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Lucas Bittencourt Pimentel

M3 - Direito Penal I

RESPONDA CADA QUESTÃO COM AO MENOS, CITAÇÃO DE DUAS DOUTRINAS.

- DEFINA A DIFERENÇA ENTRE DOLO E CULPA NA TEORIA GERAL DO CRIME.

- EXPLIQUE O QUE É CRIME IMPOSSÍVEL.

- O QUE SIGNIFICA A TEORIA DA VALORAÇÃO PARALELA DO PROFANO?

- EXPLIQUE O PRINCÍPIO DA UBIQUIDADE NO ÂMBITO DO TEMA DO DIREITO PENAL NO


ESPAÇO.

- O QUE CARACTERIZA OS MOVIMENTOS FUNCIONALISTAS NO ÂMBITO DO TEMA “ESCOLAS


PENAIS”?

Respostas:

1) Diferença entre dolo e culpa na teoria geral do crime, segundo Cezar Roberto
Bitencourt (2020), no seu livro "Tratado de Direito Penal", o dolo é definido
como a vontade consciente de realizar a conduta típica, sendo este elemento
subjetivo que se refere diretamente ao aspecto intencional do agente. A
culpa, por outro lado, refere-se a uma conduta negligente, imprudente ou
imperita, onde o agente não tem a intenção de produzir o resultado típico,
mas o faz por não observar o cuidado necessário.

No entendimento de Fernando Capez (2020), em "Curso de Direito Penal", a culpa é


sempre uma inobservância a um dever de cuidado que resulta num resultado não
desejado pelo agente. O dolo, por outro lado, pressupõe sempre a vontade e
consciência do agente na produção do resultado típico.
Exemplos: Dolo: Pedro, com intenção de matar João, pega uma arma e atira nele,
causando a morte de João. Pedro agiu com dolo, pois tinha a intenção direta de
realizar o resultado.

Culpa: Laura, médica, ao realizar um procedimento cirúrgico, deixa um instrumento


cirúrgico dentro do paciente por negligência, causando a morte do mesmo. Laura
agiu com culpa, pois não tinha a intenção de matar, mas o fez por negligência.

2) Crime impossível:

De acordo com Guilherme de Souza Nucci (2021), em "Manual de Direito Penal",


crime impossível ocorre quando o agente quer praticar um crime, mas por ineficácia
absoluta do meio, ou pela inaptidão do objeto, não consegue produzir o resultado
esperado.

Para Rogério Greco (2018), em "Curso de Direito Penal", o crime impossível


configura-se quando o agente quer cometer um crime, mas a sua execução torna-se
impossível devido à inadequação dos meios empregados ou a completa
inaplicabilidade do objeto.

Exemplo: Marcos, desejando roubar o banco, elabora um plano para invadir o local
à noite. No entanto, o banco opera apenas digitalmente, sem qualquer valor físico
presente no prédio. Portanto, por mais que Marcos tenha a intenção, o roubo é
impossível pela inaptidão do objeto.

3) A Valoração paralela da esfera do profano é um conceito diretamente ligado à


ideia de culpa. Em termos simples, a culpa é como decidimos se alguém fez
algo errado e se deve ser punido. Há debates sobre o que exatamente essa
culpa significa do ponto de vista legal.

No Brasil, usamos a teoria limitada da culpa, que tem três partes:


A- A responsabilidade do indivíduo;

B- O conhecimento de que o ato era errado e;

C- Se poderíamos esperar que a pessoa agisse de maneira diferente.

A Valoração paralela da esfera do profano está ligada ao conhecimento de que o ato


era errado. A palavra paralela aqui se refere a alguém que pode não conhecer todas
as regras e leis, mas tem uma noção do que é certo e errado. Portanto, mesmo que
alguém faça algo que é tecnicamente ilegal, se eles não sabem que é errado com
base em seus próprios valores sociais, éticos, morais e culturais, eles não podem
ser considerados culpados.

Em outras palavras, estamos tentando entender o ato errado do ponto de vista de


uma pessoa comum, considerando suas limitações de entendimento. Aqui, é
importante lembrar as palavras do professor Luiz Flávio Gomes (1955):

"O juiz precisa verificar em cada caso se o indivíduo tinha capacidade de entender
que o ato era errado. Isso deve ser feito do ponto de vista da pessoa comum,
considerando sua capacidade de compreensão".1

A avaliação paralela do mundo comum é uma maneira de medir se o indivíduo tinha


consciência de que o ato era errado. Nesse processo, é importante lembrar que
estamos considerando a consciência do indivíduo como uma pessoa comum, não
como um especialista em direito. Assim, uma pessoa comum deve ser capaz de
entender que sua ação é errada.

