You are on page 1of 21

UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.

2
1

FUNDAÇÕES

PARÂMETROS CITÉRIOS PARA ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO

1. Critérios técnicos

1.1. Topografia da área


♦ Levantamento planialtimétrico com curvas de nível;
♦ Dados sobre taludes e encostas do terreno;
♦ Necessidade de efetuar cortes e aterros;
♦ Presença de obstáculos como aterros com lixo, matacões, etc;
♦ Presença de curso d’água ou lagoas.
1.2. Reconhecimento geotécnico e características do solo e subsolo
♦ Sondagem e análise do solo e subsolo;
♦ Resistência estimada para o solo a cada metro de profundidade;
♦ Características geomecânicas, profundidade e espessura de cada camadas;
♦ Dados sobre erosões e ocorrência de solos inadequados;
♦ Condições de estabilidade;
♦ Posição do nível d’água;
1.3. Dados da obra
♦ Tipo de obra a ser construída: edifício, ponte, viaduto, torre, píer de cais, estádio, etc.
♦ Existência de pavimento em subsolo (estacionamento, etc.);
♦ Cargas estáticas, móveis e dinâmicas atuantes;
♦ Condições de meio-ambientais;
♦ Tipo de estrutura adotado;
♦ Dados sobre as construções vizinhas: o tipo de fundações e estrutura, existência de subsolo,
possíveis conseqüências de escavações e vibrações provocadas pela nova obra, e danos já
existentes.
1.4. Parâmetros técnicos
♦ Ordem decrescente de melhor exeqüibilidade técnica;
♦ Ordem decrescente de melhor adequação estrutural;
♦ Equipamentos e técnicas disponíveis;
♦ Prazo desejado de execução.
2. Critérios econômicos
♦ Custo direto para a execução do serviço;
♦ Prazo de execução: Há situações em que uma solução mais custosa oferece um prazo de
execução menor, tornando-se mais atrativa.
♦ Conhecimento dos tipos de fundação disponíveis no mercado e de suas características;
♦ Solução que atenda às características técnicas e ao mesmo tempo se adéqüe à realidade;
♦ A escolha do tipo de fundação é uma combinação razoável da adequação técnica com a
eficiência econômica.
 “O projeto de fundações não é tão exato do ponto de vista matemático quanto o de estrutura,
pois se lida com a natureza” (Milton Golombek).

TIPOS DE FUNDAÇÃO
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
2

As fundações podem ser classificadas em função da forma de transferência das cargas da


estrutura para o solo onde ela se apóia: Fundações diretas e fundações indiretas.
Fundações diretas são elementos de fundação em que a carga é transmitida ao terreno
predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base da fundação, sendo desprezada
qualquer outra forma de transferência das cargas.
Fundações indiretas são aquelas que transferem as cargas por efeito de ponta quando
transmite a carga ao terreno pela base (resistência de ponta) ou por efeito de atrito lateral do
elemento com o solo por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das
duas. As fundações indiretas são todas profundas.
As fundações diretas podem ser subdivididas em: superficial (rasas) e profundas.
Fundação superficial (rasa): Elementos de fundação em que a carga é transmitida ao
terreno, predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base da fundação, e em que a
profundidade de assentamento está próxima à superfície do solo (profundidade até 3 m) ou quando
estão assentadas a uma profundidade de até duas vezes a sua menor dimensão em planta.
Incluem-se neste tipo de fundação as sapatas, os blocos, os radier, as sapatas associadas, as
vigas de fundação e as sapatas corridas.
Fundação profunda quando está assente em profundidade superior ao dobro de sua menor
dimensão em planta, e no mínimo 3 m, salvo justificativa. Neste tipo de fundação incluem-se as
estacas, os tubulões e os caixões.
1) Fundações superficiais (diretas):
1. Blocos.
2. Sapatas: isolada; associada (conjugada); vigas de fundação; corrida.
3. Radier.
2) Fundações profundas:
4. Estacas.
5. Tubulões.
6. Caixão.
BLOCOS
“Elemento de fundação superficial de concreto, dimensionado de modo que as tensões de
tração nele produzidas possam ser resistidas pelo concreto, sem necessidade de armadura. Pode
ter suas faces verticais, inclinadas ou escalonadas e apresentar normalmente em planta seção
quadrada ou retangular”. (NBR 6122/1996)
Este tipo de fundação é utilizado quando há atuação de pequenas cargas – até 20
toneladas. Para cargas acima deste valor, torna-se mais econômica a utilização de fundação tipo
sapata, pois o peso próprio do bloco passa a ser relevante em relação à carga recebida do pilar.
Os blocos são elementos estruturais de grande rigidez que suportam predominantemente
esforços de compressão simples provenientes das cargas dos pilares. Os eventuais esforços de
tração são absorvidos pelo próprio material do bloco – concreto.
Os Blocos são executados em concreto simples ou concreto ciclópico (concreto simples +
30% de pedra-de-mão) sem qualquer tipo de armadura. O concreto deve ter fck mínimo de 15 MPa.
Em planta, os blocos não devem ter dimensão inferior a 60 cm.
Os blocos devem ser assentes a uma profundidade tal que garanta estabilidade à fundação.
Nas divisas com terrenos vizinhos, salvo quando a fundação for assente sobre rocha, tal
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
3

profundidade não deve ser inferior a 1,5m. Recomenda-se uma profundidade não inferior a 1,00 m
para os demais casos.
Nos terrenos com topografia acidentada, a implantação de qualquer obra e de suas
fundações deve ser feita de maneira a não impedir a utilização satisfatória dos terrenos vizinhos.
Os blocos mais econômicos são os do tipo escalonados.
No caso de fundações próximas, porém situadas em cotas diferentes, uma reta passando
pelos seus bordos deve fazer, com a vertical, um ângulo α com os seguintes valores:
a) solos pouco resistentes: α ≥ 60°;
b) solos resistentes: α = 45°;
c) rochas: α = 30°.

