You are on page 1of 67

AVISO

A presente tradução foi efetuada por um grupo de fãs da autora, de modo a


proporcionar aos restantes fãs o acesso à obra, incentivando à posterior
aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de
publicação no Brasil, traduzindo-os de fã para fã, e disponibilizando-os aos
leitores fãs da autora, sem qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou
indireto.
Levamos como objetivo sério, o incentivo para os leitores fãs adquirirem as
obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam ser
lidos, a não ser no idioma original, impossibilitando o conhecimento de
muitos autores desconhecidos no Brasil.
A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras,
este grupo de fãs poderá, sem aviso prévio e quando entender necessário,
suspender o acesso aos livros e retirar o link de disponibilização dos
mesmos, daqueles que forem lançados por editoras brasileiras.
Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o
download se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se
de o divulgar nas redes sociais bem como tornar público o trabalho de
tradução dos grupos, sem que exista uma prévia autorização expressa dos
mesmos.
O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá pelo uso
incorreto e ilícito do mesmo, eximindo este grupo de fãs de qualquer
parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito cometido por
aquele que, por ato ou omissão, tentar ou concretamente utilizar a presente
obra literária para obtenção de lucro direto ou indireto, nos termos do art.
184 do código penal e lei 9.610/1998.
PROIBIDA A VENDA.
É PARA USO GRATUITO.
DE FÃS PARA FÃS.
Série Chesteboro University
Os livros da Universidade de Chesterboro contêm linguagem adulta moderada
e cenas/situações sexuais. Cada história pode ser independente, mas você terá
mais prazer na leitura lendo-as na ordem.
The Captain – romance de relacionamento falso
The Blueliner – romance de irmã do melhor amigo
The Playmaker - um romance de atração de opostos
The Grinder - um romance de segunda chance
The Enforcer - um romance de atração de opostos
The Chesterboro Wedding – um livro de casamento e epílogos dos anteriores
Lany Mae
Tyche
Jewell Designs

Fevereiro 2024
SINOPSE

Um dos casais desta série vai se casar e você está convidado para a festa!

Volte a Chesterboro para o casamento de Natal de Hannah e Cord e dê uma


olhada no que a equipe tem feito.

The Chesterboro Wedding é uma coleção de epílogos dos cinco romances da


Universidade Chesterboro.

Não é uma história completa, mas está cheio de conteúdo de felizes para
sempre.

Para uma melhor continuidade de leitura, você deve conferir primeiro o


restante da série.
Dedicatória

Para todos nós.


Porque todos merecemos ser felizes para sempre.
Penny Hampshire

Hannah Marshall entra no grande salão de baile do Chesterboro


Country Club como uma rainha. Não uma rainha, talvez. Mas definitivamente
como uma estrela do rock, porque é isso que ela é.
Ela esfrega as mãos com luvas, soprando nelas. — Está muito frio lá
fora.
— Estamos em dezembro, — eu a lembro. — No nordeste da
Pensilvânia. — Abafo meu sorriso enquanto pego outro centro de mesa do
canto e o coloco em uma das mesas redondas espalhadas pela sala.
Hannah desenrola o cachecol do pescoço e tira o gorro de tricô da
cabeça. Ela sacode seus longos cabelos loiros e tira os óculos. Usando a
camiseta para desembaçar os óculos, ela os coloca de volta no nariz. — Quero
dizer, está mais frio do que o clima frio normal de Chesterboro. — Tirando a
jaqueta, ela a joga sobre uma cadeira perto da porta. — Tem aquela sensação
de que está prestes a nevar no ar, sabe?
Sem dúvida. Assim como Hannah, cresci em Chesterboro. Aninhada
nas montanhas, nossa cidade recebe regularmente doses de clima invernal.
Com tanta experiência com neve como nós, é difícil não reconhecer a
sensação. Ao olhar pela janela, tenho que concordar com ela agora. O céu
estava cinza e senti o cheiro da neve que estava chegando.
Mas, em vez de dizer isso, eu balanço a cabeça. — Talvez não. —
Dou de ombros. — Isso ainda pode acontecer.
— Concordo, — diz minha mãe, vindo de trás de mim. Ela coloca
outro centro de mesa no meio da mesa. — O pessoal do clima nem sempre
está certo, você sabe. — Ela olha para o lado de fora, como se seu
descontentamento fosse suficiente para desencorajar a tempestade que se
aproxima do leste da Pensilvânia de atingir nossa pequena cidade. Com uma
fungadela irritada, ela nos deixa para se juntar à planejadora de casamentos de
Hannah. Minha mãe tem uma personalidade forte. Ela provavelmente acha
que pode fazer com que o clima coopere com ela.
Quando encontro o olhar de Hannah, reviro os olhos. Ela abafa um
sorriso com os dedos, e eu dou uma risadinha para mim mesma. Mas o sorriso
de Hannah se desvanece quase que imediatamente. Aperto seu braço. — O
que está acontecendo? Você está nervosa?
— Sobre o casamento? — Ela bufa. — Nem um pouco. — Hannah
e seu noivo, Cord Spellman, devem trocar seus votos aqui amanhã à noite, no
pátio do clube de campo. Já há lâmpadas de aquecimento espalhadas
discretamente pela área externa, e Hannah encomendou vários cobertores e
agasalhos para os participantes usarem se sentirem frio. — Mas neve? Isso me
deixa estressada. — Ela esfrega a testa. — Talvez eu devesse ter esperado até
ao verão para fazer nosso casamento. Não quero que ninguém se machuque no
caminho só porque eu não quis esperar mais alguns meses para me casar com
Cord.
Eu a abraço. — Pare com isso. Você está criando problemas. Com
um pouco de sorte, o tempo vai se manter até que todos cheguem à cidade
hoje à noite. — Não menciono o noivo dela especificamente, mas tenho
certeza de que ambas estamos pensando nisso. A pessoa mais importante a
viajar hoje à noite é o noivo, Cord. Ele virá de Chicago com meu namorado,
Griff, depois do jogo de hóquei deles hoje. Embora não precisemos de muitas
coisas para que esse casamento vá adiante, a presença de Cord é
definitivamente necessária.
A cerimônia deve ser pequena, com apenas cerca de cem pessoas. A
lista de convidados é composta por cantores famosos e jogadores profissionais
de hóquei. Pessoas como essas não têm muitos dias de folga, e os dias que têm
geralmente não são os mesmos que todos os outros. Mas não há jogos de
hóquei na véspera de Natal e no Natal, e não há paradas de turnê programadas
para nenhum dos músicos. É o momento perfeito para um casamento entre
uma cantora e um jogador de hóquei profissional.
Verifico meu relógio. É quase meio-dia. — Vou ligar para Griff
antes do jogo deles. Deseje-lhes sorte. — Do outro lado da sala, a
organizadora do casamento de Hannah está lhe fazendo sinal. — Rebecca
precisa de você.
A boca de Hannah se abre como se quisesse dizer mais alguma
coisa, mas Rebecca a chama. Eu lhe dou um sinal de incentivo com o polegar
para cima. Ela acena com a cabeça quando pego meu celular, respira fundo e
sai para cuidar dos detalhes de última hora do casamento.
Quando ela está fora de alcance auditivo, eu ligo para o celular do
Griff. — Por favor, atenda... — murmuro em voz baixa. A ligação se completa
e dou um suspiro de alívio. — Graças a Deus.
— Red, você geralmente guarda esse tipo de gratidão para outros
espaços mais íntimos.
Reviro os olhos, mas não consigo evitar o sorriso. — Eu amo você.
— Também amo você. Tudo bem? — Raramente ligo para ele antes
dos jogos. Não porque ele não queira saber de mim, mas porque não quero
distraí-lo. Griff assinou contrato com o New Jersey Jaguars na equipe na
universidade. Ele nunca esperou jogar hóquei profissionalmente, mas quando
foi transferido para a primeira linha no ano passado, inesperadamente, durante
o Frozen Four, chamou a atenção dos olheiros do Jaguars. Seu jogo
organizado e sua ética de trabalho os impressionaram. Ele é o que mais se
aproxima de um atacante que a equipe tem, entrando em cena quando é
necessário um jogo mais físico. Mas ele está mais orgulhoso dos cinco gols
que já marcou nesta temporada. — Está tudo bem? — pergunta ele.
Há preocupação em seu tom de voz e sei imediatamente que está
perguntando sobre seu pai. — Todos estão bem. — O pai de Griff teve um
derrame na primavera. Ele se recuperou o suficiente para voltar para casa e
tem se saído bem sozinho há mais ou menos um mês, mas Griff ainda se
preocupa. — Exceto por uma futura noiva nervosa, tudo está ótimo em
Chesterboro.
— Puxa vida... — Ele exala. — Hannah está nervosa?
— Não sobre o casamento. Mas o clima a está deixando estressada.
— Olho para o local onde ela conversa com a mãe e Rebecca. —
Conseguiram arranjar transporte de apoio para sair de Chicago? — A
tempestade está se formando há alguns dias. Cord e Griff estão tentando
encontrar outra maneira de voltar para casa depois do jogo de hoje, caso o voo
da equipe seja cancelado, seja de Chicago ou por causa das condições em
Newark.
Sua expiração é pesada através da linha telefônica. — Não. São as
festas de fim de ano. Todos estão viajando.
— Entre você, Cord e Hannah, nós temos o dinheiro. Alguém
precisa trazer vocês para cá.
— Estamos trabalhando nisso. Cord recebeu algumas ligações.
— Ele deveria contar para Hannah. — Olho para o outro lado da
sala, onde minha amiga trabalha nos detalhes com a organizadora do
casamento.
— Ele disse que não queria estressá-la, a menos que fosse
absolutamente necessário. Esconder coisas de você nunca funcionou bem para
mim, mas... — Quase posso ver seu encolher de ombros.
— Definitivamente, aprendemos essa lição, — eu digo.
— Sem dúvida, — ele concorda. Na primavera, quando estávamos
nos conhecendo, Griff escondeu de mim uma série de detalhes sobre sua vida.
Isso causou falhas de comunicação e problemas entre nós que quase acabaram
com nosso relacionamento. Resolvemos o problema, mas nenhum de nós
planeja cometer esses erros novamente.
— Sinto sua falta, Red. Odeio ficar fora da cidade por tanto tempo,
— diz Griff.
— Eu também. Mas logo você estará em casa. — Os Jaguars
estiveram na estrada nas últimas semanas, então não pudemos aproveitar
minhas férias de inverno da faculdade de direito. Mas os jogos entre o Natal e
o Ano Novo serão todos em casa. Planejamos passar o máximo de tempo
possível juntos antes de minhas aulas em Seton Hall recomeçarem em janeiro.
— Você treinou hoje de manhã? — ele pergunta.
Sorrio, com uma onda de entusiasmo me percorrendo. — É claro.
Jake me colocou em meu ritmo. Estarei pronta para minha luta na próxima
semana. — A família de Griff é proprietária de uma academia e escola de
artes marciais. Quando começamos a namorar, eles não tinham aulas para
iniciantes. Mas neste verão, quando ele e seus irmãos assumiram a
administração, eles ampliaram as instalações. Agora eles oferecem cursos para
todos os níveis de lutadores, e eu estou treinando lá desde a primavera. Estou
programada para o meu primeiro torneio de jiu-jítsu brasileiro no próximo fim
de semana.
— Você vai se sair muito bem, e mal posso esperar para vê-la. —
Ele faz uma pausa. — Contanto que possamos sair de Chicago.
Mordo meu lábio e olho para Hannah. — Mantenha-me informada,
está bem? Tenho certeza de que Cord está fazendo sua mágica, mas talvez eu
deva ligar para Cami ou Shea? Talvez elas conheçam alguém ou consigam
mexer alguns pauzinhos? — Cami Alvarez é uma estrela de cinema em
ascensão, e a família de Shea Carmichael é proprietária de uma das maiores
empresas de desenvolvimento imobiliário do mundo. Com certeza elas têm
contatos que podemos usar.
— Pode ser uma boa ideia. Só para ter um plano reserva.
— Boa sorte hoje, Griff. Estarei seguindo. — Uma onda de saudade
toma conta de mim e eu sorrio. — Mal posso esperar para vê-lo amanhã.
— Dedos cruzados, Pen. Amo você.
— Também amo você. Falo com você mais tarde.
— Parece bom.
Nós nos desconectamos. Do outro lado da sala, Hannah se reúne
com minha mãe e Rebecca. Elas espalham as plantas baixas em uma mesa à
sua frente. O céu cinza preenche as janelas ao redor da sala.
Hannah e Cord merecem um dia perfeito. Tenho certeza de que
Cord está fazendo tudo o que pode para chegar a tempo, mas me recuso a
deixar isso ao acaso. É hora de chamar a cavalaria.
Abrindo o celular, dou uma olhada na minha lista de contatos e clico
em ligar quando vejo o nome de Shea. Chego ao correio de voz dela. — Oi,
querida. Preciso de sua ajuda. Me ligue de volta.
Sem me deixar abater, ligo para Cami Alvarez. Quando a chamada
toca, eu endireito meus ombros. De uma forma ou de outra, precisamos trazer
Cord para Chesterboro antes de amanhã à noite.
Cami Alvarez

