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A liberdade de expressão, a hostilidade de neonazistas nas


redes sociais frente a aversão com pessoas negras e a função do Direito
brasileiro.1

Josué Felipe Bomfim Gouveia2


Maria de Fátima Silva Salazar3
Gustavo Diniz Monteiro4
Tuanny Soeiro Sousa5

RESUMO:
O seguinte artigo científico busca analisar os ataques racistas e conflitos que as
pessoas negras sofrem na sociedade, principalmente por parte de grupos
neonazistas, bem como discutir os meios legais e possíveis soluções. Na
demonstração dos direitos legais, apesar da Constituição respaldar os direitos das
pessoas negras, é possível ver que isso não ocorre na prática. Sendo assim, é
necessário que as normas sejam mais eficazes no combate ao racismo e que
ofereçam uma rede de apoio às pessoas negras, garantindo que seus direitos legais
sejam obedecidos. Além disso, ressalta-se a importância do combate ao racismo
estrutural nos âmbitos acadêmicos, sociais e profissionais, e a averiguação da
eficiência do Estado para a resolução dos conflitos.

Palavras-Chave: Racismo; Discriminação; Neonazismo; Direito brasileiro.

1 INTRODUÇÃO

1
2° check do paper apresentado à disciplina de Filosofia do Direito do Centro Universitário Unidade de
Ensino Superior Dom Bosco – UNDB
2
Aluno do 2° período do curso de Direito da UNDB
3
Aluno do 2° período do curso de Direito da UNDB
4
Aluno do 2º período do curso de Direito na UNDB
5
Professora, Doutora, Orientadora
2

No contexto brasileiro, o IBGE determina que há maior quantidade de


pessoas negras em detrimento das outras etnias, e, a partir disso, é notório que nas
regiões Sul e Sudeste, onde há uma população majoritariamente composta por
pessoas brancas, devido ao processo de imigração de trabalhadores europeus
ocorrido no final do século XIX e início do século XX, que ficou conhecido como uma
tentativa de branqueamento racial no Brasil. Portanto, em uma realidade em que “ser
branco” é habitual, “ser negro” é visto como antinatural, fator que incentivou a
disseminação de ideologias neonazistas na sociedade brasileira (SILVA; LA RUE;
GARDENZ, 2014). Com o avanço da tecnologia, essas ideologias passaram a ser
publicadas frequentemente nas redes sociais. As manifestações desses ideais em
redes públicas devem ser vistas simplesmente como liberdade de expressão ou como
nítido discurso de ódio?
Fatores importantes que explicam o surgimento de grupos neonazistas no
Brasil são as ocorrências do desenvolvimento desse movimento em outros países,
como na Inglaterra com os skinheads, e as referências midiáticas dos primeiros grupos
autodeclarados neonazistas. Com o aparecimento da internet na década de 90, esses
fatores foram intensificados e o ambiente virtual se tornou o principal meio de
apresentar ideais neonazistas e racistas, além de alcançar novos adeptos sem a
necessidade de interação social física (LOPES, 2016). A partir disso, se tornam
comum a criação de sites neonazistas, a ressignificação de símbolos nazistas e o
discurso de ódio. Apesar disso, o Direito brasileiro combate com eficiência quando
episódios de racismo e propagação de ideologias neonazistas surgem.
De acordo com Dworkin nenhum cidadão ou governante tem o direito de
impedir que um indivíduo expresse sua opinião por idealizar que outro sujeito não
possa ouvi-la e pondera-la (DWORKIN, 2019, p.319). Fazendo uma comparação entre
os direitos de liberdade dos neonazista e o que Dworkin defende, todos
independentemente do conteúdo que está sendo enunciado publicamente, devem ter
a oportunidade de exporem suas visões sem qualquer receio, sendo esse a prognose
da igualdade democrática. Em vista disso, faz-se necessário também uma
averiguação no direito brasileiro quanto a garantia de manifestação do pensamento e
da não violação do direito à liberdade, previsto no artigo 5° (incisos XLI e IV) da
Constituição Federal de 1988.
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A liberdade de expressão é um direito defendido na Constituição Federal


