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12.

2 Gestão de Incidentes
Esta sessão trata os seguintes tópicos:
 Desconexão acidental.
 Hematoma no acesso.
 Detector de ar.
 Fuga de sangue.
 Embolia gasosa.
 Hemólise.
 Pirexia.
 Falha de corrente eléctrica.
 Falta de água.

12.3 Níveis de intervenção


Os incidentes que podem acontecer durante um tratamento de diálise provocam problemas no doente com diferentes
níveis de gravidade. Estes diferentes níveis de gravidade requerem diferentes níveis de intervenção.
1. Suspensão temporária do tratamento - recirculação.
2. Suspensão temporária do tratamento - substituição do circuito.
3. Fim do tratamento.
Com o aumento dos níveis de gravidade diminui a frequência dos incidentes. Vamos abordar cada nível começando
com os que acontecem com maior frequência.

12.4 Interrupção do tratamento: recirculação


Vamos começar pela interrupção do tratamento e recirculação. Estamos a referir-nos a uma interrupção planeada ou
controlada do tratamento através da desconexão do doente às linhas do circuito. Após esta desconexão, as linhas de
sangue (arterial e venosa) são ligadas de modo a formar um circuito fechado, que deve ser mantido até ser possível
voltar a ligar o doente ao circuito.
Esta intervenção pode ser necessária quando há:
 Necessidade do doente ir à casa de banho.
 Hematoma no acesso.
 Ar excessivo no circuito.
 Situações de emergência.

12.5 Recirculação
Vamos analisar o procedimento sobre recirculação.

12.6 Primeiro, parar o tratamento


Primeiro, pare a bomba de sangue. A seguir, suspenda a remoção de líquidos ou ultrafiltração, pois esta não deve
continuar até o tratamento recomeçar. Pare a contagem (tempo) do tratamento e anote o tempo já realizado, pois terá
que contabilizar este tempo quando reiniciar o tratamento. Informe-se sobre o procedimento na clínica para esta
situação.

12.7 Desconectar as linhas de sangue


Ao desconectar as linhas de sangue existe o risco de exposição ao sangue. Por isso, é importante assegurar o uso do
EPI correcto. Por vezes, as pessoas esquecem-se disso porque o procedimento tem de ser executado à pressa. No
entanto, é da máxima importância usar o EPI. Também é importante garantir a segurança dos doentes de duas
formas: 1. Prevenir a contaminação bacteriana, assegurando a protecção permanente das extremidades das linhas e a
sua não exposição a superfícies potencialmente contaminadas; 2. Prevenir a entrada de ar no acesso ou nas linhas de
sangue, utilizando pinças onde for apropriado.

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12.8 Estabelecer o modo de recirculação
Para formar um circuito fechado, tem de conectar a linha arterial à linha venosa. Que tipo de conectores é que a
clínica utiliza para ligar as linhas? Onde estão guardados? Depois da ligação, abra todos os ‘clamps’ nas linhas de
sangue. Ligue a bomba e mantenha-a em funcionamento, a baixa velocidade. O objectivo é prevenir a coagulação do
circuito enquanto está desligado do doente. Normalmente uma velocidade da bomba de 50-100 ml/min é suficiente.
Muitas vezes, é necessário abrir ligeiramente o orifício de infusão de soro, sobretudo se ocorrerem alarmes de baixa
pressão, normalmente venosa.

12.9 Cuidados com o acesso


 Lave as agulhas ou os lúmens do catéter com soro fisiológico para manter a sua permeabilidade (impedir que
coagulem).
 Previna a contaminação protegendo os terminais do acesso até que o circuito seja restabelecido.

12.10 Durante a recirculação


Durante a recirculação o sangue apenas circula nas linhas e no dialisador. É importante controlar o tempo durante o
qual o sistema esteve em recirculação. Qual é o tempo máximo estabelecido na sua clínica para a recirculação no
circuito? (Normalmente, não deve exceder os 20, 30 minutos mas, claro, dependerá do aspecto do sangue no
circuito)
Durante esse tempo, o circuito deve ser monitorizado quanto a sinais de:
 Coagulação.
 PTM elevada, pressão venosa baixa, pressão venosa alta.
 Hemólise.