— Vou usar o visual Midas com o planador de chompagem a laser.


— Meu irmão de 12 anos, Joey, faz modificações em seu personagem do
Fortnite com alguns cliques no controle do Xbox.
Meu namorado, Ash, olha de seu laptop para inspecionar o trabalho
de Joey. — Seu amigo tem um gato na mochila?
Joey não faz nenhuma pausa em suas alterações de caráter. — Onde
mais você guardaria seu gato?
— De fato, — admite Ash, voltando sua atenção para a tela onde ele
está preparando seu próprio personagem. — Vou começar a festa. Participe,
depois se prepare.
Meu irmão acena com a cabeça, com a língua aparecendo no canto
da boca, um sinal claro de intensa concentração.
Reviro os olhos para minha mãe, e ela balança a cabeça, rindo, antes
de me levar de volta para a cozinha.
Ash e eu estamos na casa dos meus pais há dois dias. Nesse período,
ele e meu irmão se tornaram preguiças. Eles jogaram uma maratona de
videogames e comeram mais lanches do que eu imaginava ser possível. Não
culpo nenhum deles. Joey está de férias de inverno, e o último jogo de hóquei
de Ash pela Universidade de Chesterboro foi no fim de semana passado,
deixando-o com duas semanas de descanso antes do reinício da temporada em
janeiro. Ele até pulou a corrida hoje de manhã e comeu uma segunda porção
dos rolinhos de canela da minha mãe. Ele está no auge do modo férias.
Fico feliz em ver isso. Depois de várias dificuldades com seus
joelhos nos últimos anos, ele voltou para um último ano em nossa alma mater.
Ele tinha algum interesse profissional da Filadélfia e da Flórida, mas ficou em
Chesterboro. Ele se formará na primavera com especialização em biologia e
química em um programa de graduação avançada com a Temple University.
Ash é muito inteligente. Se ele quisesse, poderia fazer medicina no próximo
ano. Mas seu sonho sempre foi jogar na NHL.
Eu só quero o que o faz feliz.
Na cozinha, minha mãe pega a massa de biscoito na geladeira. —
Precisamos colocá-los no forno. A tempestade chegará em algumas horas.
Quero que você e Ashton fiquem em Chesterboro antes que os primeiros
flocos caiam.
— Você sabe que não será ruim até o sol se pôr.
— Ainda assim. Sem riscos. — Ela está com sua cara de protetora,
de quem não vai discutir. Ash e eu precisamos voltar para Chesterboro hoje à
noite porque nossos amigos Cord Spellman e Hannah Marshall vão se casar
amanhã. Embora eu esteja triste por perder o feriado de verdade com a minha
família, planejamos voltar para a casa dos meus pais no dia de Natal a tempo
de jantar. A rápida viagem de uma hora entre minha cidade universitária e
meus pais foi o motivo pelo qual escolhi a Chesterboro University para me
formar. Detesto ficar longe da minha família.
— Sim, Mami. — Inclino minha cabeça para que ela não veja meu
sorriso. Sinto falta deles.
Nos últimos meses, tenho viajado a trabalho. Passei algumas
semanas em Vancouver filmando um piloto para uma série de drama
adolescente. Logo em seguida, voei para Amsterdã para filmar. Vou ficar em
casa por algumas semanas e depois viajarei para a Geórgia para fazer outro
filme. Esses momentos roubados entre os trabalhos com minha família e Ash
são uma felicidade.
Meu celular vibra no bolso de trás e eu o pego. — É a Penny, Mami.
Deixe-me atender.
Ela me afasta, e eu entro no corredor para atender Penny, sorrindo.
— Oi, garota. Mal posso esperar para vê-la hoje à noite.
— Oi, querida. — A voz firme de Penny se estende pela linha. —
Eu também. Mas não é com você e Ash que estou preocupada que cheguem
aqui. É Cord.
Minha sobrancelha cai. — Cord, o noivo, Cord?
— Você conhece algum outro Cord, Alvarez?
Sorrio com sua resposta inteligente. — Um é suficiente, eu acho.
— Ele e Griff estão jogando em Chicago. Mas já estão atrasando os
voos que saem de O'Hare por causa da tempestade no norte. Estou preocupada
com a possibilidade de eles ficarem em terra.
— Oh, não. — Passo a mão sobre a trança que corre sobre meu
ombro. — O que podemos fazer?
— Cord disse que está tentando encontrar um voo particular, mas
todos estão ficando em terra. Além disso, ele não quer que a gente se estresse
com Hannah. — Ela bufa. — Não entendo por que não podemos pedir ajuda
ao astro do rock com amigos que fazem turnês, mas Griff disse que ele foi
inflexível.
Isso é estranho. — Bem, ele não é o único que pode conhecer
pessoas. — Minha mente já está acelerada. — Vou ligar para Judd. Talvez ele
ou Richie conheçam alguém que possa nos ajudar. — Judd Jones e Richie
Appapo são dois de meus amigos atores. No ano passado, Judd e eu fingimos
namorar, o que se tornou um fiasco de cobertura da mídia. Embora eu pudesse
ter passado sem esse drama, fico feliz que a experiência tenha me permitido
conhecer Judd.
— Você sabe os números do Bash ou da Libby? Algum dos
Zealots? — Os Dazed Zealots são uma banda de rock alternativo com a qual
Hannah fez uma turnê no ano passado. Desde então, eles ganharam alguns
prêmios Grammy e chegaram ao topo das paradas da Billboard.
— Talvez eu tenha o número da Libby no meu celular, da festa de
despedida de solteira.
— Certo, ótimo. O que precisamos é de alguém que possa nos
ajudar a levar dois jogadores de hóquei de Chicago para a Universidade de
Chesterboro mais rápido do que essa tempestade que está caindo sobre nós.
— Portanto, o tempo é essencial.
— Com certeza, irmã.
— Entendi. — Aceno com a cabeça, colocando a mão no quadril. —
Vou mandar uma mensagem para você. Inicie um chat em grupo para que eu
possa adicionar pessoas.
— Sim. Já deixei uma mensagem para Shea. Mas eles ainda estão
em Boston. Linc e Declan também têm um jogo hoje.
— Ela não atendeu?
— Não. Mas é Shea. Ela ligará.
Eu sorrio. Ela tem razão. Shea Carmichael é uma das pessoas mais
confiáveis que já conheci. — Estou surpresa que ela não esteja na sua outra
linha agora.
— Foram apenas alguns minutos. — Nós duas rimos. — Entrarei
em contato, — disse ela antes de nos desconectarmos.
— O que está acontecendo? — Ash aparece no corredor à minha
frente, abre os braços e me abraça contra ele. Encosto minha bochecha em seu
peito, respirando o cheiro reconfortante dele. Deus, senti sua falta.
Ash e eu éramos namorados no ensino médio. Depois que me
formei, estivemos um período de namoro à distância e acabamos por nos
separar. Quando nos reencontramos no ano passado, eu temia que as coisas
continuassem iguais e que não fôssemos fortes o suficiente para superar a
distância - literal e figurativamente. Mas as coisas têm sido muito diferentes
este ano. Claro, ainda sinto falta dele quando estamos separados. Dói, como se
um pedaço da minha alma estivesse longe de mim. Desta vez, porém, confio
em nossa força.
Ainda assim, nosso tempo separados me faz apreciar ainda mais
esses momentos tranquilos em que estamos juntos.
Finalmente, inclino-me para trás para encontrar seu olhar. Ele
espera pacientemente. — Era a Penny. Ela está preocupada que Cord não
chegue a Chesterboro a tempo, graças à tempestade.
— Ele está com a equipe, não está? Eles têm seu voo fretado.
Aceno com a cabeça. — Mas já estão cancelando os voos para
Newark.
Ele passa as mãos pelos meus braços. — Não precisa se preocupar
ainda. Tenho certeza de que a equipe deles também vai querer voltar para casa
no feriado. Talvez eles ajustem seus planos de voo. Voar para Filadélfia ou
algo assim.
— Talvez. Mas ninguém quer isso para Cord e Hannah.
— É verdade.
— Vou ligar para Judd. Ver se ele tem alguma sugestão.
Ash torce o nariz. — Ele e Richie não estão no Caribe de férias? —
Neste verão, Judd convenceu Richie Appapo, um amigo de longa data, a dar
uma chance real ao relacionamento deles. Judd tem a reputação de ser um
playboy, e Richie não gostava muito de deixar o mundo entrar em sua vida
pessoal. Mas desde que se tornaram públicos, os dois se apaixonaram ainda
mais. Estou muito feliz por vê-los felizes.
— Estão. Vou mandar uma mensagem.
Ele balança a cabeça e eu me viro em seus braços para que ele possa
me abraçar enquanto envio uma mensagem de texto ao nosso amigo. Preciso
de uma viagem rápida de Chicago para Filadélfia.
Imediatamente, os pontos de digitação aparecem. Ash se inclina
para beijar meu pescoço. — Judd está muito perto do telefone. Preciso dizer a
Richie para mantê-lo mais ocupado.
Eu o acotovelo enquanto a resposta de Judd aparece. Claro.
Quando?
Amanhã, eu digito de volta.
O telefone em minha mão toca. Eu me conecto com Judd,
colocando-o no viva-voz, e Judd nem se dá ao trabalho de cumprimentar-me.
— Não sou mágico, garota bonita.
Ash revira os olhos, e eu sorrio. — Ei. Ash também está aqui. E o
voo não é para mim. É para Cord Spellman e Griff. Cord deve se casar
amanhã à noite, e os Jaguars podem ficar em terra em Chicago. — Faço uma
pausa. — Ele deve se casar em Chesterboro.
— O que há entre você e essa cidadezinha?
— Ah, você sabe que adora Chesterboro, — eu provoco.
— A melhor pista de boliche da Pensilvânia, — ele brinca,
lembrando-nos de uma vez em que jogamos boliche na primavera com o time
de hóquei.
— Ainda assim, baterei na sua bunda, Jones, — acrescenta Ash.
— Quem dera, — responde Judd.
Ash solta uma bufada, e eu redireciono nossa conversa. — O que
você acha? Conhece alguém? Talvez Richie conheça?
— Deixe-me pensar e fazer algumas ligações. Entrarei em contato
com você se descobrir alguma coisa.
— Obrigada. E obrigada por nos ajudar. Sei que vocês estão de
férias. — Ao fundo, ouço Richie chamando por um alô. — Ei, Richie. Bebidas
quando vocês voltarem para a cidade?
— E Ben and Jerry's.
— É claro. Falaremos em breve.
Nós nos desconectamos. Inclino-me para dar um beijo na bochecha
de Ash. Suas mãos vão até minha bunda e ele me puxa para perto dele. Ele
acaricia meu pescoço, mas eu me contorço. — Minha mãe está no outro
quarto.
— Ela sabe que nós nos beijamos, Cam, — diz ele, ainda me
alcançando.
Sorrio enquanto me inclino e o beijo. Ele inclina a cabeça para
aprofundar o beijo, e eu nos permito um longo momento para apreciar o
contato antes de nos separarmos com um suspiro, indo em direção à cozinha.
— Vamos lá. Parece que devemos voltar para Chesterboro mais cedo ou mais
tarde.
Ele agarra minha mão para me impedir. Quando nossos olhos se
encontram, ele está sério. — Eu te amo muito.
Meu estômago dá uma reviravolta, da mesma forma que acontece
todas as vezes que ele me olha dessa forma desde que estávamos no ensino
médio. Eu seguro seu rosto e trago sua boca até à minha novamente. — Eu
também amo você, — digo contra seus lábios.
Voltamos a ficar juntos, curtindo ali no canto ao lado do banheiro
dos meus pais.
Linc Reynolds

