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CP III – Direito Civil

Aula 1 – 01/02/2024 – Prof. Aurélio Boret

Livro do Flavio Tartuce

 Conceito de contrato:

- Todo contrato é um negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes convertem as suas
vontades para atingir determinadas finalidades.

- Bilateral – nasce da manifestação de vontades de ambas as partes.

- Unilateral – nasce da manifestação de vontade de uma das partes. Ex: doação não é um
negócio jurídico unilateral, pois é um contrato.

- Todo contrato nasce do consenso. Todo contrato passa pelo consenso, mas alguns exigem
mais, exigem a entrega, a transferência da coisa.

 Principiologia dos contratos:

- Princípio da autonomia da vontade privada – liberdade contratual, permite a contratação


livre entre as partes, sobre o objeto, sobre o momento da contratação, respeitando os limites
do ordenamento jurídico. Liberdade regrada.

Ex: art. 1647, I do CC –

- Princípio da força obrigatória dos contratos – Pacta sunt servanta – O contrato é como se
fosse lei entre às partes. Ou seja, gera obrigações que devem ser cumpridas, sob pena de
responder pelo inadimplemento. Claro que ela não é absoluta, pois deve respeitar a boa-fé
objetiva, ou função social do contrato.

- Princípio da relatividade dos contratos – O contrato só pode surtir efeito perante as partes
contratantes.

Ex: Venda de apartamento já alugado – Direito de preferência – arts. 8° e 27, L. 8245/91. – O


contrato surte efeito perante as partes contratantes, um terceiro não precisa respeitar, a
menos que haja uma cláusula de vigência do período da locação, averbado no RGI.

- Princípio da Boa-fé objetiva – É o padrão de comportamento ético esperado de todos em


sociedade. Paradigma da eticidade – Ética deixou de ser um valor moral, filosófico, e passa a
ser um valor jurídico, apto a criar deveres, que todos devem cumprir. Não se deve confundir
com a boa-fé subjetiva. Má-fé é a intenção de causar um prejuízo a alguém ou obter vantagem
indevida. Má-fé é sempre subjetiva, portanto quando se analisa a boa-fé objetiva não há
necessidade de se analisar a intenção, mas somente o comportamento, logo não há
necessidade de provar a intenção, apenas o comportamento. Nessa toada, muitas vezes a
pessoa pode não ter intenção de agir de má-fé, mas não cumpriu com os deveres devidos da
boa-fé objetiva, e há uma violação, não há que se provar a intenção.

- A violação positiva do contrato é uma terceira forma de inadimplemento, portanto cabe a


resolução do contrato. Isso ocorre quando, embora o contrato tenha sido cumprido,

- Quais são as funções da boa-fé objetiva? Tem 3 funções (alguns autores colocam mais):

1) Interpretativa (113, CC) – Negócios jurídicos devem ser interpretados de acordo com a boa-
fé objetiva, então esta é utilizada para auxiliar o magistrado a interpretar os negócios jurídicos.
Quando se tiver um negócio jurídico com cláusulas ambíguas, contraditórias, quando houver
omissões, o juiz deve resolver a situação com base em uma interpretação ética, de acordo com
a boa-fé objetiva. E ética vai impor deveres que não estão escritos na lei ou no contrato

2) Criadora de deveres anexos ou integrativa(art. 422, CC)

Hoje, todas as relações jurídicas obrigacionais têm obrigações implícitas que decorrem da
ética, que são os deveres anexos (ou laterais da boa-fé objetiva) ao contrato, que são lealdade,
informação, proteção, confiança, cooperação. A quebra dos deveres anexos gera violação
positiva do contrato, uma forma de inadimplemento, podendo gerar resolução do contrato.
(Enunciado 24 do CJF).

Se os deveres anexos foram descumpridos em fases pré ou pós contratual, não há que se falar
em inadimplemento do contrato, pois ainda não há contrato, mas também há uma forma de
descumprimento, podendo gerar reparação, porque há abuso de um direito (Enunciado 25 do
CJF).

Dentro dos deveres anexos da boa-fé, no âmbito do direito digital, hoje está se falando em
Princípio da explicabilidade, ou seja, explicar exatamente o porquê das decisões tomadas pelo
algoritmo.

3) Limitadora de direitos ou função de controle (Art. 187, CC c/c 927, CC)

A boa-fé também é um limite ao exercício do direito.

- Princípio da Função social do contrato (Art. 521 do CC) – Decorre do artigo 3, I da CF.
Sociedade solidária é aquela em que os indivíduos se preocupam com o próximo e nessa toada
surge o princípio da socialidade. Socialidade traz a ideia de que todo direito e todo interesse é
funcionalizado, ou seja, numa sociedade solidária, os direitos são dos seus titulares, mas não
devem ser exercidos de maneira egoística, olhando apenas para si própria.

decorre diretamente da Constituição em seu artigo 3º, inciso I. Dele também decorrem os
princípios da solidariedade e da socialidade, nos quais se ampara o Direito Civil
Contemporâneo. Pela socialidade, todo direito e todo interesse é funcionalizado, pois, numa
sociedade solidária, os direitos são dos seus titulares, mas não devem ser exercidos de
maneira egoística.

A partir disso surge a função social de cada contrato. Os contratos não podem trazer efeitos
nocivos para a sociedade, diretos ou indiretos.

A função social tem uma eficácia interna e uma eficácia externa.


Eficácia interna – analisa-se a aplicação desse princípio entre as partes. Ex: Contrato de plano
de saúde Ex: S302 do STJ

Eficácia externa – agressão mais explícita à sociedade, pois atinge terceiros, podendo ser tanto
indeterminados (direitos meta individuais) como terceiros determinados.

Terceiro ofensor é aquele que vai interferir em uma relação contratual já existente e de seu
conhecimento de maneira a aliciar uma das partes a romper o vínculo contratual existente.
Tem exceções em que isso pode ocorrer de maneira legítima, contudo, em regra, esse que
aliciou tende a responder pelos danos causados. Não é dolo de terceiro, pois não há fraude ou
enganação. (ex: art. 608, CC). Contudo, existem negócios jurídicos em que já é esperado esse
aliciamento, como é o caso de contratos de trabalho de jogadores de futebol. Nesse caso, não
há que se falar em aliciamento indevido, pois o costume do meio já tornou habitual essa
prática. O mesmo poderia se dizer caso o contrato fosse cumprido e não houvesse o
rompimento do contrato.

“O contrato hoje é visto como uma situação jurídica merecedora de tutela erga omnes”.

Caso concreto - Questão 1

Não é qualificado como aliciamento indevido pelo terceiro ofensor, pois não houve
rompimento do contrato. Contudo, a decisão prevê uma nova modalidade de terceiro ofensor
“do cancelamento”, alguém que busca abalar o contrato. Embora o contrato não tenha sido
resolvido, o atleta sofreu danos morais pelas ofensas, de modo que houve dano moral por
lesão à honra subjetiva do atleta e sua imagem. Art. 187 do CC pelo abuso do direito da
liberdade de expressão.

Questão 2

A)
B) Entendimento no sentido de que nesse caso não há cláusulas abusivas, pois é um
contrato paritário, não havendo vulnerabilidade entre elas, se houve desequilíbrio
decorreu a autonomia da vontade das partes. Resp 1799039/SP

Aula 2

 Classificação dos contratos

1. Contratos paritários e de adesão

Paritários – Partes em pé de igualdade, relação isonômica, que não há desequilíbrio fático.

Adesão – Uma das partes não pode discutir as cláusulas contratuais. Art. 423 (regra de
interpretação para que, diante de uma omissão ou ambiguidade, deva-se dar uma
interpretação mais favorável ao aderente) e 424 do CC (nos contratos de adesão consideram-
se abusivas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante
da natureza do negócio). S. 335 STJ c/c art. 424 do CC.
2. Contratos típicos e atípicos

- Típicos são aqueles previstos em lei

- Atípicos são aqueles que não estão previstos em lei, decorrem de criação das partes.
Dificilmente existem contratos atípicos puros, pois normalmente se misturam alguns tipos
contratuais.

