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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE DIREITO

LUISE MENDONÇA DE SOUZA

CONDENAÇÃO DA MÍDIA E A SUA INFLUÊNCIA NAS DECISÕES


ALUDIDAS PELO TRIBUNAL DO JURI: UMA ANÁLISE DO CASO DA
BOATE KISS

MACAÉ
2023
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CONDENAÇÃO DA MÍDIA E A SUA INFLUÊNCIA NAS


DECISÕES ALUDIDAS PELO TRIBUNAL DO JURI: UMA
ANÁLISE DO CASO DA BOATE KISS

Luise Mendonça de Souza

RESUMO: O objetivo deste trabalho é analisar o impacto da mídia nas decisões do júri,
especialmente no caso Boate Kiss. Para isso, procuramos primeiramente descrever e
conceituar o que é o Tribunal do Júri, bem como demonstrar seus princípios norteadores e a
forma como são aplicados. Em seguida, aprofundou-se nos aspectos gerais da mídia e no seu
poder de construção da verdade relatando como a divulgação de casos criminais, juntamente
com o sensacionalismo exercido, pode causar danos indevidos ao bom andamento do processo
devido à interferência no julgamento avaliativo de júris e juízes. Por fim, ocorreu uma análise
jurídica do caso denominado “Boate Kiss, que discutiu os fatos e verificou como a mídia
contribuiu para o desfecho do julgamento do ponto de vista do senso crítico dos jurados.

Palavras-Chave: Caso Boate Kiss; Tribunal do Juri; Influência da mídia;

SUMÁRIO. Introdução. 1. Tribunal do Juri. 1.1. Breve histórico do Instituto. 1.2. Princípios
Norteadores. 1.2.1. Plenitude de Defesa 1.2.2. Sigilo das Votações 1.2.3. Soberania dos
Vereditos. 1.2.4. Competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida. 2. Mídia.
2.1. Conceito e aspectos gerais. 2.2. A construção da realidade pelos meios de comunicação
em massa e seus reflexos no Tribunal do Júri. 3. Caso Boate Kiss 3.1. Os fatos, os réus e a
condenação. 3.2. Vale tudo por dinheiro? – Tipificação Penal. 3.2.1. Culpa consciente x Dolo
eventual. 3.3. Mídia e o caso Boate Kiss
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INTRODUÇÃO

A mídia é de grande importância na formação de opinião e na crítica social porque é


facilmente manipulada e acessível e pode transmudar pessoas em heróis e vilões a qualquer
momento. Porém, quando esse poder de distorção é utilizado como forma de transformar o
direito penal em fenômeno, detalhando e enviesando casos reais, qualquer julgamento
subsequente torna-se tendencioso.
Isto porque, num caso declarado, ou seja, num caso perante um júri, é possível
confirmar o julgamento de valor de um jurado sobre um fato que causou enorme repercussão
e causou sensação nacional. Pode estar contaminado e tende a responder ao ruído social que
ofende diretamente garantias e princípios constitucionais como a imparcialidade e a presunção
de inocência.
Em relação a isso, este estudo busca analisar as fragilidades na tomada de decisão.
Julgamentos com júri em casos de jornalismo, como o caso da Boate Kiss, apesar das críticas
da mídia.
Com esse propósito, fez-se necessário, primeiramente, entender o que é o Tribunal
do Juri, quais são suas peculiaridades e sua forma de atuação. Assim, no capitulo inicial foi
tratado sobre os princípios que regem o Tribunal do Juri, quais sejam: plenitude de defesa,
sigilo das votações, soberania dos vereditos e competência para julgamento dos crimes
dolosos contra a vida, conceituando casa um deles e explicando como se aplicam, uma vez
que são de suma importância para garantir o correto andamento processual.
Posteriormente, uma análise dos meios de comunicação de massa demonstrou a
facilidade com que o conteúdo publicado pode ser divulgado e, portanto, o enorme potencial
de manipulação dos meios de comunicação. Além disso, foi mencionado que existe um
interesse financeiro na exploração de casos criminais pelas empresas de comunicação social,
pois ao transformar a tragédia em espetáculo, desperta-se o interesse da sociedade pelo
desfecho, gerando audiências e lucros. Nesses aspectos, fica demonstrada a reflexão da mídia
sobre a construção da realidade em relação ao tribunal do júri, de modo que fica claro que o
réu sofreu um prejuízo inegável porque mesmo os argumentos de defesa mais elaborados não
foram suficientes para convencer o réu. O júri estava determinado a corresponder às
expectativas da sociedade.
Por fim, é analisado o caso “Boate Kiss”, conhecido como uma das maiores
aberrações jurídicas da história do direito penal moderno. Porque foi uma enorme tragédia
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que causou um alvoroço internacional e uma enorme resposta midiática, a influência dos
meios de comunicação social foi enorme desde o início. Este capítulo esclarece os factos, as
responsabilidades dos arguidos, as responsabilidades daqueles que não são arguidos e o
possível uso indevido malicioso dos meios de comunicação social para alcançar uma sentença
que corresponda às expectativas do povo. O sentimento de "justiça".

1 TRIBUNAL DO JURI

1.1 Breve historic do instituto

A origem do Tribunal do Júri é, em verdade, causa de grande controvérsia entre os


doutrinadores mundiais. Alguns autores afirmam que o instituto surgiu na Grécia, enquanto
outros insistem que a primeira aparição foi em Roma, mas o maior consenso entre as
doutrinas é que a estrutura atual do Tribunal do Júri brasileiro é de origem inglesa. Isso
porque, após a Revolução Francesa, mais precisamente no ano de 1789, a fim de substituir o
judiciário que era formado em sua maioria por magistrados que defendiam ideias vinculadas à
monarquia, surgiu o Tribunal do Júri, no formato dos ideais republicanos. Dessa forma, o
instituto do Júri se espalhou pela Europa, de forma que cada país foi adaptando com suas
próprias características e legislações (NUCCI, 2008, p. 42). No Brasil, seu surgimento no
ordenamento jurídico se deu em 1822, pelo Príncipe Regente Dom Pedro I, tendo uma
competência limitada aos crimes de imprensa. (RANGEL, 2008, p. 488).
Como ensinado por Guilherme de Souza Nucci (2008), a comissão era composta por
vinte e quatro cidadãos, que deveriam ser "homens bons, honrados e patrióticos" devido à sua
capacidade de julgar crimes relacionados com abusos à liberdade de imprensa. Além disso,
importa referir que as decisões do referido Conselho estão sujeitas a alterações por parte do
Príncipe Regente, que tem a prerrogativa de alterar as decisões. (Nogueira, 1997, p. 293).
Em 1824, a primeira constituição federal brasileira introduziu um sistema de
tribunais discricionários com jurisdição sobre casos civis e criminais, a Constituição Federal
de 1988, a Constituição atual, prevê julgamentos com júri art. 5°, XXXVIII, capítulo I dos
Direitos e Garantias Individuais e Coletivos, responsáveis pelo Julgamento de Crimes
Dolosos Contra a Vida. Os julgamentos no Tribunal do Juri consistem em um juiz presidente
e 25 jurados, sete dos quais são escolhidos por sorteio para formar o conselho de condenação.
(TOURINHO FILHO, 2003, p.406).
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De acordo com a primeira constituição federal do Brasil, promulgada em 1824, o


corpo do júri é responsável por decidir se aceita ou nega a existência de um crime atribuível a
um réu. Os julgamentos são feitos de acordo com o chamado “sistema de sentença íntima”, no
qual os jurados são amadores e presume-se que se baseiem não apenas na lei, mas também na
consciência e compreensão dos jurados dos fatos revelados. Uma pessoa que jura considerar
os casos de forma justa e tomar decisões de acordo com seu próprio senso de justiça.
(TOURINHO FILHO, 2010, p. 522).
Após o veredicto do júri, o juiz presidente anuncia o veredicto, momento em que o
direito penal é aplicado ao caso.