A lâmpada sobre o gol do Providence Gladiator se acende. Nosso


goleiro olha para o teto, com os ombros curvados. Eu patino até ele e ofereço
meu punho. — Aguente firme, Mark. Nós vamos recuperá-lo.
Ele bate em meus nós dos dedos estendidos e acena com a cabeça,
mas posso ver sua frustração. Volto a me juntar aos meus colegas de equipe
para o faceoff, parando ao lado do central, Tank. — Ganhe de volta, ok?
Ele acena com a cabeça, e eu me posiciono atrás dele. Quando o
disco cai, ele o joga de volta para mim. Eu dou a volta na lateral do
adversário. Deixo o disco cair entre os patins do defensor adversário. É um
risco. Se ele visse a jogada chegando, poderia ter se agarrado ao disco e o
momento mudaria. Em vez disso, pego o disco atrás dele. Ao meu lado, o
outro defensor tenta se recuperar e ir em direção ao goleiro, mas eu o
ultrapasso. Quando ele me alcança, já está um passo atrás de mim. Passo o
disco para Tank, que está avançando pelo meio. O goleiro já está
comprometido comigo, então a rede atrás dele está totalmente aberta. Tank
enterra o disco, empatando o jogo novamente.
Comemoro com meus colegas de equipe, e Tank me dá um tapa na
cabeça. — Isso é o máximo, Reynolds.
Ele quis dizer isso como um elogio, então empurrei seu ombro. —
Boa tacada, idiota.
Antes de patinar até ao banco, encontro Mark em nossa área. Ele me
oferece sua luva sem dizer uma palavra. Aceno com a cabeça ao esbarrar nele
e depois me dirijo ao meu assento.
Pego minha garrafa de água, esguicho-a na boca e aceito os
parabéns da minha equipe. Mas inclino a cabeça e meu olhar encontra o da
minha namorada. Shea está na arquibancada atrás de nós, vestindo uma
camisa com meu nome. Seus dedos cobrem a boca, mas seus olhos brilham
quando ela acena com a cabeça. Conheço Shea desde que ela tinha 12 anos, e
ela não precisa dizer nada para que eu saiba exatamente o que ela está
pensando.
Ela está orgulhosa e me ama. Sinto-me satisfeito quando aceno com
a cabeça, tocando minha têmpora em uma saudação, antes de voltar a me
concentrar no jogo.
O jogo continua, e ficamos empatados até aos últimos dois minutos
do segundo período. Mas o ala da esquerda deixa o disco cair, e o nosso
central o pega. Há uma fuga, três contra um, em direção ao nosso gol. O
central faz uma manobra incrível e enterra o disco na rede.
Nossas arquibancadas vão à loucura. Nosso banco se levanta, todos
batendo as pontas dos bastões contra as tábuas à nossa frente. Quando o centro
passa patinando, ele nos cumprimenta com o punho.
Mantemos a liderança enquanto os últimos segundos se esgotam. O
banco de reservas se esvazia, e nós patinamos para nos juntarmos a Mark. Ao
nos alinharmos, batemos os punhos com a outra equipe. De volta ao banco,
pego meu segundo taco e saio patinando do gelo.
Shea está na parte inferior da arquibancada. Ela vestiu o casaco por
cima da minha camisa, enfiando as mãos nos bolsos. Seus longos cabelos
castanhos caem sobre os ombros, e ela está usando botas que parecem
incrivelmente altas. Eu realmente não sei como ela anda com sapatos assim,
mas ela não é uma garota alta e gosta da altura que eles lhe dão. Agora, ela
desce ao meu lado, e eu a coloco contra mim. Mesmo com as botas altas, ela
não chega ao meu queixo.
— Ei, Tiny1, — eu digo, deleitando-me com a sensação suave dela
contra mim.
— Ei. — Ela se inclina para fora de meu controle. — Você não está
cheirando bem.
Encolho os braços. — Não, provavelmente não. — Não posso ter
certeza. Sou praticamente imune ao meu mau cheiro depois de jogar hóquei
por tantos anos.
Ela se afasta de mim, e o sorriso que ela me dá é tudo. Conheço
Shea desde o ensino médio, quando me tornei melhor amigo de seu irmão
gêmeo, Colt. Estou apaixonado por ela há quase tanto tempo, mas mantive
distância. Ela é irmã do meu melhor amigo. Isso violou todos os códigos dos
irmãos. Graças a Deus, tudo isso está no passado. Não consigo imaginar
minha vida sem Shea.
— Fico feliz que tenha vindo, — digo, porque contar tudo isso no
caminho para o vestiário é brega, especialmente com o resto dos meus colegas
de equipe andando atrás de mim.
— Ainda bem que o semestre acabou, assim tenho tempo para ver
seus jogos. — Shea acabou de concluir seu primeiro semestre de pós-
graduação na Faculdade de Boston. Desde que me contrataram para o Boston
Gladiators, ela frequentou uma faculdade perto de mim na esperança de que

1 Pequenina
estivéssemos perto o suficiente. No momento, enquanto estou em Providence
na equipe da AHL, ela está no campus. É uma pena vivermos separados agora,
mas não estamos muito longe. Menos de uma hora em um dia bom. No
momento, ela está morando comigo durante as férias do semestre.
Ficamos ali olhando um para o outro como idiotas quando ela pula.
Tirando o celular do bolso, sua sobrancelha se enruga. — O que está
acontecendo? — Eu pergunto.
— É Penny. — Ela coloca o telefone no ouvido. Eu deveria entrar e
tomar um banho, mas logo depois estamos indo para Chesterboro, Pensilvânia,
para o casamento de nossos amigos Cord e Hannah. Penny Hampshire está em
Chesterboro desde o final de seu semestre na faculdade de direito, ajudando
nos preparativos.
O rosto de Shea é sombrio quando ela se desconecta. — Cord e
Griff estão em Chicago.
— Sim...
— E os voos já estão sendo cancelados e adiados. Vi que já está
nevando em Boston.
— Merda.
— Sim. Ela está preocupada que eles não consigam chegar a tempo.
Tiro meu cabelo suado dos olhos. — Já está tão ruim assim?
— Gelo, no norte.
Aceno com a cabeça. — É melhor irmos embora, então. Precisamos
pegar o Declan e a Ivy em Nova York quando estivermos indo embora. —
Declan Mitchell está na equipe da AHL de Nova York e sua namorada, Ivy,
faz coreografias de vídeos musicais. Eles moram em Manhattan e nenhum
deles precisa de um carro, então nos oferecemos para levá-los.
— Tome banho rápido. — Shea folheia seu telefone. — Vou ver se
consigo entrar em contato com o piloto da família. Talvez ele possa nos
ajudar. — Ela me acena em direção ao vestiário quando a ligação é feita. Pisco
os olhos quando ela se afasta. Shea e seu irmão são tão realistas. Às vezes,
esqueço que os pais deles são donos e administradores da Carmichael
Enterprises, uma empresa multibilionária de desenvolvimento imobiliário.
No entanto, ela faz uma pausa antes de ir longe demais e se volta
para mim, colocando a mão sobre o telefone. — Ei, Linc?
Sorrio para ela e não me importo com o fato de estar parecendo
apaixonado agora. — Sim, Tiny?
Ela sorri. — Eu amo você.
Eu me afasto para o lado e me aproximo dela o máximo que posso.
Mas permaneço na passarela de borracha, para não estragar minhas lâminas.
Ela corre de volta para a beira da arquibancada. Com o telefone ainda na mão,
ela se inclina para me beijar, e eu me demoro em seus lábios. Finalmente, ela
me empurra, dando uma risadinha. — Vá. Encontro você no saguão.
Enquanto descia o túnel em direção ao vestiário, alguns torcedores
me chamaram. Não temos as enormes multidões que o time da NHL tem, mas
as arquibancadas ainda estavam bem cheias hoje. Aceno e bato em algumas
mãos ao passar, mas não me demoro.
Shea está esperando por mim.
Declan Mitchell

