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INCLUSÃO ESCOLAR

Sumário

NOSSA HISTÓRIA 2

INTRODUÇÃO 3

OS DESAFIOS DOS ALUNOS DEFICIENTES NA ESCOLA 5

EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA O DEFICIENTE – AMPARO LEGAL 9

AS DIFICULDADES EM INCLUIR: A LEGISLAÇÃO EXISTENTE 13

FORMAÇÃO DOS PROFESSORES 17

INCLUSÃO ESCOLAR: AS AÇÕES PARA QUE ACONTEÇA 19

CONSIDERAÇÕES FINAIS 23

REFERENCIAS 24

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

Inclusão escolar é acolher todas


as pessoas, sem exceção, no sistema
de ensino, independentemente de cor,
classe social e condições físicas e
psicológicas. O termo é associado mais
comumente à inclusão educacional de
pessoas com deficiência física e
mental.

Recusar-se a ensinar crianças e jovens com necessidades educacionais


especiais (NEE) é crime: todas as instituições devem oferecer atendimento
especializado, chamado de Educação Especial. No entanto, o termo não deve ser
confundido com escolarização especial, que atende os portadores de deficiência em
uma sala de aula ou escola separada, apenas formadas de crianças com NEE. Isso
também é ilegal.

O artigo 208 da Constituição brasileira especifica que é dever do Estado


garantir "atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino", condição que também consta no artigo
54 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

A legislação também obriga as escolas a terem professores de ensino regular


preparados para ajudar alunos com necessidades especiais a se integrarem nas
classes comuns. Ou seja, uma criança portadora de deficiência não deve ter de
procurar uma escola especializada. Ela tem direito a cursar instituições comuns, e é
dever dos professores elaborar e aplicar atividades que levem em conta as
necessidades específicas dela.

No caso da alfabetização para cegos, por exemplo, o aluno tem direito a usar
materiais adaptados ao letramento especial, como livros didáticos transcritos em
braille para escrever durante as aulas. De acordo com o decreto 6.571, de 17 de
setembro de 2008, o Estado deve oferecer apoio técnico e financeiro para que o
atendimento especializado esteja presente em toda a rede pública de ensino. Mas o

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gestor da escola e as Secretarias de Educação e administração é que precisam
requerer os recursos para isso.

Às vezes o atendimento escolar especial (AEE) deve ser feito com um


profissional auxiliar, em caso de paralisia cerebral, por exemplo. Esse profissional
auxilia na execução das atividades, na alimentação e na higiene pessoal. O professor
e o responsável pelo AEE devem coordenar o trabalho e planejar as atividades. O
auxiliar não foge do tema da aula, que é comum a todos os alunos, mas o adapta da
melhor forma possível para que o aluno consiga acompanhar o resto da classe.

Mas a preparação da escola não deve ser apenas dentro da sala de aula:
alunos com deficiência física necessitam de espaços modificados, como rampas,
elevadores (se necessário), corrimões e banheiros adaptados. Engrossadores de
lápis, apoio para braços, tesouras especiais e quadros magnéticos são algumas
tecnologias assistivas que podem ajudar o desempenho das crianças e jovens com
dificuldades motoras.

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OS DESAFIOS DOS ALUNOS DEFICIENTES NA ESCOLA

Para compreender melhor a forma como as pessoas com deficiência são vistas
na sociedade atualmente, é necessário, de certa forma, voltar ao passado e identificar
o juízo de valor dado a elas em diferentes épocas. Porém deve-se considerar que a
trajetória histórica pela qual as pessoas que apresentam deficiências se integram
socialmente não é a mesma, não é linear nem idêntica. Numa mesma época essas
pessoas são vistas de maneiras diferentes. Como exemplo pode-se dizer que na
história recente da humanidade, mais precisamente no século XX, pessoas com
deficiências eram submetidas a experiências cientificas na Alemanha nazista de
Hitler, enquanto soldados americanos que haviam sido mutilados nos campos de
batalha eram condecorados e recebiam apoio financeiro do governo. Tendo em vista
a ressalva feita, é conveniente que se faça um breve resgate histórico do deficiente
ao longo do tempo. (FREITAS, 2011)

Desde a Idade Antiga e Idade Média encontra-se relatos de pessoas com


deficiência, em passagens da literatura grega e romana e em livros sagrados como
Bíblia e Alcorão.

