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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
ENGENHARIA QUÍMICA

VALÉRIA PEREIRA SOARES

COSMÉTICOS NATURAIS E ORGÂNICOS: UMA OPÇÃO DE


INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL

João Pessoa - PB
2020
Valéria Pereira Soares

COSMÉTICOS NATURAIS E ORGÂNICOS:


UMA OPÇÃO DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Química do campus I
da Universidade Federal da Paraíba, como
requisito parcial para obtenção do grau de
bacharel em Engenharia Química, sob a
orientação do Prof. Dr. Gênaro Zenaide
Clericuzi.

JOÃO PESSOA - PB
2020
COSMÉTICOS NATURAIS E ORGÂNICOS:
UMA OPÇÃO DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia
Química do campus I da Universidade
Federal da Paraíba, como requisito
parcial para obtenção do grau de
bacharel em Engenharia Química, sob a
orientação do Prof. Dr. Gênaro Zenaide
Clericuzi.

Aprovada em: 07/12/2020

Banca Examinadora

PROF. DR. GENARO ZENAIDE CLERICUZI – DEQ/CT/UFPB

DR. FRANKLIN PESSOA AGUIAR DEQ/CT/UFPB

ENG. QUÍMICA PRICILA DE SOUSA ARAÚJO DEQ/CT/UFPB


Catalogação na publicação Seção de
Catalogação e Classificação

S676c Soares, Valeria Pereira.


COSMÉTICOS NATURAIS E ORGÂNICOS: UMA OPÇÃO DE INOVAÇÃO
SUSTENTÁVEL / Valeria Pereira Soares. - João Pessoa,
2020.
49 f. : il.

Orientação: GENARO CLERICUZI.


TCC (Graduação) - UFPB/CT.

1. Cosméticos naturais e orgânicos. Meio ambiente. I.


CLERICUZI, GENARO. II. Título.

UFPB/BS/CT CDU 66.01(043.2)

Elaborado por ROSANGELA GONCALVES PALMEIRA - CRB-216


Dedico este trabalho primeiramente a Deus,
aos meus pais por terem me incentivado e me
apoiado, aos amigos e todos que
colaboraram e contribuíram no processo do
aprender. Sem vocês isso não seria possível.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente por ter me proporcionado viver essa experiência e por
ter me dado forças em todos os momentos.
Minha eterna gratidão aos meus pais, Valdimeire e Carlos, à minha irmã Camilla, por
todo apoio desde o começo.
Agradeço aos meus professores do CT em especial ao meu orientador Gênaro Zenaide
Clericuzi por todo apoio e ensinamentos.
Carinho enorme e extrema gratidão as minhas amigas Alany, Elen, Lívia, Giulia e Iza
por toda troca de conhecimentos, amizade, parceria e crescimento.
E não menos importante, gratidão à UFPB por ter me proporcionado viver experiências
enriquecedoras e que me moldaram como pessoa e profissional.
Resumo

A pesquisa tem como desafio construir ideias acerca da produção e consumo de


cosméticos naturais e orgânicos a partir da seguinte pergunta “cosméticos naturais podem valer-
se como dispositivo para pensar acerca de uma consciência ecológica mais responsável?”. A
metodologia utilizada para a realização desse estudo foi de natureza qualitativa com base
sedimentada no método exploratório, em levantamento bibliográfico publicados na internet.
Buscou-se unir conhecimentos em relação à cosmetologia natural e orgânica com os benefícios
que os mesmos tem a oferecer ao meio ambiente. Os resultados encontrados de forma geral,
foram suficientes para trabalhar a pergunta geradora da pesquisa, fazendo-se possível a
aproximação de uma consciência ambiental mais ecológica através da problematização do uso
de cosméticos industriais. A partir das informações colhidas pôde-se verificar que a
conscientização dessa temática tanto por parte das organizações quanto das pessoas é a chave
para o início de um novo comportamento capaz de posicionar a sociedade em um caminho
sustentável para seu futuro.

Palavras-chave: Cosméticos naturais e orgânicos. Meio ambiente. Consumo sustentável.


Abstract

The challenge of research is to build ideas about the production and consumption of
natural and organic cosmetics based on the following question "can natural cosmetics be used
as a device to think about a more responsible ecological conscience?". The methodology used
to carry out this study was of a qualitative nature based on the exploratory method, in a
bibliographic survey published on the internet. We sought to combine knowledge in relation to
natural and organic cosmetology with the benefits that they have to offer to the environment.
The results found in general, were sufficient to work the question that generates the research,
making possible the approach of a more ecological environmental awareness through the
problematization of the use of industrial cosmetics. From the information collected, it was
possible to verify that the awareness of this theme by both organizations and people is the key
to the beginning of a new behavior capable of positioning society on a sustainable path for its
future.

Keywords: Natural and organic cosmetics. Environment. Sustainable consumption.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIHPEC Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,


Perfumaria e Cosméticos
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CFDA China Food and Drug Administration

CIR Cosmetic Ingredient Review

CONAR Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária

FDA Food and Drug Administration

HPPC Produtos de Higiene Pessoal, Perfumes e Cosméticos

IBD Instituto Biodinâmico

ICCR Internacional Cooperation on Cosmetics Regulation

IFOAM Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura


Orgânica
MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

MO Microrganismos

OGM Organismo Geneticamente Modificado

ONU Organização das Nações Unidas

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

SISORG Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica

UE União Europeia

UICN União Internacional para conservação da natureza

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

WWF Fundo Mundial para a vida selvagem e natureza


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Certificação Cosmos – Cosmético Orgânico Natural ............................................. 19


Figura 2 – Certificação Cosmos – Cosmético .......................................................................... 19
Figura 3 – Selo orgânico IBD ................................................................................................... 20
Figura 4 – Selo orgânico brasileiro .......................................................................................... 21
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Descrição dos Produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) ... 21
Tabela 2 – Definição de produtos cosméticos de acordo com o IBD....................................... 22
Tabela 3 – Definição de produtos cosméticos de acordo com a Ecocert ................................. 23
Tabela 4 – Requisitos gerais da Ecocert e IBD para cosméticos naturais e orgânicos............. 28
Tabela 5 – Conservantes permitidos pela Ecocert e IBD em ingredientes e produtos acabados
.................................................................................................................................................. 30
Tabela 6 – Processos permitidos e proibidos de acordo com a Ecocert ................................... 31
Tabela 7 – Processos permitidos e proibidos de acordo com o IBD ........................................ 32
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14

1.1 Delimitação do tema .................................................................................................. 14

1.2 Justificativa................................................................................................................. 15

2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 15

2.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 15

2.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 15

3 METODOLOGIA E CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .................................... 16

4 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 17

4.1 Órgãos certificadores para as indústrias de cosméticos naturais e orgânicos ..... 17

4.1.1 ECOCERT E COSMOS ..................................................................................................... 18

4.1.2 IBD ............................................................................................................................... 19

4.2 Conceito de produtos cosméticos .............................................................................. 21

4.2.1 DEFINIÇÃO DE COSMÉTICOS NATURAIS E ORGÂNICOS ................................................... 22

4.3 Cosméticos naturais x industrializados.................................................................... 24

4.3.1 COSMÉTICOS INDUSTRIALIZADOS E SEUS DANOS ........................................................... 24

4.3.2 IMPACTO AMBIENTAL E AS INDÚSTRIAS DE COSMÉTICOS ............................................... 25

4.4 Definição das matérias primas para cosméticos naturais e orgânicos .................. 27

4.4.1 CONSERVAÇÃO DOS COSMÉTICOS NATURAIS E ORGÂNICOS .......................................... 29

4.5 Produção e processo dos cosméticos naturais e orgânicos ..................................... 30

4.6 Toxicologia química ................................................................................................... 33

4.7 Análise de mercado para os cosméticos naturais e orgânicos ................................ 36


4.8 Sustentabilidade ......................................................................................................... 37

4.8.1 CONSUMO SUSTENTÁVEL DE PRODUTOS COSMÉTICOS A BASE DE MATÉRIAS-PRIMAS


NATURAIS. .................................................................................................................... 38

4.9 Um novo olhar para a problemática ambiental ...................................................... 39

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 41

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 43
14

1 INTRODUÇÃO

1.1 Delimitação do tema


O uso de cosméticos industriais tem causado impactos ao meio ambiente e aos seres
humanos. Mudanças simples de hábitos, como o uso de cosméticos naturais, podem afetar de
forma positiva na saúde do indivíduo e da natureza. O fato de abandonar os cosméticos
industriais para dar início ao uso de opções mais naturais ao lidar com a higiene pessoal, pode
implicar potencialmente no que se diz respeito ao impacto ambiental e a saúde dos indivíduos.
Estimativas indicam que mais de 70% dos cosméticos ainda tem em sua formulação a
maior parte de suas matérias primas de origem sintética (INVESTE, 2020). Esses componentes
químicos agressivos aos corpos dos seres humanos, também agridem o meio ambiente, desde o
momento da extração da matéria prima para sua fabricação, até o momento que escorrem pelos
ralos, não sendo filtrados pelo sistema de tratamento de água, indo diretamente para os rios e
lençóis freáticos, além disso poluem o solo e o ar. O descarte indevido das embalagens também
é levado em conta como um problema ambiental, pois várias são de difíceis reciclagem e
reaproveitamento.
Ocorre que, o público consumidor mais jovem, principalmente os nascidos a partir dos
anos 90, tem buscado outros hábitos de consumo, procurando por produtos que sejam
ambientalmente amigáveis (INVESTE, 2020). Acompanhando essa tendência, o Brasil é o
quarto maior consumidor do mundo de produtos cosméticos convencionais (EUROMONITOR,
2019). Só no primeiro trimestre de 2019 o setor de cosméticos, no geral, teve uma alta em
vendas de 10,6%, isso significa um grande aumento diante dos anos anteriores, nos quais o
desempenho foi bem menor: 4,58% em 2018 e 3,73% em 2017 (MENDES, 2019). E apesar de
o mercado mundial de cosméticos naturais ainda ter uma pequena receita, algo em torno de 12
bilhões de dólares no ano de 2017, o crescimento esperado é cerca de 8,8% até 2028 de acordo
com as perspectivas da Persistence Market Research (NATURAL ORGANIC, 2019).
Apesar de grande evolução a indústria de cosméticos naturais ainda tem muito o que
pesquisar, desenvolver e compreender com maior especificidade e profundidade a visão dos
consumidores (FURTADO, 2020), pois sem isso é inviável direcionar esforços para atender
uma demanda crescente como dito anteriormente.
Assim, a pesquisa tem a seguinte pergunta:
Cosméticos naturais e orgânicos podem valer-se como dispositivo para pensar acerca
de uma consciência ecológica mais responsável?
15

1.2 Justificativa

Cosméticos industriais são nocivos desde o momento de sua produção, no momento de


uso e depois, no descarte das embalagens. Poluem o meio ambiente com ingredientes químicos
e com embalagens que não são biodegradáveis, além de serem nocivos também a saúde de todo
o ecossistema. Diante do exposto, esse estudo se justifica pela importância do crescimento do
mercado dos cosméticos naturais no Brasil e no mundo (FLOR et.al. 2019). A busca dos
consumidores por produtos mais naturais, que respeitem o meio ambiente e empresas
sustentáveis vem crescendo nos últimos anos. Sendo assim, é necessário entender os benefícios
que os produtos naturais têm a oferecer tanto para o ser humano como também para o planeta.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Discutir e compreender a relação entre a sustentabilidade e a indústria de cosméticos


naturais e os fatores que impulsionam os desenvolvimentos neste campo, a necessidade de
avaliar essas ferramentas disponíveis, juntamente com os impactos de sustentabilidade
produzidos durante todo o ciclo de vida do produto.

2.2 Objetivos específicos

 Conhecer os principais órgãos certificadores para regulamentação e comercialização


dos produtos cosméticos naturais e orgânicos no país;
 Conceituar os cosméticos industrializados, naturais e orgânicos;
 Entender os danos que os cosméticos industrializados causam;
 Dominar os impactos ambientais causados pelos cosméticos industriais;
 Compreender as matérias primas para cosméticos naturais e orgânicos;
 Entender a produção e processos dos cosméticos naturais e orgânicos;
 Compreender qual a proposta das empresas que desenvolvem produtos cosméticos
orgânicos e naturais.
 Trazer o conceito de sustentabilidade voltado a área dos cosméticos.
16

3 METODOLOGIA E CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Segundo Minayo (2012), entendemos metodologia o caminho do pensamento e a


prática exercida na abordagem da realidade. Minayo também menciona:

A metodologia contempla a descrição da fase de exploração de campo


(escolha do espaço da pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, critérios
e estratégias para escolha do grupo/sujeitos da pesquisa, a definição de
métodos, técnicas e instrumentos para construção de dados e os
mecanismos para entrada em campo), as etapas do trabalho de campo e
os procedimentos para análise. (MYNAYO, 2012, p.47).

Na pesquisa qualitativa, conforme Gomes (2011), “Seu foco é, principalmente, a


exploração do conjunto de opiniões e representações sociais sobre o tema que se pretende
investigar.” (GOMES, 2011, p. 79).
Assim sendo, a metodologia utilizada para a realização desse estudo foi de natureza
qualitativa com base sedimentada no método exploratório, em levantamento bibliográfico
publicados na internet.
Neste artigo a pergunta que caracteriza o problema de pesquisa é: Cosméticos naturais
e orgânicos podem valer-se como dispositivo para pensar acerca de uma consciência ecológica
mais responsável?
A partir das informações colhidas pôde-se verificar que a conscientização dessa
temática tanto por parte das organizações quanto das pessoas é a chave para o início de um novo
comportamento capaz de posicionar a sociedade em um caminho sustentável para seu futuro.
Surge então o desafio de inovar e, ao mesmo tempo, preservar os recursos naturais, não
prejudicando a sociedade (GILLEY, 2000; MILES, COVIN, 2000). A maior compreensão do
papel da tecnologia com relação à organização produtiva, seus efeitos sobre a sociedade e o
meio ambiente tem conduzido a questionamentos sobre as consequências do padrão e níveis de
operações das organizações empresariais (ALMEIDA, 2007). Diante do contexto de crescente
degradação ambiental, passa a ser primordial que as empresas entendam a sustentabilidade
como uma questão estratégica intrinsecamente ligada ao dia a dia das corporações. Essa
abordagem não admite tratar tal temática apenas nas franjas da operação empresarial. Afinal
trata-se de uma questão que envolve a manutenção da vida no planeta e está, mais do que nunca,
presente no cotidiano de nossa sociedade (GONÇALVES DIAS et al., 2009).
Nesse contexto, as políticas de desenvolvimento de produtos voltadas para a
sustentabilidade exigem uma integração entre questões econômicas, sociais e ambientais que
17

abranjam toda a cadeia produtiva. Assim, a geração de inovações e a evolução tecnológica


passam a ser condicionadas por fatores que vão além daqueles até então voltados para a
obtenção de lucros decorrentes de processos economicamente mais eficientes. Novas
perspectivas gerenciais começam a mostrar-se essenciais à manutenção dos processos
produtivos (AZZONE, NOCI, 1998). Essa evolução deixa clara a necessidade de transformação
de um paradigma baseado no uso indiscriminado de recursos como fontes de vantagens
competitivas em outro que, ao utilizar de forma adequada os recursos, evita seu esgotamento e
ainda os substitui por outros que não causem danos ao ambiente.

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Órgãos certificadores para as indústrias de cosméticos naturais e orgânicos

O perfil de consumo dos brasileiros tem se tornado cada vez mais complexo, pois eles
estão mais sustentáveis; 30% observam os ingredientes que compõe o produto e 58% não
compram de empresas que testam em animais (ABIHPEC, 2019).
Conhecidas mundialmente como vaidosas, as brasileiras também têm buscado por uma
beleza mais naturalista (ABIHPEC, 2018) e as empresas que se preocupam em atender as
demandas deste mercado ganham a preferência, principalmente das mais jovens, (ANGUS,
2019) por isso, elas vêm segmentando cada vez mais para atender a demanda de todos os
públicos (ABIHPEC, 2019), pois sabe-se que o consumidor tem buscado por produtos que
proporcionem maior sensação de bem estar, que não causem danos à saúde, nem ao meio
ambiente, tenham um bom custo benefício, não prejudiquem os animais, dentre outros atributos
(ANGUS, 2019).
Muito se discute também em torno de algumas classes de matérias primas utilizadas nas
formulações dos cosméticos sintéticos como conservantes, compostos derivados de petróleo,
dentre outros. Alguns estudos os apontam como disruptores endócrinos interferindo no sistema
hormonal humano considerando nossa exposição diária à diversos compostos químicos
(SANTA MARTA, 2001). Outros o apontam como compostos das formulações cosmética que
desencadeiam reações alérgicas na pele e/ou no couro cabeludo (GALEMBECK, 2010).
Seguindo esta tendência de cosméticos mais naturais grandes empresas também têm
investido em tecnologia e inovação para desenvolvimento de novas formulações como Natura,
Lola, Salon Line, Cativa Natureza, marcas tradicionais brasileiras que inclusive estão entre as
mais lembradas (FURTADO, 2020). Porém, para que uma empresa seja reconhecida e atestada
18

como seus produtos sendo cosméticos naturais, orgânicos, feitos com produtos orgânicos,
veganos ou cruelty free, existe uma série de especificações e parâmetros que devem ser
analisados pelos órgãos certificadores competentes.
Produtos de higiene pessoal, perfumes e cosméticos são definidos pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada
(RDC) Nº 07 de 10 de fevereiro de 2015, como preparações constituídas por substâncias
naturais ou sintéticas para as diversas partes do corpo humano como pele, sistema capilar,
unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes, dentre outros (BRASIL, 2015). Já o Food and
Drug Administration (FDA), órgão regulamentador dos cosméticos nos EUA, define-os como
produtos que quando aplicados no corpo humano, limpam, embelezam e/ou modificam a
aparência da pele e dos cabelos ou do corpo, sem afetar a sua estrutura ou função (RIBEIRO,
2010).
Além das determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para
que as empresas possam produzir e comercializar os produtos cosméticos como sendo de fato
naturais, elas necessitam dos selos das certificadoras que em sua maioria são empresas privadas,
em trabalho conjunto com os órgãos públicos, que garantem que os produtos sejam de fato
naturais trazendo maior credibilidade e aumentando a confiança do consumidor. Isto ocorre
devido ao fato de não termos determinações e esclarecimentos objetivos em nossas legislações,
havendo abertura para que possa ser realizado um trabalho apelativo e de marketing no mercado
que nem sempre condiz com a real natureza daqueles produtos ou a retrata apenas em partes.
Logo, quando devidamente certificados temos uma garantia da natureza daquele produto.
A ANVISA possui várias RDCs (Resolução da Diretoria Colegiada) que orientam as
empresas e vão desde embalagens, rótulos, definições de termos da produção até condições da
água como matéria prima. Por exemplo, a RDC Nº 48 de 25 de outubro de 2013, visa as Boas
Práticas de Fabricação de Cosméticos e também trata sobre ensaios toxicológicos dos produtos,
ensaios físico químicos, controle da qualidade, segurança das matérias primas, dentre outros
(BRASIL, 2013). Porém, para os biocosméticos serem reconhecidos como tal, está descrito
abaixo as principais certificadoras que os atestam como cosméticos naturais.

