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44 GÉRALD BERNARD MAILH

IOT

quando sua participação na mino


ria for desconhec1·da, ign
. orada
ou anulada Ass ·
mundo dos· adult� ����0 c�!��� n espera ser aceito pelo
°
que não é mais uma crian a Tam �:, �onvencer os adultos d e
comportamento social dest;s dois :; m �= o� adolescen!es, o
pela intra-agressão, pela auto-a ti s d onas caracteriza-se
cusa ão p
es,
� pelas recus�, �el�s protes�os' e ;�fO e��::t��: s;:
-fd��� i c ma�on � :
� ªambivalene _equivalen�e e nos dois c,asos
CAPÍTULO QUARTO
se no �:!�� . °if cta a · apoia-
tanto quanto a respeito do grupo respeito de seu prop no grupo
· · majoritário.
Quanto ' e ta m as egurar su � sobrev
DA. PESQUISA-AÇÃO À DINÂMICA DE GRUPOS
ª
pela independ :n:� ���e[:;ã� � ma _ �
n
ivência
são de um nível m ais adulto �! 10�, s�as atttudes �ole tivas
ar
à identificação positiva com . o g��p� na ;�at%t·atundade se
a

c omP?rtame ntos, vierem acrescen rram se seus Somente po r etapas Kurt Lewin chegará a definir par a si
tar-se, - mesmo o que são cien tificamente a dinâmica e a gênese dos
c a e de P:oceder periodicamente ao mes� grupos. Como acabamos de constatar, seus trabalhos sobre a
�:a: :i:� � s a autocrític�s :� ��n

p

dependênc�� ��� 0� ������m;��o! u! ����:endência pela inter- psicologia d as minorias lhe p ermitiram questionar as teori as e
r v

t as metodologi as tr adicionais da Psicologia Soci al. Ele tr ansporá


uma nov a etapa ao elabor ar, à luz de suas próprias experiências
n a explo ração das realidades sociais, uma concepção pessoal da
p esquisa e da exp erimentação em psicologia dos grupos.

PESQUISA EM LABORATóRIO E PESQUISA DE CAMPO


Ao término de seus trabalh os sobre as minorias psicológi­
cas, Kurt Lewin chegou a duas conclusões metodológicas. A
pri meira consiste na seguinte descoberta : para ser válida, toda
exploração científica de problemas relativos ao campo da psi­
cologia das relações intergrupais deve oper ar-se em constante
referência à sociedade glob al na qual estes fenôme nos de grupo
se inserem e se m anifesta m . Assim os reflexos e as atitudes
dos grupos minoritários não se tornari am inteligíveis senão em
referência a o contexto sócio cultural em que se inscrev em, isto é,
-
em r eferência às interações e às interdependências que toda
minoria estab elece forçosamente com a maioria pela qual é
discriminada . Além disso, Kurt Lewin chegou a sua segunda
conclusão: para abordar e interpretar cientificamente fenô­
menos desta m agnitude e desta complexidade, somente uma
aproximação comp lementar de todas as ciências do social ofe­
receria alguma possibilidade de identificar corretamente as cons­
tantes e as variáveis em causa. Estas duas conclusões se inpu­
seram a Lewin a partir do momento em que tomou consciência
de que as realidades soci ais er am multidimensionais ( 103),
(104).
GRUPOS 47
DINÂMICA E GÊNESE DOS
46 GÉRALD BERNARD MAILHIOT

l ongar-se até que seus objetiv os im(>


. . .
Esta últim a constatação o lev? U opor em psicologi a social, Enfim, a pesquisa deve pro
a pesquisa de laboratóri o à es
� i diatos sejam alcançados.
�sa ; campo. , A pr meira lhe
parecia mais artificial e inad� : - ara � le so a -segunda po­ win, de acord o com a concep­
deria oferecer condições válid as .� e expenmentaçao. Segundo 2. Por outro lado, Kurt Le qual é exposta pelo filósofo
cial tal
ele m. esmo declarou, foi 1·nfluencia.do tanto pel o pragmat'ismo ção hegeliana do devir so como hipótese que os fenômenos
J p r ( 6 7), p ropõe
Karl modo
american o que acab ava de d es o b 1r, como pel a concepção he-
ervados do e xterior, do m esmo
sociais não podem s er obs dos em l ab oratório, de m odo estático.
e s

gelian a do devir à qual aderia âesJe o tempo d� seus trabalhos


as

em Berlim sobre o desenvolvimento da p ersonalidade. que não podem ser observ a íveis senão ao p esquisador que os
Eles não se tornam inteligarticip ar de seu devir. P ara Lewin,
1 • Para Lewin as hipóteses que � c 1e� ·' ·
c1a f ormula, as l eis alcança consentindo em p revelam as leis internas de sua di­
que destaca e as teorias que ela.bora nao te� val?r, pa� a psi­ .ª os fenômenos de grupo não es dispost os a se engajar pessoal­
c ologia de grup o, senã o na medI da em q ue sao aphcave1s, isto é, nâmica senão aos pesquisador o em m archa, a respeitar-lhe os
sm
na medida em que ermite fetuar,, sob sua l�z: de modo mente a fundo, n este din ami idos definidos que a História lhe
ev l ção n s s ent
eficaz e durável, m o�ificaç õ: � os feno menos sociais que elas processos de
he, ao máximo, que se ultrapa

u o

imprime e, assim, a f av orecer-l eve implicar-se pessoalmente no


o

querem explicar · L ewm . reencontra aqui u ma das teses


funda- r d
m entais do "operacionismo". 0ra, n o m oment ? em que Lewin se. Finalmente o pe squisado ue tenta e xplicar sem deixar de
iais q
estabelece seus primeiros c t ªtos c_o � os m�ios �niversitári os futuro das realidade , p ois, prosse­
er-lhe-á n ec essário
s soc
re p it . S
american os, 0 " operacionismºo�' luê objetivar-se a seu se m anifestam
t e p col g1a
���stJ m m_ s1 o a inf n­ o camp o em que
s e o

eia dominante que obriga teóri . e pesqmsadores do tempo a guir su as pesquisas no própri tentar mo dificar sua dinâmica
enf ocar a m etodol ogia da pes�msa sob uma perspectiva essen­ os fenômenos que estuda e só m embros do grupo que se rve
d os
cialmente pragmática S eu ax1 ma de b ase é o seguinte: a va­ com o consentimento explícito p ara ele a necessidade de, du­
� à sua experimentação . De rre
lidade de uma hipót;se e ade de u ma teo_ri a são propor- stan temente os dois
p apéis com­
co

cionais à exatidão das p'r:vrsoes : que elas permitem rante suas pesquisas, assumir con observ ador .
Deste modo, Lewin che a f'
. . ·
_v�ar do is ob1 et_1. vos para toda p lementares de p articipante e de
pesquisa sobre os f enômeno�ª cia1s. E_stes d ois objetivos se
confundem e se completam. po�em ser visados de mod o simul­ OPÇõES METODOLóGICAS
tâneo ou sucessivo Se und j sempre
fornecer um diag�ósti;o 'so�t �es, este� obj�tivos �rocuram, se a ewin é e ssenci al ter
Para compreender a obra de L s e um dos princ�pais teó­
, . uma , si�ua çao � ocial dada , sej a
descobrir ou formul ar a d m1ca propna da vida de um grupo. presente que ele f oi um dos primeirsua psicologia social, tendo
o

