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Direito Penal I UNIVALI
Direito Penal I UNIVALI
DIREITO PENAL
Parte geral I
O QUE PUNIR?
COMO PUNIR?
QUEM PUNIR?
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Prof. Marcelo Pertille
Direito penal – Parte geral I
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Prof. Marcelo Pertille
Direito penal – Parte geral I
- Doutrina TRADICIONAL
- MATERIAL (produção): UNIÃO, art. 22, I, da CF. Estados só podem
em questões específicas (art. 22, parágrafo único, da CF).
- FORMAL (fontes de conhecimento): IMEDIATAS e MEDIATAS.
IMEDIATAS: LEI
MEDIATAS: COSTUMES e PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO
COSTUMES são comportamentos uniformes e constantes pela
convicção de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica.
Existe COSTUME INCRIMINADOR? NÃO – art. 1º, do CP (princípio
da legalidade = reserva legal + anterioridade.
Na prática, admite-se que se o fato não é mais tão repelido pelo meio
social a norma que o incrimine possa perder aplicabilidade (ex: jogo do
bicho – adequação social).
CUIDADO: A prática de vender CDs e DVDs piratas é crime e não se
admite a aplicação do princípio da adequação social – Súmula 502 do
STJ
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO: direito que vige na consciência comum
de um povo.
- Não existem PGD incriminadores pelos mesmo motivos dos costumes.
Doutrina mais atual
- MATERIAL: UNIÃO
- FORMAL:
- IMEDIATA – CF, TRATADOS SOBRE DIREITO HUMANOS (aprovados
com quórum de emenda constitucional), JURISPRUDÊNCIA (discussão),
PGD, LEI.
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Direito penal – Parte geral I
- MEDIATA – DOUTRINA
- INFORMAL: COSTUMES.
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Direito penal – Parte geral I
+ quanto ao RESULTADO:
- Declarativa: letra da lei corresponde exatamente com aquilo que o
legislador quis dizer.
- Extensiva: amplia-se o alcance da palavra para que adapte-se á
vontade do texto. É POSSÍVEL CONTRA O RÉU.
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Direito penal – Parte geral I
PRINCÍPIOS
LEGALIDADE - Limitação do Poder Estatal de interferir na esfera de
liberdade individuais
Reserva legal + anterioridade – art. 1º do CP, art. 5º, XXXIX, da CF, art.
9º, Convenção Americana de Direitos Humanos, art. 22 do Estatuto de
Roma – Tribunal Penal Internacional
Fundamentos: Político (Judiciário e Executivo ligados ao Legislativo),
Democrático (divisão de poderes) e Jurídico (efeito intimidatório de um
lei clara).
EM SÍNTESE: - O poder do Estado é limitado pelo princípio da
legalidade e, aos cidadãos, está assegurada a plena garantia e
juridicidade dos direitos fundamentais.
IMPORTANTE: O princípio da reserva legal aplica-se, de forma
absoluta, às normas penais incriminadoras, excluindo-se de sua
incidência as normas penais não incriminadoras.
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(2019 - CESPE - PRF - Policial Rodoviário Federal - Superior)
Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as
repercussões jurídicas dele decorrentes, julgue o item que se segue.
A norma penal deve ser instituída por lei em sentido estrito, razão por
que é proibida, em caráter absoluto, a analogia no direito penal, seja
para criar tipo penal incriminador, seja para fundamentar ou alterar a
pena.
• Certo
• Errado
• Certo
• Errado
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Direito penal – Parte geral I
(DIAS, José Carlos. "O fim das revistas vexatórias". In: Folha de São
Paulo. São Paulo: 25 de julho de 2014, 1o caderno, seção Tendências e
Debates, p. A-3)
• Certo
• Errado
- CULPABILIDADE
- RESUMO:
- NAVIOS E AERONAVES BRASILEIROS, PÚBLICOS OU A SERVIÇO DO
PAÍS, EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO, SÃO PARTES DO NOSSO
TERRITÓRIO
- PRIVADOS QUANDO EM ALTO-MAR OU ESPAÇO AÉREO
CORRESPONDENTE, LEI DA BANDEIRA.