4.1.1 ECOCERT E COSMOS


O padrão COSMOS é originário de cinco organismos certificadores: Ecocert na
França, Cosmebio na França, ICEA na Itália, Soil Association na Grã Bretanha e BDIH na
Alemanha. Ambos são associados da AISBL definida como: “uma organização internacional
sem fins lucrativos localizada em Bruxelas cujo propósito é estabelecer requisitos mínimos
19

comuns e harmonizar as regras de certificação de cosméticos naturais.” (GROUP ECOCERT,


2020). O COSMOS é o padrão da certificação dos produtos cosméticos sendo um referencial
europeu privado que foi desenvolvido adotando os princípios do referencial Ecocert (FLOR et
al., 2019).
Os selos da Ecocert são o padrão referencial no Brasil (FLOR et al., 2019), pois o
órgão se estabeleceu no país em 2001 e em 2011 obteve registro juntamente ao Ministério da
Agricultura (MAPA) como certificadora de produtos orgânicos (GROUP ECOCERT, 2020).
Atualmente, os produtos certificados pela Ecocert são reconhecidos pelos selos Ecocert Cosmos
Orgânico e Ecocert Cosmos Natural, certificando respectivamente os cosméticos orgânicos e
naturais.
O grupo Ecocert é responsável por apoiar mais de 1000 empresas do segmento de
cosméticos para que garantam a certificação. Portanto, promover a utilização de insumos da
agricultura orgânica; fazer com que os processos de produção sejam ambientalmente amigáveis
e seguros para saúde do homem; embalagens que sejam direcionadas para a reciclagem e
biodegradação são os pilares principais do órgão, cujos principais pontos de validação nas
auditorias das empresas são as matérias-primas e ingredientes; as formulações e as embalagens
(FLOR et. al., 2019).
Algumas empresas no Brasil que trabalham com certificação Ecocert: Garnier – Linha
Garnier Bio (com certificação Ecocert Orgânico), a WNF, Arte dos Aromas, Bioart, Auá, dentre
outras. Recentemente também, o Boticário conquistou a certificação Ecocert para a primeira
linha de produtos orgânicos.

Figura 1 – Certificação Cosmos – Cosmético Figura 2 – Certificação Cosmos –


Orgânico Natural Cosmético

Fonte: Gloy by Nature, 2017. Fonte: CRF-pr.org, 2017.


4.1.2 IBD

O Instituto Biodinâmico (IBD) é o maior órgão certificador na América Latina no que


20

tange os produtos orgânicos, sendo integralmente uma empresa brasileira, localizada em


Botucatu - SP. O IBD trabalha em parceria com alguns certificadores, sendo o único Instituto
brasileiro credenciado junto à Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura
Orgânica (IFOAM) permitindo-lhe atuar no mercado internacional. Além disto, ele foi
credenciado em 1999 ao mercado Comum Europeu. Em 2002 passou a auditar empresas cujo
desejo fosse exportar para os EUA onde a aprovação da certificação dos produtos orgânicos
depende do USDA que é o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (IBD
CERTIFICAÇÕES, 2020) e em 2014 o IBD e a Nature (que serão mencionados adiante)
firmaram acordo mútuo.
“O IBD é responsável pelo trabalho de inspecionar e certificar a agropecuária,
processamento, produtos extrativistas, orgânicos, biodinâmicos e de mercado justo” (IBD
CERTIFICAÇÕES, 2020). Basicamente o instituto possui cinco classes de selos: os selos
orgânicos, biodinâmicos, socioambientais, da qualidade e de aprovações. Alguns desses são
voltados ao segmento de alimentos, têxtil, pecuária, leite, processamentos e produtos de
limpeza. No que tange ao segmento de produtos cosméticos orgânicos os que são utilizados
serão apresentados a seguir.
O selo IBD Orgânico, na Figura 3, é utilizado apenas em produtos orgânicos
certificados pelo IBD cumprindo os requisitos exigidos que se encontram nos próximos tópicos
e também no site do instituto. Site este que também disponibiliza um guia para orientação,
posicionamento do selo nos rótulos e até mesmo o seu uso de forma colorida, todo verde ou
preto e branco.

Figura 3 – Selo orgânico IBD

Fonte: IBD, 2019.

O selo representado pela Figura 4 é restrito aos produtos certificados de acordo com a
lei brasileira 10.831 de 2003 e segundo critérios do MAPA, ele é denominado selo do Sistema
Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SISORG).
21

Figura 4 – Selo orgânico brasileiro

Fonte: IBD, 2019.

4.2 Conceito de produtos cosméticos

ANVISA por meio da RDC Nº 07/2015, considera a definição de produtos cosméticos


como:

Preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas para as diversas


partes do corpo humano como pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos
genitais externos, dentes, dentre outros, a fim de limpá-los, perfumá-los,
alterar alguma aparência assim como também corrigir odores, protegê-los e
mantê-los em bom estado (BRASIL, 2015).

Os produtos podem ser classificados como sendo de grau 1 que são os produtos de
higiene pessoal, perfumes e cosméticos (HPPC) cuja aprovação não implica restrições de uso e
nem riscos à sua utilização ou os produtos de grau 2, que são produtos de higiene pessoal,
perfumes e cosméticos (HPPC) que necessitam de testes de atividade e confirmação de eficácia
(VILHA, 2009).

Tabela 1 – Descrição dos Produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC)


HPPC – Grau 1 HPPC – Grau 2
Água de colônia, aromatizante bucal, batom Água oxigenada, batom labial e brilho
labial, blush, condicionador, corretivo facial, labial infantil, bronzeador, clareador
gel para o rosto, óleo esfoliante, delineador para pele, produtos acneicos, produtos
para olhos, lábios e sobrancelhas, infantis no geral, enxaguante bucal,
demaquilante, esmalte, máscara para cílios, maquiagem com fotoproteção, produto
neutralizante para permanente e alisante, para enrolar e alisar cabelo, protetor
produtos para barbear, xampu, condicionador, solar, produtos anticaspa e antiqueda,
removedor de esmaltes, talco, pó facial, dentre outros.
sombra para as pálpebras, sabonete, dentre
outros.
Fonte: ANVISA, 2015

A definição de cosméticos é ampla e varia de país para país, como por exemplo a
definição do que são produtos cosméticos pelo FDA nos Estados Unidos como produtos que
22

quando aplicados no corpo humano, limpam, embelezam e/ou modificam a aparência da pele e
dos cabelos ou do corpo, sem afetar a sua estrutura ou função (RIBEIRO, 2010).
Já na União Europeia (UE), de acordo com a Cosmetics Directive – Regulation (EC)
Nº 1223 de 30 de novembro de 2009, os produtos cosméticos são definidos como qualquer
substância ou mistura destinada a ser posta em contato com partes mais externas do corpo
humano, dentes e mucosas bucais com objetivo exclusivo de limpar, perfumar, modificar o
aspecto, proteger e manter um bom estado ou corrigir odores corporais. Além disso o
regulamento traz diversas definições sobre o significado de fabricante, utilizador final,
nanomaterial, conservante, corante, dentre outros (ZUCCO et al., 2012).
E na China, o órgão que regulamenta e define o que são produtos cosméticos é o
China Food and Drug Administration (CFDA), anteriormente denominado National Medical
Products Administration, cuja sua definição sobre produtos cosméticos é semelhante aos
demais órgãos (VERLY, 2020).
No âmbito internacional tem-se o ICCR – Internacional Cooperation on Cosmetics
Regulation. Esse grupo é composto por autoridades responsáveis pela regulamentação dos
cosméticos mundialmente. É composto pela União Europeia, Canadá, Japão e EUA cujo
objetivo é desburocratizar os limites comerciais da indústria cosmética e assim, também, trazer
confiança ao consumidor. O Brasil e a China participam regularmente dos encontros
promovidos pelo grupo onde trocam informações regulatórias (SILVA, 2013).

4.2.1 DEFINIÇÃO DE COSMÉTICOS NATURAIS E ORGÂNICOS

O fato de haver diversas certificadoras e não haver uma definição oficial brasileira e
nem internacional sobre o que são realmente cosméticos naturais e orgânicos faz com que haja
diversas definições. No Brasil as que são mais levadas em consideração são as do IBD e da
Ecocert.
O IBD trabalha com 4 definições de acordo com seu referencial atualizado em 2019,
em sua 6º edição:

Tabela 2 – Definição de produtos cosméticos de acordo com o IBD


Cosméticos Naturais São aqueles que possuem ingredientes naturais, mas não
obrigatoriamente possuem porcentagem de compostos
orgânicos. Os requisitos para ser considerado natural varia
por categoria de produto. Ao total, são 13
categorias.
Cosméticos Naturais com Pelo menos 70% das substâncias de origem vegetal e
23

porção orgânica pela norma animal devem ter origem orgânica conforme a
Natrue Regulamentação Europeia (EC) 834/2007 citada
anteriormente.
Cosméticos Orgânicos em Pelo menos 95% de matérias primas devem ser orgânicas
conformidade com o ou 70% de matérias primas feitas com ingredientes
Ministério de Agricultura e orgânicos. Selo representado pela Figura 4.
Pecuária (MAPA)
Cosméticos Orgânicos em Pelo menos 95% das substâncias naturais de origem
conformidade com a norma vegetal e animal e das derivadas do natural devem ser de
Natrue manejo orgânico controlado e/ou de acordo com os
critérios da Regulamentação Europeia (EC) 834/2007
citada anteriormente.
Fonte: IBD CERTIFICAÇÕES, 2019

Já a Ecocert trabalha com dois tipos de definição: os cosméticos naturais e os


orgânicos:

Tabela 3 – Definição de produtos cosméticos de acordo com a Ecocert


Cosmético São aqueles que possuem no mínimo 95% do total dos ingredientes de origem
Natural natural e destes 95%, 5% ao menos devem ser provenientes de origem orgânica.
Além disto, deve conter 50% de ingredientes vegetais orgânicos sobre a massa
total de matérias-primas vegetais.
Cosmético A porcentagem de ingredientes certificados orgânicos sobre o total dos
Orgânico ingredientes que compõe o produto acabado deve ser no mínimo de 10% (razão de
massa). Porém, a porcentagem de matérias primas vegetais e de origem vegetal
oriundos da produção orgânica sobre o total, em massa, de ingredientes vegetais
deve ser acima de 95%.
Fonte: GROUP ECOCERT, 2012