A caixa de veludo é leve em minha mão. Sentado na cama do quarto


de Ivy e no meu, eu a passo de uma mão para a outra, testando seu peso. Não
parece muito, mas é um grande passo em direção ao meu futuro.
Ao abrir a tampa, olho para o solitário de diamante redondo em um
design clássico. Eu disse ao joalheiro que minha garota é dançarina.
Minimalista, ela não vai querer nada complicado ou volumoso. Linhas simples
para seus lindos dedos de bailarina. Inspiro e solto um suspiro relaxante. É um
lindo anel. Minha mãe e minhas meias-irmãs também concordaram.
Agora, preciso encontrar o momento certo para perguntar a Ivy se
ela quer se casar comigo.
Um pedido de casamento é um momento monumental na linha do
tempo de um casal. É um marco. Será uma história que contaremos aos nossos
filhos, se tivermos a sorte de tê-los. Tanto eu quanto a Ivy queremos ter filhos,
mas sei que as pessoas têm dificuldades com a fertilidade. Ivy está preocupada
que seus tratamentos de quimioterapia anteriores possam nos causar
problemas. Já disse tudo o que podia para acalmá-la a esse respeito. Para mim,
não importa se teremos filhos biológicos ou se vamos adotar alguns. Tudo o
que importa para mim é que eu possa compartilhá-los com Ivy. Ela e eu
formamos uma equipe e tanto, e mal posso esperar para ver a família que
criaremos ao nosso redor.
A porta do apartamento se abre com um rangido. Apressadamente,
coloco a caixa do anel no bolso e fecho a gaveta da mesinha de cabeceira.
Levanto-me a tempo de ver minha namorada, Ivy, entrar em nosso quarto. —
Ah, que bom. Você está aqui. Já fez as malas?
— Hum... sim. — Esfrego as palmas das mãos suadas na calça jeans
e faço um sinal para as malas no chão. — Pronto para ir...
Minha voz se perde porque Ivy já está seminua, tirando a roupa
suada que usou para dançar hoje. O videoclipe que ela está coreografando é
baseado em um estúdio no Soho. Fico feliz. Isso significa que podemos jantar
juntos algumas noites. Nós dois viajamos muito, mas eu realmente vivo para
os dias em que podemos estar juntos.
Neste momento, Ivy perde o resto de suas roupas no chão e se dirige
ao banheiro. Com dois passos largos, eu a interrompo, puxando-a em meus
braços.
Ela solta uma risada suave. — Declan, estou suada. — Ela bate em
meus braços, mesmo quando seu corpo se solta contra mim.
Encosto meu rosto na curva de seu pescoço. — Eu realmente não
me importo.
Levantando um dos ombros em um meio encolher de ombros, ela
entrelaça os dedos no cabelo da minha nuca e leva minha boca até à dela. —
Se você não se importa, eu não me importa.
Nossos lábios se encontram e, como sempre, é uma combustão.
Deixo minhas mãos deslizarem ao longo de sua coluna vertebral, e ela se
arrepia contra mim. Mas antes que eu possa encontrar qualquer uma de suas
partes realmente saborosas, ela se afasta.
— Realmente não podemos nos distrair agora. — Ela balança o
dedo para mim, indo para o banheiro. — Shea me mandou uma mensagem há
pouco. Ela e Linc estão a caminho. O tempo ficará ruim rapidamente e eles
querem sair da cidade até lá. — Ligando o chuveiro, ela passa a mão no jato,
verificando a temperatura. A tatuagem de um ramo de folhas de carvalho e
bolotas que ela fez sobre sua cicatriz da cirurgia está à mostra.
Aproximando-me, passo um dedo ao longo da bela tinta. — Tem
certeza?
Ela se estica na ponta dos pés. Ainda preciso me abaixar para que
ela me beije. — Tenho certeza. — Ela me dá uma piscadela atrevida e entra
no chuveiro, fechando a porta atrás de si.
Dou uma risada e a deixo tomar banho, fechando a porta atrás de
mim para manter o calor dentro.
Há apenas três malas - uma mala com nossas roupas e duas menores
com coisas que a Ivy empacotou. Não sei quais são as necessidades femininas,
mas eu cresci com irmãs. Não pergunto. Pegando a mala, carrego-a até à porta
de nosso apartamento. Estamos no terceiro andar, então vou esperar para
arrastar as coisas para baixo até que Ivy esteja pronta.
Ivy não demora muito. Em dez minutos, ela está de banho tomado e
vestida, com seus cachos rebeldes em volta do rosto. Quando a conheci, ela
tinha cabelos longos. Mas o perdeu durante a quimioterapia. Ela poderia tê-lo
deixado crescer, mas insiste que agora gosta dele mais curto. Diz que é mais
fácil de cuidar. Acho que ela é muito bonita dos dois jeitos.
Ela está ao telefone, já falando quando sai do quarto. — Tenho o
número de Bash. Vou ligar para ele e ver se ele pode fazer alguma coisa. —
Ela se despede, com o telefone ainda na mão enquanto pega sua jaqueta de
inverno.
— Está pronta? — Eu pergunto.
Ela acena com a cabeça, enfiando os braços nas mangas. Dou um
passo à frente para ajudá-la. — Sim. Só preciso ligar para Bash Taylor.
O nome é familiar. — O cara dos Dazed Zealots?
— Sim. — Ela bagunça o cabelo por baixo da gola e passa o dedo
no visor do celular. — Eu não o conheço de verdade, mas a Hannah nos
conectou no verão, caso eles precisassem de uma coreografia para o próximo
álbum. — Ela faz uma pausa, franzindo a testa. — Estou deixando no correio
de voz. — Ela deixa uma mensagem. — Oi, Bash, aqui é Ivy Deveraux, amiga
da Hannah Marshall. Sei que você e a banda foram convidados para o
casamento da Hannah e de Cord, mas todos os amigos deles estão
preocupados porque o Cord vai se atrasar em Chicago. Eu não sei se você em
algum truque para garantir que ele chegue a tempo. Ligue-me de volta quando
tiver um segundo.
Quando ela se desconecta, eu assobio. — Merda, esqueci que Cord e
Griff estão tocando em Chicago.
— Atrasos nos voos na costa leste. — Ivy fecha o zíper de seu
casaco. — Penny está em Chesterboro com Hannah. Ela está estressada. Então
Penny ligou para Griff e ele disse que Cord também está estressado, mas não
quer dizer a Hannah que ele está estressado. Isso significa que todos os outros
estão estressados, tentando ajudá-los sem acrescentar mais estresse à situação.
— Parece... estressante? — Eu ofereço.
— Sim. — Ela bufa. — Linc e Shea estão lá embaixo, estacionados
em fila dupla. Vamos indo. Espero que algo dê certo, mas Linc é o padrinho.
Não faremos com que ele se atrase também. — Ela joga uma bolsa por cima
do ombro e eu levanto o resto em meu ombro.
Fechando a porta atrás de mim, eu a tranco, e a caixa do anel é um
peso em meu bolso.
Quando abrimos a porta para a calçada, flocos de neve grossos caem
do céu.
Ivy Deveraux

