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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Chapter · January 2018

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2 authors, including:

Jalsi Tacon Arruda


Universidade Evangélica de Goiás
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FACULDADE ARAGUAIA
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PAULLA CAROLINA DE OLIVEIRA SOUSA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS:


UMA REVISÃO DA LITERATURA

GOIÂNIA-GO
2018
FACULDADE ARAGUAIA
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PAULLA CAROLINA DE OLIVEIRA SOUSA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS:


UMA REVISÃO DA LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade Araguaia, como
parte dos requisitos para obtenção do título
de Licenciada em Ciências Biológicas.

Orientadora: Profa. Dra. Jalsi Tacon Arruda

GOIÂNIA-GO
2018
FACULDADE ARAGUAIA
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PAULLA CAROLINA DE OLIVEIRA SOUSA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS:


UMA REVISÃO DA LITERATURA

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Jalsi Tacon Arruda


Orientadora

Profa. Dra. Divina Aparecida Anunciação Vilhalva


Professora da Instituição

Profa. Mestra Carolina Rodrigues de Mendonça


Professora Convidada

Data: 18/ 12/ 2018


AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus e a todos que estiveram do meu lado nessa


trajetória.

Obrigada a todos!
Resumo

A Educação Ambiental vem de uma necessidade de reparação sobre o ambiente, nos


traz uma nova forma de ler a realidade e de como atuar sobre ela. Dessa forma
surgem novas propostas educativas, novas visões de mundo. Reflexões sobre o meio
ambiente exigem uma postura mais firma para reduzir as continuas irregularidades
causadas por ações humanas. E um ambiente propício para desenvolver e expor este
assunto é a instituição escolar. O objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão
bibliográfica sobre o tema Educação Ambiental na escola. O estudo foi feito a partir
de revisão bibliográfica, disponíveis na literatura, cuja a questão norteadora foi: “Qual
a importância da Educação Ambiental nas escolas” Os estudos foram identificados
nas bases de dados: Scientific Electronic Library (SciELLO), e Google Acadêmico. A
Educação Ambiental deve fazer parte do cotidiano, em todos os níveis escolares, e
sendo inserida interdisciplinarmente. É necessário o ensino de conceitos e técnicas,
mas também o amor e respeito pela natureza devem ser passados. O processo
educacional da Educação Ambiental acrescenta o saber continuado dentro das
escolas, trabalhando como disciplina, interdisciplinarmente e de modo transversal,
para que se tenha um aprofundamento nas teorias e formulações de conceitos dentro
da realidade escolar. Ao trabalhar com a temática ambiental, se torna explicito, que
não se trata apenas um olhar para a degradação humana, é sim para algo, que vai
muito além, ela pretende alcançar uma compreensão sobre os impactos causados por
ações humanas ao meio ambiente, o que gera novas percepções da realidade, tento
em vista a mudança de certos hábitos.

Palavras-chave: educação, escola, meio ambiente, professor.


Sumário

Página
RESUMO...................................................................................................... 6
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 8
2. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................... 10
3. OBJETIVOS.............................................................................................. 14
3.1 OBJETIVO GERAL................................................................................. 14
3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS.................................................................. 14
4. METODOLOGIA....................................................................................... 15
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 16
5.1 O que é a Educação Ambiental? ............................................................. 16
5.2 Educação Ambiental na escola ............................................................... 17
5.3 Políticas de Educação Ambiental e o Papel da Escola ............................ 20
5.4 Perspectivas para o futuro da EA nas escolas ........................................ 24
6. CONCLUSÃO ........................................................................................... 26
Referências .................................................................................................. 27
8

1. INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental (EA) vem de uma necessidade de uma reparação sobre


o ambiente, nos traz uma nova forma de ler a realidade e de como atuar sobre ela.
Dessa forma surgem novas propostas educativas, novas visões de mundo.
(MACHADO et al., 2010).
A EA tem um papel de destaque na formação de indivíduos que se preocupem
com os problemas ambientais, tais como: a preservação e conservação do ambiente.
Mas que também aborde a situação econômica, social, cultural (CARDOSO 2011). A
EA está cada vez mais ligada a qualidade de vida do ser humano. É essencial para a
compreensão dos indivíduos em relação ao mundo em que estão inseridos, para que
assim possam ter uma vida em um ambiente de qualidade (QUADROS, 2007).
A EA nos exige uma postura mais firme sobre o cuidado com o ambiente, para
que sejam reduzidas as inúmeras irregularidades causadas pela ação humana. E um
ambiente propício para desenvolver e expor este assunto é a instituição escolar
(TOLEDO, 2005).
A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a Educação ambiental, e
institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Relata que é essencial para a
educação nacional e deve estar presente de forma estruturada em todos os níveis
educacionais, em caráter formal e não formal (BRASIL, 1999). No entanto a introdução
da EA foi fraca. Infelizmente, no ensino fundamental e médio, os problemas
ambientais são transmitidos de forma superficial e o conhecimento é fragmentado,
geralmente é apresentado como um conhecimento pronto e descontextualizado,
incluído dentro de projetos extracurriculares e de forma isolada (VIRGENS, 2011).
Mesmo com a coordenação do Ministério da Educação (MEC), não se tem uma
prática educativa que inclua a EA como uma disciplina fixa no currículo escolar. Ainda
que a Lei Federal nº 9.975 ampare, vários são os problemas enfrentados no cotidiano
das escolas como a falta de colaboração da comunidade escolar, falta de material
didático, vinculação da EA somente as aulas de Ciências, Geografia e Biologia, falta
de preparo dos docentes, infraestrutura escolar precária (BRASIL, 1998).
Dessa forma:

