You are on page 1of 7
Alimentag4o de Loricariichthys anus (Teleostei; Loricariidae) nas lagoas Marcelino e Peixoto, Planicie Costeira do Rio Grande do Sul. ALBRECHT MP & SILVEIRA, CM RESUMO: Allmentagho de Loriearlichthye anus (Teteostel Lortcarlidae) nas Lagoas Marcelino + Peixoto, Planiele Costelra do Rlo Grande do Sul. Loricariichiny's anus Valenciennes, 1840 6 lum siluriiorme abundante © de ampla distabuigse no Rio Grande do Sul, constitwindo lum recurso importante para os pescadoros que vivem préximos ao sistema de lagoas cosiclras desic Esiado. A lagoa Marcelino, ligada por um canal a lagfoa Peixoto, 6 0 compe diigua mais proximo da cidade de Osérie, recebendo dircwamente seu esgoto nao trolado, A im de caracterizat a dieia do L anus nesies ambientws, os ospécimes foram coletados mensalmente, de janciro a setombro/1997. com rodes de espera de malas 2.9 © 3.0 mm ontze-nds. 0 contedde do tergo anterior do intestine de 122 espée' mes foi cxaminado, Para a andlise dos dados, foram utilzadas 2 Ireqiéncia de ocorrén- cla © uma cscala scmiquantitativa de volume combinadas em um Indice de Importincia Alimentar (iA). No especiso gcral da dicta, os ltens principais foram Sedimento © Res: los veaetals, Bivalvia, Cladocera ¢ Copepoda foram identilicades como adicionais. Outros sete Hens foram acidentais, tendo sido quatro desses encontradns somente em espécimes calciades na lass Peixoto, 0 Quociente tnicstinal obtido foi 2.14 + 0.28. 0 teste de Mannawhiiney ndo detectou diferengas signilicativas entre a alimentagao de £ anus nas duas lagoos. bem como enire inverno © vero na lagoa Marcelino. Palavrescchave: alitnentacao, Loricariichihys anus, Siiucilormes, lagoas cosicites, esgoio urnano, ABSTRACT: Diet of Lortoariicnthys anus (Slurtormes; Loricsriidae) in the I ‘and Peixoto, Coastal Plain of Ro Grande do Sul state, Brazil. Loricavichihy's anus Valenciennes. [840 Is an abundant and widely disitipuled armoured catiish In the State of Rio Grande {do Sul, Ara2ii, and constitutes an important resource for fishermen who live by the lagoons located at the Coastal Plain of this State, Marcelino fagoon receives she untreated urban sewage from the town of O86ri0, and IS Connected 10 PeixoIo lagoon by # channel. Aiming 19 characterize the diet of this species in this environment, specimens were monthly captured between January and Seplemberto07 with 2.5- and 3.0-nm-mesh ll nots. The contenis of the upper third of the intestine of 122 specimens were examined. ‘The importance af each item was given by a Feeding Importance Index (tA), which combines frequency of accurrence and 2 somi-quantiative scale based on volume. The choral food spectrum revealed Sediment and Plant debris as she main stems. wherees Bivalvia, Cladocera, and Copepada were ideniiied as additional, and seven other tems as raic. Four of these were only (ound in specimens collected in Peixoto lagoon, The inicstinal Coofficien! obtained was 2.1 4 0.25. The Mann-Whitney tes! detected no Significant dillerences in the dict of L anus cither between the two lagoons or belween and winter in Macceline lagoon. Key wor feeding, Loricanichinys anus, Sitviilarmes, coastal lagoons. urban sewore, Introdugao Loricarlictuhys anus Valenciennes, 1840, popularmente connecide como cascudo: viola, & uum silicitorme abundante e de ampla distribuigéo nas aguas continentais do Rio Grande do Sul (Bertolet! ei af, 1989; Malabarba & Isafa, 1902: Bruschi e! at, 1997) Segundo Brusch! er al. (1997), sua carne tom um aproveltemento potencial em torno de ‘Acta Limo, BiB. 13/2:70:6, 2001 7 458 © seu filé 6 bastante apreciado pela populacdo humana quo habita as marsens das faxoas da Planicie Costeira do Rio Grande do Sul, Enire elas esto as lagoas Marcelino C poixoto, pettencentes & bacia hidrogratica do lo Tramandal, c situadas no municipio de Oséri0 A lagoa Mazceliny forma © principal corpo receptor do esgole nao tatado deste cidade (Schatcr ef af. 1990), estanda ligada & lagoa Peixoto por um canal. Lontcanichinys linus fol a especie mals abundante ern termos de blomassa e @ segunda cm mimero de ndividuos nesses lagoas. de acorde com estudo de Bruschi 4998), que também reve ou cst siluriforme como uma das espécics inclferentcs ao aportc de osAot0, no que s° refere 4 sua estiutura populacional, Aiém deste. £ anus tem sido alvo de oulros esiu- Gos neste local, como Albrecht (1996), que sugerlu esta espécic como potencial Dioind.cadora pare monitoramente passive da polwigdo por melais-lraco has laKuas do exiao. Amato e Albrecht (n30 publicado), sobre a presonca de nematdides parasitas tem seu irato Sigestive. © Matias ef al. (1990), sobre a hisiologla de seu waio dikestive, © conhcelmento da alimentagdo de pelxes om meio nalural ¢ indispensdivel & com. precasao de sua biologia © ccolegia, pormitinao explicar varlagdes de crescimento, cerios aapecios da roprodugso, migragées © comporiamento de procura © caplura URoscecht a Nowaze, 1987), Deste modo, fais informacoes podem, em associagao com houlros esiudos, fernecer subsidies para entender as relagées tr6ticas dentto de um tccossistema © também para propor a implemeniagéo de iéenicas de euitvo ‘Neste trabalho apresentamos dados sobre a alimentagéo de Loricariichinys anus hnas lagoas costeitas Marcelino © Pelxolo, localizadas no sul do Brasil. Devido as distin: ‘clas diferentes dessus lagoas em relagdo ao langamento de esgoto. protondeu se inves: figar se oslo acarelou alguma dilerenca nos nAbilos alimentares de L anus, Uma ver que 6 clma da regio & subtropical, com variacocs de temperatura ao longo do ano. possiveis mudancas na dicta desta espécie foram também investigadas na lasoa Marcelino enire os meses de inverno € verde. Materiais e métodos Area de estudo [As lagoas Marcelino © Peixoto esido entre 08 compos dagua que Compoem o sist: ima layunor da regiio de Tramandal-Os6ro. na Planicie Costcira do ilo Grange do Sul Guo 0 ostonde entle 20412" © 32%R S © 49°90" © 53°30 W. A lagoa Marcelino possul uma Superiicie aproximada de 0.4 km? © profundidade média de 1.1m, enquanto a 13K Peixoo é mals extensa (3.26 kn?) © profunda 11,68 m), Quanto @ qualidade da dgua soqundo a classificagao do CONAMA {1086), a primeira fol enquadrada no Classe 4 © a Ghina na Classe 2 (FEPANL ZUOU) Segunuy 4 Gessiticagio de Koppen, o clima do regian Odo tipo subtopical dmido, com temperatura média anual de 20" C © precipitagao jnedia de 1300 mm, sendo as chuvas distribuidas durante todo 0 ano (Schwarrbold & ‘sehater, 1988). Metodologia lem cada lagoa (ol selecionada um ponte de amostragem, © ponto I, na Taga Marcelino. dista aproximadamante Som da saida do esgoto. enquanio 0 ponto 2 local pase na margem noroeste da kagoo Peixoto, em torno de 200m do canal que conccia as Guas lagons. OS espécimes foram caplurados mensaimente entre janciro © setembra’ 1997, com redes de espera de malhas 2.5 e 3.0mm enirenés adjacentes deixedas por da Homes © sevisadas No crepusculo © a6 amanhecer ApS as despeseas foram trans poriados em gelo para o laboraistio, ande foram submetides aos procedimentos de Touna para obtengae dos dados biolgicos. © trat0 digestivo fol fixado em formol 3% t apds uma