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A história dos povos antigos, como os hebreus, relata que pessoas com
deficiência não eram aceitas na sociedade por não serem consideradas a “imagem e
semelhança de Deus” e eram consideradas uma abominação, palavra essa, usada
para referir-se a tudo que era pecado, que não podia fazer parte da vida.

Como afirma Silva (1987):

“Anomalias físicas ou mentais, deformações congênitas, amputações


traumáticas, doenças graves e de consequências incapacitantes, sejam elas de
natureza transitória ou permanente, são tão antigas quanto a própria
humanidade” (Silva, 1987, p. 21)

É perceptível que as pessoas deficientes eram desprezadas, excluídas,


segregadas, viviam reclusas em suas moradias tendo contato apenas com alguns
familiares ou em locais isolados sem nem um contato com o mundo externo.

Na literatura dos povos gregos e romanos, o perfil aceito pela sociedade era a
do corpo perfeito, pois a beleza e a perfeição representavam a força, a astúcia, a
inteligência. Isso pode ser comprovado levando em consideração a descrição dada
aos heróis daquele tempo como Hércules, Aquiles, Afrodite, entre outros. Por outro
lado, as pessoas que apresentavam deficiência eram consideradas possuídas por
demônios devendo ser marcadas fisicamente e evitadas, principalmente em público.
(FREITAS, 2011)

Na Idade Média, entre os séculos V e XV, o domínio absoluto da igreja católica


fez emergir de maneira mais expressiva a questão da bruxaria. Os indivíduos
deficientes, eram considerados manifestações demoníacas, pois fugir ao padrão de”
normalidade”, era castigo de Deus. Acreditava-se que esses indivíduos não possuíam
alma, e se a possuíssem seria a representação do maligno.

Segundo Carmo (1991), na Renascença, apesar de não haver ações que


viabilizassem a retirada dos deficientes da marginalização, houve grandes avanços
nas relações entre essas pessoas e a sociedade em geral. Foi nesse período que

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iniciou a criação de leis para auxiliar os pobres, velhos e deficientes. Na Inglaterra a
população passou a pagar uma taxa destinada a esse auxílio e em 1554 foi fundado
na França o “Grand Bureau des Pauvres” que recolhia dinheiro da burguesia para
manter hospitais que cuidavam de doentes, pobres e deficientes.

No século XX, as duas grandes guerras deixaram um número elevado de


pessoas com as mais variadas sequelas, isso fez com que as sociedades tivessem
uma visão mais humanística em relação às pessoas com deficiências e que os
governos voltassem a atenção para esse público, por isso houve um grande avanço
na assistência as pessoas com deficiências. (GARCIA, 2013)

Dentro desse contexto, percebe-se que o deficiente, em seu percurso histórico,


sempre esteve estigmatizado a viver a margem da sociedade, ora considerado
criatura não abençoada por Deus ora dependente da caridade alheia.

Atualmente, a modernidade impõe mudanças comportamentais e os avanços


com relação a temas sobre direitos humanos procuram resgatar a dignidade do
deficiente e criar leis que assegurem seus direitos.

Em 1980 a OMS – Organização Mundial de Saúde – propôs três níveis para


definir as deficiências em geral: deficiência, incapacidade e desvantagem social. Essa
proposta foi revista e reeditada em 2001, o que possibilitou a ruptura do isolamento
da pessoa com deficiência em relação aos fatores contextuais e do meio, levando-as
ao acesso social. Essa proposta chegou a sugerir a substituição da nomenclatura de
“pessoa deficiente” por “pessoa em situação de deficiência”. Dessa forma, ao invés
da pessoa sentir-se discriminada em um ambiente onde só é destacado suas
necessidades poderá sentir-se acolhida em um ambiente que se transforma para
atender as suas precisões.

A Constituição Brasileira de 1988, pelo Decreto nª 3.956/2001, no seu artigo 1ª


define deficiência como:

[...] “uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou


transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da
vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social”. Confirmando,
assim, a deficiência como uma situação que pode ser modificada.

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A deficiência intelectual, segundo especialistas, é uma condição, geralmente
irreversível, caracterizado principalmente por redução das capacidades intelectuais,
acompanhado de limitações significativas no funcionamento das habilidades nas
áreas de comunicação, social e acadêmica.

