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ESCOLA SECUNDÁRIA DU BOCAGE

ANO LETIVO 2023/2024


Ficha de Avaliação de Biologia e Geologia – 11ºº ANO
Nome:_______________________________________________________________ Nº:____ Turma: ____

Duração da prova: 60 m Classificação_____________________________________ Data:______________

GRUPO I
Texto 1

Na zona da praia da Parede, na Área Marinha Protegida das Avencas (AMPA), as algas representam um dos
macropovoamentos mais importantes. Os tapetes formados pelas algas na zona entre marés retêm a água durante
a baixa-mar, fazendo com que as condições sejam suportáveis para a grande maioria dos organismos marinhos
que aqui têm o seu habitat.
A alga Asparagopsis armata é considerada, de entre as algas existentes nas águas europeias, uma das espécies
com maior potencial invasor. Na AMPA proliferam as duas fases do seu ciclo de vida, a geração produtora de
gâmetas e a geração produtora de esporos. Esta última é caracterizada pela formação de dois tipos de esporos em
momentos diferentes – os carpósporos, que são diploides, e os tetrásporos, que são haploides. No passado, a
entidade designada por tetrasporófito foi considerada como uma espécie distinta, Falkenbergia rufolanosa. A alga
A. armata apresenta um ciclo de vida com gametófitos fixos a um substrato e esporófitos de vida livre, muito
comuns durante todo o ano. Estas algas requerem uma superfície dura para se fixarem, sendo as rochas o local
mais habitual para o fazerem, mas também se podem fixar noutras algas ou em animais como as lapas (moluscos
com concha univalve que escavam, nas rochas, pequenas cavidades às quais se ajustam).
Uma particularidade importante dos seres do género Asparagopsis é a produção de metabolitos que atuam como
repelentes de herbívoros. Estes metabolitos são sintetizados em células glandulares dos filamentos do
tetrasporófito. Na Figura 1, está representado o ciclo de vida de A. armata.

Fase X gametângio
feminino
gametângio
masculino

carpósporo A
Fassee YY
F

gametófito
feminino
gametófito
masculino tetrasporófito
tetrásporos
femininos

tetrasporângio
tetrásporos
masculinos

Figura 1 Baseado em: F. Almada et al., «Monitorização da AMP Avencas – Parte I – Relatório Geral», MARE, ISPA,30 de abril de 2017; e em: E.
Cacabelos et al., «Impacte para o ecossistema e benefícios socioeconómicos alga exótica Asparagopsis armata nos Açores», in Açores Magazine,
UAciência, 2017

1
1. Considerando as etapas do ciclo de vida representado, pode referir-se que

(A) a célula representada por A tem apenas um cromossoma de cada par de homólogos.
(B) o processo de meiose ocorre para a formação de gâmetas.
(C) a entidade produtora de tetrásporos é uma estrutura multicelular que nada livremente.
(D) o gametófito masculino possui células diploides.

2. Em A. armata, durante o processo de produção dos tetrásporos, ocorre

(A) emparelhamento de cromossomas homólogos na metáfase.


(B) condensação de cromatina durante a telófase.
(C) duplicação do número de cromossomas durante a interfase.
(D) formação de tétradas ou bivalentes na prófase.

3. O sucesso da fecundação em A. armata é facilitado pelo facto de

(A) os gametófitos viverem fixos nas rochas.


(B) o tetrasporófito poder fixar-se em substratos como lapas ou outras algas.
(C) os gametângios masculinos e femininos estarem em indivíduos diferentes.
(D) o tetrasporângio produzir e acumular metabolitos.

4. Durante a baixa-mar, uma das condições que permitem a sobrevivência das lapas é a sua capacidade de
reter água, que é favorecida

(A) pela ação erosiva destes seres vivos sobre as rochas das plataformas.
(B) pela sua fixação nas areias que preenchem as fraturas das rochas.
(C) pela construção de uma concha permeável à água do mar.
(D) pela sua exposição solar em plataformas rochosas viradas a sul.

5. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência correta de


acontecimentos relacionados com a síntese de metabolitos peptídicos em células especializadas de A.
armata.
A. Formação de vesículas de exocitose.
B. Estabelecimento de ligações entre aminoácidos.
C. Transcrição de uma cadeia da molécula de DNA.
D. Maturação de cadeias polipeptídicas.
E. Remoção de intrões de uma cadeia ribonucleica.