1.2 Principios Norteadores

Os tribunais do júri e outras instituições jurídicas possuem princípios constitucionais


que os orientam. Portanto, primeiro precisamos conceituar o que é um princípio. De acordo
com Reale:
Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de
garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos
relativos à dada porção da realidade. Às vezes também se denominam princípios
certas proposições, que apesar de não serem evidentes ou resultantes de evidências,
são assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de
conhecimentos, como seus pressupostos necessários. (1986. p 60)

No mesmo contexto, Delgado (2011, p. 180) diz: “Os princípios são geralmente
formados na consciência de pessoas ou grupos sociais com base em uma realidade particular,
que são então formados, e não podem ser diretamente compreendidos, reproduzidos. conceito
de descrição básica como “ou reparar esta realidade”.
Nesse sentido, pode-se entender que um princípio envolve um conjunto de regras ou
preceitos, que servem como diretrizes e normas para qualquer tipo de ação jurídica.
No que diz respeito ao sistema de júri, a fim de colmatar as lacunas existentes no
sistema jurídico, a Constituição Brasileira estabelece quatro princípios que devem ou devem
ser respeitados em todos os processos judiciais: a integridade da defesa; estipula a
confidencialidade dos julgamentos. A votação, a condenação da soberania e o poder de julgar
crimes dolosos contra a vida estão atualmente em análise.
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1.2.1 Plenitude de Defesa

O princípio da defesa integral é especificamente prescrito pela instituição do tribunal


e está diretamente relacionado com o princípio da defesa integral. Contudo, segundo Nucci
(1999, p. 140), existem diferenças entre os dois princípios nos seguintes aspectos: “Durante a
instrução criminal, procedimento inicial para apreciar a admissibilidade da acusação, vige a
ampla defesa. No plenário, certamente que está presente a ampla defesa, mas com um toque a
mais: precisa ser, além de ampla, plena.”
Assim, a integralidade da defesa é, simplesmente, uma defesa precisa e quase
perfeita, de modo que a defesa seja impecável e, portanto, completa, e pelas peculiaridades
dos procedimentos do júri. Entende-se que a proteção dos advogados de defesa será ainda
mais fortalecida. O réu é necessário, isto permite à defesa utilizar todos os meios possíveis
para persuadir o júri, incluindo argumentos não jurídicos. (BANDEIRA, 2011, online)
Além disso, dado que os jurados baseiam os seus veredictos na sua própria
consciência e não em argumentos jurídicos, é essencial que a defesa também utilize
linguagem e formas de persuasão diferentes.
Um exemplo da aplicação do princípio da defesa perfeita é o método altamente
controverso utilizado no julgamento do Boat Kiss, nomeadamente a leitura de uma carta com
uma fotografia psicológica em nome de uma das vítimas do incêndio. Foi publicado em um
livro escrito pelos pais das vítimas. Na carta, a vítima pedia que as pessoas parassem de
procurar o responsável pelo golpe fatal.
Apesar das divergências entre os próprios juristas e estudiosos, a doutrina de defesa
abrangente da Constituição considerou como prova legítima o uso de carta com fotografia
psicológica em sessão plenária. (art. 497, V, do CPP1).

1.2.2 Sigilo das votações

O princípio do sigilo eleitoral visa proteger os jurados de possíveis constrangimentos


devido à pressão do público ou dos réus e evitar a possibilidade de retaliação. É portanto
essencial que os jurados votem em segredo numa câmara especial para que as suas decisões
individuais não sejam tornadas públicas.

1
Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além de outras expressamente referidas neste
Código: (...)
V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e
designar novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo defensor
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Mirabete explica o princípio do problema da seguinte forma: “a natureza do júri


impõe proteção aos jurados e tal proteção se materializa por meio do sigilo indispensável em
suas votações e pela tranquilidade do julgador popular, que seria afetada ao proceder a
votação sob vistas do público” (2006, p. 494).
Nucci diz o seguinte sobre este assunto:
Em primeiro lugar, deve-se salientar ser do mais alto interesse público que os
jurados sejam livres e isentos para proferir seu veredicto. Não se pode imaginar um
julgamento tranquilo, longe de qualquer pressão, feito à vista do público, no plenário
do júri. Note-se que as pessoas presentes costumam manifestar-se durante a sessão,
ao menor sinal de um argumento mais incisivo feito pela acusação ou pela defesa.
Ainda que o juiz exerça o poder de polícia na sala e possa determinar a retirada de
alguém espalhafatoso de plenário, é certo que, durante a votação, essa interferência
teria consequências desastrosas. Imagine-se um julgamento perdurando por vários
dias, com todos os jurados exaustos e a votação final sendo realizada à vista do
público em plenário. Se uma pessoa, não contente com o rumo tomado pela votação,
levantarse e ameaçar o Conselho de Sentença, poderá influir seriamente na
imparcialidade do júri, ainda que seja retirada – e até presa – por ordem do juiz
presidente. Anular-se-ia um julgamento tão custoso para todos, por conta dessa
invasão no convencimento (2015, p. 29/30)

É importante ressaltar que neste cenário também é proibida qualquer comunicação


entre os jurados ou qualquer menção aos votos dos jurados. Para garantir o sigilo, a votação
será realizada por meio de cédulas de papel com perguntas e nelas escritas as palavras “sim” e
“não”, que serão colocadas na urna após preenchidas.