semana, tansterido para élcool olilico 70" para conservagio, Os domois Sigdos e tecidos foram armazenados para aproveliamento em outros projeios de pes: Quisa, © conteddo do terco anterior do intestino de 122 individuos com comprimento padrao (Cp) entre 18.6 € 31.5 Em (Ol anallsado sob microscépio estercoscépico. Esta orGao do Intestino sera referenciada Come ‘estdmago’ a0 longo do Lexto. Para a analise da dieta foi ublizada uma escala somiquaniitaliva de abundancia, através da qual estimowse a conirbulgao de cada Liem alimentar de acordo com 0 volume ocupado em relacao 20 contetide total, consideranda-se a seguinte oscala: 3 (50%), 2 5 - 50K) € I (s 25%), Estes valores foram combinados com 9 méiodo de Frequéncia de Ocorréncla (FOS), no qual a prosen¢e de cada item ¢ rexisirada em funga0 do numero de esidmagos examinados (Hynes, 1950; Hyslop. 1980), para 2 oblen: 40 do Indice de Importancia Alimentar (LA) proposio por Granado:Lorencio © Garcia Nove 11081) seguindo a s6rmula: WA = BX, # KY a= 1, onde: X,+ FO do item X com valor K de abundancia na escala scmi-quontitolive, Ke cate soria de abundancia (0, 1, 2 ou 3} © @ = nlimero de categoria considerades, A classificagao ulllizada seguc a proposta por Guillen & Granado (1984) itens com UIA.» 0.3 sao considerades como alimento principal, UA de 0.3 a 0.15 como adicional, e + 015 como acidental Com o objetivo de veriticar possivels difc cngas signiticauvas entre a composigie a dicta nas duas lagoas, 0 entre inverno © verio na lagoa Marcelino, fot apticado 0 esto de Mann-Whitney (Zar. 1984). Como verde foram considerades os meses de janci £0, feverelio © maccor 1997, © como inverno, Junho, Julho. agosio © selembra) 1907. Os moses de abril © malo néo foram amosirados Adicionalmente. fo1 medide 9 Comprimento (CH de 26 intestinos separados aleatoriamente com » objetivo de caleular © Quociente tntestinal (Ql) através da ex pressao Qis CV) Cp (Angclescu & Gnerl, 1049), A relagae entre Cp € CI fo! vericada através de uma andlise de correlagao (ar, 1984, Resultados No espectro seral da dicta de 1. anus nas duas lagoas. foram idontificados 12 Hens aalimentares. Scdimento © Restos vegeials foram os Kens principals, com A supenor & 0.5, Bivalvia, Cladocera. e Copepoda foram identilicados come itens adicionais UIA + 0.151, © 0 demais lens como acidentats (Fig. 1 a i TS “—_— —\— Po serine Beas ninon om a2 sak ase Fiera ¢ Repectza gerat da deta de Lorearichiys anus nos Ingoas Marcel © Pein (OxG, NS} dado 0s valores de 1A © FOR dos tens alimeniares consumidos om cada lagoa e/ou estagao do ano separadamente $40 apresentados na Tab, 1, Os Unicos ilens principals hos és casos (Marcelinovinverne, Marcelino/Vverde © Peixataiverio) sao Sedimento & Restos vegeiais. Bivaivia é um tom principal somente em Marcelina’ verso, Enire 08 Kens acidentais, ne especiro geral, quatro $40 exclusives de espécimes coletados aa logoa PeKoro, Destes, Larva de Ephemesoptera fol ideniificado como principal na logoa Peixoto, Apesar destas dileroncas isoladas. 0 teste de Mann-Whitney nao detectou dife encas significalivas do Lanus entre as duas lagoss (pr0.134:a $ 0.05) © nem entte Inver rho verd0 na lagoa Marcelino (p+ 0,30ka $ 0.05) Tabela t foaice ce unponineia Aliment i © Prequéneis de Ceortnelo dos wens da aes de Lagoa Marcelino Lagoa Peixoto item alimentar inverno verdio verso FO% NA FO% WA —FO% “Rigas TTamenosas Tie 000 000s Bivalvia Wad O45 68.25 0.068 7.30 Cladocera 2778 oe ass O34, 78 copepods 024 = 72.22 0,20 402k 026 GOLT Escama 0.01 278 0.00 0,00 oz 4.35, Lawade Decapoda 0.000.000.0000, 00870 Larvade