— O aplicativo de instruções diz que esse não é o caminho certo. —


Shea mantém a voz calma ao dizer isso a Linc pela segunda vez. No banco de
trás, Declan e eu nos olhamos, mas ficamos quietos.
— Shea, nós costumávamos dirigir por esta estrada o tempo todo.
Você sabe que este é o caminho certo a seguir. — Ele olha pelo para-brisa. Os
limpadores de para-brisa estão em sua velocidade máxima.
— Não é isso que nossos senhores da tecnologia dizem, — ela
rebate, acenando para ele com o telefone.
Do lado de fora das janelas, mal consigo ver as montanhas do oeste
de Nova Jersey ao nosso redor. A neve cai tão espessa que é difícil ver a
estrada a mais de vinte metros à nossa frente. Estamos nos arrastando em um
ritmo de caracol, e todos estão tensos. Eu cresci na cidade. Talvez seja por
isso que odeio dirigir na neve.
— O caminho que ele quer que façamos nos levará para as colinas,
em estradas de pista única. — A preocupação enrijece as feições de Linc. —
Acho que eles manterão as estradas mais claras, não acha?
— Talvez. Mas isso... — ela acena com o celular para ele
novamente, — ...diz que, se continuarmos na rodovia, vamos parar por um
longo período à frente. — Ela aponta para a tela. — A estrada está vermelha,
Linc. Vermelha.
Ele faz uma careta, mas ela segura o telefone. Estamos indo
devagar. Ele olha para a tela, confirmando o que ela disse. Sua sobrancelha
franze e seu queixo se firma. Finalmente, ele suspira. — Tem indicação para
sair na próxima?
— Sim.
— Ok. — Linc aciona o sinal de mudança de direção e entramos na
pista de saída. A rampa está em declínio. Quando nos dirigimos para o sinal de
parada no final, o carro desliza. Linc segura o freio, dirigindo em direção ao
deslizamento. Embaixo de nós, os freios antibloqueio entram em ação, mas
não são suficientes para nos parar. Derrapamos para fora do acostamento,
entramos no aterro e paramos com um solavanco.
Todos nós estávamos usando cintos de segurança, mas o impacto
sacudiu todo o resto do carro. O conteúdo da minha bolsa cobriu o banco
traseiro e o assoalho.
Shea se aproxima e desliga o rádio. Como se isso tivesse causado
nosso acidente.
Meu coração bate forte enquanto estamos sentados em silêncio.
Declan tem um aperto mortal em meus dedos. — Você está bem? — ele me
pergunta. Seus olhos estão arregalados e em pânico.
Eu aceno com a cabeça. — Sim, — sussurro. Limpando minha
garganta, tento novamente com mais força. — Estou bem. Cinto de segurança.
E não estávamos indo rápido. — Ele me examina como se estivesse
verificando se não estou mentindo. — É sério. Estou bem. — Satisfeito, ele
exala, passando a mão no rosto.
Linc se vira em seu assento para nos encarar. — Vocês dois estão
bem?
Nós dois acenamos com a cabeça e respondemos afirmativamente.
Satisfeito, ele agarra o volante com força e passa a mão no cabelo. — Merda.
Merda, merda, merda.
Desligando o motor, ele abre a porta e uma rajada de ar gelado
entra. Ele tira as luvas dos bolsos e coloca as mãos para dentro. — Vou ver
como está lá fora.
— Deixe-me ir com... — Shea começa, mas Linc balança a cabeça.
— Qual é a altura do salto de suas botas, Tiny? — Linc faz uma
careta para ela.
Ela o encara. — É apenas uma cunha de cinco centímetros.
— Dois centímetros a mais. Você vai se machucar. Deve ficar, —
diz ele. Shea mantém o olhar fixo, mas ele não recua. Ela finalmente suspira,
cruzando os braços sobre o peito. Shea pode não ser uma garota alta, mas ela
tem bastante garra em seu corpo pequeno para compensar isso.
— Eu vou com você, — Declan oferece sobre o barulho do vento,
desafivelando o cinto de segurança.
Linc se inclina para trás. — Fique aqui. Eu cuido disso. — Ele olha
para Shea e para mim, e acontece uma conversa não falada com um cara.
Declan acena com a cabeça, acomodando-se em seu assento, enquanto Linc
fecha a porta.
Shea balança a cabeça, murmurando. — Eu projetei edifícios
inteiros. Posso avaliar a gravidade dos danos aqui. E ando de sapatos o tempo
todo. — Inclinando-se, ela estende a mão até aos pés, tirando as coisas do
chão e colocando-as de volta em sua própria sacola revirada. —
Comportamento de Neandertal. — Ela faz um barulho de ‘tsking’.
Olho para Declan e ele dá de ombros, com os olhos arregalados,
enquanto diz: — Caramba.
A situação é louca - até mesmo assustadora - mas eu sufoco uma
risada. É isso que Declan faz. Ele melhora até mesmo as piores coisas, só por
ser quem ele é. Não quero que Shea me veja sorrindo, então me inclino para
pegar as coisas da minha bolsa.
Foi então que vi a caixa de veludo. Eu a pego e a abro. Dentro dela
está o mais belo solitário redondo. Fico ofegante e bato no braço de Declan.
Ele está ocupado olhando pela janela para Linc, que está dando voltas no carro
com as mãos nos quadris. Quando finalmente olha para mim, seus olhos
passam pela minha palma, onde está a caixa, pelo meu rosto e voltam.
Ele abre a boca para dizer alguma coisa, mas eu aceno com a mão,
silenciando-o. Aponto para Shea com os olhos arregalados, balançando a
cabeça. Não quero que ela veja que encontramos seu anel. Então, empurro a
caixa para ele e faço sinal para que saia pela porta, onde Linc caminha. —
Devolva a ele, — sibilo.
Declan costuma ser um cara perspicaz. Ele é sempre rápido com
uma resposta e tem algo espirituoso a dizer sobre tudo. Neste momento, ele
está me olhando com a boca aberta. Por que ele está agindo de forma tão sem
noção? Deixar isso fora das mãos de Linc, com sua futura noiva no assento à
nossa frente, é simplesmente perigoso.
Os olhos de Declan se fecham e ele balança a cabeça, fechando os
dedos sobre a caixa. — Não.
Lancei um olhar aterrorizado para Shea. — Declan, silêncio.
— Não, — ele abre os olhos e eles se fixam nos meus. — Não é
dele. — A neve que cai lá fora torna o interior do carro aconchegante. Ele
pega minha mão, cobrindo meus dedos gelados com os seus. Quando ele
aperta, seu aperto é firme. — É meu.
— Seu? — Eu pergunto sem entender.
— Bem, o seu, na verdade. Se você quiser. — Ele mantém a palma
da mão aberta, olhando para a caixa do anel. — Estou guardando essa coisa há
algumas semanas, tentando encontrar a maneira certa de pedi-la em
casamento.
Eu pisco para ele. Mas ele não está olhando para mim, apenas para a
caixa em sua mão. Meu olhar recai sobre Shea, que está retorcida em seu
assento, com os olhos arregalados e a boca aberta. Ela parece tão chocada
quanto eu me sinto. Quando olho de volta para Declan, ele levanta um ombro
desamparado, com o meio sorriso em seu rosto, que nunca deixa de derreter
meu coração. — Acho que este é o momento.
— É? — Não tenho certeza se já planejei como reagiria a um pedido
de casamento, mas definitivamente não foi isso que imaginei.
Ele acena com a cabeça. Em seguida, abre minha mão e coloca a
caixa do anel em minha palma. Com um movimento rápido, ele a abre, e
aquele anel de diamante perfeito pisca para mim. — Ivy Deveraux, passamos
por tanta coisa juntos, mas não há mais ninguém neste mundo com quem eu
queira passar por tudo isso. Quando estou com você, todo o caos dentro de
mim se acalma. Você suporta minha energia interminável. Você é a pessoa
mais forte que já conheci. — Ele engole. — Prometo ficar ao seu lado, não
importa o que aconteça. Na saúde e na doença, nos momentos difíceis e fáceis.
Você é minha alma gêmea. Eu a amo e quero continuar amando-a para
sempre, se você me aceitar.
Afundo os dentes em meu lábio inferior para evitar que ele trema e
aceno freneticamente com a cabeça. Meus olhos ficam marejados e Declan
levanta a mão para passar o polegar sobre a lágrima em minha bochecha. A
ternura em seus olhos faz meu peito se apertar.
Ele se inclina para a frente e encosta a testa na minha. — Estou
vendo você acenar com a cabeça, princesa, mas acho que precisarei de
algumas palavras agora.
Solto uma gargalhada, e as lágrimas caem com mais força agora. —
Sim. Absolutamente sim. — Eu seguro seu rosto com minha mão livre,
puxando sua boca para a minha. O beijo é carinhoso, cheio de promessas e
alegria. Fecho os olhos e o inspiro, imaginando mais uma vez o que fiz em
minha vida para merecer esse homem incrível. Há dois anos, durante o
tratamento contra o câncer, eu não me permitia sonhar com um futuro, um
casamento, uma família. Mas Declan mudou tudo isso. Eu posso ter
sobrevivido, mas ele me ensinou a viver.
Um suspiro nos interrompe, e nós dois nos viramos para encontrar
Shea, com a mão apoiada sob o queixo, os olhos também úmidos. — Vocês
são muito fofos. — Ela se estica sobre o assento para apertar meu braço. —
Parabéns a vocês dois. Estou muito feliz por vocês. — Seus olhos estão
brilhando com lágrimas de felicidade.
Então, ela se sacode como se percebesse que está no meio de um
momento monumental para nós. Olhando pela janela, ela faz um gesto para
onde posso ver Linc esfregando a cabeça. — Você poderia dar uma olhada
nisso? Hum, acho que... bem, que Linc precisa de mim. — Ela puxa a
maçaneta da porta e uma corrente de ar gelado entra sorrateiramente. — Eu já
volto. — Ela sai antes que possamos dizer mais alguma coisa, batendo a porta
atrás de si.
Eu me inclino para Declan novamente, e ele ri contra minha boca.
— Linc cem por cento não queria que ela saísse no frio.
— Sim, ela é uma péssima mentirosa, — respondo, e rimos. — Eu
amo você.
— Eu te amo mais, Ivy.
Quando nossas bocas se encontram novamente na traseira do sedã
de Linc Reynolds, onde estamos presos em um banco de neve, não consigo
imaginar um lugar mais perfeito para um pedido de casamento.
Shea Carmichael

Não consigo ver Linc por cima do teto do carro, graças às pernas
curtas e a um banco de neve. Então, cuidadosamente, abro caminho em
direção ao porta-malas, usando minha mão enluvada na lateral do carro para
me equilibrar.
Ele me encara. — Você deveria ter ficado no carro. — Quando
sacudo a cabeça, ele suspira e se aproxima de mim. Quando está perto o
suficiente, ele me segura com uma mão firme sob meu cotovelo, ajudando-me
a me aproximar dele. — Desculpe-me por ter sido mal-educado lá dentro. Mas
não estou tentando ser autoritário, chauvinista ou algo assim. Eu realmente
não quero que você se machuque. — Seus olhos me procuram e eu sorrio para
ele, minha frustração anterior com ele se dissipando. Linc costuma ser
equilibrado, e imaginei que ele estivesse aqui fora, sentindo-se mal por estar
irritado.
Eu me levanto na ponta dos pés. Mesmo assim, ele precisa se
abaixar para aceitar o beijo que lhe ofereço. — Eu sei. Planejei ouvi-lo.
As sobrancelhas dele se erguem e a diversão colore suas feições. —
Você planejou isso?
A neve gruda em seus cílios, e eu sorrio para ele. — Sim, mas
depois Declan pediu a Ivy em casamento. Então, eu lhes dei um momento a
sós.
Linc olha para a janela do retrovisor, onde Ivy e Declan se
aconchegam juntos. — Ele a pediu em casamento em uma vala? — Ele parece
indignado.
— Não, — eu o corrijo. — Ele a pediu em casamento no seu carro...
que por acaso está estacionado em uma vala.
— Isso está preso na vala, você quer dizer. — Ele balança a cabeça.
— Cristo, Mitch sempre foi pouco convencional, mas isso é ridículo. Quando
eu lhe pedir em casamento, pode ter certeza de que será em um lugar mais
memorável.
— Quando você me pedir em casamento? — Eu o provoco. Não
estou surpresa com suas palavras. Sei tão bem quanto ele que somos o
objetivo final um do outro. Para ouvi-lo dizer, ele está apaixonado por mim
desde que éramos crianças e, embora nosso caminho até ao outro tenha sido
acidentado, não consigo imaginar minha vida sem ele.
— Sim. Memorável. — Ele acena com a cabeça, revirando os olhos
para o amigo no carro.
Encolho um dos ombros. — Não sei. Toda essa situação é bastante
memorável, se você quer saber. — Faço sinal para a neve que cai ao nosso
redor e para o carro que se inclina para a vala.
— É justo, — ele admite antes de olhar em volta para as estradas
vazias. — É claro que sairíamos da estrada no meio do nada.
— Estamos a caminho de Chesterboro. É meio que no meio do
nada, — eu o lembro.
— Suponho que sim. — Ele aponta para o pneu traseiro direito. —
Não há como conseguirmos tirar isso sozinhos. — Com certeza, a roda está
afundada na lama. Por sorte, não estamos muito longe do asfalto. Os pneus
dianteiros parecem estar enterrados no cascalho e na sujeira ao lado da rampa
de saída.
— Precisamos de um reboque. — Olho de relance para o carro,
onde deixei minha bolsa. — Meu cartão AAA está em minha carteira. Com os
pombinhos. — Tiro meu celular do bolso. — Deixe-me ver se tenho as
informações aqui dentro sem incomodá-los.
Ele resmunga algo sobre o timing de Declan enquanto abro meu
celular bloqueado. Há uma chamada perdida de meu pai. — Meu pai ligou.
Devemos ter ficado fora de alcance. — Aperto a rediscagem, mas só tenho
uma barra. Eu rosno e faço um gesto para a estrada. — Vamos para lá, para
ver se consigo alguma recepção.
Ele agarra meu braço e juntos nos dirigimos para a estrada. Agito
meu telefone, tentando obter sinal. — Ali. — Paro no meio do caminho. —
Está se conectando.
Depois de dois toques, meu pai atende. Sua voz grave ecoa pelo
alto-falante. — Onde diabos você esteve?
— Oi, papai, — eu digo. — Estamos presos em uma vala na
Pensilvânia.
Os olhos de Linc se fecham, sua expressão de dor enquanto ele
balança a cabeça. — Droga, Shea. Não conte a ele...
Com certeza, a voz de meu pai irrompe na outra linha. — Uma
vala? O que está acontecendo? Onde você está? Você está a salvo? Pensei que
estivesse com Linc.
— Estou com Linc, pai. As estradas ficaram ruins rapidamente.
— É bom que tenha dirigido com segurança com minha filha no
carro, meu jovem.
Linc esfrega a testa. — Senhor, você sabe que eu estava com
segurança. Shea é a coisa mais importante para mim. Eu não correria riscos
com ela.
Suas palavras aquecem meu peito porque sei que ele está falando
sério. Linc é o mais velho de sua família, e ser responsável é o que ele é.
Antes que meu pai possa se preocupar mais, eu interrompo. — Pai, estamos
todos bem. Só escorregamos um pouco. Não houve danos, apenas ficamos
presos. Você pode mandar um reboque para nós? Vou lhe enviar minha
localização. — Meu pai é dono e dirige uma empresa de um bilhão de dólares.
Se alguém pode trazer um reboque para cá rapidamente, é ele. Abro o contato
dele e envio a minha localização. — Pronto, você já deve ter recebido.
— Estamos cuidando disso.
— Obrigada, papai. Mamãe está com você ou saiu para trabalhar?
— Eles deveriam estar de férias por mais alguns dias e depois nos encontrar
em nossa casa em Hampton para o Natal. Não é incomum que ele seja
chamado para viajar.
— Sim. Você disse que Cord talvez não conseguisse chegar a tempo
ao próprio casamento. Então, estamos a caminho.
Linc e eu nos olhamos surpresos. — Espere, você está indo buscar o
Cord?
— É claro. Você disse que eles estão em Chicago, certo? Devemos
aterrissar em O'Hara em uma hora.
Eu ri. — Isso é incrível. Vou pedir para ele e nosso amigo Griff
encontrarem vocês lá.
— Sem pressa. Mas quanto mais rápido sairmos de lá, melhor. Essa
tempestade parece feia. — A voz do meu pai é solene. Se ele está preocupado
com o clima, então provavelmente está pior do que o esperado.
— Sim. Vou me certificar de que eles saibam que você está indo.
Obrigada, papai. Eu realmente agradeço.
— Sem problemas, querida. E fique no carro até o reboque chegar.
— É claro.
— Linc está com você?
— Estou aqui, senhor, — diz Linc.
— Cuide dela, filho, — meu pai se dirige a ele. Eu reviro os olhos
para eles.
— Sempre, senhor.
— Eu lhe enviarei atualizações sobre o reboque e nosso voo assim
que as tiver. Mantenha seu telefone ligado. — Como não é de medir palavras,
o pai se desconecta sem se despedir.
Enquanto coloco meu telefone no bolso, Linc assobia baixinho. —
Seu pai pode ser realmente aterrorizante, sabia?
— Você acha? — Eu considero. — Sempre achei que minha mãe
era mais assustadora.
— Pode ser verdade, — ele diz com uma risada. Em seguida, ele
aponta para o carro. — Você acha que é seguro perturbar o casal feliz?
— Vamos bater na porta primeiro. — Ele ri e pega meu braço para
me levar de volta ao carro. Antes de chegarmos lá, porém, eu nos paro. Ainda
estamos no meio de uma estrada deserta. Ele olha para baixo com uma
pergunta no rosto. Estendo minhas mãos enluvadas para cobrir seu rosto. —
Eu amo você. Você sabe disso?
— Eu sei. E eu também amo você. — Ele me beija, e eu inspiro seu
cheiro familiar e o cheiro de neve nele. — Vamos lá. Vamos nos certificar de
que podemos ter recepção no carro enquanto esperamos.
Griff Parker