O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - revelou em 2015 que


6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. A pesquisa realizada em
parceria com o Ministério da Saúde revelou também que desse total, 0,8% da
população brasileira apresenta algum tipo de deficiência intelectual e a maioria –
0,5%- já nasceu com as limitações. Entre essas pessoas, mais da metade – 54,8% -
tem grau intenso ou muito intenso de limitação e apenas 30% frequentam algum
serviço de reabilitação em saúde.

Segundo o médico especialista em psiquiatria da infância e adolescência, Dr.


Gustavo, afirma em matéria publicada no site Comportamento Infantil que:
aproximadamente entre 1 a 2% da população mundial tem o diagnóstico de retardo
mental e parece prevalecer entre pessoas do sexo masculino. O Dr. Gustavo explica
que para diagnosticar o retardo mental é necessário um exame clínico da criança,
entrevista detalhada com os pais e investigação criteriosa da gestação da mãe.
Quando surge dúvida com relação ao diagnóstico, são realizados testes padronizados
nos pacientes, esses testes fornecem o que é chamado de quoeficiente de
inteligência (Q,I). (DR. GUSTAVO TEIXEIRA, 2011)

Segundo os critérios utilizados pela Organização Mundial de Saúde há quatro


tipos de retardo mental:

 retardo mental leve – Q.I. compreendido entre 50 e 70.


 Retardo mental moderado – Q.I. compreendido entre 35 e 49.
 Retardo mental grave- Q.I. compreendido entre 20 e 34.
 Retardo mental profundo – Q.I. abaixo de 20.

As crianças que apresentam retardo mental leve, conforme esclarecido pelo


médico, conseguem comunicar-se, estudar, podendo inclusive concluir o ensino
médio, e com acompanhamento médico e terapêutico conseguem levar uma vida
normal.

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Os pacientes que apresentam retardo mental moderado, possuem mais
dificuldades na compreensão e no uso da linguagem, podendo precisar de ajuda
durante toda a vida, segundo o médico, apesar de terem a vida acadêmica limitada,
podem aprender a ler, escrever e realizar cálculos. Se forem incluídos em turmas
especiais o convívio com crianças que apresentam as mesmas limitações tendem a
enriquecer suas habilidades sociais.

Os portadores de retardo mental grave e profundo, geralmente, apresentam


deficiências visuais e auditivas que indicam lesões graves no cérebro, necessitam de
acompanhamento durante toda a vida, finaliza Dr. Gustavo.

Atualmente, o termo que está sendo utilizado para designar pessoas que
apresentam deficiência cognitivas é “pessoa com deficiência intelectual”, porém,
observa-se, que mais importante que utilizar o termo que seja “politicamente correto”
para definir essas pessoas, é necessário que a sociedade conheça e aceite as
diferenças de maneira que essas pessoas possam ser incluídas em todos os âmbitos
sociais.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA O DEFICIENTE – AMPARO LEGAL

Segundo Mazzota (1996), a educação especial no Brasil teve início em 1884


com a criação do instituto dos Meninos Cegos (atual instituto Benjamim Constnat) e
do Instituto dos Surdos-Mudos (atual Instituto Nacional de Educação do Surdos –
INES) em 1857, na cidade do Rio de Janeiro. Essas instituições, apesar de terem sido
precárias no tocante ao número de atendimento, representaram um grande avanço,
pois foi a partir desse momento que surgiram discussões sobre a educação
institucionalizada para deficientes. Até então, os deficientes eram segregados em
suas casas, ” protegidos” da sociedade.

A partir do século XX, começa a surgir movimentos em favor de uma sociedade


mais justa e inclusiva, as pessoas deficientes passam a ser reconhecidas e a luta
contra a discriminação ganha força.

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Em 1975, com a aprovação da Declaração das Pessoas Deficientes, foi
destacado o direito ao tratamento para o desenvolvimento da pessoa com deficiência,
bem como a dignidade e o respeito para com seus direitos.