- -NAVIOS E AERONAVES PÚBLICOS ESTRANGEIROS – CRIME NO
BRASIL – NÃO É NOSSO TERRITÓRIO
FAURGS/JUIZ/RS - A lei penal brasileira é aplicável aos crimes
cometidos a bordo de embarcações e aeronaves estrangeiras de
propriedade privada que estejam localizadas no mar territorial ou
sobrevoando o espaço aéreo brasileiro, sendo também
consideradas como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, localizadas em mar territorial ou no espaço
aéreo de outro país, desde que estejam a serviço do governo
brasileiro. C
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- CUIDADO:
- CRIMES A DISTÂNCIA (espaço máximo) – territórios de países
soberanos
- CRIMES PLURILOCAIS – diferentes territórios do mesmo país –
conflito interno de competência – art. 70 do CPP – teoria do resultado.
EXTRATERRITORIALIDADE – art. 7º do CP
- Incondicionada – inciso I, por causa do §1º – 4 hipóteses
- a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República –
defesa/real
MP/RR - Dos crimes abaixo mencionados, qual não fica sujeito à lei
brasileira pela aplicação do princípio da extraterritorialidade
incondicionada: latrocínio cometido no estrangeiro contra o
Presidente da República;
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha
sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira
(incondicionada) ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição
brasileira (condicionada).
TEORIA DO CRIME
CRIME – CONCEITO:
MATERIAL – FORMAL – ANALÍTICO
- FORMAL: aquilo que está em uma norma incriminadora, sob a
ameaça de pena.
por ser exigível do autor que agisse de maneira diversa diante das
circunstancias, é reprovável (culpável).
TEORIA DO CRIME
• FATO TÍPICO –
Conduta: arts. 18, 19
Resultado: arts. 14, 15, 16, 17, 20
Nexo de causalidade: art. 13
Tipicidade
• CULPABILIDADE
Imputabilidade: arts. 26, 27, 28
Potencial consciência da ilicitude: art. 21
Exigibilidade de conduta diversa: art. 22
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SISTEMAS PENAIS
CAUSALISMO (CLÁSSICO, MECANICISTA):
- Franz von Liszt e Ernst von Beling – Liszt-Beling – Final do séc. XIX;
- Aqui começou-se a falar em tipicidade, ilicitude e culpabilidade como
categorias autônomas – TIPICIDADE e ILICITUDE como aspectos
externos do crime e CULPABILIDADE como aspecto psicológico (aqui
estavam dolo e culpa);
- Incorporação de métodos – modelos cientificizados (positivismo) -
Distinção entre ser e dever-ser
- Sistema penal em busca de lógica – perspectiva naturalística -
fundamentos sobre relações de causalidade
- Característica marcante: conceito de conduta - “(...) movimento
corporal voluntário, apto à produção de um resultado”;
- Problemas com crimes omissivos - não existe resultado natural do
NÃO AGIR - também há crimes comissivos sem resultado – ex:
invasão de domicílio. Prof. Marcelo Pertille
Direito penal – Parte geral I
NEOKANTISMO (neoclássico)
- Direito não podia ser visto como uma ciência natural que pudesse ser
regida apenas por aspectos causalistas, tal qual a natureza - Direito
pressupõe normatização - começou-se a incluir nas análises da
tipicidade e ilicitude conteúdos valorativos a indicar que a
danosidade social era o foco principal do sistema penal;
- Culpabilidade: inovada com a exigibilidade de conduta diversa, agora
ao lado dos já presentes dolo, culpa e imputabilidade.