de 1988 e em outras convenções das quais o Brasil é signatário, porém o
estabelecimento de um limite para tal direito também é intensamente discutido quando
o mesmo apresenta ameaças e ódio em seu discurso, essa narrativa pode ser
observada na Ética Kantiana quando se entende que a liberdade alcança um certo
ponto, que não invada a liberdade das demais pessoas (HIJAZ, 2014). Dessa forma,
a pesquisa se torna relevante para a comunidade científica, uma vez que analisa a
liberdade de expressão dentro do ambiente virtual e o papel do Direito brasileiro de
combater grupos neonazistas que propagam ódio às pessoas negras.
No contexto social, é importante discutir sobre a liberdade de expressão e
o racismo contra as pessoas negras no Brasil, principalmente por grupos neonazistas,
os quais representam ameaça a diversos grupos, incluindo homossexuais e judeus.
O tema estimula o debate acerca do respeito à diversidade e às diferenças.
Nessa perspectiva, os pesquisadores se comoveram com as rotineiras
situações de preconceito e racismo que as pessoas negras passam. O Brasil
apresenta um preconceito estrutural que no ambiente virtual é intensificado e cada
vez mais complicado de identificar os agressores.
O tipo de pesquisa realizado é descritivo, pois seu objetivo é descrever
conceitos sobre a liberdade de expressão, as agressividades de grupos neonazistas
com pessoas negras nas redes sociais e a responsabilidade do Direito brasileiro
referente a esses aspectos (GIL, 2008). Além disso, possui cunho bibliográfico, uma
vez que é composto por uma tese de monografia, uma legislação, três artigos de
periódico, quatro livros e um julgado publicados online de 2008 a 2019.
Os principais objetivos do estudo são a análise dos conflitos recorrentes
que as pessoas negras vítimas de racismo sofrem no ciberespaço, sobretudo por
grupos neonazistas. Dessa forma, destaca-se em primeiro plano a exposição das
legislações que asseguram os direitos das pessoas negras e aquelas que combatem
veemente as ideologias neonazistas. Além disso, é importante destacar as principais
dificuldades que as pessoas negras enfrentam nos ambientes acadêmicos, sociais e
profissionais. Por fim, é indispensável o debate acerca da eficiência na aplicação dos
meios legais vigentes para a proteção dos direitos das pessoas negras e das normas
contrárias aos ideais neonazistas, bem como estabelecer as possíveis soluções para
o problema.
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2 OBSERVAÇÃO NA LEGISLAÇÃO DOS ASPECTOS IMPORTANTES QUE


RECHAÇAM OS DIREITOS DAS PESSOAS NEGRAS E AS NORMAS QUE
COMBATEM OS PRINCÍPIOS NEONAZISTAS
O projeto de lei N° 3.198/2000 do Estatuto da Igualdade Racial foi
originalmente criada em junho de 2000, devido ao fruto do debate do movimento negro
com objetivo de que tenham seus direitos assegurados e que todas as pessoas negras
tenham a igualdade de oportunidade, ela tem como proposta de implantação de
sistema em vários campos na sociedade, estabelecendo para pessoas negras cota
de 20% de vagas em concursos públicos de nível federal, municipal e estadual, assim
também 4 como incentivar a participação de negros nos meios de comunicação, além
de provocarem a ampliação do debate público sobre a temática racial e discussões
sobre o mito da democracia racial (GERMANO, 2002).
Nos últimos anos ocorreu um grande aumento de casos de racismo
praticadas por neonazistas no Brasil, onde é usado a liberdade de expressão de forma
vergonhosa que impõe opiniões ofensivas, religiões e até mesmo discriminação racial,
impondo ao estado o preceito de que se deve respeitar a liberdade de expressão do
indivíduo, como no artigo 5°, IV, IX que é responsável pelos Direitos e Deveres
individuais e coletivos (BRASIL, 2015).
No ano de 1989 o legislador alterou a lei n° 7.716 que é conhecida como a
lei do racismo, que tem grande destaque na inclusão social dos negros na sociedade
brasileira, além de ser incluído questões de sexo, discriminação e religião, a legislação
brasileira persiste por anos controlar os atos contra a dignidade da pessoa humana
relacionados ao racismo. Dessa forma, houve alterações nas leis ao longo dos anos
para garantir proteção para as pessoas negras de neonazistas punindo indivíduos que
praticarem o crime (BRASIL, 2015).
Assim como no artigo 26 do Pacto Internacional de Direitos Civis e políticos
afirma que “todos os indivíduos são iguais perante a lei e possuem direito sem
discriminação a igual proteção da lei”, a lei tem como dever impedir qualquer
discriminação e garantir que todos tenham proteção igual contra qualquer tipo de
discriminação, principalmente racial, sexual e de religião (SOUZA; et al., 2020).
Tatiana Dias Silva (2012) afirma que a aplicação do Estatuto da Igualdade
Racial é de grande importância, visto que ele possui o objetivo de assegurar os direitos
5

das pessoas negras para que todos tenham igualdade social. Ana Cristina Lima de
Almeida (2018) concorda com o pensamento do autor citado acima e afirma que a lei
n° 7.716 é necessária, pois ela destaca a proteção de pessoas negras em relação aos
ataques de grupos neonazistas, que com suas ideologias discriminatórias vem
praticando racismo indiscriminadamente, usando a liberdade de expressão de forma
deturpada.

