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MAILHIOT, Cap. 4 (Da Pesquisa-Ação À Dinâmica Dos Grupos)
MAILHIOT, Cap. 4 (Da Pesquisa-Ação À Dinâmica Dos Grupos)
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c omP?rtame ntos, vierem acrescen rram se seus Somente po r etapas Kurt Lewin chegará a definir par a si
tar-se, - mesmo o que são cien tificamente a dinâmica e a gênese dos
c a e de P:oceder periodicamente ao mes� grupos. Como acabamos de constatar, seus trabalhos sobre a
�:a: :i:� � s a autocrític�s :� ��n
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p
dependênc�� ��� 0� ������m;��o! u! ����:endência pela inter- psicologia d as minorias lhe p ermitiram questionar as teori as e
r v
em Berlim sobre o desenvolvimento da p ersonalidade. que não podem ser observ a íveis senão ao p esquisador que os
Eles não se tornam inteligarticip ar de seu devir. P ara Lewin,
1 • Para Lewin as hipóteses que � c 1e� ·' ·
c1a f ormula, as l eis alcança consentindo em p revelam as leis internas de sua di
que destaca e as teorias que ela.bora nao te� val?r, pa� a psi .ª os fenômenos de grupo não es dispost os a se engajar pessoal
c ologia de grup o, senã o na medI da em q ue sao aphcave1s, isto é, nâmica senão aos pesquisador o em m archa, a respeitar-lhe os
sm
na medida em que ermite fetuar,, sob sua l�z: de modo mente a fundo, n este din ami idos definidos que a História lhe
ev l ção n s s ent
eficaz e durável, m o�ificaç õ: � os feno menos sociais que elas processos de
he, ao máximo, que se ultrapa
s
u o
eia dominante que obriga teóri . e pesqmsadores do tempo a guir su as pesquisas no própri tentar mo dificar sua dinâmica
enf ocar a m etodol ogia da pes�msa sob uma perspectiva essen os fenômenos que estuda e só m embros do grupo que se rve
d os
cialmente pragmática S eu ax1 ma de b ase é o seguinte: a va com o consentimento explícito p ara ele a necessidade de, du
� à sua experimentação . De rre
lidade de uma hipót;se e ade de u ma teo_ri a são propor- stan temente os dois
p apéis com
co
cionais à exatidão das p'r:vrsoes : que elas permitem rante suas pesquisas, assumir con observ ador .
Deste modo, Lewin che a f'
. . ·
_v�ar do is ob1 et_1. vos para toda p lementares de p articipante e de
pesquisa sobre os f enômeno�ª cia1s. E_stes d ois objetivos se
confundem e se completam. po�em ser visados de mod o simul OPÇõES METODOLóGICAS
tâneo ou sucessivo Se und j sempre
fornecer um diag�ósti;o 'so�t �es, este� obj�tivos �rocuram, se a ewin é e ssenci al ter
Para compreender a obra de L s e um dos princ�pais teó
, . uma , si�ua çao � ocial dada , sej a
descobrir ou formul ar a d m1ca propna da vida de um grupo. presente que ele f oi um dos primeirsua psicologia social, tendo
o
Tanto uma como outra d��;as dua� tarefas não pode m ser rea ricos do guestaltism o < 1l. E t anto olvimento da personalidade,
como centro o estudo d o
desenv p os
lizadas, de f ato sem ,AUe pesqm sad or se 'vej a forçado, para
como sua psicol ogi i l - centrada sobre os pequenos gru
completar uma,' a erp reenâe ou tr�. Elas s_ao C_?mplementa fica m a p artir de postula
a
democráticas. Alguns, cedendo a motivações muito mais ligadas siderado, e em segundo lugar, situar de onde vem a dinâmica
ao seu sistema de valores que às exigências da ciência chega que afeta cada um destes elementos ( 69).