A fundação situada em cota mais baixa deve ser executada em primeiro lugar, a não ser que
se tomem cuidados especiais.
O processo de execução de um Bloco consiste basicamente em:
1. Executar a abertura da cava até a cota prevista em projeto, desde que o solo ofereça resistência;
2. Proceder a compactação da camada do solo resistente, apiloando o fundo;
3. Regularização e limpeza da cava;
4. Locação do centro do bloco;
5. Colocação da forma (quando necessário);
6. Posicionamento da armadura de arranque do pilar;
7. Concretagem do bloco;
8. Garantir a cura adequada do concreto
9. Desforma (quando necessário);
10. Reaterro compactado da cava de fundação.
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
4

SAPATAS
“Elemento de fundação superficial de concreto armado, dimensionado de modo que as tensões de
tração nele produzidas não sejam resistidas pelo concreto, mas sim pelo emprego da armadura.
Pode possuir espessura constante ou variável, sendo sua base em planta normalmente quadrada,
retangular ou trapezoidal”. (NBR 6122/1996)
As sapatas podem ser:
a) Isoladas;
b) Associadas (conjugadas);
c) Alavancada;
d) Corrida.
Em planta, as sapatas não devem ter dimensão inferior a 60 cm.
A base de uma fundação deve ser assente a uma profundidade tal que garanta a sua
estabilidade. Salvo quando a fundação for assente sobre rocha, tal profundidade não deve ser
inferior a 1,50 m.
Nos terrenos com topografia acidentada as fundações devem ser feitas de maneira a não
impedir a utilização satisfatória dos terrenos vizinhos.
Em fundações que não se apóiam sobre rocha, deve-se executar a uma camada de concreto
simples de regularização de no mínimo 5 cm de espessura, ocupando toda a área da cava da
fundação.
Os blocos e sapatas mais econômicos são aqueles que possuem comprimento e largura com
dimensões próximas e apresentam momentos fletores parecidos em ambas as direções,
simplificando a execução da armadura.
SAPATAS ISOLADAS
São aquelas que transmitem para o solo, através de sua base, a carga de um único pilar.
Etapas de execução de uma sapata isolada:
1. Locação da cava de escavação com o auxílio do gabarito.
2. A marcação da cava de escavação deve ter folga de 10 cm
para cada lado da base da sapata para permitir os trabalhos;
3. Executar a abertura da cava até a cota prevista em projeto,
satisfeita a resistência adotada para o solo;
4. Proceder a compactação da camada do solo resistente
apiloando o fundo;
5. Regularização e limpeza da cava de fundação;
6. Confecção de um lastro de concreto magro de 5 cm de espessura mínima e com fck mínimo de
9 MPa, com função de regularizar e nivelar a superfície de apoio e não permitir a saída da água
do concreto da sapata, além de isolar a armadura do solo;
7. Quando assentada sobre rocha a superfície da cava deve ser regularizada (nivelada) com
concreto magro.
8. Locação do centro da sapata com o auxílio do gabarito de locação;
9. Posicionamento da fôrma da base, de acordo com a marcação do gabarito;
10. Posicionamento da armadura da sapata (locação e prumo);
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
5

11. Posicionamento (centralização) da armadura de arranque do pilar conforme gabarito de locação;


12. Verificação da verticalidade (prumo) da armadura do pilar;
13. Colocação das guias de arame, para acompanhamento da declividade das superfícies (quando
necessário);
14. Execução da concretagem: base e aresta inclinada;
15. Garantir a cura adequada do concreto.

SAPATAS ASSOCIADAS

Sapata comum a vários pilares, cujos centros, em planta, não estejam situados em um
mesmo alinhamento. No caso em que a proximidade entre dois ou mais pilares seja tal que as
sapatas isoladas se superponham, deve-se executar uma sapata associada. Um projeto econômico
deve ser feito com o maior número possível de sapatas isoladas. A viga que une os pilares
denomina-se viga de rigidez, e tem a função de permitir que a sapata trabalhe com tensão
constante.

Sapata associada com viga de rigidez Sapata com viga alavanca (viga de equilíbrio)

SAPATAS ALAVANCADAS
No caso de sapatas de pilares de divisa ou próximos a obstáculos onde não seja possível
fazer com que o centro de gravidade da sapata coincida com o centro de carga do pilar, cria-se
uma viga alavanca (viga de equilíbrio) ligada entre duas sapatas, de modo que um pilar absorva o
momento resultante da excentricidade da posição do outro pilar.
SAPATAS CORRIDAS
São elementos contínuos de concreto armado, sujeitos à ação
de uma carga distribuída linearmente. Utilizadas geralmente em
edificações cujas cargas não sejam muito grandes. Geralmente
recebem as cargas diretamente das paredes. As sapatas corridas são
sucedâneas dos alicerces, para paredes mais carregadas ou solos
menos resistentes.

RADIERS

“Elemento de fundação superficial que abrange todos os pilares da obra ou carregamentos


distribuídos (por exemplo: tanques, depósitos, silos, etc.)”. NBR 6122/1996.
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
6

Quando todos os pilares de uma estrutura transmitirem as cargas ao solo através de uma
sapata única.
A utilização de sapatas é economicamente mais viável enquanto sua área total em relação à
da edificação não ultrapasse 50%. Quando a área das sapatas ocuparem cerca de 70 % da área da
construção é mais vantajoso reunir todas as sapatas num só elemento de fundação – Radier, ou
quando se deseja reduzir ao máximo os recalques diferenciais. Este tipo de fundação envolve
grande volume de concreto, é relativamente onerosa e de difícil execução.
O Radier é executado em concreto armado, uma vez que, além de esforços de compressão,
devem resistir a momentos provenientes dos pilares diferencialmente carregados, e ocasionalmente
a pressões do lençol freático (necessidade de armadura negativa).
O fato de o radier ser uma peça inteiriça pode lhe conferir uma alta rigidez, o que muitas
vezes evita grandes recalques diferenciais. A sua execução cria uma plataforma de trabalho para
os serviços posteriores; porém, em contrapartida, impõe a execução precoce de todos os serviços
enterrados na área do radier (Tubulações, instalações, etc.).