12.11 Reconectar o circuito ao doente


Uma vez resolvido o problema, chegou o momento de reconectar o circuito. O circuito pode voltar a ser ligado,
aplicando-se as mesmas considerações aquando da interrupção: EPI correcto, impedir a contaminação e a entrada de
ar.

12.12 Após reconectar


Depois de reconectar o circuito ao doente e de restabelecer o débito de sangue é necessário avaliar a necessidade de:
 Ajustar a UF - se tiver sido administrado soro no circuito, pode ser necessário reprogramar a UF e o tempo,
pois pode não ser possível obter toda a UF no tempo restante.
 Ajustar o tempo - o tempo que o tratamento esteve interrompido deve ser acrescentado ao tempo de
tratamento; caso contrário, a eficácia do tratamento diminuirá e, como já foi mencionado, também pode não
ser possível conseguir toda a UF necessária.
 Ajustar o Qb pois pode não ser possível obter o fluxo de sangue necessário se tiver ocorrido um problema no
acesso. Reduzir o débito de sangue talvez seja a única opção, mas a administração da diálise será menos
eficiente.
 Pode ser necessário ajustar a anticoagulação.

12.13 Problemas que podem levar à recirculação


Os problemas que podem levar à recirculação são:
 Desconexão acidental.
 Hematoma no acesso.
 Presença de ar no circuito extracorporal.

12.14 Desconexão acidental


A desconexão pode ocorrer acidentalmente se o doente retirar uma agulha do acesso ou se esta não tiver sido
correctamente fixada. O circuito deve ser mantido em recirculação até inserção de uma nova agulha.

12.15 Hematoma no acesso


Durante o tratamento pode ocorrer hematoma no acesso devido a:
 Agulha mal inserida no início do tratamento - a agulha pode ter ficado encostada à parede do vaso e apenas
um pequeno movimento provocar a infiltração.
 Deslocação da agulha - se a agulha estiver mal fixada, apesar de bem inserida, pode provocar uma infiltração
se o doente se movimentar.

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 Pressão venosa muito elevada pode levar a infiltração no acesso e frequentemente indica que a escolha do
local foi inapropriada. Neste caso, a elevada pressão venosa predispõe a hematoma do acesso mas não é a
verdadeira causa.

12.16 Manter o acesso


Após estabelecer a recirculação é importante avaliar como se vai manter o acesso:
 O acesso sem problemas deve ser lavado com soro fisiológico para evitar que coagule.
 Avalie regularmente a sua permeabilidade.

12.17 O que fazer com a agulha que provocou o hematoma?


 Decida se é melhor remover a agulha que provocou o hematoma ou deixá-la onde está. Esta decisão pode
depender da posição da agulha em relação ao acesso, ou seja, de existir ou não espaço para colocar outra
agulha e do grau de hematoma. Se for significativo, talvez seja vantajoso retirar a agulha.
 Se optar por retirar a agulha, efectue a hemostase e avalie o acesso. Pode ser necessário também aplicar gelo
na zona. Neste caso, avalie cuidadosamente o pulso e o frémito.

12.18 Inserir nova agulha


 Após hemostase, insira uma nova agulha. Quer insira uma nova agulha após hemostase, quer opte por mater a
agulha, assegure-se sempre de que a agulha está colocada acima (venosa) ou abaixo (arterial) do local de
hematoma. Nunca inverta os locais nem utilize a agulha venosa como arterial e a arterial como venosa.
 Se se mantiverem os problemas com o acesso ou se o hematoma for extenso pode não ser possível atingir o
débito prescrito. Reduzir o débito pode ser a única opção, mas levará a um tratamento menos eficiente.

12.19 Ar no circuito
Vamos ver agora um outro problema frequente, durante a diálise, que pode implicar colocar o circuito em
recirculação: a presença de ar no circuito.

12.20 Alarme no detector de ar


O alarme no detector de ar pode ser activado por várias razões como nível demasiado baixo, turbulência ou ar no
filtro da ampola venosa. Estas situações, que já foram abordadas na sessão oito, podem ser resolvidas com bastante
facilidade.
Por vezes, o problema é um pouco mais sério e não consegue ser resolvido de forma tão simples. As causas mais
frequentes são:
 Ar no circuito devido a uma deficiente conexão entre a linha de sangue e o acesso, à entrada de ar através de
locais de infusão, a um “priming” mal realizado ou a um débito de sangue baixo.
 A coagulação das linhas de sangue deve ser considerada como uma causa possível de alarme no detector de
ar se nenhuma das situações acima indicadas estiver presente.