ram mesmo a definir o meio educacional mais apto a formar
o cidadão americano perfeito ( 113). Lewin preconiza então que se apele para esquemas galzl�a
nos de interpretação em psicologi� social, como ele _conse�a
Com Lewin e a partir dele, o interesse dos pesquisadores
desloca e dirige-se para as atitudes coletivas. Os comportamen fazer em sociologia individual. Fiel a esta perspectiva, Lewm
tos em grupo e as atitudes sociais também constituem um objeto não procura a explicação dos fenômenos de grupos na natureza
de exploração e de experimentação em psicologia social. O que de cada um dos seus elementos ou de seus componentes, mas
muda, radicalmente, é a abordagem e a metodologia que se nas múltiplas interações que se produzem ,en�e os elementos
tornam dinâmicas e guestálticas a partir de Lewin . Para definir da situação social onde se situam, no propno moment� em
cientificamente os comportamentos em grupo e as atitudes sociais que são observados e interpretados. �ra, segundo Le�m, o
os pesquisadores referem-se ao que são e devem ser os compor ambiente social contribui para a formaçao e tra� f�rmaçao das
. .
tamentos de grupo e as atitudes coletivas. atitudes coletivas favorecendo, ou, ao contrário, 101bmdo as t�n
Mas, ainda há algo a acrescentar. Sempre aderindo a seus dências sociais já adquiridas. A razão deste fato, se�d� �":'111•
postulados guestaltistas, Lewin denuncia, como o havia feito em é a segt1inte: tendo as situações sociais sua própria �mamica,
_
1931, em relação à psicologia da personalidade ( 51), os esque as atitudes de um indivíduo, em um dado momento, sao _funç�o
mas aristotélicos de interpretação. Nenhum comportamento de de sua relação dinâmica com os diferentes aspectos da situaça_o
grupo, como aliás nenhum comportamento humano poderia se social que ele assume - de boa ou má vontade, (69). Mais
explicar unicamente em termos de causalidade histórica. Eis o tarde ele retomará esta explicação para reformula�la de modo
porquê. Os comportamentos dos indivíduos enquanto seres so diferente: a estrutura de meio tal qual é perceb1d� por um
ciais são função de uma dinâmica independente das vontades indivíduo depende de seus desejos, de suas necessidad�s, de
individuais. Os fenômenos de grupo são irredutíveis e não podem suas expectativas, de suas aspirações, . enfim de suas . at�tu_des,
ser explicados à luz da psicologia individual . Toda dinâmica de enquanto o conteúdo ideativo do �mb1ente colo�a o md_1vidu?
,
grupo é a resultante do conjunto das interações no interior de em um determinado estado de espmto. :É a relaç�o de reciproci
um espaço psico-social. Estas interações poderão ser tensões, dade entre as atitudes do indivíduo e o conteudo m;ntal �o
conflitos, repulsas, atrações, trocas, comunicações ou ainda pres meio que cria a situação da qual o comportamento e funçao
sões e coerções. Enfim, as atitudes coletivas só se tornarão in (91) .
teligíveis àquele que as observa, se ele conseguir responder a Segundo Lewin, as atitudes coletivas encontr�°:-s� no 101-
duas questões: cio e no fim do encadeamento dos fenômenos dmam1cos que
produzem os comportamentos de grupo. Em outras pal�vras,
1 . Por que, em uma dada situação espontânea, tal Lewin sugere que toda situação social pode ser perceb�da e
C0111'portamento de grupo se prod uz de preferên concebida como constituindo uma cadeia de fenôme�o;' .cuJa re
sultante seria os comportamentos de grupo. No �cio e no
cia a um outro? final desta cadeia encontrar-se-iam as atitudes cole�va�. Esta
cadeia pode ser decomposta em vários tempos: pnmerro, ao
2. Por que, neste momento preciso, a situação ob nível da percepção, em seguida ao nível do comporta1?ent�.
servada possui tal estrutura contrariameate a uma Ao nível da percepção, as atitudes comuns � um grupo, isto e,
outra? suas atit udes coletivas, seus esquemas mentais � seus esquemas
afetivos de adaptação à situação social determmam a per�pec
Em outras\ palavras, o observador deve poder refaze tiva geral na qual os membros do grupo. percebem o conJunto
cesso social estudado, as fases e as etapas r, do pro-
pelas quais cada de um a situação. As percepções respectivas ?ºs membros de
um dos seus elementos foi levado a ocupar, .