Não se deve confundir contratos mistos (atípicos) com contratos coligados. Contratos
coligados são a reunião de mais de um tipo contratual no mesmo empreendimento, as partes
realizam dois ou mais contratos na mesma operação, contudo eles não perdem a sua estrutura
eles não são mesclados (mistos / atípicos), apenas são realizados em um mesmo contexto.

Caso concreto 2 – Questão 1

STJ Resp 1475477/MG

3. Contratos bilaterais e contratos unilaterais

- Contratos bilaterais tem prestações a ser prestadas pelas duas partes. Enquanto que os
unilaterais as prestações devem ser realizadas somente por uma das partes (aceitar não é
prestação).

- Exceção do contrato não cumprido, teoria dos vícios redibitórios, teoria da imprevisão – são
espécies que só podem ser aplicadas a contratos bilaterais.

- Contrato bilateral imperfeito é aquele que nasce unilateral tendo obrigação a ser cumprida
por somente uma das partes, contudo no meio da sua execução surgem prestação a serem
cumpridas pela outra parte (ex: depósito do cavalo que fica doente).

4. Contratos reais e consensuais

- Contratos consensuais são a regra. Os contratos se aperfeiçoam, estão formados tão


somente pela convergência de vontades das partes. Basta as partes convergirem as suas
vontades sobre os elementos principais do contrato (partes, objeto, preço) para o contrato
estar formado.

- Contrato real é aquele que exige a transferência da coisa para que o contrato se aperfeiçoe.

- O contrato de compra e venda, ainda que seja de um imóvel que exige escritura pública, ele
se aperfeiçoa com a escritura do contrato, não precisa da entrega do bem e isso faz diferença,
pois caso haja o inadimplemento, pode-se exigir o cumprimento do contrato. O que não
ocorreria no caso de um contrato real como o de comodato.

5. Contratos aleatórios e comutativos


- Comutativo é um contrato bilateral em que há um equilíbrio econômico financeiro entre as
prestações. As partes podem antever a relação de custo e benefício entre as prestações. (ex:
compra e venda, locação, prestação de serviços).

- Aleatório é aquele contrato em que as partes assumem o risco do desequilíbrio entre as


prestações (ex: seguro).

- Contrato aleatório atípico (contrato acidentalmente aleatório) – em regra seria comutativo,


porém as partes assumiram o risco que elas quiseram (Contratos de compra e venda de coisas
futuras).

Emptio Spei (art. 458 do CC) – corre risco da existência do bem futuro (provavelmente um
valor abaixo de mercado para assumir o risco, a menos que tenha culpa do executor aí deve
indenizar, mas é regra é não indenizar mesmo que não cumpra) e Emptio Rei Speratae (Art.
459, CC) – risco da quantidade, mas caso não venha a existir nada, aí deve indenizar, pois o
risco era sobre a quantidade.

Caso concreto 2 – questão 2

Deve-se citar que é uma questão de contrato Emptio Spei e que assumiu-se o risco sobre a
existência do produto, portanto deve ser realizado o pagamento ainda que nada seja recebido.
Existe entendimento no sentido de que o pagamento deve ser feito no sentido proporcional da
coisa que foi produzida, a fim de evitar o enriquecimento sem causa (Gustavo Tepedino).

Aula 3 – 02/02/2024

Prof. Thiago Neves

 Formação dos Contratos

- Os contratos são formados por um acordo de vontades, das duas manifestações de vontade e
das duas partes do contrato. Contudo, podem haver mais pessoas em cada polo (parte).

-> 3 elementos dos contratos:

. Elemento subjetivo – Partes

. Elemento objetivo – o objeto do contrato

. Elemento formal – A própria forma do contrato

- Há na doutrina quem diga que existe um quarto elemento, a manifestação de vontade.


Contudo, é entendimento majoritário da doutrina que a manifestação de vontades está
inserida no contexto do elemento subjetivo.

- Os elementos devem ser analisados sobre os 3 estágios, de eficácia, validade e existência.

Elemento subjetivo
- Sujeitos, pessoas ou partes.

- Não há contrato sem partes (pessoas, naturais ou jurídicas). Com relação às pessoas jurídicas
basta que estejam devidamente constituídas. Contudo, quando se analisa a partir das pessoas
naturais, devem ser observados alguns elementos de validade do contrato.

- Art. 104, CC – Partes capazes – O 1º elemento de validade dos contratos, sob a ótica do
elemento subjetivo, é a capacidade civil (prática dos atos da vida civil, arts. 3° e 4°).

- Celebração de contrato pelo incapaz – Deve-se separar os contratos celebrados pelo incapaz
sob a ótica patrimonial e os contratos em que existem interesses existenciais. Nos contratos
que envolvem apenas interesses patrimoniais, a regra é que o contrato é nulo (absolutamente
incapaz) ou anulável (relativamente incapaz), salvo se estiverem devidamente representados
ou assistidos, pois nesse caso haverá o suprimento da incapacidade. Isso porque a
manifestação de vontade do incapaz é viciada, em razão da falta de discernimento pleno. Já os
contratos celebrados que possuem natureza existencial (ex: contrato de compra e venda em
que a criança compra comida; ou adolescentes que compram ingresso no cinema) existem 3
correntes:

1ª Corrente – Contratos válidos, porque há uma autorização implícita dos pais.

2ª – Validade dos contratos, porque se consubstanciariam em um ato socialmente aceito.

3ª – Ato Fato jurídico – Estaria enquadrado em uma terceira categoria do negócio jurídico, no
ato-fato jurídico não se analisa manifestação de vontade ou discernimento, apenas se analisa
se os efeitos daquele contrato são válidos.

- Legitimação é uma capacidade específica para prática dos atos da vida civil. Além da
capacidade civil, as partes devem ter legitimação para celebrar um contrato. Legitimação é a
falta de impedimentos para prática de um ato.

- Consentimento das partes – Requisito específico e recíproco, pois tem que estar presente
simultaneamente para as partes do contrato. Ambas as partes têm que acordar, consentir,
para formar o contrato. O consentimento tem que recair sobre 3 aspectos: próprio contrato e
sua natureza (as partes têm que estar de acordo em celebrar o contrato, aquela espécie do
contrato); objeto (deve haver consentimento acerca do objeto); as partes tem que consentir
sobre as cláusulas essenciais do contrato (consentimento sobre as cláusulas).

- Formas de manifestação de vontade: i) expressa – parte demonstra de forma explicita sua


vontade (ii) tácita – se extrai da pratica de um ato, da conduta da parte e (iii) presumida ou
implícita - é pelo silêncio (art. 111, CC), desde que os usos e costumes autorizem e a situação
fizer presumir. Ex: Art. 512 do CC – Venda a contento – Art. 539 – Contrato de doação.

Elemento objetivo

- O objeto do contrato é o bem jurídico sobre o qual recai o interesse das partes. É preciso,
portanto que, para um contrato existir, devem existir um bem jurídico.

- Para que o contrato seja válido, o art. 104 informa que o objeto de ver lícito, possível
determinado e/ou determinável. O Objeto não pode ser algo que a lei considera ilícito. Tem
que ser possível e a realidade tem que ser tanto fática quanto jurídica. Determinado –
determinar um bem certo ou determinável, pois em algum momento o objeto indeterminado
deve ser determinado.

Elemento formal

- Contrato tem que ter uma forma. Agora, para sua validade depende do que for previsto em
lei, se existe uma forma determinada ou livre (art. 104, CC).

Causa ou Motivo

- É um elemento do contrato? Na visão dos franceses, a causa é a razão de contratar, é o


motivo, e era preciso que essa causa estivesse em conformidade com a lei. Já numa segunda
visão (italianos), o exame da causa e do motivo é objetivo, de modo que não importa a causa
ou motivo, confundindo-se coma função sócio-econômica do direito (a celebração desse
contrato cumpre a sua finalidade?) – há aqui um controle de merecimento de tutela, no
sentido de que se o contrato não atingir essa função sócio econômico, ele não é merecedor
daquela tutela jurídica. (ex: Contrato de compra e venda com intuito de torturar pessoas, esse
contrato pode ser invalidado).

