismo”. O legalismo é a desobediência a Elohim utilizando-se para isso a própria Torah. A guarda do mandamento, sem a Fé e o coração circunciso, não beneficia em nada ao homem. Pelo contrário, afasta o homem de Elohim ao passar a falsa ideia que a simples guarda do mandamento (sem a correta kavanah – intenção do coração e fé) justifica o praticante. Esse é o conteúdo da exortação divina através do profeta Isaías: “De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? — diz o ELOHIM. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes.(…) Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar INIQUIDADE associada ao ajuntamento solene. (…) Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas.” (Is 1:11-17). Nota-se que Elohim não está sendo contrário a tais mandamentos, pois Ele mesmo os deu ao povo como ESTATUTO PERPÉTUO, sendo mandamentos para a VIDA. (Dt 30:19-20). Porém, apenas a prática de tais preceitos sem a busca por um coração circuncidado e com sede de justiça, nem fé, faz com que tal obediência não seja recebida por Elohim. Na verdade, tal prática é prejudicial ao homem. É isso que o próprio Paulo quer dizer quando usa a expressão “LETRA”, referindo-se à cega obediência da Torah sem um estado interior e exterior condizentes: “…o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica”. (2 Co 3:6). Assim, contrariando a interpretação normativa cristã dessa passagem, Paulo não estava atestando que a Torah “mata” (pois estaria condenando a si mesmo), mas sim, que a FORMA como a Torah é guardada e interpretada é que pode roubar a vida do homem. Portanto, a mesma Torah (Lei) que é benção para uns, pode ser maldição para outros: “E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte” (Rm 7:10). Paulo aqui atesta que já fora escravo da LETRA e das “OBRAS DA LEI”, pois sua busca pela pureza da religião e zelo pelas tradições endureceram-lhe e cegaram-lhe o coração, impedindo-o discernir o Messias contido na própria Torah. Na verdade, a aceitação ou não da obediência do homem em relação à Lei de Elohim dependerá da fé e do estado do coração do ofertante (Rm 2:28-29). A fé SEMPRE DEVE VIR ANTES do mandamento, e não o contrário (Rm 4:9-15). É como eu sempre digo: “Não obedeço para ser SALVO, obedeço pois SOU salvo.” Essa frase expressa o contraste de MOTIVAÇÃO ao se obedecer a Elohim. No pergaminho MMT do Mar Morto, são ordenados exclusivamente os mandamentos e interpretações de mandamentos sem nenhuma ênfase à mudança de atitude ou de um coração correto diante de Elohim. Além disso, são declaradas “halachôt” (dogmas) que humilhavam os gentios e os afastavam do templo (como o tal ‘muro da separação’ que Paulo se refere em Ef 2:14). A essa “falsa obediência” e aos dogmas que afastavam os gentios do Reino de Deus, Paulo deu o nome de “OBRAS DA LEI” ou simplesmente “LETRA”. Paulo não poderia ser contra a obediência à Torah, pois usou seu próprio testemunho para atestar o contrário (At 24:14, 25:8). Ele também atesta que a Lei é espiritual e boa, e o mandamento, santo, justo e bom (Rm 7:12-14). Não é a Torah o problema, mas sim, o LUGAR onde a mesma está escrita. Na chamada NOVA ALIANÇA, Elohim utiliza a obra de Seu ungido para escrever a LEI (Torah) no coração do Seu povo (Jr 31:31). Assim, todo servo do Deus de Israel e discípulo de Yeshua deve fazer a si mesmo a seguinte pergunta: Onde está a Lei de Elohim na minha vida? Ou ela ainda está em pedras, longe e externa à minha natureza, ou está escrita em meu coração, sendo parte da minha natureza. Quem tem ouvidos… ouça! Depois dessa introdução, vamos agora reler Gálatas, nesses versículos que expressam esse conceito das obras da lei – e esse é um defeito do idioma grego, que não faz distinção do tipo de lei a que se refere, tudo é lei: pode ser Torah, norma secular ou lei religiosa pagã. Acontece, que em muitos de seus escritos, Paulo rejeita a Lei no contexto de justificação (justo perante Elohim), mas exalta a mesma Lei e a defende no contexto de santificação (vida justa perante Elohim), como norma de conduta. Paulo esclarece o verdadeiro propósito da Lei para os legalistas que criam na justificação por meio das obras da Lei. A seguir alguns textos onde o apóstolo Paulo rejeita a Lei no contexto da justificação: “Por isso nenhuma carne será justificada diante dEle pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” Romanos 3:20 “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.” Romanos 3:28. “Não aniquilo a graça de Elohim; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Mashiach morreu debalde.” Gálatas 2:21. “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Mashiach, temos também crido em Jesus Mashiach, para sermos justificados pela fé em Mashiach, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” Gálatas 2:16. “É evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus.” Gálatas 3:11. Uma melhor tradução para alguns dos pontos, aparentemente contraditórios, do rabino Shaul: Gl 3:2 Eu quero saber somente por esta única razão: vocês receberam o espírito por da observância legalista das regras acrescentadas aos mandamentos da Torah, ou por meio da confiança e serem fiéis ao que vocês ouviram? Gl 3:5 Então, Elohim que fornece o Espírito