1.2.3 Soberania dos vereditos

Este princípio constitucional baseia-se na ideia de que os vereditos do júri são soberanos
e não podem ser alterados por recurso de um tribunal, mas apenas por outro conselho de
condenação.
Marques (1997, p. 23) acredita que é impossível que um juiz em exercício substitua
um júri na decisão de um caso. No entanto, se a decisão do júri for inconsistente com as
provas do caso, o tribunal de origem, se provocado, poderá ordenar um novo julgamento.
Deve-se notar que tanto a defesa quanto a acusação podem recorrer do veredicto do
júri. Contudo, os julgamentos dos recursos não são feitos com base no mérito do caso, mas
apenas para verificar se a sentença é consistente com as provas apresentadas nos autos ou se a
anulação é concedida durante a audiência de sentença. Caso seja constatada fraude, um novo
julgamento será realizado.
Neste ponto, Nucci diz:
(...) quando interposta apelação, quanto ao mérito da decisão popular, deve o
Tribunal togado agir com a máxima cautela, a fim de não dar provimento a todo e
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qualquer apelo, somente porque entende ser mais adequada outra avaliação. Ou
porque o veredicto popular contraria a jurisprudência da Corte. Nada disso interessa
ao jurado, que é leigo. Respeitar a soberania dos veredictos significa abdicar da
parcela de poder jurisdicional, concernente ao magistrado togado, para,
simplesmente, fiscalizar e buscar corrigir excessos e abusos, mas sem invadir o
âmago da decisão, crendo-a justa ou injusta. O parâmetro correto para a reavaliação
do Tribunal togado em relação à decisão do júri é o conjunto probatório: se há duas
versões válidas, dependentes apenas da interpretação, para levar à condenação ou à
absolvição, escolhida uma das linhas pelo Conselho de Sentença, há de se respeitar
sua soberania. Nenhuma modificação pode existir” (2015, p. 338)

Portanto, uma alteração no veredicto do Conselho de Sentença poderá ser feita se o


veredicto for baseado em fatos comprovados durante o julgamento e, para garantir a
segurança, se o veredicto for completamente inconsistente com as provas do caso. Entende-se
que só isso é inaceitável autonomia do júri.

1.2.4 Competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida

Conforme já mencionado, a Constituição Federal no seu art. 5°, inciso XXXVIII, alínea
d, estabeleceu a competência do tribunal do júri para julgar os crimes dolosos contra a vida
incluindo os crimes de homicídio, infanticídio, aborto e indução / assistência / incitação ao
suicídio, consumados ou tentados, com exceção deste último que é não autoriza tentativas e
outros crimes a eles relacionados. Ressalte-se que o crime de homicídio não é da competência
do júri.
Ressalta-se que os tipos penais supracitados pertencem à competência mínima da
instituição, de modo que estes devem ser obrigatoriamente julgados pelo Júri, mas nada
impedindo, contudo, que o legislador infraconstitucional atribua outras e diversas
competências ao plenário. (MORAES, 1998, p. 97)

2 MÍDIA

2.1 Conceito e aspectos gerais

A Constituição Federal, em seu art. 5°, nos incisos IV, IX, XIV, XXII, respectivamente,
como direito fundamental, garante a liberdade de expressão, a livre expressão das atividades
intelectuais, artísticas, científicas e comunicativas, independentemente de censura ou
licenciamento, e o direito de aceder e receber informações sobre as mesmas por parte das
autoridades públicas. interesse pessoal, ou interesse coletivo ou geral, e em seu art. 220 ,
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caput, proibição de limitar o pensamento, a criação, a expressão ou a expressão de informação


em qualquer forma, processo ou veículo.
Quanto ao conceito, entende-se como mídia o conjunto dos meios de comunicação
utilizados por uma sociedade para a troca de informações (LOPES; ALVES, 2018, p. 3).
A mídia consiste nos diversos meios de comunicação existentes, como rádio,
televisão, revistas, jornais impressos e virtuais e redes sociais. Os avanços na tecnologia nas
últimas décadas tornaram as notícias transmitidas mais acessíveis às pessoas e mais fáceis de
distribuir. A transmissão foi muito melhorada. Embora a utilização das redes sociais esteja a
aumentar, o jornalismo e os programas televisivos continuam a ser as fontes de informação
mais utilizadas e, portanto, as mais influentes na sociedade.
É evidente que os meios de comunicação social devem desempenhar um papel de
influência na sociedade, porque os meios de comunicação social são a ferramenta mais rápida
e eficiente para transmitir conteúdos informativos importantes ao público, incluindo para
garantir o desenvolvimento de uma democracia plena livre de censura. Mas o que é notável é
como o conteúdo publicado pode espalhar-se rapidamente, ser partilhado instantaneamente e
ter um enorme impacto, isto não é por acaso, pois por trás das mensagens enviadas existem
diversas estratégias para gerar benefícios económicos e lucros, portanto, você tem que ter
lucro.
E neste contexto, o campo jurídico, especialmente seus aspectos criminais, é de
grande interesse para as empresas de mídia, pois é visto como uma rica fonte de notícias com
enorme potencial de lucro. Então é exatamente esse aspecto da cobertura o sensacionalismo
surge porque os meios de comunicação não cumprem a sua missão original de transmitir
informação, embora violem as expectativas da sociedade e atuem de forma injusta, embora
sejam estrategicamente importantes para atingir o público. lucrar fazendo espetáculo
noticioso. , é definitivamente prejudicial devido a vários fatores.

2.2 A construção da realidade pelos meios de comunicação em massa e seus reflexos no


Tribunal do Júri

A mídia desempenha, sem dúvida, um papel fundamental na sociedade, pois divulga


todas as informações relevantes para as pessoas do mundo. No entanto, as questões levantadas
neste estudo surgem precisamente neste ponto da forma como as notícias são
sensacionalizadas, nomeadamente no domínio do direito, nomeadamente no que diz respeito
aos seus aspectos de direito penal.
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Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu (2013), a opinião pública não existe, mas é um
reflexo da mídia; sem comunicação de massa, não haveria opinião pública, apenas suposições
e crenças. Quando falamos em comunicação de massa, neste aspecto vemos a comunicação
entre o emissor e a maioria, é o número de destinatários que estão distribuídos pelos campos
geográficos e sociais, ou seja, não há conexões entre eles (SANTAELLA, 1995). Pensando
nisso, entende-se que uma mesma mensagem compartilhada pode levar a diferentes
interpretações, porém, a transmissão de informações tendenciosas pode levar toda a população
a chegar à mesma conclusão sobre os fatos.
A necessidade de divulgar notícias sobre o crime cresce a cada dia, e seja por causa de
uma cultura de medo ou porque vivemos numa sociedade punitiva, o interesse do público em
reportagens investigativas está aumentando, o fato é que o público está preocupado com o
crime, especialmente em seus resultados, você obterá resultados semelhantes aos anteriores.
Tendo dito isto, a grande mídia dedica-se à divulgação de informações sobre processos
criminais, o que sem dúvida causa sérios danos à condução ordenada dos processos criminais,
muitos dos quais são irreparáveis.
Conforme mencionado acima, os júris são compostos por membros da sociedade e
decidem sobre a culpa ou inocência de um réu com base no seu próprio senso de justiça.
Assim, as decisões são baseadas unicamente nas conclusões pessoais de cada jurado (crenças
sinceras) e não é necessária qualquer fundamentação jurídica, portanto, para que os jurados
exerçam o seu julgamento, devem ser informados e informados antes do julgamento,
influências externas, para que baseie a sua decisão apenas nos trabalhos apresentados na
sessão plenária.
No entanto, quando os meios de comunicação social noticiam casos criminais,
condenam socialmente os arguidos sem o devido processo e condenam os arguidos expondo
de forma agravada todos os detalhes do crime, pelo que é claro que este não é o caso. Na
verdade, é altamente provável que os jurados compareçam à sessão plenária com uma decisão
pré-concebida, a fim de avaliar adequadamente a convulsão social. Sobre este ponto, Mirault
argumenta que:
Um julgamento com cobertura midiática pode estar viciado desde o início, haja vista
que hoje a mídia nefastamente penetra em qualquer lugar, atingindo as pessoas de
forma muito forte. Desta forma, desde a ocorrência da ação criminosa e a
consequente repercussão pela mídia, o processo investigativo fica viciado, pois a
mídia, já no início, influencia policiais e peritos de forma a realizarem seu trabalho
com um conceito pré-formado. Não obstante isto, a cobertura do crime pela mídia
coloca frente a frente o delegado de polícia e a opinião pública, de forma a
contribuir para que toda a investigação seja prejudicada por pressão da imprensa e
da sociedade, apressando o inquérito, trazendo danos irreparáveis à persecução
criminal e posteriormente ao julgamento (2020, p. 74).
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No mesmo tocante, Bastos menciona, que “alguém é escolhido - não importa se


