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Protocolo de Atendimento Breve em Psicologia Hospitalar com base na Terapia de

Aceitação e Compromisso (ACT)

Objetivo: Oferecer suporte psicológico e educativo em uma única sessão, adaptada da


Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), para pacientes em clínica médica
hospitalar, visando promover o entendimento sobre o adoecimento e os possíveis efeitos
psicológicos, além de fornecer estratégias de enfrentamento e autocuidado.

Passos do Protocolo:

1. Estabelecimento de Rapport e Contextualização:


o Inicie a sessão acolhendo o paciente de forma calorosa e empática,
explicando o propósito do encontro e o papel do psicólogo na equipe de
saúde.
o Contextualize a importância da saúde mental no processo de
adoecimento, destacando como os aspectos psicológicos podem
influenciar a experiência de doença e recuperação.
2. Exploração das Percepções sobre o Adoecimento:
o Converse com o paciente sobre suas percepções e experiências em
relação ao adoecimento, suas preocupações e emoções associadas.
o Utilize perguntas abertas para incentivar a expressão das preocupações
do paciente e validar suas emoções.

Como você tem se sentido desde que foi diagnosticado/ hospitalizado?

Quais são as suas maiores preocupações ou medos em relação ao seu estado de saúde?

Você sente que consegue compartilhar suas preocupações com alguém próximo a você?

Como a sua condição de saúde tem impactado sua vida diária e suas relações pessoais?

Quais são as suas principais dúvidas ou incertezas sobre o tratamento ou o prognóstico


da sua doença?

Você consegue identificar algum aspecto positivo ou algo que o tem ajudado a lidar
com a situação?

Como você lida com as emoções difíceis que podem surgir diante do seu adoecimento?

Existe algo específico que você gostaria de discutir ou compartilhar hoje?

Quais são as suas expectativas em relação ao seu tratamento e ao seu futuro?

Como você se vê enfrentando os desafios que surgem com a sua condição de saúde?

3. Educação sobre a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT):


o Apresente brevemente os princípios fundamentais da ACT, destacando a
importância da aceitação, do mindfulness e da definição de valores para
uma vida significativa.
Aceitação: Na ACT, a aceitação envolve reconhecer e permitir experiências internas,
como pensamentos, emoções e sensações físicas, sem tentar controlá-las ou evitá-las.
No contexto hospitalar, a aceitação pode ajudar os pacientes a lidar com a incerteza, o
desconforto e as emoções relacionadas ao adoecimento e ao tratamento. Aceitar a
realidade da situação de saúde pode permitir que os pacientes se adaptem mais
facilmente às mudanças e encontrem maneiras de viver plenamente, apesar das
dificuldades.

Mindfulness: A prática do mindfulness na ACT envolve estar consciente e presente no


momento presente, sem julgamento. No hospital, o mindfulness pode ser utilizado para
ajudar os pacientes a se conectar com suas experiências internas e externas, reduzir o
estresse e a ansiedade, e promover uma maior consciência de suas necessidades e
recursos pessoais. Exercícios simples de mindfulness, como focar na respiração ou na
observação dos sentidos, podem ser ensinados aos pacientes como uma ferramenta para
lidar com o desconforto emocional e físico.

Definição de Valores: Na ACT, os valores representam o que é mais importante e


significativo para o paciente na vida. No contexto hospitalar, é essencial ajudar os
pacientes a identificar e conectar-se com seus valores pessoais, mesmo diante das
dificuldades de saúde. Definir valores claros pode orientar as escolhas e ações do
paciente, fornecendo um senso de propósito e direção. Isso pode incluir valores
relacionados à família, relacionamentos, trabalho, saúde, espiritualidade, entre outros
aspectos da vida. Ao se comprometer com ações alinhadas com seus valores, os
pacientes podem encontrar significado e satisfação, mesmo durante a hospitalização e o
tratamento médico.

o Explique como a ACT pode ajudar o paciente a lidar com o sofrimento


emocional e a promover uma adaptação saudável ao adoecimento.

Aceitação do Sofrimento: A ACT ensina os pacientes a aceitar suas experiências


emocionais, mesmo aquelas que são difíceis ou dolorosas. Isso significa reconhecer e
permitir os pensamentos, emoções e sensações físicas associadas ao adoecimento, sem
tentar suprimi-los ou controlá-los. Ao invés de lutar contra o sofrimento, os pacientes
aprendem a acolhê-lo como parte natural da condição humana, o que pode reduzir o
impacto negativo do sofrimento emocional.

Desfusão: A ACT ajuda os pacientes a se distanciarem de seus pensamentos e emoções,


percebendo-os como eventos mentais passageiros, e não como verdades absolutas. Isso
pode ajudar os pacientes a ganhar uma perspectiva mais ampla sobre seus pensamentos
negativos ou autocríticos relacionados ao adoecimento, permitindo-lhes responder de
forma mais flexível e adaptativa.