— Obrigado pela carona, Sr. Carmichael. — O jato particular dos


Carmichaels é espaçoso. Não que eu saiba a diferença entre um jato apertado e
espaçoso. Nunca voei dessa forma antes - nunca entrei em um avião antes da
faculdade - mas até eu preciso presumir que o jato deles é bom. Há algumas
fileiras de poltronas na frente e, na parte de trás, há um pequeno espaço de
escritório, com um sofá e uma televisão discreta.
Rory Carmichael, o chefe da corporação Carmichael, senta-se em
seu assento e me dá as costas. — De forma alguma. Cord é um dos melhores
amigos de Linc, e Linc é praticamente um filho para mim. Não há como
deixá-lo perder seu próprio casamento. Só estamos voltando para casa um dia
antes. Além disso, — ele sorri para a esposa, — a Sra. Carmichael é uma
romântica. Ela não poderia deixar passar a chance de ser a equipe de resgate
do noivo.
A mãe de Shea bate no marido, mas depois se inclina para beijar sua
bochecha.
— Nós agradecemos. — Olho para o local onde Cord está olhando
para o celular, provavelmente verificando o clima novamente, enquanto
mastiga os dedos. — Minha namorada, Penny, adora sua filha.
— Penny. — Ele esfrega o queixo. — Shea a admira. Diz que ela é
uma lutadora.
— Ela é. — É verdade, em muitos aspectos. Suspeito que o Sr.
Carmichael esteja se referindo ao ataque de Penny. Seu ex-namorado a
machucou e ela foi parar no hospital com as costelas quebradas. Mas ele está
certo sobre a coragem de Penny em mais de um aspecto. Fico admirado com
ela ao vê-la se fortalecer a cada dia - mental e fisicamente.
Um interfone próximo a nós toca, seguido por uma voz. — Sr.
Carmichael? Uma palavra?
A testa do Sr. Carmichael se enruga e ele pega o telefone ao seu
lado. É antigo, com fio. — Sim? — Ele faz uma pausa, ouvindo, mas suas
sobrancelhas se abaixam. — Fechado? Para onde estão nos redirecionando?
— Outra pausa. — Se isso é o mais próximo que podemos chegar, então que
seja. Obrigado, Robert.
— Desculpem, rapazes. Mas eles estão nos colocando em
Harrisburg. — O Sr. Carmichael esfrega o queixo. — É o aeroporto aberto
mais próximo. A costa leste está sendo bombardeada.
Olho para fora da janela, mas não consigo ver nada na escuridão. —
Harrisburg ainda está a quase duas horas de Chesterboro.
— Sim. — O pai de Shea acena com a cabeça, com a boca apertada.
— Em um clima ideal.
Cord pragueja sob sua respiração. Em minha mão, meu celular
mostrava pouco depois das onze horas da noite. Tínhamos programado chegar
ao aeroporto de Wilkes-Barre Scranton por volta da meia-noite. Meu irmão
Jake tem tração nas quatro rodas em seu velho Bronco e planejava nos
encontrar lá. Agora, ainda teremos horas de viagem pela frente, no escuro,
mesmo que consigamos encontrar um carro alugado.
— Não imagino que isso seja o melhor que podemos fazer. — O Sr.
Carmichael tem a aparência de alguém que está acostumado a conseguir o que
quer. Ele se levanta. — Deixe-me falar com Robert, fazer algumas ligações.
Ver se podemos nos aproximar mais. — Sem dizer mais nada, ele se dirige
para a frente do avião.
A Sra. Carmichael passa os dedos em seu telefone, mastigando o
lábio inferior. — Deixe-me só checar com Shea. O caminhão de reboque
estava lá na última vez que falei com ela, mas isso foi há uma hora. Eles
devem estar quase chegando a Chesterboro.
Ela também se levanta e se dirige para a área da escrivaninha, com o
telefone já no ouvido. Dou uma olhada para Cord. — Deveríamos contar para
as meninas, — eu digo. O que quero dizer é que ele deve conversar com
Hannah.
— Sim. — Mas ele só olha para o celular, que está virado para
baixo sobre o joelho.
Eu o encaro com uma carranca. — Não entendo o que está
acontecendo. — Ele planejava ligar para ela quando estivéssemos na estrada
em Scranton. Disse que, até lá, tudo estaria bem. — Isso é medo?
Ele me olha fixamente, com uma expressão dura o suficiente para
queimar. — Porra, não. Hannah é tudo para mim. Mal posso esperar para me
casar com ela.
— Então, qual é a sua ideia?
— Ela está grávida. — Ele passa as mãos no rosto. — Ela está
grávida, e eu não quero estressá-la. Isso já é estressante o suficiente.
Eu pisco para ele. — Grávida.
— Quase no fim do primeiro trimestre.
— Ela está... bem? — Minha cunhada, Emily, teve uma gravidez
difícil no ano passado. Acho que meu irmão não respirou direito até ela dar à
luz.
— Ela teve um sangramento inicial, mas o médico disse que ela está
perfeita desde então.
Suspiro de alívio. — Isso é bom. Muito bom mesmo.
— Sim, mas o estresse não é bom para ela.
Eu estreito meus olhos. — Você acha que ela já não está estressada?
É uma maldita tempestade. Ela não vai relaxar até ver seu rosto.
— Eu sei.
— Ela não ligou?
— Bem, sim. — Ele dá de ombros. — Deixei para lá e lhe mandei
uma mensagem dizendo que está tudo bem e que estou a caminho.
— Você é um idiota às vezes.
— Só estou preocupado com ela.
— Você está piorando as coisas.
Ele acena com a cabeça, engolindo. Pegando o telefone, ele o estuda
enquanto disca antes de colocá-lo no ouvido e ficar de pé. — Oi, querida.
Enquanto ele tenta encontrar um lugar tranquilo no pequeno avião,
eu balanço a cabeça para ele. Apesar de achar que meu amigo é estúpido por
não ter contado a Hannah o que se passa em sua cabeça, eu entendo. Eu amo
muito Penny, tanto quanto sei que Cord ama a Hannah. Já escondi coisas dela
quando não deveria, porque achei que isso a deixaria chateada ou magoada.
Tudo o que acabei fazendo foi piorar a situação. Espero que Cord perceba
isso.
Meu celular toca. É Penny. Atendo imediatamente. — Eu amo você.
Ouço seu pequeno suspiro na outra linha e posso ouvir o sorriso em
sua voz quando ela diz: — Eu também te amo.
— Só queria lhe dizer.
— Obrigada. — Ela inala. — Mas onde diabos você está?
— Estamos prestes a aterrissar em Harrisburg, pelo que posso dizer.
— Isso não é Scranton, para onde Jake está indo agora.
— Vou ligar para ele e dizer para voltar. O aeroporto de Scranton
está fechado.
Há uma longa pausa na linha. — Você vai conseguir chegar até
aqui, Griff? — Penny geralmente é boa em esconder sua preocupação por trás
da bravata. Mas posso dizer que ela está preocupada agora, e isso mexe com
meu coração.
— Eu chegarei lá, — eu lhe asseguro. — Só não sei quando. Onde
vocês estão agora?
— Estou na casa dos meus pais. Hannah está aqui, e Ash e Cami
não quiseram voltar de carro para a casa dele, então também estão aqui.
Estamos esperando Linc, Declan, Shea e Ivy a qualquer momento. — Os pais
de Penny têm muito espaço para entretenimento e o ofereceram aos nossos
amigos. — Hannah está fazendo o possível para manter a calma, mas está
chateada.
— Cord está ao telefone com ela agora.
— Graças a Deus. — Quase posso ouvir seus olhos revirarem. —
Ouçam, vamos trazer vocês para cá o mais rápido possível. Deixe-me fazer
algumas ligações.
— Se há alguém que pode organizar isso, é você. — Também estou
falando sério. Quando ela se propõe a fazer algo, é uma força a ser
reconhecida.
— Eu amo você. — Ao fundo, ouço alguém chamando por ela. —
Espere um pouco. — Ela abafa o telefone e eu a ouço dizer: — Estou aqui,
mamãe. — Não consigo entender o que ela diz em seguida, mas não é uma
conversa rápida. Finalmente, Penny retorna. — Temos um novo problema.
O medo enche meu estômago, e me preocupo com Hannah. — O
quê?
— Não há eletricidade no clube de campo. — Ela solta um suspiro.
— Onde o casamento deve ser realizado em menos de vinte e quatro horas.
Hannah Marshall