culpado ou inocente - para ser crucificado, antes de ser julgado. Isso não faz bem à justiça,
nem à liberdade”. Ainda, argumenta que “se a pressão e a influência da mídia tendem a
produzir os efeitos sobre os juízes togados, muito maiores são esses efeitos sobre o júri
popular (...) envolvidos pela opinião pública, construída massivamente por campanhas da
mídia orquestradas e frenéticas, é difícil exigir deles outra conduta que não seguir a corrente.
(1999, p. 112 - 117).
Ventura e Balandier discutem sobre o poder da imprensa:
O poder da imprensa é arbitrário e seus danos irreparáveis. O desmentido nunca tem
a força do mentido. Na Justiça, há pelo menos um código para dizer o que é crime;
na imprensa não há norma nem para estabelecer o que é notícia, quanto mais ética.
Mas a diferença é que no julgamento da imprensa as pessoas são culpadas até a
prova em contrário. Tem sido comum os meios de comunicação condenarem
antecipadamente seres humanos, num verdadeiro linchamento, em total afronta aos
princípios constitucionais da presunção de inocência, do devido processo legal, do
contraditório e da ampla defesa, quando não lhes invadem, sem qualquer escrúpulo,
a privacidade, ofendendo lhes aos sagrados direitos à intimidade, à imagem e a
honra, assegurados constitucionalmente. Aliás, essa prática odiosa tem ido muito
além, pois é corriqueiro presenciarmos, ainda na fase da investigação criminal,
quando sequer existe um processo penal instaurado, meros suspeitos a toda sorte de
humilhação pelos órgãos de imprensa, notadamente nos programas sensacionalistas
da televisão, violando escancaradamente, como registra Adauto Suannes, o
constitucionalmente prometido respeito à dignidade da pessoa humana. Não foram
poucos os inocentes que se viram destruídos, vítimas desses atentados que provocam
efeitos tão devastadores quanto irreversíveis sobre bens jurídicos pessoais atingidos.
(2013, p.2-3)

Consolidando com esse raciocínio, Silva reforça que:

A sentença dada pelo julgamento midiático, não raras vezes dispensa a necessidade
de aplicação de pena pelo juiz togado, sendo inapelável e transitando em julgado
perante a opinião pública, tornando-se irreversível perante qualquer decisão judicial
futura que a torne ilegítima. Quando ocorre esse tipo de tratamento abusivo por parte
dos meios de comunicação, suscita-se o problema da legitimidade do jornalismo nas
sociedades democráticas. Diante dessa perspectiva, o direito à liberdade de
expressão e de informação jornalística acaba conferindo aos meios de comunicação
mais liberdades e direitos do que aos indivíduos. (2015, online)

Neste contexto, antes mesmo do julgamento e do veredicto do júri, a mídia


desempenha a função de nomear os autores de um suposto crime, criando assim um
sentimento de revolta na população e uma busca constante por punição dá para entender o que
cria a mente e é exatamente isso que a mídia quer porque quanto maior a rebelião, mais
curiosidade haverá sobre o resultado do incidente, mais espectadores serão criados e, por sua
vez, mais lucros serão obtidos. Desta forma, quando os factos começam a ter um grande
impacto na sociedade, os meios de comunicação são obrigados a apoiar as conspirações que
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criaram, procurando provas ilegais ou que deveriam ser mantidas em segredo de justiça para
continuar a investigação, incomum transformando o incidente em um espetáculo.
Portanto, pode-se dizer que os julgamentos de valor e a consciência crítica dos meios
de comunicação enfraquecem significativamente a defesa do acusado e violam diretamente o
princípio da presunção de inocência, porque mesmo que seja apresentada a melhor e mais
sofisticada teoria de defesa, não basta apagar essa versão da mente dos jurados e juízes
demorou meses para ser criado pela mídia e foi bem recebido por toda a nação.
A este respeito, Mendonsa enfatizou:
Desta forma, o réu que não fosse verdadeiramente culpado pelo cometimento de um
crime doloso contra a vida poderia ser, ao final de seu julgamento, considerado
culpado graças a uma verdade inventada pela mídia e replicada à grande massa
através de uma cobertura jornalística incessante e uma atuação política por parte dos
veículos midiáticos (2013, p. 377-378)

É também importante sublinhar que, para além dos danos inegáveis no domínio
jurídico, devido às críticas midiáticas e às observações de processos criminais, vários
prejuízos são incorridos quer após a sentença, quer após a libertação, por exemplo durante o
processo de reintegração. pessoa. Na sociedade. Devido à enorme exposição e influência, a
sociedade apaga completamente a reputação, a credibilidade e a vida passada do acusado,
passando a ser definida apenas pelos fatos que cercam a pessoa. Sobre a pena de morte
midiática, Andrade disse (2009, p. 06):
[...] o descompasso entre a pressa com a qual trabalha o jornalismo hoje e o rito
processual que leva à (ponderada) decisão final no âmbito do Judiciário, conduz a
uma evidente antecipação da pena para os suspeitos que, por obra
predominantemente da mídia, já foram condenados em verdadeiro “linchamento
midiático”. [...] O principal problema é que jornalista não é juiz, cidadão comum não
é perito e nem polícia. O palco do teatro que foi prematuramente armado é outro, e
muito mais sério e consequente do que a velocidade que a mídia exige.

