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Lev Vygotsky (1896-1934)

Introdução
Lev Seminovitch Vygotsky nasce na extinta União Soviética na cidade Orsha, região da Bielo-Rússia, próximo a
Mensk, em novembro de 1896; a da difere em alguns textos poderia ser 17/11/1896 ou 05/11/1896. Com apenas 37 anos,
morreu em 11 de junho de 1934.
Vygotsky cresceu e viveu boa parte de sua ida em Gomel, na companhia de seus pais e de seus irmãos (era o
segundo filho). Pertencia a uma família judaica cuja situação econômica era estável o que propiciou a ele um ambiente
favorável em termos intelectuais, o que provavelmente estimulou o interesse de Vygotsky por várias áreas do conhecimento.
Além de ter podido estudar várias línguas como o alemão, o latim, o hebraico, o francês, o inglês, o esperanto, o que lhe
permitiu um acesso maior a diferentes obras de várias procedências. Seu interesse era voltado principalmente à literatura,
poesia, teatro, ou seja, assuntos ligados às artes.
Por ser judeu, teve problemas para entrar na Universidade, contudo, de 1914 as 1917 estudou direito e literatura na
Universidade Moscou. Freqüentou os cursos de história e filosofia na Universidade Popular de Shanyvskii, embora não os
tivesse concluído.
Em 1917, ano da Revolução Russa iniciou sua carreira profissional lecionando literatura e pedagogia no Instituto
de treinamento de professores em Gomel, onde permaneceu até 1923. A partir de 1920 tomou conhecimento de sua doença
(tuberculose), a qual não se entregou, dada a produção científica, seu empenho e trabalho árduo lhe permitiu escrever um
total de aproximadamente 200 trabalhos acadêmicos. Em 1924, casou-se e mudou-se para Moscou onde trabalhou no
Instituto de Psicologia e criou o Instituto de Estudos das Deficiências e ainda, lecionou no Instituto Pedagógico Hertzen em
Leningrado e na Academia de Psiconeurologia na Ucrânia.
O trabalho com deficientes despertou nele um interesse pela neurologia e, na busca da resolução de problemas
neurológicos e ainda, na tentativa de compreender o funcionamento psicológico do ser humano, Vygotsky freqüentou o
curso de Medicina em Moscou e depois em Kharkov.

Sua vida de pesquisador


Vygotsky atuou e pesquisou em várias áreas de conhecimento como a filosofia, a pedagogia, as deficiências física
e mental, a pedologia (ciência da criança que integra os aspectos biológicos, psicológicos e antropológicos) e, a psicologia.
Foi nesse sempre pensando também a respeito de seu contexto social e intelectual que Vygotsky pesquisou e
escreveu sobre a psicologia que, ele entendia ser uma forma de responder aos questionamentos que possuía sobre o
desenvolvimento humano. Na época, a psicologia era dividida basicamente entre o inatismo e o ambientalismo e, como
Piaget, Vygotsky buscou em suas pesquisas integrar o homem em outros aspectos que não apenas esses dois. Como o autor
suíço, Vygotsky tentou explicar o homem em sua dimensão biológica e psicológica e o ultrapassou quando conferiu a ao
homem as suas dimensões: histórica, social e cultural. Os principais autores que o influenciaram foram: Pavlov, Watson,
Kohler, Kofka, Piaget, Thurnwald, Konilov, Blonsky, Marx e Engels.
A preocupação de Vygotsky sempre foi o homem enquanto um sujeito que faz parte da história, que está inserido
numa sociedade - um sujeito contextualizado, ou seja, sua abordagem sempre foi orientada para os processos de
desenvolvimento do ser humano, com ênfase na dimensão sócio-histórica.
Alguns autores sistematizaram em cinco teses básicas, as perspectivas presentes em sua obra:
1. A primeira aborda a relação indivíduo/sociedade e refere-se à afirmação de que as características tipicamente
humanas não nascem como o indivíduo e não são simplesmente o resultado das pressões que o meio externo
exerce sobre ele.
2. A segunda refere-se a origem cultural das funções psíquicas, funções que se originam nas relações do indivíduo
e se contexto cultural e social.
3. A terceira diz respeito, à base biológica do funcionamento psicológico: o cérebro que é entendido como um
sistema aberto, de grande plasticidade, cuja estrutura e modos de funcionamento são moldados ao longo da história
da espécie e do desenvolvimento individual.
4. A quarta refere-se à mediação, característica encontrada em toda atividade humana e fundamental na perspectiva
sócio-histórica.
5. A quinta deixa clara que podemos falar da consciência humana como produto da história social que se desenvolve
de acordo com o desenvolvimento mental e com o contexto social.