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o


indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
9

ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida


e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999. Lei nº 9795 Art. 1º)

É necessário que ocorram interações entre as disciplinas e que se


desenvolvam conteúdos, que contribuam para a compreensão da EA, e se
desenvolvam uma postura participativa da comunidade escolar. Onde haja uma
educação voltada para a transformação do comportamento humano, sendo a escola
o agente transformador através de práticas educacionais que proporcionará
mudanças expressivas (EFFETING, 2007).

Fica evidente a importância de sensibilizar os humanos para que ajam de


modo responsável e com consciência, conservando o ambiente saudável no
presente e para o futuro: para que saibam exigir e respeitar os direitos
próprios e os de toda a comunidade tanto local como internacional: e se
modifiquem tanto interiormente, como pessoas, quanto nas suas relações
com o ambiente. (EFFTING, 2007, p. 2)

A Educação Ambiental tem por objetivo a formação de uma sociedade mais


crítica, que seja capaz de fazer uma leitura do mundo de modo reflexivo. A prática
desta disciplina se mostra com numerosos desafios e obstáculos na educação formal,
mas que necessitam ser transpostos para que haja uma prática educativa eficaz para
alcançar os objetivos propostos (EFFETING, 2007).
Assim, o presente estudo foi desenvolvido com intuito de mostrar as
possibilidades em que a Educação Ambiental é fundamental para a formação de uma
sociedade mais crítica, com valores e atitudes para melhorar o próprio futuro.
Mudança de hábitos, posturas e ações em benefício da conservação e preservação
do ambiente devem ser incentivadas dentro do âmbito escolar através da educação
ambiental.
10

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO

Na década de 70 o conceito de “ambiente” era tido como aspecto biológico e


físico-químico, mas a partir do ano de 1972, na Conferência de Estocolmo (ONU,
1972), o conceito de ambiente passa a atender os aspectos sociais, econômicos e
culturais (SILVA; MESQUITA; SOUZA, 2015).
Ao longo dos anos a questão ambiental foi colocada em pauta e tem sido
debatida em inúmeros eventos internacionais como: Tbilisi (1977), Rio de Janeiro
(1992), Thessaloníki (1997), Johannesburgo (2002) (SULAIMAN, 2010). Algumas
definições sobre a Educação Ambiental foram estabelecidas como: preparar os
indivíduos para uma vida enquanto integrantes da biosfera; compreender e lidar com
os sistemas ambientais como um todo; observar o quadro geral que cerca um
problema específico; e como melhorar e gerenciar as relações entre a sociedade
humana e ambiente, de maneira agregada e integrada (EFFETING, 2007).
No Brasil o debate ambiental iniciou em 1973, durante o regime militar, por
pressões internacionais. “Até a promulgação da Constituição Federal de 1988, a
política ambiental brasileira foi gerida de forma centralizada, tecnocrática sem a
participação do popular na definição de suas diretrizes e estratégias [..]” (LOUREIRO
2008, p. 03).
Em 1988, a Constituição da República Federativa do Brasil apresenta que todos
os brasileiros têm direito a um meio ambiente ecologicamente balanceado, e fica
instituído ao poder público e a comunidade o papel de defender e preservar para as
futuras gerações (CARDOSO, 2011). No art. 225, do capítulo VI, no título VIII da
Constituição Federal, diz que todos devem cuidar do meio ambiente, e que os
governantes devem fiscalizar o uso indevido dos recursos naturais (BRASIL, 1988).
Com o avanço da consciência ambiental na década de 90, a educação
ambiental se tornou mais conhecida (LOPES; BISPO; CARVALHO, 2009). Em 1992
ocorreu o mais importante encontro, até aquele momento, sobre o meio ambiente, o
Rio 92. Nesse encontro se reuniram 170 países no Rio de Janeiro e o Tratado da
Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis foi formulado. Entre os vários
documentos desta conferência a agenda 21 promove diferentes programas
educacionais que dão destaque para os problemas locais e, assim, incentivam uma
educação contínua sobre o meio ambiente (OLIVEIRA; TONIOSSO, 2014).
11

A educação Ambiental não é neutra, mas ideológica; é um ato de política; a


educação ambiental deve envolver uma holística enfocando a relação entre
o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar; a educação
ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e
instituições, com a finalidade de criar novos modos de vida e atender as
necessidades básicas de todos, sem distinções étnicas, físicas, de gênero,
idade, religião ou classe social. (LOPES, BISPO, CARVALHO, 2009, p.4)