Casos concretos – Questão 2

- Pode-se examinar a questão pela ótica objetiva e pela lógica subjetiva. Isso porque existe a
teoria dos motivos determinantes do negócio jurídico. Art. 166, III do Código Civil. A vontade
estava viciada, pois ele não conhecia a realidade dos fatos, logo os motivos estavam viciados.

 Fases da Formação do Contrato

- São 3 fases: fase pré-contratual, contratual e fase pós-contratual.

Fase pré-contratual

- Vai até a celebração do contrato.

- Ela também se desdobra em 3 etapas:

1) Negociações preliminares ou tratativas

. Fase de estudo, conversas, em que as partes estão avaliando a conveniência ou não de vir a
contratar. Pedir o orçamento. Como regra, essa fase não gera direito algum. Contudo, podem
vir a gerar e esses direitos vão decorrer da boa-fé objetiva. Isso ocorre caso, nessas tratativas,
gerar-se expectativa de que o negócio de fato irá se realizar. Se ficar demonstrado que, de
fato, por essas tratativas se criou uma expectativa legítima, gerando na parte uma confiança
de que iria contratar, deve gerar perdas e danos. Não vai obrigar a contratar, mas vai gerar
perdas e danos.
2) Proposta, oferta ou policitação

. Manifestação de vontade séria, concreta, no sentido de externar a real vontade de contratar.


Não é uma mera tratativa, negociação, exposição abstrata, mas sim uma manifestação certa e
concreta. A proposta pode ser feita de modo expresso ou tácito (produto na prateleira, com
preço). A oferta contendo todos os elementos, ela vincula, chamada força vinculante da oferta.
Se depois de fazer uma oferta séria, cabe tutela específica para o cumprimento.

. Há uma exceção à força vinculante da oferta (art. 427, CC) – Se na própria proposta estiver
dito que o proponente pode retirar a proposta, desistir, então ela não fica vinculada. Se
também for da natureza do negócio (estoque do produto, vagas em determinado
estabelecimento). Contudo, com relação a estoque em matéria de consumidor, o STJ diz que o
fornecedor deve dar um jeito.

. As circunstâncias do caso, previstas no art. 428, também podem ser exceção à força
vinculante da oferta: 1ª hipótese – Proposta sem prazo a pessoas presentes (pode ser
telefone) - Teoria da simultaneidade da percepção das vontades declaradas. 2ª – Proposta à
pessoa distante e já passou tempo suficiente (conceito jurídico indeterminado – avaliação
casuística) e ainda não foi aceita. 4ª - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao
conhecimento da outra parte a retratação do proponente.

- Oferta pública é aquela para um número indeterminado de pessoas. Art. 429, CC. Se contiver
os elementos essenciais do negócio ela também vinculará, igual a oferta particular. A oferta ao
público admite retratação, mas o ofertante deve especificar na própria oferta que já tem que
se reservar o direito de se retratar e, depois, tem que utilizar os mesmos meios utilizados na
oferta anterior para se retratar, a fim de alcançar a todos.

3) Aceitação

- Manifestação de vontade, no sentido de aceitar, concordar com a proposta que foi feita. A
aceitação para que produza os efeitos deve ser manifestada dentro do prazo estipulado,
dentro das condições propostas, e TEM QUE CHEGAR AO CONHECIMENTO DO PROPONENTE.
Se a aceitação chegar tardiamente ao proponente, mas por uma razão alheia ao aceitante (que
aceitou dentro do prazo), o proponente deve comunicar imediamente ao receber o aceite,
eximindo-se da obrigação de indenizar. Contudo, se deixar de comunicar o aceitante ou
demorar para tanto, será obrigado a indenizar. Um aceite tardio ou com qualquer coisa que
modifique ou adicione qualquer coisa à proposta, será considerado como contraproposta e
não vincula mais o proponente inicial.

- Há possibilidade de retratação de aceitação (art. 433, CC).

Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente
a retratação do aceitante.

4) Momento da formação do contrato


- O contrato pode ser entre presentes ou entre ausentes. Entre presentes é aquele em que as
partes estão fisicamente presentes ou estão se utilizando de um veículo de comunicação em
que as manifestações de vontades podem ser percebidas de imediato.

- Teoria da recepção – Quando a aceitação é recebida pelo proponente está formado o


contrato, isso cabe em contratos entre presentes.

- Teoria da expedição (art. 434) – Cabe em contratos entre ausentes, quando as partes não
estão fisicamente presentes, ou algum meio eletrônico ou não em que as manifestações de
vontade não são percebidas simultaneamente pelas partes. Nesse caso, no momento em que
o aceitante expede a sua vontade (enviou a sua resposta), mesmo antes de chegar ao
proponente, o contrato está formado.

- Se o proponente vinculou ao recebimento, isso é cabível (II, 434, CC).

- O art. 428, III, deve prevalecer sobre o 434, III. Ou seja, é a expedição que deve ser no prazo e
não o recebimento, a menos que o proponente tenha vinculado o prazo de chegada como
prevê o inciso II do 434.

5) Lugar da formação do contrato

- O lugar da proposta é onde esse contrato foi celebrado. Importante para o Direito
Internacional privado (Art. 9, §2°, da LINDB).

Aula 4

Contrato Preliminar

- Art. 462 do CC: “Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. ”

- É um pré-contrato. Ou seja, é um contrato, mas que tem por objeto a celebração de outro
contrato, dito principal. Então o contrato preliminar é uma preparação para o contrato
principal. Ele não está na fase das tratativas, pois ali não há vinculação, são apenas estudos. Já
no contrato preliminar já existe um contrato com obrigação de celebrar o contrato principal.

- O contrato preliminar o seu cumprimento forçado, caso a outra parte se recuse a celebrar o
contrato principal. O juiz pode dar um provimento judicial substitutivo de vontade.

- O contrato preliminar não precisa ter a forma exigida do principal. (Ex: Imóvel acima de X –
contrato preliminar pode ser por instrumento particular enquanto o principal teria que ser por
escritura pública).

- Irretratabilidade do contrato preliminar: Ele é naturalmente irretratável, não admite


arrependimento, pois não faria sentido. Contudo, a lei admite que as partes acordem a
revogabilidade, mas essa previsão deve ser expressa, sendo nesse caso um direito potestativo
(isso é extraído do art. 463). Se não houver cláusula de retratabilidade, ele será irrevogável e
consequentemente, a parte interessada pode compelir a outra a celebrar o contrato principal.
Obs: O contrato de promessa de compra e venda de bem imóvel é aquele que se admite
retratabilidade, aquele que não admite deve ser chamado de compromisso, embora o
legislador tenha se equivocado.

- Arts. 1417 e 1418 – Permite adjudicação compulsória. Não peguei direito. A doutrina
amplamente majoritária segue a Súmula 239 do STJ: O direito à adjudicação compulsória não
se sujeita ao registro em cartório.

Caso concreto 4 - Q1

A) Pela literalidade da lei, o 463 e o 1417 do Código Civil vão exigir o registro, contudo a
Sumula 239 do STJ e a jurisprudência de forma quase unanime permite a adjudicação
compulsória sem registro.

B) Sim, terá direito de perseguir o bem, mesmo estando em poder de outro. Contudo, alguns
julgados e doutrinadores entendem que diante da ausência do registro e terceiro de boa-fé
adquirindo o imóvel, não seria possível a adjudicação compulsória. E, nesse caso, o credor
poderia ajuizar apenas uma ação indenizatória em fase do vendedor. Mas deve ser
evidenciado que o adquirente é um terceiro de boa-fé.

- Contratos preliminares unilaterais: No contrato de opção de compra, só há obrigação da


celebração do contrato para uma das partes. Nesses contratos, o credor tem uma faculdade de
exercer o direito, enquanto a outra parte tem a obrigação de cumprir. Direito potestativo do
credor. Se o contrato tinha prazo e o credor da obrigação não exerceu dentro do prazo,
caduca, ocorre a decadência, não precisa nem a outra parte notificar. A outra parte só precisa
notificar quando não houver prazo, devendo notificar para que o credor exerça o direito.