um grupo sobre a situação social, são cond1c1onadas
quele momento, determinada região no espaç preci same nte na por suas
o situacional coo- atitudes c�letivas. Por outro lado, ao nível do comportamento,
52 GÉRALD BERNARD MAILHIOT DINÂMICA E GÊNESE DOS GRUPOS 53
os esque��s c_ oletivos e as atitudes pessoais estão presentes no Como já afirmamos, Lewin foi o primeiro a utilizar este
c_arnpo dmamico, enquanto constituem urna inclinação para certos te rmo. Será uma noção fundamental em dinâmica dos grupos.
tipos �e cornportan:ento de grupo. Esta inclinação, por sua vez, Para Lewin todo conjunto de elementos interdependentes cons
ou ena uma . atr�çao por certos aspectos da situação ou uma titui uma totalidade dinâmica. Se os grupos são sempre tota
repulsa em direç_ao a outros aspectos ou regiões desta situação. lidades dinâmicas, as totalidades dinâmicas estão longe de serem
. Quanto à cultura ambiente, ela tende a favorecer, segundo exclusivamente grupos. Por exemplo, a personalidade _é uma
Lewm, vetores de comportamento. Para ele os vetores de com totalidade dinâmica na medida em que pode ser considerada
portamento são as direções, as orientações dadas a um compor como um complexo de sistemas, de formas e de processos psí-
tament�, ou, nos casos opostos, constituem barreiras mais ou quicos.
menos impermeáveis que ?ificultarn a expressão de si (76). A
r:sultante das forças que interessam tal indivíduo em suas rela 2·. O segundo conceito invocado por Lewin é o do "eu
ço_es com um aspecto do campo dinâmico de que faz parte é a social".
ª:itude mom�ntânea deste indivíduo em urna determinada ;itua Para Lewin, a personalidade revela-se como uma configu
çao. Esta atitude momentânea se traduzirá por um cornporta
me�to de grupo. Para �ewin a_ razão profunda desta concepção ração de regiões, tendo uma estrutura que ele chan:a "quase-es
galileana em termos de mteraçao das relações entre os diversos tacionária". Quer significar com isto que é preciso conceber
�lemen,tos de um fenômeno de grupo, percebido como um todo a personalidade como um sistema que tende a reencontrar-se
medutivel a seu� constituintes individuais, é a seguinte: dentro idêntico a si-mesmo em todas as situações. O eu (a que ele
d_e �ma perspectiva guestaltista não pode haver fronteiras imu prefere chamar "self" em vez de "ego") revela-se. em relação
taveis entre c?nsciê�cias individuais e um determinado às realidades sociais como um sistema de círculos concêntricos.