A educação ambiental está relacionada com a educação política, pois há uma


análise nas relações políticas, culturais, econômicas e sociais entre a natureza e a
humanidade. Está ligada a uma ampliação da cidadania, liberdade e principalmente
autonomia, onde pode haver uma intervenção direta da população na procura por
soluções alternativas que auxiliem na convivência voltada para o bem comum da
sociedade e, assim, se obter uma relação cotidiana com outros indivíduos e também
com a natureza (REIGOTA, 1994).
A compreensão do ambiente como um quadro geral de problemas específicos,
sendo eles naturais ou artificiais, ações e medidas que devem ser tomadas para sanar
problemas, melhorias nas relações entre a sociedade e o meio ambiente, de maneira
integrada e sustentável é fundamental (EFFETING, 2007).
A Educação Ambiental é um instrumento de orientação, pois é através dela que
ocorrem mudanças na consciência e atitude do sujeito frente as adversidades do
ambiente em que está inserido. É um processo participativo onde toda a comunidade
tem um papel central para a melhoria do próprio ambiente, buscando soluções para
resolver problemas, tornando-se agentes transformadores (OLIVEIRA, 2010).
A escola tem um papel importante na formação do cidadão, e está vinculada a
uma sociedade mais consciente. Tem um papel de transformação social, de princípios
e valores culturais, que permitem a junção da comunidade com a escola. Através de
ações conjuntas ocorrem influências contínuas e, assim, proporcionam uma melhor
qualidade de vida (VIRGENS, 2011). E necessário que este saber não seja apenas a
informação de como fazer, mas sim, de criar momentos de reflexão sobre a
problematização, fazendo uma construção que agregue posturas éticas, de
compromisso coletivo de forma responsável para com todos (CORRÊA et al; 2005).
Reigota (1999, p. 79) relata que “[...] historicamente a escola é um espaço
apropriado para que se aprenda e discuta um leque de temas urgentes e atuais”. Mas
para que seja possível cumprir esse dever social, a escola deve estar aberta a
diálogos e discussões para promover o ensino através de inovações pedagógicas
(ASSIS, 2013).
12

Miranda ressalta que a escola tem três tarefas básicas a desempenhar a favor
dos interesses das classes sociais. Primeiramente, deverá facilitar a
apropriação e a valorização das características socioculturais próprias das
classes populares. Em segundo lugar, e como consequência da primeira, a
escola deverá garantir a aprendizagem de certos conteúdos essenciais da
chamada cultura básica (leitura, escrita, operações matemáticas, noções
fundamentais de história, geografia, ciências, etc.). Finalmente, deverá
propor a síntese entre os passos anteriores, possibilitando a crítica dos
conteúdos ideológicos proposto pela cultura dominante e a reapropriação do
saber que já foi alienado das classes populares pela dominação.
(MIRANDA,1983, p.54-55).

Educação Ambiental deve fazer parte do cotidiano, em todos os níveis e tem


de ser inserida interdisciplinarmente, tanto na convivência com os professores e
funcionários no âmbito escolar. É necessário o ensino de conceitos e técnicas, mas
também o amor e respeito pela natureza devem ser ensinados (NARCISO, 2009).

Educação Ambiental é uma disciplina bem estabelecida que enfatiza a


relação dos homens com o ambiente natural as formas de conserva-los,
preserva-los e de administrar seus recursos adequadamente. (UNESCO,
2005, p.44)

Para a abordagem da Educação Ambiental alguns passos devem ser seguidos


(DIAS, 2011). A sensibilização busca indivíduos que estejam envolvidos nessa
realidade socioambiental. É necessário sensibilizar todas as pessoas envolvidas para
que se sintam parte deste processo. A informação é indispensável, quanto mais
acessível, mais irá potencializar as mudanças. O conhecimento é catalisador das
mudanças, dos questionamentos. Com isso há uma pressão, por parte da população
envolvida sobre as autoridades, que leva a uma posição de corresponsabilidade e
participação social. E o último passo é a ação, a mobilização para enfrentar os
problemas ambientais.
Novos métodos e discussões sobre as questões ambientais foram introduzidos
nas escolas (Figura 1 e 2). A partir desta conscientização as próximas gerações de
jovens mais sensibilizados, capacitados e com responsabilidades poderão promover
mais relações éticas entre pessoas e seres vivos do planeta (OLIVEIRA E
TONIOSSO, 2014).
Tendo em vista que a EA é uma facilitadora, permitindo que o próprio sujeito
interaja com a realidade do meio em que vive e com os problemas ambientais que
advém disso, é imprescindível que seja trabalhada constantemente no âmbito escolar.
13

Com isso, haverá uma mudança de hábitos pautadas não somente em um ponto de
vista crítico. Conforme Loureiro (2007, p. 20)” [...] na atualidade, a Educação
Ambiental assume um papel de grande relevância na formação socioambiental de
cidadãos conscientes e responsáveis”.

Figura 1. Crianças do ensino fundamental I desenvolvendo uma horta na escola


como parte do projeto de educação ambiental.