TUBULÕES
“Elemento de fundação profunda, cilíndrico, em que, pelo menos na sua etapa final, há
descida de operário. Pode ser feito a céu aberto ou sob ar comprimido (pneumático) e ter ou não
base alargada. Pode ser executado sem ou com revestimento, podendo este ser de aço ou de
concreto. No caso de revestimento de aço (camisa metálica), este poderá ser perdido ou
recuperado”. NBR 6122/1996.
Tubulões são elementos estruturais da fundação que transmitem a carga ao solo resistente
por compressão, através da escavação de um fuste cilíndrico e uma base alargada tronco-cônica.
Apesar de ser semelhante a uma estaca, este tipo de fundação é considerado como direta, pois a
sua resistência é transmitida ao solo através de sua base.
O concreto de 20 MPa é o mais utilizado para fundações com tubulões, utilizando-se britas
2, tanto para a base quanto para o enchimento do fuste. Para o encamisamento de concreto devem
ser produzidos com brita 1 ou pedrisco,pois possui espessura de parede entre 6 e 10 cm.
O encamisamento metálico é fabricado em tubos de aço com parede de até 1 cm de
espessura.
Os tubulões são executados de duas formas:
1)Tubulões a céu aberto e 2) Tubulões com ar comprimido
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
7

1. Tubulões a céu aberto:


Consiste em um poço aberto manualmente ou mecanicamente em solos coesivos, não
susceptíveis de desmoronamento durante a escavação, e acima do nível d’água. Quando há
tendência de desmoronamento, reveste-se o furo com tubo de concreto ou tubo de aço.
O fuste é escavado até a cota desejada, a base é alargada e posteriormente enche-se de
concreto. É possível escavar o solo mecanicamente com equipamentos de perfuração, ainda assim,
a solução exige a presença de um operário para executar a base.
A aparição de água durante a escavação não é um problema, desde que possa ser contida,
esgotada com uma bomba submersível dentro do poço, e que não prejudique a perfuração.
Dispensa escoramento em terreno coesivo, mostrando-se uma alternativa econômica para altas
cargas solicitadas, superior a 250 Tf.
Processo de execução da fundação:

1. A partir do gabarito, faz-se a marcação do eixo da peça e com um arame e um prego, marca-se
no terreno a circunferência que delimita o tubulão, cujo diâmetro mínimo é de 70 cm.
2. Inicia-se a escavação do poço até a cota especificada em projeto.
3. Na fase de escavação pode ocorrer a presença de água. Nestes casos, a execução da
perfuração manual se fará com um bombeamento simultâneo da água acumulada no poço.
4. Poderá ocorrer, ainda, que alguma camada do solo que não resista à perfuração e desmorone
(no caso de solos arenosos). Então, será necessário o encamisamento da peça ao longo dessas
camadas. Isto poderá ser feito através de tubos de concreto ou tubos de aço reaproveitável, com
o diâmetro interno igual ao diâmetro do fuste do tubulão.
5. Escoramento do tubo de forma para o fuste;
6. Execução do alargamento da base de acordo com as dimensões do projeto.
7. Verificação das dimensões do poço, como: o tipo de solo na base, profundidade e largura da
base.
8. Limpeza do poço e colocação da armadura.
9. A concretagem é feita lançando-se o concreto da superfície através de um funil (tremonha) de
modo a evitar que o concreto se choque contra as paredes do tubulão e se misture com a terra,
prejudicando a concretagem.
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
8

10. O concreto se espalhará pela base pelo próprio impacto de sua descarga;
11. A concretagem é interrompida de vez em quando para descer e fazer o adensamento, de modo a
evitar que fiquem vazios na massa de concreto.
Controle de Qualidade de Tubulões:
1. Devem ser anotados na execução da fundação em tubulão os seguintes elementos, conforme o
tipo: cota de arrasamento; dimensões reais da base alargada; material de apoio; equipamento de
cada etapa; deslocamento e desaprumo; comparação de consumo de material durante a
concretagem com o previsto; qualidade dos materiais; anormalidades de execução e
providências tomadas, inspeção do terreno ao longo do fuste e assentamento da fundação.
2. Verificar a tolerância máxima de 10% do diâmetro do fuste do tubulão um desvio entre eixos do
tubulão e ponto de aplicação da resultante das licitações do pilar.
3. Ultrapassados os limites quanto à excentricidade e, ou ao desaprumo, é feita verificação
estrutural com os redimensionamentos necessários.
2. Tubulões com ar comprimido:

Esse é o método é utilizado para solos com presença de lençol freático sem possibilidade de
esgotamento. Neste caso, a injeção de ar comprimido nos tubulões impede a entrada de água, pois
a pressão interna é maior que a pressão da água, sendo a pressão empregada no máximo de 3
atm, limitando a profundidade em 30m abaixo do nível d’água. Isso permite que sejam executados
normalmente os trabalhos de escavação, alargamento do fuste e concretagem.
O equipamento utilizado compõe-se de uma campânula e equipamento de compressão e
descompressão de ar que possibilita a atuação do operário abaixo do nível da água. Nesta
campânula existe uma "chaminé" com válvulas, por onde se processa a retirada de terra, com a
utilização de um balde.
Durante a compressão, o sangue dos homens absorve mais gases do que na pressão
normal. Se a descompressão for feita muito rapidamente, o gás absorvido em excesso no sangue
pode formar bolhas, que por sua vez podem provocar dores e até morte por embolia. Para evitar
esse problema, antes de passar à pressão normal, os trabalhadores devem sofrer um processo de
descompressão.
Os problemas durante a execução de tubulões a ar comprimido estão relacionados à
segurança dos operários durante a compressão e descompressão da campânula. Por isso, esse
tipo de fundação vem sendo adotado apenas para construção de pontes, viadutos e obras com
grandes carregamentos.
Estes tubulões são encamisados com camisas de concreto ou de aço até alcançar o solo
apropriado para fazer a base do tubulão. No caso de camisa de concreto, a cravação da camisa,
abertura e concretagem da base são feitos sob ar comprimido, pois o serviço é feito manualmente.
Se a camisa é de aço, a cravação é feita a céu aberto com auxílio de um bate estacas e a abertura
e concretagem do tubulão são feitos a ar comprimido.
A camisa representa uma segurança ao operário durante a descida manual em um solo ruim
e serve como apoio para a campânula, equipamento de compressão e descompressão de ar que
possibilita a atuação do poceiro abaixo do nível da água.
Além de riscos à saúde do operário, o uso da campânula, da camisa e de todos os aparatos
de segurança torna a fundação com tubulões a ar comprimido um sistema oneroso: pode ser cinco
vezes mais caro do que se executada a céu aberto.
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
9