A este respeito, é importante recordar o caso Escola Bay, onde o proprietário do


jardim de infância e outros funcionários foram acusados de agressão sexual pela mãe de um
aluno. A escola foi destruída e a reputação dos envolvidos foi prejudicada devido à cobertura
da mídia e às reportagens sensacionais. Depois de muitos anos, todos foram considerados
inocentes, mas já era tarde para mudar a imagem e a vida passada do acusado. (RIBEIRO,
Alex, 2000, p. 20)
Portanto, mesmo que o direito de publicidade dos processos judiciais não seja
questionado, pode-se dizer que é possível e necessário que a mídia abstenha-se, em alguns
casos, de qualquer uso de sensacionalismo, existe o risco de violação do julgamento justo
garantido pela Constituição. Deve, portanto, ser alcançado um equilíbrio entre a liberdade de
expressão e a garantia de que os direitos dos acusados não sejam sacrificados, e isto só é
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possível neste cenário jornalismo que não transforma casos criminais em espetáculos
espetaculares onde heróis e vilões perseguem preconceitos económicos enquanto minam a
verdade.

3 CASO BOATE KISS

A casa de festas está pegando fogo; uso indevido de dispositivos incendiários em


ambientes fechados; espuma isolante acústica feita com materiais altamente inflamáveis; mau
funcionamento do extintor de incêndio; boate lotada; licença de operação emitida
oficialmente; sucessão de erros; 242 pessoas morreram e 636 ficaram feridas; emoção
nacional; impacto global; desejo de justiça; gritos por vingança; 4 réus; 4 condenações; 4
penas altas.
Em outras palavras, trata-se de um caso Boate Kiss, que será brevemente analisado nos
tópicos abaixo para mostrar como o clamor público influenciado pela mídia contribuiu para o
veredicto.

3.1 Os fatos, os réus e a condenação

A famosa boate Boat Kiss em Santa Maria no dia 27 de janeiro de 2013 organizou
uma festa universitária com apresentação da Banda Gurizada Fandangueira. Durante a
apresentação, um integrante da banda abriu fogo utilizando dispositivos pirotécnicos não são
adequados para espaços fechados onde a chama possa atingir parte do teto que são cobertos
por espuma inflamável e queimam, o fogo se espalhou rapidamente, isso marca a segunda
grande tragédia no Brasil.
Uma investigação para determinar a responsabilidade começou imediatamente após o
incidente. Os responsáveis seriam Elisandro e Mauro, coproprietários da boate, Luciano,
assistente da banda e responsável pela compra dos dispositivos incendiários, e Marcelo, o
vocalista da banda e o responsável pelo uso do dispositivo incendiário, além de representantes
de órgãos públicos como Ministério Público, Corpo de Bombeiros e Prefeitura Municipal,
pela omissão e concessão de alvará para o regular funcionamento da boate, onde não foram
percebidas as irregularidades posteriormente apontadas.
O Ministério Público como orgão acusatório, acusou apenas os coproprietários do
clube Elisandro e Mauro, além dos integrantes da banda Luciano e Marcelo, e classificou o
ato como possível homicídio doloso. Algumas das circunstâncias consideradas na reclamação
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são: Show pirotécnico em lugar fechado; Utilização de fogo de artifício não indicado para
ambientes fechados; Acionamento no palco, onde havia cortinas e madeira; Acionamento
próximo ao teto revestido de espuma; Espuma altamente inflamável e sem tratamento
antichama; Boate superlotada; Iluminação de emergência inadequada; Espaço insuficiente
para saída; Saída obstruída por um guarda-corpo e funcionários e seguranças sem treinamento
para situações de emergência (MP/RS).
Em suma, a acusação crê em “homicídio qualificado” por “motivo torpe” na
“revelação de total indiferença e desprezo pela vida e pela segurança dos frequentadores do
local” por parte dos réus, com base em fatores articulados no sentido de que teriam “assumido
assim o risco de matar”. Contudo, esperava-se que houvesse pouco risco de punição para
autoridades, civis ou militares, e foi exatamente isso que aconteceu.
O julgamento teve duração de dez dias e após a oitiva dos acusados, defesa, acusação
e testemunhas, foi dado o veredicto. Os jurados confirmaram a autoria e a materialidade dos
fatos, concordando que houve a configuração do crime de homicídio simples praticado com
dolo eventual e condenaram os quatro réus. O Juiz presidente da sessão, então, aplicou as
seguintes penas: Vinte e dois anos e seis meses de prisão para Elissandro o sócio proprietário,
dezenove anos e seis meses de prisão para o sócio proprietário Mauro, dezoito anos de prisão
para o vocalista da banda Marcelo e dezoito anos de prisão para o assistente da banda
Luciano.
A execução da pena por meio de mandado de prisão, foi decretada de imediato, tendo
sido impedida por habeas corpus preventivo impetrado pela defesa de Elissandro e estendido
as outras pessoas, concedido pelo Desembargador da 1ª Câmara Criminal do TJRS. No
entanto, o Ministério Público recorreu da decisão ao STF e o ministro Luiz Fux suspendeu os
efeitos da liminar que concedia o habeas corpus, determinando a expedição dos mandados de
prisão, justificando que a altíssima reprovabilidade social das condutas dos réus, a dimensão e
a
extensão dos fatos criminosos, bem como seus impactos para as comunidades locais,
nacionais e internacionais justificam a execução imediata da pena.
A defesa dos réus recorreram, alegando diversas invalidades na solenidade e no
julgamento. Argumentaram também que o veredicto do júri era claramente inconsistente com
as provas do caso e pediram ao juiz que redimensionasse a sentença.
A 1ª Câmara Criminal do TJRS, após a sessão de julgamento, acolheu parte dos
recursos da defesa e decidiu com o placar de dois votos a um reconhecer a anulação do júri
14

que havia condenado os quatro réus. A prisão dos acusados foi imediatamente revogada após
decisão de nulidade.
O Ministério Público recorreu da decisão de anulação do processo e solicitou a
proibição da informação para obter o efeito de violação de direitos. O legislador argumentou
que se perdeu uma oportunidade de agir. O legislador argumentou que se perdeu uma
oportunidade de agir. Além disso, os réus argumentaram que não sofreram qualquer prejuízo
em questões consideradas menores.
O embargo foi parcialmente aceito, mas apenas erros graves foram corrigidos.
Portanto, o resultado de uma ação judicial considerada nula não muda.