Fonte: https://www.progresso.com.br/cotidiano/meio-ambiente/senado-quer-incluir-educacao-
ambiental-nas-escolas-do-brasil/174051/
14

Figura 2. Adolescentes do ensino fundamental II desenvolvendo a coleta seletiva do


lixo na escola como parte do projeto de educação ambiental.

Fonte: http://www.vitoria.es.gov.br/noticia/escolas-de-jardim-camburi-recebem-atividades-de-
educacao-ambiental-28104

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Realizar uma revisão bibliográfica sobre a educação ambiental na escola.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Definir o que é Educação Ambiental


• Citar as políticas sobre Educação Ambiental
• Destacar a Educação Ambiental no ambiente escolar
15

4. METODOLOGIA

O presente estudo é do tipo revisão da literatura, partindo da revisão de outros


estudos disponíveis na literatura, cuja questão norteadora foi: “Qual a importância da
Educação Ambiental nas escolas?”. Os estudos acerca do assunto foram identificados
por busca nas bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SciELO), e Google
acadêmico, realizadas de agosto a novembro de 2018.
As buscas foram feitas utilizando-se os descritores: “educação ambiental e
escola”. Onde 41 estudos foram selecionados de acordo com os seguintes critérios:
artigos e teses originais e indexados em língua portuguesa, que abordassem a
temática, sem limitação do ano das publicações, com nível escolar abordando a
educação básica em escolas públicas do Brasil. Os estudos foram lidos e nos casos
de insuficiência para inclui-lo, levando em consideração os critérios estabelecidos
para a inclusão, o artigo foi lido na íntegra para que pudesse ser determinada sua
elegibilidade. Foram excluídos os artigos que não estavam em português, estudos não
publicados na íntegra, além de estudos que não abordavam a educação ambiental na
escola e/ou que abordavam de forma incompleta, não contribuindo para os resultados
desta revisão.
16

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a globalização, as instituições de ensino estão sendo forçadas a rever seu


papel diante dos grandes agentes transformadores, que mostram um acelerado
processo de integração e reestruturação do conhecimento. E com o novo paradigma
econômico, avanços científicos e tecnológicos, ocorrem mudanças que atingem a
sociedade, que por sua vez repercute e afeta o sistema de ensino. Essas alterações
advêm de um conjunto de acontecimentos que caracterizam realidades sociais
diversas, como também econômicas e políticas (LIBÂNEO, 2004). Com as mudanças
no ambiente há uma exigência de que a educação seja a mediadora sobre a atividade
humana em relação ao próprio ambiente e, assim, articulando teoria e prática
(BERNADES, NEHME, 2017).
A Educação Ambiental surgiu através de um contexto derivado do uso indevido
dos recursos naturais que tomou proporções desastrosas. O espaço temporal e
diferentes processos naturais que ocorrem são responsáveis pela manutenção da
dinâmica e do equilíbrio no meio ambiente como um todo (TOLEDO, 2005). Deve ser
uma ação destinada a transformar, algo que busque tocar a consciência do ser
humano e garanta um ambiente sadio para todos. Dessa forma, a EA vem sendo vista
com uma ação educativa que deve fazer parte do currículo escolar de forma
transversal e interdisciplinar, fornecendo um conjunto de saberes e sensibilização
ambiental (BERNARDES; NEHME, 2017).

5.1 O que é a Educação Ambiental?

É um aprendizado social, usado na comunicação para solucionar problemas


por meio da interação e do processo de recriação e reinterpretação, de informações e
conceitos, que advém tanto da experiência pessoal, quanto dos conhecimentos
obtidos em sala de aula (COLOMBO, 2014).
A Educação Ambiental é um processo de valores e esclarecimento de
conceitos, sendo objetiva a um progresso das habilidades e evoluindo as atitudes em
relação ao meio, buscando um entendimento sobre as inter-relações entre os seres
humanos, as culturas e os meios biofísicos. Também se relaciona com a prática e
tomada de decisões, assim como com a ética, por uma melhor qualidade de vida
(Conferência Intergovernamental de Tbilisi, 1977).
17

Visa estimular a preocupação individual e coletiva sobre a questão ambiental


e, assim, contribuir para o acesso ao desenvolvimento, para uma consciência crítica
estimulando a confrontação das questões ambientais e sociais. Surge num contexto
de mudança cultural e transformação social, tendo em vista a crise ambiental como
uma questão ética e política (MOUSINHO, 2003).
Para a compreensão do que vem a ser Educação Ambiental, devem ser
passados os reais objetivos, e expor as verdadeiras concepções desta disciplina, para
não se tornar somente mais um conteúdo. Tem que ser vista como uma mudança de
princípios e valores na educação escolar, o que difere de outros conceitos ambientais
conservacionista (BATISTA; PAULA, 2014).
Segundo Colombo (2014) a EA deve ser entendida como qualquer outra área
de conhecimento. É importante salientar que a Educação Ambiental deve ser
assumida de forma socioambiental, pois o próprio conceito de meio ambiente vem
passando por mudanças, deixando de ser somente os aspectos físicos e biológicos,
sendo incluídos também os conceitos econômicos e socioculturais, bem como suas
interações (FAHT, 2011).
A Educação Ambiental percorre por diferentes áreas do conhecimento e
demanda reflexões sobre as problemáticas ambientais acerca da educação. Devem
ser despertadas atitudes e valores, incitar um sentimento em cada indivíduo de
participação, responsabilidade na procura de respostas para a crise na qual o mundo
se encontra (BERNARDES; NEHME, 2017). Existe um consenso na sociedade atual,
no qual a ciência, o meio ambiente, e a educação ambiental sejam os três pilares
fundamentais para a construção de uma sociedade construtiva (VIRGENS, 2010).

