You are on page 1of 18

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR FULANO DE TAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL


DD RELATOR DA APELAÇÃO CÍVEL Nº. 000000/RS
12ª CÂMARA CÍVEL

PEDRO DAS QUANTAS (“Agravante”), já devidamente


qualificado nos autos desta Apelação Cível, ora em destaque, vem, com o devido
respeito à presença de Vossa Excelência, intermediado por seu patrono que abaixo
firma, para, na quinzena legal (CPC, art. 1.003, caput c/c § 5º), interpor o presente

AGRAVO INTERNO,
( CPC, art. 1.021, § 2 ͦ )

em face da decisão monocrática que repousa às fls. 83/88, a qual negou


seguimento ao recurso de Apelação em tela, com supedâneo de colisão com o
entendimento deste Tribunal e do Superior Tribunal de Justiça, onde os fundamenta
por meio das Razões ora acostadas.

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de janeiro de 0000.


Beltrano de Tal
Advogado – OAB/RS 0000
RAZÕES DO AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE: PEDRO DAS QUANTAS


AGRAVADO: BANCO ZETA S/A – ARRENDAMENTO MERCANTIL
Ref.: Apelação Cível nº 0000/RS

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL

PRECLARO RELATOR

1 - DA DECISÃO RECORRIDA

O Agravante ajuizou demanda pelo rito ordinário,


requerendo, como plano de fundo, a pretensão de reexaminar as condições
acertadas em contrato de arrendamento mercantil.

Consta da peça vestibular que os litigantes firmaram


contrato de arrendamento mercantil (Contrato nº. 4567-8), firmado em 00/11/2222.
Esse tinha como propósito a aquisição de veículo automotor, acertado para
pagamento em 48(quarenta e oito) contraprestações sucessivas e mensais de R$
0.000,00 ( .x.x.x. ) (fls. 17/22)

Por conta dos elevados (e ilegais) encargos contratuais,


não acobertados pela legislação, o Recorrente, já na parcela de nº. 14, não
conseguiu pagar os valores acertados contratualmente.

Restou-lhe, assim, buscar o Poder Judiciário, para


declarar a cobrança abusiva, ilegal e não contratada, afastando os efeitos da
inadimplência.
O d. Juiz de Direito da 00ª Vara Cível de Pelotas (RS)
julgou totalmente improcedentes os pedidos formulados pelo então Autor, aqui
Agravante, condenando-o no ônus de sucumbência.

No despacho monocrático recorrido, entendeu Vossa


Excelência, como Relator do recurso em liça, que a hipótese era de julgamento
monocrático (CPC, art. 932, inc. V, “a”), porquanto:

“ . . . a pretensão deste recurso contraria diretriz jurisprudencial


pacífica e dominante do Superior Tribunal de Justiça, assim
como deste Tribunal. “

Nesse diapasão, fora negado provimento ao recurso em mira,


enfocando-se no âmago que, verbis:

“ Em contrato de arrendamento mercantil não há pactuação de juros


remuneratórios e capitalização de juros, mas tão somente da
contraprestação do arrendamento (valor pago a título de locação,
remuneração da arrendadora e possível depreciação do bem objeto
do leasing); do valor residual garantido – VRG (indicativo do valor do
bem em caso de futura opção de compra pelo arrendatário); da
atualização monetária e dos encargos decorrentes da mora.
(...)
Nos contratos de leasing tem regramento próprio (Lei 6.099/74 e
Resolução nº. 2.309/96), a ele não se aplicando as normas
concernentes aos contratos de financiamento bancário.
(...)

Em face do comprovado atraso no pagamento das parcelas


ajustadas, os efeitos da mora devem incidir;

(...)

Por tais fundamentos, NEGO PROVIMENTO ao recurso. “

1.1. Cerceamento de defesa

Dentre as matérias ventiladas na peça vestibular,


argumentou-se a cobrança de juros remuneratórios acima da média do mercado,
capitalização de juros moratórios, cobrança indevida de comissão de permanência,
o que resvalaria na ausência de mora do Agravante.

Formulou-se, por esse norte, pedido de produção de


prova pericial para comprovar os fatos alegados, na medida de seu ônus
processual. (CPC, art. 373, inc. I)

Citada, a Recorrida ofereceu defesa em 17 laudas,


rebatendo em parte o quanto alegado pelo Recorrente.