FINALISMO
(Hans Welzel, meados séc. XX) – ontologia do ser é que deve revelar a ordem
- Sínteses críticas:
CONDUTA PUNÍVEL
(não há crime sem conduta)
AUSÊNCIA DE CONDUTA
CONDUTA OMISSIVA
- ELEMENTOS DO DOLO:
- INTELECTÍVEL/COGNITIVO – consciência
- VOLITIVO – vontade
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- TEORIAS DO DOLO:
ESPÉCIES DE DOLO:
NEXO CAUSAL
- ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE:
TIPICIDADE
SIMPLES: formados por uma única conduta - há, como regra, apenas
um verbo descritivo do conteúdo do crime. Ex: art. 121 do CP
RESULTADO
- Resultado –
- A) NATURALÍSTICO: da conduta vem alteração física do mundo
exterior. Nem todos os crimes possuem.
- B) NORMATIVO: da conduta resulta lesão ou perigo de lesão ao
bem jurídico tutelado. Todos os crimes tem resultado
normativo.
execução do tipo.
ESPÉCIES DE TENTATIVA
ERRO DE TIPO
- ACIDENTAL:
- Sobre o objeto: sem previsão legal. Agente representa mal a
realidade, atingido objeto diferente do que queria. Não exclui
DOLO, não exclui CULPA e não isenta de pena. Responde por ter
acertado a coisa atingida. Zaffaroni – in dubio pro reo.
OAB - Exame de Ordem Unificado - XII - Primeira Fase - Bráulio, rapaz de 18 anos,
conhece Paula em um show de rock, em uma casa noturna. Os dois, após
conversarem um pouco, resolvem dirigir-se a um motel e ali, de forma consentida, o
jovem mantém relações sexuais com Paula. Após, Bráulio descobre que a moça, na
verdade, tinha apenas 13 anos e que somente conseguira entrar no show mediante
apresentação de carteira de identidade falsa.
Alternativas
A Bráulio deve responder por estupro de vulnerável doloso.
B Bráulio deve responder por estupro de vulnerável culposo.
C Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de tipo essencial.
D Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de proibição direto.
- TPICIDADE x ILICITUDE:
- Especiais - Art. 128; art. 142; art. 146, §3º, I; art. 150, §3º, I e II; art.
156, §2º; Lei 6.538/78 (art. 10); art. 1.210, §1º, do Código Civil; e Lei
9.605 (art. 37, I).
- ESTADO DE NECESSIDADE:
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato
para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem
podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar
estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
- LEGÍTIMA DEFESA:
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
IMPORTANTE: diferenças
- Estado de necessidade: A) situação de perigo que põe em conflito
bens jurídicos. B) Perigo decorre de comportamento
humano/animal/fato da natureza. C) perigo não tem destinatário
certo. D) interesses em conflito são legítimos. E) é possível estado
de necessidade X estado de necessidade
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Direito penal – Parte geral I
ATENÇÃO!!
3. Tese violadora da dignidade da pessoa humana, dos direitos à vida e à igualdade entre
homens e mulheres (art. 1º, inciso III , e art. 5º, caput e inciso I, da CF/88), pilares da ordem
constitucional brasileira. A ofensa a esses direitos concretiza-se, sobretudo, no estímulo à
perpetuação da violência contra a mulher e do feminicídio. O acolhimento da tese tem a
potencialidade de estimular práticas violentas contra as mulheres ao exonerar seus
perpetradores da devida sanção.
4. A “legítima defesa da honra” não pode ser invocada como argumento inerente à plenitude
de defesa própria do tribunal do júri, a qual não pode constituir instrumento de salvaguarda
de práticas ilícitas. Assim, devem prevalecer a dignidade da pessoa humana, a vedação a
todas as formas de discriminação, o direito à igualdade e o direito à vida, tendo em vista os
riscos elevados e sistêmicos decorrentes da naturalização, da tolerância e do incentivo à
cultura da violência doméstica e do feminicídio.
5. Na hipótese de a defesa lançar mão, direta ou indiretamente, da tese da “legítima defesa
da honra” (ou de qualquer argumento que a ela induza), seja na fase pré-processual, na fase
processual ou no julgamento perante o tribunal do júri, caracterizada estará a nulidade da
prova, do ato processual ou, caso não obstada pelo presidente do júri, dos debates por
ocasião da sessão do júri, facultando-se ao titular da acusação recorrer de apelação na forma
do art. 593, III, a, do Código de Processo Penal.