Em suma, os cosméticos convencionais precisam da aprovação da ANVISA assim


como os naturais e orgânicos mas as empresas deste nicho em definição com seus setores, em
especial, marketing e P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), ao definir o escopo de valores, visão
e missão da empresa é necessário estabelecer os critérios sobre qual ou quais os tipos de
certificações pretenderá trabalhar pois existem algumas semelhanças mas também diferenças
entre os órgãos certificadores (FLOR et al., 2019).
Importante salientar que para ambos, tanto IBD quanto Ecocert, são proibidos
corantes, fragrâncias, conservantes ou quaisquer ingredientes sintéticos, derivados de
propileno, amônia, silicone, derivados de petróleo, OGMs (Organismos Geneticamente
Modificados), dentre outros (ECOCERT, 2017). Assim como também pode-se afirmar, para
maiores esclarecimentos, que todo cosmético orgânico devidamente registrado e certificado
como tal, é natural, mas nem todo cosmético natural é orgânico.
Logo, os pontos mais destoantes entre as duas classificações estão realmente nas
24

definições dos cosméticos naturais e orgânicos e na definição sobre considerar ou não a água
da formulação como matéria prima. Para a Ecocert, a água é sim um componente da matéria
prima, mas para o IBD, não (ECOCERT, 2017).

4.3 Cosméticos naturais x industrializados


O registro do uso de cosméticos pela humanidade vem de muitos anos, segundo um
informativo da Secex (2004), o uso de cosméticos tem existência há, pelo menos, 30 mil anos.
Na antiguidade tanto os povos primitivos já pintavam seus corpos com finalidades ornamentais
e religiosas, como os asiáticos, que deram origem a muitos cosméticos. Segundo registros, um
dos primeiros usos de cosméticos surgiu no Egito, quando Cleópatra utilizava de leite de cabra
para banhar-se na expectativa de obter uma pele mais suave e macia (SECEX, 2004).
A história também registrou que atores do teatro romano eram usuários de maquiagens
para poderem incorporar diferentes personagens ao seu repertório. Por outro lado, muitas
mortes eram comuns dentre eles, em conta de intoxicação por pigmentos minerais que
continham chumbo ou mercúrio na composição (GALEMBECK, 2010).
Atualmente homens e mulheres usam inúmeros tipos de cosméticos diariamente,
levando em conta questões de higiene e estética. Pode-se citar alguns, como creme dental,
shampoo, condicionador, creme para barbear, perfumes, protetor solar, repelentes, hidratantes,
maquiagens, óleos, esfoliantes, desodorantes, enfim, uma série de produtos que se julga
indispensáveis para a rotina diária. Mas será mesmo que é necessário o uso de tantos cosméticos
assim diariamente?
De acordo com um relatório de acompanhamento setorial de higiene pessoal,
perfumaria e cosméticos da Unicamp, compilado em dezembro de 2009, o Brasil é o terceiro
no mercado mundial de cosméticos, perdendo apenas para os Estados Unidos e o Japão. Essa
indústria de cosmetologia tornou-se extremamente importante dentro da economia do país, o
uso excessivo de produtos de beleza demandou um gasto de US$ 42 bilhões (ABIHPEC, 2020),
colaborando com o sistema econômico, porém, implicando em várias questões de cunho
ambiental.

4.3.1 COSMÉTICOS INDUSTRIALIZADOS E SEUS DANOS


São incontáveis os impactos decorrentes da indústria dos cosméticos para com o meio
ambiente, iniciam desde a extração de matérias-primas e vai até após o descarte desses produtos
e de suas embalagens. Os danos não fazem referência apenas com elementos já tóxicos, mas
também com o desperdício de matérias como a água. A água é uma matéria-prima utilizada de
25

forma abundante na fabricação de produtos cosméticos, entretanto, há formação de efluentes


líquidos poluentes, como óleos e graxas, sulfetos, despejos amoniacais, tensoativos, fosfato e
polifosfato. Estes efluentes podem causar, principalmente, uma dificuldade no tratamento da
água, odor desagradável, além de impossibilitar o bom funcionamento dos ecossistemas
(MORAIS & ANGELIS, 2012).
Outras das substâncias usualmente encontradas nos cosméticos e seu potencial risco a
saúde: formaldeído, parabeno, silicone, triclosan, alumínio, alquilfenol, polietilenoglicol (PEG)
e óleo mineral. E vale ressaltar também o caso das microesferas de plástico, que são usadas em
produtos de higiene pessoal e são feitas principalmente de polietileno (PE), ou outros materiais
como polipropileno (PP), polietileno tereftalato (PET), polimetilmetacrilato (PMMA) e nylon.
Essas microesferas são encontradas em esfoliantes, cremes corporais, cremes dentais,
sabonetes líquidos e também em barra, que prometem efeito esfoliante, visto que a fricção
mecânica das microesferas contra a pele promove renovação celular do tecido cutâneo. O
polietileno não é biodegradável e pode levar cerca de 400 anos para se degradar, afetando de
forma mais grave os corpos d’água.

4.3.2 IMPACTO AMBIENTAL E AS INDÚSTRIAS DE COSMÉTICOS


Cosméticos químicos/industriais costumam causar largo impacto ambiental negativo ao
meio ambiente, mas vale ressaltar também que muitos cosméticos industriais ditos “naturais”
são feitos com base em matéria prima natural, entretanto tem origem de uma extração indevida
e exploratória dos recursos naturais, e que podem ocasionar em prejuízos ambientais, desde
desequilíbrios na fauna e flora como colaborar com a extinção de espécies. É importante atentar
para o mal-uso dessa matéria-prima, quando extraída de forma inconsciente e inconsequente.
A Comissão da Indústria Cosmética do CRF-PR4, relata que a indústria de cosméticos
constitui, atualmente, um dos mais importantes segmentos da economia mundial e na questão
de produção, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial e é o primeiro na América
Latina. Estima-se cerca de U$90 bilhões destinado aos cosméticos, dentre maquiagens (19,3%),
perfumes (54,7%) e demais produtos (26%). A indústria de cosméticos vem sendo a campeã de
patentes na França nos últimos 10 anos.
É certo que a responsabilidade na produção de cosméticos industriais existe e sem
dúvidas é um setor de produção organizado, com embasamentos científicos e capacidade de
comprovar eficácia em seus produtos, envolvendo múltiplas áreas de conhecimento, como
farmacologia, toxicologia, biologia celular, química, bioquímica, microbiologia, contudo, nos
últimos anos, a indústria cosmética está enfrentando o desafio de criar uma nova relação com
26

seus cosméticos e o consumidor, que a cada dia mais está buscando por ofertas, produtos e
procedimentos mais sustentáveis e ecologicamente corretos.
Além do mais, a indústria de cosméticos tende a considerar o crescente aumento da
produção, enquanto que o consumo de cosméticos artesanais naturais ainda está longe de ser
uma concorrência e um grande problema para as grandes indústrias. Porém é sim uma espécie
de afronta e uma realidade que vem ganhando força aos poucos. Mais e mais pessoas mostram-
se interessadas em uma relação mais saudável na hora de consumir produtos que conversem
com sua saúde, aproximam-se do natural e estendem um olhar de cuidado ao meio ambiente.
Por conta disso a indústria está buscando aproximar-se dessas características, inovando
e investindo em pesquisas para a produção de cosméticos, mas que tragam em suas composições
formulações mais naturais e menos agressivas. Acaba até mesmo entrando na moda ter um
consumo mais ecológico e buscar nas prateleiras os produtos com embalagens que nos digam
coisas como: “livre de parabenos e petrolatos”, “não contém silicone”, “esse produto é livre de
alumínio em sua composição”.
É bom saber que se pode contar com produtos mais naturais de fácil acesso no mercado,
porém vale lembrar que a indústria continua mantendo sua base na produção química em larga
escala, muitas continuam não se preocupando com questões como a exploração irracional de
matéria prima, trabalho exploratório, uso de embalagens não biodegradáveis e de resíduos que
são despejados de forma irresponsável na natureza. Deve-se estar atentos as questões que
envolvem o estímulo do pensamento ecológico, mas que na verdade estão ligados diretamente
com interesses do capital, visando a geração de lucro para os donos dessas empresas.
Em uma matéria publicada pela “Revista Galileu”, encontram-se dados de uma pesquisa
que coloca as maquiagens e os cosméticos, junto de produtos de limpeza, pesticidas, solventes,
tintas plásticas, como um dos maiores responsáveis pela poluição do ar, mais ainda do que os
próprios carros e veículos movidos a queima de petróleo (REVISTA GALILEU, 2018).
Veículos sempre foram tidos como os principais vilões da poluição do ar. Um carro
popular libera, por quilômetro rodado, em média 150 gramas de dióxido de carbono, que é um
dos gases responsáveis pelo aquecimento global. Além disso, a queima de combustíveis fósseis
também libera compostos orgânicos voláteis (em inglês chamados de “VOCs‟), que são
substâncias químicas ligadas a diversos problemas, que vão desde alergia, irritação nos olhos
ao câncer. Os pesquisadores concluíram que esses produtos químicos produzem mais do que o
dobro das emissões de gás que os carros e além do mais, tem um agravante, que é o fato de
geralmente serem produtos utilizados em ambientes fechados, dentro de residências e edifícios
comerciais, por exemplo.
27

Além de um impacto considerável a saúde, os “VOCs” são um perigo ao meio ambiente.