12.21 Excesso de ar
Primeiro, é importante proteger o doente da entrada de ar. Para tal, desconecte o doente do circuito e inicie a
recirculação conforme descrito anteriormente.

12.22 Remover o ar do circuito


Retire o ar do circuito com a ajuda de soro fisiológico (abrir linha do soro) em recirculação. Enquanto o circuito
estiver em recirculação, remova o excesso de ar batendo levemente nas linhas de sangue, no dialisador e na câmara
venosa. O nível de sangue na câmara venosa e/ou outras câmaras pode ter de ser ajustado várias vezes durante este
processo. Mantenha a recirculação até o ar até o ar ser completamente removido.

12.23 Reconectar o doente


Depois da remoção do ar, o circuito pode voltar a ser conectado ao doente, seguindo os procedimentos já referidos:
EPI correcto, prevenir a contaminação e a entrada de ar.
Uma vez retomado o tratamento, pode ser necessário voltar a programar os parâmetros. Também pode ser necessário
ajustar a heparinização, dado que o ar presente no circuito pode provocar coagulação numa fase posterior do
tratamento. Se não for administrado um anticoagulante extra, avalie o circuito durante o tempo restante de
tratamento quanto a sinais de coagulação.

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12.24 Substituir o circuito
As situações que requerem um segundo nível de intervenção podem incluir:
 Coagulação.
 Fuga de sangue.
A decisão de substituir o circuito depende da causa e da gravidade da situação. Devem ser ambas avaliadas.

12.25 Sinais de coagulação


Os primeiros sinais de coagulação podem ser um aumento da PTM e uma diminuição da pressão venosa, devido à
redução do fluxo sanguíneo através do dialisador. Muitas vezes, isto não é detectado e os primeiros sinais já são um
aumento da PTM e uma elevada pressão venosa. Se suspeitar de coagulação, verifique a PTM e a pressão venosa.
Verifique também a câmara venosa e procure coágulos à volta da sua parte superior. Em algumas situações, a
coagulação pode activar o alarme do detector de ar.

12.26 Coagulação: como actuar


Se a bomba de sangue ainda conseguir funcionar, introduza algum soro no circuito. Se ocorrerem pressões altas,
pode ser necessário reduzir a velocidade da bomba. Também pode ser necessário administrar um bólus de
anticoagulante no circuito. Qual é o procedimento na sua clínica?
Em certas situações, a coagulação pode ser tão maciça que a ampola venosa coagula e o detector de ar não faz o
“reset”. Neste caso, é preciso substituir as linhas de sangue.

12.27 Fuga de sangue


Vamos ver outro problema potencial durante a diálise: a fuga de sangue. Os detectores de fuga de sangue foram
acrescentados às máquinas de diálise porque as membranas do dialisador rompiam frequentemente, provocando uma
perda de sangue para o compartimento do dialisante. Dependendo da gravidade da ruptura, esta nem sempre era
possível de detectar. Hoje, com as novas membranas dos dialisadores, as fugas de sangue são muito menos comuns.

12.28 Alarme de fuga de sangue: causas


O detector de fuga de sangue pode ser activado por diversas razões:
 Sujidade no detector ou ar no dialisante, proveniente do dialisador.
 Pequena fuga de sangue - ocorreu uma pequena ruptura na membrana não visível a olho nu.
 Grande fuga de sangue - ocorreu uma grande ruptura na membrana do dialisador. Neste caso, o sangue pode
ser visto no dialisante.

12.29 Alarme de fuga de sangue: como actuar


Quando o detector de fuga de sangue é activado, normalmente a bomba de sangue e o fornecimento de dialisante ao
dialisador são suspensos. Verificar:
 É possível o “reset”? Muitas vezes é o que acontece se for detectada apenas sujidade ou ar e não sangue.
 Existe sangue visível no dialisante?
 Se o sangue não for visível, o teste ao dialisante foi positivo para sangue?
Se os testes não revelarem a presença de sangue, limpe o detector e efectue o “reset”. O que diz o procedimento?