6. Explique, de acordo com os dados, de que modo as características biológicas de A. armata fazem dela
uma espécie com potencial invasor.

Texto 2
As variações diárias de temperatura ambiente podem ter grande impacto nos sistemas biológicos. Foi
realizado um estudo para analisar os níveis de stress térmico no molusco Patella vulgata (lapa), em
diversos micro-habitats de praias na costa atlântica europeia, nomeadamente em Portugal. Para o
efeito, foram determinados os níveis de uma proteína de stress térmico (HSP70). Esta proteína tem funções
essenciais para a sobrevivência, protegendo as proteínas celulares contraa desnaturação e conferindo, assim,
tolerância à hipotermia, à hipertermia e à radiação ultravioleta.

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Procedimento:

• Selecionaram-se 4 praias da costa atlântica oeste a estudar (Moledo, Mindelo, S. Lourenço e


Alteirinhos).
• Colocaram-se 3 «robolapas1», em cada um de 2 micro-habitats opostos (norte e sul), nas plataformas
rochosas da zona entre marés (habitat da P. vulgata), perfazendo 6 «robolapas» por praia.
• Programaram-se as «robolapas» para recolher dados sobre a temperatura a cada 40 minutos, durante 6
meses.
• Recolheram-se 8 indivíduos do micro-habitat mais exposto à radiação solar, isto é, orientado a sul
(indivíduos S), e 8 indivíduos do micro-habitat menos exposto à radiação solar, isto é, orientado a norte
(indivíduos N), em cada um dos locais em estudo, em junho e em agosto de 2011.
• Procedeu-se à extração das proteínas em cada indivíduo e determinou-se a concentração de proteína
HSP70.
• Os dados obtidos pelas «robolapas» permitiram estabelecer uma relação entre a temperatura e os níveis
médios de HSP70 presentes nos indivíduos de P. vulgata.

A Figura 2 apresenta os resultados relativos às praias portuguesas estudadas, indicando osníveis


médios de HSP70 presentes nos indivíduos de P. vulgata colhidos no verão de 2011.

Nota:
1 Robolapa – equipamento que é colado à rocha para reproduzir as condições do habitat natural das lapas. Este equipamento é
constituído pela concha de um indivíduo do género Patella, na qual é introduzido um aparelho de pequenas
dimensões, autónomo e com capacidade para registar a temperatura.

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Micro-habitat
orientado a norte (indivíduos N)
HSP70 (mg/g de proteína)

15 Micro-habitat
orientado a sul (indivíduos S)

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N S Figura 2

Baseado em: A. Gomes, «Stress térmico no intertidal rochoso: influência na distribuição geográfica da Patella vulgata», mestrado em Recursos Biológicos
Aquáticos, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, 2012.

7. De acordo com o objetivo da experiência, uma das variáveis dependentes em estudo é

(A) a exposição solar dos habitats.


(B) a concentração da proteína.
(C) a quantidade de lapas recolhidas.
(D) a periodicidade das medições.
8. Com este estudo, pretende-se testar a hipótese:

(A) Existe uma relação entre os níveis de HSP70 e a sobrevivência de P. vulgata.

(B) A localização do habitat influencia a sobrevivência na zona entre marés.

(C) Os níveis de HSP70 produzidos por P. vulgata variam com o habitat.

(D) P. vulgata apresenta estratégias de reação ao aumento da temperatura.

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9. De entre as afirmações seguintes, relacionadas com os resultados experimentais, selecione as duas que
estão corretas, transcrevendo para a folha de respostas os números romanos correspondentes.

I. Os níveis médios de HSP70 são relativamente semelhantes entre os indivíduos N das quatro praias
analisadas.
II. Os níveis médios de HSP70 nos indivíduos N aumentam de norte para sul, ao longo do litoral
português.
III. Os indivíduos do micro-habitat orientado a norte da praia de Moledo são os que apresentam maior
stress térmico.

IV. Os indivíduos N e S da praia dos Alteirinhos apresentam a menor diferença entre si de níveis de
HSP70, comparativamente com os indivíduos das restantes praias.
V. Os indivíduos dos micro-habitats orientados a sul apresentam níveis mais baixos de HSP70.

10. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência correta de
acontecimentos relacionados com o ciclo de vida de P. vulgata, começando pela etapa da fecundação.

A. União de gâmetas com restabelecimento da diploidia.


B. Expressão diferencial do genoma, originando o indivíduo adulto.
C. Divisão por meiose, que conduz à formação de células sexuais.
D. Desenvolvimento do embrião por sucessivas mitoses.
E. Maturação dos órgãos que darão origem aos gâmetas.

GRUPO II

O emparelhamento e a disjunção dos cromossomas durante a meiose estão dependentes da associação de


proteínas aos cromossomas. Existem diversas proteínas com esta função, mas as mais importantes são as
coesinas. As coesinas associam-se aos cromossomas na fase S do ciclo celular e nas divisões I e II da meiose são
degradadas pela ação da separase (fig. 3).

Figura 3

1. Os esquemas A, B e C da figura 3 representam, respetivamente

(A) anáfase I, metáfase II e anáfase II.


(B) telófase I, metáfase II e anáfase II.
(C) metáfase II, anáfase II e telófase II.
(D) anáfase II, anáfase I e telófase II.

2. De acordo com os dados, na divisão I da meiose,

(A) os cromossomas ficaram ligados pelas coesinas e não ocorreu crossing-over.


(B) não ocorreu formação de tétradas cromatídicas nem a disjunção dos cromossomas homólogos.

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(C) ocorreu desagregação da coesina associada aos braços dos cromossomas homólogos.
(D) a separase não atuou ao nível das coesinas.
3. Na divisão II da meiose representada na figura 3, não é correto afirmar que

(A) os cromatídios-irmãos estavam unidos pelas coesinas ao nível dos centrómeros.


(B) a separação das coesinas permitiu a separação dos centrómeros.
(C) ocorreu separação dos cromatídios-irmãos.
(D) ocorreram fenómenos de crossing-over.

4. Estudos moleculares e celulares demonstraram que mutações nos genes que codificam as enzimas
separases causam instabilidade no genoma e aumentam a suscetibilidade a cancros epiteliais.
Relacione estes dados com a função enzimática das separases e com as fases do ciclo celular em que
estão mais ativas.

Texto 3
As mitocôndrias são organelos especializados na produção de energia metabólica nas células eucarióticas. A sua origem terá
ocorrido há cerca de 2 mil milhões de anos a partir de um ancestral bacteriano de vida livre, através de um processo de
endossimbiose. Todavia, estudos recentes apontam para a possibilidade de muitos seres eucariontes unicelulares se terem adaptado
à vida em habitats anóxicos(1), tendo as suas mitocôndrias sofrido uma evolução redutiva adicional.
Investigações realizadas no Lago Zug, localizado na Suíça, permitiram identificar protistas ciliados da classe Plagiopylea que viviam
em estratos profundos do lago, permanentemente anóxicos e repletos de nitrato. Nestes seres foi possível identificar bactérias
endossimbióticas obrigatórias da espécie Azoamicusciliaticola, que têm um papel primordial no fornecimento de energia ao seu
hospedeiro.
A. ciliaticola contém um genoma que codifica uma via de desnitrificação respiratória em vez de oxidases terminais aeróbias, o que
permite que o seu hospedeiro utilize nitrato em vez de oxigénio. Esta descoberta levanta a hipótese de os eucariontes com
mitocôndrias remanescentes terem adquirido, secundariamente, endossimbiontes que fornecem energia para complementar ou
substituir as funções das suas mitocôndrias (figura 1).
Na sua forma livre, A. ciliaticola codifica apenas a cadeia respiratória de desnitrificação, o que é de salientar, uma vez que quase
todos os organismos desnitrificantes procariontes e eucariontes conhecidos até ao momento possuem uma cadeia respiratória
híbrida que também é capaz de utilizar oxigénio. Neste contexto, parece provável que o antecessor de A. ciliaticola, adquirido pelo
hospedeiro, seria uma bactéria desnitrificante anaeróbica facultativa. Posteriormente, pode ter perdido a sua capacidade de utilizar
oxigénio, quando o hospedeiro passou a habitar exclusivamente águas anóxicas. A. ciliaticola representa, portanto, um exemplo de
um endossimbionte obrigatório que reteve funções celulares marcadamente semelhantes às das mitocôndrias, embora não se tenha
originado a partir da linha de descendência mitocondrial.
(1)
anóxicos – sem oxigénio