Mindfulness: A prática do mindfulness na ACT envolve estar consciente e presente no


momento presente, sem julgamento. Isso pode ajudar os pacientes a lidar com o
estresse, a ansiedade e a preocupação associados ao adoecimento, permitindo-lhes
cultivar uma maior consciência de suas experiências internas e externas. O mindfulness
também pode ajudar os pacientes a desenvolver uma maior resiliência emocional e a
lidar com os desafios da hospitalização e do tratamento médico de forma mais eficaz.
Valores e Ação Comprometida: A ACT ajuda os pacientes a identificar e se conectar
com seus valores pessoais, ou seja, o que é mais importante e significativo para eles na
vida. Ao definir valores claros, os pacientes podem direcionar suas ações de acordo com
esses valores, mesmo em meio ao adoecimento. Isso pode fornecer um senso de
propósito e direção, permitindo que os pacientes encontrem significado e satisfação,
mesmo diante das dificuldades.

Desenvolvimento de Estratégias de Enfrentamento Flexíveis: A ACT ensina aos


pacientes habilidades de enfrentamento adaptativas, permitindo-lhes responder de forma
mais flexível e eficaz aos desafios do adoecimento. Isso pode incluir estratégias para
lidar com a dor física, a incerteza sobre o prognóstico, as preocupações com o futuro e
os ajustes necessários ao estilo de vida devido à condição médica.

Habilidades de Enfrentamento Adaptativas:

1. Aceitação: Reconhecer e permitir experiências internas, como pensamentos,


emoções e sensações físicas, sem tentar controlá-las ou evitá-las. Isso inclui
aceitar a presença da dor física e as preocupações emocionais relacionadas ao
adoecimento.
2. Desfusão: Desidentificar-se de pensamentos autocríticos ou preocupações
excessivas, percebendo-os como eventos mentais passageiros. Isso permite uma
relação mais flexível com os pensamentos e emoções, reduzindo seu impacto
negativo.
3. Mindfulness: Praticar a atenção plena no momento presente, cultivando uma
consciência não julgadora das experiências internas e externas. O mindfulness
pode ajudar a reduzir o estresse, a ansiedade e a preocupação, promovendo uma
maior resiliência emocional.
4. Valores e Ação Comprometida: Identificar e se conectar com os valores
pessoais, orientando as ações de acordo com esses valores, mesmo diante das
dificuldades. Isso proporciona um senso de propósito e direção, promovendo
uma adaptação mais significativa à condição de saúde.

Estratégias para Lidar com a Dor Física:

1. Mindfulness da Dor: Praticar mindfulness focado na experiência da dor física,


observando-a com uma atitude de curiosidade e aceitação, em vez de resistência
ou aversão.
2. Técnicas de Relaxamento: Utilizar técnicas de relaxamento, como respiração
profunda, relaxamento muscular progressivo ou visualização guiada, para
reduzir a tensão muscular e o desconforto físico associado à dor.
3. Distração Positiva: Envolver-se em atividades agradáveis ou significativas,
como ouvir música, praticar hobbies ou socializar com amigos e familiares, para
desviar a atenção da dor e promover um estado de bem-estar.

Estratégias para Lidar com a Incerteza sobre o Prognóstico e as Preocupações com


o Futuro:

1. Aceitação da Incerteza: Reconhecer que a incerteza faz parte da condição


humana e que nem todas as perguntas terão respostas definitivas. A aceitação da
incerteza pode ajudar a reduzir a ansiedade e a preocupação com o futuro.
2. Foco no Presente: Praticar mindfulness e focar no momento presente, em vez
de se preocupar com o futuro ou se fixar no passado. Isso pode ajudar a reduzir a
ansiedade e a promover um senso de calma e equilíbrio emocional.
3. Definição de Metas Realistas: Estabelecer metas alcançáveis e significativas
para o presente, que estejam alinhadas com os valores pessoais. Isso pode ajudar
a promover um senso de propósito e direção, mesmo diante da incerteza sobre o
futuro.

4. Identificação de Valores e Metas Pessoais:


o Ajude o paciente a identificar seus valores pessoais e as metas que são
importantes para ele, mesmo diante do contexto de adoecimento.
o Explore como esses valores podem orientar as decisões e ações do
paciente, mesmo em face de desafios de saúde.
5. Exercício de Mindfulness e Aceitação:
o Guie o paciente em um exercício breve de mindfulness, como uma
prática de atenção plena à respiração ou ao corpo, para ajudá-lo a entrar
em contato com o momento presente.
o Incentive o paciente a praticar a aceitação das experiências emocionais e
físicas, reconhecendo-as sem julgamento ou resistência.
6. Desenvolvimento de Estratégias de Enfrentamento e Autocuidado:
o Colabore com o paciente para identificar estratégias práticas de
enfrentamento que se alinhem aos seus valores e metas pessoais.
o Discuta o autocuidado como parte integrante do processo de adaptação
ao adoecimento, enfatizando a importância de práticas como sono
adequado, alimentação saudável e atividade física leve.
7. Planejamento de Ação e Follow-up:
o Elabore um plano de ação específico com o paciente, incluindo passos
concretos para implementar as estratégias discutidas no dia a dia.
o Agende um follow-up para verificar o progresso do paciente e fornecer
suporte adicional, se necessário, garantindo a continuidade do cuidado
psicológico.

Observações:

 Adapte o protocolo de acordo com as necessidades e características individuais


do paciente, mantendo um foco na eficácia terapêutica e na promoção do bem-
estar.
 Priorize a construção de uma relação terapêutica de confiança e colaboração
com o paciente, promovendo um ambiente acolhedor e seguro para a expressão
das suas preocupações e necessidades.

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