— Deixe-me ver se entendi direito. — Eu me forço a manter a voz


baixa. Penny e sua família estão nos quartos adjacentes. — Sua equipe ficou
presa em Chicago, então os pais de Shea voaram para buscá-lo, e você deveria
aterrissar em Scranton, mas agora está em Harrisburg.
— Babe... — A voz de Cord diz tudo. Ele sabe que fez besteira.
— Por que diabos só estou descobrindo isso agora? — Coloco a
mão no quadril e olho para a parede.
— Eu não queria que ninguém a aborrecesse. — Posso imaginá-lo
no avião, passando as mãos pelo rosto. — O bebê...
— Não comece com isso comigo, Cord Spellman. A gravidez dura
muito tempo. — Balancei a cabeça e soltei um suspiro frustrado. — Você
deveria ter dito alguma coisa.
— Eu sei, querida, me desculpe. Eu deveria ter lhe contado. Eu
esperava que tudo tivesse acabado antes que você descobrisse e que
pudéssemos rir disso. Mas você tem razão - eu deveria ter lhe contado desde o
início. — Eu queria continuar, mas parei. Ele se desculpou. Mas suas
próximas palavras me derretem. — Mas estou preocupado com você. Esse
bebê, você... você é o meu mundo inteiro. Você precisa saber disso.
Meu temperamento se desvanece. Ultimamente, ele tem estado
próximo à superfície, provavelmente por causa dos hormônios. Mas é difícil
ficar brava quando ele é tão doce. Mais uma vez, a decisão acertada de amá-
lo, de me casar com ele, me invade. Nunca darei por certo as reviravoltas do
destino que nos uniram.
Suspiro e pressiono a palma da mão contra a testa. Isso nos leva de
volta ao problema em questão. Meu noivo ainda está a horas de distância e
nossa cerimônia é amanhã. — E agora?
— O Sr. Carmichael está tentando nos tirar de Harrisburg. Mas é
meia-noite. As pessoas estão dormindo. Talvez seja preciso esperar até
amanhã de manhã.
Conto as horas em minha cabeça. — De lá, são apenas algumas
horas até Chesterboro. Você ainda deve conseguir.
— Eu realmente sinto muito, querida. Estarei aí assim que puder.
— Eu sei que você vai. Por favor, fique em segurança, está bem? —
Uma batida na porta chama minha atenção. Penny está na entrada da
biblioteca, e eu me preparo. — Pen?
— Não há eletricidade no clube de campo. — Uma coisa que adoro
na Penny é que ela não desperdiça palavras. Vai direto ao ponto. — Não faço
ideia de quando voltará.
Pressiono o botão do meu telefone para colocar Cord no viva-voz.
— Cord, você ouviu isso?
— Sim. Merda.
Ash e Cami aparecem na porta, e Cami diz: — Linc, Shea, Declan e
Ivy acabaram de chegar.
Olho para o rosto de meus amigos. Minha boca se firma. — Vamos
trazer você para cá, sã e salvo. Não me importa onde nos casaremos, desde
que você e os mais próximos estejam aqui. — Também estou falando sério. —
Penny, seus pais se importariam se fizéssemos a cerimônia aqui?
Penny dá de ombros. — Não. Minha mãe já está cuidando de todo
mundo. Ela provavelmente ficaria feliz.
— Está bem, então. Cord, avise-nos quando estiver em terra. Vamos
ver se conseguimos uma carona para você.
— Sim. E Hannah?
— Sim?
— Eu amo você. Mal posso esperar para me casar com você,
querida.
Apesar de todo o caos, meu coração se enche de alegria. — Eu
também amo você.
Nós nos desconectamos. — Ok. Estou oficialmente aberta a
qualquer sugestão para trazer Griff e Cord até aqui. O que temos?
A campainha toca, distraindo-nos. Do saguão, ouço a porta se abrir,
e o som das vozes de mais amigos preenche o ar. Nós saímos da biblioteca e
nos abraçamos. Todos parecem cansados, mas seguros e felizes.
Enquanto aperto os recém-chegados, ouço enquanto eles falam
sobre terem ficado presos em um aterro e como um caminhão de reboque os
salvou. Declan segura uma bengala doce. — O cara foi excepcional. Ele tinha
até doces de Natal. Estes são os de cereja. São superiores aos de menta em
todos os sentidos.
Essa afirmação é alvo de debate. Linc prefere hortelã, enquanto Ivy
diz que as bengalas menores são melhores do que as maiores porque são mais
fáceis de mastigar. Eles entram em uma conversa acalorada sobre o possível
dano aos dentes de Ivy. Eu balanço a cabeça, rindo, e minha determinação se
endurece.
Essas pessoas viajaram para estar comigo e com Cord em nosso dia
especial. Estaremos cercados de amigos e amor. Os detalhes não importam
depois disso.
Meus olhos ardem e eu os enxugo, determinada a não ficar
sentimental. Hormônios estúpidos.
De repente, pensando nos convidados que estão viajando para
chegar até nós, tive uma ideia. — Os Zelotes estão vindo para cá. Será que
eles estão perto de Harrisburg? — A banda dos meus amigos está em turnê,
mas eles organizaram sua agenda para estarem disponíveis amanhã.
— Eles não estariam voando? — pergunta Ivy.
— Acho que eles já pegaram o ônibus. — Verifico meu telefone. —
É tarde, mas é uma emergência.
— Tentei ligar para Bash mais cedo, — oferece Cami. — Não
houve resposta.
— Ele nunca atende o telefone. — Eu a dispenso. — Vou ver se
consigo chamar Libby. Ela quase não dorme mesmo.
Enquanto eu coloco a cantora do Zealot, Libby, em meus contatos,
Ivy coloca um cacho atrás da orelha e eu noto o enorme diamante em seu dedo
anelar. Distraída, dou um grito e pego sua mão, apertando-a. — Isso é o que
eu estou pensando que é? — Meu olhar passa entre ela e Declan.
Ela acena com a cabeça, rindo. Eu a envolvo com meus braços e as
lágrimas que eu estava determinada a esconder caem. — Parabéns, vocês dois!
Estou muito feliz por vocês! — Eu me afasto de Ivy e pulo nos braços de
Declan. Posso estar enganada, mas acho que os olhos dele também estão
embaçados.
— Ele a pediu no banco de trás do meu carro. — Linc revira os
olhos, balançando a cabeça. — Idiota.
— Quando chegar o momento certo, você precisa estar pronto,
Reynolds.
— O momento certo apareceu no banco de trás do meu carro? —
Linc bufa. — Acho que você talvez não saiba o que é o momento certo, Mitch.
— Foi perfeito, — declara Ivy, olhando para os dois gigantes à sua
frente. — Quero que saibam que eu não gostaria que fosse diferente.
— Vocês dois são loucos.
Shea passa o braço pelo braço do namorado, silenciando-o.
Há outra rodada de abraços de Cami e Ash. A mãe de Penny entra
com uma garrafa de champanhe e taças. Educadamente, eu recuso. — Quero
estar com a cabeça limpa amanhã, — me desculpo. — Além disso, preciso
ligar para Libby.
— Por falar em amanhã, — diz Ash, pousando seu copo. — Tive
uma ideia. Não sei se você vai gostar, mas talvez eu tenha o lugar perfeito
para sua cerimônia, se não pudermos ter o clube.
Faço uma pausa, com o telefone na mão. — Estou ouvindo.
Cord Spellman

Às três da manhã, o ônibus de turnê da Dazed Zealot para em frente


ao aeroporto de Harrisburg. Os deuses devem estar brilhando sobre nós porque
a neve parou de cair há cerca de uma hora. Duvido que as equipes rodoviárias
tenham limpado tudo ainda, mas pelo menos eles poderão ter um controle
melhor sobre as principais rodovias em breve.
Quando a porta do ônibus se abre, Bash Taylor fica na entrada. —
Sua carruagem o aguarda.
— Eu nunca vou ouvir o fim disso, — murmuro para Griff. —
Como Bash veio nos salvar. Idiota arrogante.
— Eles estão nos dando uma carona. Seja legal, — ele responde.
Eu resmungo, mas ele tem razão. Para falar a verdade, eu gosto do
cara. Ainda acho que ele é arrogante, mas tem sido um bom amigo para
Hannah.
A vocalista dos Zealot, Libby, nos dá as boas-vindas e nos oferece o
quarto para dormirmos. Griff aceita, mas eu lhe digo que estou bem. Estou tão
nervoso que duvido que consiga dormir. Não há necessidade de desperdiçar
uma cama comigo.
Mesmo sem a neve ativa, as estradas estão escorregadias e a viagem
é lenta, especialmente depois que saímos da rodovia e atravessamos as
montanhas. Apesar do meu ceticismo anterior, devo ter cochilado, pois
quando Libby me acorda, já paramos. — Chegamos.
O sol mal ilumina o céu, mas posso ver que eles nos estacionaram
do lado de fora do rinque de hóquei da Universidade de Chesterboro. — O que
estamos fazendo aqui?
Griff joga sua bolsa no ombro ao meu lado. — Não há energia no
clube de campo. A companhia elétrica não espera que a rede volte a funcionar
antes de um ou dois dias. — Ele aponta para o rinque onde jogávamos nossas
partidas na faculdade. — O Ash é o capitão este ano e perguntou ao treinador
se poderíamos usar as instalações. Eles têm geradores de emergência para
manter o gelo funcionando. Penny não sabia se teríamos todas as luzes, mas
devemos ter o suficiente para uma cerimônia e este lugar tem assentos
melhores. — Ele pondera antes de dar de ombros. — Bem, talvez uma vista
melhor.
Inclino-me para a frente para ter uma visão melhor do lugar pela
janela do ônibus. Hannah e eu viemos a Chesterboro para a formatura do ano
passado, mas não voltei à cidade desde então. As lembranças dos quatro anos
que passei aqui - incluindo todo o tempo que passei dentro deste mesmo
prédio - me invadem. Um sorriso escorrega por meus lábios. — Isso é
perfeito.
Griff me dá um tapinha no ombro e saímos do ônibus. Penny está no
final da escada do ônibus e se joga nos braços do namorado no momento em
que os dois pés dele estão firmes na calçada. Ele a levanta dos pés e a leva
embora, ainda segurando-a contra o corpo. Não posso deixar de sorrir, feliz
por meu amigo. Estou tendo um ano excepcional. Estou no caminho certo para
ir ao All-Star Game, mas uma das melhores partes desta temporada é ter Griff
comigo e conhecê-lo melhor.
— Onde está Hannah? — O resto da calçada está vazio, exceto pelo
resto dos Zelotes e sua equipe.
Penny sai do abraço de Griff, mas ele a arrasta para o seu lado. — É
o dia de seu casamento. Você não pode vê-la.
Eu a encaro. — De que diabos você está falando?
Griff rosna. — Veja como você está falando com minha Red,
Spellman.
Penny o golpeia. — Pare com isso. — Ela se desvencilha de sua
mão e se aproxima de mim. Seus cabelos ruivos estão em um coque molhado
no alto da cabeça, e ela apoia uma mão no quadril e me cutuca no peito. —
Fiquei acordada a noite toda, amigo. Estou cansada, mas adoro sua noiva,
portanto, de jeito nenhum você vai dar azar no meu turno. Então, o que você
fará é o seguinte. Vá para lá e tome uma ducha. Há água quente, já
verificamos. Trouxemos seu smoking para cá. Adiantamos a cerimônia. Ela
será realizada ao meio-dia, no centro de gelo, portanto, se alguém precisar
dirigir para algum lugar depois, poderá chegar lá antes que escureça e as
estradas congelem. — Eu só consigo piscar para ela. Quando não respondo
imediatamente, suas sobrancelhas se franzem. — Você entendeu?
Não posso deixar de sorrir para ela. — Sim, senhora. — Para Griff,
eu aceno com a cabeça. — Sua garota é assustadora, Parker.
Ele a puxa de volta para si, e ela o faz de bom grado. Ele deposita
um beijo no topo de sua cabeça antes de acariciar sua bochecha. — Ela é
magnífica.
Rindo, vou em direção à porta. De jeito nenhum arriscarei a ira de
Penny Hampshire novamente.
Faço o que me mandam. Tomo um banho no vestiário, no mesmo
chuveiro que usei centenas de vezes na escola. Quando estou me vestindo,
Linc, Declan e Ash já se juntaram a mim. Griff também toma banho aqui e,
quando estamos todos prontos, alguém abre uma garrafa de uísque. Todos,
exceto Ash, servem um copo. Quando levantamos para brindar, ele ergue sua
caneca de café.
— Obrigado, — digo para os homens ao redor. Encontro cada um
de seus olhares separadamente. — Não foi isso que o coordenador do nosso
casamento planejou, mas esta parte - ter todos vocês aqui comigo - é
exatamente a certa. — Levanto meu copo. — Saúde.
Todos bebemos, e há muitos tapinhas nas costas e abraços de meio
braço. Por fim, Linc verifica seu relógio. — Faltam dez minutos para o meio-
dia. Deveríamos ir para lá. — Todos acenam com a cabeça. Os demais saem
em fila, deixando-me no vestiário com Linc. O cheiro ainda é o mesmo - ruim.
Mas quando ele me examina e acena com a cabeça, sinto que é o lugar perfeito
para isso. Chesterboro foi onde Hannah e eu nos conhecemos. Se eu não
estivesse determinado a levar nosso time para as finais no ano passado, não
teria proposto aquele namoro falso e estúpido com ela. Eu a teria perdido.
— Vamos fazer isso, — diz ele.
— Claro que sim.
Ele agarra minha mão. Ficamos ali parados, sorrindo um para o
outro como idiotas. Ele inclina a cabeça. — É melhor irmos embora. Hannah
está esperando por você.
Aceno com a cabeça. O peso do momento me atinge e saio
correndo. Posso sentir Linc ao meu lado quando chegamos ao gelo. Alguém
deve ter encontrado o tapete de gelo que eles usam para as cerimônias de
lançamento do disco, pois ele está esticado até ao centro do gelo. À nossa
frente, as arquibancadas estão cheias. Pergunto-me sobre nossos amigos e
familiares e espero que todos tenham viajado com segurança. Tempestade
irritante. Mas não consigo ver nenhum rosto daqui para ver como estão todos,
então saio para o tapete de gelo. Com cuidado, Linc e eu nos dirigimos para a
extremidade, bem no centro do gelo. Há um cara de terno lá. O oficiante,
presumo. Eu aceno para ele, e ele inclina a cabeça em resposta. Em seguida,
endireito meus ombros e coloco as mãos à minha frente.
A música flui pelos alto-falantes, mas não é a música animada que
estou acostumado a ouvir aqui. É Canon in D, a música que Hannah queria
tocar em nosso casamento. Meus olhos encontram as placas, e a visão de
Hannah vestida de branco, com sua mãe como única acompanhante, rouba
meu fôlego.
Seu vestido não é elaborado. É de mangas compridas e gola alta,
ajustado até aos quadris, onde se estende em ondas até aos pés. Seus longos
cabelos estão para trás e um véu branco simples está caído até à ponta de seus
dedos. Seu sorriso é brilhante. Ela é a coisa mais linda que já vi.
Mal consigo engolir o nó na garganta. Quando ela se junta a mim,
pego suas mãos. Não tenho a menor ideia se é isso que devo fazer. Não
tivemos nenhum ensaio normal. Mas preciso tocá-la agora mesmo. Tudo o que
posso fazer é ficar ali, com os olhos embaçados, olhando para ela.
— Que bom que você conseguiu vir, — ela sussurra, e então dá uma
piscadela. Não consigo evitar – dou uma risada. Meu coração está cheio, e a
felicidade interna quase dói em meu peito.
Apertando seus dedos, enxugo uma lágrima que escapou pelo canto
do meu olho. — Nem mesmo uma nevasca poderia ter me impedido, querida.
Ao nosso lado, o celebrante leva um microfone aos lábios. —
Queridos amigos... — ele começa.
Ash Draper