Art. 439 e 440 – Promessa de fato de terceiro

- É uma estipulação por meio da qual uma pessoa prevê que um fato será praticado por um
terceiro, ou seja, que um terceiro cumprirá com a obrigação.

- Exceção ao principio da relatividade dos contratos, porque ela vai produzir efeitos para uma
pessoa que não participou de negócio jurídico, estando obrigada ao seu cumprimento.

- Esse acordo está subordinado a uma condição suspensiva (evento futuro incerto), que é a
realização do ato por terceiro. Porque o terceiro não é parte e, portanto, não se obriga até
aceitar a realização ou cumprir. De modo que somente aquele que se obrigou por fato de
terceiro responderá por perdas e danos. Existe uma exceção no parágrafo único do 439:

Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente,
dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a
indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.

Ex: Promessa de fato de terceiro da venda de imóvel em que o cônjuge promete que seu
companheiro (em comunhao universal de bens) venderá o imóvel à outra parte. Se seu
cônjuge não quiser realizar, o promitente não responderá por perdas e danos, pois isso lesaria
seu cônjuge.
Art. 467 a 471 – Contrato com pessoa a declarar

- Promessa de fato de terceiro qualificada, porque uma pessoa estipula, declara, num contrato
que um terceiro irá substitui-lo no polo da relação contratual (cessão de contrato, assumindo
direitos e obrigações daquele contrato).

- No art. 468, traz-se uma obrigação de que o terceiro indicado seja comunicado no prazo
decadencial de 5 dias, a contar da assinatura do contrato. As partes podem estipular outro
prazo. Se o terceiro aceitar, ele assume o polo da relação contratual, com efeitos ex tunc,
desde a assinatura do contrato.

- Se o terceiro não aceitar, art. 470, I, segunda parte, de modo que o contrato permanecerá
eficaz apenas em relação às partes originais.

- Diz que vai haver indicação de pessoas, mas não indicar propriamente, o contrato só vai
produzir efeito entre as partes contratantes. Da mesma forma, se a pessoa indicada era
insolvente e a outra parte do contrato não tinha conhecimento disso, também só produzirá
efeito entre as partes contratantes.

- Se a pessoa que nomeou o terceiro era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o


contrato também só produz efeito entre as partes, caso o terceiro rejeite. Isso considerando
que o contrato é válido, pois a pessoa teria sido representada no momento da assinatura do
contrato.

Estipulação em favor de terceiro

- Parte de um contrato estipula que aquela prestação será cumprida em favor de um terceiro.
(Ex; contrato de seguro de vida).

- O próprio estipulante tem o direito de pleitear a prestação em favor de terceiro. O terceiro,


mesmo não sendo parte, também pode pleitear ao cumprimento da obrigação. Contudo, o
terceiro tem que concordar com todos os termos do contrato, ele não pode questionar
nenhum, pois não tem legitimidade pra isso.

- Art. 437 – Quando o beneficiário exige o cumprimento do contrato, não se admite que o
estipulante exonere o devedor.

- Art. 438 – O estipulante tem o direito pleno de substituir o beneficiário, mas a lei diz que
desde que isso esteja previsto no contrato. Essa estipulação não permite a autorização do
beneficiário, apenas o estipulante determina isso. É uma mera expectativa de direito, contudo,
se acontecer o fato que faz nascer o direito do beneficiário, o estipulante não pode mais
modificar o beneficiário. Ou seja, só pode alterar até a ocorrência do fato, pois o beneficiário
passa a ter o direito adquirido ao benefício.

Caso Concreto – Q 2

- Questão de João e Renato


- Se antes da entrega da coisa não há contrato, não se pode exigir o cumprimento do contrato,
pois não existe. Contudo, se se provar que foi frustrada uma expectativa legitima, pela boa-fé
poderia exigir-se perdas e danos. Trata-se de contrato real.

Aula 5 – Prof. Rafael Viola

Dia 05/02/2024

Vícios Redibitórios e Evicção

- Garantias Legais - Instrumento que garante ao credor o recebimento do crédito (assegurar a


realização dos direitos do credor).

 Vícios Redibitórios

- Alienante e adquirente (alienatário)

- Em regra, é aplicável aos contratos comutativos, pois trata-se de um problema de equilíbrio


contratual. Tratam-se de defeitos e vícios ocultos, não perceptíveis pelo adquirente.

-“São defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que a tornam
imprópria ao uso que se destina, ou lhe diminuam o ...”

- Art. 441 do CC – Vício redibitório é um defeito material na coisa. O CDC faz uma diferenciação
entre defeito e vício que o CC não faz.

- O vício redibitório é inaplicável às relações de consumo (art. 12 ao 26 do CDC), pois o CDC


trouxe a teoria da qualidade, que garante uma proteção maior ao consumidor.

. Qualidade/Adequação – os produtos disponibilizados no mercado de consumo devem ser


adequados ao consumo que se destinam, se não o forem, é uma hipótese de vício. Não
necessariamente tem um dano ao consumidor.

. Qualidade /Segurança – Além de adequados eles devem ser seguros, sendo neste caso uma
hipótese de fato de produto ou serviço (acidente de consumo – há um dano ao consumidor).

- Todas as relações empresariais estão submetidas aos vícios redibitórios, bem como as
relações estritamente civis.

Fundamentos dos vícios redibitórios

- Teoria do Inadimplemento contratual – A entrega de um produto defeituoso caracteriza uma


quebra contratual. Contudo, nem sempre o alienante responde por perdas e danos, portanto
como poderia ser um problema de inadimplemento contratual?
- Teoria dos riscos – Quem deve suportar os riscos? O alienante, pois o defeito já existe
durante a alienação.

- Teoria do erro – Problema do vício redibitório é que se o adquirente soubesse do vício, ele
não fecharia o negócio. O problema dessa de teoria é que se está discutindo um defeito na
manifestação de vontade, por se tratar de uma falsa percepção da realidade por parte do
adquirente. No vício redibitório, o adquirente quer comprar aquele produto, mas ele tem um
defeito de fabricação, não se trata de erro.

- Teoria da Equidade – Pressupõe equilíbrio contratual e partes

- Princípio da garantia – O adquirente tem direito à utilidade natural da coisa e, se ela lhe falta,
precisa estar garantido contra o alienante. (Hipótese prevalente).

Requisitos dos vícios redibitórios:

1) Existência de um contrato comutativo – Não se admite, a princípio, vícios redibitórios a


contratos gratuitos (art. 441 do CC). O parágrafo único já prevê a exceção das doações
onerosas ou remuneratórias (ex: gorjeta).

Os vícios redibitórios são aplicados também aos contratos de posse ou uso, não sendo
exclusivo de contratos que envolvam transferência de domínio. Isso é importante com relação
à alienação em hasta pública. Há uma indefinição acerca de quem responderia pelo vício
redibitório nesse caso.

E nos contratos aleatórios, os vícios redibitórios são aplicáveis? A VII Jornada de Direito Civil
(enunciado 583) definiu que sim, desde que não inclua os elementos aleatórios do contrato.

2) Defeito Oculto e Desconhecido – Não basta ser oculto, a parte deve desconhecer o defeito.
Oculto significa não ser aparente, desconhecido é a parte adquirente desconhecer, um defeito
que não é perceptível.

Flávio Tartuce defende que os vícios redibitórios também devem ser aplicados aos vícios
aparentes, porque o art. 445 tem uma interpretação mais ampla. Contudo a posição dele é
isolada.

3) Gravidade – O defeito tem que ser grave, defeitos inexpressivos não admitem vícios
redibitórios.

4) Preexistente – O defeito já existia ao tempo da tradição, mesmo que não manifestado


ainda. (art. 444, CC).