Tanto uma como outra d��;as dua� tarefas não pode m ser rea­ ricos do guestaltism o < 1l. E t anto olvimento da personalidade,
como centro o estudo d o
desenv p os
lizadas, de f ato sem ,AUe pesqm sad or se 'vej a forçado, para
como sua psicol ogi i l - centrada sobre os pequenos gru ­
completar uma,' a erp reenâe ou tr�. Elas s_ao C_?mplementa­ fica m a p artir de postula
a

- se elaboram, se a rticulam e se edi


a soc
�: todolo gi. co. N ao ha diagnóstico
res e indissociáveis nJ lan o
ch v de su as opções metodo­
de uma situação socia.l �oncret� que possa ser formulado sem a dos guestaltistas . Temos aqui a a e

exploração da dinâ i , ad lógicas.


situação. D o mesm : :J �
op
n�.d? �rupo _implic o por esta
' � mam1ca propna de um grupo
não se revelará realm n ao pe sq uisad or_ que tenha con­
seguido assimil ar tod:S :;
�:��� concr�tos d� vida de ste grupo. t", significando estrutura, formde
a,
. ( 1) Guestaltismo, do alemão "gestal
A pesquisa em psic.olog_ia soc1�l, conclui Le wm, deve originar- se er os fenô men os em sua tota lida
Esta escola psicológica propõe apreend
a partir de um a situa ç ao social concreta � mo dif'icar. E deve
o em que eles se integram
sem querer dissocia� o s elementos do conjunt aplicada à percepção, esta
inspirar-se constantemente nas transf orm�çoes, e nos componen­ e f�ra do qual nada si 11nificam. De início,
tes n ovos qu e surgem durante e sob a mfluenci a da pesquisa . teona estendeu-se à toda a psicologia.
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48 GÉRALD BERNARD MAILHIOT DINÂMICA E GÊNESE DOS GRUPOS

dem. Assim podem observar de dentro os processos e os me­


. 1. No plano dos objetos, já sabemos que Lewin opta canismos em jogo neste desenvolvimento, e encontram-se sob
muito cedo por uma exploração sistemática e exclusiva dos
micro-fenômenos de grupos. O que nos é necessário precisar uma perspectiva ideal para descobrir sua significação essencial.
agor� é o postulado guestaltista subjacente a esta opção. Para Para Kurt Lewin estas opções metodológicas não se apre­
Lewm, os pequenos grupos constituem as únicas totalidades sentam como hipóteses provisórias mas como postulados . _l!�a
�inâmica! a�essíy�is à �bservação e conseqüentemente à expe­ longa prática da pesquisa científica demonstrou-lhe
. a aqms1çao
r�mentaçao cientifica. Eis as razões. É necessário de início pre­ definitiva da validade das aproximações guestalt1stas para o es­
cisar que s� trata de pequenos grupos concretos, formados sobre tudo dos comportamentos hymanos. ,'V:ere11:os �gora, de. modo
a base das irtterações que ligam os indivíduos em contato direto. explícito, como estas opções meto.dolog1cas inspiram e onentam
Ora, para Lewin, as atitudes sociais de um indivíduo ou as 0 sentido que tomam suas pesquisas sobre os comportamentos
atit�des colet!vas de �m grupo não podem ser compreendidas de· grupo e as atitudes coletivas.
senao a partir dos diferentes conjuntos sociais de que fazem
parte. E, rec�procamente; estes conjuntos sociais não podem ATITUDES COLETIV AS
ser compreendidos senão a partir dos indivíduos e dos pequenos
grup?s concretos que eles englobam. Expliquemos como isto Até Kurt Lewin quase todos os psicólogos sociais america­
se da. De uma parte, a forma das situações concretas ( trata-se
neste caso de situações sociais) depende das formas das reali­ nos haviam centrado suas pesquisas no problema da socialização
dade� glo�ais que as envolvem, e estas, por sua vez, dependem do ser humano ( 30). A maioria estava de acordo em conceber
das �itua�oes concretas que possuem sua dinâmica própria. Ora, o processo de socialização como o aprendizado de ati�udes �o­
as situaçoes concretas são função das interações dos indivíduos. ciais. Por outro lado, e paralelamente, tocamos aqm naquilo
Por !sto, conclui Lewin, somente no pequeno grupo concreto que constitui a diferença fundamenta� entre a ?bra de Moreno
de dimensões reduzidas, isto é, a célula social bruta estas rela­ e a de Lewin. Moreno, antes e depois de Lewm, preocupou-se
ções de reciprocidade tornam-se acessíveis à observ�ção. constantemente com o problema da socialização do ser humano.
Seus trabalhos, suas pesquisas e suas descobertas estiveram sem­
2 ._ N� plano do� métodos, a influência das teorias guestal- pre polarizadas por aquilo que lhe parecia e sempre lhe pare­
. ceu, o problema fundamental que a Psicolo�ia devia .esclarecer.
hstas nao e menos evidente . Kurt Lcwin denuncia como inváli­
das e e�téreis as apr�:>ximaçõe� atom_ísticas que então prevaleciam Deste modo, aplicou-se não somente em teonzar, mas igualme�t.e
nos meios de pesquisa em ps1colog1a social. Para ele um fenô­ em inventar técnicas e instrumentos que favorecessem e facili­
�eno de grup? só se torna inteligível, quando se consegue pra­ tassem o aprendizado ou o re-aprendi�ado das atitu.des sociais .
ticar neste fenomeno o que ele chama de cortes analíticos sociais O psicodrama, o jogo do papel, o soc1odrama co?stltuem, para
e concretos, de prospecções verticais. Em outras palavras não ele tanto instrumentos pedagógicos como terapêuticos, conforme
é decompondo _o fenômeno estudado em elementos e em' seg­ sej;m utiliza.dos pa�a �ocializar �;1 r.e-socializar o ser h�ma�o.
mentos para reconstituí-lo em laboratório em escala reduzida Mas quer seia const1tumdo esta c1enc1a nova que chamara s,oc10-
que o pesquisador pode conhecer sua dinâmica essencial. Será' metria, quer tornando mais precisa esta . �rte que_ ch��ara so�
antes, tentando atingi-lo em sua totalidade concreta existencial' ciatria Moreno durante toda a sua atividade c1entrflca, sera
?ão de fora, mas do interior . Com esta finalidade é que Lewi� consta�temente 'influenciado pelas teorias sobre a psicologia da
introduz o que ele chama de pequenos grupos-testemunhas ou aprendizagem ( 118). Embora se defend� e. negue tal fato,
seja, indivídu�s que, recebendo uma formação especial, co�sti­ Moreno edificará assim sua obra em contmmdade com preo­
�uem em segmda, no meio social, aquilo que Lewin chamará de cupações que foram do� _ inantes na psi;�logia so�ial até Lewin,
atorp.os sociais radioativos. Por sua presença no interior do tal como procurava edificar-se na �enca. As�1�ala11:os ante­
ten?meno de grupo a ser estudado, eles se tornam os elementos riormente que, nesta época: os ps1cologos �ociais onenta�am
md1cados para provocarem modificações completas de estrutura suas pesquisas quase exclusivamente no sentido �e determI?-�r
de uma situação social e atitudes coletivas que lhe correspon- o contexto mais propício ao aprendizado das atitudes sociais
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DINÂMICA E G�NESE DOS GRUPOS 51