Diptera 0.04 =, 0.02, 835.78 Larva de Ephemeropiera 0,00 «0000.00 9.00 as 05.22 siracoda 000-000 00000002, 28,09 Restos vegettis 0.60 72,220.87 0000080 Sedimento! Dewios 066 «83,3346 70.37 7895.05, Testacida 0.00 000 0.00000 0e 18.04 1 ioral analisado 36 3 2 (© quociente intestinal obtlde fol 2.14 + 0.25, Auavés do teste de corrclacéo (01 oblido 1 = 0,0058, indicands uma corelagao pasitiva entre Ci & Cp (p10.0», Lonicanichihnys anus pode ser classilicada come uma especie ilidinga-onivora, de vide a frequéncia © volume do stom Sedimenio. associado a prosenga de organismos tanto de origem animal quanto vegetal. Sedundo Angclescu & Gneri 1949}, a iiofagia 6 0 habito de se alimontar de sedimento, que consistc cm dettilos © organismos associa dos, Especialmente em lagfoas cosicltas. 0S deiros constiuem um importante hem da dlela do varias espécies de peixes |Aguiaro & Caramaschi. 1997}, Seu valor nutsitivo, ontrotanto, € questionavel, € sua presenca no trata digestive nao significa @ prior! que conire nus role metabslicas do peixe Gerking, 1904), © valor nutricional do scdimento parece Vir dos narticulas orSnicas decomposias. baciérias ¢ outros organismos asso: cindos, tintdo, pode set uma fonte vallosa de nutrientes em peixes que possuem meca: fismos aproptiades de selecdo na area bucoferingcana, ¢ sistemas digestives capazes de uulizar a variedade de material organico que consome juno iKeenlcyside, 1979) Fug of 2 1996) encontraram deirtos © organismos animals © Vegetal no Intestino de L. playymetgpon do alto rio Parana, classificando-a como dewriivora, Por outro lade, Py-Danicl (1984) obleve resultados somethanies para quairo espécies de Loricariichthys da Amazénla, tendo classilicado-as como oniveras, Os onivores aprovellam grande variedade de alimentos disponivels em diversos locals. © por esic motivo uma mesma esnécie pode aprosentar dlela diversilicada, dependendo da regio e época do ano. as ciassilicagoes em categorias Wrdlicas, no ontanto, S20 gEMPre acompanhadas de uma ceerla subjetividade, Em parte, porque os mélodos de anulise de recursos consumidos egligenciam dilerengas de microhabilats © comporiamonto. © em parte porque os hoixes apreseniam, em sua maioria, grande plasticidade slimontar (Matthews. 1998), BZ umweun wn 4 suveus cm mento de tovicorniy: ame Apeser de 0 item Restos vesolais ser importante para a dicta de L anus. principal mente na lagoa Marceline, nao se pode dizer que esia espécie apresente uma tendéncia & herbivorla, Segundo Zavale-Camin (1908), 0s peixes herbivoros $20 aqueles que sele- cionam material vegetal vivo. © material vegetal consumido por 1. anus & formado por nedacos de talos Ienhosos, folhas © cascas, com aparéncia Ja parcialmente deeampos: {o. Sendo consumidos, provavelmente, direto do fundo, onde jé terlam comegado 0 processo de decomposicao. Isto & reforcado por Allan (1095), que argumenta que macrofitas S60 raramente atacedas, devide & sua balxe digestibilidade e altos nivels de celulose € ligaina, scndo tipicamente consumidas somente apés enirarem na cadeia de detritivoria, Por outra lado, Nelson ef al. 11995). encontraram evidéncias de que alguns Jonicarlidcos tenhiam desenvolvido 8 capacidade de usar madeira como recurso, por simblose com microorganismos que digerem colulose, Sugerem, inclusive, que este Seria um dos motives que conferlu tamenhe sucesso a Irradiagio deste grupo de peixes: pola reaiao neotropical © consumo difcrenciado pode scr originado de diferencas no suprimento.atimen: far em ambientes ou épocas distinios. No caso de £. anus. nao foram detectadas dite rengas significalivas na composi¢ao geral da dicta cm fungae das estagdes do ano na logoa Marcelino, nem com relagdo & distincia da fonte poluidora, No entanto, foram doteciadas diferongas soladas no consumo de alguns stcns, A auséacia de Ephemeromera nos estmages dos exemplares da lagoa Marcelino pode esiar rotleun- do a contaminagde organica maior que reduz a quantidade de oxidénio, falor limitante para varias especies de larvas aquaticas de Insetos. 