3.2 Vale tudo por dinheiro? – Tipificação Penal

A função do direito penal é restringir o poder de punição do estado. Para isso, o código
penal contém conceitos que asseguram ao réu os direitos fundamentais mínimos inerentes à
pessoa humana.
É frequente, nos casos criminais que chocam a sociedade e têm grandes
repercussões, observarmos o direito penal sendo utilizado apenas como um instrumento de
punição e a palavra justiça sendo usada como um eufemismo para vingança. Isso ocorre
devido à expectativa da população de que o Estado ofereça uma resposta diante da gravidade
do caso, sem se importar se as garantias fundamentais do acusado serão respeitadas ou não.
Como se fosse responsabilidade do Estado dar o exemplo para evitar qualquer possibilidade
de impunidade.
Diante dessa situação, a sociedade espera que, de qualquer maneira, sejam
encontrados os responsáveis para atribuir a culpa pelos desastres, impondo penas severas,
mesmo que não estejam de acordo com a classificação correta do crime cometido.
Isso significa, em outras palavras, que pouco importa para as pessoas se o processo
judicial está sendo conduzido dentro dos limites legais; o que importa é, aparentemente, fazer
acusações exageradas e impor penas extremas, mesmo que isso exija a banalização de
conceitos, a ignorância de princípios e até mesmo a classificação como crime doloso do que
evidentemente é apenas um crime culposo, como no caso analisado neste estudo.
O dolo eventual e a culpa consciente possuem semelhanças muito próximas, porém
não podem ser confundidos, já que são conceitos bastante distintos no âmbito da tipificação
penal e acarretam consequências processuais e penas diversas.
15

Antes de adentrar no mérito da influência da mídia no resultado do julgamento, é


necessário explicar, mesmo que resumidamente, a diferença entre esses dois conceitos, uma
vez que foram as teses apresentadas em plenário e bastante discutidas durante a realização do
júri.

3.2.1 Culpa consciente x Dolo eventual

O art. 18 do Código Penal descreve o crime doloso da seguinte forma:


Art. 18 – Diz-se o crime: Crime doloso I – doloso, quando o agente quis o resultado
ou assumiu o risco de produzi-lo;

Conforme Capez (2013), no que diz respeito ao dolo eventual, o agente não busca o
resultado de forma direta, contudo, concorda que possivelmente ele possa acabar sendo
produzido como consequência de uma ação ou omissão. Em outras palavras, o agente
antecipou o resultado, não é o seu objetivo principal alcançar o resultado, mas fica satisfeito
com sua ocorrência. O agente não deseja, mas acontecer ou não é um mero detalhe, sua
vontade de agir é mais intensa. Não é o risco que irá impedi-lo de realizar sua conduta,
portanto, assume o risco, pois não se importa com o resultado, prevê e então age. É
importante ressaltar, também, que o agente não aceita o resultado em si, mas sim sua
probabilidade, concorda com a possibilidade de sua ocorrência.
Nesse mesmo sentido, assevera Bittencourt:
Na hipótese do dolo eventual, a importância negativa da previsão do resultado é,
para o agente, menos importante do que o valor positivo que atribui à prática da
ação. Por isso, entre desistir da ação ou praticá-la, mesmo correndo o risco da
produção do resultado, opta pela segunda alternativa valorando sobremodo sua
conduta, e menosprezando o resultado. (2017, p. 395)

Nucci, da mesma forma, afirma que “dolo eventual é a vontade do agente dirigida a um
resultado determinado, porém vislumbrando a possibilidade de ocorrência de um segundo
resultado, não desejado, mas admitido, unido ao primeiro. Por isso a lei utiliza o termo
“assumir o risco de produzi-lo”. (2013, p. 242).
Assim, pode-se entender que na intenção final o agente não pretende causar o
resultado criminoso, não deseja diretamente esse resultado, mas tem consciência de que suas
ações ou omissões podem causar tais incidentes. O resultado é previsível e, ainda assim, o
16

assunto permanece hipotético seu risco e posição independem de esse risco se materializar
ou não.
Já quanto ao crime culposo, sua previsão está disposta no art. 18 do Código Penal nos
seguintes termos:
Art. 18 - Diz-se o crime: Crime culposo II – culposo, quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia

Segundo Greco (2006, p. 218), culpa consciente é o fato de a pessoa, mesmo prevendo
o resultado, ainda não cometer o ato e acreditar sinceramente que esse resultado não ocorrerá.
Embora esperado, não é reconhecido e aceito pelo representante. ele ingenuamente acredita
que isso não acontecerá ou que pode evitá-lo.
Assim, a culpa consciente surge quando o sujeito consegue prever o resultado, mas
não acredita no seu resultado; ele confia que suas ações levarão apenas aos resultados
esperados, que não ocorrem por erros de cálculo ou de execução. Nas palavras de Bittencourt
(1995, p.250), “Há culpa consciente, também chamada culpa com previsão, quando o agente,
deixando de observar a diligência a que estava obrigado, prevê um resultado, possível, mas
confia convictamente que ele não ocorra”.
Dito isto, podemos dizer que, se tivesse consciência do seu pecado, o agente poderia
ter previsto o resultado, mas acreditava fortemente que esse resultado não ocorreria. Ele não
corre riscos porque mesmo planejando, tem certeza que pode evitá-los. O ato foi feito de
forma imprudente, negligência ou má conduta profissional.
Após apresentar os conceitos dos dois tipos de crimes analisados neste estudo,
Destacamos agora as diferenças entre eles e sua aplicação em casos específicos.
Com as definições discutidas acima, percebe-se que a intenção aleatória e a
culpabilidade consciente são instituições relacionadas sob muitas perspectivas, mas também
são diferentes, especialmente de uma forma ou de outra no aspecto principal: dentro do
agente, no elemento da vontade.
Com efeito, em relação ao caso analisado, pode-se entender que se a conduta do réu
foi ensaiados com possível intenção, seu pensamento interior poderia ser: “É possível que
com a utilização do artefato pirotécnico a boate pegue fogo e que pessoas morram, não
queremos que isso aconteça, mas pouco importa”. Já na culpa consciente, o pensamento deles
teria sido: “É provável que estaremos sendo negligentes ao utilizarmos o artefato pirotécnico,
mas acreditamos firmemente que nada vai acontecer”.
Além disso, é importante ressaltar que a maior diferença entre os dois métodos é a
determinação da pena, uma vez que a pena para homicídio culposo, quando o incidente é
17

considerado crime consciente, é de prisão de 1 a 3 anos, conforme art. . 121, § 3º do CP. Caso
de homicídio doloso qualificada por dolo provável, a pena será de no mínimo 6 a 20 anos,
conforme o disposto no art. 121, empresa CP.

3.3 Mídia e o caso Boate Kiss

Explicitados os conceitos de dolo eventual e de culpabilidade consciente, alguns dos


argumentos defendidos no julgamento em questão, analisamos agora como e quando os
métodos de cobertura midiática e de clamor público contribuíram para a confirmação do dolo
possível e resultaram na condenação do réu.
No entanto, a presença de influência é evidente, não apenas para o júri ou para o juiz
que preside a sessão. A intervenção incluiu também momentos anteriores, como a decisão de
submeter o julgamento a tribunal do júri e o posterior abuso da suspensão da validade do
habeas corpus no alegado interesse público.
É claro que o réu deve ser condenado. Obviamente, a tragédia poderia ter sido
evitada, então deve haver responsáveis. Contudo, mesmo o compreensível desejo de justiça e
vingança daqueles que perderam entes queridos não pode ser justificado. uma condenação na
forma em que ocorreu. Aliás, como disse Ana Elisa, professora de direito penal da USP, em
entrevista à Folha SP, “quando se passa por cima dos conceitos técnicos de Justiça para julgar
conforme uma ansiedade da sociedade, se abre uma porta perigosa, a do arbítrio, de cada um
de nós, amanhã, poder ser julgado de forma subjetiva, não de acordo com o conhecimento
técnico".