democráticas. Alguns, cedendo a motivações muito mais ligadas siderado, e em segundo lugar, situar de onde vem a dinâmica
ao seu sistema de valores que às exigências da ciência chega­ que afeta cada um destes elementos ( 69).
ram mesmo a definir o meio educacional mais apto a formar
o cidadão americano perfeito ( 113). Lewin preconiza então que se apele para esquemas galzl�a­
nos de interpretação em psicologi� social, como ele _conse�a
Com Lewin e a partir dele, o interesse dos pesquisadores
desloca e dirige-se para as atitudes coletivas. Os comportamen­ fazer em sociologia individual. Fiel a esta perspectiva, Lewm
tos em grupo e as atitudes sociais também constituem um objeto não procura a explicação dos fenômenos de grupos na natureza
de exploração e de experimentação em psicologia social. O que de cada um dos seus elementos ou de seus componentes, mas
muda, radicalmente, é a abordagem e a metodologia que se nas múltiplas interações que se produzem ,en�e os elementos
tornam dinâmicas e guestálticas a partir de Lewin . Para definir da situação social onde se situam, no propno moment� em
cientificamente os comportamentos em grupo e as atitudes sociais que são observados e interpretados. �ra, segundo Le�m, o
os pesquisadores referem-se ao que são e devem ser os compor­ ambiente social contribui para a formaçao e tra� f�rmaçao das
. .
tamentos de grupo e as atitudes coletivas. atitudes coletivas favorecendo, ou, ao contrário, 101bmdo as t�n­
Mas, ainda há algo a acrescentar. Sempre aderindo a seus dências sociais já adquiridas. A razão deste fato, se�d� �":'111•
postulados guestaltistas, Lewin denuncia, como o havia feito em é a segt1inte: tendo as situações sociais sua própria �mamica,
_
1931, em relação à psicologia da personalidade ( 51), os esque­ as atitudes de um indivíduo, em um dado momento, sao _funç�o
mas aristotélicos de interpretação. Nenhum comportamento de de sua relação dinâmica com os diferentes aspectos da situaça_o
grupo, como aliás nenhum comportamento humano poderia se social que ele assume - de boa ou má vontade, (69). Mais
explicar unicamente em termos de causalidade histórica. Eis o tarde ele retomará esta explicação para reformula�la de modo
porquê. Os comportamentos dos indivíduos enquanto seres so­ diferente: a estrutura de meio tal qual é perceb1d� por um
ciais são função de uma dinâmica independente das vontades indivíduo depende de seus desejos, de suas necessidad�s, de
individuais. Os fenômenos de grupo são irredutíveis e não podem suas expectativas, de suas aspirações, . enfim de suas . at�tu_des,
ser explicados à luz da psicologia individual . Toda dinâmica de enquanto o conteúdo ideativo do �mb1ente colo�a o md_1vidu?
,
grupo é a resultante do conjunto das interações no interior de em um determinado estado de espmto. :É a relaç�o de reciproci­
um espaço psico-social. Estas interações poderão ser tensões, dade entre as atitudes do indivíduo e o conteudo m;ntal �o
conflitos, repulsas, atrações, trocas, comunicações ou ainda pres­ meio que cria a situação da qual o comportamento e funçao
sões e coerções. Enfim, as atitudes coletivas só se tornarão in­ (91) .
teligíveis àquele que as observa, se ele conseguir responder a Segundo Lewin, as atitudes coletivas encontr�°:-s� no 101-
duas questões: cio e no fim do encadeamento dos fenômenos dmam1cos que
produzem os comportamentos de grupo. Em outras pal�vras,
1 . Por que, em uma dada situação espontânea, tal Lewin sugere que toda situação social pode ser perceb�da e
C0111'portamento de grupo se prod uz de preferên­ concebida como constituindo uma cadeia de fenôme�o;' .cuJa re­
sultante seria os comportamentos de grupo. No �cio e no
cia a um outro? final desta cadeia encontrar-se-iam as atitudes cole�va�. Esta
cadeia pode ser decomposta em vários tempos: pnmerro, ao
2. Por que, neste momento preciso, a situação ob­ nível da percepção, em seguida ao nível do comporta1?ent�.
servada possui tal estrutura contrariameate a uma Ao nível da percepção, as atitudes comuns � um grupo, isto e,
outra? suas atit udes coletivas, seus esquemas mentais � seus esquemas
afetivos de adaptação à situação social determmam a per�pec­
Em outras\ palavras, o observador deve poder refaze tiva geral na qual os membros do grupo. percebem o conJunto
cesso social estudado, as fases e as etapas r, do pro-
pelas quais cada de um a situação. As percepções respectivas ?ºs membros de
um dos seus elementos foi levado a ocupar, .
um grupo sobre a situação social, são cond1c1onadas
quele momento, determinada região no espaç preci same nte na­ por suas
o situacional coo- atitudes c�letivas. Por outro lado, ao nível do comportamento,
52 GÉRALD BERNARD MAILHIOT DINÂMICA E GÊNESE DOS GRUPOS 53