0 eparccimento de outros Wrés (ens exclusivas, embora com imporidncia reduzida, pede também ser um retlexo disto, (© Hom Restos vegetais. por oulro lado, apresentou uma importdncia bem maior para os individuos capturades na Lagoa Marcelino. Esta lagoa recebe dirciamente mais nulrien- tos, 0 que poderia acatrerar uma maior quantidade de dewiios vegelals, ou ainda maior ‘abundancia da comunidade perifiica associada a esses detriios. Quanto 4 comparagso: Sazonal. chama a arengao © aumento do IIA de Cladocera no verao. passando de item aro @ principal, Algune (aloree tm sido apontadas coma reguladores da abundancia de microcrustaceos em ambientes lénticas, como lemperatura da agua (Pabidn. 1993) ¢ pluviosidade (Matsumura-Tundisi & Tundisi, 1976). Uma vez que © clima da regiéo 6 ‘Subtropical, com chuvas constantes e diferencas marcantes de temperatura 80 longo Go ano (Schwarzhold & Schafer, 1984), a ultima parece desempenhar um papel mais importante pas Huuagées de abundancia populacional dos mictocrustaceos. tnwretan: 0, @ varlagéo destes pardmetros nao fol contemplada polo presente esiudo, Fabian 1993), ao estudar um ambiente Ientico do Urugusi. observou abundincia mals clevada de Copepoda € Cladocera nos meses de vorao © primavera, respeciivamente, diferente do que {oi cncontrado no canteude estomacal de L anus. que so alimentou mais de ‘Copepoda na invemo @ Cladocera no verdo. Os bivalves, que também eparecem como Rem principal no verdo, pertencem a superfamfia Spharoidea, © podem oster associa dos & infeceso por parasitas nematsides encontrados em grande abundancia no trato digestivo de L anus, uma ver que $40 potcncials vetores desics (I. L. Veitenheimer Mendes, comunicaeao pessoa, ‘A correlacéo posiiva entre as camprimenios do corpe do intestine de L anus indica wm crescimenta proporcional entzo estes parémetros. © quocicnie intestinal tem Side’ amplamente utilizade como complemento na andlise do habito alimentar das espé- cles de peixe, Bnirctanto, como destacado por Angelescu © Gneri (1049) © por Barbiert tt, af 0994), nfo é suliciente para expressar © grau de especializagao a um determinado egime, permitindo apenas uma aproximagao da posicdo trofica, Um padrao geral {01 ‘exirapolado a partir de varios ostudos, tanto entre espécies da mesma familia Fryer & les, 1972}, quanto entre espécies com relaches mals distantes iarbieri ef a/, 1994). De acorde com este padrao, alms valores de Qi agrupam especies herbivores, enquanio Valores inicrmedidrios esiéo relacionados com onivoros e vatores baixos com camivo- to8/ piscivoros. uma explicacao funcional para os intestines longos dos horbivoros & que alguns componentes da dicia tém digestao muito Ionia. © necessitam tanto de um tempo quanio de uma superiicie de exposi¢so maiores, embora ulros Grados e esttu turas, como cecos pitéricos. microvilosidades ou dentes (eringeanos. possam de: Sompenhar um importante papel na eficiéncia da digestao (Zavata-Camin, 1996). A maioria dos alimentos encontrados no trato digestivo de L. anus nao estava intacta. Indicando provavel agda de denies faringeanos, que s8o bem