Em resumo, ao analisar um caso, o juiz precisa considerar a perspectiva da pessoa


comum, entender se ela sabia que o ato era errado e, com base nisso, decidir se a
punição é necessária.

1
Mezger, Tratado de derecho penal, trad. de 1955.
4) Princípio da Ubiquidade no âmbito do tema do Direito Penal no espaço:

Conforme elucidado por Damásio de Jesus (2019), em "Direito Penal - Parte Geral",
o princípio da ubiquidade estabelece que um crime pode ser considerado cometido
tanto no local onde ocorreu a ação ou omissão, totalmente ou em parte, como
também onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

Para Luiz Regis Prado (2020), em "Curso de Direito Penal Brasileiro", o princípio da
ubiquidade é fundamental para a determinação do lugar do crime, pois leva em
consideração tanto o lugar da ação ou omissão quanto o resultado.

Exemplo:

Ana, uma brasileira, injeta veneno em uma garrafa de vinho na França e envia para
Carlos, que mora no Brasil. Carlos bebe o vinho e morre. Segundo o princípio da
ubiquidade, o crime foi cometido tanto na França (onde Ana agiu colocando o
veneno no vinho) quanto no Brasil (onde ocorreu o resultado, que seria a morte de
Carlos).

5) Movimentos Funcionalistas no âmbito do tema “Escolas Penais”:

Na obra de Claus Roxin (2001), "Derecho Penal - Parte General", o funcionalismo é


apresentado como uma vertente moderna do pensamento penal que busca a
interpretação e aplicação do Direito Penal de acordo com a função que ele
desempenha na sociedade. O funcionalismo parte do princípio de que o Direito
Penal deve servir como instrumento de controle social, visando à proteção de bens
jurídicos essenciais.

Para Luís Greco (2018), em "Curso de Direito Penal", os movimentos funcionalistas


buscam uma concepção de Direito Penal orientada para o fim social, ou seja, para a
efetiva proteção dos bens jurídicos. Eles consideram a pena como um mal
necessário, que deve ser aplicado de maneira restritiva e proporcional ao delito
cometido. Segundo a visão funcionalista, o Direito Penal deve ser utilizado de forma
pragmática, visando sempre à eficácia social e à manutenção da paz jurídica.
Assim, em resumo, o funcionalismo traz uma perspectiva do Direito Penal centrada
na proteção de bens jurídicos e na manutenção do controle social. Sendo assim
existem diferentes correntes dentro do funcionalismo, como o funcionalismo
teleológico-racional de Roxin e o funcionalismo sistêmico de Jakobs, cada um com
sua própria interpretação sobre o papel e função do Direito Penal na sociedade.

Exemplo:

Vamos imaginar que alguém foi condenado por roubo. De acordo com a ideia
funcionalista, o juiz não só olharia o que a lei diz sobre o roubo, mas também
consideraria como esse crime afetou a comunidade ao redor. Ele pensaria sobre
como a punição poderia ajudar a prevenir que outros crimes aconteçam e também
sobre como proteger o direito das pessoas de terem suas coisas como propriedade
privada. Assim, o juiz escolheria a punição que melhor ajuda a comunidade e a
evitar mais crimes, mas sempre lembrando que a punição não pode ser maior do
que o crime cometido.

Referências Bibliográficas:

​ Bitencourt, Cezar Roberto. "Tratado de Direito Penal". Editora Saraiva, 2020.



​ Capez, Fernando. "Curso de Direito Penal". Editora Saraiva, 2020.

​ Greco, Luís. "Curso de Direito Penal". Editora Saraiva, 2018.

​ Greco, Rogério. "Curso de Direito Penal". Editora Impetus, 2021.

​ Jesus, Damásio de. "Direito Penal - Parte Geral". Editora Saraiva, 2019.

​ Mezger, Tratado de derecho penal, trad. de 1955.

​ Nucci, Guilherme de Souza. "Manual de Direito Penal". Editora Forense, 2021.

​ Prado, Luiz Regis. "Curso de Direito Penal Brasileiro". Editora Revista dos Tribunais, 2020.

​ Roxin, Claus. "Derecho Penal - Parte General". Editorial Civitas, 2001.

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