Para �le: a di�oton:ia, �ntre pessoa e meio, introduzida meio. Ao centro, encontra-se um núcleo constituído pelo que Lewin
behavionstas, e arbitrana e gratuita. As pessoas os ob'et pelos chama o "eu íntimo": este núcleo é dinâmico e formado por
as mstitmçoes, os grupos e os acontecimentos sociais são os,
• • • - ' J valores para ele fundamentais, aqueles valores aos quais o in
mentos d�s sit?a õ:s soci�is. Estes elementos entretêm entre ele- divíduo consagra a maior importância. Em torno deste núcleo
J
eles relaçoes dmamicas CUJO conjunto somente determina central, as regiões intermediárias que Lewin chama o _" eu so_
trutura do campo social. a es cial": o eu social engloba os sistemas de valores que sao parti
lhados com certos grupos, por exemplo, os valores de classe,
os valores profissionais. Na periferia da personalidade encon
CAMPO SOCIAL tra-se situado o "eu público". Do mesmo modo que o eu
íntimo é um eu fechado, este outro é um eu aberto. O eu
As atitudes c?letivas como, aliás, as atitudes pessoais não público é a região mais superficial de uma personalidade, aquela
ap�ecern em Lewm nem como o resultado de mecanismos que está engajada nos contatos humanos ou nas tarefas em que
t:�ior_es às cons�iências, nem como atos subjetivos ex apenas os automatismos são suficientes ou são exigidos. É neste
das cons
ciencias. Elas sao segmentos de uma situação socia
l na qual nível que se implicam aqueles que participam de fenômenos de
s� fundem em uma rne�ma realid�de dinâmica eleme
ntos massa. É geralmente também neste nível que muitos indivídu�s
tivos e e!eI?ent�s consci�ntes. Tres conceitos básico obje integram-se em situações de trabalho em que somente a pen
de emprestimo a sua psicologia topológica permi s, tomad os
tem a Lewi n feria de seu ser é engajada.
e�ti:_ap?lar as implicações deste teorema �obre Segundo as situações sociais, segundo os graus de distân
dmarnica dos �rupos. O mais importante destes a gênese e a cia social, nosso eu público ou nosso eu social reveste-se de
do campo social. conceitos é o
dimensões diferentes. Nem um nem outro são estáticos. Nosso
eu social pode, estreitar-se ou dilatar-se. Lewin pretend: que
1 · O primeiro conceito-chave a que Lewin apela certas personalidades são abertas ao outro a ponto de nao se
"totalidade dinâmica". é o de rem senão estruturas de acolhimento, mesmo no plano do eu
GRUPOS 55
54 GÉRALD BERNARD MAILHIOT DINÂMICA E GtNESE DOS
. .. .
za dos pela instabilidade e pel a amb1gmdade . cial, Kurt Lewin retoma este tema para precisá-lo
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As atitudes coletivas que ele já defini � de várias maneiras, apa 2 . Acresce ntam-se a estas tendências do eu as
recem-lh e,_ d�sta, vez, com o um movimento provocado em um tendê ncias do super-ego q ue representam os impera
g_rupo _ de m?1v1duos por forças obj etivas que resultam de uma tivos da sociedade, tais quais foram interiorizados
situaçao social dada. Para ele, o clima social, as situações de pelo indivíduo.
g:upo, �u as es!ruturas _ . formais do momento social observado,
sao r��1dades tao �bJetiv�s quant o o clima psíquico, a si tuação 3. Um terceiro determinante é a própria situa
g�ograf1ca e a c�nf1guraçao do espaço físic o em torno do indi ção social concebida co mo o c onjunto dos fragmen
viduo . As _rel �ç? es en �e ª! realidades sociais e os comporta tos do universo social com os quais ele está em esta
mentos do md1v1duo nao sao, segundo Lewin, nem mais nem do de interdependência.
m �nos con �tr�ngedoras que aquelas que- el e mantém c om 0
uruverso ps1qmc�. Em conseqüência, nas condições sociais exis As tendências do eu e do super- ego constituem, para Lewin,
t�ntes que constituem o espaço vital de um determinado indi a dinâmica dos valores, enquanto a dinâmica dos fatos n os é
vid �o , �! e p ode escapar a certas pressões, recusar-se a certas dada pela situação social. Em consequência, t od� s_it�ação
o bngaçoes mas por outro lado nã o p ode subtrair-se nem esca social p ode ser definida com o um momento da h1stona �o
par a certos condicion�mentos. Ser-lhe-á preciso,' em certos mundo , explicando-se assim de uma parte, por seu passado obJe
momentos,. adot ar tal tipo de comportamento ou conformar-se tiv o consistindo n o encadeamento dos fatos e dos pr ocessos sa
com tal atitud e par� responder às expectativas do grupo. Em ciai� e, de r,utra, por seu passado subjetiv o isto é, p elas repre
outros m omen tos atitudes e c omp ortamentos lh e serã o impostos sentações coletivas que os indivíduos se fazem, d�s antecedentes
'.