desenvolvidos (obs. fos) © cua fungao ¢ \nturar Os alimentos apds sua Ingesido (Zavala-Camim, 1990) IAiém disso, a andlise histolsgica do tata digestivo de £ anus revelou uma mucosa proguoada com bordadura esiriada (Matias ef af, 1999), 0 que aumenia ainda mals & Superlicie ebsortiva, atém da presenga de cecos piléricos. ‘Segundo Gerking (1994), ambiontes de dgtua doce, principalmente em rogides trop! ccais, oleracerem poucas oponunidades do especializagao da dicia, 0 que acareta uma lilt plasticidade alimentar para os pelxes. Loricarichthy’s enus apreseniou um espectrs flimentar rclailvamentc rosie, composto por poucos Hens. Foi capaz de se alimentar Ge stone diterenies em cada lagoa e ou 6poca, provavelmente em conseqicneia da sua isponibiidace, porém, Sedimentay Petsios © Restos vexotals estiveram, cm todas as Creunsidncias, ealre 08 ilens principals de sua dicta, 0 fato de se alimentar no funda fennquecido pelo eporie de nutrionles orginicos provindos do esfo10 urban. wssocia. do) sua rosisiéncia a alguns poluenies presenies No mesmo. come metais pesados {aibrecht, 1996), pode ter contabuide para a “indifercnga’ de L anus a poluicdo, no que so refere & estrutura populacional, apontada pelo esiudo de Bruschi (1998), Sallenta-se Gue dove ainda aprovertar ouiros microorganismos presentes no substrato, o que tor: fara interessanio um esiudo da blomassa bactcriana do conteude iniestinal. Segundo ‘Corking, tana), os peixes que $e alimentam no fundo 1ém importante papel na cadeia de Uetativonia, atwando na fase de pré-mineralizag3o da matéria orginica prescnic no todo. foinandes mais facilmente decomponivel pelos outros organismos, acolerando, dessa forma, @ ciclagem de auleientes. Agradecimentos Agradocemos an Centro de Ecologia da Universidade Federal do Kio Grande do, Sul (CENECO-UERGS} pelo apoio logistica, & Fundagéo de Amparo a Pesquisa do Esta do do Rio Grande do Sul (FAPERGS) pola concessio da bolsa de aperieicoamento para 4S primeira autora, © 2 Osvaldo Machado e Lorect da Silva (CECLIMAR-UFRGS) © Equine hanza Waboraistio de Ecologia de Peixes - Depio. de Ecologia UFRGS) pola ajuda ¢ companheirismo nos (rabalnas de campo. Agulato, T. & Caramaschi. R. P 1997, Trophic guilds in fish assemblages in three coastat lagoons Of io de Janeiro Sate Wrazih. Verh. Int, Ver. Limnol,, 26: 2168-2169. ‘Atbrecht, MP. 1996. Bioacumulacao de clementos-irago Por pelxes Irente a diferentes fgraus de impacto ambiental. Porto Alegre, UFRGS. 67p (Monografia Bacharelado), allan. D. 1995. Steam Ecology: structure and function of running waters, Chapman & Hall, London, aap Angoloscu, V. & Gnen, FS. 1949. Aduplaciones del eparato digestivo al regimen alimen Ticio om algunos pesces del iio Uruguay y del Rio de La Plata, Hex. inst, Nae. Invest Glene Nat. 1 16-261 hapbion. G. Perel A.C. & Verani, J. R. 1994, Notas sobre a adaptacao do trato digestivo mho regime almentar om especies de peiXes da fegiso de Sdo Carlos (SP), 1, Quociente Intestinal, Rev. Iias, Biol. 54: 63-69. Iertotett 1, J. Lucena, €. A. de. Lucena, Z, M.S. de, Malabarba, LR. & Reis. R. 6, 1980, Ictiofauna do Blo tcugeai Superior entre OS Municipios de Aratiba © Esmeralda, Rio Grande do Sul. Wrasil, Conn, Mus. Ciéne. PUCRS Sét Zool. (48) 142. Isruschi Jr W. 1998. Influéncia de despojos urbanos sobre a ctlofauna das lagoas costct Tos Marcelino ¢ Pelkato, Os6to, RS. So Carlos, UFSCar (Tose) Bruschi Jc, W, Perot, A.C. Verani, J. R, & Flaiho, €. B. 1907. Reprodugse de Loricartiohihys ‘anus (Valenciennes. 1840) da Lagoa Emboaba, OS6ri0, RS. Brasil. Rev. #ras. Biol. 87 (677 85, onselho nacional do Meio Ambiente (CONAMA) - ResolugSo n° 20. 