3 AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DAS PESSOAS NEGRAS VÍTIMAS DE


RACISMO NOS ÂMBITOS ACADÊMICOS, SOCIAIS E PROFISSIONAIS
É notório que as desigualdades raciais fazem parte da estrutura desigual
da sociedade vigente e foram adotadas e naturalizadas pelo racismo e pelo avanço
capitalismo, além de terem raízes nas relações de poder. Isso torna as pessoas
negras muito vulneráveis, pois são consideradas como não humanas e, por isso,
passíveis de violência que segundo Chauí (1995, p. 432), é a violação da integridade
física, psíquica e da dignidade humana, e que obriga o ser a fazer algo contrário a si,
ocasionando em danos profundos e irreparáveis, como a morte, a autoagressão,
agressão aos outros ou a loucura.
Na esfera social, tem-se a ideia utópica de Democracia Racial, ideia que
faz paralelo com o livro Casa-Grande e Senzala de Gilberto Freyre mesmo e que o
autor nunca tenha usado o termo em sua obra. Quando Gilberto Freyre (2002, p. 358)
diz que “a doçura nas relações de senhores com escravos domésticos” provavelmente
fosse “maior no Brasil do que em qualquer parte da América”, ou até mesmo que a
miscigenação veio para redigir “a distância social [...] entre a casa-grande e a senzala”
(FREYRE, 2002, p. 9) e democratizar a sociedade brasileira, ele está construindo a
noção de que as interações raciais no Brasil são pacificas, e que o Brasil seria um
lugar de harmoniosas misturas raciais e culturais.
Ainda assim, na esfera educacional e profissional tem-se também uma
pertinência no que tange ao racismo. Para Martins (2012), a crescente industrialização
do país nas décadas de 50 a 80, mostrou que as vagas ocupadas por negros (as)
ainda eram as com menor remuneração, e na maioria das vezes estavam voltadas
para trabalhos manuais, igualmente o período pós-abolição da escravatura,
ocasionando, assim, uma desigualdade racial no mercado de trabalho. Segundo
Munanga (2012), a prática do racismo é um crime perfeito, pois, mesmo que seja
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estrutural e esteja presente em todas as instâncias da sociedade, muitas vezes é tão


sutil que se move despercebido até mesmo por quem é discriminado.
Outro dado relevante que precisa ser analisado quando se fala na disputa
entre estudantes negros e brancos pelo acesso à universidade, é o critério
“meritocrático”. Esse pressuposto deixa de fora uma boa parcela de estudantes
negros de baixa renda, oriundos de escolas públicas, que embora tenha obtido nota
que lhes permitiu aprovação no vestibular, não terão acesso às vagas, pela
concorrência com estudantes que obtiveram pontuações mais elevadas devido ao
ensino de qualidade (OLIVEIRA, 2004). Carvalho (2006) afirma que se escalado todo
o quadro docente das principais e renomadas universidades dedicadas às pesquisas,
como USP, UFRJ, Unicamp, UnB, UFRGS, UFSCar e UFMG, seria um corpo discente
de aproximadamente 18.400 estudantes. Quanto ao quesito de distribuição de
raça/cor, 99,6% dos docentes declaram-se brancos e apenas 0,4% declaram-se
negros.
Martins (2012) afirma que grande parte das vagas ocupadas por negros,
são os de menor remuneração e normalmente cargos menos valorizados,
ocasionando uma grande desigualdade étnica no mercado de trabalho. Chauí (1995)
concorda com o autor citado acima e afirma que a desigualdade racial está
institucionalizada na estrutura da nossa sociedade e que foram naturalizadas pelo
racismo e pelo preconceito, violando a integridade física, psíquica e a dignidade
humana dessas pessoas.