6. Medida cautelar parcialmente concedida para (i) firmar o entendimento de que a tese da
legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios constitucionais da
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), da proteção à vida e da igualdade de
gênero (art. 5º, caput, da CF); (ii) conferir interpretação conforme à Constituição aos arts.
23, inciso II, e 25, caput e parágrafo único, do Código Penal e ao art. 65 do Código de
Processo Penal, de modo a excluir a legítima defesa da honra do âmbito do instituto da
legítima defesa; e (iii) obstar à defesa, à acusação, à autoridade policial e ao juízo que
utilizem, direta ou indiretamente, a tese de legítima defesa da honra (ou qualquer
argumento que induza à tese) nas fases pré-processual ou processual penais, bem como
durante o julgamento perante o tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do
julgamento.
7. Medida cautelar referendada.
- O termo “direito” deve ser lido aqui como o gozo de tudo aquilo que
é direta ou indiretamente reconhecido e admitido pelo conjunto
legal. Reconhece-se, entretanto, que parte importante da doutrina
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Direito penal – Parte geral I
- ESPÉCIES:
A) PRO MAGISTRATU – Estado não pode estar presente para
evitar lesão ao bem jurídico ou recompor a ordem – Ex: art. 301
do CPP – flagrante facultativo
B) DIREITO DE CASTIGO – exercício do poder familiar
- REQUISITOS:
A) INDISPENSABILIDADE
B) PROPORCIONALIDADE
C) CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO JUSTIFICANTE
- CUIDADO: se adotada a TIPICIDADE CONGLOBANTE exclui-se o fato
típico
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Direito penal – Parte geral I
- TEORIAS DA CULPABILIDADE:
- COCULPABILIDADE ÀS AVESSAS:
MPE-GO - A outra face da teoria da coculpabilidade pode ser
identificada como a coculpabilidade às avessas, por meio da qual
defende-se a possibilidade de reprovação penal mais severa no
tocante aos crimes praticados por pessoas dotadas de elevado
poder econômico, e que abusam desta vantagem para a execução
de delitos. C
- ELEMENTOS DA CULPABILIDADE:
- IMPUTABILIDADE – capacidade que deve reunir o agente para
compreender a ilicitude do fato e também comportar-se conforme
essa compreensão. Indivíduo deve demonstrar saúde mental e
equilíbrio psicológico frente ao caso concreto. Conceito é alcançado a
partir do momento em que são definidas pelo Código Penal as causas
de inimputabilidade. A lei penal não conceituou imputabilidade,
prevendo, contudo, situações destinadas ao seu afastamento.
Prof. Marcelo Pertille
Direito penal – Parte geral I
- CAUSAS DE EXCLUSÃO:
- COAÇÃO IRRESISTÍVEL – art. 22, primeira parte, do CP. Requisitos:
a) coação MORAL; b) IRRESISTÍVEL (resistível – atenuante).
Consequência jurídica: só é punível o autor da coação.
Ex: “A” coage “B”, de maneira irresistível, a matar “C”. “A” responde pelo
homicídio e mais pela tortura (sacrifício mental).
- OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA – art. 22, segunda parte, do CP.
Requisitos: a) ordem de superior hierárquico (manifestação de vontade
do titular de FUNÇÃO PÚBLICA a um funcionário que lhe é
subordinado no sentido de que realize uma conduta); b) ordem não
manifestamente ilegal (não claramente ilegal). Consequência jurídica:
só é punível o autor da ordem.
Prof. Marcelo Pertille
Direito penal – Parte geral I
CONCURSO DE PESSOAS
pluralidade de pessoas concorrendo para o mesmo evento – conjunto
de normas que permitem imputar a uma pluralidade de pessoas o
mesmo tipo penal, ainda que tenham desenvolvido condutas
diversas.
c)
ESPÉCIES DE COAUTORIA
TEORIAS PARTICIPAÇÃO
CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS