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CAPITULO 2 EDUCACAO E SOCIEDAD! Perspectiva politica na pratica educativa (ue 4a ssidde, quer gue ain sun fora? 0 ofuio he meipos dos anens. Os ame ue Profuse av fet soit o que dit repeat Pole materi ean tam a i, 38 ego, Io & ar expos eis, abi destat mean loge Ot Me) Ni capi hums 4 edie so coon peo © lesbo davis. Bla eins den de um done open human eee de ny, de nee, epics de eum « de lage Ge pode. (Cis Brody ‘Ao pretender langar um olhar claro, fundo © largo sobre a educagto, a reflesdo deve partir da sitagio, do contento social que envolve essa educagio, E esse contexio que a caracteriza, que lhe confere especific dade. Falar da educagio brasil, por exemplo, sig- nifica ir & sociedade brasileira para verficar as deter- rinag6es que esta, orgaizada de um modo especifico, os moldes do sistema capitalist, confere ao processo ducativo. Impora, ento, procurar estabelecer as Te- Tages entre educspio, cultura e sociedade, centrendo a ‘atengto na perspectiva politica da pritica edveativa © procurando aporiar, ainda que brevemente,algumas caractersticas de que se reveste a escola em nossa sociedade, 2» Cultura, socedade, trabatho. Para falar da educagéo enquanto fenémeno histrico © social, € preciso que se percorra brevemente 0 caminho de uma reflexto sobre cultura, na medida fem que se pode afirmar — recorrendo-te a uma Setinigho exvemamente abrangente — que educagdo @ wransmissdo de cultura, © conceito de cultura € um conceito-chave a ser onsidrado ao se estabelecer a relaglo entre educagto f sotiedade, uma vez que ele estd, de certo modo, ontido nesses dois outros, NEo hd sociedade. sem cultura e nfo se fala em cultura sem a refertncia a uma relagdo social A cultura pode ser dfinda, em primeira instincia, como mundo transformado pelos homens. Se vamos partir dat, & preciso fazer refertncia as relapdes dos homens com essa reaidade que os cerca e da qual les fazem parte © que se chama mundo, © homem ¢ um ser-no-mundo, Ele nfo ¢, primeiro, © depois € no mundo, Ser no mundo jf € consttuints de seu ser_homem, A implcago reciproca homem-mindo, mundo ¢ homem lo significa uma relalo exterior, foruita © aciSenta, ‘as, so conto, com a compeneraso ontlégien, cons: Uiativa dos doi termos eate os qusis a telagio 2 tstabelece, Nio estamos no mundo como os abt fico extlo dentro une dor nuton, som o lero estos estncy 8 estanie na sala a cla na cass, ee, O nosso estat of Sno mundo tem um aleance muta mais profundo, pois io se tata de uma justaporigio no espeg, nem de oo incluso meramente iia, mat de uma telago de inestacs ue afta, na préprn estutarsonoldgey. oF is termes onsittives ds reap, (Cerise, 1966, pp. 2401) sd ‘Nao hf homem sem mundo, portato. E se falamos ‘numa “implicagdo reciproca", nfo hi mundo sem ho- mem, Ao dizer isto, vou 20 encontro do poeta que atirma: Murdo mundo vst mundo Imai vara mou copia. (Drummond, 1983, p. 4) Seré mesmo meu coraglo mais vasto que o rpundo? (© que se pode constatar, em vlhima instincia, & que (© mundo esté dentro do'homem, e dele resulta Is0 ‘fo significa absolutumente que ele seja uma criagl0 fantasiosa, ou que & uma realidade que desaparece quando 0’ homem the 44 as cosas, mas sim que o ‘mundo existe para homem na medida do conhecimento que 0 homem tem dele da ago que exer sobre ele. (© que & este mundo com 0 qual o homem entra em contate? Ele se apresenta aos homens numa dupla dimensto, ‘A primeira 6 a que chamamos natureza, B 0 mundo ‘que independe do homem para exist, do. qual os préprios homens fazem parte em seus aspectas biold- ieds, fisiolégices. E existe um out aspecio que & sem david, o mais signiicativo, que 60 que chamamos e eultura'— mundo transformado pelo homer. A primeira coisa que leva os homens a fazerem cultura € a necessidade. Bes esto presos a certes elementos gue os pressionam a organizar sua vida, ¢ @ primeiro instante € 0 de garantia da sobrevivencia. B por isso ‘mesmo que falamos em responder a ou satsfazer necessidades bisicas. Enbetanfo, no momento mesmo fem que os homens tentam interferir na natureza para satistazer algumas necessidades, eles j& poem em ato sua razZo ¢ sua criatividade, elementos insepardveis, Por exemplo, os homens ttm necessdade de se ali- ‘mentar. Eles criam os alimentos de uma maneira es- © ‘pecifica, combinam sabores, fazem aranjos determina- os, etc. Criase cultura porque as maneiras de slender fs necessidades néo esito insrtas na natureza do hhomem, como acentece com os animais. Para que o homem saisfiga propamente suas neces: Aides, ele tm que Ubertarse dels, supecande-s, ov tse, fazzado com qhe seam espeificamente humane. Toe quer dies que a necestdadehamana tn qo se invented ou eriads, O homem, portant, alo € apenas um ser de Decessiddes, mas sino ser gue iavent ou cf suas ‘3 Pibrias necstdades (Viogoen 1975, pp. 181.3) A invenglo de necessidade se dé jutamente porque p.tiomem € um ser de desejas (Alves, 1981, p. 19) “"Colados” as necessidades, eles se manifesta tomo fonte do humano, propulsores da passagem do eitabe. lecido para 0 inventado, B por isso que se airmoy acima que tems