os esque��s c_ oletivos e as atitudes pessoais estão presentes no Como já afirmamos, Lewin foi o primeiro a utilizar este
c_arnpo dmamico, enquanto constituem urna inclinação para certos te rmo. Será uma noção fundamental em dinâmica dos grupos.
tipos �e cornportan:ento de grupo. Esta inclinação, por sua vez, Para Lewin todo conjunto de elementos interdependentes cons­
ou ena uma . atr�çao por certos aspectos da situação ou uma titui uma totalidade dinâmica. Se os grupos são sempre tota­
repulsa em direç_ao a outros aspectos ou regiões desta situação. lidades dinâmicas, as totalidades dinâmicas estão longe de serem
. Quanto à cultura ambiente, ela tende a favorecer, segundo exclusivamente grupos. Por exemplo, a personalidade _é uma
Lewm, vetores de comportamento. Para ele os vetores de com­ totalidade dinâmica na medida em que pode ser considerada
portamento são as direções, as orientações dadas a um compor­ como um complexo de sistemas, de formas e de processos psí-
tament�, ou, nos casos opostos, constituem barreiras mais ou quicos.
menos impermeáveis que ?ificultarn a expressão de si (76). A
r:sultante das forças que interessam tal indivíduo em suas rela­ 2·. O segundo conceito invocado por Lewin é o do "eu
ço_es com um aspecto do campo dinâmico de que faz parte é a social".
ª:itude mom�ntânea deste indivíduo em urna determinada ;itua­ Para Lewin, a personalidade revela-se como uma configu­
çao. Esta atitude momentânea se traduzirá por um cornporta­
me�to de grupo. Para �ewin a_ razão profunda desta concepção ração de regiões, tendo uma estrutura que ele chan:a "quase-es­
galileana em termos de mteraçao das relações entre os diversos tacionária". Quer significar com isto que é preciso conceber
�lemen,tos de um fenômeno de grupo, percebido como um todo a personalidade como um sistema que tende a reencontrar-se
medutivel a seu� constituintes individuais, é a seguinte: dentro idêntico a si-mesmo em todas as situações. O eu (a que ele
d_e �ma perspectiva guestaltista não pode haver fronteiras imu­ prefere chamar "self" em vez de "ego") revela-se. em relação
taveis entre c?nsciê�cias individuais e um determinado às realidades sociais como um sistema de círculos concêntricos.
Para �le: a di�oton:ia, �ntre pessoa e meio, introduzida meio. Ao centro, encontra-se um núcleo constituído pelo que Lewin
behavionstas, e arbitrana e gratuita. As pessoas os ob'et pelos chama o "eu íntimo": este núcleo é dinâmico e formado por
as mstitmçoes, os grupos e os acontecimentos sociais são os,
• • • - ' J valores para ele fundamentais, aqueles valores aos quais o in­
mentos d�s sit?a õ:s soci�is. Estes elementos entretêm entre ele- divíduo consagra a maior importância. Em torno deste núcleo
J
eles relaçoes dmamicas CUJO conjunto somente determina central, as regiões intermediárias que Lewin chama o _" eu so_­
trutura do campo social. a es­ cial": o eu social engloba os sistemas de valores que sao parti­
lhados com certos grupos, por exemplo, os valores de classe,
os valores profissionais. Na periferia da personalidade encon­
CAMPO SOCIAL tra-se situado o "eu público". Do mesmo modo que o eu
íntimo é um eu fechado, este outro é um eu aberto. O eu
As atitudes c?letivas como, aliás, as atitudes pessoais não público é a região mais superficial de uma personalidade, aquela
ap�ecern em Lewm nem como o resultado de mecanismos que está engajada nos contatos humanos ou nas tarefas em que
t:�ior_es às cons�iências, nem como atos subjetivos ex­ apenas os automatismos são suficientes ou são exigidos. É neste
das cons­
ciencias. Elas sao segmentos de uma situação socia
l na qual nível que se implicam aqueles que participam de fenômenos de
s� fundem em uma rne�ma realid�de dinâmica eleme
ntos massa. É geralmente também neste nível que muitos indivídu�s
tivos e e!eI?ent�s consci�ntes. Tres conceitos básico obje­ integram-se em situações de trabalho em que somente a pen­
de emprestimo a sua psicologia topológica permi s, tomad os
tem a Lewi n feria de seu ser é engajada.
e�ti:_ap?lar as implicações deste teorema �obre Segundo as situações sociais, segundo os graus de distân­
dmarnica dos �rupos. O mais importante destes a gênese e a cia social, nosso eu público ou nosso eu social reveste-se de
do campo social. conceitos é o
dimensões diferentes. Nem um nem outro são estáticos. Nosso
eu social pode, estreitar-se ou dilatar-se. Lewin pretend: que
1 · O primeiro conceito-chave a que Lewin apela certas personalidades são abertas ao outro a ponto de nao se­
"totalidade dinâmica". é o de rem senão estruturas de acolhimento, mesmo no plano do eu
GRUPOS 55
54 GÉRALD BERNARD MAILHIOT DINÂMICA E GtNESE DOS