Eles representam uma grande variedade de moléculas a base de carbono (aldeídos, cetonas,
hidrocarbonetos, etc), e por serem leves, sobem com facilidade para a atmosfera, onde reagem
e transformam-se em ozônio e outros materiais e substâncias minúsculas, com um tamanho
cerca de cinco vezes mais fino do que um fio de cabelo, e vagam suspensos no ar, por vezes
sendo inalados para dentro de nossos pulmões.
Em outra matéria, de 2014, agora da revista “Superinteressante”, encontram-se dados
que foram divulgados na revista científica “Environmental Health Perspectives‟, falando sobre
o impacto negativo dos bloqueadores solares, que através de seus componentes provocam uma
infecção viral nos corais, gerando branqueamento e a morte desses organismos. Em análise de
diversas marcas foi detectado que todas são responsáveis por causar esse dano, e de acordo com
o artigo, cerca de 10% das reservas de coral no mundo estão ameaçadas pelo branqueamento.
O fitoplâncton, crustáceos, algas e peixes também são vulneráveis e acabam sendo afetados
pelos efeitos desses produtos.

4.4 Definição das matérias primas para cosméticos naturais e orgânicos

Sabe-se que a cadeia produtiva para produção dos cosméticos naturais e orgânicos são
extremamente extensas. No caso dos produtos orgânicos o manejo com as matérias primas é
mais criteriosa e tem como princípios a valorização da agricultura orgânica gerando renda para
as famílias, comunidades e/ou cooperativas que são responsáveis pelo cultivo, colheita e
extração dos ativos vegetais e insumos naturais (BRITO, 2019). Vale ressaltar que no caso da
agricultura orgânica é proibido o uso de pesticidas e todo cultivo dos insumos deve ser realizado
em uma cadeia que seja sustentável e com condições adequadas de trabalho. No Brasil , as
matérias primas certificadas como orgânicas seguem critérios estabelecidos pelo MAPA de
acordo com a Lei 10.831 de 23 de dezembro de 2003 (IBD CERTIFICAÇÕES, 2019).
Castanha, andiroba, copaíba, cumaru, dentre outros, são alguns exemplos de matérias-
primas naturais que são provenientes da agricultura orgânica da região Amazônica e que são
utilizados como insumos nas indústrias de cosméticos em diversas regiões do país e fora dele
já que o Brasil é um país com enorme potencial para fornecer matérias primas natural (BRITO,
2019).
Inclusive, em 2019, na Paraíba houve o Encontro de Oportunidades para
Empreendimentos da Agricultura Familiar e Sociobiodiversidade. O estado destaca-se pela
extração de mangaba e umbu e o evento teve o intuito de “integrar extrativistas da região com
28

empresas e investidores para estimular a criação de novos negócios e oportunidades” assim


como ocorreu no evento semelhante porém no Rio de Janeiro onde a Cativa Natureza, de acordo
com o MAPA, realizou o protocolo para compra da pimenta rosa de uma associação localizada
no estado do Rio de Janeiro (MINISTÉRIO, 2019).
De acordo com o Natural Ingredient Resource Center as matérias primas naturais
devem conter compostos derivados de plantas, animais, minerais ou microrganismos (MO)
utilizando o mínimo possível de processos físicos (NUNES, 2019).
Realizar a substituição de matérias primas sintéticas é um dos desafios da indústria de
cosméticos naturais e orgânicos. Um dos exemplos que podemos citar é a substituição de
microesferas plásticas comuns nas formulações de sabonetes esfoliantes que vários cientistas
vêm estudando formas de substituí-las. Inclusive, em 2017 pesquisadores britânicos da
Universidade de Bath desenvolveram microesferas a partir de celulose que podem ser
decompostas no tratamento de esgoto ou até mesmo pelo meio ambiente em pouco tempo
quando comparadas com as que são produzidas a partir de petróleo (ABIHPEC, 2017) que é
uma matéria prima sintética. Matérias primas sintéticas são definidas como substâncias que não
são biodegradáveis e acabam se depositando na natureza ao longo dos anos. Já as matérias
primas naturais são derivadas de plantas, animais ou minerais e são decompostas mais
rapidamente pelo meio ambiente (ANDRADE, 2017).
Quanto aos órgãos certificadores, como dito anteriormente, tanto o IBD quanto a
Ecocert possuem diretrizes sobre matérias permitidas ou proibidas na composição dos produtos:

Tabela 4 – Requisitos gerais da Ecocert e IBD para cosméticos naturais e orgânicos


Ecocert IBD
Permite Proíbe Permite Proíbe
Alguns ingredientes Ingredientes: Apenas para produtos Insumos não naturais, de
e síntese e de origem nanoparticulares, classificados como reações não
mineral como ácido Organismos naturais é permitido o permitidas,
salicílico e seus sais, Geneticamente uso de dióxido de compostos
álcool isopropílico, Modificados titânio e óxido de nanoparticulados. Uso de
ácido benzoico e (OGMs), gases zinco como corantes, fragrâncias e
seus sais, hidróxido propulsores (como nanopartículas. conservantes sintéticos
de alumínio, dentre propano e isobutano), assim como de
outros. formol, EDTA, polietilenoglicóis,
produtos clorados, quaternários de amônio,
amoníacos, fosfatos silicone, dietanolamidas
derivados de petróleo e
OGMs.
Reações Tratamentos Reações enzimáticas Testes em animais,
enzimáticas e ionizantes, testes em e microbiológicas na utilização de matérias
29

microbiológicas na animais, utilização de medida em que os primas oriundas do


medida em que os matérias primas microrganismos e sacrifício de animais,
microrganismos e oriundas do sacrifício enzimas sejam radiações ionizantes,
enzimas sejam de animais, ausência encontrados na nanotecnologia.
encontrados na de nitrosaminas, natureza e os
natureza e os nanotecnologia. produtos idênticos
produtos idênticos aos encontrados na
aos encontrados na natureza.
natureza desde que
não sejam ogm.
Produtos de origem Acondicionamento Produtos de origem Acondicionamento em
animal, vegetal, em embalagens que animal, vegetal e embalagens que
mineral e marinho impliquem na morte mineral desde que impliquem na morte do
desde que processos do animal (couro e processos que sejam animal (couro e seda),
que sejam aprovados. seda). aprovados. O plásticos halogenados e
referente guia não embalagens com gás
aborda produtos de pressurizados apenas com
origem marinha. ar, nitrogênio e alguns
outros poucos gases
permitidos.
Fonte: (IBD CERTIFICAÇÕES,2019; GROUP ECOCERT 2012)

4.4.1 CONSERVAÇÃO DOS COSMÉTICOS NATURAIS E ORGÂNICOS


A vida útil de um produto final está atrelada a uma série de fatores como cumprimento
dos requisitos das boas práticas de fabricação, ausência de contaminação cruzada, embalagens
apropriadas, utilização e armazenamento correto pelo consumidor final, dentre outros. Mas um
destes fatores trata-se de controlar e evitar o desenvolvimento de MO (microrganismos) que
podem desestabilizar a formulação e alterar suas características físico químicas e organolépticas
(CHEREPANOV, 2017). Uma das formas de limitar o crescimento de microrganismos é a
redução de água na formulação pois o meio aquoso é ideal para a proliferação deles na maioria
dos casos. Isso têm levado a indústria à inovação para desenvolvimento de alguns produtos já
existentes como shampoos, cremes, condicionadores e vários outros produtos com mínima
quantidade possível de água na formulação, em formato de barras, ao invés dos produtos
líquidos como comumente conhecemos (CHEREPANOV, 2017).
Ainda nos casos em que os produtos possuem uma menor quantidade de água, os
conservantes são necessários e são uma classe de matérias primas que cumprem uma função
extremamente importante pois sem eles seria impossível prolongar a vida útil de um produto
final. Atualmente as maiorias dos conservantes conhecidos nas formulações cosméticas são
sintéticos como metilcloroisotiazolinona (Methylchloroisothiazolinone), DMDM hidantoína
(DMDM Hydantoin), metilisotiazolinona (Methylisothiazolinone) (CHEREPANOV, 2017) e
estas substâncias são proibidas em produtos cosméticos naturais e orgânicos (FLOR et al.,
30

2019).
Importante salientar que no desenvolvimento dos cosméticos orgânicos e naturais,
analisar a compatibilidade dos conservantes com outras matérias primas do meio é fundamental
para contribuir com a melhor sinergia, pois a estabilidade e viscosidade do produto final podem
ser completamente alteradas de acordo com o processo realizado. Assim como também verificar
a faixa de pH no qual é possível obter maior eficácia conservante, é indispensável para a
formulação ao qual será incorporado (CHEREPANOV, 2017), sendo comum nesta formulação
dos produtos naturais e orgânicos a combinação de dois ou mais conservantes listados abaixo
para atingir o objetivo idealizado.

Tabela 5 – Conservantes permitidos pela Ecocert e IBD em ingredientes e produtos acabados


Ecocert IBD
Ácido benzóico e seus sais, álcool Ácido benzóico e seus sais, álcool benzílico, ácido
benzílico, ácido dehidroacético e dehidroacético, ácido fórmico e seu sal de sódio, ácido
seus sais, ácido salicílico e seus propiônico e seus sais, ácido salicílico e seus sais,
sais, ácido ascórbico e seus sais. cloreto de prata, ácido sórbico e seus sais, ácido cítrico
e citrato de prata.
Fonte: (IBD CERTIFICAÇÕES,2019; GROUP ECOCERT, 2012)

No caso da IBD ela segue os padrões da Natrue e consequentemente os regulamentos


europeus como a Cosmetics Directive – Regulation (EC) Nº 1223 de 30 de novembro de 2009
citada anteriormente. Além disto o IBD traz em sua lista dois tipos de conservantes: os naturais
e os idênticos aos naturais. A diferença é que: “os idênticos aos naturais precisam de algumas
técnicas e esforços, desde que permitidos pelo IBD, para extraí-los e serem retirados da
natureza” (IBD CERTIFICAÇÕES, 2019).
Importante ressaltar que esses mesmos conservantes também são aprovados pela
Anvisa cuja RDC que trata sobre produtos conservantes é de Nº 29 de 01 de junho de 2012.
Porém alguns dos conservantes aprovados pelo IBD e pela Ecocert tem suas quantidades
máximas delimitadas na RDC 83/2016. Quanto a RDC 29/2012, no final de 2019, foi aberta à
Consulta Pública 749/2019 para sugestões, indicando atualizações em breve (ANVISA, 2019).
Assim como também, ambas as listas dos conservantes permitidos, da Ecocert e IBD, são
atualizadas regularmente.