OBS: Quando diversos bens são vendidos conjuntamente, o vício de um deles não afeta a
alienação dos outros (art. 503,CC). Isso em regra, porque caso o funcionamento dependa do
conjunto, aí pode ser aplicado a tudo. Ou seja, depende de quão conexos são os produtos.
Efeitos

- O principal efeito é possibilitar os meios de não sofrer perda, outorgando duas ações edilícias
(judiciais):

1) Ação redibitória (art. 441, CC)

2) Ação estimatória ou quanti minoris (art. 442, CC) – Abatimento do preço

Entretanto, essas ações são irrevogáveis, ou seja, caso o adquirente entre com a ação
estimatória, não pode mais pleitear os efeitos da redibitória e vice-versa.

Ainda que o alienante não conheça o defeito, ele responde pelos vícios redibitórios restituindo
ao adquirente o que ele recebeu. Contudo, a má-fé enseja que o alienante arque ainda com
perdas e danos, além do que ele recebeu.

- O STJ entende que a ação indenizatória relativa aos danos sofridos pelo adquirente não se
submete aos prazos das ações edilícias. Ag Int nos EDCL no REsp 1696501/SP. Nota-se que a
natureza dos direitos – de desfazimento do negócio ou abatimento do preço e o direito ao
ressarcimento dos danos – são distintas. Os primeiros são direitos potestativos ao passo que o
último é subjetivo. Desse modo, ainda que decaia o direito do adquirente às alternativas dos
arts. 441 e 442, CC., é cabível o ingresso da ação de responsabilidade civil, se ainda dentro do
prazo prescricional.

Prazos

- As ações edilícias se submetem a um prazo decadencial.


- 445, §1° - Prazo para o defeito se manifestar e depois mais os 30 dias do caput para ajuizar a
ação. Se não se manifestar em 180 dias, decaiu o defeito (Enunciado 174, III Jornada de Direito
Civil).

- Com relação a relações do consumo, o 26,§3° do CDC sofre uma limitação do STJ no que
tange à vida útil do produto.

- Garantia Convencional – É lícito às partes estabelecer garantia convencional e mais, enquanto


não acabar a garantia convencional, não começa a correr a garantia legal, é uma hipótese de
impedimento (art. 446, CC), contudo o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos
30 dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência da garantia convencional,
começando a correr o prazo, de 30 dias, para ajuizamento da ação edilícia.

-> Evicção

- Evicção é um defeito no direito. O alienante tem que garantir que o direito que ele está
transmitindo ao adquirente seja melhor que o direito de terceiros, sendo uma posse pacífica.
O adquirente tem direitos resultantes da evicção (que significa perda).

- Evicção é a perda da coisa mediante sentença judicial que confere direito a outrem anterior
ao contrato.

Requisitos

- Contratos onerosos. Não se aplica evicção aos contratos gratuitos (art. 552, CC), com exceção
às doações onerosas.

- Nada impede que as partes estabeleçam uma cláusula de penalidade pela evicção em
contratos gratuitos.

- Cessão de direitos obrigacionais, ou de propriedade intelectual, também se submetem à


evicção.

- Cabe responsabilidade pela evicção em hasta pública, conforme previsto no art. 447 do CC.

- Perda da coisa. Podendo ser total ou parcial, mas considerável.

Se a evicção for total, o único caminho possível é a rescisão. Por outro lado, se houver evicção
parcial, aí se dividem em duas possibilidades:

. Evicção parcial considerável – Pode gerar indenização ou rescisão

. Evicção parcial não considerável – gera somente a indenização.

- Sentença judicial ou ato administrativo inequívoco (flexibilização do requisito da sentença,


pois não faria sentido). Resp 1342145/SP.

- Anterioridade do dreito do terceiro – o direito do terceiro deve ser anterior à


alienação/contrato. Caio Mário faz uma consideração acerca da usucapião próxima da
alienação, que é seguida por toda a doutrina.

- Ignorância da litigiosidade da coisa pelo adquirente – Art. 457 do CC – Existem exceções, mas
o STJ definiu que nunca irá se beneficiar o adquirente de má-fé, deixando de aplicar os artigos
449 e 448 nesses casos.
- Denunciação da lide? Art. 125 do CPC – Contudo o STJ definiu que o alienante não precisa
fazer a denunciação da lide e pode pleitear seus direitos. Ag. Int. no AResp n° 2.086.564/SC.
Não se pode fazer denunciação da lide per saltum, porém se admite uma única denunciação
sucessiva se o alienante ainda anterior for prejudicado, deverá fazer uma ação autônoma
contra um alienante anterior. (Pegar melhor))

- Extensão da evicção – Art. 450 do CC

- Supressão, reforço ou redução da evicção

- Qual é o prazo prescricional na evicção? 3 anos ou 10 anos? Há posições nos dois sentidos.

Evicção (Hensel)

- Existe um paralelismo entre a evicção e os vícios redibitórios. Com efeito, enquanto os vćios
redibitórios são uma garantia da coisa em relação aos defeitos materiais, a evicção é a garantia
da coisa em relação aos defeitos de direito

Vícios → Defeito na Coisa

Evicção → Defeito no Direito

- O fundamento aqui também é o Princípio da Garantia: a obrigação de garantia, por fim, é a


modalidade de obrigação assumida com objetivo de buscar eliminar um risco existente na
obrigação principal e que pertencia ao credor, reparando suas consequências. São exemplos
comuns de obrigações de garantia o seguro (CC, art. 757 e s.) e a fiança (CC, art.

- Assim, dá-se a evicção quando o adquirente vem a perder a propriedade ou posse da coisa
em virtude de sentença judicial que reconhece a outrem direito anterior sobre ela

Obs.: a posse que é injusta se transfere da mesma forma para o terceiro, independente da sua
boa-fé. Assim, a posse poderá ser de boa-fé mas injusta, haja vista que o evicto, de má-fé,
transferiu essa posse que era injusta. O evicente (ou evictor) irá reaver o imóvel para si.

- Inicialmente, a Evicção aplica-se, inicialmente, aos contratos onerosos. Dessa forma, o


alienante não responde nos contratos gratuitos. Isso não impede que as partes estipulem
cláusula e responsabilidade por evicção

Inexiste, em regra, responsabilidade pela evicção nos contratos gratuitos, abrindo-se exceção
para as doações modais.

Exceção: art. 552 do CC → O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às
consequências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e
determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.
a. Perda da Coisa, total ou parcial → sendo a evicção parcial, mas considerável, permite-se a
faculdade entre a rescisão do contrato ou o abatimento proporcional (art. 455). Quando a
perda não foi considerável, não poderá o adquirente exigir rescisão contratual.

O fator “considerável” será considerado por critério qualitativo, com análise funcional do
contrato no caso concreto

b. Sentença Judicial ou Ato Administrativo Inequívoco → houve uma flexibilização do requisito


de “sentença”, passando a ser possível qualquer ato administrativo e seja emanado de
autoridade administrativa competente.

c. Anterioridade do Direito de Terceiro → o alienante só responde pela perda decorrente de


causa já existente ao tempo da alienação. Aplica-se, aqui, o critério do tempo hábil no caso
concreto, por exemplo quando há consumação de usucapião proximo à alienação.

d. Ignorância da Litigiosidade da Coisa pelo Adquirente → conforme artigo 457 do CC, não
pode o adquirente demandar pela evicção se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Aqu, é
importante frisar que também se analisa a boa-fé e proporcionalidade do contrato, ou seja: se
é evidente que a coisa é litigiosa/alheia, mas não é expressa, a evicção ainda pode ser aplicada.

e. Denunciação da Lide → sabe-se que, conforme jurisprudência dominante, a denunciação da


lide não é requisito para a evicção. Veja:

Obs.: Denunciação da Lide Sucessiva → não é possível a denunciação da lide per saltum,
conforme art. 125, inciso I. Assim, quando houver cadeia dominial, o código civil admite uma
denunciação da lide sucessiva, ou seja, uma e depois outra nova. Porém, se houver mais um
denunciado na cadeia, a lide deverá ser objeto de ação autônoma.

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do
preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem
da evicção;

III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em
que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

- Ou seja, isso significa que o valor do pagamento, independente de valorização ou


desvalorização do bem, será aquele do momento do trânsito em julgado da sentença que
declarou a evicção

- Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem
direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da
evicção, ou, dele informado, não o assumiu.