Ultrapassada essa fase processual, o Recorrente fora


surpreendido com o julgamento antecipado do processo (fls. 47/55), onde da
sentença colhe-se a seguinte fundamentação:
"... julgo o feito como está, visto que a matéria ora tratada é
somente de direito, não sendo necessária a produção de nenhuma
outra prova além daquelas que as partes já trouxeram ao processo.”

O julgamento antecipado, sem sombra de dúvidas,


deslocou ao Apelante cerceamento da produção de sua prova, concorrendo,
destarte, pela nulidade do ato processual ora vergastado.

Na apelação o tema fora ventilado em sede de


preliminar. Entretanto, esse aspecto não fora enfrentado na decisão desta relatoria.
Por isso, pede que seja analisada a questão concernente ao cerceamento de
defesa, máxime para acolher o pedido de baixa dos autos para realização de prova
pericial.

2 - EQUÍVOCO DA R. DECISÃO ORA GUERREADA


ERROR IN JUDICANDO

( a ) Pedidos sucessivos (CPC, art. 326 )

O Recorrente estipulou considerações de que, no caso


ora em ênfase, a teoria da causa madura é inadequada como instituto jurídico a ser
utilizado para julgamento desta causa. É que, segundo amplamente fundamentado,
a hipótese em estudo reclama produção de provas.

De todo modo, caso este Egrégio Tribunal entenda de


forma divergente, o que se diz apenas por argumentar, subsidiariamente o
Agravante pede o exame das matérias enfatizadas na peça vestibular .
( 2.1. ) JUROS REMUNERATÓRIOS
SUA COBRANÇA EM CONTRATOS DE ARRENDAMENTO MERCANTIL

A decisão guerreada sustentou a inexistência de


cobrança de juros remuneratórios, pois “... no contrato de leasing não há pactuação
de juros”.

Data venia há um engano nessa orientação, daí a razão


do pedido de baixa dos autos para realização da prova pericial.

No trato contrato em espécie, de arrendamento


mercantil financeiro, por suas características próprias, a retribuição financeira pelo
arrendamento é chamada de “contraprestação”. Essa nomenclatura inclusive é a
utilizada na Lei nº. 6099/74, que cuida da questão tributária dos contratos em
espécie.

Dito isso, é necessário compreender quais os


componentes monetários que integram a contraprestação, o que extraímos do
magistério de José Francisco Lopes de Miranda Leão, verbo ad verbum:

“Isso significa que a somatória das contraprestações de arrendamento


pactuadas com o valor residual garantido do bem deve equivaler à
somatória do capital empregado pelo arrendador na aquisição, mais o
custo financeiro desse capital mais a renda bruta que deve ser produzida
pela atividade econômica. Esta renda bruta irá cobrir os custos
administrativos, os custos tributários e as provisões de inadimplemento, e
proporcionar o lucro líquido da operação. “ (LEÃO, José Francisco Lopes
de Miranda. Leasing – O arrendamento financeiro. – São Paulo: Malheiros
Editores, 1999, pp. 24-25)
(destacamos)

Afinal de contas essa igualmente é a disciplina imposta


pela Resolução nº. 2.309/96, do Banco Central do Brasil, verbis:

“Art. 5º - Considera-se arrendamento mercantil financeiro a modalidade


em que:
I – as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato,
devidos pela arrendatária, sejam normalmente suficientes para que a
arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo
contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os
recursos investidos; “
(não existem os destaques no texto original)

Esse ganho, essa recompensa financeira, normalmente


nos contratos de arrendamento é nominado de “ taxa de retorno do arrendamento”.
Essa taxa é expressa por percentual e equivale aos juros remuneratórios.

É necessário não perder de vista que há inclusive


informação nesse sentido no próprio site do Bacen. É dizer, pode-se verificar a taxa
de juros remuneratória média cobrada pelas instituições financeiras ou sociedades
de arrendamento mercantil nas relações contratuais de “leasing”.

Nesse compasso, resulta das considerações retro que


não há, de fato, a cobrança direta dos juros remuneratórios nos contratos de
arrendamento mercantil. Todavia, indiscutivelmente é um dos componentes
inarredável na construção da parcela a ser cobrada do arrendatário.
A propósito, perceba que no campo 3.22.2.1 do contrato
em tablado é encontrada a expressão “ taxa de retorno do arrendamento”, com o
respectivo percentual remuneratório (mensal e anual).