4.5 Produção e processo dos cosméticos naturais e orgânicos

O desenvolvimento de um produto cosmético seja para pele ou cabelo perpassa por


31

processos e operações industriais que precisam ser muito bem definidas e planejadas. Pois de
nada adianta utilizar as matérias primas adequadas se esse processo não for bem guiado e
controlado (GALEMBECK, 2010). Nesse cenário, o cumprimento das boas práticas de
fabricação deve ser seguido fielmente para garantir a qualidade dos produtos e a ausência de
contaminação.
Dos processos utilizados na tecnologia de fabricação cosmética geralmente a agitação
é o mais comum deles e isto, a depender do produto a ser formulado, como por exemplo,
emulsões, soluções, dispersões, dentre outros (GALEMBECK, 2010). Já os equipamentos, mais
especificamente os reatores utilizados, são geralmente dimensionados a partir do tipo de
produto, sendo consideradas algumas características para escolhê-lo como a viscosidade do
produto a ser feito, o tipo de pá de agitação escolhido que será acoplado ao reator, o volume
apropriado daquele equipamento além de outras propriedades físico químicas como a
temperatura da reação, velocidade, tempo de reação, dentre outros (GALEMBECK, 2010).
No caso dos cosméticos naturais e orgânicos nem todos os processos físico químicos
são permitidos pelas certificadoras para a sua produção e nem também para a produção dos
insumos, pois não são considerados “verdes” gerando passivos para o meio ambiente (FLOR et
al., 2019). Isto é considerado como um dos pontos de inovação para esta indústria no qual os
processos permitidos pelas certificadoras acabam limitando as possibilidades das reações
realizadas (CHEREPANOV, 2017).
Neste contexto, a Ecocert permite ingredientes fisicamente modificados, ou seja, que
não sofreram modificações moleculares e também os quimicamente modificados. O órgão
também entende que matérias primas sintéticas são as derivadas de petróleo ao qual não são
permitidas nas formulações. No caso de processos biotecnológicos, estes são permitidos desde
que não sejam OGM, e no caso dos produtos orgânicos estes processos biotecnológicos também
precisam estar em conformidade com o regulamento sobre produtos orgânicos de cada país.
Nestes casos da produção orgânica, inclusive o solvente utilizado para extração e purificação
dos ingredientes vegetais deve ser de origem natural (GROUP ECOCERT, 2012).
Abaixo segue alguns dos processos permitidos e proibidos pela Ecocert:

Tabela 6 – Processos permitidos e proibidos de acordo com a Ecocert


Processos para matéria primas e produtos - Ecocert
Físico - Permitido Químico - Permitido Proibido
Absorção e Adsorção Condensação Descoloração sobre
compostos de origem animal
32

Esterilização UV, IR e micro- Complexação Irradiação (raios ionizantes


ondas. como alfa e gama)
Moagem Esterificação, Sulfonação
transesterificação
Centrifugação Esterificação Tratamentos que utilizam mercúrio
Decantação Biotecnologia e fermentação Óxido de etileno
natural
Destilação (com solventes Amidificação Utilização de formaldeído
naturais como água e CO2)

Extração (com solventes naturais Hidrogenação


como água e etanol vegetal)
Mistura Saponificação
Fonte: (GROUP ECOCERT, 2012)

Observa-se algumas divergências entre o IBD e o Ecocert no que tange alguns


processos permitidos. O IBD não permite o processo de esterificação e nem a utilização de
micro-ondas. Apesar do IBD não detalhar alguns critérios sobre processos físicos permitidos e
proibidos como a Ecocert, ela disponibiliza uma lista referenciada como “Criteria annexes –
version 3.8” disponível no guia da IBD e no site da Natrue, com inúmeros compostos e
substâncias liberadas (IBD CERTIFICAÇÕES, 2019).

Tabela 7 – Processos permitidos e proibidos de acordo com o IBD


Processos para matéria primas e produtos - IBD
Físico - Permitido Químico - Permitido Proibido
A norma não deixa claro quais Amidação A norma deixa explícito apenas
ou processos físicos são Condensação (com eliminação as radiações ionizantes
permitidos, mas deixa claro de água) (diferentemente da Ecocert),
quais substâncias podem ser Esterificação e processos nanotecnológicos,
usadas para extração, transesterificação biotecnologia com OGM,
purificação e ajustes de pH. Fermentação
Hidrogenação
Neutralização
Fonte: (IBD CERTIFICAÇÕES, 2019)

A ciência cosmética tem pesquisado formas de equilibrar a naturalidade dos processos


e novas matérias primas com os biocosméticos. Essa filosofia é reconhecida pelo significado
da química verde. No caso dos ativos vegetais a maioria dos processos de extração são
realizados com um solvente no qual, quando não é possível utilizar a água, torna-o mais oneroso
já que não é permitido utilizar os solventes sintéticos e os fluidos super críticos como CO2
passam a ser uma alternativa (NUNES, 2019).
33

Um estudo publicado na Cosmetics e Toiletries em 2019 revelou um processo


biofermentativo utilizando duas técnicas. “Umas delas a baixa temperatura de fermentação
transformava as plantas utilizadas na pesquisa em pequenas moléculas que já podiam ser usadas
como ativos nos produtos cosméticos sem nenhum aditivo químico”. O estudo não revela o
nome da planta por ser uma pesquisa patenteada, mas encontra-se ao sul da China. O processo
além de gerar um ativo vegetal 100% natural voltado aos produtos cosméticos naturais para
pele ainda gerou um sérum que está sendo estudado como um futuro conservante alternativo
(NUNES, 2019).

4.6 Toxicologia química

Empiricamente nossos antepassados possuíam noções de toxicologia principalmente


relacionados aos compostos botânicos que tivessem algum princípio ativo para o homem, assim
como também, empiricamente conheciam os ativos que proporcionavam cura à uma doença,
sensação de bem estar, dentre outros aspectos (GARBELLOTTO, [201?]). O que também é um
campo de estudo dos fitocosméticos.
A toxicologia é uma ciência relacionada às nocividades que são desencadeadas por
compostos químicos aos organismos e é bem abrangente envolvendo as áreas da natureza,
ciências exatas e ciências humanas (GARBELLOTTO, 2019). Seu significado é originário do
grego e quer dizer “ciência dos venenos” (GUTIÉRREZ, 2001). Ela trabalha com 3 pilares: o
agente químico, o sistema biológico e o efeito resultante (LEITE, 2019). No campo de estudos
existe a toxicologia ambiental, ocupacional, de alimentos, a médica e cosmética, social, dentre
outros (GARBELLOTTO, 2019; LEITE, 2019).
“A diferença entre a cura e o veneno é a dose”. De fato, esta frase é bem conhecida e
no campo da toxicologia faz total sentido pois, toda substância química ingerida pelos
organismos vivos produz alterações celulares físicas e químicas, sejam temporárias ou
permanentes (GUTIÉRREZ, 2001).
No caso dos produtos cosméticos, a pele como sendo o maior órgão do corpo humano,
entra em contato diariamente com várias substâncias químicas e isso ao longo do tempo pode
gerar reações alérgicas à produtos. Os principais efeitos tóxicos são irritação, sensibilização,
alergenicidade, corrosão, acnegenicidade (relativo à acne), comedogenicidade (relativo aos
comedões) (LEITE, 2019), além de outros efeitos mais raros, porém, com potenciais
mutagênicos, carcinogênicos e teratogênicos (CHORILLI, 2007). O primeiro caso marcante
sobre efeitos colaterais dos produtos cosméticos é atribuído ao uso de talco em crianças em
34

1950 que causou vários óbitos devido a superdosagem do produto hexaclorofeno que é uma
substância antimicrobiana (SANTOS, 2008).
Regulamentos internacionais como os do FDA e da União Europeia, por exemplo,
estabelecem diretrizes para compostos que são proibidos nas formulações cosméticas,
independente se são convencionais, naturais ou orgânicas, assim como a Anvisa também. A
RDC Nº 03 de 20 de janeiro de 2012 estabelece em suas diretrizes substâncias permitidas em
partes, sendo especificados os valores máximos aceitáveis. Já a RDC Nº 83 de 17 de junho de
2016 regulamenta a lista de substâncias proibidas nos produtos cosméticos, de higiene pessoal
e perfumes. Estas listas são comumente denominadas de listas vermelhas. E ambas as RDCs se
diferenciam da 29/2012, citada anteriormente, porque não tratam exclusivamente de compostos
conservantes. Algumas substâncias que requerem atenção e têm seus valores máximos
delimitados nas composições dos produtos descrito na RDC 03/2012 da Anvisa: o álcool
benzílico, linalol, eugenol, nitrato de prata, ácido salicílico, sulfato e cloreto de alumínio, dentre
outros. (BRASIL, 2012a).
Importante salientar que antes da comercialização dos produtos cosméticos, são
realizados vários testes para assegurar sua qualidade e confiabilidade, mas ainda assim, algumas
matérias primas podem causar irritações inesperadas à pele do consumidor (RITO, 2012). Essas
irritações ocorrem porque essas substâncias ativam o sistema imunológico despertando o corpo
para defendê-lo como o efeito de um processo alérgico (CHORILLI, 2007). Mas quanto aos
testes toxicológicos que são realizados, de acordo com o Guia para Avaliação de Segurança de
Produtos Cosméticos da Anvisa eles podem ser in vivo (geralmente animais) e in vitro como:
as análises de sensibilização dérmica, avaliação de irritação acumulada, irritação e
corrosividade cutânea, teste de irritação da mucosa, fototoxicidade, dentre outros (BRASIL,
2012b).
De acordo com o FDA, as principais classes de matérias primas cosméticas que
desencadeiam processos alérgicos são as fragrâncias (como benzoato de benzilo, citronelol,
eugenol e d-limoneno), os conservantes (como metilisotiazolinona, metilcloroisotiazolinona e
diazolidinilureia), os corantes (p-fenilenodiamina e alcatrão de carvão), o látex e metais pesados
(como níquel e ouro) (U.S FOOD, 2019). A literatura também aponta os tensoativos aniônicos
como substâncias propensas a causar irritação, como por exemplo o lauril sulfato de sódio
utilizado em shampoos, assim como também os polêmicos parabenos utilizados como
conservantes microbiológicos (CHORILLI, 2007). No caso dos produtos considera-se os filtros
solares, tinturas capilares, sabonetes antissépticos e shampoo anticaspa como os maiores
responsáveis por irritações cutâneas (RITO, 2012).
35

