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POR TRÁS DO ESPELHO

(roteiro de curta- metragem por Caio Brum


e Rafael Isoppo)

Quarto Tratamento
1. INT. CASA - NOITE

Créditos iniciais com cenas da casa.

2. INT. SALA DA LAREIRA - NOITE

Angela está sentada em um sofá lendo o livro “O Iluminado”.


Sophia entra na sala.

SOPHIA
Amor, tu viu meu jaleco por aí?

ANGELA
Eu botei ele em cima da cabeceira
ontem.
SOPHIA
Ok, vou pegar lá.

Sophia sai da sala e Angela volta a ler seu livro.


Sophia volta para a sala com o jaleco em mãos.

SOPHIA
Achei amor, valeu. Já to indo pro
trabalho.
ANGELA
Por nada, vida. Bom trabalho.

Sophia se inclina para dar um beijo em Angela, ela recua


antes do ato.

SOPHIA
Já ia me esquecendo, tu tomou teus
remédios hoje?
ANGELA
Nossa, eu já ia esquecer, vou pegar
lá.

Angela se movimenta para levantar do sofá, mas Sophia a para.

SOPHIA
Fica aí, deixa que eu pego pra você.

Sophia sai da sala em passos rápidos, ela logo volta com


dois comprimidos na mão e um copo d’água. Ela os põe na mesa
ao lado de Angela.

ANGELA
Brigada, amor.
SOPHIA
Não precisa agradecer, é o meu dever
cuidar de ti.
Sophia se inclina para dar um beijo em Angela.

SOPHIA
Agora sim eu vou pro trabalho, toma
esses remédios em.

ANGELA
Pode deixar.

Sophia se vira e sai da sala.


BARULHO DE PORTA FECHANDO.
Angela olha para os remédios ao seu lado com aflição. Ela
balança a cabeça em negativo e volta a ler seu livro.

3. INT. QUARTO DA CORTINA - NOITE


Angela está no seu quarto, arrumando sua cama para dormir.
Um barulho de corrente vem do andar de cima.
Angela olha para cima, expressando estranhamento.
Ela para de arrumar a cama e vai em direção a saída do
quarto.

4. INT. ESCADAS DO TERCEIRO ANDAR - NOITE


Angela está no corredor, ela vai até as escadas e as sobe
lentamente. Está tudo escuro no andar superior. Ela para nas
escadas e olha para o escuro. Angela segue subindo.
Angela chega no fim da escada e olha em direção a um espelho.
Ela avista a silhueta de alguém no espelho, além da dela.
Angela demonstra medo, mas se aproxima lentamente, forçando
seus olhos. Ela observa de perto. A silhueta se movimenta e
Angela se assusta. Essa pessoa parece ser uma mulher, ela
tem a pele cheia de cicatrizes e ferimentos, sua boca é
costurada, sua postura é inclinada. Angela corre para o andar
de baixo.

5. INT. PRIMEIRO QUARTO - NOITE


Angela corre de volta para seu quarto, tranca a porta, pega
seu celular em cima da cama e liga para Sophia.
O telefone toca três vezes antes de Sophia atender.

SOPHIA
Alô?
ANGELA
Amor, pelo amor de Deus! Eu acho que
vi alguma coisa no espelho do sótão.
Parecia uma pessoa ou um monstro.

SOPHIA
Te acalma, amor! Não, tu tá ficando
louca? Tu tomou o teu remédio?
ANGELA
Não, eu ainda não tomei. Mas eu juro,
não é isso!
SOPHIA
Fica calma. Eu tô indo pra casa. Toma
o teu remédio e dorme que vai ficar
tudo bem.
ANGELA
Tá bem. Não demora, por favor.

Após desligar a ligação, Angela se vira em direção a cortina


de seu quarto.
Na cortina, há uma sombra no formato de uma pessoa. Angela
começa a inspirar rapidamente.
Ela se aproxima da cortina e a abre. Não tem nada.
Angela põe a mão no peito e suspira de alívio. Ela se vira
para sair do seu quarto.

6. INT. SEGUNDO QUARTO - NOITE


Angela entra no outro quarto da casa.
Ela para na frente de um gaveteiro, em cima do móvel tem um
espelho um espelho. Ela se abaixa para pegar algo no móvel.
Angela levanta e se olha no espelho do quarto, ela vê pelo
reflexo que a mesma mulher que ela avistou anteriormente
está atrás dela. Angela grita e se vira em direção ao ser,
mas não há ninguém. Assustada, Angela corre para fora do
quarto.