Desse modo, é inexorável a conclusão de que houve


sim cobrança de juros remuneratórios nos contratos de arrendamento mercantil.
Inclusivamente faz parte da fórmula para encontrar-se o “valor ótimo” da
contraprestação.

( 2.2. ) JUROS REMUNERATÓRIOS


MONTANTE QUE SUPERA A MÉDIA DO MERCADO

A margem de lucro aplicada pela Agravada foi


demasiada e se afasta gritantemente da média do mercado para essa modalidade
contratual e para os períodos de pagamentos das contraprestações.

É comezinho que as instituições financeiras não se


submetem à limitação de taxa de juros remuneratórios de 12% a.a.. Nada obstante,
no caso em espécie, houve fixação de juros acima da média anual de mercado.
Assim, configura abusividade e, por isso, descaracteriza a eventual mora.

Com esse entendimento é altamente ilustrativo


transcrever o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, verbis:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL CUMULADA COM BUSCA E


APREENSÃO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. ART.
538 DO CPC. ABUSIVIDADE DOS JUROS REMUNERATÓRIOS.
DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA. SÚMULA N. 83/STJ. BUSCA E
APREENSÃO. NÃO CABIMENTO.
1. Não viola o art. 535 do CPC o acórdão que, integrado pelo julgado
proferido nos embargos de declaração, dirime, de forma expressa,
congruente e motivada, as questões suscitadas nas razões recursais. 2.
Embargos de declaração não se prestam à manifestação de
inconformismo ou à rediscussão do julgado. O intuito procrastinatório da
parte enseja a multa prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC.
Incidência da Súmula n. 83/stj. 3. É inviável a aplicação da taxa de juros
remuneratórios pactuada no contrato na hipótese em que a corte a quo
tenha considerado cabalmente demonstrada sua abusividade em relação
à taxa média do mercado. Incidência da Súmula n. 83/stj. 4. Evidenciada a
abusividade das cláusulas contratuais, afasta-se a mora do devedor
(recurso especial repetitivo n. 1.061.530/rs). 5. Afastada a mora, é
incabível a busca e apreensão. 6. Recurso Especial parcialmente
conhecido e desprovido. (STJ; REsp 1.409.353; Proc. 2013/0332801-3; SC;
Terceira Turma; Rel. Min. João Otávio de Noronha; DJE 27/08/2015)

( 2.3. ) JUROS “MORATÓRIOS”


CAPITALIZAÇÃO – ILEGALIDADE

Há igualmente outra cláusula abusiva no enlace


contratual em estudo, entrementes no período de anormalidade contratual
(inadimplência).

Vê-se da cláusula 29 do contrato de arrendamento a


seguinte redação, ad litteram:

“29. Atraso de pagamento e multa – Se houver atraso no pagamento ou


vencimento antecipado, o Arrendatário pagará juros moratórios de 0,49%
(zero vírgula quarenta e nove por cento) ao dia, capitalizados
mensalmente. “ (sublinhamos)

Inexiste qualquer previsão legal quanto à possibilidade


da cobrança de juros moratórios capitalizados. Ao revés disso, há limite
expressamente estabelecido no montante de 1% a.m. (CC, art. 406 e CTN, art. 161,
§ 1º)

Bem a propósito a seguinte súmula do Superior Tribunal


de Justiça:

STJ, Súmula 379: Nos contratos bancários não regidos por legislação
específica, os juros moratórios poderão ser fixados em até 1% ao mês.

Não bastasse isso, a Resolução 2.309/96 do Bacen


igualmente limita os encargos do período de inadimplência, in verbis:

“Art. 7º - Os contratos de arrendamento mercantil . . .


(...)
XI – as obrigações da arrendatária, nas hipóteses de:
a) inadimplência, limitada a multa de mora de 2% (dois por cento) do
valor em atraso;

Com efeito, a situação fere o quanto estabelecido no


art. 170, inc. V da Constituição Federal, além do art. 51, inc. IV, do Código de
Defesa do Consumidor.