Obs.: Qual o prazo para a evicção? 03 anos ou 10 anos (responsabilidade contratual)? Não há
definição, porque há divergência entre a mesma turma do STJ, existindo decisão nos dois
sentidos. O STJ já decidiu que o prazo para a responsabilidade contratual é de 10 anos, e a
evicção se trata de responsabilidade contratual, então, o mais plausível é que se aplique esse
prazo, independente de haver decisão em outro sentido.

Evicção (Caderno do Filipe)

Está ligada a um defeito no direito que foi transferido pelo alienante ao adquirente ou
alienatário.

Fundamento: Princípio da garantia.

Evicção é a perda da posse ou propriedade da coisa mediante sentença judicial, que confere a
outrem direito anterior ao contrato.

Evicto é o adquirente. Evicente ou evictor é o terceiro titular do direito.

A evicção é aplicável, em regra, aos contratos onerosos (art. 447 CC). A doutrina estende às
doações onerosas. Art. 552, CC.
Obs: Pela liberdade contratual e pela autonomia privada, as partes podem estabelecer uma
cláusula de evicção nos contratos gratuitos.

Obs: A evicção também se aplica aos contratos de cessão de crédito e de direitos obrigacionais
em geral. Entretanto, o cedente não responde pela solvência do devedor, mas tão somente
pela existência do crédito (arts. 295 e 296, CC).

O CC, em seu art. 447, admitiu expressamente a possibilidade de evicção quando se tratar de
aquisição realizada em hasta pública.

Requisitos:

1- Perda da coisa, total ou parcial

Evicção total -> Rescisão

Evicção Parcial (art. 455 CC):

Considerável Não Considerável

Faculdade: Rescisão ou Indenização Indenização

2- Sentença judicial ou ato administrativo inequívoco (flexibilização do requisito da


sentença)

3- Anterioridade do direito do terceiro -> O alienante só responde pela perda decorrente


de causa já existente ao tempo da alienação.

Obs: Consumação de usucapião próximo da alienação. Critério do tempo hábil.

4- Ignorância da litigiosidade da coisa pelo adquirente

Art. 457 CC.

5- Denunciação da lide -> não é obrigatória.

Art. 125, CPC.

Extensão da evicção: art. 450 CC.

Supressão, reforço ou redução da evicção: arts. 448 e 449, CC.

4 situações:

• Adquirente sabe do risco, o assume e exclui a responsabilidade do alienante à não há


qualquer responsabilidade

• Adquirente sabe do risco, mas não exclui a responsabilidade do alienante à cabe o


direito de exigir o preço pago, mas não as perdas e danos

• Adquirente não sabe do risco, e, sem assumi-lo, exclui a responsabilidade do alienante


à só pode exigir a devolução do preço pago, não cabendo perdas e danos

• Adquirente não sabe do risco e não exclui a responsabilidade à alienante responde


amplamente nos termos do art. 450 do CC
Prazo prescricional da indenização decorrente da evicção: 03 ou 10 anos? O STJ ainda não
definiu, existindo decisão nos dois sentidos. Prazo da responsabilidade contratual é de 10
anos, então a princípio, o mais correto seria aplicar os 10 anos.

Casos concretos (PEGAR)

 Extinção dos Contratos (PEGAR)

Resilição: Extinção pela vontade das partes

- Pode ser unilateral ou bilateral

- Revogação é destruição do contrato pela vontade das partes, contudo, nem todas as
hipóteses de resilição são revogação. É uma forma especial de revogação de resilição
unilateral.

- A resilição bilateral é o distrato – art. 472

Resolução: Extinção em virtude em casos de inexecução imputável ou não ao ...

Caderno Hensel, revisar:

Extinção e Revisão dos Contratos

- O contrato, como todo negócio jurídico, é formado pela união de vontades opostas, porém
coincidentes. É de um consenso, portanto, que se nasce e desenvolve um contrato

- No entanto, esses mesmos instrumentos jurídicos da autonomia privada não são perpétuos,
mas nascem para a consecução de um fim e com o consequente exaurimento dos seus efeitos,
quando dá-se a extinção contratual

- O contrato nasce para ser extinto, voltado para o adimplemento, que se encerra com o
cumprimento da prestação contratada

- Inobstante a forma de cessação natural, é possível que outras causas atuem para sua
extinção, pode ser encerrado por meio da resolução, da resilição e da onerosidade excessiva.

Resilição: extinção pela vontade das partes

Resolução: extinção em razão de inexecução, podendo ocorrer pela impossibilidade imputável


ou não ao devedor

1. Resilição
- A resilição consiste na destruição voluntária da relação contratual constituída pelos próprios
contratantes. Assim, aquilo que é formado pela vontade comum, pela vontade comum poderá
ser destruído. Pode ser unilateral ou bilateal

Resilição Bilateral (ou Distrato) → a resilição bilateral é nada menos que o distrato. Trata-se de
acordo de vontades entre as partes contratantes, a fim de extinguir o vínculo contratual
anteriormente estabelecido. Conforme artigo 472, o distrato deverá ser realizado pela mesma
forma exigida pelo contrato. Para realizar o contrato, é necessário que:

Os efeitos do contrato não estejam exauridos;

Deve seguir a forma que a lei exige para o contrato (artigo 472), mas se a lei não exigir forma
poderá seguir qualquer forma. Não é a forma adotada pelo contrato, mas a que a lei exige. O
distrato produz efeito ex nunc.

Resilição Unilateral → aqui, é preciso ter cuidado, pois, se um contrato se dá pela vontade de
uma das partes, somente quando a lei admite explicitamente (ex.: artigo 633 do CC). A
resilição unilateral também pode dar-se em outras situações, como é o caso da revogação, da
denúncia e do direito de arrependimento.

A revogação (e a renúncia) vem identificada como uma “feição especial” da resilição, ou como
forma especial da resilição unilateral

Não se trata de mecanismo excepcional, conforme Tepedino, porque mesmo respeitando-se a


obrigatoriedade do contrato, ninguém pode ser compelido a manter-se em relação contratual
contra a própria vontade. Ou seja, ningueḿ é obrigado a manter o contrato, mas sofrerá com
os encargos do inadimplemento, quando for o caso.

Denúncia → deve-se reservar o termo denúncia para a manifestação de vontade de terminar o


vínculo contratual que vigia por prazo indeterminado ou que se prolonga sucessivas
renovações do contrato.

A resilição unilateral opera efeitos ex nunc.

Conforme artigo 473 do CC, a resilição unilateral se opera mediante denúncia quando a lei
permitir, seja expressa ou implicitamente.

Obs.: quanto ao exercício da resilição unilateral, conforme artigo 473, limitou sua eficácia no
parágrafo único sempre que uma das partes houver feito investimentos consideráveis. Trata-se
da Proteção aos Investimentos de Confiança. Elementos da norma: 1) natureza do contrato; 2)
a existência de investimentos consideráveis; 3) compatibilidade com a natureza do contrato; 4)
o vulto dos investimentos.

Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita,
opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito
investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito
depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

- Importante frisar que os custos recorrentes, usuais e não vultosos que pertençam ao
cotidiano à normalidade da atividade não estão abrangidos pela proteção. Apenas
investimentos realizados especificamente para a execução do contrato denunciado são
abrangidos pela regra.

2. Resolução

- A resolução é um direito formativo extintivo que encerra a relação contratual, baseada em


um fundamento superveniente à celebração, e pode resultar da lei ou da vontade das partes

- Quando decorre da lei, estamos falando em CLÁUSULA RESOLUTIVA TÁCITA, que é presumida
pela lei quando uma das partes se torna inadimplente

Nesse sentido, o código civil adota, no artigo 44, o sistema francês, determinando que a
cláusula resolutiva tácita depende de interpelação judicial

- Quando resulta da vontade das partes, a resolução denomina-se CLÁUSULA RESOLUTIVA


EXPRESSA, também chamada de pacto compromissório expresso

- A principal diferença entre as cláusulas tácitas e expressas é que, enquanto a primeira precisa
de interpelação judicial, ou seja, uma sentença, a outra opera de pleno direito, ipso jure, sem a
necessidade de qualquer pronunciamento judicial, conforme determina o artigo 474

Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de
interpelação judicial.

Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não
preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e
danos.

Enunciado n. 436 da V Jornada de Direito Civil → A cláusula resolutiva expressa produz efeitos
extintivos independentemente de pronunciamento judicial.

Enunciado 361 CJF/STJ da IV jornada de Direito Civil → o qual estabeleceu que “o


adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer
preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação
do art. 475
Enunciado 586 da VII Jornada de Direito Civil → Para a caracterização do adimplemento
substancial (tal qual reconhecido pelo Enunciado 361 da IV Jornada de Direito Civil - CJF),
levam-se em conta tanto aspectos quantitativos quanto qualitativos.

Onerosidade excessiva e revisão dos contratos

A onerosidade excessiva busca evitar uma desproporção das prestações, que leve a uma
descompensação financeira para uma das partes.

Não é sinônimo de caso fortuito ou força maior. Não é um instrumento para se arrepender de
maus negócios. Não é um instrumento para solucionar uma simples alteração das
circunstâncias

Teorias:

• Cláusula rebus sic stantibus

• Teoria da onerosidade excessiva superveniente

• Teoria da quebra da base do negócio

• Brasil – CC/02 adotou a teoria da onerosidade excessiva (arts. 478 – efeito é a


resolução – e 317 – efeito é a revisão), e o CDC adotou a teoria da quebra da base objetiva do
negócio (art. 6º, V – efeito é a revisão)

Requisitos:

• Contrato de execução diferida, continuada ou periódica

Não é possível a onerosidade excessiva nos contratos de execução imediata ou instantânea.

• Fato superveniente, extraordinário e imprevisível

• Prestação excessivamente onerosa para uma das partes com extrema vantagem para
outra

• Em regra, contrato comutativo (art. 480 CC autoriza contratos unilaterais)

E os contratos aleatórios? Enunciado 440 CJF

Aula 7 – Dia 06/02/2024

Prof. Marcela Sardas

Art. 9°, §2° da LINDB – A lei do local da proposta é a aplicável.

Casos Concretos

Aula 8

 Contrato de Compra e Venda


- É uma troca de coisa (objetos físicos) por dinheiro.

- Contrato não é uma forma de aquisição da propriedade, pois só se transfere a propriedade a


partir da tradição, ou no caso de alguns imóveis, registro.

- A principal característica dos Direitos reais é que tem efeito erga omnes, ou seja, é oponível a
todos as pessoas, diferente de um contrato, que é lei somente entre as partes. A grande
diferença é a publicidade dos atos. A propriedade imóvel é registrada, enquanto a posse é a
publicidade de coisas móveis.

- Contudo, não é toda tradição que transfere a propriedade, pois isso só ocorre após o
contrato de compra e venda.

- Pura no sentido de que não é condicional.

- A compra e venda considerar-se a obrigatória, porque gerou obrigações.

[completar]

Aula 9 – Dia 07/02/2024

Prof.

 Cláusulas especiais de compra e venda

1) Retrovenda

- Só se aplica para imóvel.

- Art. 505, CC –

- Não há necessidade de unicidade, união, para se utilizar do direito de retrato.

2) Venda sujeito a contento ou prova

- A contento tem que experimentar a coisa. À prova tem que ter um tempo para verificar se a
coisa tem as qualidades que a pessoa quer.

- No CDC não há diferenciação, pois trata-se de direito de arrependimento.

- Publicização – Proteção pública a um direito privado.

3) Preempção ou preferência

- §único do 513 do CC – trata-se de prazo decadencial, é um direito potestativo. Só poderá ser


acorda

- art. 516 –

- Art. 518 -
- Qual a diferença da preempção e preferência? Preempção tem que ser utilizado em conjunto.

- Art. 519 – Retrocessão ou Tredestinação (Enunciado 592 do CJF).

4) Venda com reserva de domínio

5) Venda de documento

6) Troco ou permuta

- A troca não tem que ser equivalente, pode ter complementação de valores, mas ainda é uma
troca. A menos que o valor seja absurdamente díspar.

Casos concretos

1. Há controvérsia doutrinária acerca da natureza jurídica da retrocessão. PERDAS E DANOS,


pois o direito é pessoal.

2. REsp 1.875.223 – Nancy Andrighi – STJ

Aula 10

 Locação

- É oneroso, afinal é o que diferencia do comodato.

- Sinalagmático, bileteral e oneroso.

- Locador tem a posse, enquanto o locatário tem o uso e o gozo.

- Contrato de locação, a coisa será sempre infungível. Não existe contrato de locação de coisa
infungível.

Casos concretos

1)

2) Ag. Inst 003781279820228190000

Aula 11
Aula 12

Aula 13 – Dia 19/12

Prof. Bruno Mattos

Fiança é um contrato de natureza acessória pela qual se estabelece uma garantia de ordem
pessoal em que o fiador se obriga pela prestação do afiançado na hipótese do pagamento não
ocorrer na data na forma e no lugar previamente estabelecido no vinculo jurídico.

Art. 825

É um contrato unilateral, porque só traz direitos e obrigações para uma das partes envolvidas.

Pode ser gratuito ou oneroso.

O contrato é entre credor e fiador, não passa pelo crivo do devedor, ainda que tenha sido este
que arranjou o fiador.

Morto o fiador, extinto está o contrato. Não repercute aos terceiros. Redação confusa do 836
do CC.

Não há fiança autônoma, pois ela existe para garantir o adimplemento do contrato principal.
Via de regra, segue a sorte do contrato principal.

Efeitos da Fiança:

1) Benefício de ordem

- Subsidiariedade da fiança. Primeiro se executa o devedor e, se porventura ele não


tiver condição de adimplir, o credor vai cobrar do fiador. Não basta alegar o benefício
de ordem, tem que provar, então o fiador deve provar que o devedor tem bens livres e
desembaraçados no município da execução.

2) Benefício de divisão

- Fiança conjunta (art. 829) –

Aula 14

Aula 15 – Dia 20/02/2024

Prof. Wagner
-

Aula 16

Aula 17 – Dia 21/02/2024

PRof. Thiago Neves

 Contrato de Seguro (Art. 757 do CC)

- Contrato por meio do qual a pessoa chamada de segurador assegura, mediante o


pagamento de um prêmio, o interesse legítimo de outra pessoa, chamada de segurado,
contra riscos previamente estabelecidos.

- Objeto: Garantir interesse legítimo. O segurado contrata o segurador para assegurar um


direito seu e não necessariamente o pagamento de uma indenização, pois esta pode
ocorrer ou não. Desse modo, a prestação a que se obriga o segurado não é o pagamento
de indenização. Na verdade, o pagamento da indenização está condicionado a evento
futuro incerto (sinistro).

Está relacionado ao princípio da socialização dos riscos. A contraprestação não é


correspondente à prestação, pois o valor pago pelo segurado não é o mesmo valor a ser
desembolsado pelo segurador com o sinistro.

-Contrato Bilateral – Existem obrigações para ambas as partes

Prêmio é pago pelo segurado**, a seguradora para a indenização.

- Contrato consensual – Pois se aperfeiçoa com o consenso das partes, acordo de


vontades. Atenção ao art. 758 do CC, o contrato de seguro não precisa de entrega de
documento para se formar, ele se forma com o mero encontro das vontades.

- Obrigação Emptio spei – Somente existe um limite máximo, mas não existe uma previsão
do quanto deverá pagar no contrato.

- Contrato de adesão – Se contrapõe aos contratos comutativos (livre negociação das


cláusulas), ou é impossível negociar cláusulas, ou há uma limitação na negociação de
cláusulas. Normalmente nos contratos de adesão em que é possível negociar, o que se
discute é o valor e o resto é imutável.

- A relação vai se protraindo no tempo, ele não se exaure com a prática de um único ato
como a compra e venda.