é para o indivíduo um ins­


íntimo. Outras, ao contrário' me_smo no plano do eu público, 2. Em segundo lugar, o grupoivíduo mais ou menos cons­
o ind
são dobradas sobre si mes e nao parecem pre?cupadas senão trumento. Isto significa que po e as relações socia
is que mantém
em defender-se e em fech::� ao outro. Excepc10�alment e. nos cientemente uti iza o gru ecessi­
mentos para satisfa r suas. n
z
l
introvertidos, o e u social atenua_ Sf:. e ª. em seu grupo como instru
e
per sonalidade toda é spirações soc iais.
absorvida p elo eu íntimo p f r n � O e � social é
��� : i , dades psíquicas ou suas a
quase inexistente n os extr�verâ.�:t:: q
s
publtco ocupa
po é uma realidade da qual
t odo o espaço vital. 3. Em terceiro lugar, o grueles que se sentem ignorados,
smo aqu
. o indivíduo faz parte, me ste modo, cada vez que o grupo ou
3. O terceiro conceito é o de " camp� soczal". P�ra Lewin isolado ou r jeit ado . De mente ou
indivíduo faz parte, nominal
s
.
e

os grupos do qual um cações em suas estruturas ou em sua


s
o campo social é essencialmente u1;11a totahda_de dmam1ca, cons-
artificialmente, sofre modifisos de crescimento, de separação, de
A

tituíd a por entidades sociais co x1 ste ntes � �ao neces sariamente


integradas en tre elas Ass · po �em coex1s �ir �� interior de um dinâmica, seja por proces o, de regressão ou de desintegração,
mesmo campo sociai ' ruims ub-gru�os, mdiv1duo� separad os diferenciação, de inte graçã ente dos contragolpes . Seus valores,
por barreiras sociais o� li��d�; or re es de_ con:_umcações . O ele se ressente necessariampirações, suas expectativas aí encon­
que caracteriza antes de tudo urf:. campo soci al, sao as po sições suas necessidades, suas as ões. A dinâmica de um grupo tem
·relativas que nele ocupam os d'f t e�cntes element os que o cons­ tram gratificações ou frustaç sobre os indivíduos que o consti­
tituem. Estas posíçõ es são determm�d�s !auto pela estrutu ra do sempre um impacto social a escapa totalmente.
grupo como por s ua gê nese e sua d mam1ca. tuem. Nenhum membro del
O campo socia l, para Lewin ' e, uma, " ge�talt" ' isto
. é, um a o indivíduo um dos ele­
4. Finalmente, o grupo é par terior
todo irredutível aos s ub-grup os qu� nele coexi stem e aos indi­ de seu espaço vital. :e no in
víduos que ele engloba A prop_nedad es . dos sub-grupo s ou a mentos ou dos determin antesdesta parte do univer so social que
personalidade de se us �emiros na? podenam então nos revelar de um espaço vital, isto é, se desenvolve ou evolue a exi
s..
a dinâmica dos laços que os con st ituem em um . mesmo campo lhe é livremente acessível que grupo é um setor des te espaço.
soci·a1 . A este respeito Lewin ad;1erte ? pesqm sador contra todo tência de um indivíduo. E o
a priori antropocêntrico. p . rec1so constanteme nte disso­ clusão, consistiria, se gundo
ciar e di stinguir gr upo e indi��� u:t, quan� º' de dentro, o obser­ A adaptação social, em con em atualizar suas aspirações
,
vador procura descobrir e destac_ar os po 1 os, as valências e os Lewin, em concluir esta superaçãoobj etivos pessoais, sem nunca
. e suas atitudes, em atingir s u
vetores que explicam as m teraçoes no i nter·o1 r de um mesmo e co letiva
n ais com a realidad
e s

campo social (67) A par!tr •


?este .c�nceito de campo social forçar nem romper os laços funcio uo se insere e que constitui
Kurt Lewin elabor� s uas nm r�s �p� teses sobre a dinâmica ou o campo social em que o indivíd
d os pe quenos g rupos (77) �ais �. ipoteses, neste es tágio de o fundamento de sua existência.
seu pensamento ' s ão "'�... n um
; ero de quatr o. DANÇA SOCIAL
RESISTÊNCIAS EMOTIVAS À MU
1 · A primeira hipótese é que O grupo const1. tue o terreno ir-se operacionalmente,
.
sobre o qua l O r· nd"tvi'd uo se mantém . Ele Jª , havia formul ad.o A adaptação social não pode defin da ça social. Vejamos o
r .
esta hipó tese tentando p ecomzar o q ue dever·i a ser a pedagog1a segundo Lewin, sem referência à mu n
a, por etapas, a enun
­
.
do Jovem min oritário (73) Se nd o� casos, o terreno pode d�talhe de sua busca intelectual que o lev
ser firme, frágil, móvel fl�ido �: elºa, stico. Sempre que uma ciar esta hipótese ( 82).
segundo Lewin, as inte­
pessoa n ão consegue de'rm1r . claramente sua pa rt icipação social Acabamos de revelar o que s ão, s e o campo social
ou n ão está integrada em se gr po, se u espaço vital o u sua rações constantes entre a s atitudes coletiva m a da mudança so­
� � - . e?1 que se exprimem. Abordando o pro b
liberdade de movim ent o no mt enor do grupo ser ao ca racten- e explicitá-lo.
le

. .. .
za dos pela instabilidade e pel a amb1gmdade . cial, Kurt Lewin retoma este tema para precisá-lo
56 GÉRALD BERNARD MAILHIOT DINÂMICA E GÊNESE DOS GRUPOS 57