18 de junho de 1986. Fabidn. D. 1903, Composicion, distibuicion horizontal y vatiacion estacional &e 10s ‘erustéceos plancténices om el reservatério Del cisne, Uruguay. Mev: tras. Biol, 53. 355-363. Fryer, G. & Iles, TB. 1972, The Cichlid Fishes of the Great Lakes of Aika ~ Their Biology ‘and Evolution. Oliver & Boyd, Bdinbourah. 641p. Fug R. Hahn, KN, S. & Agostinho. A. A. 1996, Feeding styles of five species of bottom feeding fishes of iho high Parand iver. Baviron. BIOL. Fishes, 46: 297-307 Fundacao Estadual da Melo Amblonte (FEPAM), 2000. Diretrizes ambicntals para o de: Senvalvimenia dos municipios do Ltoral Norte. Belo Horizonte. 96p. {Cademos de Plencjamento @ Gosiéo Ambiental, 1) Gerking. S. D. 1904. Feoding Feolegy of fish. Academic Press , San Diego. 415p. Granado-Lorencio, € & Garcia-Novo, F 1981, Cambios ictioldgicos duramtc las primera ‘elapas de ia sucesién en embalse de Arracampo (Cuence del rio Tajo. Caceres}. Bol Inst. Esp. Océano. 6: 224243. oulllen, & & Granado, ©. 1984. Alimentacién de la lcllofauna del embaise de Torrejon ‘tio Talo, Caceres). Limnética, 1: 308.310. Mynes. H. 8. N. 1080, The food of freshwater sticklebacks (Gasterosicus acutealus and Pygosious punginiuss with a review of methods used in studies of the food of fishes. 5 ‘Anim. Eeol. 19: 36:58, slop. E, J. 1980, Stomach contents analysis: a review of methods and thelr application, 1. Fish Biol. 17: 411-20, Keenleyside, Mt. H. A, 1979. Diversity and adaptation In fish behaviout Springer-Verlag. ‘New York. 208p. Malabarbo. LK. & t5aia, E. A. 1962, The Frosh Water Fish Fauna of the Rio Tramandal Droinage, Rlo Grande do Sul, Brazil, with a Discussion of its Historical Origin, Com. Mus. Ciéne, PUCRS, $: 197.223. Matias, P. Silva, M.€. Finklor, M., Borges. &, 0. Noemann. C. A B. M, & Lothhammer. N 1909. Intestinal histologycal (catures of Loricariichihys anus Valenciennes. 1840 IPIsces, Loriceriidac| In; Proceedings of ihe XVI Congress of the Prazilian Socicly for Microscopy and Microanalysis and X Congress of the Brazillan Society for Coll Biology. Acta Microsc... sIsuppL. 8): 361 Marsumuta-Tundisi, T. & Tundisi, J. 1976, Plankton studies in 2 lacustrine environment. 1 Preliminary date on zooplankton ecology of Broa reservoir, Oecologla. 25: 265-270. Matthews, W. J, 1008, Patterns in Freshwater Fish Ecology. Chapman & Mall, Norwell 750p. Nelson. J. A., Wubab, D. A. Whitmer M. E., Johnson, &. A. & Slowart, D. J. 1999. Wood: faling calfshes of the genus Panaque: Rul microflora and. celluloiylic enzime activiies 1. Fish Biol, 6410601082 PyDaniel, LH. H. 1984, Sisiemdtica dos Lonicariidae |Osiariophysi. Silusoidet) do con plexo de laos do Janauacd, Amazonas © aspecios de sua biologia © ecolosia, Manaus, INPA (Dissertagion Rosecehi, E. & Nouaze, ¥, 1987, Comparaison de cing indices alimentaires uisés dans analyse des contenus stomacaux. Rev, Trav. Peches Mar. 49 (#1 1119123. Senater. A. Machado, N. A.B. Langer, R.. Wid, N. L & Freiias, S. M. F de. 1990. Bases ecoldgicas para medidas de saneamento nas lagoas Marcelino Ramos. Peixoto © Pinguela, Municipio de Osérlo, RS. CECUMAR /UFRGS, Porto Alegre, Schwarzbold, A. & Sehater, A. 1084, Génese © Morfologia das Lagoas Coste Grande do Sul, Brasil, Amazoniana, 911: 87-404 Zar J. H. 1984, Blosialistical analysis. Prentice Hell. Now Jersey. 718p. Zavala-camin. L. A. 1996, Introducéo aos estuidos sobre alimentagao natural em peixes. eduem- Nupélia, Maringd. 129p. s do Kio Recebide om: 30 / 11 | 2000 fem: 09 / 10 / 2001

You might also like