e faz maravilhas entre vocês, o faz por causa da observância legalista das regras acrescentadas aos mandamentos da Torah, ou porque confiaram no que ouviram e são fiéis a Ele? Gl 3:10 Porque todo aquele que depende da observância legalista das regras acrescentadas aos mandamentos da Torah vive debaixo da maldição, porque está escrito em Dt 27:26 “Maldito todo aquele que não se mantém fazendo tudo que está escrito no rol de Torah.” Gl 3:11 Agora, é evidente que ninguém chega a ser declarado justificado por Elohim através do legalismo, de modo que a pessoa que é justificada obterá a vida por confiar e ser fiel. Gl 3:12 Agora bem, o legalismo não é baseado na confiança, e na ternura da confiança, senão no mau uso do texto que diz em Lv 18:5 “Todo o que faz essas coisas, obterá vida por meio delas.” Observe que a lei não tem fé, mas quem tem fé vive por ela. Abraão primeiro creu (Rm 4:3), e depois aprendeu os mandamentos (o primeiro deles o de obedecer a Elohim), e ensinou a seus filhos. Nas epístolas aos Gálatas e Romanos, ele prova que o crente é salvo pela fé, naquilo que Mashiach fez por ele, e não por sua dedicação na prática de boas obras, ou por diligência na observância aos preceitos da Lei. Os líderes judeus interpretaram mal essa questão. Eles ensinavam que o homem era aceito e salvo por Deus unicamente pela obediência aos Seus mandamentos, tanto os Escritos (Torah) quantos os tradicionais (Torah oral). Paulo, em seus escritos, condenou terminantemente esta crença. MASHIACH E A LEI O nosso Senhor Jesus Mashiach foi o maior defensor da Lei de Elohim, por isso, Jesus disse: “É, porém, mais fácil passar o céu e a terra do que cair um yud da Lei.” Lucas 16:17. Em Seu primeiro sermão, conhecido como “Sermão da Montanha”, o Senhor Jesus ratificou a Sua posição quanto à obrigatoriedade de observar a Lei: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só vav ou um só yud, até que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.” Mateus 5:17-19. Em lugar de abolir, ou mesmo restringir os mandamentos de Seu Pai, o Senhor Jesus engrandeceu a lei e tornou-a gloriosa, cumprindo uma profecia registrada pelo profeta Isaías. (ver Isaías 42:21). Em toda a Sua trajetória, Mashiach sustentou firmemente a validade da Lei. Quando o jovem rico Lhe perguntou no tocante aos requisitos para entrar na vida eterna, Jesus respondeu: “...Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.” Mateus 19:17. Desejando saber quais os mandamentos que ele deveria guardar, o Senhor Jesus enumerou vários deles que mostram os deveres do homem para com os seus semelhantes: “Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mateus 19:18-19. Em outra oportunidade Ele disse: “Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” Mateus 7:21. Aos que violam esse princípio sagrado, aos transgressores da Lei, será recusada a admissão no Reino Eterno. Para eles Jesus dirá claramente: “...Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade.” Mateus 7:23. Quando Jesus foi interrogado por um escriba, com a finalidade de submetê-Lo à prova, o Messias confirmou a validade desses princípios morais, citando os dois grandes mandamentos, que são um resumo dos Dez Mandamentos escritos em duas tábuas de pedra: “Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, YHWH nosso Elohim é o único Elohim. Amarás, pois, a YHWH teu Elohim de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças.” Marcos 12:29-30. Os primeiros quatro mandamentos têm a ver com o amor a Elohim. “E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo, Não há outro mandamento maior do que esses.” Marcos 12:31. Os seis últimos mandamentos têm a ver com o amor ao próximo. Observa-se que o Senhor Jesus não fez nenhuma colocação nova a esse respeito, tanto é que o escriba, um doutor da Lei, ficou plenamente satisfeito com a resposta: “Ao que Lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que Ele é um, e fora dEle não há outro; e que amá-Lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.” Marcos 12:32-33. O Senhor Jesus é o grande vitorioso, pois não cometeu pecado (Hebreus 4:15). Tivesse Ele transgredido um só mandamento da Lei de Elohim, não haveria salvação para a raça humana. A atitude pessoal de Mashiach para com a Lei foi de total obediência. Ele mesmo disse: “...Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai, e permaneço no Seu amor.” João 15:10. Um ponto frequentemente citado como prova de que Jesus se opunha aos ensinamentos judaicos é "Ouvistes o que foi dito: (...) Odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem" (Mateus 5:43). Os estudiosos da Bíblia ainda não conseguiram determinar ao certo a fonte em que se baseou essa afirmação de Jesus, já que em nenhum lugar do Antigo Testamento se encontra uma injunção de "odiar o inimigo". Pelo contrário, a Torah ordena: "Se teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; se está com sede, dá-lhe de beber. Com isso (...) o Elohim te recompensará" (Provérbios 25,21-22). Hillel, grande mestre no judaísmo quando Jesus estava nascendo, assim formulou a regra de ouro: “O que é odioso para ti, não faça a teu próximo: esta é toda a Lei; o resto é mero comentário”. Notou alguma semelhança?