Em 1981 as Organizações das Nações Unidas (ONU), declara O Ano da


Pessoa Portadora de Deficiência. O encontro discutiu a acessibilidade aos bens de
serviço e correlação de oportunidades entre pessoas com deficiências ou não. As
discussões resultaram na aprovação, em 1982, do Programa de Ação Mundial (PAM).
Este programa tem como finalidade

"promover medidas eficazes para a prevenção da deficiência e para a


reabilitação e a realização dos objetivos de igualdade e de participação plena
das pessoas com deficiências na vida social e no
desenvolvimento". (Resolução 37/52 da Assembleia Geral das Nações Unidas

A constituição Federal de 1988, considera a educação como direito


fundamental de todos. Promulga no artigo 205 que:

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida


e incentivada, com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho
“ (BRASIL, 1988).

E no artigo 208, III declara que o:

“Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,


preferencialmente na rede regular de ensino; ” (BRASIL, 1988).

Percebe-se que cabe aos deficientes o direito de receber educação, mesmo


que diferenciada, junto a pessoas que não apresentam deficiências, com isso,
promovendo a socialização plena do indivíduo.

Os movimentos e declarações internacionais, influenciaram o Brasil a um


discurso favorável a inclusão de pessoas com deficiência intelectual no ensino
regular, dentre os documentos produzidos podemos destacar a Declaração de

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Salamanca, realizada pela UNESCO em Salamanca, Espanha entre os dias 7 e 10
de junho de 1994 que proclamam:

• toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a


oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem

• toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades


de aprendizagem que são únicas,

• sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais


deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de
tais características e necessidades,

• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à


escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na
criança, capaz de satisfazer a tais necessidades,

• escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios


mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades
acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para
todos; além disso, tais escolas provêm uma educação efetiva à maioria das crianças
e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema
educacional.

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No Brasil, em 20 de dezembro de 1996 foi sancionada a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394. No art. 58 institui a educação especial
brasileira garantindo e regulamentando o acesso da pessoa com deficiência ao ensino
regular inclusivo.

Em 2001, foi criado outro documento que também ampara a educação


inclusiva, o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela lei nº 10.172/2001
destacando que: “o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria
a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade
humana”.

Com o objetivo de difundir os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão


de pessoas com deficiência no ensino regular, o Ministério Público Federal publicou
em 2004 o documento “O Acesso de Estudantes com Deficiência às Escolas e
Classes Comuns da Rede Regular”.

Destaca-se também o ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº


8.69, de 13 de julho de 1990, que dispõe no artigo 54: “atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino.'' (BRASIL, 1990, p.25).

No entanto, tudo isso não impede que a família escolha a instituição e o tipo
de instrução que será oferecido a seus filhos. O art. 26, III, da Declaração Universal
dos Direitos Humanos de 1948, ressalta que os pais têm prioridade de direito de
escolha ao tipo de educação que quer para seus filhos. (ONU, 1948), mas caso
prefiram matricular seus filhos com deficiências, no ensino regular serão amparados
por lei.

Por outro lado, a Escola não pode recusar atender o aluno que apresenta
algum tipo de deficiência. Entende-se que para o desenvolvimento de uma nação
democrática é necessário a inclusão de todos ao espaço comum da vida em
sociedade, porém, para garantir que as leis que garantem o acesso ao deficiente a
rede regular de ensino sejam cumpridas as escolas devem adaptar-se as propostas
de inclusão.

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AS DIFICULDADES EM INCLUIR: A LEGISLAÇÃO EXISTENTE

Os vários documentos
publicados no Brasil e pelos órgãos
internacionais que defendem o
acesso à educação gratuita e de
qualidade para todos têm como
princípios básicos a ideia de que a
escola comum é o meio mais efetivo
para diminuir ou sanar a
discriminação e o preconceito e
observam que:

... as escolas devem acolher


todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais,
sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e
crianças bem-dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de
populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicos ou
culturais e crianças de outros grupos e zonas desfavorecidos ou marginalizados.
(Brasil, 1997, p. 17 e 18).

São muitos dispositivos legais que asseguram o acesso a pessoa com


deficiência na mesma sala de criança ou adolescentes sem deficiência, porém há
vários fatores que, na prática, impossibilitam ou dificultam esse acesso,
principalmente no que se refere a deficiência intelectual.

