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Aula - Princapios Fundamentais Do Regime Juradico Administrativo
Aula - Princapios Fundamentais Do Regime Juradico Administrativo
Princípios e regras
• Regras – prescrevem condutas de maneira direta, concreta. Eventual conflito entre regras se
resolve através da necessária exclusão de uma em favor da outra (lei posterior revoga lei
anterior; lei especial revoga lei geral);
• Princípios – prescrevem condutas com elevado grau de abstração. O princípio não oferece
uma resposta imediata sobre quais condutas são permitidas ou proibidas sendo necessário
desenvolver o seu conteúdo. Esta tarefa pode ser exercida pelo legislador ou pelo Poder
Judiciário. Os princípios servem de fundamento para a elaboração das regras. Eventual conflito
deve ser solucionado através de harmonização, ponderação.
• Para Celso Antônio Bandeira de Mello não existe um antagonismo absoluto entre interesse
público e interesses privados. Se é certo que um interesse público poderá contradizer o interesse
privado de um ou de alguns indivíduos não é possível que exista um interesse público que
contrarie o interesse de cada um dos membros da sociedade. Há uma relação profunda entre o
interesse público e os interesses individuais.
• O interesse público segundo o autor nada mais é do que a dimensão pública dos interesses
individuais, ou seja, dos interesses de cada indivíduo enquanto membros da sociedade. • Exs:
pessoalmente um indivíduo não tem interesse em ser desapropriado ou em ser multado, mas
não pode ter interesse em que não exista o instituto da desapropriação ou a previsão de multas.
• O interesse público é uma faceta dos interesses dos indivíduos: aquela que se manifesta
quando estes se apresentam como membros de uma determinada coletividade. • É do
ordenamento jurídico (Constituição e leis) que se extrai o conteúdo do interesse público e quais
os interesses públicos a proteger. A qualificação de determinado interesse como público é
promovida pela Constituição e, a partir dela, pelo Estado, primeiramente através dos órgãos
legislativos, e depois por via dos órgãos administrativos, nos casos e limites da
discricionariedade que a lei lhes haja conferido.
• Constituição Federal – Art. 5°, XXIV - XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e
prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Decreto-lei 3.365/1941 Art. 1 o A desapropriação por utilidade pública regular-se-á por esta lei,
em todo o território nacional. Art. 5 o Consideram-se casos de utilidade pública: a) a segurança
nacional; b) a defesa do Estado; c) o socorro público em caso de calamidade; d) a salubridade
pública; e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de
meios de subsistência; f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas
e da energia hidráulica; g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saude,
clínicas, estações de clima e fontes medicinais; h) a exploração ou a conservação dos serviços
públicos;
Lei n° 8.666/93
• Por fim, a CF prevê uma série de direitos e garantias fundamentais do indivíduo em face do
Estado. Haveria, portanto, uma supremacia dos direitos fundamentais ou da dignidade da
pessoa humana e não do interesse público. Ex: Art. 5°, XI, XII (inviolabilidade do domicílio e sigilo
da correspondência). Assim, a regra seria a supremacia do direito fundamental só ocorrendo a
supremacia do interesse público em caráter excepcional quando assim admitido. Ex: Art. 5°,
XXIV.
Já os segundos são interesses próprios do Estado que ele titulariza pelo simples fato de ser uma
pessoa jurídica como as demais existentes na sociedade. São também denominados interesses
privados do Estado.
Estes interesses, entretanto, só podem ser perseguidos quando não contradizerem os interesses
públicos primários. Ex: embora possa cobrar tributos o Estado não pode fazê-lo de forma
desmesurada a fim de aumentar seu patrimônio; não pode pagar valores ínfimos aos seus
servidores visando à economia de recursos com o que prejudicaria o desempenho de suas
atribuições.
O ordenamento jurídico confere uma série de poderes à Administração Pública. Todavia, tais
poderes são instrumentais ao cumprimento das finalidades previamente delineadas pela
Constituição Federal e pelas leis. Por esta razão, na lição de Celso Antônio Bandeira de Mello é
correto falar-se em “deveres-poderes” da Administração Pública já que na medida em que lhe
foram conferidos apenas para atingir fins públicos não podem deixar de serem manejados
quando verificada a situação que requer sua utilização.
Exemplos: regra geral, a Fazenda Pública não pode deixar de cobrar os tributos devidos; um
fiscal do IBAMA não pode deixar de aplicar uma multa caso constate uma infração ambiental; o
superior hierárquico não pode deixar de investigar as condutas irregulares de seus
subordinados.
Legislação infraconstitucional
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou
competências, salvo autorização em lei.