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MAPEM - Fluidos Não Aquosos e Cascalhos
MAPEM - Fluidos Não Aquosos e Cascalhos
SUMÁRIO EXECUTIVO
O programa exploratório para a área marítima no país, nos próximos anos, prevê a
perfuração de um número expressivo de poços exploratórios. Para muitos destes poços,
poderá surgir a necessidade de se utilizar fluidos de perfuração não-aquosos (NAFs) para
realizar com sucesso e eficiência os programas de perfuração.
Espírito Santo. Neste estudo foi investigado o impacto ambiental produzido pelo descarte de
cascalhos aderidos com fluido base não aquosa do tipo III.
modelagem, as partículas mais finas, que levam maior tempo para se depositar tendem a
espalhar-se na direção N-NW. A espessura máxima prevista foi de ordem de 1,11 cm. Os
resultados da modelagem do descarte de cascalhos perfurados com fluido sintético – Fase
Com Retorno mostram que o material foi transportado principalmente na direção N-NE pelas
fortes correntes de meia água. As correntes intensas de superfície para SW não foram
suficientes para determinar uma deposição nessa direção. A espessura máxima prevista
associada a esta descarga foi de 0,76 cm. A área com espessura maior que 0,1 cm ocupa
aproximadamente 82.000 m2 o que equivale à área de um círculo com aproximadamente 160
m de raio.
sugerem que os efeitos da atividade de perfuração sobre a fauna bêntica estão relacionados
primariamente às alterações físicas no oceano profundo causadas pelo lançamento de
cascalhos associados ao NAF. Os efeitos químicos parecem refletir apenas de forma
secundária sobre a fauna, possivelmente durante a biodegradação dos hidrocarbonetos. As
alterações na estrutura da meiofauna ocorreram predominantemente na porção norte da área
de estudo, limitando-se aos 500 m de distância do ponto de perfuração, coincidindo com a
região estimada como área de maior impacto, definida estatisticamente. Já as mudanças na
estrutura da macrofauna foram particularmente evidentes na estação de amostragem 02,
também localizada no interior da área de maior impacto (máscara). Doze meses após a
perfuração (MD3), a densidade e a riqueza da meiofauna já exibiam valores semelhantes ao
período pré-impacto (MD1). No entanto, a persistência dos cascalhos junto ao fundo
possivelmente foi responsável pela alteração observada na estrutura da meiofauna. Foi
detectado um aumento significativo nas densidades de copépodas e de nemátodas que se
alimentam no epistrato do sedimento, típicos de sedimentos mais grosseiros. Provavelmente,
o aumento de formas superficiais da meiofauna persistirá até a desagregação dos cascalhos na
área de impacto. Para a macrofauna bêntica, tanto o número de famílias quanto a densidade
mostram um aumento em seus valores quando comparados ao período pré-impacto (MD1).
Doze meses após a perfuração (MD3), as estações 5, 24 e 36 apresentavam-se ainda em
processo de recuperação, indicando que as respostas da fauna às mudanças ambientais não
foram imediatas. Nestas estações, foi observado um predomínio de organismos oportunistas,
construtores de tubos e que utilizam os recursos disponíveis na interface sedimento-água,
característicos dos primeiros estágios colonizadores no processo de sucessão em ambientes
perturbados.
definir as regiões alteradas pela presença de material antrópico a partir de indicadores dos
diferentes fluidos utilizados no processo, preservando o restante da área neste raio como uma
segunda fonte de controle espaço-temporal. Posteriormente, foram avaliadas as mudanças
ocorridas sobre as comunidades bênticas nestas regiões, comparando-se, simultaneamente,
com as variações espaço-temporal inerentes ao ambiente estudado, descritas pelas demais
regiões.
O Projeto MAPEM foi iniciado para fornecer um estudo dos efeitos ambientais
decorrentes de descargas de cascalhos (cuttings), impregnados com um destes fluidos não-
aquosos de nova geração, utilizado em perfurações marítimas tanto para ambiente de água
rasa, como de água profunda. Na Bacia de Campos foram selecionados dois locais para o
monitoramento ambiental: um a 200 e outro a 900 m de profundidade. Neste documento são
apresentados os estudos do monitoramento ambiental realizado em águas profundas, junto ao
Poço Eagle, localizado no Bloco BC-9 desta bacia sedimentar. O fluido não-aquoso utilizado
na perfuração da maior parte do poço foi uma parafina linear composta principalmente por
alcanos C14 a C19.
de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS). Para execução do projeto
foi montada uma equipe multidisciplinar constituída por grupos de pesquisas de Biologia,
Estatística, Geologia, Informática e Química, das Universidades Federais do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina.