Contribuições para o desenvolvimento humano

Filogênese – O desenvolvimento que está associado evolutiva e biologicamente a uma determinada espécie.
Ontogênese – O desenvolvimento individual, marcado pelas ações sofridas e desempenhadas junto ao meio social, bem
como, das ações biológicas da epigênese.
Sociogênese – É o desenvolvimento referente “à história do meio cultural onde o sujeito está inserido e às formas
de funcionamento cultural que interferem no funcionamento psicológico, que de certa forma ainda o definem, o
que ocorre de acordo como cada cultura organiza o desenvolvimento”.
Microgênese – É o desenvolvimento que está ligado a cada etapa das aquisições de novas habilidades humanas.

O papel da Mediação
Vygotsky trabalha com a noção de que na relação entre o homem e mundo ocorre uma mediação, ou seja, a relação
entre eles não se daria de forma direta, e seriam as funções psicológicas superiores por suas estruturas, que possibilitariam
a presença desses elementos mediadores, elementos que ele distingue em dois tipos: os instrumentos e os signos ou
instrumentos psicológicos.
Os instrumentos são elementos que o homem busca com uma determinada finalidade procurando transformar de
forma mais ampla a natureza; são elementos externos ao indivíduo, são sociais e funcionam com mediadores entre o
indivíduo e o mundo. E os signos ou instrumentos psicológicos são orientados para o próprio indivíduo, na busca de soluções
de problemas de origem psicológica (escolher, decidir, comparar, etc.).

Linguagem e Pensamento
A linguagem ocupou um papel de destaque nos estudos realizados por Vygotsky; a linguagem é entendida como
um sistema simbólico fundamental de todos os grupos humanos, a linguagem possibilitando que o homem se relacione com
o mundo exterior e ao mesmo tempo com próprio mundo (interior) e ainda, desempenhando um papel fundamental no
processo de constituição e formação da consciência. Sua primeira função seria o intercâmbio social, depois ela pode ser
denominada de pensamento generalizante, onde a linguagem ordena o real, fornecendo os conceitos e as formas organização
do real que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento.
Ele atribui à atividade simbólica uma função organizadora, quando linguagem e atividade prática convergem
possibilitando o desenvolvimento das relações inter e intrapsíquica. Portanto, essa função simbólica pode ser considerada
sob dois ângulos: 1) enquanto prática social que vai categorizar a realidade, refletindo-se em um sistema de signos; e 2) no
nível individual, enquanto exerce também um papel mediador na função planejadora e orientadora do pensamento através
do discurso interior.
Para que se possa compreender o funcionamento psicológico do ser humano é essencial que se percebam e se
desvendem as relações entre pensamento e linguagem; apesar de possuírem origens diferentes e desenvolverem-se em
trajetórias distintas e independentes, acontecerão momentos em que ocorrerá a estreita ligação entre o pensamento e a
linguagem.

A Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)


Para Vygotsky, é dessa seqüenciação - o processo de desenvolvimento realizando-se após o processo de
aprendizado, com o surgimento de dois níveis de desenvolvimento (real e potencial) - que resulta o que ele chamou de ZDP
definindo-a como a distância entre o nível de desenvolvimento real que se costuma determinar através da solução
independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a
orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. Assim, existem tarefas que a criança pode
realizar sozinha, que Vygotsky chamou de nível de desenvolvimento real, referindo-se, portanto, a etapas já alcançadas. E
há ainda as tarefas em que a criança precisa da ajuda do outro (adultos ou outras crianças) para conseguir realizar - esse é
considerado o nível de desenvolvimento potencial.

Os Conceitos Científicos e os Conceitos Espontâneos


A criança vai formando conceitos que são segundo Vygotsky de dois tipos: espontâneos ou cotidianos, que não
necessita sistematização e os científicos, que são adquiridos de forma sistematizada. Ele fez uma análise e uma crítica às
concepções da evolução dos conceitos científicos de sua época que não percebiam a interação entre os dois conceitos com
constituintes de um único processo, e assim dedicou-se, também aos estudos do desenvolvimento dos conceitos científicos
na infância, acreditando que possuíam implicações relevantes tanto para a educação como para o aprendizado.

Bibliografia
REGO, Tereza Cristina. Vygostsky:Uma perpspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 2001.

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