5.2 Educação Ambiental na escola

O ambientalismo no Brasil se desenvolveu antes da influência da educação


brasileira, e eram passadas nas escolas em formas de poemas, lendas, canções.
Dessa forma, tentavam despertar nas crianças a importância da preservação da flora
e da fauna do país (VASCONCELLOS et al., 2009). No Brasil, a Educação Ambiental
vem crescendo bastante em espaços educativos formais e não formais. Higuchi e
Maroti (2014, p. 97) acreditam que a EA não se limita somete a um lugar especifico,
mas que pode estar em vários deles e se intermeia a muitos domínios.
18

Segundo Cuba (2010) a escola se torna um lugar privilegiado, pois estabelece


um link de informações que possibilitam condições alternativas e estimula uma
postura do cidadão, que estará ciente de suas responsabilidades e de que também é
parte do meio ambiente. Por isso, é essencial que a escola seja um espaço influente
que ajude no desenvolvimento de valores e atitudes tanto social quanto ecológica.
A EA dentro da escola proporciona uma base reflexiva, de troca de
conhecimento, com a valorização dos ambientes educacionais. Para o aluno
proporciona uma visão crítica e formadora de opinião (BATISTA; PAULA, 2014). A
escola é o lugar onde acontece a sensibilização quanto as questões ambientais.
Mesmo que essas questões estejam fora dela é possível trabalhar esse conhecimento
e dar continuidade a ações ambientais, formar cidadão mais sensibilizado sobre a
temática ambiental (CHAVES; GAIA, 2013).

Se a principal função da educação ambiental é contribuir para a formação de


cidadãos conscientes e críticos, capazes de decidirem e atuarem na realidade
socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de
cada um e da sociedade, esta assume uma ampla dimensão, atingindo
praticamente todas as áreas do currículo, podendo ser entendida com um
sinônimo do que se entende, por educação escolar. (FAHT, 2011, p. 18).

Mas a EA também é uma forma de educação política e se constitui como uma


complexa visão do mundo social (VASCONCELLOS et al., 2009). Como toda essa
relevância sobre a temática ambiental há um destaque especial para as escolas, como
espaços para a implementação das atividades voltadas para a reflexão sobre o meio
ambiente. Existe uma demanda para atividades dentro e fora da escola como:
atividades de campo e projetos ambientais. Dessa maneira ocorre uma participação
maior do aluno o que leva a autoconfiança, melhores atitudes e um comprometimento
com a proteção ambiental (CHAVES; GAIA, 2013).

[...] um projeto pequeno em uma escola no qual envolva somente um grupo


de alunos e um professor orientador, não é suficiente para mudar a
mentalidade de toda uma escola, sendo assim, de toda uma comunidade, não
sendo considerada assim, uma verdadeira educação ambiental. (CHAVES;
GAIA, 2013, p. 7).

Dentro deste contexto, deve haver uma produção de conhecimento que


complete as interrelações do meio natural e social, bem como o papel da escola, para
priorizar um novo perfil de crescimento, com ênfase na sustentabilidade
socioambiental (BERNANDES; NEHME, 2017).
19

A evolução da EA deve ser contínua e permanente, havendo sensibilização por


parte do professor, já que é o principal agente transformador da escola (CHAVES;
GAIA, 2013). Por isso, os educadores ambientais exercem um papel importante na
sociedade como formadores de opinião, com propostas pedagógicas para
desenvolver a percepção do ambiente e das relações humanos sob vários aspectos
culturais e sociais (ASSIS, 2013). Assim, se torna inegável a participação dos
professores e seus diversos saberes adquiridos durante sua formação acadêmica,
através de cursos de capacitação e de projetos, sempre de forma continuada, para
desenvolver novas formas de propostas pedagógicas.
Para haver eficiência na conscientização sobre a Educação Ambiental é
necessário que haja uma participação ativa do aluno na organização de sua
aprendizagem. Uma reflexão sobre as importantes questões ambientais de acordo
com Colombo (2014):

[...] afinal o lixo não desaparece quando é jogado da lixeira. Sendo assim há
de se buscar formas atrativas de envolve-los nos reais problemas da
comunidade em que vivem, favorecendo o protagonismo juvenil.
(COLOMBO, 2014, p. 73).