Sedimentos de fundo na área em torno do Poço Eagle, foram coletados com emprego
de box-corer, fotografias e vídeo com câmara digital, imagens de fundo com sonar de
varredura lateral, coleta de água e perfilagem da coluna de água com CTD e correntometria
com ADCP. O estudo conta com uma grande densidade de amostras para ter robustez
estatística adequada. A malha de amostragem utilizada para o Poço Eagle foi estruturada em
54 estações. Destas 54 estações, 48 se localizaram ao longo de oito radiais saindo do poço até
uma distância de 500 m. As outras 6 estações foram de referência e se localizaram a 2.500 m
do poço.
Uma área circular com o raio de 500 m no fundo marinho foi definida para o estudo do
impacto ambiental com base nas informações do modelo de previsão do descarte, para um
poço de águas profundas em perfuração. Os resultados deste estudo indicam que o descarte de
cascalhos com fluido sintético ocorre de forma restrita a uma área que não excede a 500 m do
poço perfurado. Conforme o modelo de previsão a maior parte desta área apresenta deposição
de cascalhos com menos de 1 cm de espessura. Para além desta área circular, com raio de 500
m, o modelo de previsão indica espessuras mínimas de cascalhos, e deste modo para
maximizar a análise do impacto ambiental a densidade de amostragem foi concentrada dentro
desta área.
As coletas foram realizadas a bordo do Navio Satro 25, serviço contratado da empresa
Petroleum and Environmental Geo-Services (PEG). Junto ao Poço Eagle foram realizados três
cruzeiros oceanográficos:
Objetivo 1:
Objetivo 2:
Objetivo 3:
Naquela ocasião, foi estabelecido o Bloco BC-9, na Bacia de Campos, como local de
monitoramento em águas profundas, uma vez que a operadora deste bloco – UNOCAL,
utilizaria fluidos não-aquosos durante a atividade de perfuração. A localização da área de
Para alcançar uma estratégia global de execução do projeto, foram constituídos grupos
de trabalho. Os grupos que trataram do plano de amostragem, da integração dos dados e da
simulação da trajetória dos cascalhos desenvolveram discussões sobre:
A escolha dos equipamentos e do barco foi limitada aos sistemas que podiam operar
em águas profundas. Também, como decisões daquele evento, para fins do planejamento das
atividades, do cronograma e das metas do projeto, foi constituído o Comitê de Coordenação
do Projeto – “Steering Committee” / MAPEM – com objetivos específicos de:
Para conduzir as interpretações dos dados adquiridos, foram estruturados dois novos
grupos de pesquisa no projeto, a saber, o Grupo de Simulação e o Grupo de Estatística para
atuar na integração dos dados. A revisão das atividades específicas de cada grupo de pesquisa
está detalhada no Relatório do Workshop I (disponível na biblioteca do CECO).
Capítulos:
3 – Geologia
7 – Bentos
Anexos:
Anexo II Protocolos
Macrofauna Bêntica
massas (AGILENT - modelo 5390). Para análise dos metais em amostras de sedimento e
água, o laboratório dispõe dos seguintes equipamentos: ICP-OES (Inductively Coupled
Plasma Optical Emission Spectrometry), modelo OPTMA 2000 DV da PerkinElmer;
Absorção Atômica com forno de grafite (GFAAS - Graphite Furnace Atomic Absorption
Spectrometry) AAS5 da Analytic Jena; Absorção Atômica com Chama equipado com sistema
de geração de vapor frio (Cold Vapour Atomic Absorption Spectrometry) e um sistema FIA
(Flow Injection Analysis - FIAS 400) da PerkinElmer.
Petrobrás, (14) Philips Petroleum, (15) Repsol YPF, (16) Shell, (17) Statoil, (18)
Totalfinaelf, (19) Unocal, (20) Wintershall.
O IBP é uma sociedade civil sem fins lucrativos (www.ibp.org.br), cujo objetivo é
promover o desenvolvimento da indústria nacional de petróleo, gás e petroquímica. Conta
hoje com 202 empresas associadas, compreendendo companhias que atuam nos ramos da
cadeia de petróleo, gás, bens e serviços e petroquímica. Com o apoio de suas Comissões
Técnicas e Setoriais, que congregam cerca de 900 profissionais, desenvolve atividades de
natureza técnica e institucional, através de projetos e estudos, cursos e eventos, sendo um
importante fórum de interlocução da indústria petrolífera com os órgãos governamentais, nas
questões relacionadas à nova regulamentação do setor.