As atitudes coletivas que ele já defini � de várias maneiras, apa­ 2 . Acresce ntam-se a estas tendências do eu as
recem-lh e,_ d�sta, vez, com o um movimento provocado em um tendê ncias do super-ego q ue representam os impera­
g_rupo _ de m?1v1duos por forças obj etivas que resultam de uma tivos da sociedade, tais quais foram interiorizados
situaçao social dada. Para ele, o clima social, as situações de pelo indivíduo.
g:upo, �u as es!ruturas _ . formais do momento social observado,
sao r��1dades tao �bJetiv�s quant o o clima psíquico, a si tuação 3. Um terceiro determinante é a própria situa­
g�ograf1ca e a c�nf1guraçao do espaço físic o em torno do indi­ ção social concebida co mo o c onjunto dos fragmen­
viduo . As _rel �ç? es en �e ª! realidades sociais e os comporta­ tos do universo social com os quais ele está em esta­
mentos do md1v1duo nao sao, segundo Lewin, nem mais nem do de interdependência.
m �nos con �tr�ngedoras que aquelas que- el e mantém c om 0
uruverso ps1qmc�. Em conseqüência, nas condições sociais exis­ As tendências do eu e do super- ego constituem, para Lewin,
t�ntes que constituem o espaço vital de um determinado indi­ a dinâmica dos valores, enquanto a dinâmica dos fatos n os é
vid �o , �! e p ode escapar a certas pressões, recusar-se a certas dada pela situação social. Em consequência, t od� s_it�ação
o bngaçoes mas por outro lado nã o p ode subtrair-se nem esca­ social p ode ser definida com o um momento da h1stona �o
par a certos condicion�mentos. Ser-lhe-á preciso,' em certos mundo , explicando-se assim de uma parte, por seu passado obJe­
momentos,. adot ar tal tipo de comportamento ou conformar-se tiv o consistindo n o encadeamento dos fatos e dos pr ocessos sa­
com tal atitud e par� responder às expectativas do grupo. Em ciai� e, de r,utra, por seu passado subjetiv o isto é, p elas repre­
outros m omen tos atitudes e c omp ortamentos lh e serã o impostos sentações coletivas que os indivíduos se fazem, d�s antecedentes
'.
pelo �rupo . _A liberdad e de movimento e a escolha depe ndem desta situação assim como da gêne se de seu propno grupo. Mas
do clima social que prevalece n o grupo. O clima cultural n o se o passado é determinante p or um lado n o condicionamento
�uai_ ele vive , a dinâmica da si tuação social na qual se encontra dos comportamentos de grupo e das atitudes c ole�ivas, p or out:o,
implicado , a estrutura d o m omento histórico do qual participa o futuro da situaçã o social vivida o é muito mais para a maior
c?m as pesso_as que ? :º�eiam, constituem uma realidade obje­ parte dos indivíduos. Lewin precisa: não somente o futuro obje­
tiva·_ . a totalidade dmam1ca da qual depende neste momento tiv o da situação ou os determinismos e a mecânica dos fatos
prec1so de seu crescimento . No interio r desta totalidade dinâ­ sociais mas também o futuro subjetiv o da situação ou as re­
_ prese ntações que os indivíduos implicados n�sta sit uação se
mica encontram-se orientados, ou mesmo condici onad os, seus
comport amentos cm grupo e suas atitudes sociais. fazem de sua evolução e de seu progresso, assim com o as an­
tecipações ou as apreensões que eles alimentam_ com respeito
Kurt Lcwin deduz entã o que a cond uta de todo indivíduo à situação social em que vivem. D onde a necessidade, assmala
em grupo é de terminada, de uma parte, pela dinâmica dos fatos
Lewin, de tornar claro a gênese e a dinâmica dos grupos à •I�z
e, d: outra, pela dinâmica d os valores que percebe em cada si­ de um c onceito fundamental em sociologia e em antropologia
tuaç! �· Ora, para ele ( e é aqui que s eu pensamento se t orna
cultural: o conceito de mudança social.
exphc1to ) o campo de forças que se destaca da interação dos
Mudança social e controle social são para Lewin conceitos
fatos e dos valores depende de três coisas: indiss ociáveis. E fácil agora compreender o porquê. A única
maneira de exp erimentar sobre mudança social, de extrapol�r
1 •. Primeiro, depende das tendências do eu sua dinâmica essencial, é tentar do interi or, de dentro, plaru­
�o �c:b1das como a maneira única pela qual cada ficá-la e c ontrolá-la. Ou ainda, é conseguindo d errubar as re­
md1v1duo percebe cada instante presente em função sist ências à mudança social que se pode melhor chegar à com­
de se� passa?� pessoal. Suas percepções n este pla­ pr eensão de seus processos e de seus mecanismo s. Reencont�a­
n �, sao :ond1c101!adas por sua sensibilidade geral, as mos aqui os propósitos que Lewin defendia sobr e a pesquisa
onen �açoes f o rtmtas de seu ser, suas capacidades de de campo em oposição à p2squisa cm laboratório.
atençao afetadas ou estimuladas p or seus estados Ora para Lewin duas atitudes típicas p odem ser observa­
nervos os e suas pre ocupações materiais e morais. das em ;elação a tod; mudança social. A atitude c onformista
59
58
GRUPOS
DINÂMICA E GÊNESE DOS
GÉRALD BERNARD MAILHIOT

destinas e ten�e�
condicionada pelas percepções sociais cristalizadas que perce­ ud nça. Suas manobras são g eralmente clansforma ões sociais
1 s de grupo que . torn m as tran
bem toda mudan ça do statu quo como catastrófica. A atitude m
a cna � r cl'ma a - c pr om eter seus
de m d
ç
is,
a

não conformista , ao contrário, é in spirada pelas percepções so­ pro.vis . mente impossíve
,oria up o sena m a-
. N o caso p recedente g
o o nao om

d . 'd
ciais que antecipam toda m udan ça do statu quo co mo desejável
�iit\��:;�:�!��
o r

ri;r:l�f� �uª :;�f


0
e esperada . Geralmente, n este últim o caso, nota Lewin, as per­ ; ��:�t: ii:f���f�;�
e u i

cepções e as atitud es dos não-conformistas não são suficientes se 3pera en º .


anças sociais nã o se operam sen ao
para transformá-los em agentes de transfor mação social pelo estao em m .ªmo·r1a ' as mud em razão de suas resistências à
fato de nã o possuírem as técnicas de comun icação que lhes per­ lentam ente e n a superfície'
mitiria m operar as mudanças de clima e de atit udes no meio mudança.
que desejam ver evoluir. Daí a necessidade de se poder contar, os não-c onf or­
no momento em que uma m udança social se torna desejável, 3 . Lew
. in menciona enfim o caso dos gru� on. a dos mem­
. os quais a totalidade o
u a mai
com grupos-tes tem unhos compostos, como vimos anteriormente, m1stas no mten. or d a m udança. Nestes
bros experimenta e sen te ma l . as , os com­
de átomos sociais radioativos, segundo as próprias palavras de co etiv
para
es
ã
erce ões de grupo as ati
u incl inaç �
Lewin, q ue possuam ou dominem as técnicas de g rupo tornan­ g zad os por uma asp iração dos
p��i��e!�of de �;upo são pola�iar a sim mesmos como �ruP?·
tud

do-os aptos a vencer as resistências emotivas à mudança social uper


º em crescer e em s
a ser introduzida no meio obser vado.
;��{ \u os as est tur s formais são flexíyeis e f unc1�na1s .
e_rpes_so.a1s_, laços de mte

m

A mudança social implica em uma modificação do campo �las faJor!cem entre eles relações int
ru a

dinâmico no qual o g rupo se encontra. Conforme se realize ou es cada v z ms d mam 1c s.


dependência e intera çõ
r:_ça
estaltista Lewin con c_l�i que a mu� aç oes
o

não esta modificação, o observad or-participante, que é o ex­


e m

Como exc l nte g


perimentador preconizado por Lewin, pode identificar três tipos e que ej m m �1fic ada re
social p ar a se oper a r exig
e e u

os .segu!ntes : .
s as a

de fenômenos distintos em relação à mudança social.