CAIXÃO
“Elemento de fundação profunda de forma prismática, concretado na superfície e instalado
por escavação interna. Na sua instalação pode-se usar ou não ar comprimido e sua base pode ser
alargada ou não”. (NBR 6122/1996)
Utilizada para grandes cargas e quando for a melhor opção. Substituem dois ou mais
tubulões (mais econômico). Podem ser metálicos ou de concreto armado e também podem ser
flutuante – concretado a seco, feito flutuar, rebocado ao seu local de afundamento, preparo da
superfície de assentamento feito por escafandristas. Podem ser circulares, quadrados, ovais,
retangulares, etc. Abertos no topo e no fundo, usados em grandes profundidades e de baixo custo.

ESTACA
“Elemento de fundação profunda executado inteiramente por equipamentos ou ferramentas,
sem que, em qualquer fase de sua execução, haja descida de operário. Os materiais empregados
podem ser: madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in situ ou mistos”. (NBR
6122/1996)
Cota de arrasamento: Nível em que deve ser deixado o topo da estaca ou tubulão,
demolindo-se o excesso ou completando-o, se for o caso. Deve ser definido de modo a deixar que
a estaca e sua armadura penetrem no bloco com um comprimento que garanta a transferência de
esforços do bloco à estaca.
Arrasamento de estaca; Há necessidade de se preparar a cabeça das estacas para sua
perfeita ligação com os elementos estruturais. O concreto da cabeça da estaca moldada in loco é
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
10

geralmente de qualidade inferior, pois ao final da concretagem há subida de excesso de


argamassa, ausência de pedra britada e possibilidade de contaminação com o barro em volta da
estacas. Por isso, a concretagem da estaca deve terminar no mínimo 20 cm acima da cota de
arrasamento. É uma operação manual com auxílio de um ponteiro e marreta e o sentido do corte
deve ser de baixo para cima; pode ser usado um pequeno martelete pneumático ou elétrico,
operado manualmente
Nega: Penetração permanente de uma estaca, causada pela aplicação de um golpe do
pilão. Em geral é tomada a média de uma série de dez golpes. A nega ao ser fixada ou fornecida
deve ser sempre acompanhada do peso do pilão e da altura de queda ou da energia de cravação
(martelos automáticos).
Repique: Parcela elástica do deslocamento máximo de uma seção da estaca, decorrente da
aplicação de um golpe do pilão.
Martelo: Componente do equipamento de cravação o qual fornece a energia necessária à
instalação da estaca. Constitui-se de uma massa que cai, sobre a estaca, em queda livre ou de
modo automático.
Cepo: Elemento de madeira dura, com fibras dispostas paralelamente ao eixo da estaca,
colocado sobre o capacete metálico sobre o qual se deixa cair o martelo.
Capacete: Elemento metálico, instalado no topo da estaca (cabeça) cuja função é distribuir
uniformemente as tensões dinâmicas que surgem em decorrência do impacto do martelo sobre a
cabeça das estacas
Coxim: Chapa de madeira de espessura variável, colocada entre a cabeça da estaca e o
capacete, com dimensões em planta e forma, compatíveis com as das estacas a serem cravadas.
As estacas podem ser classificas em duas categorias:

1. Estacas de deslocamento:

São aquelas introduzidas no terreno através de algum processo que não provoca a retirada
do solo. Ex.: Estaca pré-moldada de concreto, Estaca metálica, Estaca de madeira, Estaca tipo
Franki.
1.1. Estaca cravada por percussão:
“Tipo de fundação profunda em que a própria estaca ou um molde é introduzido no terreno por
golpes de martelo (por exemplo: de gravidade, de explosão, de vapor, de diesel, de ar
comprimido, vibratório)”. (NBR 6122/1996)
1.2. Estaca cravada por prensagem:
“Tipo de fundação profunda em que a própria estaca ou um molde é introduzido no terreno por
pressão”. (NBR 6122/1996)
2. Estacas escavadas:

São aquelas executadas “in situ” (no local) através de perfuração do terreno por um
processo qualquer, com remoção de material, com ou sem revestimento, com ou sem a utilização
de fluido estabilizante. Ex.: Estaca broca, estaca tipo Strauss, estaca hélice contínua, estacas-raiz,
estaca injetada, etc.
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
11