necessidade de comer, temos desejo de comer determinados aliments, temos necesidade de nos abrigar, desejamas estar abrigados em deter. ‘minados tipes de moradia ete. O conceit de deseo indicard a pesenga da liberdade associada & necessidade — da cultura como “ulrapas. santo” do dctetminismo da natureza, como “aveaturs esiranhissima do homem no se. conformar com 0 ‘mundo que esté af © queer criar um mundo diferente @i Giorgi, 1999, p. 130) © ‘senso comum costuma identifier cultura como erudigfo, actmulo de conhecimentos,atvidade intelec- tual, Dizse mesmo que alguém “6 muito culto" quando Gomina certo tipo de saber privilegiads.”O trabalho os cientistas sociais, dos antropélogos prncipalmente, contribuiu para dar 20 conceito uma conotapzo mais precisa; cultura ¢, na verdade, tudo o que resulta da ~inleeferénci tos homens-no-muinda que os cerca do 22 | | | | ual fazem parte, Ela € a esposta humana & provocay da natureza e é ditada ndo por esta, mas pelo proprio hhomem. Ela st consttui no “ato pelo qual cle vai de | ‘homo sapiens a sex humano” (Di Giorgi, ibid). Assim, nfo se pode falar cm sujeitos cultos e ‘ndo-cultos. Todos os homens sto cultos, na medida ‘em que participam de ‘algam modo da criaglo cultural, estabelecem certas normas para sua ago, partlham valores € crensas, Tudo isso € resultado do trabalho. Pot isso nao se fala em cultura sem falar em trabalho, infervengao intencional € consciente dos homens na realidade, lemento distintivo do homem dos outros animais. fundamental chamar a atengo para isso se se procura ‘associar 0 conceito de cultura 30 concelto de saber © Se se procura eliminar deste a signficasto inadequada de erudiglo, de conhecimento refindo, Ho tbalho, © labor que faz 0s homens saberem. 1 0 trabalho que faz os homens serem, O wabalho 6, na verdade, a ssstncia ‘do homem. Ba idéia de trabalho do’ se ‘separa da idéia de sociedade, na medida em que € om os outros que © homem trabalha cria a cultura. A medida que as reagdes do homem com o mundo eixam de fer as de um anima sinpesmente lapis 30 mundo, para se conveerem, sgllaneuneate Com liso, em relagies de aliptagso do mundo tle, 0 que impbe a wansfomago deberad ¢ ati da ela ‘nterior, sptece o aba como 0 iodo pelo ual os homem camega s prodizr para si © mando, os shjelos © a8 condiges de que preciss part exis. A. pineins foisa que 0 homem produz € ¢ mundo, extendide na simplesmente com o "asar Af” ea eiséoea fete dat coisas, mas © murda tomdo bumaoo pela resaga do homem. e pela organizagto socal que, pelo nba, lhe impie. (Vieira Pata, 1999, pp. 845) * a © ‘Até agora venhp falando do Ininem, sociedade, cultura, tabalho, de modo genéico, No momento em que faco referéncia 2 histéria, consiato, na propia histéria, que nto existe wm homem, uma cults, um trabalho absiraros,-mas que eles ganham sua configu -agfo exatamente no processo de tansformapto concreta a realidade, na produpto da vida en determinadas condigées, Assim € necessirio estar slento para as caracteristicas que as sociedades, 0 trabalho, os homens assumiram, por forga de sua interveng#o no mundo € dyn relagdes que a partir dat se estabeleceram, para ppodermos compreender como se dio hoje, na nossa sociedade, a8 articulagbes que estamos investigando Sociedade, educagio, escola Qualguersovisdade se oretiza com base na po- dogo da vida material de seus membros e ds flags dat decomentes. A cultura, enquani eemento de ss. fenagio da sociedad e pani dos sjetos que onsiuem, precaa ser preservada e tans exa- tamente, porque nao. est inorporada 20 patriménio natural, As diversas instugbessociais tm como ob. Jetivo primordial a preseragio ea tansmssto cultura. Pode-se dizer, em senito amplo, que a educago, definida como proceso de rnsmisio de clara ad te em todas as insiigoes Entetanto, em ao- Sedaer cone snore are nationde a on specifica €'a tansmisso da cultura et insta 6 @ escola Ea & 0 espago de transmissto sistemben do saber histricamenteseumulado pela sciedade com 0 objetivo de formar os inivduos, eapaciandccs 2 patcpar como agentes na const des socedate 34 Em cada sociedade a estrutura da orgenizacio do trabalho configura de modo peculiar 0 processo edie cativo, @ tarefe da edueaglo escolar, A sociedade apitalista se caracteiza por ter sua ofganizapto sus. feniada numa contadigao bésiea — aquela que se df entre capital e tnbalho — + que provoce & divisto de seus membros em duas classes antagGnicas: clase Darguesa ea clase trabalhadara. Nfo queremos txplorar ‘gol as caracteriticas daquela contadigdo ¢ da divisto e classes. Entetanio, nto podemos deixar de spontar feus “efeitos” no campo da prdtica dos educadores, Na sociedade capitalist, a escola enguanto insttuigto fem sido 0 espago de insereB0 dos sujeitos nos valores © crengas da classe dominante, A sdacagio se opera, ma sus vnidade dislées com a ‘alae, come um proceso que conjuge as arprasdes « ecessdades do homem no conteno objetive’ de nas single histo apeal. A eguagto & enti, una ate {de humans parip de tilda ca srganearo soc, Essa reat exge que sea considers como hintricanene

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