Não há dúvida de que neste caso nenhum crime foi cometido intencionalmente,
notamos a banalização deste conceito e a “piruetas” legal para convencer um segmento da
Igreja Católica, de modo que é o único argumento que pode corresponder a a vergonha que a
sociedade espera.
Os argumentos apresentados pela defesa perante o plenário deveriam ter sido ouvidos
de forma mais aberta pelo júri, deixando-o aberto a influências externas e avaliando então
apenas o que ali foi dito. Reflexões de extrema importância e grande capacidade de persuasão
foram feitas pela defesa, tais como: Será que os réus sabiam muito bem que fogos de artifício
iriam queimar casas noturnas e causar a morte de centenas de pessoas, mas era indiferente a
isso? Os arguidos presentes na boate e também vítimas do incêndio ficaram indiferentes ao
18

seu suicídio? Os donos de casas noturnas são indiferentes à destruição de sua principal fonte
de renda? Além disso, ficaram indiferentes às mortes dos amigos e familiares presentes?
Obviamente, a tragédia ocorreu devido a uma série de violações, incluindo
negligência, descuido e incompetência do réu. Portanto, isso caracteriza a forma penal do
crime. A absolvição foi inadequada, mas pelo menos seria de esperar uma descrição precisa.
No parecer técnico, Ruivo e Wunderlich demonstram que foi correta a desqualificação
inicialmente realizada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que vai da possível
intencionalidade à criminalidade consciente.
O resumo das razões que fundamentam o nosso parecer diante dos fatos
apresentados e da ciência penal pode ser apresentado na seguinte forma:
1º quesito. É cientificamente correta a desclassificação da imputação
jurídica da figura do dolo eventual para a da culpa consciente feita pelo Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS), no acórdão fruto dos Embargos
Infringentes n. 7007512042839, diante das condutas imputadas na denúncia e do
conjunto probatório reunido na instrução processual? Sim, é correta a decisão de
desclassificação determinada pelo e. TJRS. Pontuamse as seguintes razões: (a) as
diversas teorias científicas do dolo eventual apontam para a inexistência de dolo
eventual no caso analisado; (b) os argumentos acusatórios são insuficientes para a
prova da alegada aceitação do perigo do resultado, servindo, no máximo, como
indicativo do conhecimento do risco não aceito próximo à culpa consciente; (c) a
natureza dos fatos, as repercussões pessoais e patrimoniais da catástrofe, indicam a
inexistência de previsão e, menos ainda, de aceitação do resultado pelos acusados; já
que as circunstâncias fáticas desenhadas não são demonstrativas de agir doloso
mesmo diante dos elementos elencados para essa imputação. No caso, o aludido
“homicídio qualificado” por “motivo torpe” em razão da “revelação de total
indiferença e desprezo pela vida e pela segurança dos frequentadores” do centro da
tragédia, sequer seria possível, pois seria o mesmo que os acusados aceitarem a
colocação da vida pessoal, de amigos e familiares e do patrimônio em perigo.
Particularmente para o consulente ELISSANDRO SPOHR, a eventual
responsabilização por dolo eventual significaria dizer que anuiu em sua própria
morte e da sua esposa “grávida”, que também estava no local. E, por fim, (d) a
rejeição da imputação por dolo eventual em caso semelhante de incêndio referido na
jurisprudência e na ciência jurídica comparada.
2º quesito. Os Recursos aos Tribunais Superiores possuem cabimento e
adequação (elementos do juízo de admissibilidade) para a revisão do conjunto
probatório necessário para a redefinição do elemento subjetivo geral do tipo? Não,
os Recursos aos Tribunais Superiores possuem natureza e finalidade próprias que
impedem o reexame total do conjunto probatório necessário para alterar a imputação
do tipo penal subjetivo. Isso ocorre sinteticamente pelas seguintes razões: (a) a
necessidade de verificação empírica dos elementos subjetivos do tipo penal, incapaz
de pura análise lógico-jurídico, (b) a inadequação e o não cabimento recursal para a
revisão total do conjunto probatório, impossibilitando nova classificação jurídica do
tipo com base no profundo exame probatório e (c) a eficácia do âmbito de cobertura
das súmulas n. 7, do STJ e n. 279, do STF, bem como a jurisprudência corrente nos
Tribunais Superiores.
Esse é o nosso parecer.
(http://www.wunderlich.com.br/images/publicacoes/artigos/Boate-Kiss-
ParecerELISSANDRO-CALLEGARO-SPOHR-por-AW-e-MAR.pdf)

O incidente foi amplamente divulgado e o apelo midiático foi tão grande que, poucos
dias depois da tragédia, a cidade de Santa Maria tornou-se um dos jornais do mundo. Os
19

canais de TV ajustaram seus horários de transmissão para cobrir integralmente o incidente,


exibindo vídeos da boate em chamas, do resgate de vítimas, da movimentação de móveis, dos
corpos cobertos e até do funeral. Os especialistas rapidamente pareceram culpar, simularam
como o incêndio começou e especularam sobre quantas mortes poderiam ter sido evitadas. Os
rostos e nomes dos proprietários e músicos foram rapidamente expostos em programas de
televisão como causadores da tragédia, de modo que a partir daquele momento iniciou-se uma
busca incessante pela condenação jurídica das quatro pessoas, pois a condenação da sociedade
foi, desde o início, já está lá alcançou.
Assim, apesar da doutrina ser massiva contra a existência de dolo eventual, alegando
que o caso não passa de uma culpa consciência, as cortes superiores, por força da mídia que
jogavam holofotes sobre o caso, entrevistando parentes das vítimas, com características
apelativas, decidiram reverter a decisão do TJRS que desclassificava o caso de crime, levando
novamente os réus a júri popular, sem que nenhuma das cortes tenha apresentado argumentos
plausíveis para a decisão, tanto é que na decisão o ministro relator entende que não seria caso
de dolo eventual, afirmando que “independentemente de opiniões pessoais deste ou daquele
magistrado (inclusive deste relator), o juiz competente para essa análise inicial - certo que a
pronúncia implica a simples admissibilidade da acusação formalizada na denúncia”.
Releva observar que – e esta me parece uma reflexão importante para a interpretação
dos fatos – a afirmação segundo a qual os recorridos teriam agido com dolo eventual
não implica afirmar que tenham previsto a morte de todas as 242 pessoas fatalmente
vitimadas e lesões em outras 636, mas, sim, que estavam cientes de que, dadas as
condições já amiúde mencionadas, produziram um incremento considerável do risco
de que uma, duas, duzentas ou sabe-se lá quantos frequentadores da casa noturna de
algum modo poderiam tombar, e bastaria uma morte para que, nessa linha de
raciocínio, se atribuísse a responsabilidade a título de dolo eventual, visto que a
quantidade de vítimas terá relevância tão somente para eventual quantificação da
resposta penal. Se a amplitude e as consequências dos malsinados comportamentos
não poderiam ser, a priori, mensurados, eram elas, a meu sentir, plenamente
previsíveis e, mais do que isso, a decisão de pronúncia indicou fatores objetivos que
permitem inferir que os recorridos estavam cientes desses riscos e das possíveis
consequências que poderia causar o menor incidente decorrente do uso de fogo de
artifício sabidamente impróprio para ambiente interno, acionado e direcionado a
material altamente inflamável, a poucos centímetros de distância da chama. O fato
de terem feito uso, sem incidentes, desse recurso pirotécnico em outros shows
anteriores da banda em nada auxilia - muito pelo contrário - a defesa dos recorridos,
haja vista que, até mesmo por serem profissionais “do ramo”, sabiam plenamente
dos riscos que normalmente já são inerentes a qualquer evento de maior magnitude
realizados em ambientes fechados, escuros, sem mobilidade, e com difícil
escoamento. E, cientes de que esses riscos são já presentes, pelo simples fato de se
aglutinar uma multidão em um ambiente assim, incrementaram, deliberada e
conscientemente, esse risco, a ponto de ser razoável concluir, como o fizeram o juiz
da pronúncia e os desembargadores que confirmavam tal decisão, que tinham
ciência de que esse risco existia e que poderia vir a se concretizar com danos
humanos e materiais incalculáveis, até porque, na expressão do desembargador cujo
voto saiu vencedor no julgamento do recurso em sentido estrito, os recorridos "não
tinham qualquer controle sobre o risco criado pelas diversas condições letais da
cadeia causal". De todo modo, é fundamental assentar que não cabe juízo de mérito
20