4 DEBATE SOBRE A EFICIÊNCIA DA APLICAÇÃO DOS MEIOS LEGAIS


BRASILEIROS QUANTO À PROTEÇÃO DA PESSOA NEGRA VÍTIMA DE
RACISMO E AO COMBATE DAS IDEOLOGIAS NEONAZISTAS, BEM COMO
POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA A PROBLEMÁTICA
A Constituição de 1988 expressa os direitos humanos, individuais e sociais
ao alegar que todo cidadão deve ser amparado, independentemente de etnia, gênero,
nacionalidade, orientação sexual, etc. Além disso, contempla que todos devem ter o
direito à vida, à liberdade de expressão e ao trabalho para viver com dignidade.
Entretanto, para que a lei seja efetiva, deve ser posta em prática, e o desconhecimento
jurídico sobre os direitos configura-se como uma das causas para a não efetivação da
aplicação dos meios legais (BAYER, 2019).
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O racismo institucional enraizado no Brasil possui alguns mitos, dentre eles


se destaca a democracia racial, com uma relação harmoniosa entre as mais diversas
etnias e a extinção de qualquer discriminação, mostrando exatamente o contrário do
que ocorre no contexto brasileiro e que, na verdade, o racismo pode ser percebido a
partir das atitudes e pensamentos das pessoas que demonstram visões racistas e
preconceituosas. Um fator determinante da ineficácia das normas que prezam pelos
direitos das pessoas negras no Brasil é a invisibilidade, pois os espaços de prestígio,
como profissões valorizadas, são dificilmente ocupados por pessoas negras por conta
do preconceito (BATISTA, 2018).
A Lei 7.716 de 1989, conhecida como Lei de combate à discriminação,
criminaliza no Brasil a fabricação, comercialização e distribuição de símbolos que
façam propaganda ao regime nazista, bem como a exposição do emblema de cruz
suástica ou gamada (ALMEIDA, 2018). Entretanto, no Brasil, os movimentos
neonazistas não apenas atuam no ciberespaço, em 2005, no aniversário da rendição
nazista, um grupo de skinheads neonazistas atacaram três jovens judeus em Porto
Alegre, a investigação policial encontrou nos aposentos dos agressores diversos livros
que propagavam o racismo e a discriminação, e alguns da Editora Revisão, conhecida
por conter literatura antissemita e por negar o Holocausto (CALDEIRA NETO, 2010).
Os grupos neonazistas se utilizam das redes sociais como um instrumento
de disseminação e apologia do nazismo, uma vez que esse ambiente não apresenta
limites territoriais definidos, é um local de fácil anonimato tanto para quem realiza as
postagens quanto para a repercussão midiática que se diferencia da de outros meios
de comunicação em massa como Rádio e Televisão (CONDE, 2006).
O Direito brasileiro deve ter a iniciativa de utilizar princípios do
Constitucionalismo digital, buscando a reafirmação e proteção dos direitos
fundamentais, individuais e sociais. Portanto, deve admitir o papel intermediador e
auxiliador do Estado dos provedores de Internet com a função de excluir postagens e
perfis que estejam ferindo os princípios constitucionais e os direitos fundamentais,
sobretudo publicações de alto teor discriminatório, racista e neonazista (MENDES;
FERNANDES, 2020). Outra possível solução seria a necessidade do diálogo
constitucional estabelecido no conteúdo de um livro que se pretende publicar, a fim
de evitar que livros negacionistas, como “O Cristianismo em cheque” e “Holocausto
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Judeu ou Alemão”, que foram por muito tempo disponibilizados na Editora Revisão,
continuem a circular em outros sites pela Internet.
De acordo com Ana Cristina Lima de Almeida (2018), a Lei 7.716, de 1989,
é importante, uma vez que combate a discriminação e a apologia ao nazismo por meio
de símbolos e emblemas. Waleska Miguel Batista (2018) concorda com o pensamento
do autor citado acima, pois os grupos neonazistas são expressamente declarados
racistas e, portanto, a disseminação de um pensamento racista propagado por tais
grupos reforça a discriminação e o preconceito enraizado na sociedade brasileira e
prevalência de pessoas de outras etnias em cargos profissionais mais relevantes
quando comparados aos de pessoas negras.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise dos conflitos em torno do racismo, direcionada, especificamente,