12.30 Sangue não visível


Se o sangue não estiver visível, MAS o teste for positivo, há uma pequena fuga de sangue. Nessa situação:
 Pare o fluxo de dialisante ( “by- pass”); ao fazer isto a pressão no compartimento do dialisante é reduzida ao
mínimo, o que ajuda a prevenir a entrada de dialisante no compartimento do sangue do dialisador.
 Devolva o sangue ao doente
Cuide do doente e do seu acesso e substitua o circuito. O que diz o procedimento?

12.31 Sangue visível


Se o sangue for visível é porque se trata de uma grande fuga de sangue. Nesta situação:
 Uma decisão tem de ser tomada - devolve-se o sangue ao doente ou rejeita-se todo o sangue que está no
circuito.
 Se a decisão tiver sido devolver o sangue ao doente, retire os conectores do dialisante e coloque as
respectivas tampas no dialisador. Isto vai assegurar um gradiente de pressão positiva entre o compartimento
de sangue e o do dialisante, evitando a passagem de dialisante para o compartimento do sangue.

12.32 Substituição do circuito


Quando é necessário substituir o circuito é importante suspender o tratamento como já foi descrito anteriormente.

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O que diz o procedimento?

Comece por remover as linhas de sangue e o dialisador. Coloque-os no contentor de lixo contaminado com as
devidas precauções. Verifique se tem o concentrado correcto, porque o monitor vai ser utilizado logo que possível.
Coloque um novo dialisador e novas linhas de sangue. Realize o “priming” de acordo com o procedimento. Não
elimine passos porque isso pode propiciar a coagulação do circuito.

12.33 Avaliar o doente e reiniciar o tratamento


Antes de reiniciar o tratamento, avalie a pressão arterial do doente. Como existiu perda de sangue, a pressão poderá
estar mais baixa que o normal.
Avalie a necessidade de:
 Ajustar a UF, para compensar a hipotensão.
 Ajustar o tempo para compensar o tempo perdido.
 Ajustar o Qb ao valor prescrito e verificar se este pode ser atingido, avaliando a pressão arterial. Uma pressão
arterial baixa pode provocar a coagulação do circuito. Por outro lado, devido à perda de sangue, a circulação
periférica pode estar diminuída e pode não ser possível alcançar o débito de sangue necessário.
Retome o tratamento.

12.34 Consequência no valor da hemoglobina


A perda de sangue no circuito terá efeito sobre o nível de hemoglobina do doente. Colha uma amostra de sangue
para verificar a hemoglobina no próprio dia ou antes do tratamento seguinte.

12.35 Interrupção do tratamento


A gravidade de alguns incidentes implica um terceiro nível de intervenção, a interrupção do tratamento. Estes
incluem:
 Embolia gasosa.
 Hemólise.
 Reacções pirogénicas/pirexia.
 Paragem cardio-respiratória.
Nesta sessão vamos abordar as três primeiras situações; a paragem cardio-respiratória será abordada noutra sessão.

12.36 Embolia gasosa


O ar nunca pode passar do detector de ar. A embolia gasosa pode ocorrer se o ar não tiver sido correctamente
removido da linha venosa, se detector de ar desactivado (manualmente ou devido a avarias), ou se durante a conexão
de um doente com CVC, os clamps não foram devidamente fechados e/ou os terminais do CVC não foram
protegidos.

12.37 Sinais de embolia gasosa


Os sinais de embolia gasosa incluem:
 Observação de entrada de ar no doente.
 Dor no peito, dispneia, tosse e cianose.
 Distúrbios visuais (“ver estrelas”, diplopia, cegueira).
 Alterações neurológicas (confusão, coma, hemiparesia).
 Hipotensão grave.

12.38 Embolia gasosa: actuação


Quando ocorre embolia gasosa deve-se rapidamente:
 Suspender o tratamento.
 Posicionar o doente em Trendelenburg.
 Virar o doente sobre o lado esquerdo.
 Aspirar o ar do acesso.
 Administrar oxigénio.
 Observar e avaliar.
 Providenciar assistência médica e medidas preventivas para o caso de necessidade de iniciar ressuscitação
cardio-respiratória e chamar suporte avançado (INEM).

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12.39 Hemólise
A hemólise é um incidente pouco frequente na diálise por isso pode passar despercebido. A hemólise ligeira pode
apenas ter como consequência um aumento da dose dos estimuladores da eritropoiese; pelo contrário, a hemólise
grave pode resultar em paragem cardio-respiratória e até morte.