— Agora eu os declaro marido e mulher. Podem beijar a noiva. —


A voz do oficiante ecoa pelo sistema de som e, no telão, vemos Hannah e
Cord se abraçarem. A multidão se enche de aplausos, gritando. Quando os
recém-casados se separam, eles erguem as mãos entrelaçadas. Eu não me
consideraria um cara sentimental, mas até eu não consigo deixar de me
emocionar.
A coordenadora do casamento sai para o gelo. Todas as vezes que a
vi desde que chegamos ontem à noite, ela parecia estar doente. Mas agora seu
sorriso está relaxado. — Temos boas notícias. O local do evento voltou a ter
energia. Afinal, eles vão nos acomodar. — Há mais aplausos. — Precisamos
dar-lhes um pouco de tempo para se prepararem, mas se quiserem ir até ao
Chesterboro Country Club, eles servirão alguns aperitivos leves e coquetéis
enquanto esperamos. — Ela aponta para a saída. — Além disso, se preferirem
deixar seu carro aqui por enquanto, o motorista do ônibus dos Dazed Zealots
se ofereceu para levar os convidados ao clube.
Ela faz um gesto para a caixa de áudio e a música volta a tocar
quando Hannah e Cord voltam para o carpete e deixam o gelo, seguidos por
Linc e pela mãe de Hannah.
Aperto a mão de Cami e, quando encontro seus olhos, vejo que suas
bochechas estão molhadas. — Cam?
Ela enxuga as lágrimas, com um sorriso aguado nos lábios. — Eu
adoro casamentos.
Revirando os olhos, dou uma risadinha e a seguro ao meu lado. —
Eu amo você. — Ela ri e dá uma fungada, pegando um lenço de papel no
bolso do casaco. Os outros convidados ao nosso redor também estão
agasalhados, com casacos sobre os trajes de casamento. — Vamos lá. Vamos
parabenizar o casal feliz.
Seguimos o resto da festa até ao foyer, onde Hannah e Cord estão
abraçando as pessoas. Cord colocou o paletó do smoking em volta dos ombros
de sua nova esposa. É uma cena estranha - todas essas pessoas de terno e
vestido na entrada do rinque. Mas ninguém parece se importar com o fato de
não ser tradicional, especialmente Cord e Hannah. Eles parecem felizes o
suficiente para explodir, e sua alegria irradia pelo resto da multidão.
Bato no ombro do novo noivo. — Parabéns. Fico feliz que tenha se
juntado a nós.
Ele ri, segurando minha mão. — O mesmo. Ouvi dizer que foi você
quem fez isso acontecer. — Ele aponta para o rinque. — Obrigado por ter se
apresentado.
— Parecia um lugar apropriado para um ex-capitão se casar. —
Cutuco Cami antes de colocar meu braço em volta de seus ombros. — Talvez
devêssemos pensar nisso quando chegar a hora.
Ela sorri e revira os olhos. — Por favor. Minha mãe nunca me
deixará ouvir o fim disso se não houver uma cruz sobre nossas cabeças
quando nos casarmos.
Já conversamos sobre essas coisas - casamento, nosso futuro -, mas
adoro ouvi-la fazer referência aos nossos sonhos como se fossem inevitáveis.
Houve um tempo em que eu tinha certeza de que tinha estragado tudo entre
nós, mas agora estamos olhando para sempre. Isso é humilde e me enche de
gratidão.
Eu a aperto contra mim e dou um beijo em sua têmpora. Ela olha
para cima, e o que quer que veja em meu rosto faz com que seus olhos se
franzam. Damos um passo à frente para permitir que os próximos convidados
cumprimentem o casal feliz, e ela se inclina para mais perto. — Você está
bem?
— Eu estou incrível. O cara mais sortudo de todos, — asseguro a
ela.
Ela acena com a cabeça e Griff e Penny se juntam a nós. Eles nos
acompanham até ao clube de campo. Quando chegamos lá, vejo que os Dazed
Zealots se instalaram no canto do salão de baile. Menciono isso para Penny, e
ela nos diz que o DJ não pôde vir de Nova York, então os Zealots vão tocar
para nós. Duvido que haja alguém aqui que vá se importar com um show de
uma das bandas mais promissoras do mundo.
O que se segue é um turbilhão. Pode ter havido algumas tentativas
para reunir todos, mas a festa resultante é digna de registro. O clube de campo
se prepara para receber seus convidados VIP. Não sei quanto dinheiro foi
trocado, mas a bebida é da mais alta qualidade, a comida é excelente e o
serviço é de primeira qualidade.
A dança continua até tarde, e eu aproveito o tempo que passo com
meus amigos do hóquei. Embora eu adore minha equipe este ano, sinto falta
dos três colegas de quarto do ano passado que me acolheram e me incluíram.
Linc, Griff e Declan não eram apenas meus colegas de quarto - eles se
tornaram meus amigos mais próximos.
Depois que os Zealots tocam vários sets e covers intermináveis, eles
alegam exaustão. No entanto, alguém conecta suas listas de reprodução aos
alto-falantes para manter a música fluindo. Alguns dos outros convidados se
recolhem e vão embora, mas a banda, meus ex-companheiros de equipe e
nossas parceiras se espalham por algumas mesas, colocando a conversa em
dia.
— A recepção está quase terminando, Hannah. Acho que você pode
relaxar. Um drinque especial para a noiva, — ela diz, acenando para um
garçom.
Hannah já está balançando a cabeça. — Não, na verdade estou bem
com isso... — Ela segura seu club soda. Ela olha para Cord, que acena com
um sorriso. — E o bebê também.
Nosso grupo começa a dar os parabéns e, mais uma vez, todos nós
precisamos abraçar o casal. Quando as coisas se acalmaram, Declan ergueu
seu copo. — A Hannah e Cord.
Todos fazem um brinde. Depois de bebermos, Cord ergue seu copo
novamente. — E a Declan e Ivy. Parabéns por seu noivado. Mais uma vez, eu
supero vocês. Um casamento em um rinque de hóquei é mais legal do que um
pedido de casamento em um carro. — Todos rimos e bebemos novamente.
‘May I Have This Dance?’ de Chance the Rapper, toca nos alto-
falantes, e Ivy se levanta. Ela agarra o braço de seu noivo e os dois vão para a
pista de dança, reencenando a dança que fizeram na competição em que
competiram no ano passado. Depois disso, todos nós nos juntamos a eles.
Encosto Cami em meu peito, abraçando-a. — Eu te amo, Cam.
Espero que você saiba disso.
— Eu sei. — Ela sorri para mim, e eu me deleito com a felicidade
em seus olhos. — Isso significa que precisamos inventar algum truque ridículo
de noivado ou ter alguma história de casamento maluca? — Ela estreita o
olhar. — Porque eu sou uma atriz. Posso inventar algumas coisas malucas.
Dou uma risada. — Tenho certeza de que você pode. Mas, por
enquanto, vou me contentar em estar loucamente apaixonado por você pelo
resto da minha vida.
Ela sorri e encosta sua boca na minha. Nós nos balançamos juntos,
nossos lábios brincando uns com os outros, enquanto absorvemos a alegria
que nos cerca.

FIM

You might also like