A Educação Ambiental tem encontrado incontáveis desafios, como problemas


históricos, visto somente pela área de Ciências Naturais ou alguns campos da
Biologia. Infelizmente há casos em que a escola somente repassa informações
básicas sobre as questões ambientais, sem levar em conta a interdisciplinaridade e o
envolvimento da comunidade (CHAVES; GAIA, 2013).
Diante dessas dificuldades encontradas, CUBA (2010) propõe que a EA deva
ser estudada no modo científico, passada com uma disciplina específica, mas sem
perder a natureza interdisciplinar. Acredita-se que a EA possa ser utilizada como uma
disciplina inserida para ajudar no estudo de problemas ambientais, encaixada no
currículo escolar. Mas deverá propor aplicações, tratando em um tema de interesse
dos alunos, e não somente como mais uma proposta pedagógica (CUBA, 2010).

O desejo de que haja um espaço específico, para que essas questões


inegavelmente importantes sejam tratadas, reflete a busca por um espaço
curricular próprio que forme um eixo capaz de reunir e articular o currículo e
os elementos orientadores da ação do professor. Parece que o desejo aí
contido não é a criação de uma disciplina em si mesma, mas sim, o de
encontrar uma alternativa que viabilize a inserção do ambiental no currículo,
pois esse é o modelo que conhecemos e ao qual estamos familiarizados
(SANTOS; SANTOS, 2016, p. 371).
20

Desta forma, a escola se torna o melhor lugar para desenvolver ações


reflexivas, que podem ocorrer entre um grupo de pessoas, baseada na troca de
conhecimentos que se dá através de atividades pedagógicas desenvolvidas
(BATISTA; PAULA, 2014). A EA deve ser percebida como um processo de construção
do conhecimento. Um trabalho lúdico, expansivo e dinâmico que contribui para o saber
das pessoas envolvidas (LOPES; BISPO; CARDOSO, 2009).

5.3 Políticas de Educação Ambiental e o Papel da Escola

A constituição brasileira de redes de EA contempla um papel importante na


implementação das políticas públicas no campo ambiental. Tem características de
interatividade, democratização da informação, do conhecimento, da cultura e também
de inclusão social (VASCONCELLOS et al., 2009).
A Constituição Federal no artigo 225, garante o direito de um meio ambiente
conversado e preservado, sendo dever do estado estabelecer políticas públicas. E
também o dever de promover, em todos os níveis educacionais, a conscientização, a
restauração e também a melhoria do meio ambiente (BRASIL, 1988). O sistema
educacional brasileiro se baseia na Lei nº 9.394/96, de diretrizes e Bases da Educação
(LDBEN), que advém da Constituição Federal Brasileira (BRASIL, 1988). E para que
haja efetividade em qualquer política pública em desenvolvimento ambiental é
necessário o amparo da Lei Nº 9.975/99, da Política Nacional de Educação Ambiental
(PNEA), (BRASIL,1999).
A PNEA auxilia o processo de construção da Educação Ambiental e se tornou
um programa direcionado para a aquisição de conhecimentos críticos dentro do
contexto político, econômico, social, cultural e ecológico. É indispensável uma
sensibilização da sociedade para alcançar a conscientização e, assim, promover
programas de desenvolvimento do meio ambiente de forma sustentável
(CAVALCANTI, 2013). O docente ganha um papel de destaque neste sentido, pois é
de responsabilidade do mesmo inserir a EA na prática de ensino, como recomenda a
PNEA, regulamentada pelo Decreto 4.281 de 2002 (BRASIL, 2002).
Segundo o Artigo 8º, parágrafo 2º, a PNEA deve ser desenvolvida na educação
nacional (CAVALCANTI, 2013):
21

§ 2o A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:


I - A incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e
atualização dos educadores de todos os níveis e modalidades de ensino;
II - A incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e
atualização dos profissionais de todas as áreas;
III - A preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão
ambiental;
IV - A formação, especialização e atualização de profissionais na área de
meio ambiente;
V - O atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que
diz respeito à problemática ambiental. (BRASIL, 1999).

O artigo 3° da PNEA mostra que todos tem direitos a EA, abrangendo as


políticas públicas inseridas nesta temática e em todos os níveis de ensino, como
também em programas educacionais, programas de desenvolvimento do meio
ambiente, organizações não governamentais e governamentais, a sociedade como
um todo. A Educação Ambiental traz como objetivo compreender as profundas e
complexas relações que cercam o meio ambiente, feitas por meio de programas
educativos que visam estimular uma consciência mais crítica dos problemas
ambientais enfrentados, sendo responsabilidade de toda a sociedade (CAVALCANTI,
2013).
Segundo o artigo 9° da PNEA incisos I a V, a educação ambiental formal está
inserida em vários âmbitos da educação, como na educação básica e no ensino
superior, na educação especial, profissional e de jovens e adultos. Já o artigo 10°
mostra como a EA deve ser elaborada, como uma prática educativa que integre de
forma continuada e permanente nas várias modalidades de ensino formal
(CAVALCANTI, 2013). Segundo a PNEA:

§ 1o A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina


específica no currículo de ensino
§ 2o Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao
aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é
facultada a criação de disciplina específica.
§ 3o Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos
os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das
atividades profissionais a serem desenvolvidas, (BRASIL, 2006).