dialéticas que unem os tr ês element s1tua ao �oc!al.
s a o

1. as s rut s d ç .
vivem
2. as estruturas das consc1enc1as que
a
1 . O u os grupos não sentem nem experimentam nenhum
e t ra

desejo, nenhuma aspiração a evoluir, a mudar. :É o caso de nesta situação social. a mes-
todos os grupos conformistas que se comprazem nas percepções 3 . os acontecimentos que surgem nest
estereotipadas da sit uaçã o social e cujas atitudes coletivas e ma s ituaçã o s ocial.
possível a muda?ç
comportamentos de grupo são determinados e condicionados por Mas o fator determinante que tornar� te. Ora, 0 chm:_
preconceitos. Para diagnos ticar estes casos Lewin recorre ao so cial será sempre o clima de
grup dom man
é semp re, determi­
termo constância social. Atualmente os psicólogos sociais em­ de u� grupo, descobre então Lewin ( 71)'xerce. Dai �orque,
o

pregariam de preferência os ter mos de esclerose social ou mes­ nado el o tipo de autoridade qu
e nele se _ e
mo de necrose social para caracterizar o que não constitui mais enunck Lew i m dific r tit des coletivas ou produzrr UI;l ª
dos casos, em 1:1-
uma dinâmica de grupo, rnas uma estática de grupo, de tal mudança soci�l consiste, na quase .totalidade nova concepç �o
n o a as a u

modo as estruturas formais absorveram ou an ularam em uma troduzir um novo estilo de aut idad e u ma
fazer evolurr.
do poder no interior da situação social que se quer
o u

estratifica ção cristalizada as dimensões funcionais destes grupos .


or

2. No caso precedente a mudança social tem pouca ou EXPERIMENTAÇÃO E AÇÃO SOCIAL


nenhuma possibilidade de se operar de tal m odo o statu quo é t Lewin havia termina�o
valorizado. No caso p resente, a mudança social é iniciada e N a no1·te que p recedeu sua morte Kur "
a redaçã o de u m artigo sobre a pesqwsa · -aça-o" que devena
desejada pelos elementos n ão-conformistas do grupo. Mas estes . ican a, ·. "The J ourna1 of
últim os encontram resistencias da p arte dos membros do grupo aparecer em uma revi. sta c1. ent1Tica amer . g
Social Psychology" · Os editores do livro postues que reuwam
mo "R eso lvin
que têm interes ses i nvestidos no statu quo. Os elementos con­ r t'
1g nt e aqu el
formistas freiam então ou tentam contrariar as ten tativ as de social conflicts" incluíram este a o e r
GRUPOS 61
60 GÉRALD BERNARD MAILHIOT DINÂMICA E GÊNESE DOS

trat a-se de deduzir,


sobre es te tema ( 108). Este ar. tig o cont ém as u' lt1'm as formu­ B. Em uma segunda etapa, álises, conjeturas
ta n a
lações do pensamento de Le m s?b e ? qu� deveri a ser a de prever ou de deriv ar des s percepções de grupo .
s
desta
experimentação e a pesquisa e:i ps1co� og1_a social. Aliás , me­ sobre a posível evolução etapa terá com o
�or que em o utras p artes de sua o bra, ai �e- encontr am enun- C. Finalmente, uma terceira m odos de com­
e prever os n o v
ciad os e explicitados o s ob 'etivos, as c ond1çoes de validade e objetivo descobrir com
po que estarão em harmoni a
os

as et ap as d a "pes quisa- a ção\ portam ent de gru


s percepções de gru
po.
a reestruturação da
os

1 · Pa r a Lewin a pes quis a edl: · •


p s1cologi a �ocial deve ser
s deste dia gnós tico
e des te do­
uma ação social. Será nesta : a que ela tera p ossib ilida de
Lewin preconiza que, atravé controle mais funcion al das
de escap ar às m iragens dos squ m?s pseudo-clássicos da ex­ -á a um
mínio do grupo chegar-se tivo estratégico a atingir, inicialmente,
�erimen taçã o. Par a con h ece:r'�s tenomenos de grupo do inte­
nor, não do exteri or o ex d or d e e ci atitudes· do grupo. O obje s conscientes e lúcidos da dinâmica
1 nta _ ve t 1:_tar, ini alme ­ po
é tornar grup os e sub-gru m evolução . Não é senão a p artir
te, obj etivar-se à se� resp�to º e
e n
percebe-l_os com o ges­ s cia l
inerente à situaçã rretivos e
up os e grupos aceitar ão co ercepções
e
talts, dep ois, p ara descobrir ;u� ��m�rr_
o
am1 ca essencial, deve e m­
o

deste m ome nt qu e sub -gr


preender de dentro a tar efa de reest.:utura, -los de m od o a fa- cepções de grup . S a p
complementos às suas per suas atitudes coletivas assim com o
o s
o u

vorecer e aceler ar a sua transformaç ao. gui d ,


de grupo e, em s e a
p o , passam do subjetivo ao
objetivo,
. .
2 . Duas condições p arecem �ssencia1: a Lewin para asse­ seus comp ort amentos de gru em ruptur a, sem negação, m as pri­
S
gurar a validade de um a tal expenmentaçao : d o pessoal a o situacional. depois por sintonização.
meiro p or sincronizaçã ,
colo gia social, torna
ndo-se uma
o e

A · Ela deve oper ar pequenos gr upos e n- A experimentação em psi adores encontrar no campo, por
quis
gaj ados em problemas s:i�� ea 1 s _e preocup ados pesquisa-ação, permite aos pes boas condições para desc obrir as
em se reestrutu ra r p ara de º; ma i s funciona_l, �e ocasião de uma açã o cia l,
m agru­
jogo na transformação de u
so

inserirem na s it uação ;ociaton�e procu ram a tingir constantes e as variáveis em ant e da gênese
sos e os determin
s eus objetivos . pament o humano. Os pro ces da dinâmica d os gr upos poderão,
s