Nesse sentido:
AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS CUMULADA COM
REPETIÇÃO DE INDÉBITO E ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
Contrato de financiamento firmado em 20.10.2010.preliminar. Sentença
com relação a serviços de terceiros. Nulidade parcial da sentença.
Apelação cível 1. Leandro cagliari da cruz. Pleito de exclusão da cobrança
de juros capitalizados. Não acolhido. Contratação clara e expressa. Taxa
de juros anual superior ao duodécuplo da taxa de juros mensal. Contrato
celebrado após 31.03.2000.legalidade da cobrança. Limitação de juros
moratórios a taxa mensal de 1%. Possibilidade. Pactuação de juros
moratórios capitalizados mensalmente a taxa de 0,49% ao dia.
Abusividade. Súmula nº 379 do Superior Tribunal de justiça. Recurso
conhecido e parcialmente provido. Apelação cível 2. Banco itaucard s/a.
Revisão contratual. Suporte legal no inc. V, art. 6º, do Código de Defesa do
Consumidor. Tarifas de registro de contrato e de inclusão de gravame
eletrõnico pactuadas de forma clara. Legalidade. Cobrança não vedada
pelo ordenamento jurídico pátrio. Condição de eficácia do contrato. Valor
não abusivo. Tarifa de cadastro. Cobrança autorizada. Nº recurso
repetitivo 1.251.331/rs STJ e 1.255.573/rs. STJ. Repetição do indébito.
Desnecessária a prova de erro. Sucumbência mínima da parte requerida
(art. 21, parágrafo único do cpc). Condenação da parte autora a arcar com
a integralidade do ônus sucumbencial e honorários advocatícios. Recurso
conhecido e parcialmente. Provido. (TJPR; ApCiv 1323511-3; Curitiba;
Quarta Câmara Cível; Relª Desª Maria Aparecida Blanco de Lima; Julg.
21/07/2015; DJPR 26/08/2015; Pág. 344)

JUROS. CAPITALIZAÇÃO. ENTIDADE PERTENCENTE AO SISTEMA


FINANCEIRO NACIONAL. POSSIBILIDADE. ENCARGOS MORATÓRIOS
CONTRATUAIS. JUROS MORATÓRIOS CAPITALIZADOS. ILICITUDE.
RAZÃO DE 0,49% AO DIA. ABUSIVIDADE.
É lícita a capitalização de juros em contratos firmados por entes que
integrem o Sistema Financeiro Nacional, desde que tenha expressa
pactuação neste sentido, e que seja posterior a 31 de março de 2000. Os
juros moratórios não são passíveis de capitalização e a sua incidência na
razão de 0,49% ao dia é abusiva. (TJMG; APCV 1.0428.11.000911-8/001;
Rel. Des. Cabral da Silva; Julg. 04/08/2015; DJEMG 14/08/2015)

( 2.4. ) QUANTO À COMISSÃO DE PERMANÊNCIA

Extrai-se que no pacto em estudo houve ajuste de


cobrança de comissão de permanência (cláusula 28). De mais a mais, esse acerto
contratual possibilita, ilegalmente, a cobrança desse encargo cumulado com multa
contratual e juros moratórios.

Totalmente descabido.

( 1 ) Impossível a cobrança de comissão de permanência em contratos de “leasing”

Não é adequada a cobrança de comissão de


permanência no acerto de arrendamento mercantil. E por vários motivos.

( 1.1.) Não há mútuo

É incontestável que o contrato de arrendamento


mercantil está longe de apresentar alguma forma de empréstimo sob a modalidade
de mútuo. A um, porquanto não se trata de empréstimo (“financiamento”) sob o
enfoque de mútuo, pois esse só se dá com bens fungíveis (CC, art. 586); a dois, por
que é da natureza desse contrato a presença de mútuo feneratício.

No julgamento do Recurso Especial nº 1.061.530 – RS,


o qual decidido sob o rito de recursos repetitivos em matéria bancária (CPC, art.
1.036), ficou estabelecido que comissão de permanência tem tríplice finalidade,
verbis:

“Esclareceu-se, portanto, que a natureza da cláusula de comissão de


permanência é tríplice: índice de remuneração do capital (juros
remuneratórios), atualização da moeda (correção monetária) e
compensação pelo inadimplemento (encargos moratórios). Assim, esse
entendimento, que impede a cobrança cumulativa da comissão com os
demais encargos, protege, como valor primordial, a proibição do bis in
idem.”
(destacamos)

Ora, se a comissão de permanência tem, além de


outros propósitos, a finalidade de remunerar o capital emprestado, então deduzimos
pela não capacidade de utilizá-lo nos contratos de arrendamento mercantil. É dizer,
como não é mútuo oneroso (com remuneração de juros), mas contraprestação pela
utilização de bem alheio, torna-se totalmente imprestável para esse propósito ao
caso em estudo.

