Universidade federal de alagoas

CEDU- Pedagogia
Saberes e Didática do Ensino de História I
Fernando Medeiros
José Messias

Análise do filme Narradores de Javé

Maceió
2023
 Análise e interpretação do filme Narradores de Javé

O filme Narradores de Javé, 2003, escrito e dirigido por Eliane Caffé, nos
emociona com as histórias muito bem escondidas da cidade fictícia de Javé, ambientada
no interior da Bahia, lutando para continuar existindo perante os desmandos do tal
progresso econômico, também incorpora elementos de ironia e humor, especialmente ao
mostrar a burocracia e a falta de compreensão das autoridades em relação à situação de
Javé. Isso adiciona camadas de complexidade à narrativa, proporcionando ao público
risos certeiros, aborda questões de poder e política, pois a ameaça de inundação da vila
é um exemplo de como decisões políticas externas podem afetar profundamente as
comunidades locais. A narrativa que os moradores constroem no livro também se torna
uma ferramenta política, à medida que tentam convencer as autoridades a mudar de
ideia sobre a inundação, trazendo à tona o efeito perturbador da trama. "Narradores de
Javé" destaca a capacidade das pessoas comuns, muitas vezes marginalizadas, de contar
suas próprias histórias e fazer suas vozes serem ouvidas. Os moradores de Javé, que são
em grande parte analfabetos, lutam para superar essa limitação e criar um registro
escrito de sua história. Onde a ameaça de inundação da vila é um exemplo de como
decisões políticas externas podem afetar profundamente as comunidades locais. A
narrativa que os moradores constroem no livro também se torna uma ferramenta
política, à medida que tentam convencer as autoridades a mudar de ideia sobre a
inundação. A tensão entre a cultura oral e a cultura escrita. Enquanto a oralidade é
central para a comunidade de Javé, a escrita é vista como uma maneira de legitimar e
proteger sua história. A questão de quem controla a narrativa e a história é um tema
recorrente ao longo do filme.
Tais perspectiva descritas no filme vai ao encontro que os textos norteadores da
atividade proporcionam, onde vinculam os conceitos historiográficos influenciados pela
Escola de Annales, em que a dimensão histórica rompe com a linha tradicional ligada
aos padrões estabelecidos pelos poderes e instituições políticas, norteado pela ideia
explicita de que o cotidiano e a sociedade formam tecido robusto para o campo da
historiografia, em que as fontes analisadas não se esgotam em si mesmas,
proporcionando o espaço para a história dita não oficial compor a manutenção do
imaginário e ser relevante aos textos históricos.
Em Paim, por exemplo, a importância dos relatos populares deve ser considerada
pelo historiador, sabendo que o Brasil possui arcabouço jurídico para justificar tal
escolha como decreto que viabiliza o reconhecimento de fonte materiais de cunhos
populares. Em Caimi, as abordagens de aprendizagem suportam a complexidade do
docente de história nas fases iniciais do ensino. A autora demonstra que o ensino de
história fincado e ancorado pela história regional é uma das melhores opções para
categorizar e reforçar como a história vai além de memorização de datas, fatos e heróis.
Já em Oliveira entendemos como o professor deve manter contato com as teorias
historiográficas, guiando pelo tempo, espaço, contexto, ações.