B · Ela deve ser realizada por pequenos grup os - dos grupos, as leis essenciais efinidas. P ara serem científicas
d
-te stemunh as composto de experimen_t ad ores que assim, p ouco a pouco, serem acionais. Elas correrão o risco
içõ es dev e ã oper
estas defin a­
estej am engaJad os e m o t�vados rel a çao a 1?� dan ­
nt ação continuar a ser r ealiz
o ser

de nunca o serem, se a exp erimenos assegura que os grup os re­


r
ças sociais q ue qu erem introd u�; · A autenticidade
.. ,
de suas m otiv ações lhes p m �ceitos pel os da em l abor atório. P ois quem b oratóri o constituem verdadei­
la
grupos nos quais realiza;�t::;:?i enc ,
ias e proce­ constituídos artifici almente em o sempre , os indi­
, g p s ? Na ma io ri a das vezes, senã
derem à sua experimentaçã o t it ª e
ram nte inte­
u l� � e �embr o-par-
riment ais n co nseguem
ã
víduos agrupados para fins e xpe de m odo individualista, defen­
ru o
ticipante integrado totalmente na dmam1ca do grupo
o
ar
o bservado. grar-se e continuam a funcion es de que são objet o m ais ou
tr a ma nip ula çõ
. - dendo-se con e o mérit o de t orn
ar a psico­
menos traumatizados. Lewin tev
a s

. 3 ·. Enfim, segundo Lewin ', a expenmentaç ao em psicolo - los que pe q i sa t eria de


g ia social deve realizar-s e em tres et�p as essenciais . Todas três logia social consciente dos obstácualiz ada em laboratório . Seu
a s u

procuram operar uma ud n a soc ial_ atra vés de um controle enfrentar c as o continuasse
a ser re
à pesquisa,
� �
social m ais funcional da� atltu es colet iv as e dos comp ortamen- gênio cons i iu m bri r vos caminh os , novas vias evaram a
no
e p erspe iv s q e l
em lhe fornecer uma metodol ogia
st e a
tos de grup o .
ct a u

e.
· descobert as inesperadas a ntes del
A A p · e ra et ap a co ns iste em um lev anta-
�l1 � 1
ment o � u anª ise das p ercepçõe s de grupo qu e ca-
ract erizam os 1' nd' v1'duos, os sub-grup os e O grupo.
1
60 GÉRALD BERNARD MAILHIOT DINÂMICA E GÊNESE DOS GRUPOS 61

sobre este tema ( l 08). Este artigo contém as últimas formu­ B. Em uma segunda etapa, trata-se de deduzir,
lações do pensamento de Lewin sobre o que deveria ser a de prever ou de derivar destas análises, conjeturas
experimentação e a pesquisa em psicologia social. Aliás, me­ sobre a posível evolução destas percepçõcs de, grupo.
lhor que em outras partes de sua obra, aí se encontram enun­ C. Finalmente, uma terceira etapa tera como
ciados e explicitados os objetivos, as condições de validade e objetivo descobrir e prever os novos modos de com­
as etapas da "pesquisa-ação". portamentos de grupo que estarão em harmonia com
a reestruturação das percepções de grupo.
1 . Para Lewin a pesquisa em psicologia social deve ser
uma ação social. Será nesta medida que ela terá possibilidade
de escapar às miragens dos esquemas pseudo-clássicos da ex­ Lewin preconiza que, através deste diagnó�tico e _àeste do­
perimentação. Para conhecer os fenômenos de grupo do inte­ mínio do grupo chegar-se-á a um controle n:1a1� f�nc1?nal das
rior, não do exterior, o experimentador deve tentar, inicialmen­ atitudes do grupo. O objetivo estratégico a a�mgir, m1c1�l11;e� te,
te, objetivar-se à seu respeito, conseguir percebê-los como ges­ é tornar grupos e sub-grupos conscie�tes e �uci�os d� dmam1c_a
talts, depois, para descobrir sua dinâmica essencial, deve em­ inerente à situação social em evoluçao. N ao e senao a yartir
preender de dentro a tarefa de reestruturá-los de modo a fa­ deste momento que sub-grupos e grupos aceitarão corretivo� e
vorecer e acelerar a sua transformação. complementos às suas percepçõcs de grupo. . Suas p�rcepçoes
de grupo e, em seguida, suas atitudes coletivas assim _co_mo
2 . Duas condições parecem essenciais a Lewin para asse­ seus comportamentos de grupo, passam do subjetivo _ ao obJet1v?,
gurar a validade de uma tal experimentação: do pessoal ao situacional. Sem r_uptura, sem nega_çao, mas pri­
meiro por sincronização, e depois por smtomzaçao.
A. Ela deve operar-se em pequenos grupos en­ A experimentação em psicologia social, tornando-se uma
gajados em problemas sociais reais e preocupados pesquisa-ação, permite aos _ pesquisadores en_contrar no campo_, por
em se reestruturar para, de modo mais funcional, se ocasião de uma ação social, boas cond1çoes para descobrir as
inserirem na situação social onde procuram atingir constantes e as variáveis em jogo na transformação de um agru­
seus objetivos. pamento humano. Os processos e os �eterminantes da gên:se
B. E la deve ser realizada por pequenos grupos­ dos grupos, as leis essenciais da dinâmica dos grupos pod�?·ao,
-testemunhas, compostos de experimentadores que assim, pouco a pouco, serem definidas. Para serem :1ent1f!cas
estejam engajados e motivados em relação a mudan­ estas definições deverão ser operacionais. Elas correrao o r!sco
ças sociais que querem introduzir. A autenticidade de nunca o serem, se a experimentação continuar a ser realiza­
de suas motivações lhes permitirá serem aceitos pelos da em laboratório. Pois quem nos assegura que os grupos r�­
grupos nos quais realizam as experiências e proce­ constituídos artificialmente em laboratório constituem verdadei­
derem à sua experimentação a título de membro-par­ ramente grupos ? Na maioria das vezes, senão sempre, os �ndi­
ticipante int�grado totalmente na dinâmica do grupo víduos agrupados para fins experimentais �ã� �ons�guem mte­
observado. grar-se e continuam a funcionar de modo md1V1dualtsta, defen­
dendo-se contra as manipulações de que são objeto mais . ou
. 3 ·. Enfim, segundo Lewin, a experimentação em psicolo- menos traumatizados. Lewin teve o mérito de tornar a psico­
gia social deve realizar-se em três etapas essenciais. Todas três
procuram operar uma mudança social através de um controle logia social consciente dos obstáculos que a pesquisa teria de
enfrentar caso continuasse a ser realizada em laboratório. Seu
social mais funcional das atitudes coletivas e dos comportamen­ gênio consistiu em abrir novos caminhos, novas vias à pesquisa,
tos de grupo. em lhe fornecer uma metodologia e perspectivas que levaram a
descobertas inesperadas antes dele.
A. A primeira etapa consiste em um levanta­
mento ou análise das percepções de grupo que ca­
racterizam os indivíduos, os sub-grupos e o grupo.

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