pelo �rupo . _A liberdad e de movimento e a escolha depe ndem desta situação assim como da gêne se de seu propno grupo. Mas
do clima social que prevalece n o grupo. O clima cultural n o se o passado é determinante p or um lado n o condicionamento
�uai_ ele vive , a dinâmica da si tuação social na qual se encontra dos comportamentos de grupo e das atitudes c ole�ivas, p or out:o,
implicado , a estrutura d o m omento histórico do qual participa o futuro da situaçã o social vivida o é muito mais para a maior
c?m as pesso_as que ? :º�eiam, constituem uma realidade obje parte dos indivíduos. Lewin precisa: não somente o futuro obje
tiva·_ . a totalidade dmam1ca da qual depende neste momento tiv o da situação ou os determinismos e a mecânica dos fatos
prec1so de seu crescimento . No interio r desta totalidade dinâ sociais mas também o futuro subjetiv o da situação ou as re
_ prese ntações que os indivíduos implicados n�sta sit uação se
mica encontram-se orientados, ou mesmo condici onad os, seus
comport amentos cm grupo e suas atitudes sociais. fazem de sua evolução e de seu progresso, assim com o as an
tecipações ou as apreensões que eles alimentam_ com respeito
Kurt Lcwin deduz entã o que a cond uta de todo indivíduo à situação social em que vivem. D onde a necessidade, assmala
em grupo é de terminada, de uma parte, pela dinâmica dos fatos
Lewin, de tornar claro a gênese e a dinâmica dos grupos à •I�z
e, d: outra, pela dinâmica d os valores que percebe em cada si de um c onceito fundamental em sociologia e em antropologia
tuaç! �· Ora, para ele ( e é aqui que s eu pensamento se t orna
cultural: o conceito de mudança social.
exphc1to ) o campo de forças que se destaca da interação dos
Mudança social e controle social são para Lewin conceitos
fatos e dos valores depende de três coisas: indiss ociáveis. E fácil agora compreender o porquê. A única
maneira de exp erimentar sobre mudança social, de extrapol�r
1 •. Primeiro, depende das tendências do eu sua dinâmica essencial, é tentar do interi or, de dentro, plaru
�o �c:b1das como a maneira única pela qual cada ficá-la e c ontrolá-la. Ou ainda, é conseguindo d errubar as re
md1v1duo percebe cada instante presente em função sist ências à mudança social que se pode melhor chegar à com
de se� passa?� pessoal. Suas percepções n este pla pr eensão de seus processos e de seus mecanismo s. Reencont�a
n �, sao :ond1c101!adas por sua sensibilidade geral, as mos aqui os propósitos que Lewin defendia sobr e a pesquisa
onen �açoes f o rtmtas de seu ser, suas capacidades de de campo em oposição à p2squisa cm laboratório.
atençao afetadas ou estimuladas p or seus estados Ora para Lewin duas atitudes típicas p odem ser observa
nervos os e suas pre ocupações materiais e morais. das em ;elação a tod; mudança social. A atitude c onformista
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GRUPOS
DINÂMICA E GÊNESE DOS
GÉRALD BERNARD MAILHIOT
destinas e ten�e�
condicionada pelas percepções sociais cristalizadas que perce ud nça. Suas manobras são g eralmente clansforma ões sociais
1 s de grupo que . torn m as tran
bem toda mudan ça do statu quo como catastrófica. A atitude m
a cna � r cl'ma a - c pr om eter seus
de m d
ç
is,
a
não conformista , ao contrário, é in spirada pelas percepções so pro.vis . mente impossíve
,oria up o sena m a-
. N o caso p recedente g
o o nao om
d . 'd
ciais que antecipam toda m udan ça do statu quo co mo desejável
�iit\��:;�:�!��
o r
A mudança social implica em uma modificação do campo �las faJor!cem entre eles relações int
ru a
os .segu!ntes : .