Quanto aos parabenos, compostos derivados de petróleo e utilizados como


conservantes microbiológicos, existem questionamentos sobre danos que pode causar à saúde
humana (LENTZ, 2019). Uma pesquisa realizada por especialistas do Cosmetic Ingredient
Review (CIR) em 2018 chegou à conclusão de que parabenos são seguros sim. “A diferença
entre o remédio e o veneno é a dose”. Neste caso eles mostraram que nas condições em que
foram usados nas formulações cosméticas eles não prejudicaram à saúde assim como também
não foram associados a doenças. Além disso, são compostos lipossolúveis que se metabolizam
em outros compostos que também são seguros. Eles também afirmam através do
biomonitoramento que a exposição a esses ingredientes, ainda que constante, é baixa
(HELDRETH, 2019a). Inclusive no site do CIR é possível encontrar relatórios sobre milhares
de substâncias químicas que já foram mapeadas e analisadas.
Existem diversos outros compostos como ftalatos, triclosan, metais como chumbo e
alumínio, fragrâncias, mentol, o formol que são associadas ou a algum nível de intoxicação no
consumidor (GARBELLOTTO, 2019) ou como a causa de interferências hormonais sendo
compostos denominados de interferentes endócrinos como são os casos já comprovados dos
ftalatos (FONTENELE, 2009).
Os disruptores endócrinos são definidos como “substâncias químicas presentes no
meio ambiente, capazes de se acumular no solo e nos sedimentos dos rios, contaminar cadeia
alimentar e se ligar a receptores endócrinos promovendo alterações na síntese, secreção,
metabolismo e/ou ação hormonal” (FONTENELE, 2009).
Os ftalatos são compostos conhecidos por atribuir maleabilidade aos polímeros e
podem ser encontrados em produtos para unhas como os esmaltes. São exemplos destes
compostos: phthalates, dibutylphthalates, (DBP) e dimethylphthalate (DMP) (ECYCLE,
[201?]).
No caso de alguns esmaltes o composto polyethylene terephthalate não é proibido pela
Anvisa, assim como o tolueno. Mas vários compostos que possuem tolueno são proibidos pela
Anvisa como dinitrotolueno e diaminotolueno, por exemplo (BRASIL, 2016). O tolueno é
comprovadamente um solvente orgânico neurotóxico (ECYCLE, 2019) no qual a Anvisa
permite limite máximo aceitável de 25% nas formulações cosméticas para adultos (BRASIL,
2012b). Recentemente, em 2019, a Natura lançou uma linha de esmaltes livre de 9 compostos
com potencialidade de efeitos tóxicos como: formaldeído, tolueno, dibutilftalato, resina de
formaldeído, xileno e outros (WEBER, 2020).
Importante ressaltar que ao tratar da segurança de produtos cosméticos por mais que
sejam realizados testes e as empresas assegurem a confiabilidade do produto, os organismos
36

reagem de maneiras diferentes e até a água em quantidades inapropriadas pode causar


desequilíbrio ao ser humano (CHORILLI, 2007). Logo, é importante a análise do produto pelo
consumidor, a fiscalização dos órgãos competentes, a responsabilidade das empresas produtoras
e o investimento em pesquisas toxicológicas para minimização de ocorrências de compostos
químicos prejudiciais à saúde nas formulações dos produtos cosméticos.

4.7 Análise de mercado para os cosméticos naturais e orgânicos

Produtos para embelezamento são utilizados desde a antiguidade. Há registros da


utilização de óleo de amêndoas, coco e gergelim no Egito. Óleo de oliva na Grécia Antiga, a
partir da planta Lawsonia inermis utilizada para colorir os cabelos de preto, flores de açafrão
com lixívia para a coloração vermelho-dourado, dentre outros. Também não é de hoje que
produtos cosméticos são associados ao embelezamento, auto confiança, vaidade e cuidados
pessoais.
Hoje existe um público consumidor em ascensão cuja utilização desses produtos
remete a sensação de bem estar, naturalidade, beleza minimalista, originalidade, atrelado a um
estilo de vida mais saudável em aspectos também relacionados com a alimentação
(SIMMONDS e MARSH, 2020). Além disso, o público consumidor também é mais consciente
ambientalmente, socialmente, mais informado e exigente. O segmento de insumos naturais para
cabelos, por exemplo, tem crescido mundialmente cerca de 8% (SIMMONDS e MARSH,
2020). De acordo com uma pesquisa feita pela Kantar Worldpanel, mais de 50% dos
consumidores preferem produtos naturais, ou orgânicos, com propriedades terapêuticas e
isentos de sulfatos (NOGUEIRA, 2018). A pesquisa também revela os produtos para a pele são
os mais requisitados no quesito de naturalidade e que 66% dos brasileiros gastam mais quando
se trata de empresas socialmente responsáveis também (NOGUEIRA, 2018). Uma outra
pesquisa realizada recentemente pelo portal Use Orgânico revela que mais de 82% dos
consumidores veem que a qualidade dos produtos cosméticos tem a mesma importância que a
qualidade dos produtos alimentícios. 55% relevou acreditar que cosméticos orgânicos sejam os
melhores, mas 46% não sabe a diferença entre um cosmético natural e um orgânico
(FRANQUILINO, 2020).
Observando essas informações, a indústria tanto tradicional como as novas empresas,
buscam segmentar e atender esses clientes que buscam mais pelo natural. Isso é um processo
de inovação e pesquisa do segmento para satisfazer uma demanda vinda dos clientes.
Na realidade, nem sempre todos os produtos aparentemente verdes, de fato o são. Essa
37

prática é denominada greenwashing. É quando uma organização trabalha na imagem de um


produto ou na imagem corporativa de forma enganosa e demonstra práticas que não condizem
com a realidade (NOGUEIRA, 2018). Essa é uma das razões para observação pelo consumidor
de produtos que sejam certificados. Esse tipo de prática é investigado também pelo Código
Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, CONAR.
Pequenas e médias empresas têm crescido e ganham espaço principalmente por
atenderem uma demanda que é cada vez mais personalizada, comunicando-se com os
consumidores principalmente de forma online (WEBER, 2020), pois esse processo de
crescimento das novas empresas também é muito impulsionado pelo marketing e pelo uso das
redes sociais onde as informações são compartilhadas muito rapidamente (BERBARE, 2019).
Dentre as principais empresas brasileiras lembradas no segmento de naturais e orgânicos estão
a Lola, Cativa Natureza e Live Aloe.
Também se observa em uma outra pesquisa realizada pela Ecovia Intelligence que em
um cenário mundial, no período da pandemia de covid- 19 os consumidores têm procurado por
ingredientes naturais, orgânicos e aromaterapias, levando a uma alta demanda por alguns ativos
como aloe vera, murta de limão, óleo de eucalipto, dentre outros. (BRAZIL BEAUTY, 2020).
Além, disso o setor que é marcado pela venda direta está inovando e expandido não só a
comunicação com os clientes pelas redes sociais como também as vendas por canais digitais
(WEBER, 2020).

4.8 Sustentabilidade

Algumas organizações começam a introduzir a sustentabilidade como condição formal


dentro do seu processo de inovação e apresenta-se em pleno desenvolvimento como desafio no
meio empresarial. Organização inovadora “não é a que introduz novidades de qualquer tipo,
mas novidades que atendam as múltiplas dimensões da sustentabilidade e colham resultados
positivos para ela, para a sociedade e o meio ambiente” (BARBIERI, 2007, p. 105). Neste
sentido as empresas têm o desafio de produzir e criar mais valor com menores impactos sociais
e ambientais, buscando assim redução do consumo de recursos e do impacto sobre a natureza.
A questão ambiental associada à inovação favorece o desenvolvimento de novas
tecnologias, desde pequenos avanços nas atividades de rotina até modificações de produtos e
processos que buscam o alcance das metas organizacionais (GOMES et. al 2009). Uma
organização com conhecimento sobre o mercado e foco em P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
- expande suas oportunidades de desenvolver novas soluções, que podem ampliar a sua
38

vantagem competitiva e motivar oportunidades de negócios. As inovações sustentáveis não


necessitam estar focalizadas somente na demanda de mercado, mas devem também analisar as
necessidades da sociedade, em busca da comodidade financeira da organização e da qualidade
de vida (DAROIT e NASCIMENTO, 2000).
Nesse contexto, o impacto no meio ambiente pode ser reduzido por meio da utilização
eficiente dos recursos naturais e pela minimização dos resíduos pós- consumo. Porém a
inovação precisa ser abrangida no contexto social, pois as inovações tecnológicas desencadeiam
as suas próprias necessidades (FELDMANN, 2003). Porter e Linde (1995) ressaltam que tais
inovações permitem que as organizações usem uma cadeia de insumos de forma mais produtiva
compensando os custos com o avanço do impacto sobre o ambiente e conciliando o impasse
entre ecologia versus economia.