A EA deve ser inserida na formação curricular dos profissionais da educação,


questões sobre o ambiente local ou global, e ser oferecido métodos eficazes para a
prática da EA em sua área de atuação. Desta forma, a EA formal é dada em todas as
modalidades de ensino, onde o professor ganha papel de destaque, pois cabe a ele
inserir nas suas práticas de ensino (CAVALCANTI, 2013).
22

Segundo MEC, o processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares


Nacionais (PCN) teve seu início em 1995, e segundo o mesmo:

[...] teve início a partir do estudo de propostas curriculares de Estados e


Municípios brasileiros, da analise realizada pela Fundação Carlos Chagas
sobre os currículos oficiais e do contato com informações relativas a
experiencias de outros países. Foram analisados subsídios oriundos do Plano
Decenal de Educação, de pesquisas nacionais e internacionais, dados
estatísticos sobre o desempenho de alunos do ensino fundamental, bem
como experiencias de sala de aula difundidas em encontros, seminários e
publicações. (BRASIL/ MEC, 1997).

No Brasil, PCNs são diretrizes elaboradas pelo Governo Federal que orientam
a educação. Esses parâmetros presidem as práticas educativas e tem em vista a
implementação da EA no ensino das escolas (BRASIL/ MEC, 1997). Os PCNs se
configuram como propostas flexíveis, onde decisões regionais e locais podem ser
concretizadas através do currículo, sejam elas empreendidas por autoridades
governamentais, pelas escolas ou pelos docentes. Mas, em contrapartida, não são
um modelo curricular homogêneo e impositivo (TOLEDO, 2005).
Os PCNs trazem novidades como a proposta sobre a organização do ensino
fundamental em ciclos. Existe uma integração entre várias áreas de conhecimento.
No entanto, também apresentam temas transversais incluindo o Meio Ambiente
(TOLEDO, 2005). Diante das práticas educativas os PCNs propõem um currículo com
dimensão social moderna, ao debater sobre os temas com maior relevância num
contexto histórico-social, propondo uma perspectiva dos temas transversais
(OLIVEIRA, 2007).
Os temas transversais possuem algumas características como: conteúdos de
abrangências nacional, questões compreendidas por crianças em diferentes faixas
etárias, o desenvolvimento dos alunos em várias capacidades de posicionamento,
perante questões do dia a dia e que podem ser adaptados à realidade das regiões
onde estão inseridos (TOLEDO, 2005). Segundo Macedo (1998) para que os temas
transversais funcionem de forma eficaz, como um eixo integrador nas várias áreas do
currículo e com a realidade social, seria indispensável uma articulação entre os temas
transversais e as áreas de conhecimento. E ainda afirma que os temas transversais
deveriam ser o eixo estrutural do currículo.
O tema Meio Ambiente dentro da transversalidade tem a função de promover
uma visão abrangente, para que se ligue os temas naturais com todos os elementos
23

de aspectos sociais na questão ambiental (FAHT, 2011). Os PCNs não tratam


exclusivamente da EA, mas propõem questões sobre o ambiente, transpõem
disciplinas, permeiam objetivos e buscam orientações didáticas em todas as
disciplinas (TOLEDO, 2005).
A questão ambiental deve ser inserida de forma sistemática, contínua, de modo
que seja abrangente e integradora. Não deve ser somente como uma área ou
disciplina, visto que o estudo do meio ambiente leva uma necessidade de aplicar
conhecimentos inerentes a diferentes áreas do saber (BRASIL,1998).
Segundo Faht (2011) os PCNs apresentam a EA junto ao tema transversal Meio
Ambiente e existe um caderno específico para o tema Ética e Meio Ambiente, mas
não há uma clara diferenciação entre os mesmos. Mas a EA também é uma forma de
educação política e se constitui como uma complexa visão do mundo
(VASCONCELLOS et al., 2009).
Os PCNs têm uma visão sobre o meio ambiente e sobre educação ambiental,
que estão ligadas aos seres humanos como parte integrante do meio:

- Identificar-se como integrante da natureza e sentir-se efetivamente ligados


a ela, percebendo os processos pessoais como elementos fundamentais para
uma atuação criativa, responsável e respeitosa em relação ao meio ambiente;
- Perceber, apreciar e valorizar a diversidade natural e sociocultural, adotando
posturas de respeito aos diferentes aspectos e formas do patrimônio natural,
étnico e cultural:
- Observar e analisar fatos e situações do ponto de vista ambiental, de modo
crítico, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuar de modo
propositivo, para garantir um meio ambiente saudável e a bia qualidade de
vida;
- Adotar, posturas na escola, em casa e em sua comunidade que os levam a
interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis;
- Compreender que os problemas ambientais interferem na qualidade de vida
das pessoas, tanto local quanto globalmente;
- Conhecer e compreender, de modo integrado, as noções básicas
relacionadas ao meio ambiente;
- Perceber, em diversos fenômenos naturais, encadeados e relações causa/
efeito que condicionam a vida no espaço (geográfico) e no tempo (histórico),
utilizando essa percepção para posicionar-se criticamente diante das
condições ambientais e seu meio;
- Compreender a necessidade de dominar alguns procedimentos de
conservação e manejo dos recursos naturais com os quais interagem,
aplicando os no dia- a dia. (BRASIL/ MEC,1997).