❏ ESTACA BROCA
Tipo mais singelo de fundação profunda executada “in loco” sem molde ou revestimento, por
perfuração no terreno com o auxílio de broca, com trado manual ou mecânico ou equipamento
equivalente e posterior concretagem.
O trado utilizado é acoplado a tubos de aço galvanizado divididos em partes de 1,20 m de
comprimento e à medida que se prossegue a escavação eles vão sendo sucessivamente acoplados
(através de luva simples). A perfuração é feita por rotação/compressão do tubo, seguindo-se da
retirada da terra.
A escavação deve prosseguir até a profundidade prevista. Quando for atingida a
profundidade, faz-se a limpeza do fundo com a remoção do material desagregado eventualmente
acumulado durante a escavação.
Dadas as condições de execução, estas estacas só podem ser utilizadas abaixo do nível de
água se o furo puder ser seco antes da concretagem.
Recomenda-se para as estacas tipo broca um diâmetro mínimo de 20 cm e máximo de 50
cm. Em geral, com diâmetros usuais de 20 cm, 25 cm e 30 cm.
Em geral, estas estacas não são armadas, utilizando-se somente uma armadura mínima de
4 barras de Ø 12,5 mm e 2,00 m de profundidade, servindo de espera para futura ligação com uma
viga-baldrame ou bloco de coroamento.
O furo é posteriormente preenchido com o concreto apiloado. O concreto deve ser lançado
do topo da perfuração com o auxílio de funil, devendo apresentar fck não inferior a 15 MPa,
consumo de cimento superior a 300 kg/m3 e consistência plástica.
Várias restrições podem ser feitas a este tipo de estaca:
1) Baixa capacidade de carga (inferior a 5 toneladas);
2) Perigo de introdução de solo no concreto, quando do enchimento, e de estrangulamento do
fuste;
3) Não existe garantia da verticalidade;
4) Só pode ser executada acima do lençol freático;
5) Comprimento máximo 4,0 m;
6) Trabalha apenas à compressão.
A estaca tipo broca, à vista de suas características é usada somente para casos limitados
em pequenas construções e sua execução é feita normalmente pelo pessoal da própria obra.

❏ ESTACAS STRAUSS
“Tipo de fundação profunda executada por perfuração através de balde- sonda (piteira),
com uso parcial ou total de revestimento recuperável e posterior concretagem”. (NBR 6122/1996)
Tipo de fundação profunda, moldada “in loco”, executada por perfuração, com uso parcial ou
total de revestimento recuperável e posterior concretagem.
Os diâmetros mais utilizados são de 20 cm (12 tf), 25 (20 tf), 32 cm (25 tf) e 45 cm (40 tf).
Recomenda-se que as estacas Strauss tenham o seu diâmetro limitado a 50 cm.
A profundidade máxima aconselhável não deve ultrapassar a 15 m, podendo ir até 20 m.
O processo executivo se inicia com a abertura com um soquete de um furo no terreno, de
1,0 a 2,0 m de profundidade, para servir de guia de colocação do primeiro tubo metálico, dentado
na extremidade inferior, chamado de coroa. Em seguida, aprofunda-se o furo com golpes
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
12

sucessivos da sonda de percussão, retirando-se o solo abaixo da coroa. Sucessivos tubos


metálicos são rosqueados, quando necessário, até a profundidade determinada ou as condições
previstas para o terreno. Caso as características do terreno o permitam, o revestimento com o tubo
pode ser parcial.
Imediatamente antes da concretagem, deve ser feita a limpeza completa do fundo da
perfuração, com total remoção da lama e da água eventualmente acumuladas durante a
perfuração.
Para concretagem, lança-se concreto no tubo até se obter uma coluna de 1,0 m e apiloa-se
o material com o soquete, formando uma base alargada na ponta da estaca.
Para formar o fuste, o concreto é lançado na tubulação e apiloado, enquanto a camisa
metálica é retirada cuidadosamente, para que não haja interrupção do fuste, com o guincho
manual.
Para garantia de continuidade do fuste, deve ser mantida dentro da linha de tubos, durante o
apiloamento, uma coluna de concreto suficiente para que este ocupe todos os espaços perfurados
e eventuais vazios e deformações no subsolo.
O pilão não deve ter oportunidade de entrar em contato com o solo da parede ou base da
estaca, para não provocar desabamento ou mistura de solo com o concreto; este cuidado deve ser
reforçado no trecho eventualmente não revestido.
O concreto utilizado deve apresentar fck não inferior a 15 MPa, consumo de cimento
superior a 300 kg/m3 e consistência plástica.
Caso ao final da perfuração exista água no fundo do furo que não possa ser retirada pela
sonda, deve-se lançar um volume de concreto seco para obturar o furo. Neste caso, deve-se
desprezar a contribuição da ponta da estaca na sua capacidade de carga.
A armadura longitudinal deve ser confeccionada com barras retas, sem esquadro na ponta,
e os estribos devem permitir livre passagem ao soquete de compactação e garantir um cobrimento
da armadura, não inferior a 3 cm.
Quando não armadas, deve-se providenciar uma ligação com o bloco e baldrames na
extremidade superior da estaca através de uma ferragem que é simplesmente cravada no concreto,
dispensando-se, neste caso, o uso de estribos. A concretagem é feita até um pouco acima (20 cm)
da cota de arrasamento da estaca. Finalmente, remove-se o concreto excedente acima da cota de
arrasamento, quebrando-se a cabeça da estaca com ponteiros metálicos.
A estaca Strauss pode ser empregada em locais confinados ou terrenos acidentados devido
à simplicidade do equipamento utilizado. Sua execução não causa vibrações, evitando problemas
com edificações vizinhas. Utilizadas na construção de paredes de contensão de subsolos de
edifícios e proteção de encostas.
Porém, em geral possui capacidade de carga menor que as estacas tipo Franki, as pré-
moldadas de concreto e as de aço.
♦ Principais vantagens: ♦ Principais desvantagens:
 Pouca vibração durante a execução;  Difícil execução abaixo do nível d’água;
 Custo relativamente baixo;  Capacidade de carga pequena;
 Fácil execução em solo acima do nível d’água.  Difícil cravação em solo resistente.
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
13