4.8.1 CONSUMO SUSTENTÁVEL DE PRODUTOS COSMÉTICOS A BASE DE MATÉRIAS-PRIMAS


NATURAIS.

O esgotamento dos recursos naturais, mudanças climáticas, poluição do ar e geração de


resíduos são os principais problemas ambientais que a política deve lidar. Na última década,
grandes esforços foram inseridos em políticas voltadas para os processos de produção. Contudo,
só nos últimos anos a importância da perspectiva do consumo tem sido destacado, já que altos
níveis de consumo ameaçam a qualidade do meio ambiente e os processos de sustentabilidade
e desenvolvimento (TUKKER, 2010).
O principal objetivo do consumo sustentável não é piorar a qualidade ambiental pelo
crescimento de bens e serviços, não para reduzir o consumo, mas para reduzir seu impacto
ambiental. Uma das principais ferramentas para alcançar a sustentabilidade é aumentar a
compra de produtos ecologicamente corretos (produtos verdes (GPs)). O consumo de GPs pode
ser uma forma de minimizar o impacto ambiental (MONT E PLEPYS, 2008).
O marketing verde recebeu maior atenção devido à deterioração ambiental relacionada
ao crescente nível de consumo (KUMAR, 2010). Assim, em um sentido amplo as atividades de
marketing verde facilitam as trocas, que satisfazem as necessidades e desejos do consumidor,
minimizando o impacto dessas atividades no ambiente físico por meio de:

a) redução de resíduos em embalagem;


b) crescimento na eficiência do uso de recursos;
c) diminuição de emissões químicas e tóxicas e outros poluentes na produção e uso.
39

Portanto, em geral, os GPs são referido como tendo um impacto menor no meio
ambiente e prejudicando menos a saúde humana do que os produtos tradicionais (JANSSEN E
JAGER, 2002).
BRAIMAH (2015) afirmou recentemente que o mercado de marcas verdes está
crescendo exponencialmente em nível global. Essas tendências estão relacionadas ao
aumentando as pressões sociais e políticas como muitas empresas têm adotado estratégias de
marketing verde e, portanto, questões ambientais tornou-se uma vantagem competitiva
(COLEMAN, 2011). Além disso, os estudos (KONG, 2014) mostraram que a demanda de verde
produtos (orgânicos) aumentaram significativamente nos últimos anos, como bem, e, do ponto
de vista do meio ambiente, é avaliado muito positivamente.
Dentre os agentes envolvidos na cadeia de cosméticos à base de produtos naturais, as
matérias primas naturais são as que desempenham papel-chave no desenvolvimento e no
sucesso de uma empresa desse segmento. Sendo assim, um olhar atento aos insumos naturais
reforça sua importância, bem como ressalta o estratégico papel da biodiversidade brasileira no
setor.

4.9 Um novo olhar para a problemática ambiental

A problemática ambiental realmente entra em foco a partir da Conferência


Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para Uso e Conservação
Racionais dos Recursos da Biosfera, conhecida como Conferência da Biosfera, realizada em
1968 e com a publicação, no mesmo ano, do Relatório Meadows, conhecido como Relatório do
Clube de Roma. Este relatório abalou as convicções da época sobre o valor do desenvolvimento
econômico e a sociedade passou a fazer maior pressão sobre os governos acerca da questão
ambiental, influenciando de maneira decisiva o debate na Conferência de Estocolmo, em 1972,
que se caracterizou como a primeira atitude mundial em tentar organizar as relações entre o
Homem e o Meio Ambiente. Esta conferência marcou o início do avanço das ideias
intervencionistas no mundo que iriam ampliar o caráter preservador dos recursos naturais.
A partir daí, desenvolvimento e meio ambiente passam a fundir-se no conceito de
ecodesenvolvimento que, no início da década de 1980, foi suplantado pelo conceito de
desenvolvimento sustentável, passando a ser adotado como expressão oficial nos documentos
da Organização das Nações Unidas (ONU), União Internacional para a Conservação da
Natureza (UICN) e Fundo Mundial para a Vida Selvagem e Natureza (WWF). Ao se aproximar
o final dessa década, começa a chegar ao fim o período das Leis de Comando e Controle, cuja
40

única preocupação era somente controlar a quantidade de resíduos que saiam das chaminés ou
canos das indústrias, visando o tratamento dos mesmos somente no fim da linha de produção.
Começam a surgir ou a se definir conceitos e iniciativas industriais e governamentais que já
estavam em "gestação" e que muito contribuiriam para o estabelecimento da Química Verde.
Podemos citar como exemplo, a Lei de Prevenção à Poluição nos EUA (1990), a qual busca
prevenir a poluição pelo incentivo às empresas para reduzir a geração de poluentes por meio de
mudanças economicamente efetivas na produção, operação e uso da matéria-prima. Foi a
primeira e única lei focada na prevenção da poluição ao invés do típico tratamento e
remediação. Também nesse período, o conceito de sustentabilidade é estabelecido e preconiza
que devemos satisfazer as necessidades atuais dos seres humanos, não comprometendo a
capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas necessidades. Surge, ainda, o conceito de
"Minimização de Resíduos", que se refere à redução da quantidade de resíduos sólidos ou
líquidos produzidos por um determinado processo.
A prática do processo de reciclagem, a valorização e o tratamento seguro dos resíduos
sólidos e líquidos, a embalagem segura e rotulagem adequada também estão incorporados neste
conceito. Todavia, por ser menos abrangente, o conceito de Minimização de Resíduos é
considerado menor na hierarquia de intervenção pré-poluição do que a Química Verde. Já o
"Projeto para o Meio Ambiente" (Design for the Environment - DfE) tem por objetivo examinar
todo o ciclo de vida do produto para propor alterações no projeto, de forma a minimizar o
impacto ambiental desde a sua fabricação até o seu descarte. É visto como uma ferramenta que
incorpora considerações ambientais no projeto de produtos e processos. Por fim, o Programa
de Atuação Responsável, criado no Canadá pela Canadian Chemical Producers Association a
partir de 1984, e que atualmente está estabelecido em 42 países, estando no Brasil desde 1992.
Esse programa engloba uma diversidade de elementos, incluindo a segurança do processo,
transporte e interação com fornecedores, distribuidores e outros interessados, objetivando o
fornecimento de produtos químicos que podem ser fabricados de forma segura, protegendo o
meio ambiente e a saúde da população.
Paralelamente a esses eventos, em 1991, um pouco depois da publicação da lei de
Prevenção à Poluição nos EUA, a Environmental Protection Agency, por meio do Instituto de
Prevenção à Poluição e Tóxicos lançou também o programa "Rotas Sintéticas Alternativas para
Prevenção de Poluição", uma linha de financiamento para projetos de pesquisa que incluíssem
a prevenção de poluição em suas sínteses, ou seja, fabricar produtos por meio de processos
ambientalmente corretos. Em 1993, o programa foi expandido para incluir outros temas, tais
como solventes ecológicos e produtos químicos mais seguros, sendo renomeado como Química
41

Verde. Estava estabelecida, portanto, não somente uma mudança que levaria muitas empresas
a reavaliarem os seus processos de produção, buscando ganhos ambientais além dos
econômicos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em meio a tantas opões existentes de produtos que se dizem ser verdes, isentos de
parabenos, sulfatos, petrolatos e não testados em animais, as certificações dos produtos naturais
ou produtos orgânicos através das certificadoras, seja Ecocert ou IBD, traz um significado de
que estes produtos de fato podem ser considerados naturais ou orgânicos. Isso não significa que
estes produtos não possam desencadear processos alérgicos, como visto anteriormente, pois
eles contêm fragrâncias e até mesmo conservantes que têm seus limites máximos delimitados
pela Anvisa de acordo com a RDC 83/2016. Além disto, são passíveis de conter bioativos ou
extratos vegetais que mesmo naturais ou orgânicos também são passíveis de desencadear
processos alérgicos.
O fato é que mesmo assim, essas empresas devidamente certificadas também têm toda
uma preocupação em relação a cadeia que envolve cuidados com os resíduos da produção e seu
descarte, com a utilização de embalagens de forma minimalista e reutilizável, com os
fornecedores, e no caso dos produtos orgânicos, ainda há uma rastreabilidade ainda maior da
origem dessas matérias primas juntamente a uma responsabilidade social seja com as famílias,
associações ou cooperativas de plantações, de forma a garantir que as matérias primas sejam
totalmente isentas de quaisquer substâncias agrotóxicas, ou seja, uma matéria advinda também
da agricultura orgânica. Apesar dos processos de certificações muitas vezes não serem tão
claros e gerar dúvidas, de muitas determinações serem diferentes entre Ecocert e IBD, e ser
feito um processo extremamente criterioso de análise e auditoria, ainda assim, são as
certificações que contribuem para padronizar este mercado de cosméticos naturais e orgânicos
assim como também passar maior credibilidade das empresas ao consumidor.
A realidade deste mercado de cosmético orgânico e natural é que ele tende a crescer
nos próximos anos também considerando o estilo de vida da humanidade atualmente. Uma
realidade baseada na estima social, muito alimentado por meio das redes sociais, pela cultura
do cuidado pessoal, do corpo, da espiritualidade e do cuidado com o meio ambiente. Isto
também pode ser observado dado que, para os consumidores, atributos como segurança e saúde,
apesar de terem sido considerados importantes para as escolhas dos produtos, ainda assim
ficaram abaixo de fatores como consumo consciente.
42

Por fim, por meio deste trabalho obteve-se uma visão da realidade das empresas que
já nasceram com esse propósito, do quanto que esse mercado é um mercado promissor. Os
cosméticos naturais e orgânicos podem valer-se como dispositivo para pensar acerca de uma
consciência ecológica mais responsável, mas algumas definições e esclarecimentos, precisam
ser feitos pelas empresas para a melhor compreensão do consumidor, pois de fato, ele não
compreende ainda de forma abrangente qual a real proposta dos cosméticos naturais e
orgânicos.
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