Figura 4 – Hipótese explicativa da evolução de um protista ciliado com A. ciliaticola. (1) A adaptação secundária de um protista aeróbio a um
ambiente anóxico, contendo nitrato, envolveu a deterioração das suas mitocôndrias e a formação de hidrogenossomas (organelos membranares
capazes de produzir hidrogénio). (2) Aquisição de uma bactéria desnitrificante que entrou no hospedeiro ciliado anaeróbio por endocitose (2a) ou
como parasita (2b). Neste último caso, o ancestral de A. ciliaticola pode já possuir uma proteína transmembranar de ATP/ADP. (3) Alternativamente,
a proteína transmembranar de ATP/ADP foi adquirida por transferência lateral de genes (TLG) a partir de, por exemplo, um co-simbionte bacteriano.
Adaptado de Graf, J. et al. (2021). Anaerobic endosymbiont generates energyforciliate host by denitrification.
5
5. A relação simbiótica do protista da classe Plagiopylea constitui um argumento a favor do modelo
endossimbiótico, uma vez que
(A) se encontram, atualmente, endossimbiontes bacterianos no interior de seres eucariontes.

(B) o endossimbionte primário seria uma bactéria anaeróbia que evoluiu para uma bactéria aeróbia.

(C) explica a formação de hidrogenossomas a partir de mitocôndrias.

(D) a célula hospedeira adaptou-se a um ambiente anóxico.

6. O ancestral do endossimbionte A. ciliaticola era um ser _________, que obtinha energia _________.
(A) aeróbio … a partir de oxigénio ou de nitratos

(B) anaeróbio facultativo … a partir de oxigénio ou de nitratos

(C) anaeróbio facultativo … exclusivamente a partir da redução de nitratos

(D) aeróbio … exclusivamente a partir da redução de nitratos

7. De entre as afirmações seguintes, relacionadas com os dados do estudo apresentado, selecione as três que
estão corretas, transcrevendo para a folha de respostas os números romanos correspondentes.
I – O material genético da bactéria A. ciliaticola encontra-se disperso no hialoplasma.
II – Os ancestrais dos protistas da classe Plagiopylea eram seres eucariontes anaeróbios.
III – A formação dos hidrogenossomas resultou de invaginações da membrana.
IV – A relação simbiótica resultou da incorporação, pelo hospedeiro, de um ser heterotrófico.
V – O ancestral de A. ciliaticola apresentava permeases de ATP/ADP.

8. Associe a cada modelo explicativo da origem dos eucariontes, mencionada na Coluna I, as afirmações da
Coluna II que lhes podem corresponder. Cada um dos números deve ser associado apenas a uma letra e
todos os números devem ser utilizados.
Nota: Escreva na folha de respostas cada letra da Coluna I seguida do número ou dos números (de 1 a 7)
correspondente(s).

COLUNA I COLUNA II

(1) A célula hospedeira ancestral pertencia ao reino Monera.


(2) Os ancestrais dos cloroplastos seriam cianobactérias.
(a) Modelo
autogénico (3) Algum DNA do núcleo ter-se-á deslocado para as mitocôndrias.

(b) Modelo (4) O ancestral possuía material genético disperso no hialoplasma.


endossimbiótico (5) Apoiado pela existência de organelos com duas membranas.
(c) Ambos os (6) Apoiado pela semelhança entre o tamanho das mitocôndrias e o
modelos tamanho das bactérias.
(7) A célula eucariótica resultou de sucessivas invaginações da
membrana.

9. Na evolução de seres eucariontes unicelulares verificou-se que com o aumento do tamanho do ser unicelular
ocorria _________ da razão entre a superfície e o volume, tornando _________ as trocas entre a célula e o
meio externo.
(A) o aumento … mais eficientes
(B) a diminuição … mais eficientes
(C) o aumento … menos eficientes
(D) a diminuição … menos eficientes FIM

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GRUPO I GRUPO II
Questões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Cotação 5 5 5 5 5 6 5 5 4 5 5 5 5 7 5 5 6 7 5

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