❏ ESTACAS FRANKI
“Tipo de fundação profunda caracterizada por ter uma base alargada, obtida introduzindo-se
no terreno certa quantidade de material granular ou concreto, por meio de golpes de um pilão. O
fuste pode ser moldado no terreno com revestimento perdido ou não ou ser constituído por um
elemento pré-moldado”. NBR 6122/1996.
Os diâmetros variam de 30 cm a 60 cm. A capacidade de carga varia entre 50 tf e 250 tf. A
profundidade pode alcançar 30 m.
A execução deste tipo de estaca segue o seguinte procedimento:
1. Crava-se no solo um tubo de aço recuperado, cuja ponta é obturada por uma bucha de concreto
seco e fortemente comprimida sobre as paredes do tubo.
2. Ao se bater com o pilão na bucha, o mesmo arrasta o tubo, impedindo a entrada de solo ou água;
3. Atingida a camada desejada, o tubo é preso e a bucha expulsa por golpes de pilão e fortemente
socada contra o terreno, de maneira a formar uma base alargada;
4. Uma vez executada a base e colocada a armadura, inicia-se a concretagem do fuste, em camadas
fortemente socadas, extraindo-se o tubo à medida da concretagem, tendo-se o cuidado de deixar
no mesmo uma quantidade suficiente de concreto para impedir a entrada de água e de solo.
5. Concretagem com consumo mínimo de cimento de 350 kg/m3.
Na cravação à percussão por queda livre, as relações entre o diâmetro da estaca, a massa e
o diâmetro do pilão devem atender aos valores mínimos indicados na tabela a seguir.

Diâmetro da estaca (mm) Peso mínimo do pilão (t) Diâmetro mínimo do pilão (mm)

300 1,0 180

350 1,5 220

400 2,0 250

450 2,5 280

500 2,8 310

600 3,0 380

Nota: As massas indicadas nesta Tabela representam as mínimas aceitáveis. No caso de


estacas de comprimento acima de 15 m, a massa mínima deve ser aumentada.
As estacas tipo Franki apresentam grande capacidade de carga e podem ser executadas a
grandes profundidades, não sendo limitadas pelo nível do lençol freático.
Seus maiores inconvenientes dizem respeito à vibração do solo durante a execução, área
necessária ao bate-estaca e possibilidade de alterações do concreto do fuste, por deficiência do
controle. Sua execução é sempre feita por firma especializada. Em situações especiais, sobretudo
em zonas urbanas, podem-se atravessar camadas resistentes em que as vibrações poderiam causar
problemas com construções vizinhas, por meio de perfuração prévia ou cravando-se numa primeira
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
14

etapa o tubo com a ponta aberta e desagregando-se o material com a utilização de uma ferramenta
apropriada e água.

♦ Principais vantagens:
 Grande área da base, fornecendo grande resistência de ponta;
 Fornece grande resistência lateral devido à boa ancoragem do fuste (muito rugoso) no solo;
 Devido a sua execução o terreno fica fortemente comprimido;
 Pode ser executada em grandes profundidades;
 Suporta grande capacidade de carga;
♦ Principais desvantagens:
 Grande vibração durante a cravação;
 Demora no tempo de execução;
 Custo elevado da mão – de – obra;
 Capacidade de carga do concreto de aproximadamente 60 kg/cm2.
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
15

❏ ESTACAS METÁLICAS
As estacas de aço podem ser constituídas por perfis laminados ou soldados, simples ou
múltiplos, tubos de chapa dobrados (seção circular, quadrada ou retangular) tubo sem costura e
trilhos. Podem ser cravadas em quase todos os tipos de terreno; possuem facilidade de corte e
emenda; podem atingir grande capacidade de carga; trabalham bem à flexão; e, se utilizadas em
serviços provisórios, podem ser reaproveitadas várias vezes. As estacas metálicas devem ser
retilíneas, podendo ser emendadas por solda, talas aparafusadas ou luvas.
As estacas de aço devem resistir à corrosão pela própria natureza do aço ou por tratamento
adequado. Quando inteiramente enterradas em terreno natural, independentemente da situação do
lençol d’água, as estacas de aço dispensam tratamento especial. Havendo, porém, trecho
desenterrado ou imerso em aterro com materiais capazes de atacar o aço, é obrigatório a proteção
deste trecho com um encamisamento de concreto ou outro recurso adequado (por exemplo: pintura,
proteção catódica, etc.). Em obras especiais (por exemplo: marítimas, subestações, Metrô, etc.),
cuidados especiais para sua proteção podem ser necessários.
Deve ser cortado o trecho danificado durante a cravação ou o excesso em relação à cota de
arrasamento, recompondo-se, quando necessário, o trecho de estaca até esta cota, ou adaptando-se
o bloco. Quando as estacas de aço constituídas por perfis laminados ou soldados trabalharem a
compressão, basta uma penetração mínima de 20 cm no bloco.
♦ Principais vantagens:
 Atingem grandes profundidades;
 Atravessar camadas resistentes de solo;
 Pequena vibração durante a cravação;
 Uma estaca pode ser feita com vários perfis soldados um ao outro;
 Emenda fácil de executar;
 Podem ser cravadas formando um ângulo de inclinação com a vertical.
♦ Principais desvantagens:
 Custo relativamente elevado;
 Possibilidade de oxidação.

❏ ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO


As estacas pré-moldadas podem ser de concreto armado ou protendido, vibrado ou
centrifugado, e concretadas em formas horizontais ou verticais. Devem ser executadas com concreto
adequadamente dosado, além de serem submetidas à cura necessária para que possua resistência
compatível com os esforços decorrentes do transporte, manuseio, instalação e a eventuais solos
agressivos.
Estas estacas têm limitações de comprimento como decorrência do problema de transporte e
equipamento, sendo fabricado em segmentos, o que leva em geral à necessidade de grandes
estoques e requerem armaduras especiais para içamento e transporte.
Apresentam-se em várias seções (versatilidade): quadradas (as mais comuns), octogonal,
circulares, circulares centrifugadas, duplo “T”, etc., podendo ser fabricadas em qualquer dimensão,
de modo a se adequar ao bate-estaca a ser utilizado.
Costumam ser pré-fabricadas em firmas especializadas, com suas responsabilidades bem
definidas, ou no próprio canteiro, sempre num processo sob controle rigoroso.
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
16