Desde 1997, início da fase de transição para a abertura do mercado, que se estendeu
até o final de 2001, o IBP, atendendo a uma nova demanda de serviços para seus associados,
começou a criar as chamadas comissões setoriais. Reunindo representantes de empresas
atuantes nos diferentes setores da cadeia de petróleo, o objetivo dessas comissões é apresentar
aos órgãos governamentais, estudos e propostas relativos às questões legais, fiscais e
regulatórias de interesse ao desenvolvimento de seus respectivos negócios nesse novo cenário
de mercado.
A indústria utiliza dois tipos principais de fluidos de perfuração: os fluidos base água
(water base fluids – WBFs) e os fluidos não-aquosos (non-aqueous fluids – NAFs). O termo
"fluido base não aquosa - FBNA", utilizado pelas industrias de petróleo e gás que operam no
país, equivale ao termo "fluido não-aquoso – NAF", empregado neste documento. Também, o
termo "fluido base aquosa - FBA", corresponde a sigla WBF empregada neste documento. Os
NAFs constituem-se normalmente de uma emulsão de uma solução aquosa em uma fase
orgânica. Esta fase orgânica pode ser dos seguintes tipos:
• Lubricidade: alguns dos aditivos utilizados nas fórmulas dos NAFs reduzem o
atrito na perfuração de poços, seja no caso de poços altamente desviada, seja no caso de poços
horizontais;
A maior parte das agências de regulamentação ambiental (IBAMA, EPA, etc.) não
permite o descarte de NAFs não associado a cascalhos. Por outro lado, o elevado custo dos
NAFs propicia a sua reciclagem e reutilização. O Fluido, juntamente com o cascalho, retorna
para a plataforma de perfuração onde existe instalado um sistema de separação de sólidos
composto basicamente por peneiras, hidrociclones e centrífugas. Após o processamento neste
sistemas, restam cascalhos de perfuração com uma certa quantidade de fluido, normalmente
na proporção entre 10 e 25% do peso total. Mais recentemente, foi introduzido um
equipamento (cuttings dryer) que reduz o teor de líquidos no cascalho a menos de 5%.
A pluma de dispersão de cascalhos impregnados com NAFs tende a ser mais estreita
(cobrir uma área menor) do que a pluma de cascalho impregnado com WBF. Desta forma,
depósitos de cascalho impregnado com NAF tenderão, nas mesmas condições, a formar
depósitos com menor área e maior espessura do que depósitos de cascalho impregnado com
WBF. Uma vez depositados os cascalhos com NAF, a sua persistência dependerá da
ressuspensão e do transporte dos sedimentos, assim como da velocidade de biodegradação do
NAF. Em águas mais rasas, a espessura inicial da deposição e as concentrações de
hidrocarbonetos sedimentares podem ser mais elevadas do que em águas mais profundas. Os
processos naturais de redução das acumulações de cascalhos são mais eficientes, também,
quando tais acumulações se encontram espalhadas sobre áreas maiores. No entanto, as taxas
absolutas de recuperação dependerão das condições ambientais locais, incluindo fatores como
a temperatura, a velocidade da corrente e a disponibilidade de oxigênio.
Os numerosos estudos sobre o descarte de WBFs (Anexo IX) que têm sido conduzidos
apóiam o ponto de vista de que o potencial dos efeitos biológicos no fundo do mar, em razão
das descargas, seja de cascalhos associados a WBFs ou de WBFs, depende, principalmente,
da energia do ambiente no fundo do mar. Quando são observados impactos, eles parecem ser
de natureza física, sendo localizados e transitórios. Em contrapartida, os impactos das
descargas de cascalhos associados a NAFs do Grupo I tendem a ser mais severos e de maior
duração.
Existem poucos estudos de campo sobre locais em que foram utilizados cascalhos com
NAFs do Grupo II (Anexo IX). Com base nos resultados de um estudo, após cinco anos do
término da perfuração, em que foram examinados três poços perfurados – um poço com NAF
do Grupo II, outro com NAF do Grupo I e o último com WBF –, observou-se que o NAF do
Grupo II é menos persistente do que o NAF do Grupo I.