- Contrato é informal, pois a lei não exige forma para a sua celebração. Arts. 759 e 758, do
CC. A proposta que precede à celebração do contrato deve ser escrita; contudo se houver
discussão acerca da existência do contrato, ele só se prova por documento escrito (forma
ad probationen). Se não houver discussão acerca da existência, não há problema em
celebração formal do contrato.
- Apólice é o documento que vai mostrar todos os elementos do contrato de seguro (é o
instrumento do seguro). O Bilhete vai conter as informações de forma resumida. A apólice
e o bilhete podem ser transferidos a terceiro e assim transferindo os direitos e obrigações
inerentes ao contrato. Se dará mediante cessão ou endosso da apólice ou bilhete. A
apólice ou bilhete podem ser nominativos, à ordem ou ao portador (art. 760). A
modalidade ao portador só é possível no seguro de coisas, de modo que não é possível no
seguro de pessoas (só pode ser nominativo ou à ordem).

- Apólice ou bilhete normativo são aqueles que indicam o nome do beneficiário e está
inscrito no sistema do segurador.

- A maior parte da doutrina define este contrato como personalíssimo.

- Partes do contrato:

. Segurador – Deve estar registrado na SUSEP. O principal direito do segurador é receber o


prêmio (a prestação do segurado). O segurador também pode fazer jus à franquia
(parcela/ parte financeira por meio da qual o segurado assume parte dos prejuízos. Como
regra incide apenas sobre o sinistro parcial). O objetivo principal da franquia é obrigar o
segurado a não se expor tanto, tomar mais cuidado. A outra verba que o segurador pode
fazer jus é o de coparticipação, é aquele em que o segurado vai dividir o risco com o
segurador, e assim eles dividem o prejuízo (normalmente diminui o valor do seguro). A
principal obrigação do segurador é, ocorrendo o sinistro, pagar a indenização em dinheiro
ou, caso a seguradora se comprometa, repor a coisa. Súmula 632 do STJ – o valor da
indenização a ser pago pelo segurador deve ser corrigido monetariamente desde a data da
contratação do seguro. Segunda obrigação, art. 765 do CC – Observar a boa-fé. A boa-fé é
um elemento intrínseco do contrato de seguro e, evidentemente, essa boa-fé também se
estende ao segurador.

. Segurado – é aquele que tem um interesse legítimo tutelado. O principal direito do


segurado é receber a indenização, caso ocorra o sinistro (art. 763 do CC). Para que o
segurado faça jus ao recebimento da indenização ele tem que estar em dia com o
pagamento do prêmio, sob pena de não fazer jus a indenização. Se o segurado estava em
mora, ele deve purgar a mora antes da ocorrência do sinistro. Se o segurador não provar
que notificou o segurado para purgar a mora, ele vai fazer jus a integralidade da
indenização. Havia discussão se o segurador poderia na hora de pagar a indenização
diminuir o valor que estava em mora, mas hoje entende-se majoritariamente que não.
Aplicação ou não da teoria do adimplemento substancial por parte do devedor

- Obrigações do segurado – 1ª obrigação pagar o prêmio independentemente da


ocorrência do sinistro. Mesmo que haja redução do risco segurado (a menos que a
redução seja considerável, o que deve ser avaliado pelo magistrado no caso concreto), o
segurado deverá pagar o valor integral do prêmio, a menos que tenha se acordado algo em
sentido diverso. Art. 765 – segunda obrigação do segurado – a boa-fé. A declaração falsa
do segurado ao segurador faz com que ele perca o direito à indenização. A embriaguez ao
volante não exime o segurador de pagar o seguro de vida (o STJ entende que nos seguros
de vida, o agravamento do risco é um fato natural). Art. 771 – dever de mitigar os próprios
danos.

(... perdi...)
- Art. 782 – Bis in idem – Não se pode fazer dois seguros de uma coisa pelo valor total.

- Tema Repetitivo 471 do STJ – Não cabe ação de responsabilidade per saltum, direto
contra o segurador.

- No seguro de pessoas não há sub-rogação do segurador ao pagar a indenização.

Casos concretos

1 – AREsp 1331730

2 – 778 combinado com 771 ou 781 (não peguei). REsp 1.943.335

Aula 18 – Prof. Fábio Azevedo

 Contratos bancários

Conceito:

- Teoria Subjetiva – Leva em consideração a presença necessária de uma instituição


financeira.

- Teoria Objetiva – Qualifica a relação jurídica bancária e respectivos contratos a partir da


presença de uma função bancária.

REsp 1.643.958/SP: A definição da atividade bancária deve ocorrer dentro do dinamismo


do mercado financeiro, que também inclui o mercado de capitais de acordo com os arts.
17 e 18, da lei 4591/64.

Aplicação do CDC:

- 3 teorias no STJ

1) Teoria objetiva (maximalista) – Destinatário final é o destinatário de fato – adquire o


produto ou serviço e não o repassa

2) Teoria Subjetiva (Finalista) – Não basta ser destinatário de fato, tem que ser também
destinatário econômico. O consumidor é a pessoa que não utiliza o produto ou serviço
como insumo para continuar a produzir riquezas. Ou seja, mesmo que seja destinatário
de fato, porque não repassa o produto ou serviço, não será consumidor aquele que
utilizar como incremento para sua atividade, o produto ou serviço.

3) Teoria finalista aprofundada (mitigada) – Será consumidor o destinatário de fato e


econômico quando estiver presente um dos graus de vulnerabilidade, que são a
técnica, a jurídica, a fática e a informacional.

- Agravo Regimental no Agravo 900.563 – O STJ discutiu a aplicação do CDC para uma PJ
que celebrou um contrato de mútuo destinado a capital de giro. Aplicando a teoria
finalista, o STJ afastou a aplicação do CDC. Ou seja, deve ser decidido casuisticamente.
Juros:

- Decreto 22.626/33 – Lei da Usura – Impôs um limite aos juros compensatórios


(remuneratórios) – O dobro da taxa legal. Mas qual é a taxa legal? Alguns entendiam que
o limite é de 12% ao ano, pois o art. 406 precisaria ser interpretado sistematicamente
com o CTN, em seu art. 161, §1° (Enunciado 20 do CJF). Essa é a posição do TJRJ e posição
majoritária da doutrina. Essa posição pretende evitar a aplicação da SELIC, por ser uma
fórmula que já inclui juros e atualização monetária. STJ defende que o fato de ser uma
fórmula que inclui juros e atualização monetária se resolve com a aplicação isolada da
SELIC, sem cumulação com qualquer outro índice. Súmula 596 do STF – A súmula
entendeu a partir da lei de mercado de capitais (4591/64) que as instituições financeiras
não se submetem aos limites da lei de usura. Porém depois veio o CDC, com seu artigo 3º
e §2° que inclui a atividade bancária.

OBS: Houve uma ADI 2591/2006 questionando a constitucionalidade do art. 3º do CDC,


sendo certo que o STF declarou o artigo constitucional. O STJ estipulou a sumula 297
concordando com a aplicação do CDC. Entretanto, depois veio o próprio STJ estipulou as
súmulas 379 e 539, em que se diz que somente haverá abusividade na cobrança de juros,
tão somente quando o percentual contratado ultrapassar a média praticada no mercado
nacional. Não havendo pactuação aplica-se a média de mercado.

Anatocismo

- O decreto 22626/33 proíbe. OSTF, em sua súmula 121, entende que essa proibição se
aplica aos bancos. Em 2001, duas MPs (1963-17/00 e 2170-36/01) aprovaram a cobrança
de juros sobre juros, inclusive o TJRJ declarou a lei inconstitucional, contudo, houve o
ajuizamento de uma ADIN não julgada pelo STF até hoje. O STJ entende (Sumula 539) que
a MP é aplicável para os contratos celebrados após a entrada da Súmula em vigor (Março
de 2000).

Caso concreto

1- Pode. Súmula 539


2- REsp 157 – Será abusiva a cobrança por serviço de terceiro se não houver
especificação do referido serviço. Em relação à comissão do correspondente bancário
foi objeto de uma resolução pelo CMN sendo válida a cláusula no período anterior à
resolução e abusiva quando posterior. Por fim, será válida a cobrança pela avaliação
do bem e pela despesa de registro, desde que especificada.

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