A cravação de estacas pré-moldadas de concreto pode ser feita por percussão, prensagem
ou vibração. A escolha do equipamento deve ser feita de acordo com o tipo e dimensão da estaca,
características do solo, condições de vizinhança, características de projeto e peculiaridades do local.
O sistema de cravação deve ser dimensionado de modo a levar a estaca até a profundidade
prevista para sua capacidade de carga, sem danificá-la. Com esta finalidade, o uso de martelos mais
pesados, com menor altura de queda, é mais eficiente do que o de martelos mais leve, com grande
altura de queda, mantido o mesmo conjunto de amortecedores.
O sistema de cravação deve estar sempre bem ajustado e com todos os seus elementos
constituintes, tanto estruturais quanto acessórios, em perfeito estado, a fim de evitar quaisquer danos
às estacas durante a cravação.
Os equipamentos acessórios, como capacetes, coxins e suplementos, devem possuir
geometria adequada à seção da estaca e não apresentar folgas maiores que aquelas necessárias ao
encaixe das estacas, nem danificá-las.
As estacas pré-moldadas podem ser emendadas, desde que resistam a todas as solicitações
que nelas ocorram durante o manuseio, a cravação e a utilização da estaca. Cuidado especial deve
ser tomado para garantir a verticalidade dos elementos emendados.
As estacas pré-moldadas devem ser emendadas através de solda. O uso de luva de encaixe
é tolerado desde que não haja tração, seja na cravação, seja na utilização. O topo do elemento
inferior, quando danificado, deve ser recomposto após o término de sua cravação. A cravação só
pode ser retomada após o tempo necessário à cura da recomposição.
O topo da estaca, danificado durante a cravação ou acima da cota de arrasamento, deve ser
demolido. A seção resultante deve ser plana e perpendicular ao eixo da estaca e a operação de
demolição deve ser executada de modo a não causar danos à estaca. Nesta operação podem ser
utilizados ponteiros ou marteletes leves, trabalhando com pequena inclinação, para cima, em relação
à horizontal. Para estacas cuja seção de concreto for inferior a 2000 cm², o preparo da cabeça
somente pode ser feito com ponteiro.
No caso de estacas danificadas até abaixo da cota de arrasamento ou estacas cujo topo
resulte abaixo da cota de arrasamento prevista, deve-se fazer a demolição do comprimento
necessário da estaca, de modo a expor o comprimento de transpasse da armadura e recompô-lo até
a cota de arrasamento. A armadura da estaca deve ser prolongada dentro deste trecho. O material a
ser utilizado na recomposição das estacas deve apresentar resistência não inferior à do concreto da
estaca.
O comprimento de cravação real às vezes difere do previsto pela sondagem, levando a duas
situações: a necessidade de emendas ou de corte. No caso de emendas, geralmente constitui-se
num ponto crítico, dependendo do tipo de emenda: luvas de simples encaixe, luvas soldadas, ou
emenda com cola epóxi através de cinta metálica e pinos para encaixe, este último tipo mais
eficiente. Quando há sobra, o corte deve ser feito de maneira adequada no sentido de evitar danos à
estaca.
O processo executivo de cravação emprega como equipamentos os bate-estacas: por
gravidade, a explosão (tipo diesel) e a ar comprimido.
O processo de cravação mais utilizado é o de cravação dinâmica, onde o bate-estaca
utilizado é o de gravidade, constituído basicamente de um peso que é levantado através de um
guincho e que cai orientado por guias laterais. Este tipo de cravação promove um elevado nível de
vibração, que pode causar problemas a edificações próximas ao local.
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
17

O processo prossegue até que a estaca que esteja sendo cravada penetre no terreno, sob a
ação de certo número de golpes, até atingir a “nega”.
O objetivo de verificação da nega para as diferentes estacas é a uniformidade de
comportamento das mesmas.
Deve-se ter cuidado com a altura de queda do martelo para não causar danos à cabeça da
estaca e fissuração da mesma, não se esquecendo de usar também o coxim de madeira e o
capacete metálico para proteger a cabeça da estaca contra o impacto do martelo, mesmo assim,
estas estacas apresentam índice de quebra às vezes alto. Se a altura for inferior à ideal, poderá dar
uma “falsa nega”.
As extremidades da estaca são reforçadas com armadura transversal para resistir aos
choques do bate-estaca.
O recobrimento do concreto é de no mínimo 3 cm.
Em estacas vazadas, antes da concretagem do bloco, o furo central deve ser
convenientemente tamponado.
Sua aplicação de rotina é em obras de pequeno a médio porte.
♦ Principais vantagens:

 Podem ser cravadas abaixo do nível d’água;


 Permite uma boa fiscalização durante a concretagem;
 Permite a moldagem de corpos de prova para verificação da resistência à compressão;
 Permite a moldagem das estacas no local da obra;
 Permite a emenda de uma peça na outra, etc.
♦ Principais desvantagens:
 A estaca não ultrapassa camada de solo resistente;
 Não resistem a esforços de tração e de flexão.
 Tempo de cura normal do concreto de 21 dias;
 O transporte dentro da obra;
 Durante a cravação se o contato do martelo com o concreto não for feito com um material
elástico, quebra a cabeça da estaca;
 Grande vibração durante a cravação.
 Capacidade de carga do concreto de aproximadamente 60 kg/cm2.
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
18

DETALHE DE UMA ESTACA PRÉ-MOLDADA DE CONCRETO ARMADO

ESTACA ESCAVADA COM TRADO ROTATIVO

A sua execução obedece ao seguinte roteiro:


1. O trado é cravado no solo por meio de um torque;
2. Quando o trado está cheio ele é sacado e retirado o solo;
3. Quando a cota de assentamento é atingida, o furo é cuidadosamente limpo e na sua parte inferior
é colocado brita e apiloado;
4. Inicia-se a concretagem da estaca, com um concreto auto-adensável;
5. Faltando 2/3 para completar a concretagem é colocada a armadura;
6. A parte final da estaca é concretada e vibrada com um vibrador de imersão.