12.40 Hemólise: causas


As causas potenciais de hemólise são:
 Químicas:
o Cloro no dialisante: quando não é eficazmente removido pela UTA.
o Falhas nos testes de resíduos quando o hipoclorito foi utilizado como solução de desinfecção do
monitor.
o Quando por erro é utilizado hipoclorito de sódio em vez do dialisante e os detectores do monitor não
alarmaram nem detectaram a solução incorrecta por avaria.
o Temperatura do dialisante superior a 41ºC
 Mecânicas:
o Esmagamento no segmento da bomba de sangue: causado por um desvio entre o fluxo real e o
seleccionado e é evidenciado por uma pressão arterial elevada, habitualmente> -200mmHg.
o Vincos no circuito: quer por de erros de fabrico ou erros de montagem das linhas.
 Erros com infusões/ transfusões

12.41 Sinais de hemólise grave


 Dispneia/ dor no peito.
 Hipotensão.
 Sangue na linha de retorno venoso mais claro, hemodiluido.
 Ardor e dor localizada no acesso venoso.
 Arritmias.
 Sensação de calor (se relacionada com elevada temperatura do dialisante).
 Dor abdominal.

12.42 Hemólise maciça


Hoje em dia, é menos comum ver o que Twardowski (ZJ, 2001) descreveu como hemólise maciça. A hemólise
maciça está associada a um pink test positivo (soro rosado), devido à presença de hemoglobina livre, elevada
concentração no soro de Lactato Desidrogenase e ausência quase total de haptoglobina.

12.43 Hemólise: actuação


Se se suspeitar de hemólise é necessário:
 Parar o tratamento imediatamente.
 Não devolver o sangue ao doente.
 Aplicar medidas de reanimação segundo os procedimentos.
 Efectuar colheita de sangue para hemograma (incluindo haptoglobina) e outros parâmetros analíticos.
 A hemólise pode ser indicada por:
o Diminuição aguda do hematócrito e haptoglobina.
o Hipercaliémia.
 Registo dos lotes dos produtos e quando possível guardar as linhas de sangue.

12.44 Reacção pirogénica


Normalmente, manifesta-se com um aumento brusco e repentino da temperatura corporal. Isto resulta da exposição a
bactérias ou endotoxinas durante o tratamento e pode ocorrer ou não com sinais de infecção.

12.45 Pirexia
Os fenómenos de pirexia podem ocorrer durante o tratamento por várias razões:
 CVC, especialmente quando existem sinais de infecção no local de inserção do cateter.
 Dialisante contaminado.
 Contaminação durante a técnica de punção do acesso ou a conexão ao cateter.
 Contaminação na preparação do monitor (linhas, dialisador e, principalmente, terminais das linhas não
protegidos).
 Infecção pré-existente (por exemplo, alimentos contaminados).

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12.46 Pirexia: sinais
Devido à natureza da diálise, as bactérias podem propagar-se rapidamente através do organismo quando o
tratamento é iniciado. Os sinais de pirexia incluem:
 Aparecimento súbito de febre.
 Arrepios (calafrios) involuntários.
 Hipotensão.
 Sensação de “frio” e “mal-estar”.
 Colapso grave.

12.47 Pirexia: intervenção


Se um doente apresentar febre é importante avaliar e monitorizar a sua temperatura ao longo do tratamento. Para
reduzir a temperatura podem ser administrados anti-piréticos.
Devem ser colhidas hemoculturas, especialmente se o doente mantiver temperatura elevada, outras amostras
sanguíneas, como hemograma e proteína C reactiva (PCR) , como amostras de fluído de diálise (dependendo da
suspeita da fonte da infecção). Quando os sintomas são graves, deve decidir-se se o tratamento dialítico deve ou não
ser interrompido.

12.48 Falha de fornecimento de corrente eléctrica


Outro dos potenciais problemas que podem ser encontrados é a falha de corrente eléctrica.

12.49 Falha de corrente eléctrica: actuação


Se ocorrer uma falha de corrente, em primeiro lugar:
 Verifique o quadro eléctrico - em que local da clínica se encontra o quadro eléctrico?
 Chame os serviços técnicos. Para que número deve ligar? Ter em atenção, que poderá existir telefones que
não funcionam sem electricidade.
 Contactar a EDP. Para que número deve ligar?
 Existe um gerador de emergência? Onde está? Como é que funciona?