Esse tipo de deficiência traz para a escola de ensino regular o desafio de


alcançar seus objetivos de ensinar, de fazer com que o aluno aprenda os conteúdos
curriculares, pois o aluno com essa deficiência se relaciona com o saber de forma
diferente. Não conseguir aprender os conteúdos escolares pode ser admitido com
alunos sem deficiências ou que tenham outras deficiências, mas a deficiência
intelectual denuncia a incapacidade da escola atingir seus objetivos.

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Segundo Mantoan, (2003 ) a escola continua transmitindo o conhecimento do
currículo básico e isso já não é suficiente.

“O senso comum nos faz pensar muito mais na identidade do que na diferença,
porque é muito mais fácil. Mas a diferença se apresenta, e você tem que lidar. “

Ainda segundo a autora, para uma criança com deficiência não é importante
aprender o conteúdo como as outras crianças, o importante é ter autonomia, é poder
se expressar livremente e ser reconhecido pelo seu esforço.

O princípio da inclusão determina uma grande transformação da escola atual.


É a escola que deve adaptar-se às condições de seus alunos e não o contrário, pois
a proposta de inclusão defende uma escola que dirige seu olhar para o estudante em
sua totalidade, que não se preocupa apenas com a aprendizagem dos conteúdos
ministrados, mas que saiba respeitar e valorizar o aluno em sua essência,
independentemente de ser esse aluno deficiente ou não. (BERNARDES, 2010)

A inclusão de pessoas com deficiências não acontecerá simplesmente porque


está amparada por leis ou decretos, manter um aluno deficiente intelectual na mesma
classe com alunos que não possuem deficiências não lhe garante a inclusão, pois ela
não se dá pelo fato de o aluno está presente fisicamente em classe regular e sim pelo
engajamento e capacidade da escola trabalhar com as diferenças individuais de seus
alunos.

Quando nos referimos à relação, ou às relações entre inclusão/exclusão,


facilmente nos vem à mente a ideia de um espaço, e de estar dentro ou fora deste
espaço, de estar de um lado ou de outro de uma suposta fronteira. Estabelecer os
limites desta fronteira é, no mínimo, uma tarefa complicada, pois as fronteiras da
exclusão aparecem, desaparecem e voltam a aparecer, se multiplicam, se disfarçam;
seus limites se ampliam, mudam de cor, de corpo, de nome e de linguagem. ( SKLIAR.
2001, p. 14)

Percebe- se que a escola inclusiva não pode ser confundida com um simples
espaço de convivência entre pessoas deficientes e não deficientes, deve ser na
verdade um ambiente de tolerância e de aquisição de conhecimento, já que esse é o
principal objetivo da escola. No entanto a escola oferece o mesmo espaço, os

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mesmos conteúdos, as mesmas metodologias como se isso bastasse para garantir
igualdade de condições para todos.

É evidente que a escola que não respeita as características próprias de cada


aluno, levará o aluno deficiente intelectual, inserido em classe regular, a viver sempre
a margem das atividades propostas não desenvolvendo nenhuma de suas
potencialidades.

De acordo com estudo realizado pelo Seesp/Seed/ Mec em 2007, o número de


alunos classificados como deficientes intelectuais aumentou de maneira significativa
na atualidade, pois abrange todos aqueles que não conseguem ter um bom
aproveitamento escolar e apresentam dificuldade em seguir as normas da escola.
Alunos que apresentam qualquer dificuldade de aprendizagem, podendo ser inclusive
devido as práticas escolares, identificados como deficientes intelectuais.

Dentro desse contexto, percebe-se a urgência em as escolas se adaptarem


para o atendimento individual do aluno reconhecendo e valorizando as habilidades de
cada um, evitando, assim, uma maior exclusão daqueles que, supostamente, não
desenvolvem a aprendizagem conforme o que preconiza as escolas

Segundo Vygotsky (1997), há potencialidade e capacidade nas pessoas com


deficiência, mas entende-se que, para elas poderem desenvolvê-las, devem ser lhes
oferecidas condições materiais e instrumentais adequadas. Por isso, é necessário
apresentar a esses alunos uma educação que possibilite seu desenvolvimento pleno,
de maneira que eles possam se apropriar da cultura histórica e socialmente
construída. Além disso, o autor ainda diz que devemos observar o processo que o
aprendiz com deficiência intelectual utiliza para chegar a solucionar os problemas a
eles impostos, mesmo que com a ajuda de outras pessoas, pois todos nascemos com
a capacidade de aprender.