E assim, evidenciam a visão do meio ambiente e da EA relacionadas com os


seres humanos: ambos interligados, mas apresentando certa dicotomia (FAHT, 2011).
O papel da educação não pode ser desassociado da EA, pois ela tem como finalidade
a transformação das ações e o cuidado com o meio. A educação é um processo
24

humano. E a EA está vinculada com a educação, pois suas finalidades não se limitam
somente ao conhecimento, mas se amplia a esfera do afetivo, aos valores e a ética.
Assim, a educação ambiental deverá ser um ato político que busca a transformação
social (BERNADES; NEHME, 2017).

5.4 Perspectivas para o futuro da EA nas escolas

Existem várias formas de se aplicar a educação ambiental nas escolas, mas


devem ter como objetivo primordial o estabelecimento de valores e atitudes que
envolvam a conscientização, conhecimento, habilidades e competências voltadas
para a preservação e conservação do meio ambiente (BATISTA; PAULA, 2014).

Na escola, pode se criar formas adequadas de coleta e destino de lixo,


reciclagem e reaproveitamento de materiais. É possível também discutir
comportamentos responsáveis de “produção” e “acondicionamento” em casa,
e nos espaços de uso comum; o tipo de embalagens utilizado nos produtos
industrializados e as diversas formas de desperdício; o prejuízo causado por
produtos descartáveis não- biodegradáveis. (BRASIL,1998, p. 224).

Deve desenvolver um olhar sobre a EA promovendo a desmistificação do meio


ambiente. Não um olhar somente do problema como um todo, mas se concentrar nos
problemas mais próximos da comunidade na qual a escola está inserida e, assim,
desenvolver a participação direta dos alunos no exercício da própria cidadania
(COLOMBO, 2014).

Neste contexto, é grande a responsabilidade da escola que precisa ser


reinventada para adequar-se ao seu papel na formação de um novo e
verdadeiro cidadão. Cada aluno deve ser motivado a perceber, refletir e
praticar ações que são urgentes para garantir a sustentabilidade do planeta,
colocando-o em seu papel de cidadão consciente e transformador,
corresponsável por difundir atitudes coerentes e responsáveis com o meio
ambiente. (COLOMBO, 2014, p.71).

Os trabalhos voltados para a EA nas escolas não devem ser somente passados
como conteúdos extracurricular e, sim, como uma disciplina interdisciplinar, pois assim
se desenvolve novas técnicas para construir novos paradigmas. Desta forma, o
conhecimento adquirido pelo aluno se molda e traz bons resultados para a sociedade
(BATISTA; PAULA, 2014).
25

É necessário e urgente, a consolidação desses novos paradigmas em


associação com a EA, por meio de diálogos entre as áreas do conhecimento que
incentive a comunidade escolar. A participação dos alunos como conhecedores do
ambiente, os incentiva a produzir soluções, propostas e mudança de hábitos, para os
problemas encontrados dentro da comunidade, desenvolvendo a conscientização das
próprias atitudes (COLOMBO, 2014).
Compreender o currículo escolar é necessário, principalmente a parte de como
a EA vem sendo incluída, pois assim se gera contribuições e subsídios para novas
práticas educativas na área, além de mostrar inúmeros problemas na forma como a
EA tem sido oferecida nas instituições de ensino (SANTOS; SANTOS, 2016). O
trabalho educacional se torna indispensável, um componente essencial e de caráter
emergencial, visto que a maior parte dos desequilíbrios ecológicos advém de ações e
conduta humanas impróprias e impulsionadas por apelos consumistas (COLOMBO,
2014).
Assim, a Educação Ambiental desenvolve uma consciência crítica, que permeia
em todos os setores sociais, e auxilia no surgimento de um novo modelo de sociedade,
para preservar os recursos naturais e compatibilidade com o bem-estar
socioeconômico da população (ASSIS, 2013). Ela parte do pressuposto de que o
homem faz parte da natureza, e não algo desvinculado dela, mas sim, um de seus
componentes, e a partir deste princípio busca a conscientização, para que haja
preservação do meio ambiente.
26

6. CONCLUSÃO

Com a Educação Ambiental, há uma busca de formas mais efetiva na mudança


de hábitos e nos traz cidadão mais conscientes e críticos de seus atos. Dentro deste
contexto a escola se torna o maior auxiliador na busca da conscientização e
preservação do ambiente. A escola é um espaço, onde há uma construção de diálogo,
onde se aprende valores e princípios que auxiliam na formação consciente dos alunos,
que assim colaboram nas ações que ultrapassa as grades escolares. É necessário
que se tenha uma abordagem mais realista e participativa dos docentes, pois mostra-
se mais eficiente na formação dos alunos.
Ao trabalhar com a temática ambiental, se torna explicito, que não se trata
apenas um olhar para a degradação humana, é sim algo, que vai muito além, ela
pretende alcançar uma compreensão sobre os impactos causados por ações
humanas ao meio ambiente, o que gera novas percepções da realidade, tento em
vista a mudança de hábitos.
27

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