12.50 Por pouco tempo


Enquanto espera que o abastecimento de electricidade seja reposto, anule os alarmes.
As máquinas têm uma bateria de reserva? Nesse caso, a bomba de sangue funciona lentamente para manter o
circuito. Caso contrário:
 Abra a tampa da bomba.
 Rode lentamente a bomba.
 Peça aos doentes para rodarem as suas próprias bombas.

12.51 Recuperação após falha de corrente eléctrica


Depois de restabelecida a electricidade confirme os dados do tratamento:
 Verifique se o débito de sangue está regulado para a velocidade correcta.
 Verifique a perda de peso e ajuste-a, se necessário.
 Ajuste o tempo, se necessário.
 Active os alarmes.

12.52 Muito tempo


Se não for possível restabelecer rapidamente a corrente eléctrica o doente tem de ser desligado do monitor. Primeiro,
abrir o soro fisiológico para infusão. Depois, rode lentamente a bomba de sangue à mão, para devolver o sangue ao
doente.
Depois do sangue devolvido:
 Lave o acesso com soro fisiológico.
 Proteja os terminais do acesso.
Espere até que a corrente eléctrica seja restabelecida.

12.53 Após o retorno do sangue


As máquinas emitem regularmente alarmes, se não houver corrente eléctrica. Por isso, é conveniente desligá-las até
a corrente ser restabelecida. Se possível, registe o tempo de tratamento que decorreu e o volume de UF que foi
obtido antes de desligar o monitor. Desligue o monitor, retire as linhas de sangue e o dialisador, remova o
concentrado e ligue os conectores do dialisante ao monitor.

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12.54 Após o restabelecimento da corrente
Depois da corrente restabelecida, o tratamento pode ser reiniciado. Ligue o monitor e coloque os concentrados. Use
um novo dialisador e novas linhas de sangue. Realize o “priming” de acordo com o procedimento.

12.55 Reiniciar o tratamento


Reinicie o tratamento.
Avalie a necessidade de:
 Ajustar a UF.
 Ajustar o tempo.

12.56 Falta de água


O último problema que será abordado nesta sessão é o que fazer se houver algum problema com o fornecimento de
água.

12.57 Entrada de água


Se ocorrerem alarmes de falta de água no monitor, verifique primeiro o fornecimento da água à máquina. Verifique
a tubagem de água quanto a dobras ou vincos e verifique as outras máquinas. Se as outras máquinas estiverem a
emitir alarmes, verifique a Unidade de Tratamento de Água. Se estiver a funcionar devidamente, CONTACTE o
fornecedor de água. Para que número deve ligar?

12.58 Alarme de falta de água


Primeiro, silencie o alarme e avalie o débito de sangue. Em alguns tipos de monitores, o débito de sangue diminui
automaticamente quando o alarme ocorre. Se o débito de sangue tiver diminuído, os limites dos parâmetros de
segurança podem necessitar de reajustamento até a alimentação de água ser restabelecida. Verifique a causa e, se
possível, rectifique-a. Esta situação é mais provável se existir um problema apenas com a alimentação a uma
máquina. O alarme de “água insuficiente” também desencadeia alarmes de condutividade. Por isso, quando a
condutividade tiver sido restabelecida, reinicie o tratamento. Se o débito de sangue tiver sido reduzido pelo monitor,
este vai reajustá-lo para o valor anterior ao alarme. Caso contrário, deve ter o cuidado de o ajustar. Ajuste o tempo
de tratamento para compensar o tempo perdido.

12.59 Falta de água sem resolução


Se o fornecimento de água não puder ser restabelecido, o tratamento tem de ser suspenso. Contacte o técnico se o
problema estiver relacionado com a fonte de alimentação de água. Para que número deve ligar?
Registe o tempo de tratamento efectivo e a perda de UF obtida durante o tratamento. Esta pode ter de ser
compensada no tratamento seguinte.

12.60 Lembre-se: em qualquer situação


 Não entre em pânico.
 Mantenha a calma.
 Peça ajuda.

12.61 Após a ocorrência de um incidente


Verifique sempre que ocorra um incidente que este fica devidamente registado segundo o procedimento. Esta
atitude é sempre necessária para a maioria dos incidentes discutidos nesta sessão.

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