De acordo com Mantoan (2003), a organização das escolas em disciplinas, não


reconhece as inter-relações que existem entre elas, sendo que o conhecimento só
evolui pela integração dos saberes. Esse tipo de organização, da mesma maneira,
recorta a realidade permitindo a divisão dos alunos em normais ou deficientes,
ignorando o subjetivo e o potencial criativo de cada um dificultando a ruptura desse
sistema de ensino que a inclusão impõe.

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A autora ressalta que, a pretensão de uma escola inclusiva exige a redefinição
dos planos das escolas, pois a educação deve estar voltada para a cidadania plena
reconhecendo e valorizando as diferenças. A conquista de uma escola de qualidade
e inclusiva só irá acontecer quando ocorrer, primeiramente, a participação de todos
os segmentos da sociedade em busca de um bem comum, em segundo lugar, deve
se ter o comprometimento de todos os profissionais da educação para a construção
de uma escola democrática.

Pesquisas educacionais apontam que as escolas com a direção comprometida


com a orientação da promoção do processo ensino aprendizagem na sala de aula
apresentam melhores resultados, pois a figura do diretor deve representar a liderança
que reconhece cada um dos espaços e cada processo para se alcançar o
conhecimento escolar.

Dentro desse contexto, percebe-se a importância da presença do diretor em


sala de aula, observando o desenvolvimento da turma e a interação entre professores
e alunos. O diretor deve estar atento ao modo como os alunos são envolvidos,
motivados e como acontece o estimulo durante a aula para que ocorra o
desenvolvimento das aprendizagens. Somente com essas observações ele terá
condições para interagir com os docentes de maneira que o processo de
aprendizagem apresente melhorias.

Uma escola de qualidade e inclusiva pressupõe, além de altos índices de


aprovação que sejam equiparados com as avaliações externas, que possua um
quadro de profissionais competentes e envolvidos, um quadro administrativo –
pedagógico atuante, e acima de tudo um espaço em que se reconheça e respeite as
diferenças individuais de cada aluno.

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FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

Atualmente, um dos maiores desafios para o fortalecimento da escola inclusiva


é a formação dos professores. A perspectiva do professor sobre sua importância
como parte integrante do processo educativo torna-se um dos meios para
redimensionar o seu trabalho dentro da escola resgatando e dando novos significados
a sua prática pedagógica.

O professor, geralmente, pela


falta de uma formação continuada
significativa, não se auto avalia
permanentemente e costuma buscar a
culpa pelo fracasso escolar na família,
no sistema e no próprio aluno. Esse
quadro piora quando em uma classe
comum há a presença de aluno deficiente intelectual.

Segundo Mantoan (2003), os professores estão habituados a desenvolver


sempre o mesmo trabalho e quando são submetidos a inovações educacionais como
a inclusão de deficientes, tendem a rejeitar, pois o novo rompe com o esquema de
trabalho prático que aprenderam a aplicar em suas aulas. Justificam-se
argumentando que não foram preparados para trabalhar com esse tipo de alunos.

A autora também ressalta que os professores, em sua formação inicial,


aprendem de maneira fragmentada e ao levar seus conhecimentos para a prática não
conseguem se desvincular dessa forma de ensino. Por isso, quando buscam algum
curso de formação para trabalhar com a inclusão, esperam aprender a lidar com os
alunos que apresentam algum tipo de deficiência ou maior dificuldade na
aprendizagem, planos pedagógicos predefinidos para pôr em prática em sala de aula,
outros procuram nos cursos de formação apenas um certificado que comprova sua
capacidade de ser um professor que esteja habilitado a trabalhar com a inclusão.

Percebe-se que na medida em que as discussões sobre a educação se


intensificam a transformação do papel do professor deve receber a mesma atenção,

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tendo em vista que o professor é parte responsável pela formação do cidadão, ele
precisa ter uma formação adequada para que tenha consciência de seu papel
transformador dentro da sociedade.