( 1.2.) Cumulação com outros encargos moratórios


De outra banda, como afirmado alhures, urge evidenciar
que a Recorrida estipulou condição para, também, haver cobrança de juros
moratórios e multa contratual.

Nesse passo, vai de encontro às seguintes Súmulas do


STJ:

Súmula 30: A comissão de permanência e a correção monetária são


inacumuláveis.
Súmula 296: Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de
permanência, são devidos no período de inadimplência, à taxa média de
mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual
contratado.
Súmula 472: A cobrança de comissão de permanência – cujo valor não
pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios
previstos no contrato – exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios,
moratórios e da multa contratual.

( 1.3.) Não há mora

De outro bordo, não há que se falar em mora do


Agravante.

A mora reflete uma inexecução de obrigação


diferenciada, maiormente quando representa o injusto retardamento ou o
descumprimento culposo da obrigação. Assim, na espécie incide a regra
estabelecida no artigo 394 do Código Civil, com a complementação disposta no
artigo 396 desse mesmo Diploma Legal.
CÓDIGO CIVIL
Art. Art. 394 - Considera-se em mora o devedor que não efetuar o
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que
a lei ou a convenção estabelecer.

Art. 396 - Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre
este em mora.

Seguramente foram cobrados encargos abusivos


durante o período de normalidade contratual, o que descaracteriza a mora. Do
mesmo teor a posição do Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SFH. RECONHECIMENTO


DA COBRANÇA DE ENCARGOS ABUSIVOS NO PERÍODO DA
NORMALIDADE. DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA.
Impossibilidade de cobrança de multa e de juros moratórios. Agravo
regimental desprovido. (STJ; AgRg-REsp 1.325.626; Proc. 2012/0109512-9;
DF; Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; DJE
18/02/2015)

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


REVISÃO DE CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. DESCARACTERIZAÇÃO DA
MORA. COBRANÇA DE QUANTIAS INDEVIDAS NO PERÍODO DA
NORMALIDADE CONTRATUAL.
1. A constatação de abuso na exigência de encargos durante o período da
normalidade contratual afasta a configuração da mora. Na hipótese dos
autos, o acórdão declarou que foram cobradas quantias indevidas a título
de correção monetária e de despesas e honorários extrajudiciais. 2.
Agravo regimental não provido. (STJ; AgRg-AREsp 443.637; Proc.
2013/0399449-8; RS; Terceira Turma; Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva;
DJE 12/02/2015)

3 – PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Posto isso, o presente Agravo Regimental merece ser
conhecido e provido, principalmente quando foram comprovados os pressupostos
de sua admissibilidade, onde se pede que:

a) Do exposto, pede o Agravante que Vossa Excelência, na


qualidade de Relator, dê provimento ao presente recurso,
ofertando juízo de retratação e em face dos fundamentos
levantados neste Agravo Interno:

( 1 ) para cassar a sentença por conta do cerceamento de defesa.


Em razão disso, pede seja a mesma declarada nula, determinando
o retorno dos autos ao juízo monocrático para que realize a
produção das provas requeridas pelo Agravante;

( 2 ) Subsidiariamente, pleiteia que seja reconhecida a cobrança


de juros remuneratórios, declarando-a abusiva. Requer, ainda,
seja afastada a cobrança dos juros remuneratórios acima da média
do mercado, a capitalização dos juros moratórios, a exclusão de
todos os encargos moratórios (decorrentes da ausência de mora),
declarar nula a cláusula de cobrança de comissão de permanência;
( 3 ) Pleiteia-se, mais, seja determinado o recálculo da dívida e,
além disso, a inversão do ônus de sucumbência;

b) não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência, ad


argumentandum, pede-se que o presente recurso seja submetido a
julgamento pelo Órgão Colegiado (CPC, art. 1.021, § 2º).

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de janeiro de 0000.

Beltrano de Tal
Advogado – OAB/RS 0000

You might also like