às pessoas negras no ambiente virtual e a participação decisiva para a perpetuação
desse problema por parte de grupos neonazistas foi realizada ao investigar os direitos
constitucionais que garantem os direitos das pessoas negras vítimas de racismo, bem
como das normas que combatem a discriminação e o neonazismo no Brasil. Por fim,
foi observado outros fatores que impactam e tornam a vida social, acadêmica e
profissional das pessoas negras mais difícil, principalmente mitos relacionados a não
existência de um racismo estrutural, e foram propostas algumas soluções mais
eficazes para o combate da problemática.
Apesar de o projeto de lei N° 3.198/2000, do Estatuto da Igualdade Racial,
ter o objetivo de assegurar os direitos de todos as pessoas negras, afim de que
tenham igualdade de oportunidade, é possível observar que a realidade é bem
diferente, pois uma das principais razões que as normas que garantem os direitos das
pessoas negras não possuírem muita eficácia é devido ao preconceito, como em
casos de profissões muito prestigiadas, que é bem raro terem o cargo ocupado por
alguém negro, uma vez que o preconceito está cravado na sociedade.
A partir da questão apresentada na problematização, é possível perceber
que as publicações no ciberespaço, diversas vezes influenciadas por ideários racistas
e neonazistas, não devem ser vistas como simples manifestação da liberdade de
expressão, uma vez que o ambiente virtual apresenta um anonimato de difícil
identificação dos agressores, uma territorialidade que não é bem definida com
9

legislações de Estados Nacionais específicos, e, no contexto brasileiro, a


jurisprudência define limitações ao exercício desse direito, principalmente quando
viola a liberdade e a honra das pessoas.
Portanto, a primeira hipótese proposta, que se refere a atuação do Direito
brasileiro e ao papel do Estado frente ao racismo e aos grupos neonazistas que atuam
indiretamente pelas redes sociais, não se cumpre, devido a ineficiência de identificar
os criminosos virtuais e de estabelecer uma interação mais consolidada com o caráter
auxiliador dos provedores de Internet, que tem por objetivo remover publicações
danosas e que deturpam o direito de liberdade de expressão.
Falar sobre o racismo dentro das universidades é uma forma de refletir
sobre a desconstrução de preconceito e discriminação de raça. É relevante refletir
sobre como o racismo estrutural coloca pessoas negras para a criminalidade,
marginalidade e exclusão e isso acaba tornando-se natural, onde espera-se que a
população negra esteja em lugares socialmente periféricos. A universidade acaba se
tornando então, um lugar elitizado, principalmente a universidade pública onde o
ingresso, pela forte concorrência, requer um ótimo preparo anterior, preparo este que
é comumente oferecido nas escolas particulares, onde maioria são pessoas de classe
média/alta e que podem pagar para estudar. Dessa forma, de acordo com o resultado
da pesquisa, a segunda hipótese não se cumpre, uma vez que o Estado não ameniza
com eficiência o racismo e o preconceito nos ambientes acadêmicos.
Os pesquisadores acreditam que o combate ao racismo contra pessoas
negras e aos grupos neonazistas são muito importantes, pois é uma questão de
conscientização geral para a sociedade brasileira começar a ter empatia com os
problemas de indivíduos vulneráveis e que não possuem respaldo em seus direitos
fundamentais na prática e, por outro, reforçar a aversão a ascendência de grupos com
ideologias negacionistas e discriminatórias. Além disso, destaca-se a importância de
mais pesquisas sobre o assunto, a fim de que as proposições que visam soluções
para a problemática possam ser debatidas e aprofundadas cada vez mais.
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REFERÊNCIAS

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v2.pdf?Expires=1651114649&Signature=ObsDqjYs7MRqCNcI8on55657sFV7tRuEO
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abs&u=%23p%3DBPkjKzA3oeYJ. Acesso em: 09 mar. 2022.
13

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
2 OBSERVAÇÃO NA LEGISLAÇÃO DOS ASPECTOS IMPORTANTES
QUE RECHAÇAM OS DIREITOS DAS PESSOAS NEGRAS E AS
NORMAS QUE COMBATEM OS PRINCÍPIOS NEONAZISTAS ................ 4
3 AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DAS PESSOAS NEGRAS VÍTIMAS DE
RACISMO NOS ÂMBITOS ACADÊMICOS, SOCIAIS E PROFISSIONAIS..5
4 DEBATE SOBRE A EFICIÊNCIA DA APLICAÇÃO DOS MEIOS LEGAIS
BRASILEIROS QUANTO À PROTEÇÃO DA PESSOA NEGRA VÍTIMA
DE RACISMO E AO COMBATE DAS IDEOLOGIAS NEONAZISTAS, BEM
COMO POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA A PROBLEMÁTICA..................... 6
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 8
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 10

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