7. INT. CORREDOR DO SEGUNDO ANDAR - NOITE


No corredor, Angela percebe novamente, no reflexo de outro
espelho, a mesma mulher atrás dela. Novamente, Angela se
vira em direção ao ser e não há nada.

ANGELA
Não, eu tô ficando louca.

Angela vai rapidamente em direção ao primeiro andar.

8. INT. SALA DA LAREIRA - NOITE


Angela entra na sala e vai rapidamente em direção aos seus
comprimidos e os toma com a água que estava ao lado.
Após tomá-los, Angela se senta no sofá. Ela passa a mão pelos
cabelos e respira fundo.
BARULHO DE PORTA ABRINDO.
Angela sorri (pensa que Sophia chegou em casa), ela se
levanta do sofá e sai da sala.

9. INT. CORREDOR DO PRIMEIRO ANDAR - NOITE


Angela entra no corredor, olha para o começo dele e
subitamente para de andar, começa a expressar medo.
Do outro lado do corredor, a mesma pessoa cheia de cicatrizes
começa a surgir do escuro. Seus movimentos são lentos e
arrastados.
Angela começa a lacrimejar, recua e baixa a sua postura.

ANGELA
Não! Isso não pode ser real, me deixa
em paz!

A mulher cheia de cicatrizes vai na direção de Angela


lentamente.
Angela se arrasta até o fim do corredor e começa a chorar.
A mulher chega perto de Angela, elas ficam cara a cara.
Angela fecha os olhos e se encolhe.
A mulher desfigurada emite um som desesperado. Angela abre
os olhos lentamente, ela olha para a mulher.
A mulher cheia de cicatrizes se afasta um passo de Angela,
ela levanta sua mão e faz um sinal para que Angela a siga.
Angela franze as sobrancelhas e levanta lentamente, a mulher
recua de volta para o começo do corredor e Angela a segue
receosa.

10. INT. ESCADAS DO TERCEIRO ANDAR - NOITE


A mulher mutilada leva Angela às escadas do terceiro andar.
Angela percebe que há uma porta atrás do espelho, que está
aberta. Angela expressa nojo e tapa seu nariz enquanto se
aproxima. Ao chegarem perto da entrada do cômodo escondido,
a mulher mutilada aponta para dentro do cômodo com suas mãos
tremendo.
Angela entra no cômodo escondido enquanto olha para a mulher
mutilada, que permanece do lado de fora.

11. INT. SALA SECRETA - NOITE


Está totalmente escuro. Angela liga a luz do cômodo e se
assusta.
ANGELA
Meu Deus, que merda é essa?

O cômodo está quase todo vazio, somente há uma mesa de


cirurgia suja de sangue no centro, uma mesa pequena com
ferramentas cirúrgicas ao lado e correntes nas paredes.
Angela entra mais no cômodo, ela se aproxima da mesa de
cirurgias e analisa.
Ela olha para trás e vê a mulher mutilada na entrada do
cômodo, a mulher aponta para a parede ao seu lado.
Angela se aproxima da parede, nela, tem múltiplas fotos
grudadas.
Angela percebe que são fotos de Sophia com a mesma mulher
mutilada que Angela seguiu até este cômodo, nas fotos a
mulher aparentava estar saudável e ela e Sophia aparentavam
ser um casal.
A respiração de Angela fica pesada, ela se vira para olhar
novamente para a mulher mutilada.
Na entrada do cômodo, está Sophia.

SOPHIA
Não era pra tu ter visto isso.

Sophia bate na cabeça de Angela e Angela cai.

12. INT. SALA SECRETA - NOITE


Angela acorda assustada e tonta. Ela está deitada, amarrada
na mesa ensanguentada. Ela olha pros lados, vê Sophia
organizando suas ferramentas médicas e a mulher cheia de
cicatrizes machucada e presa ao fundo.

SOPHIA
Não era pra ser assim. Eu queria ter
aproveitado mais nosso tempo antes
de chegar nessa fase. Mas devia ter
sido mais cuidadosa.

ANGELA
Sophia, por fav…

SOPHIA
“Shii”, não fala. A não ser que tu
queira ficar como ela.

Sophia olha para trás, sinalizando a mulher mutilada.

ANGELA
Nã-

Sophia coloca uma fita na boca de Angela. Ela pega um


bisturi, se aproxima de Angela e fala.

SOPHIA
É isso que acontece quando não se
toma os remédios na hora certa, meu
amor.

Sophia segura as pálpebras de um dos olhos de Angela e


balança o bisturi perto do olho. Angela grita amordaçada
enquanto tenta se debater.
É possível ver na outra parede uma foto de Angela e Sophia,
além de outras fotos de Sophia e outras mulheres.

FIM.

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