neste momento processual e nesta jurisdição especial. O que se está a afirmar é que,
23 independentemente de opiniões pessoais deste ou daquele magistrado (inclusive
deste relator), o juiz competente para essa análise inicial - certo que a pronúncia
implica a simples admissibilidade da acusação formalizada na denúncia - identificou
diversos e coerentes elementos de convicção que tornam verossímil a narrativa
acusatória, a autorizar o julgamento da causa pelo juiz natural, o Tribunal Popular.
(STJ, RESP 1.790.039, Min Rel. Rogério Schietti Cruz, 18/06/2019)

Portanto, podemos afirmar que a mídia e o clamor público contribuíram diretamente


para o veredicto, mas não podemos esquecer que existem limites que não podem ser
superados devido aos princípios jurídicos estabelecidos. É preciso respeitar a natureza da
realidade estabelecida em lei o crime e a pena que lhe é atribuída, de modo que o acusado
deve responder na medida de sua culpa, evitando acusações descabidas e excessivas que
fariam da justiça um mecanismo de vingança em resposta ao protesto contra a ferocidade da
sociedade.

CONCLUSÃO

Portanto, concluímos que pode-se afirmar que a mídia contribui ativamente para a
formação do pensamento crítico na sociedade, de forma que toda a população possa ser
facilmente manipulada para acreditar em uma versão da verdade contada e veiculada de forma
tendenciosa pela imprensa.
Vivemos numa sociedade assolada pela violência diária, onde o sentimento de
injustiça e impunidade existe e está cada vez mais presente na vida quotidiana. Dessa forma,
quando a mídia ultrapassa seus limites e transforma um processo criminal em um programa de
TV espetacular, a sociedade cria expectativas de uma resposta do Estado, que apenas aceita
receber penas muito duras. Porque, ao que parece, é importante prevenir comportamentos
ilegais, dar o exemplo, mesmo que isso exija sacrificar os direitos constitucionais do
acusado.
O perigo nestas situações, contudo, é que a justiça eficaz, respeitando as disposições
constitucionais e o devido processo legal, não seja a justiça que a sociedade espera. Contudo,
muitas vezes é a justiça esperada pela sociedade, influenciada pelos meios de comunicação
social, que prevalece. E é aqui que a lei entra em conflito com os limites que impõe, pois a
imprensa não pode ser censurada, mas também o arguido também não pode ser privado da
presunção de inocência.
Esses aspectos tendem a ser agravados em casos julgados por júri, pois os fatores que
determinam o veredicto não são legais. Não importa qual tese foi melhor apresentada, quem a
21

conectou com o maior número de leis, preceitos, precedentes. O que realmente importa e o
que determinará a vida do réu é o que os jurados entendem sobre o incidente, o que cada um
deles diz. E o que os parentes dizem é muitas vezes determinado antes do julgamento. A
proteção que deveria ser perfeita é constantemente enfraquecida, porque é impossível
competir com os meios de comunicação de massa que transmitem apenas o que lhes convém,
apenas o que cria audiência, indignação e lucro.
Assim, para o caso em análise, pode-se afirmar definitivamente que houve influência
de todas as formas e desde o início. Na verdade, é importante lembrar que a denúncia aborda
apenas o lado mais fraco da história. É fácil culpar os músicos e os proprietários, é fácil
afirmar, contar, contar e transmitir a versão de que são os únicos culpados, que pouco se
importam com os resultados. Mesmo que, no fundo, mesmo A própria acusação também
sabe que esse propósito não é razoável. Mas também sabem que é a única alternativa para
atender às demandas da sociedade e fazer justiça às famílias das vítimas, como elas exigem.
No entanto, a justiça deve ser alargada a todos aqueles que contribuíram para a
tragédia, uma vez que uma série de outros actos e omissões graves influenciaram
directamente o que aconteceu. O órgão administrativo público é responsável pela fiscalização
do funcionamento dos estabelecimentos comerciais e a prefeitura é responsável pela
fiscalização e emissão de licenças de estabelecimento/funcionamento aos estabelecimentos.
Portanto, o primeiro erro registrado está aí, por isso a Prefeitura concedeu o alvará de
funcionamento, apesar de todos os erros registrados no investigação.
Além disso, as licenças de prevenção e combate a incêndio também são emitidas pelo
corpo de bombeiros. Portanto, fica claro que a omissão da prefeitura nas violações registradas
contribuiu para o ocorrido. Na verdade, se for feito check-out adequado, este lugar não
funcionará.
Neste caso, vemos uma série de erros graves, tanto na prática como na implementação.
Alguns assumem responsabilidades excessivas, outros ficam fora do banco dos réus, tomando
decisões descabidas, confirmando uma intenção que pode não existir, mas é necessária para a
realização do desejo. População. Afinal, qual seria a reação da sociedade diante de uma
pena não superior a três anos? A sociedade não aceitará isso. A realidade é que não há vitória
neste desafio, apenas dor e perda. A vingança que acontece com a ajuda da mídia não trará de
volta as vítimas, fazer a tragédia desaparecer.
No entanto, os meios de comunicação social cumpriram certamente a função a que se
propuseram. Eles certamente atraíram muito público e, como resultado, ganharam muito
dinheiro. No entanto, como resultado, grande parte deste direito foi perdido.
22

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