No caso de uma formação inicial e continuada direcionada à inclusão escolar,


estamos diante de uma proposta de trabalho que não se encaixa em uma
especialização, extensão ou atualização de conhecimentos pedagógicos. Ensinar, na
perspectiva inclusiva, significa ressignificar o papel do professor, da escola, da
educação e de práticas pedagógicas que são usuais no contexto excludente do nosso
ensino, em todos os seus níveis. Como já nos referimos anteriormente, a inclusão
escolar não cabe em um paradigma tradicional de educação e, assim sendo, uma
preparação do professor nessa direção requer um design diferente das propostas de
profissionalização existentes e de uma formação em serviço que também muda,
porque as escolas não serão mais as mesmas, se abraçarem esse novo projeto
educacional. (MANTOAN, 2003 pág. 43)

Isso posto, nota-se que o processo inclusivo como a legislação propõe e como
ela deve realmente ser, pressupõe mudanças na atual educação vigente, pois como
está não garante e nem oferece condições aceitáveis para ser considerada de fato
inclusiva. É preciso considerar não só os limites da formação dos professores, mas
também os elevados números de alunos por turma e instalações inadequadas e
precárias. Devem-se, portanto, procurar alternativas e formas diferenciadas que
permitam uma nova maneira de olhar e pensar a escola e os profissionais que nela
atuam.

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INCLUSÃO ESCOLAR: AS AÇÕES PARA QUE ACONTEÇA

Gerir o pedagógico e o administrativo é um desafio, principalmente porque


perpassa garantir o direito de aprendizagem de todos os estudantes. Dentro disto,
temos um desafio específico: incluir aqueles com deficiência, não só como parte do
processo, mas enquanto cidadão capazes de adquirir habilidades e competências
dentro da sua necessidade e potencial.

A inclusão escolar não pode ser entendida apenas como um direito garantido
em um capítulo da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) ou de outras que integram a
legislação brasileira. Muito pelo contrário: precisa ser compreendida como um direito
enquanto cidadão, forma de garantia de sua autonomia e do seu desenvolvimento
cognitivo. Nestes anos de experiência como diretora, venho usando alguns
direcionamentos que norteiam nossa atuação visando a inclusão desses estudantes
com maior êxito. Essas ações foram se consolidando a cada ano a partir de avaliação,
reelaboração, revisão e conversa franca entre todos para que melhoremos nossa
prática. A cada aluno recebido, em suas especificidades, temos novos
aprendizados. E temos que fazer sempre esse exercício de aprender com cada
um deles. Para que a inclusão aconteça segue exemplo de algumas ações
para colocar em pratica no dia a dia escolar como:

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 Conhecimento do aluno em sua totalidade. Não olhamos
ninguém com pena ou julgando-o como incapacitado para assimilar
conhecimentos. Buscamos sempre compreender quais são as
dificuldades, que tipo de soluções funcionam melhor dentro de seu
contexto, como dar instrumentos para que ele seja capaz e desenvolva
autonomia no dia a dia seja na vida escolar ou na pessoal.
Consideramos importante também a participação atuante em eventos,
gincanas e diversas outras ações da escola!
 Formação dos profissionais. A equipe gestora precisa ter um plano
de ação junto a todos os envolvidos. Dentro de seu campo específico
de atuação, todos devem ter ciência de como podem contribuir para a
inclusão. Como a forma de lidar com cada estudante mesmo quando se
trata do mesmo diagnóstico é diferente, as formações são essenciais
para alinhar os conhecimentos com a realidade da instituição,
aperfeiçoar práticas e alimentar a formação docente para ter uma
postura mais assertiva com a aprendizagem desses estudantes.

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 Integração efetiva entre o professor da sala de recurso
multifuncional e os do ensino regular. Esses trabalhos precisam
se conversar. As experiências e caminhos encontrados por um desses
profissionais pode ampliar as do outro. A equipe gestora é responsável
pela mediação dos encaminhamentos e orientações a serem
desenvolvidas. Nesse contexto, a observação de sala de aula, auxílio
nas adequações de atividades e feedback de ações faz toda a diferença,
pois cada um sabe e compreende sua importância no processo e
aprende também com os colegas relação de corresponsabilidade.

 Atendimento na sala de recurso multifuncional. Deve ter seus


horários definidos a partir de um cronograma em comum acordo com o
aluno e família. Essa definição é necessária para o desenvolvimento de
um trabalho melhor e contribuição junto ao professor que atua neste
local, que deve ter um plano específico para cada aluno.