s as a
1. as s rut s d ç .
vivem
2. as estruturas das consc1enc1as que
a
1 . O u os grupos não sentem nem experimentam nenhum
e t ra
desejo, nenhuma aspiração a evoluir, a mudar. :É o caso de nesta situação social. a mes-
todos os grupos conformistas que se comprazem nas percepções 3 . os acontecimentos que surgem nest
estereotipadas da sit uaçã o social e cujas atitudes coletivas e ma s ituaçã o s ocial.
possível a muda?ç
comportamentos de grupo são determinados e condicionados por Mas o fator determinante que tornar� te. Ora, 0 chm:_
preconceitos. Para diagnos ticar estes casos Lewin recorre ao so cial será sempre o clima de
grup dom man
é semp re, determi
termo constância social. Atualmente os psicólogos sociais em de u� grupo, descobre então Lewin ( 71)'xerce. Dai �orque,
o
pregariam de preferência os ter mos de esclerose social ou mes nado el o tipo de autoridade qu
e nele se _ e
mo de necrose social para caracterizar o que não constitui mais enunck Lew i m dific r tit des coletivas ou produzrr UI;l ª
dos casos, em 1:1-
uma dinâmica de grupo, rnas uma estática de grupo, de tal mudança soci�l consiste, na quase .totalidade nova concepç �o
n o a as a u
modo as estruturas formais absorveram ou an ularam em uma troduzir um novo estilo de aut idad e u ma
fazer evolurr.
do poder no interior da situação social que se quer
o u
A · Ela deve oper ar pequenos gr upos e n- A experimentação em psi adores encontrar no campo, por
quis
gaj ados em problemas s:i�� ea 1 s _e preocup ados pesquisa-ação, permite aos pes boas condições para desc obrir as
em se reestrutu ra r p ara de º; ma i s funciona_l, �e ocasião de uma açã o cia l,
m agru
jogo na transformação de u
so
inserirem na s it uação ;ociaton�e procu ram a tingir constantes e as variáveis em ant e da gênese
sos e os determin
s eus objetivos . pament o humano. Os pro ces da dinâmica d os gr upos poderão,
s
B · Ela deve ser realizada por pequenos grup os - dos grupos, as leis essenciais efinidas. P ara serem científicas
d
-te stemunh as composto de experimen_t ad ores que assim, p ouco a pouco, serem acionais. Elas correrão o risco
içõ es dev e ã oper
estas defin a
estej am engaJad os e m o t�vados rel a çao a 1?� dan
nt ação continuar a ser r ealiz
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procuram operar uma ud n a soc ial_ atra vés de um controle enfrentar c as o continuasse
a ser re
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� �
social m ais funcional da� atltu es colet iv as e dos comp ortamen- gênio cons i iu m bri r vos caminh os , novas vias evaram a
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e p erspe iv s q e l
em lhe fornecer uma metodol ogia
st e a
tos de grup o .
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· descobert as inesperadas a ntes del
A A p · e ra et ap a co ns iste em um lev anta-
�l1 � 1
ment o � u anª ise das p ercepçõe s de grupo qu e ca-
ract erizam os 1' nd' v1'duos, os sub-grup os e O grupo.
1
60 GÉRALD BERNARD MAILHIOT DINÂMICA E GÊNESE DOS GRUPOS 61
sobre este tema ( l 08). Este artigo contém as últimas formu B. Em uma segunda etapa, trata-se de deduzir,
lações do pensamento de Lewin sobre o que deveria ser a de prever ou de derivar destas análises, conjeturas
experimentação e a pesquisa em psicologia social. Aliás, me sobre a posível evolução destas percepçõcs de, grupo.
lhor que em outras partes de sua obra, aí se encontram enun C. Finalmente, uma terceira etapa tera como
ciados e explicitados os objetivos, as condições de validade e objetivo descobrir e prever os novos modos de com
as etapas da "pesquisa-ação". portamentos de grupo que estarão em harmonia com
a reestruturação das percepções de grupo.