♦ Principais vantagens:
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
19

 Produção diária muito grande em solo com coesão e ângulo de atrito interno acima do nível da
água;
 Aspecto de limpeza na obra;
 Possibilita a construção de estacas relativamente longas;
 Possibilita a construção de estacas inclinadas.

♦ Principais desvantagens:
 Solo com nível da água muito elevado é necessário a utilização de fluido estabilizador do furo;
 Resistência de ponta não contribui com a capacidade de carga da estaca;

ESTACAS-RAIZ
Estacas de pequeno diâmetro concretada “in loco”, executadas com perfuratriz, executadas
com equipamento de rotação ou rotopercussão com circulação de água, lama bentonítica
estabilizante ou ar comprimido, podem ser executadas com grandes inclinações e atravessar
terrenos de qualquer natureza, sendo indicado para o solo que possui matacões e rocha.
Este tipo de estaca é recomendado para obras com dificuldade de acesso para grandes
equipamentos de cravação, pois emprega equipamento com pequenas dimensões (altura de até 3m).
Pode ser ou não revestida, sendo que as estacas tipo raiz são revestidas, pelo menos em
parte do seu comprimento. De qualquer maneira é preciso garantir a estabilidade da escavação.
A utilização de lama bentonítica estabilizante pode afetar a aderência entre a estaca e o solo.
Procede-se então uma lavagem normal com água limpa para eliminar esse inconveniente, sendo
imprescindível verificar o resultado final do uso da lama através de prova de carga, a menos que haja
experiência com este tipo de estaca no terreno da região.
Essa perfuração se processa com um tubo de revestimento e o material escavado é eliminado
continuamente, por uma corrente fluida (água, lama bentonítica ou ar) que introduzida através do
tubo refluí pelo espaço entre o tubo e o terreno.
Completada a perfuração com revestimento total do furo, é colocada a armadura necessária
ao longo da estaca, concretando-se à medida que o tubo de revestimento é retirado. A injeção é
executada de baixo para cima, aplicando-se regularmente uma pressão controlada e variável, em
função da natureza do terreno, cujo valor atinge até 0,4 MPa. Este procedimento, além de aumentar
consideravelmente o valor do atrito lateral, garante também a integridade do fuste, permite
conseguir-se uma resistência maior para a argamassa utilizada. Durante o processo de concretagem
o furo permanece revestido.
O processo de perfuração, não provocando vibrações nem qualquer tipo de descompressão
do terreno, em conjunto com o reduzido tamanho de equipamento torna este tipo de estaqueamento
indicado para várias situações específicas.

A concretagem é feita através de um tubo introduzido até o fundo da estaca, por onde é
injetada a argamassa, dosada com 500 a 600 kg de cimento por metro cúbico de areia peneirada,
com relação água/cimento inferior a 0,6.
Assim, a composição e a consistência do aglomerado que é utilizado na fabricação da
argamassa, a armação longitudinal, o processo de perfuração e o emprego de ar comprimido na
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
20

concretagem, em conjunto, concorre para conferir à estaca uma adequada resistência estrutural e
ótima aderência ao terreno, o que garante uma elevada capacidade de carga.
A estaca-raiz pode ser utilizada nos seguintes casos:
– em áreas de dimensões reduzidas;
– em locais de difícil acesso;
– em solos com presença de matacões, rocha ou concreto;
– em solos onde existem “cavernas” ou “vazios”;
– em reforços de fundações;
– para contenção lateral de escavações;
– em locais onde haja necessidade de ausência de ruídos ou de vibrações;
– quando são expressivos os esforços horizontais transmitidos pela estrutura às estacas de
fundação (muros de arrimo, pontes, etc.);
– quando existe esforço de tração a solicitar o topo das estacas (ancoragem de lajes de
subpressão, pontes rolantes, torres de linha de transmissão, etc.).

HÉLICE CONTÍNUA
Estaca de concreto moldada in loco, executada através de um equipamento que possui um
trado helicoidal contínuo, que retira o solo conforme se realiza a escavação, e injeta o concreto
simultaneamente, utilizando a haste central desse mesmo trado. É um sistema que proporciona uma
boa produtividade e, por esse motivo, é recomendável que haja uma central de concreto nas
proximidades o local de trabalho. Além disso, as áreas de trabalho devem ser planas e de fácil
movimentação.
O sistema pode ser empregado na maioria dos tipos de solos, exceto em locais onde há a
presença de matacões e rochas. Estacas muito curta, ou que atravessam materiais extremamente
moles, também deve ter sua utilização analisada cuidadosamente.
• Estaca Hélice Contínua (monitorada)
• Introduzida no Brasil em 1987 e mais amplamente difundida em 1993. Caracterizada pela
escavação do solo através de um trado contínuo possuidor de hélices em torno de um tubo
central vazado. Após sua introdução no solo até a cota especificada, o trado é extraído
concomitantemente à injeção do concreto (slump  24cm, pedrisco e areia) através de tubo
vazado.
• Diâmetros de 0,275m a 1,20m;
• Comprimentos de até 33m, em função da torre ;
• Executada abaixo do NA;
• Tempo de execução de estaca de 0,40m de diâmetro e 16m de comprimento em torno de
10min (escavação e concretagem).
Não ocasiona vibração no terreno

• Estaca Ômega (monitorada)


UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Fundações – 2011.2
21

• Introduzida no Brasil em 1997. A cabeça é cravada por rotação, podendo ser empregada à
mesma máquina utilizada nas estacas hélice contínua; durante a descida do elemento
perfurante o solo é deslocado para baixo e para os lado do furo. Após sua introdução no solo
até a cota especificada, o trado é extraído concomitantemente à injeção do concreto (slump
 24cm, pedrisco e areia) através de tubo vazado.
• Diâmetros de 0,31m a 0,66m;
• Comprimento em função da torre (até 33m);
• Executada abaixo do NA;
• Tempo de execução de estaca de 0,40m de diâmetro e 16m de comprimento em torno de
10min (escavação e concretagem);
• Não ocasiona vibração no terreno;
Limitada pelo torque da máquina

You might also like