 Uso da tecnologia dentro da escola. Os diversos meios


tecnológicos dentro ou fora da sala podem auxiliar os procedimentos e
atividades de inclusão. Eles incentivam os alunos a dar o seu melhor já
que muitas vezes a tecnologia desperta interesse e ajudam
consideravelmente na sua evolução. Softwares educativos, por
exemplo, contribuem com o cognitivo para construção de frases e
cálculos matemáticos.

 Parceria escola e família. Esse será sempre o ponto chave! A família


colabora com informações para construções de processos, além de seu
apoio ser fundamental para engajamento das crianças na instituição. Ela
também pode ser parte atuante ao incentivar as práticas escolares em
casa.

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Inclusão será sempre um tema precioso e necessário a ser discutido
entre nós. A cada dia nos deparamos com situações novas e precisamos sempre nos
reinventar para garantir os direitos individuais e coletivos de nossos alunos. Para isso,
estudar e se manter em formação continuada é imprescindível para os gestores
também. Só assim teremos embasamento para contribuir, auxiliar, transformar e
passar a confiança para equipe que tem na figura do diretor um parceiro mais
experiente e direcionador dos desafios escolares.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Inclusiva compreende a Educação especial dentro da escola


regular e transforma a escola em um espaço para todos. Ela favorece a diversidade
na medida em que considera que todos os alunos podem ter necessidades especiais
em algum momento de sua vida escolar.

Embora possa assustar pelo grande número de mudanças e pelo teor de cada
uma delas, a inclusão é, como muitos a apregoam, “um caminho sem volta”. Nunca é
demais, contudo, reafirmar as condições em que essa inovação acontece, marcando,
grifando na consciência dos educadores o seu valor, para que nossas escolas
atendam à expectativa de seus alunos, do ensino infantil à universidade.

A escola prepara o futuro e, de certo que, se as crianças aprenderem a


valorizar e a conviver com as diferenças nas salas de aula, serão adultos bem
diferentes de nós, que temos de nos empenhar tanto para entender e viver a
experiência da inclusão!

O movimento inclusivo, nas escolas, por mais que ainda seja muito contestado,
pelo caráter ameaçador de toda e qualquer mudança, especialmente no meio
educacional, convence a todos pela sua lógica e pela ética de seu posicionamento
social.

Com novos métodos de aprendizagem e a evolução constante as instituição


escolar brasileiras vem desempenhado uma maneira nova de incluir os alunos desde
a infância até juventude estudantil. Se ainda hoje esses projetos se resumem a
experiências locais, estas estão demonstrando a viabilidade da inclusão, em escolas
e redes de ensino brasileiras, porque têm a força do óbvio e a clareza da simplicidade.

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REFERENCIAS

________. LEI 13146 – LBI - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
Disponível em: http: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/Lei/L13146.htm Acesso em: 29/10/2020

________. LEI 9394 – LDB – Lei das Diretrizes e Bases da Educação, de 20 de


dezembro de 1996. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Acesso em: 28/10/2020

BEDAQUE, Selma Andrade de Paula. O atendimento educacional especializado no


processo de inclusão escolar, na rede municipal de ensino de Mossoró/RN, Natal,
Dez. 2011.

BRASIL, Decreto nº 6.571. de 17 de setembro de 2008, que dispões sobre o


atendimento educacional especializado.

FARIA, Carlos Aurélio Pimenta de. A política da avaliação de políticas públicas.


Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 20, n. 59, p. 97-109, out. 2005.

Informações Convenção Internacional sobre o Direito das Pessoas com Deficiência –


www.presidencia.gov.br/sedh/corde Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência –
CONADE.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação PDF com a Lei de Diretrizes e Bases da


Educaçãohttp://www.portal.mec.goc.brhttp://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb00
4_09.pdf

MEC. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Política Nacional de


Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. MEC/SEESP, Brasília,
2008. Disponível em:
http://peei.mec.gov.br/arquivos/politica_nacional_educacao_especial.pdf

MENEZES. Ebenezer Takuno de Transversalidade. Disponível em:


http://www.educabrasil.com.br/transversalidade/ Acesso em: 29/10/2016

NEGRINE, Tat iane. Políticas Públicas e altas habilidades /superdotação. IX


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Parâmetros Curriculares Nacionais- Adaptações Curriculares- Educação Especial.
Brasília: MEC, 1998. Disponível:
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf

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