1 . Para Lewin a pesquisa em psicologia social deve ser
uma ação social. Será nesta medida que ela terá possibilidade
de escapar às miragens dos esquemas pseudo-clássicos da ex Lewin preconiza que, através deste diagnó�tico e _àeste do
perimentação. Para conhecer os fenômenos de grupo do inte mínio do grupo chegar-se-á a um controle n:1a1� f�nc1?nal das
rior, não do exterior, o experimentador deve tentar, inicialmen atitudes do grupo. O objetivo estratégico a a�mgir, m1c1�l11;e� te,
te, objetivar-se à seu respeito, conseguir percebê-los como ges é tornar grupos e sub-grupos conscie�tes e �uci�os d� dmam1c_a
talts, depois, para descobrir sua dinâmica essencial, deve em inerente à situação social em evoluçao. N ao e senao a yartir
preender de dentro a tarefa de reestruturá-los de modo a fa deste momento que sub-grupos e grupos aceitarão corretivo� e
vorecer e acelerar a sua transformação. complementos às suas percepçõcs de grupo. . Suas p�rcepçoes
de grupo e, em seguida, suas atitudes coletivas assim _co_mo
2 . Duas condições parecem essenciais a Lewin para asse seus comportamentos de grupo, passam do subjetivo _ ao obJet1v?,
gurar a validade de uma tal experimentação: do pessoal ao situacional. Sem r_uptura, sem nega_çao, mas pri
meiro por sincronização, e depois por smtomzaçao.
A. Ela deve operar-se em pequenos grupos en A experimentação em psicologia social, tornando-se uma
gajados em problemas sociais reais e preocupados pesquisa-ação, permite aos _ pesquisadores en_contrar no campo_, por
em se reestruturar para, de modo mais funcional, se ocasião de uma ação social, boas cond1çoes para descobrir as
inserirem na situação social onde procuram atingir constantes e as variáveis em jogo na transformação de um agru
seus objetivos. pamento humano. Os processos e os �eterminantes da gên:se
B. E la deve ser realizada por pequenos grupos dos grupos, as leis essenciais da dinâmica dos grupos pod�?·ao,
-testemunhas, compostos de experimentadores que assim, pouco a pouco, serem definidas. Para serem :1ent1f!cas
estejam engajados e motivados em relação a mudan estas definições deverão ser operacionais. Elas correrao o r!sco
ças sociais que querem introduzir. A autenticidade de nunca o serem, se a experimentação continuar a ser realiza
de suas motivações lhes permitirá serem aceitos pelos da em laboratório. Pois quem nos assegura que os grupos r�
grupos nos quais realizam as experiências e proce constituídos artificialmente em laboratório constituem verdadei
derem à sua experimentação a título de membro-par ramente grupos ? Na maioria das vezes, senão sempre, os �ndi
ticipante int�grado totalmente na dinâmica do grupo víduos agrupados para fins experimentais �ã� �ons�guem mte
observado. grar-se e continuam a funcionar de modo md1V1dualtsta, defen
dendo-se contra as manipulações de que são objeto mais . ou
. 3 ·. Enfim, segundo Lewin, a experimentação em psicolo- menos traumatizados. Lewin teve o mérito de tornar a psico
gia social deve realizar-se em três etapas essenciais. Todas três
procuram operar uma mudança social através de um controle logia social consciente dos obstáculos que a pesquisa teria de
enfrentar caso continuasse a ser realizada em laboratório. Seu
social mais funcional das atitudes coletivas e dos comportamen gênio consistiu em abrir novos caminhos, novas vias à pesquisa,
tos de grupo. em lhe fornecer uma metodologia e perspectivas que levaram a
descobertas inesperadas antes dele.
A. A primeira etapa consiste em um levanta
mento ou análise das percepções de grupo que ca
racterizam os indivíduos, os sub-grupos e o grupo.